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Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos

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FUNDAMENTOS DE ECONOMIA, 
MERCADO DE CAPITAIS 
E INVESTIMENTO
Autores: André Luiz Kopelke
 Renato Oliveira Santos
Programa de Pós-Graduação EAD
UNIASSELVI-PÓS
330
K832f Kopelke, André Luiz
 Fundamentos de economia, mercado de capitais e 
 investimentos / André Luiz Kopelke; Renato Oliveira 
 Santos. Indaial : Uniasselvi, 2012. 
 186 p. : il.
	 	 	 Inclui	bibliografia.
 ISBN 978-85-7830-513-0
 1. Economia; 2. Mercado de capitais.
 I. Centro Universitário Leonardo da Vinci.
 Reitor: Prof. Dr. Malcon Tafner
 Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
 Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Norberto Siegel
 Equipe Multidisciplinar da 
 Pós-Graduação EAD: Profa. Hiandra B. Götzinger Montibeller
 Profa. Izilene Conceição Amaro Ewald
 Profa. Jociane Stolf
 Revisão de Conteúdo: Profa. Lucimara Apareceida Terra 
 Revisão Gramatical: Profa. Marli Helena Faust 
 
 Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (047) 3281-9000/3281-9090
Copyright © UNIASSELVI 2012
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
Renato Oliveira Santos
Formado em Administração de 
Empresas, Ciências Contábeis e Especialista 
em Administração Financeira e Auditoria. Atua 
como Professor de Sistema Financeiro Nacional e 
Mercado de Capitais, nas Faculdades de Ciências 
Contábeis e Administração Finanças da UNIASSELVI há 
aproximadamente 9 anos. Têm experiência de Mercado 
Financeiro há aproximadamente 29 anos.
André Luiz Kopelke
Economista, graduado pela Universidade 
Federal de Santa Catarina, bacharel em 
Administração pela UDESC-ESAG e Mestre em 
Administração pela UFSC. Atua como docente em 
disciplinas presenciais na UNIASSELVI, em Indaial, 
na área de Economia, Fundamentos das Finanças e 
Matemática Financeira. Coordenador de Estágios na 
UNIASSELVI. É professor-autor do Caderno de 
Estudos de Economia do EAD da UNIASSELVI.
Sumário
APRESENTAÇÃO ..................................................................... 7
CAPÍTULO 1
Princípios	Básicos	de	Economia	e	Finanças ....................... 9
CAPÍTULO 2
Noções	de	Políticas	Econômicas	 ...................................... 35
CAPÍTULO 3
Estrutura	do	Sistema	Financeiro	Nacional	 .................... 57
CAPÍTULO 4
Produtos	de	Investimentos ................................................ 83
CAPÍTULO 5
Produtos	de	Créditos ....................................................... 109
CAPÍTULO 6
Mercado	de	Capitais ........................................................... 145
7
APRESENTAÇÃO
O	mundo	moderno	é	profundamente	dependente	do	sistema	financeiro.	Essa	
dependência	 não	 é	 nova.	 Historiadores	 e	 economistas	 definem	 que	 o	 Sistema	
Econômico Capitalista (modelo de organização econômica adotado por nossa 
sociedade)	 iniciou	 sua	 “fase	 financeira”	 nas	 últimas	 décadas	 do	 século	 XIX.	A	
fase	 financeira	 do	 capitalismo	é	 caracterizada	 pelo	 significativo	 crescimento	 da	
atividade bancária e pela dependência cada vez maior dos capitais industriais do 
setor	financeiro.
Hoje é praticamente inconcebível realizar algum tipo de atividade produtiva 
sem	a	 utilização	 de	 algum	produto	 ou	 serviço	 financeiro.	As	 empresas	 utilizam	
os	 produtos	 e	 serviços	 financeiros	 para	 financiar	 seus	 investimentos.	 Os	
consumidores utilizam os serviços bancários para pagarem suas contas, 
guardarem	suas	economias	e	financiarem	a	compra	de	bens	duráveis.	Até	mesmo	
os	 governos	 se	 utilizam	 amplamente	 dos	 serviços	 do	 sistema	 financeiro	 na	
medida	em	que,	ao	venderem	títulos	públicos,	financiam	seus	gastos	excessivos	
e	realizam	a	rolagem	da	dívida	pública.
Essa	dependência	da	economia	mundial	ao	setor	financeiro	fica	evidente	em	
períodos	 de	 crise	 econômica.	 Quando	 bancos	 e	 entidades	 financeiras	 passam	
por	 dificuldades	 sérias	 e	 prolongadas,	 os	 governos	 se	 apressam	em	ajudá-las,	
pois	 sabem	 que	 a	 “quebra”	 das	 instituições	 financeiras	 sairá	mais	 caro	 para	 a	
sociedade	do	que	o	custo	do	seu	socorro.	Um	banco,	quando	quebra,	provoca	
um	efeito	 em	 cascata,	 quebrando	 também	as	 empresas	 e	 pessoas	 físicas	 que	
possuem	 investimentos	em	suas	contas.	A	quebra	de	um	banco	pode	provocar	
pessimismo	generalizado,	saques	dos	investimentos,	restrições	de	liquidez,	o	que	
pode	gerar,	no	final	das	contas,	a	paralisação	de	todo	o	sistema	produtivo.	
Por isso não é mais possível imaginar a economia moderna funcionando sem 
a	ajuda	de	um	complexo	e	elaborado	sistema	financeiro.	
O	presente	 livro	 tem	por	objetivo	apresentar	esse	sistema	financeiro,	 seus	
produtos	e	serviços,	suas	relações	com	o	sistema	econômico	e	as	instituições	que	
nele operam. 
O primeiro capítulo é dedicado a uma introdução à Economia. Veremos 
o	que	significa	economia,	para	que	ela	serve,	o	que	é	um	sistema	econômico,	
o	 que	 é	 riqueza,	 o	 que	 é	moeda,	 e	 como	 esses	 elementos	 fluem	 no	 sistema	
econômico.	 Veremos	 o	 papel	 fundamental	 do	 sistema	 financeiro	 dentro	 do	
sistema econômico capitalista.
8
O segundo capítulo é dedicado ao estudo das Políticas Econômicas e como 
elas	 influenciam	as	 instituições	do	sistema	financeiro.	Ao	 longo	do	século	XX	e	
XXI	 estamos	presenciando	uma	crescente	 intervenção	do	Governo	no	Sistema	
Econômico	 por	 meio	 de	 uma	 série	 de	 Políticas	 Econômicas.	 E	 essas	 ações	
governamentais	têm	profundas	implicações	sobre	as	instituições	financeiras	e	os	
produtos e serviços por elas oferecidos.
No terceiro capítulo estudaremos a estrutura do Sistema Financeiro Nacional. 
Veremos	 que	 ele	 é	 composto	 por	 dois	 grandes	 subsistemas.	 Um	 Subsistema	
Normativo,	 responsável	 pela	 regulamentação	 e	 controle	 do	 sistema	 financeiro	
e	um	Subsistema	de	 Intermediação	 (ou	Operativo),	 composto	pelas	 instituições	
propriamente	ditas	que	oferecem	produtos	e	serviços	financeiros	para	o	público	
em geral. Veremos a estrutura e as responsabilidades de cada uma dessas 
instituições.
No	quarto	 capítulo	 falaremos	dos	Produtos	de	 Investimentos,	 ou	 seja,	 das	
diferentes	alternativas	de	 investimentos	de	recursos	para	aqueles	que	possuem	
recursos	“de	sobra”,	ou	seja,	à	disposição	para	investimentos.	Serão	analisadas	
as	diferentes	rentabilidades,	graus	de	 liquidez,	 impostos	e	 taxas	administrativas	
incidentes sobre essas modalidades de investimentos.
O	quinto	capítulo	é	dedicado	aos	Fundos	de	Investimentos,	que	nada	mais	
são	que	condomínios	constituídos	para	promover	a	aplicação	coletiva	dos	recursos	
dos participantes. Serão analisadas as diferentes modalidades de fundos, bem 
como os riscos e rentabilidades envolvidos em cada um deles. 
No sexto capítulo veremos os produtos de crédito, ou seja, o conjunto de 
produtos	 e	 serviços	 financeiros	 para	 quem	 precisa	 de	 dinheiro	 emprestado.	
