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Material Direito Penal II (Parte final)

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E-BOOK DIREITO PENAL II 
 
1. Suspensão condicional da pena
Conceito
Sursis é a suspensão condicional da execução da pena privativa de liberdade, na qual o réu, se assim desejar, se submete durante o período de prova à fiscalização e a cumprimento de condições judicialmente estabelecidas.
Requisitos
O dispositivo legal apresenta requisitos objetivos (relacionados à pena) e subjetivos (relacionados ao agente). 
Requisitos objetivos
0. Natureza da pena: a pena deve ser privativa de liberdade, isto é, reclusão ou detenção, no caso de crime, ou prisão simples, no caso de contravenção. Assim, o Sursis não se estende às penas restritivas de direito nem à multa. Também não se aplica, em hipótese alguma, às medidas de segurança.
0. Quantidade da pena privativa de liberdade: a pena concreta, efetivamente aplicada na sentença condenatória, não pode ser superior a dois anos. Em se tratando de concurso de crimes, a pena resultante da soma não pode ultrapassar o limite legal. Assim, o concurso de crimes, por si só, não exclui a sursis. 
Há situações, contudo, que o CP e leis especiais permitem excepcionalmente o sursis para condenações superiores a dois anos. Em se tratando de condenado maior de 70 anos, ao tempo as sentenças ou do acórdão ou com problemas de saúde, a pena aplicada pode ser igual ou inferior a 4 anos. 
0. Não tenha a pena privativa de liberdade substituída por restritiva de direitos: o inciso III do art. 77 evidencia ser o sursis subsidiário em relação às penas restritivas de direitos, por ser menos favorável ao condenado. 
Desse modo, remanesce o sursis para raras hipóteses, tal como quando o réu, não reincidente em crime doloso, for condenado a pena privativa de liberdade igual ou inferior por delito cometido com o emprego de violência à pessoa ou grave ameaça.
Requisitos subjetivos
 
0. Réu não reincidente em crime doloso: a reincidência por crime culposo não impede o sursis. Importante lembrar que que a condenação anterior por contravenção penal não caracteriza a reincidência.
 
É possível o sursis ao reincidente doloso em uma única hipótese: a condenação anterior foi exclusivamente de pena de multa (súmula 499 do STF).
0. A culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como os motivos e circunstâncias do crime, autorizem a concessão do benefício: a análise deve ser efetuada, exclusivamente, no caso concreto. A existência de outras ações em trâmite contra o réu, apesar de retirar sua primariedade, pode impedir a suspensão condicional da pena pelo preenchimento do requisito subjetivo do inciso II, art. 77. Pelo entendimento do STJ, uma única ocorrência criminal não é motivo suficiente para a concessão do sursis. 
Momento adequado para a aplicação do sursis
Preceitua o art. 157 da LEP: "o juiz ou tribunal, na sentença que aplicar pena privativa de liberdade, deverá pronunciar-se, motivadamente, sobre a suspensão condicional, quer a conceda, quer a denegue. 
O juízo da execução pode conceder o sursis? Em regra, não. 
 
Espécies de sursis
O CP possui duas espécies de sursis: simples e especial.
 
0. Sursis simples: aplicável quando o condenado não houver reparado o dano, injustificadamente, e/ou as circunstâncias do artigo 59 do CP não lhe forem inteiramente favoráveis. Nesse caso, no primeiro ano deverá o condenado prestar serviços à comunidade ou submeter-se à limitação de fim de semana, cabendo a escolha ao magistrado.
0. Sursis especial: aplicável quando o condenado tiver reparado o dano, salvo impossibilidade de fazê-lo, e se as circunstâncias do art. 59 do CP lhe forem inteiramente favoráveis. Nessa modalidade, poderá o juiz aplicar, cumulativamente: proibição de frequentar determinados lugares e de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz, e comparecimento obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades. 
OBS: não é possível a cumulação das condições do sursis especial com simples.
 
Período de prova
É o intervalo de tempo fixado na sentença condenatória concessiva de sursis, no qual o condenado deverá revelar boa conduta, bem como cumprir as condições que lhes foram impostas pelo Poder Judiciário. Na regra geral, varia entre dois e quatro anos, podendo ser três nos casos de crime ambiental. 
No caso de sursis etário ou humanitário, o período de prova é de quatro a seis anos, desde que a condenação seja superior a dois anos e inferior a quatro. Porém, se a condenação seguir a sistemática comum, ou seja, inferior ou igual a dois anos, o período de prova será o comum, dois a quatro anos.
Nas contravenções penais o período se prova será de 1 a 3 anos.
 
Fiscalização das condições impostas durante o período de prova
A fiscalização do cumprimento do sursis será atribuída, pelo juiz, a serviço social penitenciário, patronato, conselho da comunidade ou instituição beneficiada com a prestação de serviços, inspecionados pelo Conselho Penitenciário ou MP ou ambos.
 
Revogação
Com a revogação do sursis, o condenado deverá cumprir integralmente a pena privativa de liberdade que se encontrava suspensa, observando-se o regime prisional determinado na sentença. Portanto, não se considera o tempo em que permaneceu no período de prova, ainda que nesse intervalo tenha cumprido as condições impostas.
A revogação pode ser de duas maneiras:
1 Revogação obrigatória: decorre da lei. É dever do juiz decretá-la, não havendo margem para discricionariedade acerca da decisão de manter ou não a suspensão.
 
2 Revogação facultativa: por outro lado, nesse caso, é permitido ao juiz a liberdade para revogar ou não o benefício. 
Cassação do sursis
A cassação do sursis se verifica quando o benefício fica sem efeito antes do início do período de prova. Não se confunde, esse caso, com a revogação, que somente pode ser decretada durante a suspensão condicional da pena.
 
A cassação pode ocorrer em quatro hipóteses:
 
0. O condenado não comparece, injustificadamente, à audiência admonitória (lep, art. 161). A suspensão ficará sem efeito, executando-se imediatamente a pena.
0. O condenado renúncia o benefício. O cumprimento do sursis é vinculado à aceitação do condenado, podendo o réu preferir o cumprimento da pena.
0. O réu é irrecorrivelmente condenado a pena privativa de liberdade não suspensa. A condenação à prisão, durante o período de prova, é causa de revogação do sursis. Tem lugar a cassação, todavia, quando o trânsito em julgado, ocorrer antes do início do período de prova, pois é incompatível o cumprimento simultâneo da pena em regime fechado ou semiaberto e do sursis. 
0. A pena privativa de liberdade é majorada em grau de recurso da acusação, passando dois anos. O sursis anteriormente concedido é cassado pelo tribunal. 
 
Sursis sucessivos
Sursis sucessivo é concedido ao réu que, anteriormente, teve a sua pena privativa de liberdade extinta em razão do cumprimento integral do sursis originário da prática de outra infração penal.
Essa situação é possível quando o agente, após cumprir a suspensão condicional da pena, comete crime culposo ou contravenção penal. Por não ser reincidente em crime doloso, é permitida a concessão de novo sursis.
 
Sursis simultâneos
Pode ocorrer em duas hipóteses:
Primeira, durante o período de prova, o réu é irrecorrivelmente condenado por crime culposo ou contravenção penal a pena privativa de liberdade igual ou inferior a dois anos, pode ser a ele concedido novo sursis, pois não é reincidente em crime doloso, e nada impede a manutenção do sursis anterior, eis que a revogação pe facultativa.
Segunda, antes do início do período de prova, é irrecorrivelmente condenado pela prática de crime doloso, sem ser reincidente, e obtém novo sursis. O sursis anterior é preservado, pois a condenação por crime doloso apenas o revoga quando seu trânsito em julgado se verificar durante o período de prova.
 
Prorrogação do período de prova
É a situação em que a duração da suspensão condicional da pena excede o prazo do período de prova determinado na sentença condenatória. Prevalece o entendimento de que durantea prorrogação do período de prova não subsistem as condições do sursis. 
Hipóteses:
1° O beneficiário está sendo processado por outro crime ou contravenção - art. 81, parágrafo 2. 
Como o Código disse "considera-se", conclui-se ser automática a prorrogação, ou seja, independe de decisão judicial expressa nesse sentido. Basta o recebimento da denúncia ou queixa, e não a mera prática do crime ou contravenção penal, pois a lei fala em beneficiário que está sendo processado. 
O fundamento da prorrogação é o seguinte: não é o cometimento do crime ou da contravenção penal que autoriza a revogação do sursis, mas a condenação transitada em julgado daí derivada. É razoável, destarte, aguardar o término da ação penal para se constatar se será ou não caso de revogação, seja ela obrigatória (crime doloso) ou facultativa (contravenção penal), se o réu for condenado, ou de extinção da pena privativa de liberdade, nos moldes do art. 82 do CP, na hipótese de ser absolvido.
Portanto, a mera instauração de inquérito policial não autoriza a prorrogação do período de prova. 
2° Nas hipóteses de revogação facultativa - art. 81, parágrafo 3°. 
Nesses casos, o juiz pode, em vez de decretar a revogação do sursis, prorrogar o período de prova até o máximo, se este não foi o fixado.
A prorrogação não é automática. Depende de expressa decisão judicial nesse sentido.
Término do período de prova e possibilidade de sua prorrogação e revogação do benefício
 
Formula-se a indagação: em se tratando e sentença declaratória o ato que declara extinta a pena privativa de liberdade, na forma do art. 82 do CP, pode o juiz, depois de encerrado o período de prova, prorrogá-lo por descobrir que o condenado está sendo processado por outro crime ou contravenção penal, para decidir, no futuro, se o benefício deve ou não ser revogado.
Posição mais aceita: é possível a prorrogação. Aliás, esta é automática, prescindindo de decisão judicial. É o entendimento dominante, consagrado inclusive no STF. Porém, será cabível se o juiz ainda não tiver declarado extinta a pena privativa de liberdade, com o consequente trânsito em julgado. De fato, se já tiver transitado em julgado a declaração de extinção de punibilidade, nada mais poderá ser feito.
 
