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RESUMO DE CRIMINOLOGIA MPF/MPE 2021

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CRIMINOLOGIA
	1. Noções gerais
a) Conceito
b) Origem
c) Métodos
d) Objetos
1. Delito
2. Delinquente
3. Vítima
4. Controle social do delito
2. Teorias sobre os fins da pena:
Teorias legitimadoras
a) Teorias Absolutas (retributivo)
b) Teorias Relativas (prevenção)
Teorias utilitárias ou mistas
Teorias deslegitimadoras
a) Teoria Agnóstica da Pena, de Zaffaroni
	a finalidade da pena depende da escola estudada:
a) Clássica (Francesco Carrara): a pena surge como forma de prevenção de novos crimes, permitindo o reequilíbrio do sistema.
b) Escola Positiva (Cesare Lombroso): a pena é uma retribuição ao delito cometido, devendo ser indeterminada de modo a adequando-se ao criminoso para corrigi-lo.
c) Escola Penal Humanista (Vicenzo Lanza): a pena é forma de educar o culpado, de ressocializá-lo.
d) Escola Técnico-jurídica (Vincenzo Manzini): pena é meio de defesa contra a perigosidade do agente e tem por objetivo castigar o delinquente.
e) Escola Moderna Alemã (Franz Von Lizst): a pena é um instrumento de ordem e segurança social; função preventiva geral negativa (coação psicológica). 
3. Escolas criminológicas/Escolas Penais
a) Escola clássica
b) Escola positiva
1. Fase antropológica: Cesare Lombroso
2. Fase sociológica: Enrico Ferri
3. Fase jurídica: Raffaele Garofalo
c) Correicionalismo penal
d) Tecnicismo jurídico-penal
e) Defesa social
4. Teorias macrossociológicas
a) Teorias do consenso
b) Teorias do conflito
5. Do paradigma etiológico ao paradigma da reação social
a) Paradigma etiológico
b) Paradigma da reação social**
6. Teorias criminológicas contemporâneas
a) Teorias do consenso
1. Escola de Chicago
2. Teoria da Anomia
3. Teoria da subcultura delinquente
4. Teoria da Associação diferencial
b) Teorias do conflito
1. Labelling approach
2. Teoria Crítica**
7. Criminologia pós-moderna
a) Criminologia Feminista (Direito penal, gênero e raça**)
b) Criminologia queer
8. Conceito de crime para a criminologia: não ontológico, mais empírico.
a) Incidência massiva na população (não: molestar cetáceo)
b) Incidência aflitiva: gera mal estar na população
c) Persistência espaço-temporal
d) Inequívoco consenso
Conceito: Ciência empírica e multidisciplinar que tem por objeto o estudo do crime, do criminoso, da vítima e do controle social sobre a conduta criminosa, com a finalidade de constituir uma fonte segura de conhecimento a respeito do fenômeno criminoso, com vistas a aprimorar sua prevenção e intervenção sobre a pessoa do infrator.
	· Conjunto de conhecimentos sobre o delito como fenômeno social
· Abrange os processos de elaborar leis, infringi-las e reagir a infração
· Surgimento, dinâmica e variáveis do crime, contemplando-o como um fenômeno individual e como problema social
Origem: não há consenso, mas o marco é a Escola Positiva Italiana.
Contexto histórico: disputa de escolas (Escola clássica focada no crime vs. Escola Positiva focada no criminoso)
Método de Estudo: Empirismo (observação da realidade) e interdisciplinaridade.
Objeto: delito (Escola Clássica), delinquente (Escola Positiva), vítima e controle social (1950).
a) Delito: fenômeno humano, cultural e social, não subsistindo fora da sociedade. Estuda o comportamento, as causas e a forma de intervenção social.
a. Distinto do conceito de delito no D. Penal
b. Incidência massiva na população (ex.: molestar cetáceo não deveria ser)
c. Incidência aflitiva (ex.: couro sintético não há)
d. Persistência espaço-temporal (Ex.: problema - crimes da Lei Geral da Copa e leis temporais)
e. Inequívoco consenso quanto à efetividade da intervenção (ex.: Criminalização do álcool)
b) Delinquente: comportamento e causas do comportamento.
a. Ente biológico (“criminoso nato”, Lombroso - Positiva)
b. Ente sociológico (determinantes socioculturais; vertentes da teoria do consenso)
c. Ente jurídico (lei define quem é criminosos; labelling approach)
d. Ente político (interesses políticos subjacentes à criminalização)
a. Escola clássica: pecador com livre arbítrio de cometer um mal punição (caráter retributivo da pena)
b. Escola Positiva: sujeito à influência de fatores biológicos, físicos ou sociais (determinismo) recuperação e ressocialização (defesa social/caráter preventivo da pena)
c) Vítima: após 2ª GG. Etapas do processo de vitimização:
a. Vitimização primária: compreende os prejuízos ou danos diretamente suportados pela vítima em razão da conduta criminosa (danos físicos e patrimoniais)
b. Vitimização secundária (sobrevitimização ou revitimização): compreende os prejuízos suportados pela vítima em razão da atuação das instâncias formais (polícia, MP e Judiciário) ou informais de controle (mídia, sociedade) durante a persecução penal (exames, diversos depoimentos, rever criminoso, pressão), quando é tratado como objeto de investigação, e não como sujeito
c. Vitimização terciária: compreende os prejuízos e sofrimento suportados pela vítima em razão do preconceito, abandono e falta de acolhimento por parte da família e da sociedade (receptividade; estigmatização) em geral (dignidade sexual e violência doméstica); influencia na cifra oculta.
d. vitimização quaternária: É o medo da vítima de se tornar vítima novamente. É influenciada pela mídia, que cria esse medo coletivo. Criminalidade de acordo com uma série de interesses particulares (econômico-políticos), sem preocupar com uma visão criminológica crítica. Até por essa razão, afirma-se que, em geral, nem sempre se temem realmente as pessoas mais perigosas, nem se tem noção dos índices reais da criminalidade dentro do contexto de cada lugar.
	03 (três) grandes momentos nos estudos penais: • A idade de ouro, que compreende os primórdios da civilização até o fim da Alta Idade Média, quando a vítima possuía papel de destaque, traduzido pela Lei de Talião. • O período de neutralização, que surgiu com a Santa Inquisição, passando a vítima a perder importância frente ao Poder do Estado e ao monopólio da jurisdição. • Período de revaloração da vítima, que ganhou destaque no Processo Penal com os pensamentos da Escola Clássica, sendo objeto de leis como no caso dos Juizados Especiais Criminais, que conferiu grande destaque processual à vítima.
d) Controle social: reação social à prática do crime. Pode ser formal (polícia, MP, Jud) ou informal (sociedade, família, igreja por meio de suas normas sociais: estigmatização, rompimento de vínculos)
a. Primário: sanções e prêmios
b. Secundário: internalização de normas e modelos de comportamento social adequados (educação)
	Eugênio Raul Zaffaroni
SISTEMA PENAL SUBTERRÂNEO: configurado pelo exercício do poder punitivo à margem do poder jurídico, mediante práticas ilegais ou por meio de normativas questionáveis, com um elevado grau de discricionariedade e arbítrio, exercidas pelas agências de controle
· Apesar de proibidos pelo sistema penal aparente/formal, no subterrâneo se situam procedimentos e práticas diferenciadas destinadas às classes menos favorecidas (execução sumária; desaparecimentos forçados)
MODELOS DE REAÇÃO SOCIAL:
a) Modelo dissuasório (clássico ou retributivo): visa punir o criminoso (caráter retributivo da pena), de maneira proporcional ao dano causado pelo crime. São protagonistas: Estado e criminoso.
b) Modelo ressocializador: visa não apenas punir o criminoso, mas ressocializá-lo para o retorno ao convívio em sociedade. São protagonistas: Estado e criminoso.
c) Modelo restaurativo: visa o restabelecimento da situação anterior ao delito, com a restauração dos prejuízos causados à vítima e à sociedade em geral. São protagonistas: Estado, criminoso e vítima.