Existe uma série de produtos para pessoas físicas e jurídicas, cada um com 
suas peculiaridades e custos, e destinados aos mais variados serviços, desde a 
quitação	de	dívidas	até	o	financiamento	da	compra	de	bens	de	consumo	duráveis.	
O sétimo capítulo é destinado ao estudo da Bolsa de Valores, suas 
características, sua importância para o empresário como fonte de recursos para os 
investimentos	produtivos	e	para	o	investidor	que	está	procurando	uma	alternativa	
de investimento rentável e segura para seus capitais. Serão analisados alguns 
aspectos	do	processo	de	negociação	de	ações,	as	suas	operações	e	seus	riscos.	
Serão	estudadas	ainda	as	diferentes	modalidades	de	ações,	alguns	aspectos	do	
processo	de	abertura	de	capital	pelas	empresas	e	das	negociações	de	ações	no	
mercado primário e secundário. Finalmente, o capítulo termina com uma breve 
análise	 do	 Mercado	 de	 Derivativos,	 Mercado	 Futuro,	 Mercado	 de	 Opções	 e	
Mercado a Termo.
CAPÍTULO 1
Princípios	Básicos	de	Economia	
e	Finanças
A partir da perspectivado saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 3 Diferenciar os vários entendimentos possíveis da palavra economia. 
 3 Compreender o processo de evolução da Ciência Econômica. 
 3 Identificar	as	contribuições	dos	principais	economistas	no	desenvolvimento	da	
Ciência	Econômica	e	suas	influências	no	mundo	atual. 
 3 Compreender os objetivos da Ciência Econômica. 
 3 Diferenciar	os	conceitos	de	Moeda	e	Riqueza. 
 3 Demonstrar o funcionamento do Fluxo Circular da Renda no Sistema 
Econômico Capitalista. 
 3 Compreender	o	papel	das	Instituições	Financeiras	num	Sistema	Econômico	
Capitalista. 
11
Princípios Básicos 
de Economia e Finanças
 Capítulo 1 
Contextualização	
Para muitas pessoas, economia é um tema complexo e desinteressante, 
pois	envolve	números	e	cálculos	complicados,	siglas	estranhas	e	um	emaranhado	
de	relações	que	parecem	não	 fazer	sentido.	Algumas	pessoas	preferem	atribuir	
as	 causas	 das	 crises	 econômicas	 a	 um	 grupo	 de	 empresários,	 financistas	 e	
investidores	 “desalmados”	 e	 “egoístas”	 que	 pensam	 apenas	 nos	 seus	 lucros	
pessoais	e	se	esquecem	do	bem-estar	coletivo.
Muitos	consideram	que	não	existe	lógica	em	muitas	das	ações	tomadas	pelo	
poder	público.	Em	um	momento	os	juros	baixam,	para,	logo	em	seguida,	voltarem	
a subir. Quando um imposto é extinto, outros são criados em seu lugar. O valor do 
dólar oscila de forma errática, prejudicando os negócios com o setor externo. São 
muitos	os	exemplos	de	ações	aparentemente	sem	sentido	no	campo	econômico.	
E	é	natural	que	as	pessoas	que	não	compreendam	a	 lógica	por	detrás	dessas	
ações	percam	o	interesse	pelas	questões	econômicas.
Mas,	o	fato	é	que	o	ambiente	econômico	e	as	ações	governamentais	destinadas	
a conduzir e orientar as práticas econômicas afetam profundamente os negócios do 
setor privado, sejam eles ligados ao setor produtivo, ao comércio e principalmente 
ao	 setor	 financeiro.	 E	 um	 profissional	 do	 setor	 financeiro	 precisa	 ter	 algumas	
noções	do	funcionamento	do	sistema	econômico,	das	razões	das	constantes	ações	
governamentais	 sobre	 esse	 sistema,	 e	 as	 consequências	 dessas	 ações	 sobre	 o	
seu	ramo	de	atividade.	É	esse	conhecimento	que	irá	permitir	a	algumas	empresas	
tomar	medidas	estratégicas	adequadas	e	sobreviver	aos	períodos	de	 turbulência	
econômica	que	inevitavelmente	ocorrem	de	tempos	em	tempos.	
Este	capítulo	 tem	por	objetivo	esclarecer	os	diversos	significados	da	palavra	
economia,	 e	 quando	 cada	 um	 deles	 pode	 ser	 utilizado.	 Pretende-se	 mostrar	
como essa ciência evoluiu ao longo dos anos e como foram forjadas as principais 
concepções	a	respeito	da	gestão	do	sistema	econômico.	Também	será	feita	uma	
distinção	 entre	 os	 conceitos	 de	 Riqueza	 e	 Moeda,	 fundamental	 para	 entender	
muitos	 dos	mecanismos	 utilizados	 nas	 ações	 de	 Política	Monetária.	 Finalmente,	
será	apresentado	o	Fluxo	Circular	da	Renda,	uma	simplificação	dos	principais	fluxos	
econômicos	no	sistema	capitalista,	e	o	papel	do	sistema	financeiro	nesse	contexto.	
Economia	e	seus	Possíveis	
Significados
A	palavra	economia	tem	múltiplos	significados.	Popularmente,	entende-se	por	
economia	o	ato	de	fazer	bom	uso	dos	recursos	financeiros,	evitando	desperdícios,	
12
 Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos
de forma a gerar um excedente a ser guardado, ou poupado. Dessa forma, “fazer 
economia”	significa	“gastar	pouco”	e	usar	com	sabedoria	os	recursos	disponíveis,	
de forma a gerar um determinado volume de poupança.
Mas a economia não se limita a esse sentido popular. A palavra economia 
costuma ser utilizada como sinônimo de Atividade Econômica, ou seja, o 
conjunto	 de	 ações	 realizadas	 pelos	 seres	 humanos	 no	 sentido	 de	 produzir,	
distribuir	e	consumir	riquezas.	Este	sentido	é	muito	mais	amplo.	Ele	engloba	toda	
a atividade produtiva dos diversos países do mundo. Nessa perspectiva, toda 
atividade laboral, todo processo produtivo, do mais primitivo ao mais avançado, 
todo o processo de distribuição, bem como a atividade logística envolvida, 
além	do	consumo	e	as	ações	necessárias	a	fomentá-lo	(marketing, publicidade, 
financiamento	 ao	 consumidor),	 em	 suma,	 todas	 essas	 ações	 podem	 ser	
classificadas	como	Atividades	Econômicas.
Atividade Econômica:	 o	 conjunto	 de	 ações	 realizadas	 pelos	
seres	humanos	no	sentido	de	produzir,	distribuir	e	consumir	riquezas.
E	 o	 conjunto	 de	 atividades	 econômicas	 de	 uma	 sociedade	 compõe	 a	
Economia	 de	 um	 país.	 É	 esse	 o	 significado	 da	 palavra	 “Economia”	 quando	 se	
afirma	que	a	“economia	do	país	‘X’	cresceu	Y%”	em	determinado	ano.	
Dessa	forma,	é	possível	considerar	que	os	seres	humanos,	no	desempenho	
de suas atividades formais, estão desenvolvendo algum tipo de atividade 
econômica.	 É	 bem	 verdade	 que	 muitas	 atividades	 humanas	 não	 estão	
relacionadas ao campo econômico, como as atividades espirituais e afetivas, 
mas com a evolução da organização social, até mesmo essas atividades acabam 
por desembocar em algum tipo de atividade econômica. Por exemplo, a troca 
de	presentes	entre	namorados	ou	entre	pais	e	filhos	em	datas	religiosas	mostra	
claramente essa tendência da sociedade moderna.
Finalmente,	existe	um	terceiro	significado	para	a	palavra	economia.	
É o de “Ciência Econômica”.	A	Economia,	entendida	pela	perspectiva	
de	 uma	 Ciência,	 busca	 compreender	 as	 diferentes	 relações	 sociais	
destinadas	a	produzir,	distribuir	e	consumir	riquezas,	 isto	é,	a	Ciência	
Econômica tem por objetivo compreender a Atividade Econômica e, a 
partir	de	métodos	científicos,	estabelecer	Leis	Econômicas	que	possam	
servir	de	base	para	ações	de	intervenção	no	próprio	sistema	econômico,	
de forma a dinamizá-lo, torná-lo mais produtivo, socialmente mais justo, 
 A Economia, 
entendida pela 
perspectiva de uma 
Ciência, busca 
compreender as 
diferentes relações 
sociais destinadas 
a produzir, distribuir 
e consumir riquezas
13
Princípios Básicos 
de Economia e Finanças
 Capítulo 1 
sustentável	a	longo	prazo	e	orientado	ao	crescimento	e	à	melhoria	da	qualidade	
de vida da população em geral. 
