Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 OBSTETRÍCIA | AULA 01 | B1 A gravidez se inicia a partir do contato do ovo com o endométrio (implantação embrionária ou nidação). O diagnóstico divide-se em: o Diagnóstico clínico; o Diagnóstico laboratorial (hormonal); o Diagnóstico ultrassonográfico. DIAGNÓSTICO CLÍNICO Observação de sinais e sintomas identificados na anamnese, na inspeção, na palpação, no toque vaginal e na ausculta. Existem os: SINAIS DE PRESUNÇÃO São sinais que a paciente nos traz; ela mesma se diagnostica. o 4 SEMANAS Amenorreia em torno ou acima de 4 semanas tem como principal diagnóstico a gestação; o 5 SEMANAS Além da amenorreia, é comum a paciente apresentar náuseas e congestão mamária. Fortalecendo a suspeita de gravidez. o 6 SEMANAS Polaciúria – A frequência parece estar relacionada a um aumento na produção urinária total, devido ao aumento também do metabolismo materno. SINAIS DE PROBABILIDADE São sinais clínicos que já serviriam como algo mais confirmatório. o 6 SEMANAS Amenorreia. o 8 SEMANAS Alteração da consistência da uterina. Alteração da forma uterina. Ao toque uterino, nota-se ele mais fibroelástico, mais mole; sendo preparado para expansão. o 16 SEMANAS Aumento do volume abdominal. O útero já saiu da pelve e está entrando na cavidade abdominal; sendo possível palpá-lo. SINAIS DE CERTEZA o 14 SEMANAS Sinal de Puzos. É um sinal que descreve o chamado rechaço fetal intrauterino. Um discreto impulso no útero, durante o toque vaginal, produz o deslocamento do feto no líquido amniótico para longe do dedo do examinador, com posterior retorno do feto à posição inicial. 2 OBSTETRÍCIA | AULA 01 | B1 o 18 SEMANAS Percepção (mãe) e palpação dos movimentos ativos do feto; Palpação dos segmentos fetais através da palpação abdominal. o 20-21 SEMANAS Auscultação da frequência cardíaca fetal. PINARD – 20 sem; SONAR – 10 sem. DIAGNÓSTICO HORMONAL Imunológicos; o Prova de inibição da aglutinação do látex. Pró: leitura rápida, em poucos minutos. Contra: imagem do resultado nem sempre é indiscutível; sensibilidade é menor (1500 a 3500 Ul/litro). o Prova da inibição da hemaglutinação. Pró: raramente de interpretação duvidosa; mais sensível (720-1000 Ul/l); atraso menstrual ultrapasse 10-14 dias; sensibilidade de 97- 99%. Contra: falso-positivos – medicamentos psicotrópicos, proteinúria; falso-negativos – ocorrem em urinas de baixa densidade. o Hemaglutinação passiva reversa É mais recente; Sensibilidade alta (a partir de 75 UI/litros). Radioimunológicos (RIA); o Prós Essa modalidade é corrigida fazendo-se a dosagem da subunidade beta do hCG mais específica; hoje é a única de uso corrente. A dosagem do hCG-beta permite diagnóstico precoce, com 10-18 dias da concepção e sensibilidade de 5 mUl/mL. o Contra Os resultados são obtidos em cerca de 4 horas, permitindo aos laboratórios especializados fornecer duas séries por dia. Dificuldade é a reação cruzada com LH hipofisária. Enzima-imunoensaio (ELISA). o Pró Utiliza-se para dosar o hCG-beta com as mesmas inferências mencionadas; Sensibilidade de 25 mUl/mL; 14-17 dias após a concepção. o Contra Os resultados são obtidos em cerca de 4 horas, permitindo aos laboratórios especializados fornecer duas séries por dia. DIAGNÓSTICO ULTRASSONOGRÁFICO É mandatório o uso de Ultrassonografia Endovaginal no primeiro trimestre gestacional, para ter noção da idade gestacional. Achados ultrassonográficos: o 4-5 semanas Saco gestacional (SG). o 5-6 semanas Vesícula vitelina (VV). o 6-7 semanas O Eco Embrionário e a sua pulsação cardíaca fetal. o 10-12 semanas Espessamento no SG (placenta em desenvolvimento e início da implantação no útero). o 16 semanas Estrutura completamente definida e implantada. 