ESCOLAS DA CRIMINOLOGIA/ESCOLAS PENAIS
a) ESCOLA CLÁSSICA: fase pré-científica. Período iluminista (fim do século XVIII) em reação ao Absolutismo. Busca humanização e proporcionalidade das penas. Criminoso tem livre-arbítrio para decidir praticar ou não o crime, por isso a pena tem caráter repressivo. Fundamenta-se no individualismo + livre-arbítrio-retribuição pelo mal causado (antropocentrismo + racionalismo).
a. Expoentes: Cesare Beccaria, 1764 e Francesco Carrara, 1859
b.Delito como objeto de estudo primordial (compreendido como ente jurídico, e não moral, religioso). Delito é a violação do direito como exigência racional.
c. Crítica da prática penal e penitenciária do Antigo Regime
d. Método: lógico-dedutivo (abstrato: investigação de uma vontade previamente concebida até alcançar um aspecto concreto e singular – geral especial)
e. Concepção Jusnaturalista do Direito: predominância de normas naturais sobre o Direito posto.
f. “Ethos” do humanismo racionalista (pressuposta a racionalidade do homem, haveria de indagar, apenas, quanto à racionalidade da lei)
g. Fundamentação da punibilidade no livre-arbítrio e na imputabilidade moral por isso a pena deve ser proporcional (retribuição – Von Liszt)
h. Pena como reparação do dano causado pela violação do contrato social, com finalidades retributiva e dissuasória
i. Busca pelo estabelecimento de limites ao jus puniendi estatal
j. CRÍTICA: abstrata (desconsidera pluralidade entre homens) e ineficaz.
b) ESCOLA POSITIVISTA: fase científica. Ciência causal-explicativa da realidade. Crime é praticado por fatores naturais e sociais. Nega o livre arbítrio com a patologia hereditária própria (determinismo biológico de Lombroso) ou processos causais alheios (determinismo social de Ferri).
a. Expoentes: Cesare Lombroso, 1876; Enrico Ferri, 1884; Raffaele Garofalo (1885)
b. Delito como fenômeno natural e social, sujeito à influência de fatores biológicos, físicos e sociais (determinismo)
c. Método: empírico-indutivo (concreto - individualizador) - (causas do crime – paradigma etiológico)
d. Criminalidade como realidade ontológica pré-constituída à reação social e ao direito penal
e. Liga-se ao surgimento das teorias evolucionistas (Darwin) e deterministas (Comte).
f. Pena como instrumento de defesa social (reação do organismo social + valorização dos interesses sociais), baseada na periculosidade, com finalidades curativa e reeducativa
g. CRÍTICA: bases não mais prosperam sob o prisma do D. Penal garantista e democrático, em que o crime não é fato biopsicolssocial, antropológico e cultural; mas estudado a partir da criminologia do consenso e do conflito.
	FASES 
a) Fase antropológica/determinismo biológico: Cesare Lombroso
- Fenômeno biológico (e não como ente jurídico)
- Perfil do homem delinquente (características fisionômicas e teoria do criminoso nato)
- Fatores externos (exógenos) apenas desencadeariam a propulsão interna para o delito
b) Fase sociológica/determinismo sociológico: Enrico Ferri
- Perspectiva mais abrangente: criminalidade como fenômeno decorrente de fatores antropológicos, físicos e sociais
- Negação do livre-arbítrio e responsabilidade baseada na defesa social 
c) Fase jurídica (conjugação): Raffaele Garofalo
- Conceito de periculosidade (temibilidade)
- Medida de segurança como forma de intervenção penal
- Teoria da Seleção Natural: infratores que não assimilassem os valores sociais deveriam ser eliminados pela deportação ou morte
c) CORREICIONALISMO PENAL: crime é um ente jurídico, ou seja, possui criação no D. Penal. Pena e um remédio social, servindo à correção da vontade do criminoso. Delinquente é um anormal, cuja vontade precisa ser retificada. Busca-se sua ressocialização.
a. Expoente: Karl Röder (1839 – Alemanha); Pedro Dorado Monteiro.
b. Infrator: ser incapaz e dotado de debilidade, apresentando uma vontade perversa e socialmente injusta. Não reúne condições de vida social
c. Política: correicional/pedagógica (prevenção especial – terapêutica)
d. Sanção penal: tempo indeterminado, conforme periculosidade
e. Crítica: Trouxe a ressocialização, como aspecto humanístico, mas pesou na debilidade social.
d) TECNICISMO JURÍDICO PENAL: pelo enfoque dogmático ou técnico-jurídico, contém o estudo das leis e da exegese, a ponto de afastar qualquer conteúdo causal-explicativo inerente à antropologia, à sociologia e à filosofia.
a. Fundamento: neoclassismo (afastando-se do jusnaturalismo e livre-arbítrio)
b. Expoente: Arturo Rocco (1910 – Itália); Karl Binding e Vincenzo Manzini
c. Técnicas:
i. Exegese: pela qual os juristas buscam alcançar o sentido das leis
ii. Dogmática: pela qual são expostos os fundamentos do direito positivo, oferecendo critérios para a criação e sistematização do direito
iii. Crítica: pela qual são realizadas reflexões acerca da situação jurídica da comunidade
d. Pena: mecanismo de defesa do Estado em face da periculosidade do agente/possui função preventiva geral e especial.
e. Segunda Etapa: Maggiore e Bettiol. Resgate do livre-arbítrio e do jusnaturalismo. Pena com finalidade de retribuição, mas ainda sob o prisma da positividade: “D. Penal vigente é apenas aquele que o Estado, pelos órgãos delegados pela Constituição, promulgou e considerou como seu próprio”.
e) (MOVIMENTO DE) DEFESA SOCIAL: Surge como resposta ao nazismo e fascismo. A lei não é a única fonte do Direito. Persecução penal pelo Estado deve ter como bases todos os ramos do conhecimento humano. Crime é algo de desestabiliza o tecido social, sendo que a pena tem função de defesa social, sem deixar de levar consideração os direitos e garantias individuais. As instâncias oficiais de controle social, como Judiciário e Polícias, possuem legitimidade para condenar o mal.
a. Expoente: Filipo Gramatica (1945 – Itália); Marc Ancel
i. Escola da Política Criminal/Moderna Alemã: Von Liszt; Van Hamel e Adolphe Prins.
b. Pena: meio de reeducação do delinquente (ressocialização)
	A ideologia da defesa social abarca o Princípio do delito natural, segundo o qual o núcleo central dos delitos definidos nas legislações penais das nações civilizadas representa violação de interesses fundamentais, comuns a todos os cidadãos.
	OUTRAS ESCOLAS/TERMINOLOGIAS IMPORTANTES
	ESCOLA CRÍTICA/TERCEIRA ESCOLA/ESCOLA ECLÉTICA: 
• Distinção entre imputáveis e inimputáveis; • Responsabilidade moral baseada no determinismo (quem não tiver a capacidade de se levar pelos motivos deverá receber uma medida de segurança) • Crime como fenômeno social e individual; • Pena tem função defensiva, preservadora da sociedade
a. Conceito de crime: não há definição única, adotando a escola clássica ou antropológica, por ser uma junção da clássica-positiva. Crime é a ação culposa, ilegal e punível. 
i. Positivista: O crime é compreendido como fato individual e social.
ii. Clássica: Há responsabilidade moral, com o estudo da imputabilidade, causalidade do crime e a reforma social do Estado como meio de se combater a criminalidade.
b. Criminalidade é uma anormalidade social e ao mesmo tempo um fenômeno individual.
c. São expoentes Emmanuele Carnevale, Adolfo Merkel, Liepmann, Detker, Stern, Bernardino Alimena, Giuseppe Impallomeni e Alessandre Lacassagne.
	ESCOLA MODERNA ALEMÃ – ESCOLA DA POLÍTICA CRIMINAL: crime é um ente jurídico e um fenômeno social. A pena é instrumento da segurança e da ordem social. Sua função é intimidar delinquentes normais e assegurar a ordem em face dos perigosos, anormais e contumazes. O criminoso é um ser livre, mas que recebe a influência do meio. Diferenciam-se os imputáveis dos inimputáveis (tratamento diferenciado no menor). Desenvolvimento de penas alternativas para substituição das PPL de curta duração.
a. São expoentes Franz Von Liszt, Paul Johann Anselm von Feuerbach, Van Hamel e Adolf Prins. 