Ciência Econômica:	 é	 a	 ciência	 que	 procura	 compreender	
as	 diferentes	 relações	 sociais	 destinadas	 a	 produzir,	 distribuir	 e	
consumir	 riquezas.	A	 Ciência	 Econômica	 tem	 por	 objetivo	 estudar	
de forma sistemática e metódica a atividade econômica de forma a 
estabelecer	“Leis	Econômicas”	que	ajudem	a	dinamizar,	potencializar,	
racionalizar e tornar socialmente mais justo o processo de produção, 
distribuição	e	consumo	de	riquezas.
	O	Desenvolvimento	da	Ciência	
Econômica
No seu processo de desenvolvimento, esta ciência recebeu a contribuição de 
vários	economistas,	dentre	os	quais	três	nomes	se	destacam.
Adam Smith	 (1723-1790),	economista	e	filósofo	escocês,	é	considerado	o	
fundador da Ciência Econômica. 
Adam Smith:	Filho	de	um	fiscal	da	alfândega,	nasceu	em	5	de	
junho de 1723, em Kirkcaldy, Escócia. Aos 14 anos, ingressou na 
Universidade de Glasgow, onde se graduou em 1740 e conseguiu uma 
bolsa	de	estudos	para	a	Universidade	de	Oxford,	onde	estudou	filosofia.	
Em 1751 ingressou na Universidade de Glasgow, onde atuou 
como	professor	de	lógica.	Em	1752,	passou	a	lecionar	filosofia	moral.	
Em 1758, foi eleito reitor da Universidade. Seu primeiro trabalho, “A 
Teoria	dos	Sentimentos	Morais”,	foi	publicado	no	ano	seguinte.	
Em 1763, Adam Smith renunciou ao seu posto na Universidade 
de	Glasgow	e	mudou-se	para	a	França.	Passou	quase	um	ano	na	
cidade de Toulouse e depois foi para Genebra, onde se encontrou 
com	 o	 filósofo	 Voltaire.	 Em	Paris,	Adam	Smith	 pôde	 frequentar	 os	
salões	literários	e	travou	contato	com	os	filósofos	iluministas.	
14
 Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos
Em 1767, Smith retornou a Kirkcaldy, onde iniciou a elaboração 
e revisão de sua célebre teoria econômica. Passou mais três anos 
em Londres, onde seu livrofoi concluído. “Uma Investigação sobre 
a	Natureza	e	as	Causas	da	Riqueza	das	Nações”	 foi	publicado	em	
1776,	 tornando-se	 um	 dos	mais	 influentes	 livros	 de	 teoria	moral	 e	
econômica do mundo. 
Depois da publicação do livro, tornou-se comissário da alfândega 
na	 Escócia,	 o	 que	 lhe	 garantiu	 bons	 proventos.	 Smith	 morreu	 em	
1790, aos 67 anos.
A	publicação	de	seu	 livro	 “A	Riqueza	das	Nações”,	em	1776,	é	vista	como	
o	marco	 inicial	dessa	nova	Ciência.	A	partir	de	suas	observações	da	sociedade	
inglesa	da	segunda	metade	do	século	XVIII,	Smith	estabeleceu	diversos	princípios	
econômicos,	muitos	dos	quais	ainda	são	considerados	válidos	nos	dias	atuais.	Ele	
defendeu,	entre	outras	coisas,	a	 ideia	de	que	o	mercado	é	“autoajustável”.	 Isso	
significa	que	as	decisões	relativas	à	produção,	distribuição	e	consumo	de	riquezas	
não precisam ser previamente planejadas por um órgão governamental. Segundo 
suas ideias, se fosse garantida a livre concorrência entre os empresários, a 
alocação de recursos seria ótima e a sociedade caminharia, de forma automática, 
para	o	crescimento	econômico	e	para	a	melhoria	generalizada	da	qualidade	de	
vida. Portanto, Adam Smith (HUNT, E.K., 1987) é associado, até os dias atuais, ao 
liberalismo	econômico,	uma	doutrina	segundo	a	qual	o	Estado	não	deve	intervir	na	
atividade econômica. Na visão de Smith, uma intervenção do Estado na Economia 
prejudicaria o perfeito funcionamento do mercado, atrasando o crescimento e o 
desenvolvimento econômico. 
O	segundo	nome	de	destaque	é	o	economista	alemão	Karl Marx. Marx é 
considerado	 um	 Socialista	 Científico,	 e	 suas	 ideias	 surgiram	 na	 esteira	 das	
consequências	da	disseminação	das	ideias	liberais	de	Adam	Smith	pela	Europa.	
Karl Marx: Karl Marx nasceu em 5 de maio de 1818, em Tréveris, 
na Alemanha. Ingressou na Universidade de Bonn para estudar 
Direito, transferindo-se, mais tarde, para a Universidade de Berlin, 
onde	conheceu	a	obra	do	 filósofo	alemão	Georg	Wilhelm	Friedrich	
Hegel. O contato com as ideias de Hegel desenvolveu o interesse 
de	Marx	pela	filosofia,	e	ele	veio	a	se	doutorar	nesta	área	em	1841.	
Em 1842, tornou-se redator-chefe da Gazeta-Renana (Rheinische 
Zeitung).	Em	função	de	seu	ataque	ao	governo	prussiano,	foi	expulso	
15
Princípios Básicos 
de Economia e Finanças
 Capítulo 1 
daquele	país	em	1843,	indo	parar	em	Paris,	onde	assumiu	a	direção	
da publicação Anais Franco-Alemães. 
Marx	teve	cinco	filhos	com	sua	esposa	Jenny	Von	Westphalen,	
três	dos	quais	morreram	em	função	das	péssimas	condições	materiais	
da	família.	Em	1844	conheceu	Friedrich	Engels,	industrial	alemão	que	
se tornou parceiro de Marx em várias obras, inclusive numa das mais 
importantes: O Manifesto do Partido Comunista de 1848. 
Após um período extremamente tumultuado, sendo expulso 
de diversos países em função de suas ideias (França, Bélgica e 
Alemanha	pela	segunda	vez),	em	1848	fixou-se	definitivamente	em	
Londres, onde permaneceu até sua morte, em 14 de março 1883, e 
onde escreveu sua principal obra: O Capital, cujo primeiro volume foi 
publicado pela primeira vez em 1867.
HUNT, E. K. História do Pensamento Econômico. Rio de 
Janeiro:	Campus,	1987.
O liberalismo	de	Smith	trouxe	duas	consequências	bem	distintas.	Por	um	
lado,	a	indústria	europeia	deu	um	salto	de	produtividade,	e	o	poder	econômico	
daí decorrente projetou o continente para a liderança mundial, econômica e 
militarmente,	 no	 século	 XIX.	Mas	 a	 outra	 consequência	 foi	 a	 degradação	 das	
condições	 de	 vida	 das	 classes	 trabalhadoras.	 A	 industrialização	 levou	 a	 um	
processo de migração da mão de obra dos campos para as cidades, criando 
uma classe de trabalhadores assalariados. Como não havia intervenção estatal 
nesse	processo,	os	salários	e	as	 jornadas	de	trabalho	eram	fixados	de	acordo	
com	as	decisões	da	classe	empresarial.	A	exploração	da	mão	de	obra	infantil	e	
feminina, jornadas de trabalho de até 18 horas diárias e salários baixíssimos se 
tornaram	frequentes.
Liberalismo, em economia, é considerado como uma 
característica	 do	 sistema	 econômico	 Capitalista	 segundo	 a	 qual	
os agentes econômicos (famílias e empresas) possuem liberdade 
para	 tomar	 suas	 decisões	 de	 cunho	 econômico	 (comprar,	 vender,	
16
 Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos
contratar, demitir, investir, elevar, baixar preços, etc.). O liberalismo 
não é idêntico para todos os países. O grau de liberdade varia muito. 