3 OBSTETRÍCIA | AULA 01 | B1 “As modificações advindas da nidação ovular e de sua evolução são fruto da adequada adaptação do binômio materno-fetal após a aceitação de elementos paternos pelo organismo materno.” (FEBRASCO) Relações do útero: Anteriormente com a bexiga; posteriormente com o sigmoide e reto – modificação no TGI (constipação) e a progesterona diminui a motilidade desse trato; uretra e reto próximos ao canal vaginal – pode haver laceração durante o parto para o reto, uretra ou bexiga. MODIFICAÇÕES LOCAIS Vulva e vagina: o Hipertrofia dos músculos lisos; Ação dos hormônios (progesterona e estrógeno). o Consistência amolecida, devido a um afrouxamento do tecido conjuntivo; o Tonalidade arroxeada; Aumento da vascularização do corpo todo para poder nutrir o feto; ۰ Vulva arroxeada: sinal de Jacquemier; ۰ Vagina arroxeada: sinal de Kluge. o Espessamento da mucosa vaginal; Para receber o trabalho de parto. Colo do útero: o Coloração arroxeada; o Consistência amolecida: sinal de Goodell (toque vaginal bimanual fazendo aproximação a partir da pelve, e sentindo o útero gravídico mais amolecido); o Eversão do epitélio colunar Na mulher não grávida, a parte mais externa do colo uterino é preenchida por epitélio escamoso, enquanto a parte mais interna é revestida por epitélio colunar (contém células glandulares que servem como barreira de proteção). Durante a evolução da gravidez, pode ocorrer, de forma fisiológica, uma eversão desses epitélios, devido a uma hiperplasia e hipertrofia de glândulas cervicais; A paciente pode ter uma Ectocérvice friável e sangrante ao menor traumatismo; até mesmo durante uma relação sexual (ectopia, que pode regredir ou não após a gestação). Corpo do útero o Diminuição da consistência (especialmente do istmo): Sinal de Hegar. Sente um pouco mais amolecido; o Aumento assimétrico do útero: sinal de Piskacek. O lado onde ocorreu a nidação cresce mais. Palpável em pacientes mais magras e visível na USG. 4 OBSTETRÍCIA | AULA 01 | B1 o Mudança da forma piriforme para globoso, ocupando o fundo do saco vaginal (FSV): sinal de Nobile-Budin. O fundo do saco do útero não gravídico é livre, enquanto o do útero gravídico é abaulado. o Rechaço uterino: sinal de Puzzos. o O útero, que antes era pélvico, torna-se abdominal a partir de 12 semanas: palpável acima da sínfise púbica. Mamas: o Aumentam de volume a partir da 5-6 semanas (hiperplasia dos elementos glandulares); o Dolorosas e túrgidas; o Surgimento de delicadas veias abaixo da pele: rede venosa de Haller (hipertrofia, neoformação e aumento do volume de vasos – se tornando mais calibrosos). o Hiperpigmentação dos mamilos e das aréolas: sinal de Hunter. o Hipertrofia das glândulas sebáceas periareolares: tubérculos de Montgomery. MODIFICAÇÕES SISTÊMICAS Postura e marcha o Deslocamento anterior do centro gravitacional do corpo (peso adicional do útero, feto, anexos e mamas). Alterações da postura de forma compensatória. ۰ Acentuamento da lordose lombar; ۰ Marcha anserina: ampliação da base de sustentação, andar oscilante, passos curtos e lentos. ۰ É uma adaptação da propriocepção do corpo dessa mulher. o Flexão mantida do pescoço: dor cervical. Pele: o Hiperpigmentação Linha alba do abdome (é chamada de linha nigra na gravidez); Vulva, aréolas mamárias; Face e pescoço (cloasma gravídico ou melasma gravidarum): ocorre devido a presença acentuada e contínua do estrogênio e da progesterona, piorando quando há contato com o sol sem a proteção. 