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ESTHER ANDRADE | TURMA 85 | PATOLOGIA II – P.S.D. II ANATOMIA E HISTOLOGIA O útero possui 3 regiões anatômicas e funcionais distintas: o colo uterino, o segmento uterino inferior e o corpo. O colo uterino é dividido na porção vaginal (ectocérvix) e endocérvix. O ectocérvix é visível a olho nu ao exame vaginal e coberto por um epitélio escamoso estratificado não queratinizado. Ele possui uma mucosa escamosa O endocérvix está mais interior, portanto não é normalmente visto no exame vaginal. Está coberto por um epitélio colunar secretor e possui uma mucosa glandular. O ponto no qual o epitélio escamoso e o colunar mucinoso endocervical se encontram é chamado de junção escamocolunar. A área do colo uterino que o epitélio colunar é finalmente substituído pelo epitélio escamoso é chamado zona de transição. O corpo uterino é composto pela parede de miométrio e a cavidade endometrial. LESÕES PRECURSORAS E CÂNCER CERVICAL As lesões precursoras ocorrem primeiramente no epitélio escamoso. OBS.: displasia e neoplasia estão ligadas à carcinogênese. Eficiência do exame de Papanicolau em detectar lesões precursoras e cânceres em estágios iniciais (ainda curáveis) mudou a história do desfecho da doença. Há 50 anos: era a primeira causa de morte por câncer em mulheres. Atualmente é a décima terceira causa de morte por câncer. Nenhum outro câncer mostra de forma tão marcante os efeitos benéficos da triagem e diagnóstico precoce como o câncer de colo de útero. Ainda assim, em frequência, é o terceiro câncer mais comum em mulheres. O EXAME PREVENTIVO A acessibilidade do colo uterino ao exame de Papanicolau e ao exame visual (colposcopia), além da progressão lenta das lesões precursoras até o carcinoma invasor ao longo de anos, fornece tempo amplo para triagem, detecção e tratamento preventivo. Esse exame se baseia em encontrar células alteradas (displasia) no epitélio escamoso cervical, analisando com um esfregaço do local: PROCEDIMENTO NAO INVASIVO. Colposcopia Nesse exame você consegue identificar através apenas da observação do colo uterino a presença de lesões na ectocérvix. ESTHER ANDRADE | TURMA 85 | PATOLOGIA II – P.S.D. II Quando você usa ácido acético e o colo apresenta uma região muito esbranquiçada, iremos chamar essa região de epitélio acetobranco (área suspeita de lesão). Com o lugol (iodo), a área suspeita é a área iodonegativa, que apresenta um aspecto amarelado. Diz-se que o teste de Schiller foi positivo. A importância do exame Papanicolau Mais da metade dos cânceres cervicais invasores são detectados em mulheres que NÃO participaram de triagem regular. A doença tem evolução muito lenta, então se já está invasivo, é porque não houve um acompanhamento. Carcinomas micro invasores (e lesões pré-neoplasicas) podem ser tratados apenas por biopsia em cone, enquanto a maiorias dos carcinomas invasores requer histerectomia, geralmente com dissecção de linfonodos e, tumores mais avançados com irradiação e quimioterapia. A classificação das lesões cervicais foi sendo modificada ao longo dos anos. A preocupação começa no Papanicolau classe III. LSIL estão associadas à infecção produtiva por HPV, mas não existem rupturas ou alterações significativas do ciclo da célula hospedeira. A maioria dos LSILs regride espontaneamente, com apenas uma pequena porcentagem progredindo para HSIL. Na HSIL ocorre uma desregulação progressiva do ciclo celular pelo HPV, que resulta em aumento da proliferação celular, diminuição ou parada da maturação epitelial e uma menor taxa de replicação viral, em comparação a LSIL. MICROSCOPIA DAS LESÕES PRECURSORAS SIL = Lesão intraepitelial escamosa. Alterações nucleares (displasia)das células escamosas cervicais representadas por atipias (aumento nuclear, hipercromasia, grânulos grosseiros de cromatina e variação na forma e tamanho dos núcleos). Halos (ou vacúolos) perinucleares citoplasmáticos – ao nível ultraestrutural. Atipia coilocitótica = halo citoplasmático + alterações nucleares Classificação do SIL: se baseia na expansão dessas células alteradas/displásicas, a partir da sua localização no epitélio ectocervical. Baixo grau (LSIL): alterações confinadas ao