Em alguns países existe um elevado grau de liberdade para os 
agentes	econômicos.	Em	outros,	julga-se	que	a	liberdade	excessiva	é	
prejudicial ao bem comum. Nesses países, há uma maior interferência 
do Estado no controle e na condução dos assuntos econômicos. 
Nesses países, o grau de liberalismo econômico é menor.
Dentro	 desse	 contexto	 de	 precarização	 das	 relações	 de	 trabalho,	 muitos	
economistas	começaram	a	se	perguntar	se	o	Sistema	Capitalista	teria	condições	
de conduzir a sociedade rumo ao crescimento e ao desenvolvimento social. Karl 
Marx	acreditava	que	a	melhoria	das	condições	de	vida	dos	trabalhadores	não	seria	
possível dentro da sociedade capitalista. Ele julgava esse modelo de organização 
social por demais injusto e, por isso, defendia a sua superação, ou seja, sua 
destruição. Em seu lugar deveria ser instaurado um novo modelo de sociedade, 
mais justo e humanitário, principalmente com as classes trabalhadoras. A esse 
novo	modelo	de	Sistema	Econômico	Marx	(MARX,	K;	ENGELS,	F.,	2002)	chamou	
de Comunismo. 
Os	 fatos	 históricos	 evidenciaram	 que	 o	 Comunismo,	 no	 século	 XX,	 não	
representou	 uma	 melhora	 nas	 condições	 de	 vida	 das	 classes	 trabalhadoras.	
Na verdade, em muitos países onde essa forma de organização econômica foi 
adotada,	os	trabalhadores	foram	fortemente	reprimidos,	e	qualquer	ideia	contrária	
à dos dirigentes governamentais poderia ser severamente punida.
MARX,	 Karl;	 ENGELS,	 Friedrich.	 Manifesto do Partido 
Comunista. São Paulo: Martin Claret: 2002.
De	qualquer	forma,	as	ideias	de	Marx	formam,	e	ainda	são,	muito	importantes	
para o entendimento do sistema econômico capitalista, pois pela primeira vez as 
ideias de crescimento automático e autoajustamento do mercado são fortemente 
criticadas.	Marx	mostra	 ao	mundo	 que	 o	 capitalismo	 tem	 problemas	 e	 que	 ele	
não funciona de forma perfeita. E esses problemas do capitalismo se traduzem 
das mais variadas formas: desemprego, estagnação econômica, desperdício de 
recursos	naturais,	degradação	ambiental,	etc.	Marx	(MARX,	K.,	2008)	era	muito	
pessimista	quanto	ao	 futuro	do	capitalismo	e	não	procurou	estudar	alternativas	
para melhorá-lo. 
17
Princípios Básicos 
de Economia e Finanças
 Capítulo 1 
Apesar dos problemas sociais e da forte crítica de Marx (HUNT, 1987) as 
ideias	liberais	predominaram	no	mundo	ocidental	ao	longo	de	todo	o	século	XIX	e	
durante	as	três	primeiras	décadas	do	século	XX.	O	cenário	somente	mudou	nos	
anos	30	do	século	XX.	Pode-se	afirmar	que	o	“mundo	liberal”	entrou	em	colapso	
com a Crise da Bolsa de Valores de Nova Iorque de outubro de 1929. A crise 
trouxe	 como	 consequência	 a	Grande	 Depressão	 dos	 anos	 30.	 Ficou	 evidente,	
nesse	período,	que	o	autoajustamento	do	mercado	não	funcionava.
A Crise da Bolsa de Valores de Nova Iorque foi um processo 
de	queda	significativa	do	valor	das	ações	das	empresas	negociadas	
naquela	 instituição.	 O	 processo	 foi	 precedido	 por	 uma	 ampla	
especulação	 financeira	 entre	 1927	 e	 1928.	 O	 economista	 norte-
americano	 John	 Kenneth	 Galbraith	 (GALBRAITH,	 2010)	 identifica	
que	o	processo	de	especulação	 começou	bem	antes.	No	 segundo	
semestre	de	1924	já	foram	verificadas	elevações	das	cotações	dos	
títulos	 imobiliários.	Essas	elevações	nos	valores	de	 títulos	e	ações	
perduraram até o início de setembro de 1929. A partir dessa data, 
os títulos começaram a desvalorizar, no início de forma lenta e com 
breves	 recuperações.	 Mas	 a	 partir	 de	 outubrode	 1929	 os	 preços	
começaram a despencar vertiginosamente. O dia 24 de outubro de 
1929	 (quinta-feira	 negra)	 é	 a	 data	 que	 marca	 a	 mais	 significativa	
queda	do	valor	das	ações	na	história.	Mas	a	queda	não	se	restringe	a	
esse	dia.	Os	títulos	e	ações	negociados	na	Bolsa	de	Valores	de	Nova	
Iorque	continuaram	caindo	até	1933.	As	enormes	perdas	financeiras,	
tanto	 dos	 grandes	 investidores	 e	 industriais	 quanto	 dos	 pequenos	
investidores e poupadores comuns, levaram os Estados Unidos, 
Europa e demais países capitalistas a uma longa crise, conhecida 
como	a	Grande	Depressão	dos	anos	30,	crise	esta	que	somente	foi	
superada durante a II Guerra Mundial. 
GALBRAITH,	John	Kenneth.	1929: A Grande Crise. São Paulo: 
Ed. Larousse do Brasil, 2010.
A solução foi apresentada pelo terceiro grande economista a contribuir com 
18
 Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos
essa ciência: John Maynard Keynes. Keynes (1992) mostrou, em bases sólidas, 
que	o	autoajustamento	do	mercado	não	funciona.	
John Maynard Keynes nasceu em 5 de junho de 1883, mesmo 
ano da morte de Marx. Sua família era composta por intelectuais. 
Estudou no Colégio Eton, da aristocracia inglesa, onde obteve 
medalhas por mérito em matemática. Em 1902 Keynes recebeu uma 
bolsa	 de	 estudos	 para	 estudar	 no	King’s	College,	 da	Universidade	
de Cambridge. Nesta instituição, Keynes foi aluno do famoso 
economista Alfred Marshall. 
Em	 1906	 John	M.	 Keynes	 tornou-se	 funcionário	 do	Ministério	
dos Negócios das Índias e passou dois anos na Ásia. Em 1908 
passou a ocupar o cargo de professor de economia em Cambridge, 
onde lecionou até 1915. Keynes ingressou no Tesouro Britânico em 
1916, exercendo diversos cargos importantes. 
Após a Primeira Guerra Mundial, Keynes foi conselheiro da 
delegação	britânica	nas	negociações	de	paz,	mas	em	1919	renunciou	
ao	 cargo,	 por	 não	 concordar	 com	 as	 compensações	 econômicas	
impostas à Alemanha pelo Tratado de Versalhes. Seu ponto de 
vista	sobre	essa	questão	 foi	publicado	no	mesmo	ano,	no	 livro	 “As	
Consequências	Econômicas	da	Paz”.	Sua	obra	mais	 importante	 foi	
publicada	em	1936,	a	“Teoria	Geral	do	Emprego,	do	Juro	e	da	Moeda”.	
Durante	 a	 Segunda	 Guerra	 Mundial,	 John	 Keynes	 se	
reincorporou	 ao	 Tesouro	 Britânico.	 Em	 1944	 chefiou	 a	 delegação	
britânica	 na	 Conferência	 de	 Bretton	 Woods,	 que	 deu	 origem	 ao	
Banco Mundial e ao Fundo Monetário Internacional. 
Além	de	ser	um	proeminente	economista,	John	M.	Keynes	teve	
também uma vida social muito ativa. Pertenceu ao famoso grupo de 
Bloomsburry, formado por intelectuais e aristocratas.
Em 1925 Keynes casou-se com a bailarina russa Lydia 
Lopokova,	mas	a	união	não	 resultou	em	filhos.	Keynes	 faleceu	em	
21	de	abril	de	1946,	em	decorrência	de	seu	terceiro	ataque	cardíaco.	
Ao	 contrário	 de	 Marx,	 Keynes	 acreditava	 que	 o	 capitalismo	 merecia	 ser	
“salvo”.	Para	tanto,	desenvolveu	modelos	teóricos	que	subsidiaram	as	autoridades	
19
Princípios Básicos 
de Economia e Finanças
 Capítulo 1 
governamentais a superar a Grande Depressão. Em linhas gerais, Keynes 
afirmava	que	a	depressão	e	o	desemprego	só	poderiam	ser	superados	mediante	
a intervenção estatal no sistema econômico.