Extinção da pena
Cumprido integralmente o período de prova, sem revogação, considera-se extinta a pena privativa de liberdade. É o que se extrai do art. 82 do CP.
 
Considerações finais
Sursis só se aplica a penas restritivas de liberdade.
Sursis aplica-se de forma subsidiária.
 
2. Livramento condicional
 
Consiste em livramento condicional o benefício que permite ao condenado à pena privativa de liberdade superior a dois anos a liberdade antecipada, condicional e precária, desde que cumprida parte da reprimenda imposta e sejam observados os demais requisitos legais.
A liberdade é antecipada, condicional e precária. Antecipada, pois o condenado retorna ao convívio social antes do integral cumprimento da pena privativa de liberdade. Condicional, pois durante o período restante da pena (período de prova) o egresso submete-se ao atendimento de determinadas condições fixadas na decisão que lhe concede benefício. E precária, pois pode ser revogada se sobrevier uma ou mais condições previstas nos arts. 86 e 87 do CP. 
OBS: é a última etapa de benefícios.
 
Natureza jurídica
O livramento condicional constitui-se em benefício conferido pela lei ao condenado que preenche os requisitos legais.
A liberdade precoce não pode ser negada àquele que atende todos os requisitos legais.
 
Diferenças do sursis
Livramento condicional e sursis apresentam pontos em comum:
São benefícios conferidos ao condenado à pena privativa de liberdade que atendem a diversos requisitos previstos em lei. São, ainda, condicionais, pois durante o período de vigência dos institutos seus destinatários sujeitam-se à fiscalização quanto à observância de condições judicialmente fixadas. Além disso, em ambos esse período de prova tem início com a audiência admonitória. E, finalmente, apresentam a finalidade de evitar a execução da pena privativa de liberdade, total ou parcialmente. 
 
Diferenças:
No livramento condicional o condenado retorna ao convívio social depois do cumprimento de parte da pena que lhe foi imposta, dependendo da natureza do crime e de suas condições pessoais. Foi condenado, cumpre uma fração da reprimenda e, posteriormente, é colocado em liberdade. Por sua vez, no sursis o condenado nem sequer inicia o cumprimento da pena privativa de liberdade. Distinguem-se também quanto à duração. Com efeito, no livramento condicional, também chamado de período de experiência, isto é, o tempo em que o condenado deve observar as condições legais e judiciais impostas, bem como respeitar as causas de revogação, é representado pelo restante da pena ainda não cumprido. 
 
O livramento é obrigatoriamente concedido pelo juízo da execução.
 
O STF tem admitido a concessão do livramento condicional em sede de execução provisória.
 
Requisitos
Para ser concedido, o LC necessita do cumprimento de vários requisitos objetivos e subjetivos.
 
Requisitos objetivos
O art. 83, I,II,IV e V exige, para a concessão do livramento condicional, quatro requisitos objetivos, relacionados à pena e à reparação do dano:
0. Espécie de pena: deve ser PL (reclusão, detenção ou prisão simples).
0. Quantidade da pena: a pena PL imposta ao condenado deve ser igual ou superior a dois anos. As penas que correspondem a infrações diversas devem somar-se para efeito de LC.
0. Parcela da pena já cumprida: o montante depende do condenado e da natureza do crime por ele praticado. Para o condenado que não for reincidente em crime doloso e apresentar bons antecedentes, basta o cumprimento de mais de um terço da pena. Trata-se do LC simples.
E em relação ao reincidente em crime culposo? 
Há duas posições: 
0. Encaixa-se na regra prevista no art. 83, I, do CP. 
0. Esse tratamento a ele não se aplica, em virtude do crime culposo por reincidência não se encaixar em bons antecedentes.
No caso, porém, de condenado reincidente em crime doloso, exige-se o cumprimento de mais da metade da pena. É o livramento condicional qualificado. E, na hipótese de vários crimes, o requisito objetivo é o cumprimento de mais da metade do total das penas unificadas. 
Por fim, em se tratando de crime hediondo, é necessário o cumprimento de mais de dois terços da pena, desde que não seja reincidente específico em delitos dessa natureza. Livramento condicional específico. 
Modificação do pacote anticrime: não se admite a concessão do benefício para o condenado, primário ou reincidente, por crime hediondo ou equiparado com resultado morte. 
4) Reparação do dano
Dispensa-se esse requisito quando comprovada a efetiva impossibilidade do condenado em atendê-lo (CP, art. 83, IV)
Esse requisito pode ainda ser dispensado quando a vítima não for encontrada para ser indenizada, bem como quando renunciar a dívida ou mostrar-se desinteressada em ser ressarcida
 
Requisitos subjetivos
Não bastam os requisitos objetivos. Necessita-se, ainda, de mais alguns subjetivos:
0. Bom comportamento durante a execução da pena (art. 83, III, a)
Esse requisito deve ser comprovado pelo diretor do estabelecimento prisional, levando em conta o modo de agir do condenado após o início da execução da pena, de uma forma ampla, desprezando-se seu comportamento pretérito.
 
0. Não cometimento de falta grave nos últimos 12 meses (art. 83, III, b)
 
Se a falta grave tiver sido cometida em período anterior aos 12 meses do pedido de livramento condicional, em tese o benefício será cabível, desde que sua prática não seja incompatível com o bom comportamento durante a execução da pena.
 
0. Bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído
 
Nada obstante a proibição de trabalho forçado expresso na CF, o exercício de atividade laboral é obrigatório para a concessão do livramento condicional. O preso não é obrigado a trabalhar, mas, se não fizer, será vedado o benefício da liberdade antecipada. 
OBS: esse requisito deve ser desprezado quando, em face deproblemas no estabelecimento prisional, nenhum trabalho foi atribuído ao condenado.
 
0. Aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto
 
Exige-se unicamente prova da aptidão para o exercício de trabalho honesto, e não de emprego certo e garantido após a saída do estabelecimento prisional.
 
0. Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave ameaça à pessoa, a constatação de condições pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a delinquir (art. 83, parágrafo único).
 
Esse requisito, obrigatório nesse caso, é facultativo para os demais delitos.
Resumo: Livro Cleber Massom, pág 699.
 
Rito do livramento condicional
O pedido de livramento condicional deve ser endereçado ao juízo de execução (LEP, arts. 65, III e 131). Não precisa ser subscrito por advogado.
O livramento condicional poderá ser concedido mediante requerimento do sentenciado, de seu cônjuge ou de parente em linha reta, ou por proposta do diretor do estabelecimento penal, ou por iniciativa do Conselho Penitenciário.
 
Condições
Como indica o próprio nome, o livramento é condicional. Com efeito, a liberdade antecipada se sujeita ao cumprimento de condições a serem observadas pelo condenado durante o período de prova ou de experiência, isto é, pelo tempo restante da pena privativa de liberdade.
Esse período de prova tem início com a cerimônia realizada no estabelecimento prisional em que o condenado cumpre a pena, realizada após a concessão do benefício pelo juízo de execução. Na cerimônia, com suas etapas definidas pelo art. 137 da LEP, o condenado declara se aceita ou não as condições a que fica subordinado o livramento (CP, art. 85).
Essas condições podem ser legais ou judiciais
Condições legais são as que decorrem do mandamento legal. Estão previstas em rol taxativo. Nos termos do art. 132, parágrafo 1 da LEP, serão sempre impostas ao liberado condicional as obrigações seguintes:
0. Obter ocupação lícita, dentro de prazo razoável, se for apto para o trabalho. Esse prazo razoável deve ser estipulado pelo juiz. Entende-se que, se o condenado for pessoa portadora de deficiência física impeditiva de atividade laborativa, não se impõe essa condição.
0. Comunicar periodicamente ao juiz sua ocupação. O prazo da comunicação também deve ser indicado pelo magistrado. Na praxe, normalmente é mensal.
0. Não mudar do território da comarca de juízo da execução, sem prévia autorização deste.
Sem prejuízo dessas condições, podem ainda ser impostas condições judiciais. Não são de aplicação peremptória, reservando espaço para a discricionariedade do magistrado. Estão indicadas em rol exemplificativo, pois o juiz da execução tem a faculdade estabelecer outras condições, desde que adequadas ao caso e em conformidade com os direitos constitucionais do condenado. Poderão ser impostas ao condenado, entre outras obrigações:
 
0. Não mudar de residência sem comunicação ao juiz e à autoridade incumbida da observação cautelar e de proteção;
0. Recolher-se à habitação em hora fixada; e
0. Não frequentar determinados lugares.
 
Revogação do livramento condicional
O livramento condicional é precário. Destarte, é inerente ao benefício sua possibilidade de revogação a qualquer momento, desde que não sejam cumpridas suas condições, legais, judiciais ou indiretas.
A revogação pode ser obrigatória ou facultativa, e suas causas encontram-se disciplinadas pelos arts 86 e 87 do CP.
Deve ser declarada pelo juiz da execução, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante representação do Conselho Penitenciário. Em qualquer caso, o juiz deve proceder à prévia oitiva do condenado, 
sob pena de nulidade por violação do princípio constitucional da ampla defesa.
 
