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Objetivos OBJETIVO 1: Compreender como se dá a doença autoimune OBJETIVO 2: Entender a fisiopatologia da pericardite, suas causas e consequências OBJETIVO 3: Compreender o diagnóstico (ECG) e manifestações clínicas OBJETIVO 4: Conhecer o tratamento da pericardite Doenças Autoimunes As doenças autoimunes ocorrem quando o sistema imunológico passa a produzir anticorpos contra componentes do nosso próprio organismo. Por motivos ainda desconhecidos, nosso corpo confunde algumas proteínas com agentes invasores e as ataca. Portanto, podemos dizer que a doença autoimune é causada por uma falha no sistema de defesa que perde a sua capacidade de reconhecer o que é benéfico para o corpo, levando a produção de anticorpos contra células, tecidos ou órgãos do próprio corpo. Em pessoas que já trazem alguma predisposição genética para desenvolver uma doença autoimune é possível que alguns fatores sejam desencadeantes para uma resposta autoimune, como: • bactérias; • vírus; • toxinas; • hormonas; • medicamentos específicos; • estresse. Definição da Pericardite A pericardite se trata da inflamação do pericárdio, membrana que reveste o epicárdio, formada por 2 camadas: parietal e visceral Pericardite: → Ocorre em decorrência de vários distúrbios cardíacos, torácicos ou sistêmicos, metástase de neoplasias remotas ou procedimentos cirúrgicos cardíacos → Pode acometer todas as idades e não tem prevalência de sexo Causas: Infecciosa: infecções virais, tuberculose; mais comuns, cerca de 2/3 das pericardites ocorrem por infecção. Autoimune: lúpus, artrite reumatoide, febre reumática Neoplasias metastáticas: pulmão, mamas Metabólicas: uremia, hipotireoidismo Radiação: precoce ou tardia Cardiovascular: síndrome de Dressler (2-4 semanas após infarto, pela liberação de proteínas no músculo cardíaco); pós-cirúrgico de cirurgias cardíacas Pericardite Aguda: Pericardite Serosa: • A pericardite serosa é geralmente causada por doenças inflamatórias não infecciosas, tais como febre reumática, lúpus, além de tumores e uremia. • Uma infecção nos tecidos contíguos ao pericárdio — por exemplo, a pleurite bacteriana — pode provocar uma irritação na serosa pericárdica parietal, suficiente para causar um derrame seroso estéril, que pode progredir para uma pericardite serofibrinosa e, por fim, para uma reação supurativa evidente. • Em alguns casos, uma infecção viral bem definida e situada em outro local — infecção no trato respiratório superior, pneumonia, parotidite — Pericardite antecede a pericardite e atua como foco primário da infecção. • É raro, geralmente em jovens adultos, que uma pericardite viral ocorra como uma infecção primária aparente que pode estar acompanhada de miocardite (miopericardite). • Tumores podem causar uma pericardite serosa pela invasão linfática ou propagação contígua direta no pericárdio. • Histologicamente, a pericardite serosa produz um infiltrado inflamatório leve na gordura epipericárdica, consistindo predominantemente em linfócitos; a pericardite associada ao tumor também pode apresentar células neoplásicas. • A organização em aderências fibrosas ocorre raramente. Pericardite Fibrinosa ou Serofibrinosa: • Forma mais frequente de pericardite • Causada principalmente pelo IAM, uremia, radiação no tórax, doença reumática, colagenoses e traumatismos • Também uma causa frequente é a síndrome pós- infarto (Dressler – resposta autoimune que aparece semanas após o infarto) • A pericardite fibrinosa idiopática é uma forma muito comum, provavelmente de origem viral • Infecções bacterianas podem se iniciar com quadro de pericardite fibrinosa, transformando-se posteriormente em purulentas • Geralmente não se identifica o agente etiológico • O coração fica recoberto por material fibrinoso, branco-amarelado e friável • Pode levar a aderências entre os dois folhetos • Quando a fibrose é muito desenvolvida ocorre pericardite constritiva • Manifesta-se por atrito pericárdico característico com dor torácica, febre e as vezes, sinais de ICC Sintomas: incluem dor (aguda, pleurítica e depende da posição), febre, também pode apresentar a ICC Pericardite Fibrinopurulenta ou Purulenta: • Causada por microrganismos piogênicos, ou seja, que causam pus como estreptococos, pneumococos, meningococos, estafilococos e raramente fungos • Esses agentes atingem o pericárdio de 3 maneiras: → Propagação de infecções adjacentes (pneumonia, endocardite infecciosa) → Septicemia (infecção no sangue) → Inoculação direta por meio de manipulação cardíaca • O pericárdio fica coberto de material purulento, podendo formar abcessos em meio a fibrina e restos celulares na superfície serosa • Normalmente encontra-se o agente etiológico Sintomas: Febre e calafrios Pericardite Hemorrágica: • Encontrada em associação com pericardites agudas • Caracterizada por hemorragia expressiva • Principais causa são tuberculose e infiltração neoplásica • Pode derivar de uma complicação por cirurgia cardíaca Pericardite Granulomatosa: • Principal causa é a