Essa intervenção deveria ocorrer por meio do estímulo à Demanda 
Agregada, ou seja, ao consumo da sociedade. E esse estímulo ocorreria 
pela	 realização	 de	 gastos	 públicos	 que	 gerariam	 empregos	 e	 renda.	 	 Como	 a	
implementação	 dessas	 ideias	 implicava	 a	 realização	 de	 gastos	 públicos	 muito	
acima dos orçamentos governamentais, suas ideias sofreram fortes resistências. 
Mas,	como	se	mostraram	eficientes	no	combate	ao	desemprego	e	à	depressão,	
vêm	sendo	usadas	até	os	dias	atuais.	Em	 linhas	gerais,	pode-se	afirmar	que	o	
modelo de Capitalismo adotado pela grande maioria dos países no mundo atual, 
caracterizado pela forte intervenção Estatal em várias esferas da atividade 
produtiva, é fruto da implementação das ideias de Keynes, apresentadas na sua 
principal	obra,	“A	Teoria	Geral	do	Emprego,	do	Juro	e	da	Moeda”,	publicada	pela	
primeira vez em 1936.
Vimos, em linhas gerais, os principais aspectos da evolução do pensamento 
econômico na visão dos três principais economistas. Na próxima seção trataremos 
dos conceitos e dos objetivos da ciência econômica na atualidade. 
Atividade de Estudos: 
1)	 Pesquise	 na	 Internet	 uma	 pequena	 biografia	 dos	 economistas	
estudados	 nesse	 tópico	 e	 procure	 identificar	 em	 que	 contexto	
eles	 viveram.	Procure	 verificar	 como	os	problemas	econômicos	
enfrentados	em	cada	época	específica	foram	importantes	para	a	
formação das ideias desses economistas. 
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Objetivos	da	Ciência	Econômica
A Ciência Econômica, como já foi visto, busca compreender o funcionamento 
da Atividade Econômica. A partir de um estudo sistemático dos processos 
20
 Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos
de	 produção,	 distribuição	 e	 consumo	 de	 riquezas,	 os	 economistas	 buscam	
estabelecer	 leis	 e	 princípios	 econômicos	 que	 possam	 vir	 a	 ser	 utilizados	 para	
aprimorar, dinamizar e potencializar a própria Atividade Produtiva.
Mas	a	função	final	do	aprimoramento	e	da	dinamização	da	Atividade	Produtiva	
é	a	melhoria	da	qualidade	de	vida	de	toda	a	sociedade.	McGuigan;	Moyer;	Harris	
(2004)	define	produção	como	sendo	a	geração	de	um	bem	que	tenha	valor	para	
os compradores.
Embora os economistas muitas vezes sejam criticados por não considerar 
as	questões	sociais	em	seus	cálculos	matemáticos,	a	Economia	efetivamente	se	
preocupa com aspectos sociais. Mas a perspectiva da Economia, nesse aspecto, 
é	parcial.	Atualmente	se	considera	que	a	qualidade	de	vida	das	pessoas	dependa	
de um conjunto de fatores, entre eles os fatores materiais, religiosos, espirituais, 
afetivos, de convívio social, além de muitos outros. 
A preocupação social da Economia resume-se aos fatores 
materiais,	 ou	 seja,	 uma	 vez	 que	 essa	 ciência	 se	 preocupa	 com	 a	
geração	 de	 riquezas,	 e	 considerando	 que	 o	 acesso	 a	 um	 conjunto	
mínimo	 de	 riquezas	 é	 uma	 pré-condição	 para	 uma	 vida	 digna,	 a	
Economia se preocupa em como organizar o processo produtivo para, 
a partir de um conjunto relativamente limitado de recursos produtivos, 
produzir bens e serviços de forma a satisfazer, pelo menos em termos 
materiais, da melhor maneira possível, os membros de uma sociedade.
Dentro dessa perspectiva, a Ciência Econômica é conhecida 
como	a	 “Ciência	da	Escassez”,	pois	ela	parte	do	pressuposto	que	os	
recursos produtivos, necessários para a produção de bens e serviços, 
são escassos. 
Economia	 é,	 pois,	 a	 ciência	 que	 estuda	 as	 formas	 do	
comportamento humano resultantes da relação existente entre 
as	 ilimitadas	 necessidades	 a	 satisfazer	 e	 os	 recursos	 que,	
embora escassos, se prestam a usos alternativos. (ROBBINS, 
apud ROSSETTI, 1997, p. 52).
O termo escassez precisa ser entendido em termos relativos. Para 
os	 economistas,	 tudo	 o	 que	 não	 está	 prontamente	 disponível	 para	 o	
consumo de um indivíduo é relativamente escasso. Por isso existem 
bens mais ou menos escassos. Todo objeto passível de compra e venda 
possui algum grau de escassez. Objetos muito escassos tendem a ter 
um valor muito elevado. Bens com baixo grau de escassez costumam 
ter	valor	mais	baixo.	Objetos	que	não	têm	escassez	nenhuma	não	têm	
valor, e por isso não podem ser comercializados. O melhor exemplo de 
Para os 
economistas, 
tudo o que não 
está prontamente 
disponível para 
o consumo de 
um indivíduo é 
relativamente 
escasso. Por isso 
existem bens 
mais ou menos 
escassos. Todo 
objeto passível de 
compra e venda 
possui algum 
graude escassez. 
Objetos muito 
escassos tendem 
a ter um valor 
muito elevado. 
Bens com baixo 
grau de escassez 
costumam ter valor 
mais baixo. Objetos 
que não têm 
escassez nenhuma 
não têm valor, e por 
isso não podem ser 
comercializados.
21
Princípios Básicos 
de Economia e Finanças
 Capítulo 1 
bem	sem	nenhum	grau	de	escassez	é	o	ar	atmosférico,	que	existe	em	tamanha	
abundância	que	cada	ser	 vivo	pode	 retirar	 da	natureza	a	quantidade	suficiente	
para a manutenção de sua vida. Por isso, o ar não pode ser comprado e vendido. 
Mas	mesmo	nesse	caso,	para	algumas	necessidades	específicas,	alguns	gases	
atmosféricos já são comercializados, como o oxigênio, o hélio, o nitrogênio, entre 
outros.	Mas	estes	gases	somente	são	objeto	de	compra	e	venda	porque	não	é	
possível encontrá-los em estado puro na natureza.
Dessa forma, os recursos produtivos são considerados escassos. A mão 
de	 obra	 qualificada	 é	 claramente	 escassa	 num	 país	 como	 o	 Brasil.	 Mas,	 na	
perspectiva	 econômica,	 até	 a	 mão	 de	 obra	 de	 baixa	 qualificação	 possui	 um	
relativo	grau	de	escassez.	Obviamente	que	esse	grau	de	escassez	é	 inferior	à	
escassez	de	 trabalhadores	qualificados,	e	é	 justamente	por	 isso	que	a	mão	de	
obra	 de	 baixa	 qualificação	 recebe	 uma	 remuneração	 menor.	 Quanto	 maior	 o	
grau de escassez de um recurso, maior o seu valor. Portanto, a mão de obra de 
elevada	qualificação,	por	ser	mais	escassa,	tem	melhor	remuneração.	
O mesmo princípio é aplicado a todos os recursos produtivos: fontes 
energéticas, matérias- primas, recursos naturais utilizados nos processos 
produtivos,	máquinas	e	equipamentos,	tecnologias,	etc.	Por	exemplo,	o	petróleo	é	
um	recurso	natural	não	renovável	utilizado	como	fonte	energética.	À	medida	que	
vai	ficando	mais	escasso,	ou	seja,	à	medida	que	a	oferta	mundial	dos	produtores	
de	petróleo	encontra	maiores	dificuldades	para	atender	a	demanda	crescente	do	
mundo industrializado, em franca expansão, seu preço vai se elevando. 