Revogação obrigatória
Está presente no artigo 86 do CP. Inicialmente, são causas legais de revogação, pois ao magistrado não é dado o direito de recusá-las. Decorrem da lei, sem qualquer margem de discricionaridade para o Poder Judiciário.
Ademais, a condenação irrecorrível por contravenção penal, qualquer que seja o momento da sua prática, com aplicação de pena privativa de liberdade, não autoriza a revogação obrigatória do LC. 
No caso do inciso I, sobre o cometimento de crime durante a vigência do período de prova, os efeitos são rigorosos:
0. Não se computa na pena o tempo em que esteve solto o liberado;
0. Não se concede, em relação à mesma pena, novo livramento;
0. Não se pode somar o restante das pena cominadas ao crime à nova pena, para fins de novo livramento,
Inciso II
A referência do art. 84 tem o seguinte significado: somente é possível a revogação quando a nova pena privativa de liberdade, somada à anterior, que ensejou o livramento condicional, resultar na impossibilidade de manutenção do benefício. 
 
Como, entretanto, o liberado não abusou a confiança nele depositada pelo Poder Judiciário, pois o crime foi cometido antes da concessão da liberdade antecipada, os efeitos da revogação são mais suaves, quais sejam:
0. Computa-se como cumprimento da pena o tempo em que o condenado esteve solto;
0. Admite-se a soma das duas penas para a concessão de novo benefício;
0. Permite-se novo livramento condicional, desde que o condenado tenha cumprido mais de um terço ou mais da metade do total da pena imposta (soma das penas), conforme seja primário e portador de bons antecedentes ou reincidente em crime doloso.
 
Revogação facultativa (art. 87, CP)
O dispositivo citado contém causas judiciais de revogação do livramento condicional, pois fica a critério do magistrado eventual manutenção do benefício. E, se decidir não revogá-lo, o juiz deverá advertir o liberado ou agravar as condições impostas.
A revogação facultativa é possível em duas hipóteses:
1° hipótese: se o liberado deixar de cumprir qualquer das obrigações constantes na sentença.
Se o juiz optar por isso, seus efeitos serão rigorosos, em face do abuso de confiança depositado pelo Estado. Desse modo, não se desconta na pena o tempo em que esteve solto o condenado, e também não se permite a concessão, no tocante à mesma pena, de novo livramento condicional.
2° hipótese: Se o liberado for irrecorrivelmente condenado, por crime ou contravenção, a pena que não seja privativa de liberdade
É irrelevante o momento da prática do crime ou da contravenção penal, isto é, se antes do livramento ou durante o período de prova. Saliente-se, porém, que a revogação facultativa depende de condenação irrecorrível a pena que não seja privativa de liberdade.
Se cometido o crime ou contravenção anteriormente ao benefício, aplica-se a regra mais suave.
Suspensão do LC
Dispõe o art. 145 da LEP:
"Praticada pelo liberado outra infração penal, o juiz poderá ordenar sua prisão, ouvidos o Conselho Penitenciário e o MP, suspendendo o curso do livramento condicional, cuja revogação, no entanto, ficará dependendo da decisão final
 
A revogação do livramento condicional, tanto na modalidade obrigatória como na forma facultativa, quando motivada pela prática do crime ou contravenção penal, depende do trânsito em julgado da condenação. É o que consta expressamente dos arts 86 e 87.
O art. 145 da LEP permite ao magistrado, depois de ouvidos o Conselho Penitenciário e o MP, a suspensão do livramento condicional até a decisão final. 
Prorrogação do período de prova
É cabível a prorrogação do período de prova quando o beneficiário responde a ação penal de crime cometido na vigência do livramento condicional. 
O juiz da vara das execuções não poderá declarar a extinção da pena privativa de liberdade enquanto não transitar em julgado a sentença proferida na ação penal ajuizada em decorrência do crime cometido na vigência do livramento condicional.
 
Extinção da pena
Superando sem revogação o período de prova do LC, considera-se extinta a pena privativa de liberdade.
Antes da decretação de extinção de pena, o magistrado deverá ouvir o MP (art. 67, LEP).
3. Efeitos da condenação
Condenação é o ato exclusivo do Poder Judiciário que, representado por um de seus membros e depois de obedecido o devido processo legal, aplica-se em sentençaou acórdão uma pena ao agente.
 
Efeitos principais da condenação
São a imposição a pena privativa de liberdade, restritiva de direitos, pecuniária, e, ainda, de medida de segurança ao semi-imputável dotado de periculosidade. A imposição penal é o efeito precípuo da condenação. A circunstância de estar o condenado obrigado a cumpri-la, todavia, não afasta a existência de outros efeitos, de cunho penal ou não, que em determinadas situações obrigatoriamente a ela aderem.
 
Efeitos secundários (penais e extrapenais)
Também conhecidos como efeitos mediatos, acessórios, reflexos ou indiretos, constituem-se em consequências da sentença penal condenatória como fato jurídico, sendo efeitos penais e extrapenais. Por exemplo:
0. Caracterização da reincidência;
0. Fixação de regime fechado;
0. Configuração de maus antecedentes. 
0. Revogação de habilitação e entre outros.
 
Efeitos secundários de natureza extrapenal previstos no CP
São assim denominados por incidirem em áreas diversas no direito. Dividem-se em genéricos e específicos.
Efeitos genéricos: são chamados dessa maneira por recaírem sobre todos os crimes, são previstos no art. 91 do CP: obrigação de reparar dano e confisco. A interpretação é que não precisam ser expressamente declarados na sentença, uma vez que toda condenação os produz.
 
Efeitos específicos
São os indicados pelo art. 92 do CP: perda de cargo, função pública, etc... Possuem essa denominação pelo fato de serem aplicados somente em determinados crimes. Por fim, não são automáticos, necessitando de expressa motivação na sentença condenatória para produzirem efeitos.
 
Efeitos genéricos (automáticos)
0. Reparação de dano: para o art. 91 do CP, I, é efeito da condenação "tomar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime".
Em sintonia com esse dispositivo, o art. 63 do CPP estatui que "transitada em julgado a sentença condenatória, poderão promover-lhe a execução, no juízo cível, para efeito de reparação de dano, o ofendido, seu representante legal e seus herdeiros".
O cometimento de um crime acarreta na atribuição de duas responsabilidades ao autor, uma penal e outra civil. Destarte, transitado em julgado a sentença penal condenatória, não se pode questionar no juízo cível a obrigação de reparar o dano causado pelo crime, mas somente seu valor. Além disso, em se tratando de extinção da punibilidade derivada de abolitio criminis ou de anistia, embora rescindam a sentença condenatória no plano penal, persiste o efeito civil da reparação do dano.
0. Confisco: é previsto como efeito da condenação no art. 91, II, do CP. 
Como efeito de condenação, é a perda de bens de natureza lícita em favor da união. A medida possui dupla finalidade: impedir a difusão de instrumentos adequados à pratica de novos crimes e proibir o enriquecimento ilícito por parte do criminoso. Por exemplo, o confisco da arma de fogo que o agente utilizou para cometer o crime, salvo se ele possuir seu registro e autorização para portá-la.
Os veículos, embarcações, aeronaves e quaisquer outros meios de transporte não podem ser confiscados, exceto quando utilizados para a prática de crimes previstos na lei de drogas ou quando sua fabricação ou uso constituir fato ilícito.
A perda dos instrumentos do crime é automática, resultando do trânsito em julgado da sentença penal condenatória. Não cabe o confisco, por consequência, nos casos de absolvição, ou quando celebrada transação penal, por se tratar de sentença meramente homologatória, ou na hipótese de declaração da extinção da punibilidade fundada na prescrição da pretensão punitiva.
Produto do crime significa a vantagem direta obtida pelo agente em decorrência da prática do crime. É o caso do relógio roubado. 
Proveito do crime, por outro lado, é a vantagem indireta do crime, resultante da especificação do produto do crime (é o caso do ouro derivado do derretimento do relógio), o bem adquirido com a venda do objeto do crime.
 
Confisco alargado (adotado pelo pacote anticrime)
O pacote anticrime criou o art. 91 A. Com efeito, na condenação por infração com pena máxima 6 anos de reclusão, o juiz poderá declarar a perda, como produto ou proveito de crime, dos bens correspondentes à diferença entre o valor do patrimônio do condenado e aquele que seja compatível com seu rendimento lícito. 
Ao contrário do confisco tradicional, disciplinado no art. 91 do CP, o confisco alargado não é efeito automático da condenação. Cuida-se de instituto reservado à discricionaridade do magistrado, cabendo a ele a análise do caso concreto para avaliar a necessidade ou não da medida. Reserva-se ao condenado, no entanto, a possibilidade de demonstrar a inexistência da incompatibilidade ou a procedência lícita do patrimônio (CP, art. 91 A, 2)
Desse modo, será dele a tarefa de demonstrar a procedência legítima do seu acervo patrimonial.
Para sufocar financeiramente as organizações criminosas e milícias, dificultando a manutenção das suas atividades ilícitas, os instrumentos por ela utilizados para a prática de crime deverão ser declarados perdidos em favor da União ou do estado. 
 
Efeitos específicos (art. 92)
Esses efeitos não são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sentença. 
Referente a alínea "a", a pena de perdimento deve ser referente ao cargo ocupado ou função pública, à exceção se o novo cargo ou função guarda correlação com as atribuições anteriores.
Já na alínea b, é possível a incidência do efeito da condenação em qualquer crime, bastando a presença de dois requisitos, em decisão fundamentada: 1, natureza da pena: privativa de liberdade e 2, quantidade da pena: superior a 4 anos
 
Perda do mandato de deputados federais e senadores
Se o condenado é Deputado Federal ou Senador, O PJ pode decretar a perda de mandato eletivo?
A resposta é negativa, pois trata-se de matéria de competência reservada à cada casa legislativa respectiva, na forma prevista pelo art. 55, parágrafo 2, da CF. 
 