terço inferior (ou basal) do epitélio ectocervical. É comum associação com efeito citopático pelo HPV (atipias coilocotóticas). Alto grau (HSIL): expansão das alterações supracitadas para acima de dois terços da espessura epitelial. Se eu tenho uma proliferação celular no 1/3 proximal da membrana basal, isso significa que é uma lesão de baixo grau. Se eu tenho uma proliferação celular no 2/3, é uma displasia de grau moderado. Se eu tenho uma proliferação celular no 3/3, é uma displasia de alto grau. ATENÇÃO!! O vírus não consegue atingir a célula superficial, pois ela já está madura. A única chance do HPV entrar é na célula da membrana basal, pois como 1/3 2/3 3/3 ESTHER ANDRADE | TURMA 85 | PATOLOGIA II – P.S.D. II ela é imatura, significa que ela ainda vai entrar em mitose. PATOGENIA Os HPVs de alto risco são o fator mais importante para o desenvolvimento do câncer de colo de útero. DNA-vírus de alto risco (15 tipos): HPV-16 e HPV-18 Baixo risco: verrugas e condilomas. Infecção genital pelo HPV é extremamente comum, mas pode seguir diferentes cursos: assintomático, transitório e eliminado pela resposta imunológica (entre 8 meses a 2 anos) ou persistente aumentando risco de desenvolvimento de lesões precursoras e carcinoma subsequente. HPV Infecta as células basais imaturas do epitélio escamoso em área de ruptura epitelial ou células escamosas metaplásicas imaturas da JEC. Não infectam as células superficiais escamosas. Na ectocérvice, vagina e vulva, requer lesão do epitélio dando acesso às células imaturas da camada basal. Essa diferença de susceptibilidade epitelial à infecção explica a maior incidência de câncer cervical e anal, em comparação ao câncer vulvar e peniano. CARCINOMA ESCAMOSO INVASOR É o tipo histológico mais comum (80% dos casos). A sua microscopia é formada por ninhos e projeções de epitélio escamoso maligno, ceratinizado, invadindo o estroma cervical. Conceito de microinvasor e invasor. O carcinoma cervical avançado envolve tecidos/órgãos contíguos por disseminação direta. O seu estadiamento indica o grau de acometimento da doença. O HSIL é um precursor imediato do carcinoma de células escamosas. ADENOCARCINOMA ENDOCERVICAL Segundo tipo histológico mais comum (15% dos casos). A sua microscopia apresenta proliferação do epitélio glandular por células endocervicais malignas, atípicas (hipercromasia, cariomegalia, diminuição de mucina citoplasmática). Apresentam uma doença em estágio avançado. ESTHER ANDRADE | TURMA 85 | PATOLOGIA II – P.S.D. II CORPO UTERINO PÓLIPOS ENDOMETRIAIS Massa de tamanho variável que se projeta dentro da cavidade uterina, acima do nível da mucosa endometrial. Pólipos funcionais - quando possuem a funcionalidade do endométrio. Pólipos hiperplásicos - aumento do tecido endometrial. Adenocarcinoma em pólipo - câncer dentro de um pólipo. Podem ser assintomáticos ou podem causar sangramento anormal se sofrerem ulceração ou necrose. ADENOMIOSE E ENDOMETRIOSE Presença de tecido endometrial (glândulas e estroma endometrial) fora da cavidade uterina. Sangramentos cíclidos (hemorragia) que em sua fase de organização podem causar fibroses e aderências. Comumente cursa com dor pélvica e infertilidade. Adenomiose: localizado na parede miometrial.Endometriose: localizado FORA do útero. LEIOMIOMAS UTERINOS Tumor benigno mais comum em mulheres. São neoplasias benignas de músculo liso que ocorrem na parede miometrial. Podem ser únicos mas geralmente são múltiplos. IMPORTANTE!!! São nódulos brancos ou branco-acinzentados, arredondados, bem circunscritos, nítidos, com uma consistência firme e com tamanho variável. Localização: intramural, subseroso ou submucoso. Microscopia: nódulos constituídos de feixes de células fusiformes regulares (musculares lisas) sem atipias citológicas consideráveis. Sintomas: mesmo sendo extensos, podem ser assintomáticos. Os sintomas mais importantes são sangramento anormal, compressão da bexiga (aumentando a frequência urinaria), dor súbita se ocorrer interrupção do fluxo sanguíneo e prejuízo da fertilidade. Miomas em gestantes aumentam a frequência de abortos espontâneos, má apresentação fetal e hemorragia pós-parto.
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