Criminologia moderna: É uma ciência causal-explicativa da realidade. Amplia o objeto de Estudo para englobar, além de delito e delinquente, a vítima e o controle social. Sem abandonar o paradigma etiológico, busca compreender o crime como fenômeno social e estudar as formas de reação social à conduta desviante (processo de criminalização). Supera a ideia de criminoso-doente (patologia) preocupando-se tanto com a repressão como prevenção da pena.
	Escola Penal Humanista: função da pena é educação do delinquente. Crime é um fato imoral, antes mesmo de ser ilícito. Delinquência artificial é aquela que não viola a norma, só a lei. Vincenzo Lanza/Trojano, Falchi e Montalbano.
DELINQUENTE
	ESCOLA CLÁSSICASer humano é visto como algo sublime E ABSTRATO – Ideal do ser humano como centro do universo e senhor absoluto de si mesmo e de seus atos – o livre arbítrio
	
	Dogma da liberdade e da igualdade de todos os homens – Princípio da Equipotencialidade: não há diferenças qualitativas entre o criminoso e não criminoso
	
	O comportamento criminoso é atribuído ao mau uso da liberdade. Criminoso é um pecador que optou pelo mal e merece ser punido. Livre arbítrio fundamenta a culpabilidade, a reprovabilidade da conduta e a imposição da pena
	
	Protagonismo do estudo do crime e da lei
	POSITIVISMO
CRIMINOLÓGICO
	Nega o livre arbítrio. Criminoso é um animal selvagem e perigoso, portador de uma doença (determinismo biológico), ou de processos causais alheios (determinismo social),
	
	Imagem concreta do homem, semelhante a algo químico ou matemático
	
	Princípio da diversidade do criminoso – sujeito qualitativamente distinto do honrado que cumpre a lei. - Teoria do bem e do mal (construção do “outro”).
	
	O criminoso não é culpável. Sua periculosidade é quem fundamenta uma intervenção estatal – a imposição de uma medida de segurança
Protagonismo máximo do estudo do criminoso
	FILOSOFIA
CORRECIONALISTA
	Imagem pedagógica e paternalista sobre o criminoso. Criminoso é associado ao menor de idade, inválido ou fraco socialmente ou mentalmente. Criminoso é um ser inferior, deficiente e incapaz de dirigir por si mesmo a sua vida. Sua débil vontade requer uma eficaz e desinteressada intervenção tutelar do Estado
	MARXISMO
	Atribui a responsabilidade do crime a determinadas estruturas econômicas, de maneira que o criminoso torna-se mera vitima daquelas. Criminoso é fruto das desigualdades sociais
	CRIMINOLOGIA
MODERNA
	O delinquente é examinado como unidade biopsicossocial, e não de uma perspectiva biopsicopatológica – os elementos biológicos, psicológicos e sociais ajudam a entender a conduta, mas não são determinantes de forma absoluta (fim da relação causa-efeito do paradigma etiológico) 
	
	Normalidade do criminoso 
	
	Estudo do criminoso passa a segundo plano, como uma superação dos enfoques individualistas em atenção aos objetivos político-criminais. Salienta Sérgio Salomão Shecaira (2008, p. 54) que “o criminoso é um ser histórico, real, complexo e enigmático, um ser absolutamente normal, pode estar sujeito às influências do meio (não aos determinismos)”. E arremata: “as diferentes perspectivas não se excluem; antes, completam-se e permitem um grande mosaico sobre o qual se assenta o direito penal atual”.
	TEORIAS DA FUNÇÃO DA PENA
TEORIAS LEGITIMADORAS
Teoria Absoluta ou retributiva: de vingança social (absolutismo/fim em si mesma) a função de proporcionalidade da pena (atual).
Teorias relativas ou preventivas: caráter instrumental da pena.
a) Prevenção geral: sociedade
1 – Negativa: intimidação de sofrer sanção
2 – Positiva: confiança no sistema/eficácia da lei
a. Positiva Fundamentadora: proteção de bens jurídicos (valores sociais) (crítica do pluralismo)
b. Positiva Limitadora: Direito Penal é visto como mais um instrumento para controle, organização e ordem da coletividade, sendo diferenciado dos demais por seu caráter formal.
	Principais críticas: • Incapacidade de a pena intimidar, de fato, as pessoas a cometer delitos. • O Poder Público possui diversos instrumentos de cunho pedagógico e educativo, sem precisar recorrer ao direito penal, que deve ser a ultima ratio.
b) Prevenção especial: foco em evitar que o indivíduo volte a delinquir. Neutralização; reintegração social
1 – Positiva: ressocializar - melhoramento do delinquente (crítica da situação das cadeias)
2 – Negativa: neutralizar - castigo (crítica por ser ineficaz) – evitar reincidência
	Principais críticas: • Altos índices de crimes cometidos dentro do presídio. • Real possibilidade de ressocializar o indivíduo em um ambiente de aprisionamento
Teoria Mista da Pena/Unificadora/UTILITARISTAS: retribuição e prevenção (Teoria Dialética de Claus Roxin: acrescenta direitos e garantias fundamentais e subsidiariedade do D. Penal. A ideia de retribuição não é abstrata, mas limitada) (Garantismo de Ferrajoli)
DESLEGITIMADORAS
a) Abolicionismo penal
b) Minimalismo radical (gradual)
c) Teoria Agnóstica da Pena (ZAFFARONI):
conceito negativo da pena, ou seja, pena seria tudo aquilo que não é decorrente das intervenções positivas (caráter reparador – restitutivo – ou coerção direta): pena é uma coerção, que impõe uma privação de direitos ou uma dor, mas não repara nem restitui, nem tampouco detém as lesões em curso ou neutraliza perigos iminentes. A pena está apenas cumprindo o papel degenerador da neutralização, já que empiricamente comprovada a impossibilidade de ressocialização do apenado. Não quer dizer que essa finalidade de ressocializar, reintegrar o condenado ao convívio social deva ser abandonada, mas deve ser revista e estruturada de uma maneira diferente.
TEORIAS CRIMINOLÓGICAS
a) Nível individual: tem como objeto centro o estudo do indivíduo criminoso e o porquê dele cometer crimes.
a. Teorias biológicas: explicam o crime a partir da estrutura orgânica do criminoso, distinguindo o criminoso do não-criminoso com base em caracteres biológicos.
b. Teorias psicológicas: explicam o crime a partir de processos psíquicos no criminoso, como seu estado anímico, sua socialização.
· Com a superação da Escola Clássica e Positiva, focadas no indivíduo, surgem as Teorias Macrossociológicas.
b) Teorias criminológicas contemporâneas ou MACROSSOCIOLÓGICAS – Consenso e Conflito: estudam o crime como fenômeno social, isto é, a sociedade criminógena. É o surgimento da Sociologia Criminal: análise do meio social como uma das possíveis causas da criminalidade. Macrocriminalidade ≠ Individual.
	Qual a diferença entre conflito e consenso?
Para a perspectiva das teorias consensuais a finalidade da sociedade é atingida quando há um perfeito funcionamento das suas instituições de forma que os indivíduos compartilham os objetivos comuns a todos os cidadãos, aceitando as regras vigentes e compartilhando as regras sociais dominantes.
Portanto, para a teoria do consenso, existe uma universalidade de valores que são aceitos por todas as pessoas na sociedade, sendo que as normas que tutelam estes valores são justas, ou seja, as regras que determinam o convívio social por parte da classe dominante representam de fato a vontade do povo.
Já as teorias conflito consideram que a coesão e a ordem na sociedade são fundadas na força e na coerção, na dominação por alguns e sujeição de outros; ignora-se a existência de acordos em torno de valores de que depende o próprio estabelecimento da força.
As teorias do consenso são subdivididas em: Escola de Chicago; Teoria da Associação Diferencial; Teoria da Anomia e Teoria da Subcultura Delinquente.