Incapacidade para o exercício do poder familiar, da tutela e curatela
É também efeito específico da condenação "a incapacidade para o exercício do poder familiar, da tutela ou curatela, nos crimes dolosos sujeitos à pena de reclusão cometidos contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar, contra filho, filha ou outro descendente ou contra tutelado ou curatelado". (CP, art. 92, II).
Esse efeito, seguindo a regra, não é automático, e para sua imposição reclama três requisitos: natureza do crime: somente os dolosos; natureza da pena: reclusão; qualidade da vítima: pessoa igualmente detentora do poder familiar (exemplo, marido comete feminicídio contra a esposa).
Presentes os requisitos, o juiz poderá declarar na sentença esse efeito. Pouco importa a quantidade da pena, bem como o regime prisional. 
Em relação à vítima do crime doloso e punido com reclusão, esse efeito é permanente. De fato, mesmo em caso de reabilitação é vedada a reintegração do agente na situação anterior (CP, art. 93, PU).
 
Inabilitação para dirigir veículo 
O art. 92, III, reza ser efeito específico da condenação a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática de crime doloso. A lei exige, portanto, dois requisitos: o crime deve ser doloso; e utilização do veículo como meio dessa execução. Não se autoriza esse efeito, pois, no caso de crime culposo.
Esse efeito de condenação não se confunde com a suspensão da autorização ou de habilitação ou de autorização, definida pelo art. 47, III, CP, como pena restritiva de direitos aplicável aos responsáveis por crimes culposos no trânsito, com igual duração à da pena privativa de liberdade substituída.
No caso de crime praticado na direção de veículo automotor, os arts. 292 e 293 do CTB preveem a suspensão ou proibição de se obter a permissão ou habilitação como pena, a ser aplicada isolada ou cumulativamente com outras penas, pelo prazo de 2 meses a 5 anos.
 
Efeitos da condenação previstos fora do CP
Abuso de autoridade
Como se extrai do art. 4° da lei 13.869/2019- Abuso de autoridade: "São efeitos da condenação: 
I - tornar certaa obrigação de indenizar o dano causado pelo crime, devendo o juiz, a requerimento do ofendido, fixar na sentença o valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos por ele sofridos;
II - a inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou função pública, pelo período de 1 a 5 anos;
III - perda de cargo, mandato ou função pública".
O parágrafo único do mencionado dispositivo legal estatui que os efeitos previstos nos incisos II e III dependem da reincidência em crime de abuso de autoridade e não são automáticos, devendo ser declarados motivadamente na sentença.
Por outro lado, o efeito de condenação do I independe de reincidência, além de ser automático,
 
Suspensão dos direitos políticos
Nos termos do art. 15, III, da CF, opera-se a suspensão dos direitos políticos em face da condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos.
Esse efeito é automático, prescindindo de motivação expressa na sentença condenatória, e a suspensão abrange os direitos políticos de natureza passiva e ativa. Subsiste até a extinção da sanção penal.
A concessão de sursis ou livramento condicional não infui na suspensão dos direitos políticos, pois tais institutos não acarretam na imediata extinção da pena. 
 
Lei de tortura: página 725.
4. Reabilitação
 
A reabilitação é o instituto jurídico - penal que se destina a promover a reinserção social do condenado, a ele assegurando o sigilo de seus antecedentes criminais, bem como a suspensão condicional de determinados efeitos secundários de natureza extrapenal e específicos da condenação, mediante a declaração judicial no sentido de que as penas a ele aplicadas foram cumpridas ou por qualquer outro modo extintas. Desse modo, busca reintegrar o condenado que tenha cumprido a pena na posição jurídica que desfrutava anteriormente à prolação do condenado. 
Tem, portanto, duas funções: 
0. Assegurar ao condenado o sigilo dos registros sobre seu processo e condenação (art. 93, caput) e;
0. Suspender condicionalmente os efeitos da condenação previstos no art. 92 do CP (art. 93, parágrafo único)
Modalidades no CP
Sigilo das condenações (art. 93, caput, parte final)
A reabilitação assegura ao condenado o sigilo dos registros sobre seu processo e condenação, nos termos do art. 93.
O sigilo automático do art. 202 da LEP prescinde de reabilitação. Sendo obtido após cumprida ou extinta a pena. Nele não constará folha corrida, atestados ou certidões fornecidas por autoridade policial ou por auxiliares da justiça, qualquer notícia ou referência à condenação, salvo para instruir processo pela prática de nova infração penal ou outros casos expressos em lei.
De outro lado, o sigilo assegurado pela reabilitação é mais amplo, pois as informações por ele cobertas somente podem ser obtidas por requisição (ordem), não de qualquer integrante do PJ, mas exclusivamente do juiz criminal. É o que se extrai do art. 748 do Código de Processo Penal. Esta é a utilidade prática do instituto 
 
Efeitos secundários de natureza extrapenal e específicos da condenação: art. 93, parágrafo único
Os efeitos secundários de natureza extrapenal e específicos da condenação estão elencados no art. 92 do CP.
A suspensão desses efeitos é condicional, porque do reabilitando exige-se o cumprimento de condições para retornar à situação em que estava previamente à condenação.
 
Perda de cargo, função pública ou mandato eletivo
O agente reabilitado não é reintegrado automaticamente à situação anterior, por expressa determinação do art. 93.
Pode, contudo exercer novo cargo, emprego ou função pública, desde que proveniente de nova investidura. Exemplo, o funcionário público condenado por peculato, que perdeu o cargo público que ocupava, desde que reabilitado, pode novamente ser funcionário público, se aprovado no concurso. 
 
Incapacidade para o exercício do poder familiar, da tutela e curatela
É também efeito secundário de natureza extrapenal e específico da condenação a incapacidade para o exercício do poder familiar, da tutela ou curatela nos crimes dolosos sujeitos à pena de reclusão cometidos contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar, contra filho, filha ou outro descendente ou curatelado (CP, art. 92, II).
Com a reabilitação, o condenado pode voltar a exercer o poder familiar, a tutela ou curatela em relação àqueles que não foram vítimas do delito doloso punido com reclusão, pois em relação ao ofendido a incapacidade é permanente, conforme disciplina o art. 93, parágrafo único.
 
Inabilitação para dirigir veículo
O art. 92, III, do CP arrola como efeito secundário de natureza extrapenal e específico da condenação a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a prática de crime doloso. 
Uma vez reabilitado, o agente poderá obter nova carteira de habilitação, sem qualquer restrição legal.
 
Reabilitação e reincidência
A reabilitação suspende condicionalmente alguns efeitos secundários de natureza extrapenal e específicos da condenação. 
A condenação, todavia, permanece íntegra, pois o instituto em análise não a rescinde. Portanto, se, embora reabilitado, o agente vier a praticar novo delito, será considerado reincidente.
Com efeito, o art. 64, I é peremptório ao esclarecer que a condenação anterior somente perde força para gerar a reincidência quando, entre a data do cumprimento ou extinção da pena dela decorrente e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 anos, computado o período de prova do sursis ou LC.
Pressuposto e requisitos da reabilitação
Pressuposto
A interpretação do art. 94 do CP revela que a reabilitação possui um pressuposto e diversos requisitos.
O pressuposto é a existência de uma sentença condenatória transitada em julgado. É indiferente a natureza da sanção penal aplicada ao condenado, uma vez que a reabilitação alcança quaisquer penas aplicadas em sentença definitiva.
 
Requisitos
A lei exige, ainda, a observância de determinados requisitos, de natureza objetiva e subjetiva
Requisitos objetivos
São os que se relacionam ao tempo de cumprimento da pena e a reparação do dano
0. Tempo de cumprimento da pena: o art. 94, caput, condiciona a reabilitação a um marco temporal. Deve ter transcorrido o período de 2 anos do dia em que tiver sido extinta, de qualquer modo, a pena ou terminar sua execução, computando-se o período de prova. O prazo é o mesmo, seja o condenado primário ou reincidente. 
No caso de pena de multa, o prazo se inicia a partir do seu efetivo pagamento, pois esse ato enseja a sua extinção.
Duas ou mais as penas impostas, a reabilitação não pode ser deferida, enquanto não preenchida a condição do cumprimento de todas elas. 
0. Reparação de dano: o art. 94, III, autoriza a reabilitação ao condenado que tenha ressarcido o dano causado pelo crime ou demonstre a absoluta impossibilidade de fazê-lo, até o dia do pedido, ou exiba documento que comprove a renúncia da vítima ou novação da dívida.
 
Esse requisito é dispensado quando já ocorreu a prescrição do débito no âmbito civil. Em homenagem à separação e independência entre as instâncias, subsiste a obrigação de reparar o dano, como requisito da reabilitação, quando em prol do penalmente condenado tiver sido julgado improcedente o pedido de indenização formulado no juízo civil. Com efeito, prevalece a decisão penal no tocante à prova da autoria e da materialidade do fato delituoso. 
Não há falar em dano a ser reparado nos crimes que não o produzem, tal como apologia ao crime, ato obsceno e associação criminosa.
OBS: o fato de a vítima não ter ajuizado ação indenizatória contra o condenado não significa estar ele livre de reparar o dano. 
 