Paralelamente ao fato de os recursos serem considerados escassos, 
as	 necessidades	 humanas	 são	 consideradas	 ilimitadas.	 A	 palavra	 “ilimitada”	
também deve ser entendida em termos relativos. Com a evolução da sociedade 
capitalista e com a melhoria generalizada do padrão de vida dos 
países	industrializados,	o	conjunto	de	bens	e	serviços	aos	quais	uma	
pessoa precisa ter acesso para ter uma vida considerada digna é muito 
maior	do	que	era,	 por	exemplo,	 durante	a	 Idade	Média.	Atualmente,	
uma	pessoa,	para	poder	viver	relativamente	bem,	e	ter	condições	de	
participar de forma ativa da sociedade, precisa ter acesso a níveis 
mínimos	 de	 educação,	 saúde,	 cultura,	 transporte,	 segurança,	 entre	
vários outros. Para usufruir desses serviços ela precisa ter um nível 
mínimo de renda. A produção desses bens e serviços exige a utilização 
de recursos produtivos escassos. 
Em sociedades primitivas, estruturalmente mais simples, as 
necessidades de seus integrantes eram mais modestas. Na complexa 
sociedade Capitalista dos dias atuais, as necessidades humanas são 
muito	grandes,	e	à	medida	que	o	capitalismo	evolui,	as	necessidades	
tendem a crescer ainda mais. 
Além disso, o 
Capitalismo estimula 
o consumismo, pois, 
fundamentalmente, 
o ciclo econômico 
no sistema 
capitalista depende 
do consumo. É o 
consumo que irá 
determinar o volume 
de produção, 
a geração de 
empregos e grande 
parte da distribuição 
de renda.
22
 Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos
Além disso, o Capitalismo estimula o consumismo, pois, fundamentalmente, 
o	ciclo	econômico	no	sistema	capitalista	depende	do	consumo.	É	o	consumo	que	
irá determinar o volume de produção, a geração de empregos e grande parte da 
distribuição de renda.
Portanto, os países capitalistas mais avançados são também os mais 
consumistas.	 Há,	 neles,	 uma	 constante	 busca	 por	 produtos	 mais	 sofisticados,	
tecnologicamente mais avançados, maiores e mais potentes. Os consumidores desses 
países	consideram	a	aquisição	desses	produtos	uma	necessidade	fundamental	para	
a	 elevação	 de	 sua	 qualidade	 de	 vida.	 Sem	 dúvida,	 muitas	 dessas	 necessidades	
podem	 ser	 consideradas	 supérfluas,	mas	 representam	mais	 um	 aspecto	 de	 quão	
relativo	deve	ser	o	entendimento	da	palavra	“necessidade”	em	Economia.	
Portanto,	considerando	que	as	necessidades	humanas	são	ilimitadas,	e	que	os	
recursos produtivos, necessários para a produção de bens e serviços, são escassos, 
tem-se	um	impasse.	Não	será	possível	produzir	bens	e	serviços	em	quantidades	
suficientes	para	atender	a	 todas	as	necessidades	de	 todas	as	pessoas.	Algumas	
pessoas	 poderão	 ter	 uma	 parcela	 bastante	 significativa	 de	 suas	 necessidades	
atendidas, mas esse privilégio não poderá ser garantido a todas as pessoas. 
Cada	sociedade	irá	definir	os	seus	critérios	de	distribuição	da	riqueza	gerada	
(bens e serviços), mas isso dependerá da orientação política e dos princípios 
ideológicos dominantes em cada nação. O pensamento econômico, como vimos 
no	 item	anterior,	pode	ser	 influenciado	por	princípios	 ideológicos,	adotando,	por	
vezes, posturas mais centralizadoras e estatizantes, e em outros momentos, mais 
liberais e mercadológicas. 
Figura 1 – Problemas econômicos fundamentais
Fonte: Kopelke (2006, p. 10).
23
Princípios Básicos 
de Economia e Finanças
 Capítulo 1 
De	qualquer	maneira,	 independente	de	orientação	 ideológica,	a	
Ciência Econômica buscará compreender os processos por meio dos 
quais	poderá	ser	realizada	a	melhor	alocação	possível	dos	escassos	
recursos produtivos existentes, de forma a maximizar a produção 
de	 riquezas	 de	 um	 determinado	 país.	 Dessa	 forma	 ela	 irá	 fornecer	
subsídios	 aos	 formuladores	 de	 políticas	 econômicas	 de	 forma	 que	
as	 ações	 governamentais	 conduzam	 o	 país,	 não	 apenas	 no	 rumo	
do crescimento econômico, mas no caminho do desenvolvimento 
econômico,	 o	 que	 implica	 melhora	 não	 apenas	 nos	 aspectos	
quantitativos	(de	produção,	emprego,	vendas,	etc.),	mas	também	em	
aspectos	qualitativos	(melhores	serviços	educacionais,	melhor	saúde,	
segurança	pública,	acesso	à	cultura	e	lazer,	etc.).
A	 figura	 1	 ilustra	 o	 dilema	 enfrentado	 pela	 Economia.	 Diante	
da incapacidade de atender às necessidades ilimitadas dos seres 
humanos, frente à escassez de recursos produtivos, cada sociedade 
deverá	 definir	 um	 conjunto	 de	 prioridades.	 Cada	 sociedade	 terá	 de	
lidar com os problemas econômicos fundamentais, ou seja, os principais aspectos 
relacionados	ao	processo	de	produção,	distribuição	e	consumo	de	riquezas:	o	que	
e	quanto	produzir,	como	produzir	e	para	quem	produzir.	
Cada país, em função de sua orientação político-ideológica e de seus 
governantes,	 irá	 resolver	 a	 questão	 de	 uma	 maneira	 específica.	 Mas	 cabe	 à	
Ciência	Econômica	fornecer	as	informações	e	o	suporte	teórico	para	uma	melhor	
tomada de decisão por parte das autoridades governamentais. 
Atividade de Estudos: 
1)	 Pesquise	 na	 internet	 informações	 a	 respeito	 dos	 recursos	
produtivos	estudados	nesse	tópico.	Verifique	se	esses	recursos	
são realmente escassos. Um bom indicador do grau de 
escassez desses recursos é o seu preço. Quanto mais caro 
um recurso, mais caro ele se torna. Por exemplo, o petróleo é 
um recurso produtivo fundamental para a sociedade moderna. 
Pesquise	o	que	está	acontecendo	com	o	preço	desse	 recurso	
nos	 últimos	 10	 anos.	 Faça	 a	 mesma	 avaliação	 com	 outros	
recursos produtivos (minério de ferro, água, terras raras, etc.). 
Após	seu	estudo,	verifique	com	seus	colegas	se	eles	chegaram	
a	conclusões	parecidas.	
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De qualquer 
maneira, 
independente 
de orientação 
ideológica, a Ciência 
Econômica buscará 
compreender os 
processos por meio 
dos quais poderá ser 
realizada a melhor 
alocação possível 
dos escassos 
recursosprodutivos 
existentes, de 
forma a maximizar 
a produção de 
riquezas de um 
determinado país.
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 Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos
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Riqueza	e	Moeda
Já	 foi	 demonstrado	 que	 a	 Ciência	 Econômica	 está	 profundamente	
relacionada	com	o	conceito	de	riqueza.	Também	é	de	conhecimento	geral	que,	
quando	 tratamos	de	assuntos	econômicos,	 a	 riqueza	costuma	ser	mensurada	
em	termos	monetários,	ou	seja,	a	 riqueza	é	medida	 tendo	por	parâmetro	uma	
moeda,	seja	ela	o	Real,	o	Dólar,	o	Euro,	a	Libra,	o	Yen,	ou	qualquer	outra	moeda	
do mundo.
Os	conceitos	de	 riqueza	e	moeda	estão	 tão	 intimamente	 relacionados	que	
boa	parte	da	população	considera	moeda	como	sinônimo	de	 riqueza.	
Segundo	 o	 senso	 comum,	 uma	 pessoa	 que	 consegue	 acumular,	 ao	
longo	da	vida,	uma	grande	quantidade	de	dinheiro	(moeda),	pode	ser	
considerada	uma	pessoa	rica,	ou	seja,	proprietária	de	uma	quantidade	
razoável	de	riquezas.
 
Embora a moeda possua a característica de funcionar como 
reserva	 de	 valor,	 o	 que	 lhe	 permite	 ser	 associada	 à	 riqueza	 em	
determinadas circunstâncias, a moeda não pode ser considerada a 
riqueza	propriamente	dita.	