Já as teorias do conflito são subdivididas em: Teoria da Rotulação ou Etiquetamento (Labelling Approach); Teoria Crítica ou Radical.
a. TEORIAS DO CONSENSO (paradigma etiológico - funcionalistas ou de integração): preocupam-se com as consequências do delito e entendem que a finalidade da sociedade é alcançada quando as pessoas partilham objetivos comuns e aceitam as normas vigentes (coesão e ordem), sendo o poder exercido em nome de todos, de modo que quem atinge as normas vigentes comete um desvio social (Escola de Chicago, Teoria da Associação Diferencial e Teoria da Anomia) focadas no criminoso, para responder a pergunta “Por que os criminosos cometem crimes?”.
i. Escola de Chicago (William Thomas, Roberta Park, Ernest Burgess, Clifford R. Show, Henry Mckay): tem por base as noções de desorganização social (teoria ecológica: impacto do ambiente) e identificação de distintas áreas de delinquência (teoria espacial). Utiliza o método de observação participante (social surveys; questionário direto) aplicado em pesquisas de larga escala, aliado a estudos biográficos de casos individuais (carreiras delinquentes). Estudo da criminalidade urbana e foco na prevenção voltada à comunidade local.
	Vertentes da Escola deChicago:
1) A teoria ecológica (desorganização social): cidade como unidade ecológica responsável pela delinquência; desordem social (família, escola) aliada à falta de controle social informal como fator de rompimento dos laços de solidariedade, gerando violência. Síntese: ambiente desordenado gera influência negativa sobre a conduta humana.
2) Teoria Espacial: refere-se à concentração geográfica da criminalidade em determinadas zonas urbanas (zonas de delinquência ou concêntricas). Busca prevenir o crime mediante nova arquitetura do espaço público.
	Críticas à Escola de Chicago
Determinismo ecológico (não supera o determinismo positivista)
Desconsidera a cifra oculta da criminalidade.
É limitada: não explica delitos fora das zonas de delinquência (financeiros, ambientais).
Não questiona o conceito de delito.
ii. Teoria da Anomia (Durkheim e Robert K. Merton): compreende o delito enquanto fato social (determinismo sociológico) e normal (não patológico). Parte da premissa de que sempre haverá alguém que não reconhece a autoridade da norma. Sustenta que o delito é funcional para a sociedade. Nos ambientes anômicos (onde não são reconhecidas as regras de conduta) surge o comportamento delituoso.
	Críticas à Teoria da Anomia
Tem por pressuposto um consenso coletivo original (contrato social), sem questionar a imposição destes valores pelos grupos hegemônicos.
Não se aprofunda sobre o porquê dos ambientes anômicos.
Não se preocupa com criminalidade dos poderosos.
iii. Teoria da associação diferencial (Edwin Sutherland): (IMPORTANTE PARA CRIMES ECONÔMICOS!) Surge a partir da investigação da criminalidade oculta e aparente e no tratamento diferenciado entre criminosos de classe alta e baixa.
Delito resulta de um processo de aprendizagem por meio das interações sociais (foco no processo de comunicação). A aprendizagem não se limita às condutas, mas se estende aos próprios valores criminais, técnicas para cometer o delito, mecanismos subjetivos de racionalização ou justificação do comportamento desviado.
Delinquência surge quando as condições favoráveis ao delito superam as desfavoráveis (não consistindo apenas em uma inadaptação de pessoas de classes menos desfavorecidas).
	Críticas à Teoria da Associação Diferencial
Desconsidera a incidência dos fatores individuais de personalidade.
Simplifica a reconstrução (muito mecânica) do processo de aprendizagem.
Não explica a razão pela qual, em iguais condições, uma pessoa cede à influência do modelo desviante e outra não.
i. Teoria da subcultura delinquente: [embora questione a universalidade, tem ela como pressuposto para estudar as sub e contra culturas] Pressupõe que não há metas universalmente válidas para a sociedade em geral, dada a existência de uma pluralidade cultural. Cada sociedade é internamente diferenciada em inúmeros subgrupos, cada um deles com modos distintos de pensar e agir, os quais podem fazer com que cada indivíduo, ao participar desses grupos menores, adquira ‘culturas dentro da cultura’. Defende que a delinquência surge como resultado da estrutura de classes sociais e de um conflito cultural entre os valores hegemônicos e os minoritários. A conduta delitiva não é produto de desorganização (Chicago) ou de ausência de valores sociais (anomia), mas sim do reflexo e expressão de outros sistemas de normas e valores (crime é sinônimo de protesto ou status no grupo) (Albert Cohen, Richard Clowhard, Lioyd Ohlin, Walter B. Miller).
Caracteriza-se: (1) não utilitarismo da ação (muitos crimes não possuem motivação); (2) malícia da conduta (prazer em desconsertar e prejudicar o outro); (3) negativismo da conduta (negação aos padrões da sociedade, mediante regras opostas legitimadas pelo grupo).
· Subcultura: valores opostos à sociedade tradicional (gangues e skinheads)
· Contracultura: valores questionam a sociedade tradicional (hippies)
	Críticas à Teoria da Subcultura Dominante
Não oferece explicação generalizada para a criminalidade. Suas conclusões são válidas, em princípio, apenas para certas manifestações da delinquência juvenil nos centros urbanos.
b. TEORIAS DO CONFLITO (paradigma da reação social): argumentam que a existência da sociedade e o funcionamento das instituições deve-se, não a uma coesão social sobre valores e objetivos comuns, mas sim a força e coerção aplicada por uns sobre os demais. Essa teoria tem influência marxista e sugere que a produção do direito penal não é fruto de um consenso, mas sim da seleção (seletividade) e imposição de determinadas condutas criminosas por um grupo dominante aos grupos dominados (Teoria Crítica e Teoria do Etiquetamento). Buscam a reposta: “Por que determinadas classes de pessoas são criminalizadas em detrimento de outras?”
i. Teoria crítica: tem suas bases ancoradas no pensamento marxista, sustentando ser o delito um fenômeno dependente do modo de produção capitalista.
ii. Teoria do etiquetamento social (labelling approach): (Howard Becker; Charles Lemert; Goffman; Chapman; Turk). É o marco das teorias do conflito. Abandona o paradigma etiológico-determinista, com a substituição de um modelo estático e monolítico de análise social por uma perspectiva dinâmica e contínua. Questões centrais são voltadas ao sistema de controle social e suas consequências (processos de criminalização) em vez do crime e criminoso. Compreende o delito como resultado de uma reação social (natureza definitorial, em vez de ontológica). Sustenta que o controle social cria a criminalidade. Defende que a reação social atua como fator preexistente e constituinte do desvio.
DO PARADIGMA ETIOLÓGICO AO PARADIGMA DA REAÇÃO SOCIAL
No paradigma etiológico como crime era um fato naturalmente injusto (realidade ontológica), anterior ao D. Penal, este consistiria em estudar as causas da criminalidade e como contê-la. 
	Etiologia: que investiga a causa e origem de algo.
Não havia discussão crítica do D. Penal e a definição das condutas consideradas criminosas (processo de criminalização). Ou seja, a construção social do crime (ciência causal-explicativa) voltada a evitação do crime (defesa social). Ligado às teorias do consenso.
· Até a década de 1960: modelos destinados a diagnosticar a causa da delinquência e sugerir o prognóstico para contenção
	Críticas:
a) Não analisa o sistema penal (aceita a ideologia nele vinculada)
b) Exclui de seu objeto de estudo a análise e crítica dos processos de criminalização, observando apenas as pessoas selecionadas (os criminalizados)
c) Por isso chamado de método semicientífico cf. Shecaira
Na teoria crítica, desenvolveu-se o paradigma da reação social – a partir da teoria do labelling approach ou Teoria do Etiquetamento (Teorias do Conflito) – segundo o qual sem criminalização não há crime (não é natural, mas uma etiqueta colada em uma conduta. Busca-se demonstrar que o sistema é seletivo, não existindo igualdade formal na definição dos crimes, mas preferência pela criminalização de condutas mais associadas a determinados segmentos da sociedade.
· Após a década de 1960: deslocamento do foco de análise aos processos de criminalização e ao funcionamento das agências punitivas 
ESCOLA DE CHICAGO (1920 a 1930)
Teoria Ecológica
Teoria da desorganização social
Preocupação central era a influência ou efeitos do crescimento urbano sobre a criminalidade.