Requisitos subjetivos
Dizem respeito à pessoa do condenado. São dois:
0. Domicílio no país: exige-se que o condenado tenha sido domiciliado no país no prazo de dois anos após a extinção da pena, o que admite a liberdade de prova;
0. Bom comportamento público e privado: O condenado, no prazo de dois anos posteriormente à extinção da pena, deve ter apresentado, de forma efetiva e constante,bom comportamento público e privado. Não só a prática de novo delito impede a reabilitação. Qualquer ato capaz de macular a reputação do agente pode fazê-lo.
A demonstração efetiva e constante de bom comportamento público e privado pode ser feita, exemplificativamente, com frequência a estabelecimento de ensino e cursos profissionalizantes, ocupação lícita e honesta, participação em programas filantrópicos e sociais.
 
Pedido de reabilitação
A legitimidade para formular o pedido de reabilitação é privativa do condenado. Cuida-se de ato eminentemente pessoal, intransferível. Não se estende aos seus herdeiros ou sucessores em caso de falecimento do titular, o que se justifica pela finalidade do instituto. 
Negada a reabilitação, ela poderá ser requerida, a qualquer tempo, desde que o pedido seja instruído com novos elementos comprobatórios dos requisitos necessários.
 
Revogação da reabilitação
Preceitua o art. 95 "A reabilitação será revogada, de ofício ou a requerimento do MP, se o reabilitado for condenado, como reincidente, por decisão definitiva, a pena que não seja de multa. 
 
5. Medidas de segurança
É a modalidade de sanção penal com finalidade exclusivamente preventiva, e de caráter terapêutico, destinada a tratar inimputáveis e semi-imputáveis portadores de periculosidade, com o escopo de evitar a prática de futuras infrações penais.
Revela-se como espécie de sanção penal, pois toda e qualquer privação ou restrição de direitos, para quem a suporta, apresenta conteúdo penoso.
 
Distinção de pena e medida de segurança
No DP brasileiro, penas e medidas de segurança apresentam claras distinções
As penas têm características ecléticas, ou seja, retributiva e preventiva, enquanto as medidas de segurança destinam-se exclusivamente à prevenção de novas infrações.
As penas são aplicadas por período determinado, guardando proporcionalidade com a reprovação do crime. Já as medidas de segurança são aplicadas por período determinado quanto ao limite mínimo, mas absolutamente indeterminado ao tocante máximo, pois sua extinção depende do fim de periculosidade do agente.
As penas têm como pressuposto a culpabilidade, ao passo que as medidas de segurança reclamam a periculosidade do indivíduo. 
No tocante aos destinatários, as penas se dirigem aos imputáveis e semi-imputáveis sem periculosidade. Por sua vez, as medidas de segurança se dirigem aos inimputáveis e aos semi perigosos. Desse modo, não é possível a aplicação de medidas de segurança aos imputáveis.
 
Requisitos para a aplicação
A aplicação de medida depende de três requisitos:
0. Prática de um fato típico e ilícito;
0. Periculosidade do agente;
0. Não tenha ocorrido a extinção de punibilidade.
 
O raciocínio a ser feito é o seguinte: há provas para a condenação, mas como o caso concreto não autoriza a imposição de pena, é necessário a aplicação de medida de segurança.
OBS: o simples fato da pessoa ser portadora de periculosidade não permite a incidência da medida de segurança. 
Ainda é imprescindível que o Estado ainda possua o direito de punir.
Art. 96, CP, parágrafo único: Extinta a punibilidade, não se impõe medida de segurança nem subsiste a que tenha sido imposta.
Em suma, a pena se justifica em razão daquilo que fez o agente. A medida de segurança, por outro lado, somente se legitima se necessária para evitar que o indivíduo venha novamente cometer novos crimes. 
 
Periculosidade
É a efetiva probabilidade, relativa ao responsável por uma infração penal, inimputável ou semi, de voltar a se envolver em crimes e contravenções penais. 
 
Espécies de periculosidade
 
0. Periculosidade presumida: ocorre quando a lei, expressamente, considera determinado indivíduo perigoso. Trata-se de uma presunção absoluta, logo, o juiz tem a obrigação de impor ao agente a medida de segurança. Aplica-se aos inimputáveis do art. 26, de modo que tais pessoas serão submetidas a medida de segurança se comprovado envolvimento em infração penal. Portanto, se um inimputável praticou uma infração penal, será tratado como perigoso, prescindindo-se de conclusão pericial específica nesse sentido. Basta ser inimputável e responsável por crime ou contravenção.
 
0. Periculosidade real: é a que deve ser provada no caso concreto, isto é, a lei não presume sua existência. É aplicável aos semi-imputáveis do art. 26, parágrafo único. Destarte, quando um semiimputável comete uma infração penal, será tratado como culpável, salvo se o exame pericial constatar que sua responsabilidade diminuída concluir também pela sua periculosidade, recomendando a substituição da pena por medida de segurança.
 
Aplicação da medida de segurança
O inimputável que pratica uma infração penal é absolvido. Não se aplica pena, em virtude da ausência de seu pressuposto, qual seja, a culpabilidade. Esta absolvição está prevista no art. 386, IV, do CPP.
Diante de sua periculosidade, todavia, impõe-se uma medida de segurança. Trata-se de sentença absolutória imprópria, assim chamada por recair ao réu uma sanção penal, na forma do art. 386, PU. 
Por outro lado, no tocante ao semi-imputável responsável por um crime ou contravenção penal a sentença é condenatória. A presença de culpabilidade, embora reduzida, autoriza a imposição de pena, reduzida obrigatoriamente de um a dois terços.
Se, entretanto, constatar-se sua periculosidade, de forma a necessitar o condenado de especial tratamento curativo, a pena reduzida pode ser substituída por medida de segurança. O art. 98 do CP adotou o sistema vicariante ou unitário, pois ao semi-imputável será aplicada a pena reduzida de um a dois terços ou medida de segurança, conforme seja mais adequado ao caso concreto.
Obs: Nada impede a imposição simultânea ao semi-imputável de pena privativa de liberdade e de medida de segurança, pela prática de crimes diversos. 
 
Espécies de medidas de segurança
O art. 96 do CP apresenta duas espécies de medidas de segurança: detentiva e restritiva.
Detentiva, prevista no inciso I, consiste em internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, em outro estabelecimento adequado. Importa em privação de liberdade do agente.
Restritiva, elencada pelo inciso II, é a sujeição a tratamento ambulatorial. O agente permanece livre, mas submetido a tratamento médico adequado.
O critério para a escolha da espécie de medida de segurança a ser aplicada reside na natureza da pena cominada à infração penal. Com efeito, dispõe o art. 97 que se o fato é punível com reclusão, o juiz determinará, obrigatoriamente, sua internação. Se o fato, todavia, for punível com detenção, poderá o juiz optar entre internação ou tratamento ambulatorial. 
O STF, em casos excepcionais, admite a substituição da internação por medida de tratamento ambulatorial quando a pena estabelecida para o tipo é reclusão, notadamente quando manifesta a desnecessidade da internação.
 
Prazo mínimo da medida de segurança
A sentença que aplica medida de segurança deve, obrigatoriamente, fixar o prazo mínimo de internação ou tratamento ambulatorial, entre um e três anos, nos termos do art. 97, parágrafo 1°. O prazo mínimo se destina a realização do exame de cessação de periculosidade.
 
Prazo máximo da MS
O CP estabelece no seu art. 97 "a internação, ou tratamento ambulatorial, será por tempo indeterminado, perdurando enquanto não for averiguada, mediante perícia médica, a cessação da periculosidade".
A medida de segurança, pelo texto da lei, pode ser eterna. 
No entanto, o que prevalece no entendimento doutrinário e do STF é que se o imputável é protegido, no tocante ao cumprimento da pena pelo limite de 40 anos, não poderia um inimputável ser internado por prazo indeterminado.
O STJ tem inovado, decidindo que a duração da medida de segurança não pode ultrapassar o limite máximo da pena cominada ao delito praticado, em obediência ao princípio da isonomia e da proporcionalidade. Este pensamento é consolidado na súmula 527.
 
Execução da medida de segurança
Com o trânsito em julgado da sentença que aplica a medida de segurança, será ordenada pelo juiz a expedição de guiapara execução (LEP, art. 112).
Essa guia é imprescindível, pois sem ela ninguém será internado em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico, nem submetido a tratamento ambulatorial, para cumprimento da MS. (LEP, art. 172).
Em se tratando de internação, o agente é obrigatoriamente submetido a exame criminológico. No tratamento ambulatorial esse exame é facultativo. (LEP, art. 174)
A desinternação e a liberação, de natureza condicional, serão revogadas pelo juízo da execução se o agente, antes do decurso de um ano, praticar fato, e não necessariamente infração penal, indicativo da manutenção de sua periculosidade. (Art. 97, parágrafo 3, CP).
 
Conversão do tratamento ambulatorial para internação (art. 97, P4)
Segundo o artigo "em qualquer fase do tratamento ambulatorial, poderá o juiz determinar a internação do agente, se essa providência for necessária para fins curativos".
Ainda estabelece o art. 184 da LEP" o tratamento ambulatorial poderá ser convertido em internação se o agente revelar incompatibilidade coma medida". Além disso, determina o prazo mínimo de internação para um ano.
 
Desinternação progressiva
 Cuida-se da conversão da internação para tratamento ambulatorial, durante o prazo de duração da medida de segurança, como forma de preparar o sentenciado, progressivamente, para o retorno do convívio social, nos casos em que a internação não se mostra mais necessária, embora o agente dependa da manutenção dos cuidados médicos. Essa providência, nada obstante não prevista em lei, tem sido admitida na prática forense, uma vez que a medida de segurança não possui caráter de castigo, podendo ser abrandada quando a situação fática dispensar a privação de liberdade do agente. 
A progressividade do internamento ao tratamento ambulatorial consiste numa garantia constitucional, inerente a qualquer cidadão, configurando-se sua inadmissibilidade um contrassenso às finalidades do tratamento.
 