Podemos considerar a moeda como um instrumento ou uma 
tecnologia desenvolvida pelos seres humanos para facilitar os 
processos de troca de bens, mercadorias e serviços, esses, sim, a 
verdadeira	riqueza	de	uma	nação.	
Podemos 
considerar a 
moeda como um 
instrumento ou 
uma tecnologia 
desenvolvida pelos 
seres humanos 
para facilitar os 
processos de 
troca de bens, 
mercadorias e 
serviços, esses, 
sim, a verdadeira 
riqueza de 
uma nação.
25
Princípios Básicos 
de Economia e Finanças
 Capítulo 1 
Um	 bem	 pode	 ser	 considerado	 uma	 riqueza	 na	 medida	 em	 que	 ele	 tem	
condições	 de	 satisfazer	 uma	 necessidade	 de	 uma	 pessoa.	 Um	 alimento,	 uma	
casa,	 um	automóvel,	 um	diamante,	 um	filme	projetado	no	 cinema,	um	 remédio	
para	 uma	 doença	 específica,	 uma	 peça	 de	 roupa	 da	 última	 moda.	 Todos	 são	
exemplos	de	riquezas,	pois	todas	essas	mercadorias	ou	serviços	têm	condições	
de atender a determinadas necessidades. 
Podemos	 questionar	 a	 qualidade	 da	 necessidade.	 Algumas	 necessidades	
são	fundamentais,	como	os	alimentos.	Outras	são	supérfluas,	como	as	roupas	de	
moda. Mas independente dessas características, elas atendem a determinadas 
necessidades	e	isso	as	qualifica	como	riquezas.	
Por	esse	motivo	a	 riqueza	de	um	país	é	medida	pelo	PIB	(Produto	 Interno	
Bruto),	indicador	que	mede	o	valor	total	da	produção	de	bens	e	serviços	realizados	
dentro das fronteiras do país ao longo de um ano. Ou seja, é um indicador baseado 
em	dados	relativos	a	volume	de	produção.	Observe	que	a	riqueza	do	país	não	é	
medida	pela	quantidade	de	moeda	em	circulação.	
Caso	 moeda	 fosse	 um	 sinônimo	 para	 riqueza,	 seria	 muito	 fácil	 acabar	
com	 a	 pobreza	 no	 mundo.	 Bastaria	 “produzir”	 moeda	 em	 grandes	
quantidades	 e	 distribuir	 aos	 pobres.	 Porém,	 todo	 país	 que	 tentou	
resolver o problema da pobreza dessa maneira criou problemas ainda 
maiores.	O	excesso	 de	moeda	gerou	 inflação,	 o	 que	 acentua	 ainda	
mais a desigualdade social. 
Isso	 ocorre	 porque	 a	 moeda,	 em	 si,	 não	 tem	 condições	 de	
satisfazer as necessidades humanas. A moeda não alimenta, mesmo 
que	 seja	 feita	 de	 ouro.	 Ninguém	 que	 tenha	 ingerido	 ouro	 teve	 sua	
fome saciada. A moeda é utilizada, em nossa civilização, como um 
instrumento	 de	 trocas,	 ou	 seja,	 ela	 é	 um	meio	 para	 atingir	 um	 fim.	
A	moeda	 é	 trocada	 por	 uma	mercadoria,	 e	 é	 a	 mercadoria	 que	 irá	
satisfazer a necessidade do indivíduo.
Os	 poucos	 países	 que	 tentaram	 combater	 a	 pobreza	 pela	
emissão de moeda criaram uma ilusão para a sua população. As 
pessoas, com dinheiro para gastar, tiveram, momentaneamente, a 
sensação de serem ricas. Mas ao tentarem trocar suas moedas por 
mercadorias, para buscar uma melhora no padrão de vida, perceberam 
que	 as	 demais	 pessoas	 do	 seu	 país	 também	 tinham	muito	 dinheiro	
para	gastar.	O	problema	é	que	não	havia	mercadorias	para	atender	
a todos (o conhecido problema da escassez de recursos diante de 
necessidades ilimitadas). Então os poucos vendedores passaram a 
vender	 suas	mercadorias	 para	 quem	oferecesse	mais	 pelo	 produto.	
A moeda é uma 
representação da 
riqueza. Ela é um 
instrumento utilizado 
pela sociedade para 
facilitar as trocas de 
riquezas e recursos 
produtivos entre 
os vários agentes 
econômicos. E 
esse instrumento 
de trocas passou 
por um longo 
processo evolutivo 
até chegar aos dias 
atuais, passando 
por fases como 
o de mercadoria-
moeda, metalismo, 
cunhagem, 
moeda-papel, até 
chegar aos modelos 
atualmente em uso, 
como o papel-
moeda e a moeda 
escritural.
26
 Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos
E	estava	criada	a	inflação.	Em	pouco	tempo,	a	moeda	perdia	o	seu	valor,	e	não	
servia mais para ser trocada por mercadorias. 
Por	 isso,	 o	 combate	 à	 pobreza	 passa	 necessariamente	 pela	 questão	 da	
ampliação	da	produção	de	bens	e	serviços,	da	melhoria	qualitativa	e	quantitativa	
dos	recursos	produtivos,	bem	como	da	questão	da	justiça	distributiva,	ou	seja,	dos	
critérios	de	distribuição	da	riqueza	gerada.	
Portanto,	a	moeda	é	uma	representação	da	 riqueza.	Ela	é	um	 instrumento	
utilizado	pela	sociedade	para	facilitar	as	trocas	de	riquezas	e	recursos	produtivos	
entre os vários agentes econômicos. E esse instrumento de trocas passou por um 
longo processo evolutivo até chegar aos dias atuais, passando por fases como 
o de mercadoria-moeda, metalismo, cunhagem, moeda-papel, até chegar aos 
modelos atualmente em uso, como o papel-moeda e a moeda escritural. 
De	modo	 geral,	 quanto	mais	 complexas	 as	 relações	 de	 produção	 de	 uma	
sociedade,	mais	abstrata	se	torna	a	sua	forma	de	moeda.	O	que	hoje	chamamos	
tecnicamente	 de	 moeda	 escritural,	 e	 que	 na	 prática	 representa	 o	 dinheiro	
depositado em contas-correntes, não passa de um impulso eletromagnético 
no	 disco	 rígido	 de	 um	 computador	 pertencente	 a	 uma	 instituição	 financeira.	
Tecnicamente	não	existe	na	forma	física.	Mas	o	que	dá	valor	a	esse	impulso	eletro-
magnético (algo extremamente abstrato para uma pessoa de uma sociedade 
pré-industrial) é a possibilidade de ele vir a ser trocado por papel (papel-moeda) 
e a possibilidade de esse papel- moeda vir a ser trocado por mercadorias 
propriamente ditas. 
WEATHERFORD,	 Jack.	 História do Dinheiro. São Paulo: 
Negócio Editora: 1999.
A	moeda	funciona	 também	como	 instrumento	de	medida	da	riqueza.	O	ser	
humano	 atribui	 valor	 à	 riqueza.	Alguns	 bens	 valem	 mais	 do	 que	 outros.	 Uma	
Ferrari	 vale	 mais	 que	 um	 Fusca.	 Alguns	 serviços	 valem	 mais	 que	 outros.	 O	
trabalho	de	um	cirurgião	cardíaco	é	mais	valorizado,	em	nossa	sociedade,	que	o	
de um contínuo de escritório. E o valor atribuído a cada bem ou serviço é sempre 
medido	em	termos	monetários.	O	próprio	PIB,	que	é	uma	medida	da	produção	dos	
mais variados produtos e serviços de um país, é contabilizado em uma moeda. 
Mas,	dentre	 todas	as	 funções	que	a	moeda	pode	exercer,	a	única	que	ela	
não	pode	exercer	de	forma	adequada	é	a	função	de	reserva	de	valor.	A	princípio,	
uma pessoa pode acumular moedaao longo da vida na expectativa de se tornar 
rica. Mas a moeda perde valor com o passar dos anos. Ela se desvaloriza com o 
passar	do	tempo	em	virtude	dos	efeitos	da	inflação.	Essa	deficiência	das	moedas	
27
Princípios Básicos 
de Economia e Finanças
 Capítulo 1 
pode	 ser	 em	 parte	 corrigida	 pelas	 instituições	 financeiras,	 como	 será	 visto	 no	
próximo tópico. 
