Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Júlia Figueirêdo – PERDA DE SANGUE ATEROSCLEROSE: A aterosclerose é definida como a presença de ateromas na camada íntima de artérias. Essas estruturas são lesões com centro necrótico formado por lipídios (principalmente colesterol) e cobertas por uma capsula fibrosa. Organização estrutural do ateroma O desenvolvimento dessas “placas de gordura” pode levar à obstrução da luz do vaso e, possivelmente, ao seu rompimento, causando trombose. A presença dos ateromas também pode criar aneurismas a partir do enfraquecimento da camada média vascular. Essa é uma doença muito prevalente na sociedade ocidental, apresentando, assim como outros quadros cardiovasculares, diversos fatores de risco. Estes dividem-se em: Fatores de risco constitucionais: o Predisposição genética; o Aumento da idade; o Sexo masculino (incidência em mulheres aumenta com a menopausa). Fatores de risco modificáveis: o Hiperlipidemia (principalmente de colesterol LDL); o Hipertensão arterial sistêmica; o Tabagismo (a interrupção promove redução do risco); o Diabetes melitus (estimula o aumento de colesterol); o Síndrome metabólica. Observa-se também que a inflamação representa um potencial predisponente para a aterosclerose, vista a ampla participação de células imunes em sua patogênese. Para monitorar esse risco, a PCR pode ser usada como biomarcador, pois atua diretamente no centro dos ateromas, estimulando sua aderência ao vaso. Além disso, a hipercoagulabilidade também pode causar o desenvolvimento desse processo, pois a ativação da trombina (rombo sobreposto) inicia respostas inflamatórias. FISIOPATOLOGIA: A teoria mais utilizada para explica a patogênese da aterosclerose é a hipótese de resposta à lesão, que coloca esse quadro como uma resposta crônica à inflamação do endotélio. Nesse sentido, diversas etapas e agentes estão envolvidos no desenvolvimento da lesão, como: Lesão endotelial: induz aumento da permeabilidade vascular, com maior formação de coágulos e adesão de leucócitos. Causada principalmente por: o Disfunção hemodinâmica: áreas nas quais há turbilhonamento sanguíneo (grandes vasos) são mais sujeitas à formação de lesões iniciais; o Hipercolesterolemia: a Acúmulo de lipoproteínas na parede dos vasos; ATENÇÃO: a arteriosclerose, apesar da semelhança na denominação, não representa a mesma doença! Esse fenômeno representa de forma genérica o espessamento e a perda da elasticidade arterial de pequenas artérias, abrangendo suas várias etiologias. Júlia Figueirêdo – PERDA DE SANGUE Adesão de plaquetas; Etapas iniciais da fisiopatologia da aterosclerose (lesão tecidual) Migração e ativação de monócitos: a presença dessas células fomenta a diferenciação em macrófagos (células espumosas); Processo de recrutamento celular no desenvolvimento da placa ateromatosa Acúmulo de lipídios nos macrófagos: estimula a liberação de novas citocinas inflamatórias, como IL-1. Nessa etapa surgem as estrias gordurosas, sinais de comprometimento vascular, mas que não obstruem o fluxo de sangue. Desenvolvimento das células e estrias gordurosas Recrutamento e proliferação de células musculares lisas: esse processo leva à secreção de múltiplos fatores de crescimento, criando grandes quantidades de elementos da matriz extracelular, responsáveis por “amadurecer” o ateroma. Esse mecanismo promove o crescimento da placa ateromatosa. Estágio final da formação do ateroma A placa de ateroma madura leva à elevação da camada íntima vascular, criando padrões irregulares e excêntricos (“para fora”), normalmente na região de ramificação desses vasos. São atingidos, principalmente: Aorta abdominal; Artérias coronárias; Artérias poplíteas; Artérias carótidas internas; Polígono de Willis. Há diminuição do lúmen (L) do vaso com ateroma, que contém uma cápsula fibrosa (F) de colágeno e um núcleo necrótico com lipídios (C) Em resposta à redução gradual da permeabilidade vascular, ocorre, na periferia Júlia Figueirêdo – PERDA DE SANGUE das lesões, processos de neovascularização, com pequenos vasos sendo criados para atender à demanda tecidual. As setas pequenas apontam para os vasos neoformados, ao passo que as pontas de seta correspondem a calcificações COMPLICAÇÕES CLÍNICAS: A evolução clínica da placa de ateroma conta com uma série de etapas até que se desenvolvam os desfechos típicos, de maior gravidade. Essas alterações podem ser descritas por: Estenose aterosclerótica: corresponde à alteração na capacidade de perfusão decorrente da remodelação arterial. A estenose crítica representa o ponto a partir do qual o vaso não é mais capaz de suprir a demanda tecidual (70% de oclusão); Quando crônica, essa hipoperfusão provoca diversas manifestações, como angina estável, isquemia intestinal e claudicação intermitente. A claudicação intermitente corresponde à isquemia reversível provocada pelo suprimento sanguíneo reduzido durante o exercício Alteração aguda da placa: responsável por respostas trombogênicas, ocorre por três vias principais: o Ruptura: ocorre em placas com mais células inflamatórias (desestabilização do colágeno), maior teor de lipídios ou cápsula fina. Estresse emocional também pode ocasionar a fissura do ateroma, como produto da resposta vasoconstritora adrenérgica. Comparação entre uma placa vulnerável a rupturas (instável) e outra estável, com cápsula espessa e núcleo menos volumoso o Erosão ou ulceração; o Hemorragia no interior do ateroma: causa aumento de volume da lesão, o que pode causar seu rompimento. Tendo em vista que os vasos mais afetados pela aterosclerose são as grandes artérias elásticas e musculares, torna-se claro o Júlia Figueirêdo – PERDA DE SANGUE desenvolvimento de complicações associados a essas estruturas, como: Acidente vascular cerebral ou infarto agudo do miocárdio: resulta do rompimento da placa, promovendo trombose ou embolismo; Aneurismas de aorta: decorrente da destruição da parede vascular (“esgarçamento”); Doença vascular periférica: produto da oclusão de vasos dos membros. Progressão do quadro clínico da aterosclerose
Compartilhar