Conversão da pena em MS
Se no curso da execução da pena privativa de liberdade sobrevier ao condenado doença mental ou perturbação de saúde mental, o art. 183 da LEP autoriza o juiz, de ofício, a requerimento do MP ou da autoridade administrativa, a substitui-la por MS. 
Essa substituição só deve acontecer quando a doença mental ou perturbação for de natureza permanente. Se transitória, transfere-se o condenado a hospital de custódia e tratamento psiquiátrico, e, uma vez curado, retorna ao estabelecimento prisional, nos moldes do art. 41 do CP.
A conversão somente poderá ser efetuada durante o prazo de cumprimento da pena, e necessita de perícia médica. Realizada a conversão, discute-se o período máximo de duração da medida de segurança. 
Posição do STF: Em se tratando de medida de segurança aplicada em substituição à pena corporal, prevista no art. 183 da LEP, sua duração está adstrita ao tempo que resta para o cumprimento da pena privativa de liberdade estabelecida na sentença condenatória, sob pena de ofensa à coisa julgada.
 
Direitos do internado
Reza o art. 99 do CP "o internado será recolhido a estabelecimento dotado de características hospitalares e será submetido a tratamento". Como consequência desse mandamento legal, o sentenciado a quem foi imposta medida de segurança detentiva não pode ser colocado em estabelecimento prisional comum. Tal procedimento caracteriza constrangimento ilegal, sanável via habeas corpus. 
 
Adolescente infrator
A internação decorrente da condenação pela prática de ato infracional é medida socioeducativa (e não sanção penal), e deverá ser cumprida em entidade exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele destinado ao abrigo. 
O fato de o adolescente ter completado 21 anos impõe a sua liberação compulsória. 
 
6. Ação Penal
 
Ação Penal é o direito de exigir do Estado a aplicação do direito penal objetivo em face do indivíduo envolvido em um fato tipificado pela lei como infração penal.
 
Características
0. Público: a atividade provocada é incumbência do poder público;
0. Subjetivo: o seu titular exige do Estado a prestação jurisdicional;
0. Autônomo: independe da efetiva existência do direito material;
0. Abstrato: independe do resultado final da postulação;
0. Instrumental: embora o fim último do autor seja o de obter um resultado favorável à pretensão insatisfeita, o direito de ação tem por fim a instauração de um processo, com a tutela jurisdicional, para a composição da lide. Esse direito instrumental, porém, só existe porque é conexo a um caso concreto.
 
Classificação da Ação Penal
A classificação desse dispositivo pode ser efetuada levando em consideração a tutela jurisdicional invocada ou a titularidade para sua propositura.
 1) De conhecimento: visa o conhecimento do direito submetido à apreciação judicial. É exemplo a ação proposta pelo MP ou pelo ofendido ou seu representante legal, visando a condenação do responsável por um fato típico e ilícito. É também chamada de "ação penal condenatória".
0. Cautelar: busca resguardar o direito invocado na ação principal, de forma a permitir a eficácia da prestação jurisdicional. Há diversos provimentos cautelares, tal como o sequestro, previsto nos arts. 125 e 132 do CPP, medida destinada a efetuar a constrição dos bens adquiridos proventos de infração penal. E
0. De execução: almeja a satisfação de um direito já conhecido. A lei 7.210/84 cuida desse instituto. 
 
 
Divisão subjetiva
É a classificação adotada pelo art. 100 do CP: "a ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido".
Essa divisão parte da titularidade da propositura da ação penal. É pública a proposta pelo MP, e privada a que tem como sujeito ativo o ofendido ou seu representante legal.
 
Condições da AP
Diferente do que acontece no processo civil, o CPP não indica expressamente as condições genéricas, ficando essa tarefa sob a responsabilidade da doutrina e jurisprudência. 
Condições genéricas ou gerais (devem estar presente em todas as ações)
0. Possibilidade jurídica do pedido: para o possível exercício do direito de ação, o fato descrito na denúncia ou queixa deve ser típico, ou seja, encontrar subsunção na lei penal incriminadora. Por tal motivo, dispõe o art. 395, II, CPP: "a denúncia ou queixa será rejeitada quando faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal". Para Fernando Capez a discussão não gira em torno da análise do mérito, deixando este para análise dos fatos provados. 
Tem-se portanto, que a verificação do preenchimento dessa condição é efetuada tomando-se em consideração o ordenamento jurídico penal, isto é, verifica-se se os fatos narrados pela inicial acusatória encontram previsão em lei penal incriminadora, independentemente, nesse primeiro momento, da prova concreta de sua efetiva ocorrência. 
0. Legitimidade para agir: configura-se na pertinência subjetiva para a ação.
Nesses termos, apenas a pessoa cuja titularidade da ação penal é garantida pela lei tem o poder de ajuizá-la (legitimidade ativa), bem como somente aquele supostamente responsável pelo fato definido como infração penal pode figurar no polo passivo dessa mesma ação (legitimidade passiva).
A lei penal estabelece como regra geral a ação penal pública, que apenas poderá ser proposta pelo MP, na forma definida pelo art. 129, I, da CF. Destarte, nos crimes de ação penal pública, se a demanda for iniciada pelo ofendido ou seu representante ilegal, manifesta será a ilegalidade ativa, salvo no caso da situação prevista no art. 5°, LIX, CF e no art. 29 CPP. 
Da mesma forma, em caso de ação penal privada, se a contenda for iniciada pelo MP, estará configurada a ilegitimidade para agir.
Essa condição deve ser analisada pelo magistrado por ocasião do recebimento da denúncia ou queixa, constituindo-se em causa de sua rejeição a ilegitimidade da parte. 
0. Interesse processual: se relaciona com a utilidade ou necessidade da providência jurisdicional, e com a adequação do meio utilizado para alcançar o fim almejado. A utilidade, por sua vez, se revela na eficácia da decisão judicial para a satisfação dointeresse pleiteado pelo titular da ação. Por esse motivo, a ocorrência de qualquer causa extintiva da punibilidade implicará na rejeição da denúncia ou queixa, pois a ação penal será completamente inócua. Por exemplo, morte do infrator. Por fim, a adequação desponta na compatibilidade entre o meio empregado pelo titular do direito posto em debate e a sua pretensão.
0. Justa causa: para Afrânio Silva, às três condições clássicas que se apresentam no processo deve ser acrescentada uma quarta: a justa causa, ou seja, um lastro mínimo de prova capaz de fornecer arrimo à pretensão acusatória, uma vez que a simples instauração do processo atinge o status dignitatis do imputado.
Esse lastro probatório é fornecido pelo inquérito policial ou pelas peças de informação, procedimentos investigatórios e informativos que devem acompanhar a inicial acusatória. 
Nessa esteira, os arts. 647 e 648, I, do CPP, rotulam como coação ilegal a ausência de justa causa na ação penal, autorizando a concessão de ordem de habeas corpus para sanar o problema. E com a entrada em vigor da lei 11.719/2008, a ausência de justa causa para o exercício da ação penal autoriza a rejeição da denúncia ou queixa (art. 395, III). 
Art. 5°, LIX: "será admitida a ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal".
 
Condições específicas
São condições específicas aquelas estabelecidas em lei, cuja ausência impede o regular exercício do direito de ação.
Encontram respaldo no art. 395, II, 2° parte, ao estatuir que a denúncia ou queixa será rejeitada quando: "faltar condição para o exercício da ação penal".
São exemplos de condições: 
0. A representação do ofendido ou de quem tiver a qualidade para representá-lo e a requisição e a requisição do Ministro da Justiça na ação penal condicionada;
 
0. A entrada do agente em território nacional em caso de crime praticada no exterior;
 
Ação Penal Pública
Nos termos do art. 129, I, CF, é função institucional do MP promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei. 
A ação penal pública é iniciada por denúncia ajuizada pelo MP. O oferecimento da denúncia pode, no entanto, estar condicionado a representação da vítima ou seu representante legal, ou ainda, à requisição do ministro da justiça, em hipóteses expressamente elencadas pela lei penal. 
A ação penal pública, portanto, pode ser condicionada ou incondicionada, em conformidade com o art. 100, parágrafo 1 do CP. 
No mesmo sentido dispõe o art. 24, caput, do CPP: "nos crimes de ação pública, esta será promovida pelo MP, mas dependerá, quando a lei exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. 
OBS: depois de instaurada a ação penal, o MP não poderá dela desistir (CPP, art. 42).
 
Ação Penal Pública incondicionada
É a espécie de ação penal iniciada pelo MP, com o oferecimento de denúncia, que depende somente da existência de prova de materialidade e de indícios de autoria de um fato previsto em lei como infração penal. 
A grande maioria das infrações penais pertence a essa categoria de ação penal. Consequentemente, sua pertinência é obtida por via residual, isto é, sempre que a lei não exigir a representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para tal, a requisição do MJ, ou, ainda, cabimento de ação penal privada, o MP poderá enviar a denúncia, se presente seus requisitos, independentemente de qualquer provocação. 
 
Ação Penal Pública Condicionada
É condicionada a ação penal quando a lei exigir, como condição para o oferecimento da denúncia, a existência de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo, ou, ainda, requisição do MJ.
 
A necessidade de representação do ofendido ou requisição do MJ visa proteger o ofendido, evitando que o escândalo do processo seja ainda mais prejudicial do que a ocorrência do crime em si. 
Para Fernando Capez e Fernando da Costa, além do STF, a representação do ofendido ou de seu representante legal e a requisição do MJ são condições de procedibilidade. 
 