5 OBSTETRÍCIA | AULA 01 | B1 o Aumento da vascularização da pele: eritema palmar e telangiectasias (vasos). o Estrias(abdome, mamas, coxas): alteração do colágeno e hiperdistensão da pele que quebra as fibras colágenas. ADAPTAÇÕES ANATÔMICAS, FISIOLÓGICAS E BIOQUÍMICAS Metabolismo dos carboidratos o Hipoglicemia no jejum: ocorre devido a gestante está passando por um “parasitismo verdadeiro” do feto, que demanda muito nutriente; o Hiperinsulinemia: consequência da hipoglicemia, gerando hiperplasia e hipertrofia das células beta-pancreáticas, havendo uma maior produção de insulina; A placenta começa a produzir o Hormônio Lactogênico Placentário (2ª metade): aumenta os níveis de glicose no sangue para que o feto tenha mais para ele (estima-se que o feto tenha 70% da glicemia da mãe); aumentando a resistência periférica à insulina, o que diminui o consumo celular de glicose e causa hiperglicemia pós-prandial. Diabetes na gravidez é um fator de risco (principalmente até 14-15 semanas gestacionais; tanto diabetes anterior à gravidez, quanto adquirida durante a gestação) para: o Más formações fetais; o Má formação cardíaca; o Aumenta as chances de o bebê ser macrossômico; o Bebê com polidrâmnio; ou o Óbito intrautero. Metabolismo dos lipídios o Níveis elevados de glucagon, adrenalina, GH e HLP – favorecem a lipólise. Aumento do catabolismo de gorduras, aumentando a concentração de ácidos graxos plasmáticos, os quais passam a ser a principal fonte de energia materna → tendência à cetose em função do metabolismo dos ácidos graxos. Metabolismo de proteínas o Aumento da síntese de proteínas para o desenvolvimento fetal e das estruturas maternas; o Aumento da utilização de aminoácidos, diminuindo a concentração plasmática de proteína; A tendência é que a mulher tenha um aumento das proteínas totais (valor absoluto), porém, pela GESTAÇÃO É um estado potencialmente diabetogênico e o maior fator de risco para uma mulher desenvolver DM tipo 2, é ter tido diabetes gestacional. 6 OBSTETRÍCIA | AULA 01 | B1 hemodiluição, estão em concentração diminuída. Metabolismo hidroeletrolítico: o É comum que a mulher tenha hiperaldosteronismo secundário da gravidez, devido ao aumento na produção de aldosterona, promovendo uma retenção de sódio e água. A mulher precisa ter um aumento do volume circulante para que haja uma melhor nutrição do feto; A gestante fica mais edemaciada. Além disso, no parto, a gestante vai perder uma grande quantidade de sangue, sendo necessário esse aumento para evitar choque. o Aumento da volemia materna “Faz-se necessário o ajuste contínuo do volume sanguíneo materno ao aumento do leito vascular para garantir que uma corrente sanguínea, adequada e abundante, alcance o ventrículo esquerdo a todo momento.” Alterações hematológicas o Aumento da necessidade de ferro e ácido fólico, para fechamento do tubo neural e para evitar anemia megaloblástica; o Aumento do volume de hemácias (33%); o Aumento do volume plasmático (45%); o Aumento da hemodiluição: diminui a concentração final; o Leucocitose sem desvio (acima do normal). o Aumento do VHS (hemossedimentação). Marcador de atividade inflamatória. o Diminuição da resposta imune (para que não ocorra uma resposta exacerbada ao feto que está se implantando). Isso faz com que a mãe fique mais propensa a desenvolver infecções (nem toda gestante vai ter febre → IMPORTANTE exames de urina no pré-natal). o Aumento do fibrinogênio e dos outros fatores de coagulação, exceto XI e XIII. O corpo está se preparando para sangrar no parto. o Tríade de Virchow: o ideal é que a gestante no puerpério caminhe para evitar trombos (estase venosa), já que ela preenche os 3 critérios da tríade de Virchow. Alterações cardiovasculares o A gestante tem um estado hiperdinâmico. Aumento da FC em repouso (10 a 15 bpm); Aumento do débito cardíaco (30 a 40%); 7 OBSTETRÍCIA | AULA 01 | B1 O útero induz a