Parte da premissa de que o crescimento desorganizado das cidades promove desorganização social, isto é, enfraquecimento dos laços e valores sociais e, consequentemente, do controle social informal, especialmente nas classes menos favorecidas, o que favorece a expansão da criminalidade.
	Na década de 1930, Chicago sofreu um boom populacional, pois estava num ponto de cruzamento de ferrovias e tinha geografia plana, o que atraiu muitas fábricas, daí muitos empregos e muitos migrantes. A cidade não estava preparada para tal crescimento rápido, e a criminalidade cresceu. A partir desse diagnóstico, a Escola de Chicago verificou que com o crescimento das cidades começa a surgir uma relação de aproximação entre as pessoas, com a vizinhançase conhecendo. Passa a existir, por conseguinte, uma verdadeira identidade dos quarteirões. Esse mecanismo solidário de mútuas relações proporciona uma espécie de controle informal (polícia natural), na medida em que uns tomam conta dos outros. Entretanto, o crescimento desordenado das cidades faz desaparecer o controle social informal; as pessoas vão se tomando anônimas, de modo que a família, a igreja, o trabalho, os clubes de serviço social etc. não dão mais conta de impedir os atos antissociais. Assim, a Escola relaciona a criminalidade diretamente com o crescimento desordenado da sociedade, o que favorecia a decomposição da solidariedade das estruturas sociais. Locais carentes de saneamento básico, de postos de saúde, de políticas sociais, de igreja acabam fomentando o crime. No mesmo sentido, a ausência completa do Estado cria uma sensação de anomia e insegurança, potencializando a criminalidade.
Um dos estudos mais importantes é a teoria das zonas concêntricas: cidade se expande em círculos, do centro até as margens, e os índices de criminalidade são maiores nas zonas mais degradadas e próximas ao centro da cidade.
Portanto, propõe ações de intervenção nas zonas urbanas (planejamento, reurbanização, proteção do patrimônio público) como forma de prevenir crimes.
Em seguida, desenvolveram-se três teorias semelhantes que envolvem a punição severa de pequenos delitos como forma de evitar a evolução para crimes mais graves:
a) Teoria das janelas quebradas: há uma relação direta entre criminalidade e desordem. Esta estimula a prática criminosa. Estado deve combater pequenos delitos, para demonstrar à sociedade que está atento e zelando pelos bens jurídicos.
b) Teoria dos testículos despedaçados: firma repressão a delitos em determinada área irá ensejar a retirada dos criminosos para outras áreas menos firmes.
c) Teoria da tolerância zero: é uma política de segurança pública, segundo a qual deve-se punir com severidade pequenos delitos como forma de manutenção da ordem pública e evolução para delitos mais graves.
	NEORRETRIBUCIONISMO (LEI E ORDEM, TOLERÊNCIA ZERO, BROKEN WINDOWS)
#suecuerro: houve um encarceramento em massa dos pobres.
#mas: caiu criminalidade e homicídios
#LADOBOM: Transferência do foco dos estudos de uma perspectiva punitiva e repressiva para uma perspectiva preventiva. Buscavam-se formas de prevenir o crime, e não somente de combatê-lo. Abriu um novo campo para a criminologia, que até então se preocupava com a pessoa do criminoso. Rompeu, portanto, com o positivismo criminológico.
#FEITAPORQUEM? Não leva em consideração a criminalidade das classes abastadas da sociedade (crimes de colarinho branco). Se por um lado rompe com o positivismo, por outro traz um forte determinismo na análise da criminalidade com base em cada uma das zonas da cidade.
· Teoria da associação diferencial surge neste vácuo
TEORIA DA ANOMIA
ESTRUTURAL FUNCIONALISTA
Robert King Merton. Baseada em Emile Durkheim. Teoria sociológica. Análise do crime como fenômeno social, como um desvio social normal, e não algo patológico. Qualquer sociedade compartilha valores ou fins culturais comuns (riqueza) e estabelece meios institucionalizados (legítimos) para alcançá-los (trabalho, estudo). Mas a estrutura social não tem condições de assegurar igualdade de condições no acesso aos meios institucionalizados, de maneira que parcela da sociedade passa a desconsiderar e desobedecer as normas sociais para alcançá-los. Isso ocasiona, em grande escada, o estado de anomia (ausência de normas sociais), especialmente em um contexto de impunidade. A pena tem a finalidade de preservar a consciência coletiva.
TEORIA DA SUBCULTURA DELINQUENTE
Albert Cohen. Grupos menores (subculturas) tem valores próprios que se chocam com os valores da cultura dominante. Esse descompasso dá causa à criminalidade. O crime não é reflexo da ausência de valores, mas do choque entre valores específicos.
· Crítica: não explica criminalidade como um fenômeno geral nem a criminalidade do colarinho branco. É relacionada apenas a delinquência juvenil dirigida À busca de afirmação diante do grupo dominante.
#ladobom: crime é normal, não tem origem em patologia, mas no normal funcionamento de uma sociedade plural.
TEORIA DA ASSOCIAÇÃO DIFERENCIAL
Edwin Sutherland. Compreende o crime como um fenômeno social, e não patologia individual. Mudança de enfoque. Até então relacionado à pobreza e desigualdades sociais. Para tratar o crime como uma inadaptação das pessoas pertencentes a classes menos favorecidas. O crime é um processo de aprendizagem por meio do contato e interação do individuo com outras pessoas de seu grupo social, que lhe dá informações sobre meios, modos e formas para a prática, criando uma tendência a praticá-los quando houver mais condições favoráveis do que desfavoráveis (custo-benefício).
· Desenvolveu a expressão crime de colarinho branco para crimes dos ricos.
#LADOBOM: Ideia de que o crime pode ser objeto de um aprendizado, através de comunicação e imitação. Também rompe com o positivismo criminológico, desconsiderando aspectos biológicos como determinantes. Chamou atenção para criminalidade dos ricos.
#MASPOXA: Não critica seletividade. Desconsidera autotomia e outros fatores.
TEORIAS CRIMINOLÓGICAS CONTEMPORÂNEAS
PARADIGMA DA REAÇÃO SOCIAL/INTERACIONISTA
TEORIAS DO CONFLITO
1) TEORIA DO ETIQUETAMENTO (LABBELING APROACH; INTERACIONISMO SIMBÓLICO): Howard Becker. Superação do paradigma etiológico pelo paradigma da reação social (fenômeno natural fenômeno social). A sociedade é quem define os crimes e os criminosos, rotulando condutas e estigmatizando/discriminando seus agentes. 
É o marco das Teorias do Conflito. Abandona o paradigma etiológico-determinista para o paradigma da reação social, substitui um modelo estático e monolítico de análise social por uma perspectiva dinâmica e contínua. O delito é resultado de uma reação social (natureza definitorial, não ontológica). É o controle social que cria a criminalidade. A reação social é fator preexistente e constituinte do desvio. Por isso, criminologia deve focar no sistema de controle social e suas consequências (processos de criminalização) e não no crime e no criminoso:
a) Criminalização primária: processo de definição dos crimes
b) Criminalização secundária: seleção e aplicação das normas pelas agências formais de controle
c) Criminalização terciária: existem agentes estigmatizantes que vão desde o mercado de trabalho até o próprio sistema penitenciário que rotulam o indivíduo. 
	(a) falta de estrutura para investigar todos os crimes, especialmente os mais complexos; (b) influência política e econômica dos investigados; (c) ausência de conhecimento aprofundado sobre o funcionamento de determinados setores (financeiro); atuação de advogados especializados e conhecedores das lacunas e falhas legislativas; (e) pouca pressão popular nos crimes vagos, sem vítimas determinadas; (f) demora na atuação e fiscalização pelos órgãos administrativos (BACEN, RFB, IBAMA, CVM); (g) a desqualificação técnica das condutas (insignificância, ausência de prejuízo)
São elementos do controle social penal: (1) comportamento seletivo e diferenciador (discriminatório); (2) função criadora da criminalidade; (3) sequela danosa e estigmatizante que deriva da ação do sistema pena (seu efeito criminógeno).