tuberculose, mas pode ser provocada por microbactérias atípicas e fungos como a cândida • Na tuberculose é comum encontrar granulomas com necrose caseosa • Geralmente se encontra o agente etiológico • Com frequência evolui para pericardite constritiva Pericardite Crônica: Pericardite Constritiva: • Resulta da cicatrização de uma pericardite prévia • Caracteriza-se por espessamento fibroso e acentuado entre os folhetos visceral e parietal, restringindo os movimentos cardíacos, principalmente o relaxamento diastólico ventricular e o esvaziamento das veias cavas nos átrios • Praticamente todas as pericardites podem evoluir para pericardite constritiva, mas sua causa principal é a tuberculose Pericardite Pós- IAM e Síndrome de Dressler • O miocárdio necrótico pode causar inflamação do pericárdio logo nos primeiros dias após o IAM • O desenvolvimento de pericardite com derrame ocorre cerca de 2 semanas após o IAM constituindo a síndrome de Dressler • Trata-se de uma resposta imunológica após danos no tecido cardíaco causados pelo IAM Patologia: As pericardites são classificadas em 5 grupos: Etiologia: Sintomatologia: • Tríade de dor torácica – síncope, dispneia e dor torácica • Atrito pericárdico • Alterações no ECG • A dor tem início abrupto e é aguda, ocorre na área precordial pode irradias para o pescoço, costas, abdome ou laterais do corpo. Pode haver dor na crista da escápula resultante da irritação do nervo frênico. A dor piora com a respiração profunda, tosse, deglutição e alterações posturais devido às alterações do retorno venoso e ao enchimento cardíaco. • A pessoa geralmente sente alívio ao se inclinar para frente Consequências: Algumas das possíveis consequências são: → Tamponamento cardíaco: compressão do coração causada pela coleta de líquido no saco pericárdico. O tamponamento exerce pressão sobre o coração impedindo-o de ser devidamente preenchido. O resultado é queda drástica da PA → Derrame pericárdico: acúmulo de sangue ou líquidos na membrana que envolve o coração (pericárdio), resultando no tamponamento cardíaco, interferindo diretamente no fluxo de sangue para os órgãos e tecidos → Pericardite constritiva: pericárdio perde sua elasticidade, torna-se rígido e passa a comprimir o coração, dificultando o adequado bombeamento do sangue. Costuma causar cansaço, falta de ar e inchaço nas pernas e abdome. Alterações na Atividade Elétrica: Alterações no ritmo podem ocorrer em qualquer estágio na forma de taquicardia sinusal ou arritmias atriais diversas O ECG na pericardite aguda pode revelar anormalidade nos segmentos ST, PR e ondas T Na pericardite crônica observa-se ondas T invertidas e baixa amplitude do complexo QRS As alterações do complexo QRS evidenciam pericarditecom derrame pericárdico volumoso e sinais de tamponamento cardíaco Estágio I: segmentos ST mostram elevação côncava; segmentos PR podem ter infradesnível Estágio 2: segmentos ST retornam à linha de base; ondas T se achatam. Estágio 3: as ondas T estão invertidas por todo o ECG; a inversão das ondas T ocorre depois que o segmento ST retornou à linha de base e, portanto, difere do padrão de isquemia aguda ou IM. Estágio 4: alterações na onda T desaparecem. Exames e Diagnóstico: Exames laboratoriais: MNM (marcador de necrose miocárdica): pode haver aumento de CK-MB e troponina I Provais inflamatórias: VHS (velocidade de hemossedimentação/velocidade de sedimentação das hemácias), leucocitose e proteína C reativa (PCR), elevados em 75% dos casos. A dosagem seriada de PCR auxilia no diagnostico e avaliação para o tratamento BNP (peptídeo natriurético): encontra-se aumentado em presença de doença pericárdica Outros marcadores: hormônios tireoidianos, provas reumatológicas, função renal, hemocultura. ECG: auxiliam na observação mal funcionamento elétrico Exames de Imagem: Radiografia de tórax: presença de cardiomegalia em volumes >200ml Ecocardiograma: (ECO): diagnostico e acompanhamento da resposta terapêutica. Pode ser usado como guia na drenagem do derrame Tomografia computadorizada do coração e ressonância magnética: podem ser úteis para confirmar o diagnóstico de pericardite, assim como avaliar doenças pleuropulmonares concomitantes e linfoadenopatias. Na presença de derrame a densidade dele deve ser avaliada, pois transudatos têm baixa densidade, ao contrário de exsudatos, hemorragias e neoplasias Tratamento: AINE (anti-inflamatórios não esteroidais) Colchinina: anti-inflamatório Referências: • PORTH, C.M.; MATFIN, G. Fisiopatologia. 8ª ed. Guanabara Koogan, 2010. • Robbins & Cotran - Patologia - Bases Patológicas das Doenças, 8ª ed., Elsevier/Medicina Nacionais, Rio de Janeiro, 2010 • MONTERA, M.W.; MESQUITA, E.T.; COLAFRANCESCHI, A.S.; et al. I Diretriz Brasileira de Miocardites e Pericardites. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 100, n. 4, p. 01-36, 2013. Disponível em: Acesso em: 25 Feb. 2022. • HOIT, Brian D. Pericardite. Manuais MSD edição para profissionais. Disponível em: Acesso em: 25 Feb. 2022.
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