Representação do ofendido
A representação, apresenta duplo aspecto: é, simultaneamente, autorização e pedido para que se possa iniciar a persecução penal nos casos exigidos por lei. 
 
Os legitimados são:
0. O ofendido, quando maior de 18 anos (CPP, art. 24, caput.) 
0. O procurador com poderes especiais (CPP, art. 39, caput. )
0. Representante legal, se o ofendido for menor de 18 anos ou mentalmente enfermo;
0. Curador especial, quando o ofendido for menor de 18 anos ou mentalmente enfermo, e não tiver representante legal ou os interesses forem conflitantes. 
 
Prazo
O direito de representação poderá ser exercido no prazo de 6 meses, contado a partir do dia em que o ofendido ou seu representante legal tomou ciência acerca da autoria da infração penal.
Decorrido esse prazo, com a omissão de quem tinha a prerrogativa de oferecer a representação, verificar-se-á a extinção da punibilidade pela decadência. (CP, art, 107, IV.)
Na hipótese de curador especial, tal prazo é computado a partir da aceitação da nomeação para exercer e não do conhecimento da autoria. 
Com a morte do ofendido, e se ainda não tiver se esgotado o prazo decadencial, o direito de representação será transmitido ao CADI (cônjuge, ascendente, descendente ou irmão). E, nos termos do art. 38, parágrafo único do CPP, a decadência, nesse caso, ocorrerá no mesmo prazo. 
 
Retratação de apresentação
Estatui o art. 102 do CP: "a representação será irretratável depois de oferecida a denúncia".
 
O dispositivo fala em oferecimento da denúncia, não em recebimento. Assim, se o MP já ofereceu denúncia, mas o PJ ainda não a recebeu formalmente, será vedada a retratação. 
Na hipótese de retratação da representação, antes do oferecimento da denúncia, há dois entendimentos:
 
0. O juiz deve declarar a extinção de punibilidade, em que pese a ausência de previsão expressa pelo art. 107 do CP 
0. Os autos devem permanecer em cartório, uma vez que antes do decurso do prazo decadencial será possível o oferecimento de nova representação, ou seja, a retratação da retratação. 
 
Também é cabível a retratação tácita da representação, desde que demonstrada de forma inequívoca a prática de ato incompatível com o desejo de instaurar a persecução penal em juízo. Exemplo: a vítima de um crime de ameaça convida o apontado autor do fato para ser padrinho de seu filho.
 
Forma
A representação independe de forma especial. O STF firmou o entendimento de que é suficiente a demonstração inequívoca da intenção do ofendido ou de quem tiver a qualidade para representá-lo para iniciar a ação penal.
 
Requisição do Ministro da Justiça
Cuida-se de condição de procedibilidade consistente em ato de natureza administrativa e política, revestido de discricionaridade, pois há crimes em que a viabilidade de propositura de ação penal depende de um juízo de conveniência e oportunidade por parte do MJ.
 
Essas hipóteses são: 
0. Crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do território nacional;
0. Crimes contra a honra praticados contra o Presidente e contra chefe de governo estrangeiro.
 
Prazo
A legislação não impõe prazo decadencial para o oferecimento da requisição do Ministro da Justiça. Dessa forma, pode ser lançada a qualquer tempo, desde que não tenha ocorrido extinção a extinção de punibilidade, pela prescrição ou qualquer outra causa.
 
Ação Penal Privada
 Diz-se Ação Penal Privada a ação cuja legitimidade para propositura pertence ao ofendido ou a quem legalmente o represente, quando aquele for menor de 18 anos ou mentalmente enfermo. É iniciada com o oferecimento de queixa-crime, a qual deve conter os mesmos elementos da denúncia (CPP, art. 41).
Poucos são os crimes processados por meio da ação penal privada, e, vale recordar, tais casos são expressamente indicados pela lei. No CP, podem ser exemplo os crimes tipificados pelos arts. 184, 236 e 345 (sem emprego de violência), entre outros.
 
Prazo
A queixa-crime deve ser ajuizada no prazo de 6 meses, contado a partir da dataem que o ofendido ou seu representante legal tomar conhecimento da autoria da infração penal (CPP, art. 38).
Esse prazo é decadencial. Não se prorroga por força de domingos, feriados ou férias, e deve ser incluído em seu cômputo o dia do começo, excluindo-se o dia do final, em consonância com o art.10 CP.
O art. 38 CPP, ao utilizar a expressão "salvo disposição em contrário", adite a existência de prazos diferenciados, tal como se dá no crime definido pelo art. 236 do CP e nos crimes de ação penal privada contra propriedade imaterial que deixam vestígios (CPP, art. 529, caput).
 
Princípios
0. Oportunidade ou conveniência: o ofendido tem liberdade para iniciar a ação penal. Pode ou não fazê-lo, a seu exclusivo critério.
 
A renúncia tácita ou expressa ao direito de queixa encontra previsão legal nos arts. 50 e 57 CPP. Contudo, a renúncia contra um dos autores do crime a todos se estenderá (CPP, art. 49).
0. Disponibilidade: decorre do princípio da oportunidade, e permite ao ofendido ou representante legal a possibilidade de desistir da ação penal ou do recurso eventualmente interposto.
Pode ainda o querelante desistir da ação penal, até o trânsito em julgado da sentença condenatória, valendo-se dos institutos do perdão aceito e da perempção (CPP, art. 51 e 60).
0. Indivisibilidade: a queixa-crime contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de todos, e o MP zelará pela sua indivisibilidade (CP, art. 48). Portanto, o ofendido ou representante legal pode escolher entre ajuizar ou não a queixa crime. Não é cabível, todavia, optar por oferecê-la somente contra um ou outro envolvido na infração penal.
Obviamente há limites. Só pode haver essa regra se o ofendido tiver conhecimento de todos os praticantes da infração penal.
0. Intranscendência: A APP somente pode ser proposta contra os autores ou partícipes da infração penal, não abrangendo seus sucessores ou eventuais responsáveis civis. 
Espécies
AP exclusivamente privada ou ação penal privada propriamente dita: 
A legitimidade para ajuizamento da queixa-crime é do ofendido, se maior de 18 anos e capaz. Se for menor de 18 anos ou mentalmente enfermo, poderá ser proposta por seu representante legal.
No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação passará a seu cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (CADI).
Se o ofendido for menor de 18 anos, ou mentalmente enfermo, e não tiver representante legal, ou colidirem os interesses deste com os daquele, o direito de queixa poderá ser exercido por curador especial, nomeado, de ofício, ou a requerimento do MP, pelo juiz competente para o processo penal (CPP, art. 33).
APP personalíssima:
Nessa modalidade, a lei confere exclusivamente ao ofendido a titularidade do direito de queixa, intransmissível mesmo na hipótese de seu falecimento. Também não é possível a nomeação de curador especial ao incapaz, nem o oferecimento de queixa crime pelo seu representante.
O ÚNICO exemplo dessa modalidade é o crime de induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento, tipificado pelo art. 236 do CP.
OBS: A capacidade civil por emancipação ou pelo casamento não altera a impossibilidade de oferecer queixa. Destarte, o prazo decadencial apenas passará a fluir quando cessar a incapacidade penal, ou seja, aos 18 anos.
 
APP subsidiária da pública:
De acordo com o art. 100, parágrafo 3° do CPP, "A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes de ação pública, se o MP não oferece denúncia no prazo legal".
O direito à ação penal privada subsidiária da pública foi erigido à categoria de direito fundamental pelo art. 5°, inciso LIX, da CF: "será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal".
Desse modo, no caso de inércia do MP, o ofendido ou representante legal pode oferecer queixa subsidiária, no prazo de 6 meses, contados do termo final do prazo para oferecer denúncia.
Nesse caso, o MP pode aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os atos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a QUALQUER TEMPO, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal (art. 29, CPP).
Após o prazo de 6 meses, cessa a possibilidade de ação privada subsidiária, nada obstante o Parquet ainda possa oferecer denúncia enquanto não extinta a punibilidade do agente, uma vez que a ação não perde seu caráter público. 
Cumpre frisar que a APP subsidiária tem cabimento apenas na inércia do MP. 
Nas palavras do STJ: "a ação penal privada subsidiária da pública somente teria guarida diante da prova inequívoca de haver total inércia do MP: mesmo de posse de todos os elementos necessários para formular acusação, ele deixa de ajuizar a ação penal no prazo legal sem qualquer motivo justificado".
 
APP concorrente
Também se admite a APP concorrente, nos crimes contra a honra praticados contra funcionário público em razão de suas funções. Faculta-se ao ofendido escolher entre ajuizar a APP privada ou então oferecer representação autorizando o MP a exercitar a APPC à representação.
 
Ação Penal nos crimes complexos
Para o art. 101 do CP "quando a lei considera como elemento ou circunstâncias do tipo legal fatos que, por si mesmos, constituem crimes, cabe ação pública em relação àquele, desde que, em relação a qualquer destes, se deva proceder por iniciativa do MP".
Crimes complexos são aqueles que resultam da fusão de dois ou mais tipos penais. Exemplos: roubo (furto + lesão corporal ou ameaça). 
Destarte, o crime que resulta da união de dois outros será de AP Pública, desde que um deles pertença a essa categoria, ainda que seja o outro de ação penal privada.
Ação Penal nos crimes contra a dignidade sexual
Nos delitos contra a liberdade sexual e nos delitos sexuais contra vulneráveis, a ação penal é pública incondicionada. É o que se extrai do art. 225 do CP. 
A finalidade do legislador, ao implementar a ação penal pública incondicionada, e nesse ponto muito bem, foi livrar a vítima da pressão de representar contra seu agressor, ou então de retratar-se da representação já lançada.
Ação penal e crime de lesão corporal praticado com violência doméstica e familiar contra a mulher, em todas as suas modalidades (inclusive de natureza leve e culposa), a ação penal é pública incondicionada. Súmula 542 do STJ.
 