Diferencia-se a vulnerabilidade que antecede a intervenção do sistema penal e a vulnerabilidade que a sucede:
a) Desviação primária ou antecedente ao sistema penal: advém de fatores sociais, culturais e psicológicos (contexto multifatorial) que, por si só, não conduzem a uma mudança da atitude do indivíduo perante a sociedade e a si mesmo
b) Desviação secundária ou sucedente ao sistema penal: representa o efeito criminógeno advindo da intervenção do sistema penal, a partir da estigmatização do indivíduo como desviado, que passa a adotar o papel de criminoso que lhe foi atribuído (etiqueta) e se comportar como tal, formando modelos mais firmes de conduta desviada (carreiras criminosas) Foco do labellingapproach: significado que o delito tem ao seu autor, os efeitos do etiquetamento sobre ele e sua posterior admissão do status criminoso.
2) TEORIA CRÍTICA (RADICAL, MARXISTA ou NOVA CRIMINOLOGIA): (Taylor, Walton e Young; Alessandro Baratta; Quinney; Massimo Pavarini; Georg Rusche; Otto Kirchheimer) Representa uma contextualização política dos delineamentos do labelling approach, contextualizando-os política e historicamente em relações de poder, a partir das bases do sistema capitalista. É materialista, econômico e política.
Crime é um fenômeno inerente à sociedade capitalista e insolúvel nesse sistema (solução demanda uma transformação mais profunda da sociedade: teoria idealista, criminologia crítica radical). 
Sujeito não tem livre arbítrio no capitalismo, pois pautado por desigualdades sociais gera violência, que precisa ser controlada por meio da criminalização de condutas mais comumente associadas às classes dominadas (seleção). Criminalização primária e secundária retratam as desigualdades e relações de poder existentes na sociedade.
· Rompem com a estranheza e patologia do criminoso. A diferença entre o criminoso e o não-criminoso dá-se apenas pelo fato de que apenas o primeiro foi estigmatizado pela definição e seleção das condutas criminosas.
· Há no sistema penal um Código Ideológico Social (second code), que regula a aplicação das normas pelas instâncias oficiais e serve de filtro na seletividade dos mais vulneráveis ao sistema
· ELA WIECKO: Contribuição mais importante da teoria crítica foi a de demonstrar que o sistema penal reproduz a desigualdade própria da sociedade capitalista. 
CRIMINOLOGIA PÓS-MODERNA
Abandonam modelos totalizadores (representados pelas grandes narrativas sobre o crime, criminoso, processos de criminalização e mecanismos de controle social). Um dos principais legados do paradigma do etiquetamento foi o de que o delito não constitui uma unidade (delito natural), mas representa um processo em que inúmeras variáveis (vulnerabilidades) operam facilitam a criminalização. Problema ou virtude? Fragmentação da criminologia moderna não permite um modelo unitário, mas é plural.
a) Criminologia Feminista (Direito penal, gênero e raça): com um viés macrossociológico (sociedade capitalista e patriarcal) considera os processos de criminalização e vitimização das mulheres a partir de sua opressão como grupo. Ela Wiecko: Busca romper com a visão androcêntrica, que define o funcionamento das estruturas de controle punitivo, mostrando como o sistema penal é sexista, reproduz a desigualdade de gênero mesmo quando, formalmente, as regras são destinadas a proteger as mulheres. Mulheres ocupam uma posição periférica no sistema de controle social, sobretudo quando vítimas, o que evidencia a vitimização secundária (sobrevitimização). Presença de mulheres e o exercício de poder por elas no sistema de justiça. Vera Regina Andrade: mulher é vítima de violência institucional plurifacetada do sistema que expressa e reproduz dois grandes tipos de violência estrutura da sociedade: a desigualdade de classes e as relações patriarcais. Salo de Carvalho: mulher se submete a um conjunto de metarregras (second codes) que produzem o aumento da punição (mulher não descumpriu só a lei, mas também seu dever de mãe delicada)
b) Criminologia queer: vertente marcada por uma pluralidade de perspectivas, identificadas com o movimento LGBTQI e movimento feminista, a partir de estudos culturais, sociologia da sexualidade, psicologia social e direito. Procura desestabilizar algumas zonas de conforto culturais criadas pelo heterossexismo, que se estabelecem historicamente como dispositivos de regulação e controle social, como a polarização entre homens e mulheres (binarismo) e institucionalização da heteronormatividade.
TENDÊNCIAS ATUAIS DE POLÍTICA CRIMINAL
1) ABOLICIONISMO: Corrente de pensamento que defende, senão o fim do D. Penal, a sua diminuição, mediante descriminalização e despenalização de condutas. D. Penal não tem funcionalidade; é seletivo (classista, cifra negra); estigmatizante com o agente; não confere a devida importância à vítima e as penas não atingem suas finalidades (ressocialização). Propõe mecanismos informais de resolução dos conflitos sociais e valorização da vítima. É uma utopia.
	Apesar da expressão “POLÍTICA CRIMINAL VERDE” possa ser sugestiva, no sentido de induzir a algo relacionado à “tutela do meio ambiente”, a terminologia refere-se à versão ideológica de cunho penal do abolicionismo, na qual Louk Hulsman, Professor da Universidade de Rotterdam, defende a ABOLIÇÃO DO SISTEMA PENAL. Segundo ZAFFARONI, “o sistema penal opera a criminalização ao acaso, trabalha compartimentalizadamente, para chegar à conclusão de que a justiça penal, em sua forma atual, poderia ser suprimida com grande vantagem, sendo substituída pelas restantes alternativas que permitem a solução de conflitos: a reparação, a conciliação etc.
2) MINIMALISMO: Se fortaleceu após a 2ª GG. É um meio-termo (fase intermediária) entre o abolicionismo e o direito penal máximo, pautado na subsidiariedade e acessoriedade do D. Penal, como ultima ratio na proteção de bens jurídicos mais relevantes não forem suficientemente protegidos pelos demais ramos do direito.
3) GARANTISMO: Luigi Ferrajoli. Modelo universal de sistema penal, desde a criação da lei até a aplicação no processo penal. 10 axiomas: 
Crítica: garantismo hiperbólico monocular (Douglas Fischer): sistema penal preocupado apenas com a proteção dos direitos individuais, sem se preocupar com a proteção da vítima e da sociedade em geral (proporcionalidade, proteção insuficiente).
MULTIPORTAS – DIVERSIFICAÇÃO: mitigação do princípio da obrigatoriedade.
	De acordo com a doutrina, nos casos de “diversificação”, suspende-se a atuação do processo penal em determinado momento, buscando-se a resolução do conflito de forma não punitiva. Exemplo disso é o “sistema de prova anglo-saxão” (...) “No Brasil, a Lei 9.099, de 26.09.1995, retrata esta tendência” (p. 324). Trata-se de verdadeira incidência do chamado SISTEMA MULTIPORTAS em sede processual penal (Multidoor Courthouse System), conforme reconhecido pelo STJ (RHC 107.603/PR, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 13/08/2019, DJe 19/08/2019). Atualmente, também pode ser citado como exemplo o ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL, disciplinado no art. 28-A do Código de Processo Penal, com redação introduzida pela “Lei Anticrime”. Nesse ponto, considerando que se trata de tema pouco abordado na doutrina nacional, colaciona-se o escólio de Claus Roxin (in Estudos de Direito Penal, 2008, p. 14): “nas hipóteses em que a descriminalização não é possível – como no furto –, poder-se-á evitar as desvantagens da criminalização através de alternativas à condenação formal por um juiz. Tais métodos de diversificação são utilizados em quantidade considerável na Alemanha, pois o juiz e também o Ministério Público podem arquivar o processo quando se tratar de delitos de bagatela em cuja persecução não subsista interesse público; tal arquivamento pode ocorrer inclusive no âmbito da criminalidade média, se o acusado prestar serviços úteis à comunidade (como pagamentos à Cruz Vermelha ou a reparação do dano”.
DESPENALIZAÇÃO:
	a conduta permanece abrangida pelo ordenamento jurídico, rotulada como infração penal – crime ou contravenção –, aplicando-se, entretanto, alternativas às penas privativas de liberdade, como “prisão de fim de semana, multa, prestação de serviços à comunidade, multa reparatória, semidetenção, sistemas de controle da conduta em liberdade, prisão domiciliar, inabilitações etc.
