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Otit� �tern� e� cãe�. Otite = inflamação do revestimento epitelial do meato auditivo - Externa: restrita aos canais vertical e horizontal do ouvido. É a mais comum, mas a ruptura de tímpano pode progredir para otite média. - Média: abrange as estruturas da bula timpânica e recesso epitimpânico (espaço onde se situa a cabeça do martelo e o corpo da bigorna) na cadeia ossicular, além da face interna das membranas timpânica e das janelas coclear e vestibular. - Interna: comprometimento da cóclea e sistema vestibular. Anatomia e fisiologia ouvido externo Formado por: - Pavilhão auricular: aurícula. Captação de sons. - Meato acústico externo: conduto auditivo ou canal externo. Comprimento de 5 a 10 cm, lúmen de 0,5 a 1 cm. - Vertical: origina-se da aurícula e estende-se na direção rostro-ventral antes de dobrar-se medialmente, formando o canal horizontal. - Horizontal: estende-se até atingir a membrana timpânica. - Membrana timpânica: epitelial, separa o ouvido externo da cavidade do ouvido médio. Forma côncava e coloração clara translúcida. Pode ser vista no exame otoscópico. Cartilagem auricular: - Forma de funil. - Suporte estrutural ao ouvido externo, mantém o conduto auditivo aberto. - Revestida por tecido epitelial estratificado escamoso, como a pele, com glândulas ceruminosas. Cerúmen: - Emulsão que reveste todo o conduto auditivo externo, composto por secreções de glândulas sebáceas e ceruminosas e células de descamação. - Mecanismo de defesa contra infecções, forma uma barreira física e possui imunoglobulinas IgA, IgG, e IgM de imunidade passiva local. Conduto auditivo: - Mecanismo único de autolimpeza, migração de células epiteliais desde a membrana timpânica até o meio externo, com expulsão de células de descamação, secreções glandulares, microorganismos e detritos. - Alterações no mecanismo de migração epitelial, provocados por ruptura da membrana timpânica, inflamação crônica, lesões ou cicatrizes no revestimento epitelial resultam em acúmulo de debris, cerúmen e queratinócitos descamados, favorecendo a progressão da otite crônica. Etiopatogenia Causas primárias: - Iniciam a inflamação dentro do canal auditivo, presentes em todos os casos de otite externa. - Podem induzir a doença fora do canal externo, assim a otite externa é a extensão de uma alteração do pavilhão auricular, de uma otite média ou interna. - Causas alérgicas: DAPP, atopia e hipersensibilidade alimentar. - Parasitas. - Doenças imunológicas. - Doenças endócrinas: hipotireoidismo. - Ruptura da membrana timpânica. - Alterações de queratinização: causadas pelo hipotireoidismo. - Corpos estranhos. - Desordens glandulares. - Anormalidades na produção de cerúmen. Fatores predisponentes: - Promovem ambiente propício para continuação dos fatores perpetuantes. - Isolados não são capazes de provocar otite externa, mas atuam em conjunto com os fatores primários e os perpetuantes para causar doença clínica. - Conformação anatômica do ouvido: dobras cutâneas e orelha pendular. - Umidade excessiva. - Tratamentos com alteração da microflora normal. - Trauma por limpeza inadequada. - Doenças obstrutivas. - Doenças sistêmicas que levam à imunossupressão ou predisponha ao crescimento bacteriano. Fatores perpetuantes: - Sustentam e agravam a inflamação, mantém a doença após os fatores primários terem sido eliminados. - Produzidos no canal auricular externo como consequência de alguma patologia primária ou condição predisponente. - Podem induzir mudanças patológicas permanentes para o canal do ouvido e são a principal razão para falhas no tratamento. - Bactérias e fungos da flora residente: - Staphylococcus e streptococcus: frequente. - Pseudomonas: ocasionalmente. - Proteus: raro. - Malassezia pachydermatis: levedura comensal de maior frequência. - Presença excessiva de pelos. - Modificações patológicas progressivas: hiperplasia, fibrose e estenose do conduto auditivo. - Abundante formação de cerúmen. - Neoplasias. - Otite média com excessiva granulação de tecido na bula timpânica. Sinais clínicos: - Variam de acordo com a causa. - Balançar a cabeça. - Prurido. - Dor. - Variável acúmulo de cerúmen ou exsudato. - Canal externo responde a inflamação crônica da derme e epiderme com hiperplasia e hiperqueratose, hiperplasia das glândulas sebáceas, hiperplasia e dilatação das glândulas ceruminosas: aumenta a produção de cerúmen, mas aumenta a umidade e pH e diminui o conteúdo lipídico, predispondo a infecções secundárias. Hiperplasia e estenose do canal auditivo externo, otite externa crônica. Diagnóstico Anamnese e exame físico: - Definir o problema primário ou causa subjacente. Exame otoscópico: - Avalia meato acústico externo e membrana timpânica. - Inicia no pavilhão auricular: crostas, eritema, edema, alteração na quantidade ou coloração da secreção, erosão, ulceração, fibrose ou calcificação, presença de ectoparasitas, hiperplasia, nódulos, pólipos e corpos estranhos. - Avaliar