7. Extinção da punibilidade
Praticado um crime ou uma contravenção penal, nasce automaticamente a punibilidade, compreendida como a possibilidade jurídica de o Estado impor uma sanção penal ao responsável (autor, coautor ou partícipe) pela infração penal.
A punibilidade consiste, pois, em consequência da infração penal. Não é o seu elemento, razão pela qual o crime e contravenção penal permanecem íntegros com a superveniência de causa extintiva da punibilidade. Desaparece, no mundo jurídico, somente o poder punitivo estatal: o Estado não pode mais punir, nada obstante a existência concreta e inapagável de um ilícito penal. 
Em hipóteses excepcionais, entretanto, a extinção da punibilidade elimina a própria infração penal. Esse fenômeno somente é possível com a abolitio criminis e com a anistia, pois os seus efeitos possuem força para rescindir inclusive eventual sentença penal condenatória. 
 
Art. 107 do CP
É unânime o entendimento doutrinário de ser exemplificativo o rol do art. 107 CP, o qual contém em seu interior algumas causas de extinção de punibilidade admitidas pelo DP brasileiro. No entanto, outras causas extintivas podem ser encontradas no CP e na legislação especial, destacando-se:
0. Término do período de prova, sem revogação, do sursis, do livramento condicional;
0. Reparação do dano, no peculato culposo, efetivada antes do trânsito em julgado da sentença condenatória;
Entre diversos outros elencados na pág. 774, Massom.
Momento da ocorrência
As causas de extinção da punibilidade podem alcançar a pretensão punitiva (interesse do Estado em aplicar a sanção penal: surge com a prática da infração penal) ou a pretensão executória(interesse do Estado em exigir o cumprimento de uma sanção penal já imposta: nasce com o trânsito em julgado da condenação), conforme ocorram antes ou depois do trânsito em julgado da sentença penal condenatória.
Quanto àquelas previstas no art. 107, algumas causas extintivas atacam exclusivamente a pretensão punitiva. São elas: decadência, perempção, renúncia do direito de queixa, perdão aceito, retratação do agente e perdão judicial.
Por outro lado, duas outras causas atingem apenas a pretensão executória: indulto e graça. Além disso, o sursis e o LC, previstos fora desse art., afetam exclusivamente a pretensão executória, em face do término do período de prova, sem revogação.
Por fim, as causas de extinção de punibilidade remanescentes podem direcionar-se tanto contra a pretensão punitiva como, também, contra a pretensão executória, dependendo do momento em que ocorrerem. 
 
Efeitos
As causa de extinção de punibilidade que atingirem a pretensão punitiva eliminam todo os efeitos penais de eventual sentença condenatória já proferida. Por sua vez, as causas extintivas que afetam a pretensão executória, salvo nas hipóteses de abolitio criminis, apagam unicamente o efeito principal da condenação, que é a pena. Subsistem os efeitos secundários da sentença condenatória: pressuposto de reincidência e constituição de título executivo judicial no campo civil.
Extinção da punibilidade nos crimes acessórios complexos e conexos
Estabelece o art. 108 -  A extinção da punibilidade de crime que é pressuposto, elemento constitutivo ou circunstância agravante de outro não se estende a este. Nos crimes conexos, a extinção da punibilidade de um deles não impede, quanto aos outros, a agravação da pena resultante da conexão. 
 
Crime acessório: também denominado de crime de fusão ou parasitário, é aquele cuja existência depende da prática anterior de outro crime, chamado de principal. A extinção da punibilidade do crime principal não se estende ao acessório. Exemplo: lavagem de dinheiro será punida mesmo com a extinção da infração penal que permitiu sua prática.
Crime complexo: por sua vez, é aquele que resulta da união de dois ou mais crimes. A EP de um dos crimes não alcança o todo. Por exemplo, a prescrição do roubo não importa na automática extinção da punibilidade do latrocínio. 
Crime conexo: é o praticado para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou a vantagem de outro crime. É o que se dá com o indivíduo que, para vender drogas, mata um policial que o investigava. A ele serão imputados os crimes de homicídio qualificado pela conexão (CP, art. 121, § 2°, V) em concurso material com o tráfico de drogas. E de acordo com o art. 108, CP, ainda que ocorra a prescrição do tráfico de drogas, subsiste, no tocante ao homicídio, a qualificadora da conexão. 
No âmbito do princípio da consunção, a extinção da punibilidade do crime fim igualmente atinge o direito de punir do Estado em relação ao crime meio. 
 
Análise do art. 107, CP
0. Morte do agente: Extingue-se a punibilidade pela morte do agente. Essa opção legislativa tem dois fundamentos: o princípio da personalidade da pena: a pena não pode passar da pessoa do condenado, e o brocardo de justiça pelo qual a morte tudo apaga. Essa regra alcança todas as espécies de penas, além dos efeitos penais da sentença condenatória. Excepcionam-se, porém, por expressa disposição constitucional, a obrigação de reparar o dano, até os limites das forças de herança, e a decretação do perdimento de bens. 
E como bem observa Júlio Fabbrini, essa mesma regra se estende à pessoa jurídica, podendo a obrigação ser transferida à sua sucessora, relativamente aos crimes que podem por ela ser praticados. Mas se a morte do agente ocorrer após o trânsito em julgado da condenação, subsistem os efeitos secundários extrapenais, autorizando a execução da sentença penal no juízo cível contra os seus herdeiros.
Cuida-se de causa personalíssima, ou seja, não se comunica aos demais coautores e partícipes, que respondem normalmente pela infração penal. 
OBS: prova da morte exclusivamente com certidão de óbito (art. 62, CPP).
0. Anistia, graça e indulto: são modalidades de indulgência soberana emanadas de órgãos estranhos ao PJ, que dispensam, em determinadas hipóteses, a total ou parcial incidência da lei penal. Concretizam a renúncia estatal ao direito de punir. Embora advenham de órgãos alheios ao PJ, eles somente acarretam na extinção da punibilidade de seu destinatário após acolhimento por decisão judicial.
 
Essas causas extintivas têm lugar em crimes de ação penal pública e de ação penal privada.
 
Anistia
É a exclusão, por lei ordinária com efeitos retroativos, de um ou mais fatos criminosos do campo de incidência penal. A clemência estatal é concedida mediante lei ordinária edita pelo Congresso Nacional. A iniciativa do projeto de lei é livre. Essa causa de extinção destina-se, em regra, a crimes políticos (anistia especial), abrangendo, excepcionalmente, crimes comuns. Abrange fatos, e não indivíduos, embora possam ser impostas condições específicas ao réu ou condenado (condicionada). 
Concedida a anistia, o juiz, de ofício, a requerimento do interessado ou do MP, por proposta da autoridade administrativa ou do Conselho Penitenciário, declarará extinta a punibilidade (LEP, art.187).
Ela divide-se em própria, quando concedida anteriormente à condenação, e imprópria, na hipótese em que sua concessão opera-se após a sentença condenatória. Pode ser também condicionada ou incondicionada, conforme esteja ou não sujeita a condições para sua aceitação.
OBS: em face de seus efeitos, se o agente no futuro praticar nova infração penal, não será atingido pela reincidência, por conta da ausência do seu pressuposto. Permanecem íntegros, entretanto, os efeitos civis da sentença condenatória, subsiste como título executivo judicial no campo civil. 
A anistia pode ser, ainda, geral ou absoluta, quando concedida em termos gerais, ou parcial ou relativa, na hipótese em que faz exceções entre crimes ou pessoas. 
Os crimes hediondos e equiparados são incompatíveis com a anistia, em face da regra contida no art. 5°, XLIII, CF. 
 
Graça
A graça tem por objeto crimes comuns, com sentença condenatória transitada em julgado, visando o benefício de pessoa determinada por meio da extinção ou comutação da pena imposta. É também denominada, pela LEP, de indulto individual.
Em regra, depende de provocação da parte interessada. De fato, o indulto individual poderá ser provocado por petição do condenado, por iniciativa do MP, Conselho Penitenciário ou autoridade administrativa. 
A petição, acompanhada dos documentos que a instruírem, será entregue ao Conselho Penitenciário, para a elaboração de parecer e posterior encaminhamento ao Ministério da Justiça (LEP, art. 189).
A graça é ato privativo e discricionário do Presidente da República (CF, art. 84, XII), desde que respeitas as vedações impostas pelo sistema constitucional, e passível de delegação aos Ministros de Estado, ao PGR ou ao AGU. 
Alcança apenas o cumprimento da pena, na forma realçada pelo decreto presidencial, restando íntegros os efeitos penais secundários e também os efeitos de natureza civil. 
Classifica-se como plena, quando importa em extinção da pena imposta ao condenado, ou parcial, quando acarreta em diminuição ou comutação da pena. Ela normalmente não pode ser recusada, salvo quando proposta comutação de pena (CPP, art. 739) ou submetida a condições para sua concessão. E, uma vez concedida a graça ou indulto individual, e anexada aos autos cópia do decreto, o juiz declarará extinta a punibilidade ou ajustará a execução aos termos do decreto, em caso de comutação da pena (Art. 192, lep).
 
Indulto
O indulto propriamente dito, ou indulto coletivo, é modalidade de clemência concedida espontaneamente pelo Presidente da República a todo grupo de condenados que preencherem os requisitos apontados pelo decreto.
Embora essa seja a regra, não se faz necessário o trânsito em julgado da sentença condenatória para sua concessão.
O indulto leva em consideração

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