TENDÊNCIAS SECURITÁRIA, JUSTICIALSTA E BELICISTA
TENDÊNCIA SECURITÁRIA: Fortalecimento do aparato estatal policial, com redução da intervenção do Judiciário, sob o argumento de que a proteção de bens jurídicos requer uma atuação imediata. Ex.: Movimento lei e ordem; teoria das janelas quebradas e a teoria dos testículos despedaçados.
JUSTICIALISTA: Fortalecimento dos poderes do Judiciário,sob o argumento de que o combate à criminalidade impõe restrições a direitos e garantias individuais.
BELICISTA: Estado mais avançado de fortalecimento do Estado em detrimento do indivíduo. O criminoso deve ser tratado como um inimigo, um objeto, com severas restrições de direitos e garantias individuais.
DIREITO PENAL DO FATO x DIREITO PENAL DO AUTOR
Do Fato: Agente de ser punido pelo fato cometido, e não por suas condições pessoais.
Do autor: punição do agente por suas condições pessoais.
· STF: Constitucionalidade da agravante da reincidência. É válida e não caracteriza direito penal do autor.
DIREITO PENAL DO INIMIGO (GUNTER JAKOBS)
Há duas espécies de criminosos: os cidadãos e os inimigos, que se diferenciam devido à gravidade dos crimes cometidos ou profissionalização/habitualidade dos crimes praticados. As garantias processuais devem ser asseguradas aos criminosos cidadãos. Inimigos devem recebem tratamento mais severo, com relativização das garantias. São características do D. Penal do inimigo:
a) Criação de novos crimes e tipos penais abertos e vagos
b) Penas elevadas
c) Aceleração do processo com vista à aplicação da pena de prisão
d) Antecipação da punição para os atos preparatórios
e) Fortalecimento das medidas de segurança e do juízo de periculosidade sobre as penas e o juízo de culpabilidade
f) Endurecimento da execução penal
g) Expansão de medidas cautelares pessoais
h) Ampliação das medidas cautelas probatórias (colaboração premiada, ação controlada, infiltração policial)
VELOCIDADES DO D. PENAL (JESUS MARIA SILVA SANCHEZ)
Busca explicar características de diferentes períodos ou fases do D. Penal. 
a) 1ª Velocidade: Modelo clássico, pautado na proteção de bens jurídicos individuais, aplicação da Pena Privativa de Liberdade e na observância de direitos e garantias fundamentais.
b) 2ª Velocidade: Surgimento de novos bens jurídicos supraindividuais, com relativização de direitos e garantias e criação de penas substitutivas à pena privativa de liberdade. Ex.: transação penal, PRD, despenalização do uso de droga para consumo próprio.
c) 3ª Velocidade: fortalecimento da pena privativa de liberdade (1ª V) associada a relativização de direitos e garantias fundamentais (2ª V). Ex.: D. Penal do Inimigo; Lei de Crimes Hediondos; Lei das OCRIM.
d) 4ª Velocidade (neopunitivismo): Direito Internacional Penal e criação do TPI para processamento e punição de crimes de guerra, genocídio, contra a humanidade e agressão, especialmente praticados pelos Chefes de Estado.
DIREITO PENAL DE EMERGÊNCIA E DIREITO PENAL SIMBÓLICO
Respostas do Estado
EMERGÊNCIA: Providências adotadas pelo Estado, no âmbito do D. Penal, para fazer frente a nova criminalidade (terrorismo) e à criminalidade organizada, com novos tipos penais, incremento de penas, tratamento processual diferenciado.
SIMBÓLICO: Política de inflação legislativa, com criação de novos tipos penais e/ou incremento de penas, especialmente como forma de reação a fatos concretos que ganharam destaque na mídia, de maneira a transmitir a falsa percepção pública de que se está combatendo a criminalidade. Utiliza-se o D. Penal como símbolo da atuação do Estado em prol da segurança da sociedade, nada obstante a baixa efetividade da aplicação das normas penais.
DIREITO PENAL SUBTERRÂNEO E DIREITO PENAL PARALELO
 SUBTERRÂNEO (ZAFARONI): Atuação arbitrária e irregular das agências estatais de controle social (polícia, MP, Judiciário), podendo-se citar, por exemplo, a prática de tortura e extermínios policiais, como forma de punição clandestina aos supostos criminosos. Simboliza uma atuação escondida, à margem da lei por parte das instâncias formais de controle.
PARALELO: Atuação de agências informais de controle social no exercício do poder punitivo, paralelamente às agências estatais, cujos atos podem gerar efeitos tão graves quanto à aplicação formal da pena, tal como se dá com a internação de doentes mentais pelos médicos; abandono de idosos em abrigos; banimento de atletas por federações esportivas; embargos de obras e atividades, gerando desemprego, etc.
	JUSTIÇA RESTAURATIVA* PONTO IMPORTANTE
Originou-se nas décadas de 1960 e 1970 nos EUA, em um contexto de crise do ideal ressocializador e da ideia de tratamento através da pena privativa de liberdade, que desencadeou o desenvolvimento de ideias de restituição penal e reconciliação com a vítima e com a sociedade.
Na mesma época, eclodiram teorias criminológicas de reação social (labelling approach e teoria crítica), críticas à forma como o fenômeno criminal era encarado pela criminologia tradicional. Essas teorias influenciaram o surgimento de ideias abolicionistas, calcados na disfuncionalidade do Direito Penal.
A Justiça Restaurativa é fruto de uma conjuntura complexa, notadamente influenciada pelo abolicionismo (ao contestar as instituições repressivas e apontar seus efeitos deletérios) e a vitimologia (ao ressignificar o papel da vítima no fenômeno criminal).
No Brasil, embora não represente um ideal puro de Justiça Restaurativa, a Lei 9099/95 é o marco inicial das práticas e valores restaurativos no campo legislativo, pois viabiliza uma nova forma de interação em torno do crime, aproximando o ofendido e infrator na busca da reparação do dano. A Lei 11.719/08 (alterou o CPP) confirmou a tendência, ao permitir que o Juiz fixe valor indenizatório mínimo à vítima na sentença condenatória. 
O tema ganha reconhecimento normativo no país a partir da formulação de uma política nacional por meio da Resolução 225/2016 do CNJ, declaradamente inspirada em Resoluções do ECOSOC-ONU: N. 26/99 (Desenvolvimento e implementação das medidas de mediação e justiça restaurativa na justiça criminal); N. 14/00 (Princípios básicos para utilização de programas restaurativos em matérias criminais) e N. 12/08 (Princípios básicos para a utilização de programas de Justiça restaurativa em matéria criminal).
A despeito de sua origem histórica e dos ideais que levaram à sua construção, não há incompatibilidade entre a Justiça Restaurativa e os crimes vagos (multivitimários ou de vitimas difusas), isto é, aqueles que não possuem sujeito passivo determinado, sendo esse a coletividade. A inexistência de uma vítima concreta nos crimes vagos não impede a utilização das práticas restaurativas para que se busque junto ao infrator a autoconscientização dos problemas pessoal e social causados pelo delito. E, embora não haja vítima determinada, é possível o reconhecimento de atingidos direta ou indiretamente pelo crime, como membros da comunidade. O art. 1º, I, da R. 225/16 dispõe: “é necessária a participação do ofensor, e, quando houver, da vítima, bem como, das suas famílias e demais envolvidos no fato danoso, com a presença dos representantes da comunidade direta ou indiretamente atingida pelo fato e de um ou mais facilitadores restaurativos”.
TRÊS MODELOS DE REAÇÃO SOCIAL AO DELITO:
a) Modelo dissuasório (clássico ou retributivo): aqui prevalece nosso sistema na realidade
b) Modelo ressocializador: ineficaz, provocando um novo modelo:
c) Modelo restaurativo:
Foca na restauração do mal provocado pela infração penal, pois o crime não necessariamente lesa os interesses estatais, difusos ou coletivos, e sim de uma vítima identificada. Assim, o litígio passa a ser protagonizado pela vítima e seu ofensor, surgindo a possibilidade de conciliação e restauração dentro de um ambiente seguro. Ainda, não mais se imputa a responsabilidade pelo crime pessoalmente ao autor, mas a toda sociedade, que falhou na missão de vida pacífica em grupo. Os procedimentos formais e rígidos cedem aos meios informais e flexíveis, prevalecendo a disponibilidade da ação penal. Promove autodeterminação, coragem e maturidade ao agressor para responsabilizar-se pelos efeitos de sua conduta aos seus pares.
