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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA DOCENTE: EDUARDO ISIDORO BELTRÃO GABRIEL FARINA GIOVANI TURMA 149 DISTÚRBIO METABÓLICO – HEMOGLOBINA GLICADA E DIABETES L.J., um rapaz de 25 anos, 1,78 m de altura, estudante de pós-graduação, foi atendido em uma clínica para diabéticos. Suas principais queixas eram cansaço, perda de peso, aumento do apetite, sede e da frequência urinária. Ele se considerava bem até seis meses atrás, antes da sua consulta. Naquela época ele se cansava facilmente, tinha tendência para dormir nas aulas, principalmente depois do almoço. Atribuía isso à pesada carga de trabalho, um projeto de pesquisa difícil e uma vida relativamente agitada. Os sintomas continuaram e durante os dois meses precedentes perdeu 6,8 Kg do seu peso normal de 72,7 Kg. Seu apetite era bom, na realidade, excessivo. Nas 3 ou 4 semanas precedentes tem estado com muita sede e tem urinado mais do que o normal, levantando-se até 3 vezes por noite para urinar. Com a contínua perda de peso, fraqueza muscular e frequência urinária aumentada tornaram-se aparente para L.J. que seu estilo de vida não era a causa desses problemas. Ele se dirigiu ao serviço médico dos estudantes e foi encaminhado para a clínica de diabetes. Na sua história familiar era significante que seu avô materno tinha tido diabetes mellitus e que morreu aos 50 anos de infarto do miocárdio. O paciente tem uma irmã mais velha, 40 anos de idade, obesa e que recentemente foi diagnosticada como diabetes de adultos. Desde os 15 anos o paciente experimentou vários episódios de fraqueza, durante os quais se sentiu trêmulo e tonto. Ele descobriu que comer um doce melhorava os sintomas e que eles geralmente ocorriam algumas horas depois da refeição. Um exame médico de rotina aos 18 anos revelou traços de açúcar na urina. Seu médico fez então uma glicemia pós-prandial, que foi normal (90 mg/dL). Exames subsequentes de urina não revelaram glicosúria (perda de glicose via urina). O exame físico do paciente estava essencialmente dentro dos limites de normalidade. Estudos laboratoriais apresentaram resultados normais para hemograma. O exame de urina apresentou uma densidade específica de 1040 e era de 4+ positiva para glicose. Foram encontrados 14% de hemoglobina glicada. Um teste de tolerância à glicose foi feito. Os resultados são apresentados abaixo: Paciente L.J. Normal Tolerância à glicose Jejum 8,9mmol/L 3,3 a 5,6 mmol/L 30 min 13,3mmol/L <10mmol/L 60 min 18,1mmol/L <10mmol/L 90 min 16,9mmol/L <7,8mmol/L 120min 15,8mmol/L <6,7mmol/L Questões Bioquímicas 1. O que é hemoglobina glicada? Hemoglobina glicada é o produto da reação não enzimática da hemoglobina A1c com açúcar, resultando em uma molécula de Hb A com uma glicose ou outro açúcar ligado de forma estável e irreversível à última valina dessa proteína sanguínea. Isso ocorre devido a alta exposição dessa molécula a glicose durante sua curta vida. 2. O que os níveis elevados de Hb-glicada reflete neste paciente? Os altos níveis de de Hb-glicada indicam alta exposição dessa proteína a açúcares e, portanto, que há uma grande quantidade de glicose circulante no sangue desse paciente. Dessa forma, pode-se concluir que o paciente possui uma glicemia alta e contínua, uma vez que a Hb-Glicada fornece uma média ponderada das glicemias diárias num período de 8 semanas, já que sua reação e formação depende da exposição contínua a açúcares durante sua vida de cerca de 90 a 120 dias. Portanto, a glicemia alta e contínua reflete no paciente um estado diabético não controlado ou ainda não descoberto que merece atenção. 3. Qual a importância de se medir a concentração de Hb-Glicada num paciente diabético? Esse exame é importante para averiguar se o tratamento terapêutico desse paciente diabético está surtindo efeito e controlando sua glicemia. Isso porque ela indicará não somente os níveis de glicemia das últimas 24 horas, a qual pode estar normal num paciente diabético pouco controlado, mas sim das últimas 8 semanas, permitindo ao médico um acompanhamento mais amplo da eficácia desse tratamento e da evolução desse paciente. Bibliografia - Lehninger - Princípios de Bioquímica – Ed. Sarvier - Campbel. M.K. - Bioquímica – ArtMed. - Harper, R.M. – Bioquímica – Ed Atheneu. - Devlin, T.M. - Bioquímica Dirigida por Casos Clínicos – Ed. Edgard Blucher Ltda.
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