elevação do diafragma, ocorrendo um desvio lateral esquerdo do coração; Dilatação/aumento do átrio esquerdo, do ventrículo esquerdo e da massa cardíaca para conseguir ejetar o maior volume sanguíneo circulante nesse período; Diminuição da PA no 2º trimestre, com a PAD diminuindo mais que a PAS, que depois volta a se elevar no 3º trimestre; Síndrome da hipotensão em decúbito dorsal e em decúbito lateral direito, porque nessas posições o útero comprime a veia cava, diminuindo o retorno venoso; Edema e varizes de MMII em razão da sobrecarga cardíaca. Alterações respiratórias o Aumento da ventilação: respiração mais profunda, sem alterar o número de irpm – é uma dispneia fisiológica; o Aumento do volume corrente de 500 a 700ml/min; o Redução do volume residual pulmonar; o Hiperventilação (aumento da pO2 e diminuição da pCO2, porque aumenta o número de eritrócitos e o volume circulante de sangue e de ar no pulmão). Alterações urinárias o Elevação do fluxo plasmático renal e da taxa de filtração glomerular (30-50%); o Diminuição da concentração de ureia e de creatinina; o Glicosúria e aminoacidúria (devido ao aumento do volume sanguíneo atingindo a membrana); o Em função da progesterona (diminui motilidade), a mulher tem hipotonia e hipomotilidade da pelve renal, dos ureteres e da bexiga; Predisposição à ITU (devido a diminuição da motilidade do ureter, facilitando a colonização do patógeno no ureter → IMPORTANTE exames de urina); Além da hipotonia da bexiga promover um constante volume residual de urina na bexiga, favorecendo um ambiente propício às infecções. o Maior dilatação da pelve renal à direita (dextro-desvio uterino); o Polaciúria (1º e 3º trimestres); o Incontinência urinária (alteração da posição vesical pelo útero gravídico e afrouxamento dos tecidos do assoalho pélvico). Alterações gastrointestinais o Náuseas e vômitos principalmente no 1º trimestre, pela presença do beta-hCG e o intestino com menor motilidade (progesterona); o Gengivas hiperemiadas e friáveis: épulis gravídico (tumores benignos na gengiva); o Aumento do apetite e da sede; o Diminuição do peristaltismo: esvaziamento gástrico lento e constipação, pela ação relaxante da progesterona; o Hipotonia e hipoatividade da vesícula biliar (progesterona), predispondo à litíase; o Pirose: aumento da pressão intra- abdominal e relaxamento EE. Alterações endócrinas o Aumento da produção de prolactina (hormônio que faz a glândula da mama produzir o leite): hiperplasia das células alfa da hipófise anterior. 8 OBSTETRÍCIA | AULA 01 | B1 Aumento de 10x na produção de prolactina até o parto; O leite é liberação em pulsos após parto (sucção mamilar estimula ocitocina). o Ocitocina: hormônio ejetor do leite e é estimulado pela sucção. DATAÇÃO DA GESTAÇÃO A gestação dura em média 280 dias = 40 semanas = 9 meses solares = 10 meses lunares; O cálculo é feito usando a D.U.M (data da última menstruação); Período gestacional o Período embrionário: da fecundação até 12 semanas de gestação; o Período fetal: de 13 semanas até as 40 semanas de gestação (nascimento); o Nascimento prematuro (pré-termo): antes de 37 semanas; o Nascimento a termo: de 37 semanas até 41 semanas e 6 dias; o Nascimento pós-termo: nascimento após 42 semanas. Cálculo da idade gestacional o Saber a D.U.M; o Saber quantos dias se passou até chegar no dia da consulta; o Soma tudo e divide por 7 (quantidade de dias da semana), encontrando quantas semanas – e o “resto” equivale ao número de dias. Cálculo da DPP (data provável do parto). o Gestograma; o Regra de Naegele Adiciona 7 ao dia da última menstruação e tira 3 do mês da menstruação. Ex: última menstruação 10/10/2020 → 10+7 e 10-3 → DPP: 17/07/2021.
Compartilhar