Exemplos: reparação do dano na transação penal; conciliação entre ofensor e ofendido como forma de extinção da punibilidade em IMPO; fixação do valor mínimo indenizatório em sentença; Resolução 225/2016 CNJ e Resolução 118/2014 CNMP (Política Nacional deIncentivo à Autocomposição no âmbito do MP).
Princípios básicos e regras procedimentais de segurança:
1) Participação da vítima e agressor depende do consentimento válido de ambas as partes, cabendo desistência (procedimento simples e de fácil compreensão)
2) Vítima e agressor precisam aceitar como verdadeiro o episódio criminoso, e o agressor deve reconhecer sua responsabilidade
3) Direito ao aconselhamento jurídico
4) Encaminhamento da justiça retributiva à restaurativa pode ocorrer em qualquer momento (investigação ao trânsito)
5) Deve considerar as diferenças existentes entre vítima e agressor
6) Confidencialidade, salvo se as partes convencionarem ou a publicidade para os agentes públicos de persecução penal for exigida por lei ou interesse público
7) Aceitação da responsabilidade e descumprimento do acordo não podem ser usados como prova contra ele ou como motivo para punição mais severa
8) Condução por pessoa preparada, aceita pela coletividade e imparcial
JUSTIÇA PENAL NEGOCIADA – DIREITO PENAL NEGOCIAL***
Conceito: Conjunto de instrumentos destinados a resolução consensual dos conflitos penais, visando (a) evitar a própria instauração do processo penal; (b) possibilitar a suspensão do processo já instaurado; (c) oportunizar o julgamento abreviado do mérito e estabelecimento consensual das sanções penais ao réu.
Finalidade: eficiência. Direcionar Estado para casos complexos. Facilita restauração.
Críticas: violação de ampla defesa, contraditório; ausência de voluntariedade dos acordos; risco de aumento dos erros judiciais; prejuízo que a inabilidade dos defensores pode causar ao réu; mercantilização do processo penal.
· MPF é favorável – NOTA TÉCNICA 2ª CCR – 2019.
Origem no sistema norte-americano da plea bargaining que permite a transação entre as partes por meio da imprescindível admissão de culpa.
· Obs: Bruno Barros inclui transação penal e sursis processual nos negócios, casos em que não há admissão da culpa.
	no modelo italiano do patteggiamento que as partes (acusação e defesa) “estabelecem um acordo sobre a sentença e pedem ao juiz para aplicar a pena acordada, competindo a esse realizar um juízo de legalidade, podendo absolver o acusado a partir de análise da prova colhida. Nesse caso, o juiz deve fazer, também, uma valoração da pena com proporcionalidade e adequação, conforme decidiu a Corte Constitucional da Itália na decisão n. 313, de 1.990.
A Absprachen (Alemão), por sua vez, consiste em uma espécie de acordo que ocorre, geralmente, na fase judicial, entre o juiz e o acusado com o seu defensor, sem uma participação ativa do Ministério Público. Nesse modelo, a confissão não é suficiente, por si só, para gerar uma sentença antecipada com pena menor, tendo o juiz o dever de buscar a verdade. Esse acordo, que depende de homologação judicial, tem a finalidade de encurtar a macha processual, tendo o acusado direito ao conhecimento de todas as provas. O modelo alemão de negociação da sentença criminal surgiu na prática judiciária, sem previsão legal, em 1.970, e foi introduzido na legislação em 2.009. O Tribunal Constitucional alemão já decidiu sobre a constitucionalidade do acordo em mais de uma ocasião, cabendo destacar a decisão de 2.013 que estabeleceu, quanto ao acordo, a necessidade de: busca da verdade por parte do judiciário; somente contemplar o objeto do processo; o acordo e seu conteúdo serem registrados em audiência; o arguido ser devidamente orientado, com possibilidade de recurso.
Exemplos:
· Colaboração premiada (art. 4º ss – Lei 12850/13 – Lei do Crime Organizado – concessão de imunidade)
· Acordos de Leniência (extinção da punibilidade)
· Acordo de Não Persecução Penal (art. 28-A – CPP – Pacote Anticrime): negócio jurídico formalizado por escrito e firmado pelo MP, pela investigado e por seu defensor, cabível nas infrações penais praticadas sem violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior a 4 anos, obrigatoriamente homologado em audiência pelo juízo competente, qual seja, o juiz de garantias (isto suspenso). Somente pode ser celebrado quando não for o caso de arquivamento e depende de confissão formal e circunstanciada. Em troca do não oferecimento da denúncia, o investigado sujeita-se ao cumprimento de condições não privativas da liberdade pactuadas com o parquet. O cumprimento integral constitui causa de extinção da punibilidade.
POLÍTICA CRIMINAL
Modos de prevenção: direta e indireta
Programas de prevenção: primária (antes-todo); secundária (durante-seleção); terciária (depois-criminoso).
Modelos de reação ao delito: dissuatório (direito penal clássico); ressocializador; restaurador.
Movimentos atuais de política criminal:
a) Garantismo
b) Marxistas (direito penal simbólico, ideologia da defesa social)
c) Realismo criminológico de esquerda (fragmentariedade subsidiariedade)
d) Esquerda punitiva (inversão do eixo de atuação penal)
e) abolicionismo (substituição pelos modelos de justiça participativa e comunitária, mais próximas das relações privadas e não dos sistemas sancionatórios)
f) Minimalismo: abolição a longo prazo, mediata
g) Nova Defesa Social: reação humanista após segunda guerra. Reação da sociedade com objetivo de proteção do cidadão.
	É Possível uma Política Criminal? (Arthur Trindade M. Costa)
Como os atores selecionam os inquéritos que merecem atenção? Seletividade. Discricionariedade. 
Ausência de articulação. As políticas públicas de segurança (policy) dizem respeito ao conjunto de ações e procedimentos que visam dar conta de determinada demanda ou problema através da alocação de bens e recursos públicos na área de segurança. As estratégias de policiamento (policing) referem-se às diferentes formas de aplicar os efetivos, recursos de poder e equipamentos policiais. Já uma Política Criminal (criminal policy) refere-se à articulação das ações e procedimentos adotados no interior do Sistema de Justiça Criminal com vista a responder a determinado problema ou situação. Na área de segurança pública, as políticas públicas não necessariamente se restringem às estratégias de policiamento e políticas criminais. Envolvem ações de outros atores governamentais e não-governamentais.
Governança (direcionamento e coordenação de atores políticos coletivos a partir de sistemas institucionalizados): rede de políticas públicas: autonomia e independência vs. coordenação. Falha de coordenação: (1) redundância (dois mesma tarefa); (2) incoerência (diferentes objetivos); (3) lacuna (ausência de políticas, geralmente oriundas da incoerência).
Descoberta da discricionariedade no Brasil: lacuna entre as práticas e a imagem idealizada das Polícias, MP e Jud. É intrínseca e também garante a liberdade de atuação. Negar é não estruturar.
Estruturar o poder discricionário: definir as áreas e atividades que precisam de certa liberdade de atuação, estabelecer limites e preparar profissionais (não abarcará tudo, mas áreas mais sensíveis).
· Polícias escolhem: (1) se vão aplicar lei; (2) qual método de intervenção; (3) qual a prioridade (isso é escolha política e deveria ser feito com participação da sociedade – Police Boards/Conselhos Comunitários de Segurança, enquanto no Brasil são os Secretários de Segurança Pública nomeados pelos Governadores); 
· Resolução 34/169 ONU – Código de Condutas para todas as polícias do mundo
· Violência doméstica. Canadá tentou reduzir discricionariedade da polícia. Mandatory arrest (prisão obrigatória) em determinados casos fixados em lei. Lei Maria da Penha é tentativa.

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