os dois ouvidos, começando pelo menos acometido, usando diferentes cânulas. Exame citológico: - Coleta de amostras de secreções auriculares com swabs, que depois são rolados sobre lâmina de vidro limpa e seca, fixar ao ar e a coloração com Romanowski - panótico. - Micro: presença, número e características celulares e pesquisa de agentes infecciosos e parasitários. - Ouvido normal: não deve ter leucócitos, macrófagos, piócitos ou células inflamatórias, ou eritrócitos que indicam componentes hemorrágicos observado em ulcerações epidérmicas. - Camada externa da epiderme do conduto: queratinócitos, células anucleadas de morfologia irregular. Camada interna: epiteliócitos, células nucleadas. Otite externa crônica aumento dos queratinócitos e epiteliócitos e inflamação neutrofílica. - Bactérias são encontradas ocasionalmente em cães saudáveis, mas espera-se encontrar Malassezia pachydermatis. A identificação de colônias bacterianas sugere infecção, mas raramente são a causa primária. - Bactérias: - A maioria dos cocos são gram-positivos: Staphylococcus, Streptococcus e Enterococcus. Staphylococcus pseudintermedius é o mais comum. - A maioria dos bastonetes são gram-negativos: Pseudomonas, Proteus, E. coli e Klebsiella são as mais comuns como agentes secundários. - Necessário cultura e antibiograma. - Leveduras compatíveis com Malassezia pachydermatis sugerem infecção, mas a identificação de leveduras ou hifas desconhecidas mostra a necessidade de cultura para identificação. - Ácaros é menos frequente, mas o Otodectes cynotis pode ser encontrado em alguns casos. - Parasitas Demodex, Sarcoptes, Notoedres e Eutrombicula são raros. Tratamento - Remoção fatores predisponentes. - Tratamento causas primárias. - Quando mal tratada pode levar à otite média, surdez, otite interna, síndrome vestibular, paralisia do nervo facial e meningoencefalite. - Limpeza, fármacos anti-inflamatórios e antimicrobianos. Limpeza: - Controla fatores predisponentes, diariamente por pelo menos 14 dias. Remove exsudatos que podem inativar preparações tópicas e favorecer a inflamação. Algumas vezes devido a hiperalgesia local pode ser necessário analgésico e sedativos, em casos graves é impossível fazer a limpeza rigorosa devido a inflamação, edema e estenose excessivos. - Ceruminolíticos, podem ser associados a agentes que promovem ação queratolítica e antimicrobiana e redução do pH. - Peróxido de carbamina, esqualeno, propilenoglicol e glicerina. - Malassezia: associação com ácido lático 2,5% e ácido salicílico 0,01%. - Bactérias ou infecção mista: associação com clorexidine 0,02% a 0,2% - antibacteriano e antifúngico. - Ruptura timpânica: evitar clorexidina maior que 0,02% e substituir ceruminolíticos por soluções aquosas, como soro fisiológico 0,9%, pois pode provocar lesões no ouvido médio. - A solução de limpeza deve ser introduzida até preencher todo o conduto auditivo, massagem suave na base da orelha para expulsão e dissolução do cerúmen e detritos, depois secar com algodão. Tratamento tópico: - A maioria dos casos é resolvida comtratamento tópico. - Muitas preparações otológicas estão disponíveis e contém glicocorticóides, antibióticos, antimicóticos e anti-parasitários. - Glicocorticóides: - Anti-inflamatórios e antipruriginosos, reduzem exsudação e edema de tecidos e promovem hipertrofia das glândulas sebáceas, reduzindo secreções glandulares. - Dexametasona 0,1%, triancinolona e hidrocortisona 0,5-1%. - Em alguns casos são recomendados antes da limpeza para que seja feita sem dor. - Antifúngicos: - Otites por Malassezia. - Miconazol 2%, nistatina e sulfadiazina de prata 1%. - Antibióticos: - Aminoglicosídeos: gram positivas e negativas. - Gentamicina e polimixina B: gram negativos, em conjunto são fortes contra Pseudomonas. - Neomicina: gram positivos. - Tobramicina 0,3%; gram negativos, é o único aminoglicosídeo que não é tóxico para o ouvido médio em casos de ruptura do tímpano. - Neomicina e cloranfenicol: Staphylococcus pseudintermedius. - Quinolonas: - Enrofloxacina 0,5% e ciprofloxacino 0,3%; gram-positivas, bom para Pseudomonas resistentes. - Tratamento tópico por pelo menos 10 dias, avaliar para determinar continuidade. Tratamento sistêmico: - Menos eficaz, indicado nos casos graves, com alterações proliferativas importantes, impossibilidade ou reações adversas ao tratamento tópico. - Glicocorticóides sistêmicos: - Prednisona: iniciar em dose elevada, 2-3 mg/kg, a cada 24 horas, durante os primeiros 3 a 5 dias, reduzindo para 1 mg/kg a cada 24 horas, em casos de inflamação e dor excessiva com estenose grave. Manter o tratamento até redução ou desaparecimento do tecido proliferativo. - Antifúngico: - Itraconazol: menos efeitos colaterais e bom efeito contra Malassezia resistente. - Antibióticos: - Cefalexina, enrofloxacino, amoxicilina com ácido clavulânico e sulfametoxazol associado com trimetroprima: boa penetração no conduto auditivo.
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