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Leticia Martinussi SITUAÇÃO PROBLEMA 7: DOENÇAS DO PERICÁRDIO • O pericárdio também é conhecido como saco pericárdico, é uma membrana serosa com duas camadas que isolam o coração das estruturas torácicas, mantêm sua posição no tórax, impedem que o órgão distenda excessivamente e funcionam como barreira contra infecção. • O pericárdio é formado por duas camadas: uma camada interna fina, também conhecido como pericárdio visceral, que adere ao epicárdico; e outra externa fibrosa, ou pericárdio parietal, que está ligada aos grandes vasos que entram e saem do coração, do esterno e do diafragma. • Em geral as doenças do pericárdio estão associadas a algum outro processo patológico do coração ou das estruturas adjacentes. PERICARDITES • Quase sempre as pericardites representam envolvimento secundário de inflamações de estruturas vizinhas como miocárdio, pulmões ou mediastino. Em alguns casos, porém, a pericardite é a manifestação inicial. • As principais pericardites são: aguda idiopática (provavelmente viral); associada a infecção sistêmica; pós infarto do miocárdio; pós cardiotomia ou pós toracotomia; por ruptura de abcesso no saco pericárdica • A etiologia mais comum da pericardite clinicamente expressiva, qualquer que seja seu aspecto histopatológico, ainda é a tuberculose. PERICARDITE AGUDA • Definida por sinais e sintomas resultantes da inflamação pericárdica com duração menor que 2 semanas – pode ocorrer como doença isolada ou secundária a outras doenças sistêmicas • Infecções virais são as causas mais comuns da pericardite • Outras causas de pericardite aguda são infecções bacterianas ou microbacterianas, doença do tecido conjuntivo, uremia, pós cirurgia cardíaca, etc. • Como também ocorre com outros distúrbios inflamatórios, a pericardite aguda frequentemente está associada ao aumento da permeabilidade capilar PERICARIDTE FIBRINOSA OU SEROFIBRINOSA: • Forma mais frequente de pericardite • Infecções bacterianas podem iniciar um quadro de pericardite fibrinosa, transformando-se posteriormente em purulentas. • Macroscopicamente, o coração fica recoberto por material fibrinoso, branco amarelado e friável. • Histologicamente, o pericárdio apresenta graus variados de espessura por edema, pouco filtrado inflamatório e acúmulo de fibrina na superfície. • Clinicamente essa pericardite se manifesta por atrito pericárdico característico, dor torácica, febre e, às vezes, sinais de insuficiência cardíaca. PERICARDITE FIBRINOPURULENTA OU PURULENTA: • É causada por microrganismos piogênicos, como estafilococos, estreptococos, pneumococos, meningococos e mais raramente, fungos • Esses agentes atingem o pericárdio através de: propagação de infecções adjacentes; septicemia; inoculação direta por meio de manipulação cardíaca • Macroscopicamente, o pericárdio fica recoberto por camada de material purulento, de aspecto granular • Microscopicamente, há infiltrado de neutrófilos, por vezes formando abcessos, em meio a fibrina e restos celulares na superfície serosa. O encontro do agente etiológico é frequente. PERICARIDITE HEMORRÁGICA: • Encontrada em associação com as pericardites agudas descritas anteriormente, é caracterizada por componente hemorrágico excessivo. • As principais causas são tuberculose e infiltração neoplástica. Pode também ser complicação de cirurgia cardíaca. PERICARDITE GRANULOMATOSA: • Sua causa principal é a tuberculose, mas pode ser provocada também por microbactérias atípicas e fungos. • Na tuberculose, são comuns granulomas com necrose caseosa; material caseoso pode recobrir todo pericárdio. • Também é comum o encontro do agente infeccioso. • Com frequência, evolui para pericardite constritiva. PERICARDITE CRÔNICA • Pode estar associada a aderências delicadas ou a cicatrizes fibróticas densas que obliteram o espaço pericárdico. • Em casos extremos, o coração fica totalmente envolvido por fibrose densa e não consegue se expandir normalmente durante a diástole. PERICARDITE CONSTRITIVA: • Resulta da cicatrização de uma pericardite prévia. • Se caracteriza por espessamento fibroso acentuado e aderências entre os folhetos visceral e parietal, que restringem os movimentos cardíacos, principalmente o relaxamento diastólico ventricular e o esvaziamento das veias cavas nos átrios. • Às vezes, coexiste calcificação extensa ou em placas. • Praticamente todas as pericardites podem evoluir para pericardite constritiva, mas sua causa mais comum é a tuberculose. PERICARDITE PÓS INFARTO DO MIOCÁRDIO E SÍNDROME DE DRESSLER: • A vizinhança com o miocárdio necrótico pode causar inflamação do pericárdio logo nos primeiros dias após o infarto do miocárdio. • O desenvolvimento de pericardite com derrame e febre tardiamente, cerca de duas a três semanas após o infarto do miocárdio, constitui a síndrome de dressler. • Um dos mecanismos inclui reação autoimune contra antígenos miocárdicos. DERRAMES PERICARDICOS • Acumulação de liquido na cavidade pericárdica, geralmente em consequência de um processo infeccioso ou inflamatório. • O derrame pericárdico pode causar uma condição conhecida como tamponamento cardíaco, no qual há compressão do coração em consequência do acumulo de líquido, pus ou sangue no pericárdio. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • Pericardite se manifesta classicamente como dor torácica atípica e atrito intenso. Quando associada a acúmulo significativo de liquido, a pericardite aguda pode causar tamponamento. • Pericardite aguda: constitui a tríade de dor torácica, atrito pericárdico e alterações do ECG. Podem variar de acordo com o agente etiológico. Em geral, a dor tem inicio repentino, é bem demarcada na área precordial e pode irradiar ao pescoço, dorso, abdome ou lado do tórax. A dor na crista escapular pode ser causada pela irritação do nervo frênico. Nos casos típicos, em razão das alterações do retorno venoso e do enchimento cardíaco, a dor piora quando o paciente respira profundamente, tosse, deglute e muda de posição. Em muitos casos, o paciente sente alivio na posição sentada e inclinado para frente. • Pericardite crônica: inflamação crônica causada por irradiação do mediastino, cirurgia cardíaca ou infecção geralmente é a causa da pericardite constritiva. Ascite é um sinal inicial marcante e pode acompanhar edema nos pés, dispneia aos esforços e fadiga. As veias jugulares também ficam distendidas. ELETROCARDIOGRAMA • O diagnóstico da pericardite aguda se baseia se baseia nas manifestações clinicas, no ECG, nas radiografias de tórax e no ecocardiograma. • O atrito pericárdico descrito frequentemente como um som agudo • Nos casos típicos, o atributo pericárdico é subdivido em três componentes que correspondem a sístole atrial, sístole ventricular e ao enchimento rápido do ventrículo. • Como esse sinal é causado pela esfregação das superfícies pericárdicas inflamadas, os derrames volumosos não tendem a causar atrito pericárdico. • Na pericardite aguda as alterações eletrocardiográficas acontecem em quatro estágios: Estagio I: supradensível do segmento ST côncavo e difuso, exceto em aVR e VI, onde ocorre infradensível; onda T apiculada, com leve aumento da amplitude; infradensível do segmento PR (exceto em aRV, onde ocorre supradensível). Essas alterações acontecem em mais de 80% dos casos. Estágio II: normalização do segmento ST e PR, além do achatamento da onda T. Estágio III: inversão da onda T difusa, simulando isquemia miocárdica. Estágio IV: retorno à normalidade da onda T. Pode ocorrer semanas ou meses após o evento inicial. DOENÇAS AUTOIMUNES • As doenças autoimunes representam um grupo heterogêneo de distúrbiosque ocorrem quando o sistema imunológico do organismo não consegue diferenciar self de não self e monta a resposta imunológica contra tecidos do hospedeiro. • As doenças autoimunes podem afetar quase qualquer tipo de célula, tecido ou sistema orgânico. Tolerância imunológica: • Uma característica fundamental do sistema imunológico é sua capacidade de diferenciar entre antígenos estranhos e autoantígenos. • A capacidade do sistema imunológico para diferenciação self e não self é chamado de autotolerância. • O desenvolvimento de autotolerância depende de dois processos: tolerância central, que é a eliminação de linfócitos autorreativos durante o processo de maturação nos tecidos linfóides centrais, e tolerância periférica, que é a supressão de linfócitos autorreativos funcionais em tecidos periféricos que escaparam da destruição pelo timo. • Autorreatividade é o processo pelo qual o organismo age contra o próprio tecido. • A ativação do sistema imunológico requer a apresentação de antígenos estranhos a células B e T imunologicamente ativas. • A expressão do antígeno é codificada nos genes do MHC, que determinam os HLA específicos encontrados na superfície das células. • Durante o desenvolvimento das células T no timo, os linfócitos T sofrem rearranjo aleatório de loci genéticos específicos, responsáveis pela codificação dos receptores de antígenos. • Os protimócitos com TCR que se ligam de modo adequado ao MHC são positivamente selecionados, enquanto os protimócitos com alta afinidade para o autoantígeno ou autorreatividade são destruídos. • Ocorrem processos similares na eliminação de linfócitos B que apresentam elevada afinidade para autoantígenos. • O objetivo principal é produzir uma população de linfócitos B e T imunologicamente responsivos diante de autoantígenos antes de sua liberação na circulação central. • Anergia é a perda completa de resposta dos linfócitos para um antígeno e pode resultar na diminuição ou falta de resposta imunológica celular e/ou humoral. Doenças provavelmente autoimune: Mecanismos das doenças autoimunes: • Embora seja claro que a doença autoimune resulta de uma perda de autotolerância, os mecanismos exatos são desconhecidos. • Doenças autoimunes representam um grupo heterogêneo de distúrbios, sendo assim tem um papel significativo a combinação entre fatores genéticos e ambientais. • O sexo também pode ser um fator preponderante, uma vez que muitas doenças autoimunes, como o lúpus, são predominantemente observadas em indivíduos do sexo feminino, o que sugere os hormônios femininos, como estrógenos, podem desempenhar um papel no desenvolvimento de determinadas doenças autoimunes.
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