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TUTELA PROVISÓRIA E A FAZENDA PÚBLICA

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TUTELA PROVISÓRIA E A FAZENDA PÚBLICA
Emelly Barbosa Emellybarbosa09@gmail.com
 Assim como de costume em estudos bibliográficos, de início é necessário entender mesmo que em síntese o que é a Tutela Provisória. Com relação a este instituto do direito processual tem-se que se trata de um cuidado concedido pelo juiz em cognição sumária, é a antecipação da tutela que se presume definitiva disposta após uma análise inicial, imediata do feito. 
 Nesse viés, Daniel Amorim dispõe que no momento processual anteriormente indicado “o magistrado se funda em juízo de probabilidade, ou seja, não há certeza da existência do direito da parte, mas uma aparência de que este direito exista” (2017, p.483), o que de fato é mais um reflexo do interesse do legislador em não desamparar partes que necessitam em demasia da posição do Estado Juiz, e que expõem desde o início do processo que na Sentença o resultado daquela composição será positivo para o requerente, é necessário que o magistrado visualize que aquela necessidade realmente exista. 
 Nesse contexto, nota-se a preocupação do legislador com relação a dignidade humana, se reflita que este dispositivo é mais um instrumento para o alcance do bem estar social sempre presente em todos os ramos do Direito. O Código de Processo Civil de 2015, em seu Livro V dispõe sobre a tutela provisória elencando hipóteses, pressupostos, limites e as divisões deste instituto. Com relação as espécies de tutela provisória pode-se observar em analise ao código que existem dois tipos, a Tutela Provisória de Urgência e a Tutela Provisória de Evidencia. 
 Vale ressaltar que outrora o CPC de 1973 já disciplinava sobre o assunto, motivo pelo qual existem diversas leis que tratam sobre a tutela provisória. Adentrando sobre o assunto principal desta pesquisa, registre-se que em analises pode ser visualizado uma dúvida a respeito da aplicação da tutela provisória na Fazenda Pública, que podem ser sanadas em observação a essas leis.
 De pronto, verifica-se que há restrições na aplicação da tutela provisória contra a fazenda pública, o que pode ser visualizado na Lei 8437/92 como dispõe o art.1059/CPC, o que se entende, tendo em vista a precarização dos cofres públicos que não podem a todo momento se surpreender com uma nova concessão de antecipação de extração de recursos financeiros. Vale lembrar daquele pensamento tradicional do início do curso de Direito Civil e Processual Civil em que é verificado que o interesse do particular não se sobrepõe ao interesse coletivo. 
 Os recursos financeiros públicos são destinados a manutenção dos órgãos públicos, gerenciamento de deveres, alcance dos direitos fundamentais, através desses recursos se alcança o bem comum, a ordem social. Por isso, entende-se o motivo de tamanha restrição. Se cada interesse individual mesmo sendo de caráter fundamental aquele ser, fosse concedido ou fosse estabelecido de forma livre, o interesse coletivo estaria sendo ameaçado. Noção esta tratada em sua essencialidade pelo Informativo 522, do Supremo Tribunal Federal, que analisa artigos da Lei 9494/97. 
 Ocorre que apesar das restrições impostas pelas referidas leis, o interessado pode recorrer as hipóteses da tutela de evidencia, levando em consideração que as limitações impostas pelo legislador eram direcionadas a tutela antecipada, atualmente compreendida pela tutela de urgência. Que se reflita sobre o assunto, seguindo o Art 100, da Constituição Federal, uma Sentença Transitada em Julgado impõe a Fazenda Pública a liberação de recursos. 
 Note-se que nesse caso não mais se fala em antecipação de tutela ou tutela de urgência, pois já se exauriu todos os meios probatórios e de contestação, não existe em apresso apenas uma cognição sumária, o momento da probabilidade referenciada em linhas acima por Daniel Amorim, não mais existe. Assim sendo, após a análise dos autos, chegada a sentença que transitou em julgado, cabe a Fazenda Pública, se for o caso, cumprir o determinado. Nesta hipótese, existe a possibilidade de aplicar em caso semelhante a Tutela de Evidencia, art 311, inciso II, CPC/2015, em que traz a possibilidade da utilização de prova documental ou de teses firmadas em julgamentos de casos repetitivos ou em caso de sumula vinculante. 
 Se este era o intuito do legislador não se sabe, mas ressalte-se o avanço e a importância do surgimento da Tutela de Evidência trazida pelo CPC/2015, foi de grande valia para aqueles que em outros tempos com casos semelhantes a autos já julgados e deferidos, poderiam não ter a mesma cobertura estatal, com a justificativa das diversas limitações vigentes. Então, em resposta a grande confusão causada no meio processual a respeito da admissibilidade da Tutela Provisória contra a Fazenda Pública, registre-se que é possível a aplicação da Tutela Provisória de Evidência, mediante o art.311, inciso II, do CPC/2015.
REFERENCIAS
Neves, Daniel Amorim Assumpção. Manual de direito processual civil -Volume único- 9. ed.- Salvador: Ed. JusPodivm, 2017. 
Novo Código de Processo Civil, Lei 13.105 de 2015. Editora Manole, 2ª Edição, Barueri, São Paulo, 2016.
STF declara A Constitucionalidade Do Art 1 Da Lei Nº9494/97
https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/120135/stf-declara-a-constitucionalidade-do-artigo-1-da-lei-n-9494-97-sao-validas-as-restricoes-impostas-em-relacao-a-tutela-antecipada-em-face-da-fazenda-publica-informativo-522

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