	O	Papel	das	Instituições	
Financeiras
No	processo	de	produção,	distribuição	e	consumo	de	 riquezas,	a	partir	 de	
recursos escassos, as tarefas são divididas entre vários agentes econômicos. Se 
considerarmos um país como um sistema fechado, ou seja, se desconsiderarmos 
as	 relações	 com	 o	 exterior,	 é	 possível	 identificar	 três	 categorias	 de	 agentes	
econômicos:
• famílias (trabalhadores/consumidores);
• unidades de produção (empresas);
• Governo.
Caso	 a	 análise	 inclua	 as	 relações	 com	o	 exterior,	 as	 Famílias	 do	 exterior,	
assim como as Unidades de Produção de outros países, também devem ser 
consideradas. 
As	Famílias	são	compostas	por	 trabalhadores,	que	 fornecem	mão	de	obra	
(um recurso produtivo) para as Unidades de Produção. As Famílias também 
atuam como consumidoras dos bens e serviços produzidos pelas Unidades de 
Produção (empresas).
Figura	2	–	Interdependência	entre	os	fluxos
Fonte: Rossetti (1995, p 188).
28
 Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos
Uma	 representação	 esquemática	 dos	 fluxos	 de	 riquezas	 entre	 os	 agentes	
econômicos	pode	ser	observada	na	figura	2.	Pelo	esquema	é	possível	visualizar	
que	existem	dois	fluxos	funcionando	paralelamente.
No	 fluxo	 externo,	 que	 circula	 em	 sentido	 anti-horário,	 fluem	 as	 riquezas	
materiais	 e	 concretas	 produzidas	 pela	 sociedade.	 Na	 parte	 superior	 do	 fluxo	
externo, as Famílias encaminham recursos produtivos (mão de obra, terra, 
capital,	etc.)	para	as	Unidades	de	Produção.	Na	parte	inferior	do	mesmo	fluxo,	as	
Unidades de Produção encaminham bens e serviços acabados aos consumidores 
finais	(Famílias).
O	 fluxo	 interno	 (em	 sentido	 horário)	 é	 a	 contrapartida	 monetária	 das	
operações	 realizadas	 no	 fluxo	 externo.	 Na	 parte	 superior	 do	 fluxo	 interno,	 as	
Unidades de Produção remuneram as Famílias pelo uso dos recursos produtivos, 
por meio do pagamento de salários, juros, aluguéis e lucros. Na parte inferior do 
fluxo	 interno,	 as	 Famílias	 pagam	 às	 Unidades	 de	 Produção	 pela	 aquisição	 de	
bens	e	serviços	produzidos	por	estas	últimas.
As	 operações	 de	 troca	 (compra	 e	 venda)	 entre	 os	 agentes	 econômicos	
ocorrem no mercado. A compra e venda de recursos produtivos ocorre no Mercado 
de	Recursos	de	Produção.	A	compra	e	venda	de	bens	e	serviços	finais	acontece	
no Mercado de Bens e Serviços. 
Para	 entendermos	 o	 papel	 das	 instituições	 financeiras	 nesse	 processo	 é	
necessário	compreender	que	a	riqueza	não	é	igualmente	distribuída	entre	todos	
os agentes econômicos. Existem agentes econômicos com um excedente de 
renda. Ou seja, a renda desses agentes é superior aos seus gastos. Por outro 
lado existem agentes com falta de recursos. Por exemplo, algumas empresas 
podem	 ter	 projetos	 de	 ampliação	 da	 estrutura	 produtiva,	mas	 não	 dispõem	 de	
recursos	suficientes	para	implementar	os	investimentos	necessários.
É	 nesse	ponto	 que	 surge	 o	 papel	 das	 Instituições	Financeiras.	Elas	 serão	
responsáveis por captar os recursos excedentes da sociedade e disponibilizá-los 
aos	agentes	que	estiverem	dispostos	a	investi-los	na	atividade	produtiva.	
Como	as	Instituições	Financeiras	conseguem	captar	os	recursos	excedentes	
na	 sociedade?	 Já	 vimos	 que	 a	moeda	 não	 cumpre	 de	 forma	 adequada	 a	 sua	
função de reserva de valor, pois com o passar do tempo o seu valor vai sendo 
corroído	pela	inflação.	Por	isso	não	é	uma	atitude	racional,	por	parte	do	poupador,	
manter	seus	recursos	financeiros	excedentes	guardados	em	casa.	As	instituições	
financeiras	convencem	os	poupadores	a	aplicarem	seus	recursos	mediante	uma	
remuneração denominada de juro. O juro é um prêmio pago ao poupador pela 
Instituição Financeira por ter aberto mão do uso desta moeda para o consumo 
29
Princípios Básicos 
de Economia e Finanças
 Capítulo 1 
imediato	de	um	bem	ou	serviço.	O	juro	é	uma	compensação	financeira	paga	ao	
poupador	que	abriu	mão	de	satisfazer,	de	forma	imediata,	uma	necessidade	por	
meio do consumo. 
Ao mesmo tempo, a Instituição Financeira oferece os recursos captados a 
outros	agentes	dispostos	a	utilizar	 recursos	financeiros	de	 terceiros	para	atingir	
seus	objetivos.	O	empresário	 que	decidir	 pela	 tomada	de	um	empréstimo	para	
a concretização do investimento planejado terá de pagar juros pela utilização de 
recursos de terceiros. Para o tomador de empréstimos, o juro é uma penalização 
pelo	uso	de	recursos	alheios.	Normalmente,	quanto	maiores	as	somas	tomadas	
em	 empréstimo,	 quanto	maiores	 os	 prazos	 de	 uso	 dos	 capitais	 de	 terceiros,	 e	
quanto	maiores	os	riscos	envolvidos	na	operação,	maior	será	o	volume	de	juros	
cobrados	pelas	instituições	financeiras.
E é da diferença entre os juros cobrados dos tomadores de empréstimos e 
dos	juros	pagos	aos	poupadores,	que	no	mercado	é	chamado	de	“spread”,	que	as	
Instituições	financeiras	auferem	seu	lucro.	
Pode-se	 afirmar	 que	 a	 função	 das	 instituições	 financeiras	 é	 de	 primordial	
importância	para	o	adequado	funcionamento	do	Sistema	Econômico	Capitalista.	
O	economista	Britânico	John	Maynard	Keynes	(KEYNES,	1992)	 identificou	que,	
caso toda a renda gerada na sociedade não seja destinada ao consumo de bens e 
serviços,	a	Demanda	Agregada	(demanda	total)	da	sociedade	não	será	suficiente	
para	absorver	toda	a	produção	de	bens	e	serviços,	provocando	um	acúmulo	de	
estoques.	 Caso	 essa	 situação	 perdure	 por	muito	 tempo,	 o	 volume	 de	 estoque	
fica	muito	grande	e	as	empresas	são	obrigadas	a	 reduzir	o	 ritmo	de	produção,	
o	que	implica	demissões	de	funcionários.	Caso	as	demissões	ocorram	de	forma	
generalizada na sociedade, o volume total de renda disponível para consumo 
diminui,	o	que	provoca	nova	queda	no	consumo,	um	novo	aumento	de	estoques,	
e	um	novo	ciclo	de	demissões,	levando	o	país	a	entrar	num	ciclo	vicioso	que	pode	
culminar	numa	depressão	econômica	similar	à	que	aconteceu	com	o	
mundo	capitalista	nos	anos	30	do	século	XX.
As	Instituições	Financeiras,	ao	captarem	os	recursos	excedentes	
não	 destinados	 ao	 consumo,	 e	 disponibilizá-los	 a	 empresários	 que	
queiram	investir,	mantêm	os	recursos	financeiros	circulando	e	gerando	
demanda. Está aí mais um motivo para o capitalismo estimular o 
consumismo. O capitalismo precisa de demanda para funcionar, pois, 
sem demanda, não há consumo, não há vendas, nem produção, 
nem	emprego	e	nem	renda.	E	este	é	um	motivo	pelo	qual	o	consumo	
também é fonte de preocupação da Ciência Econômica. Sem 
consumo, sem demanda, o sistema não funciona.
As Instituições 
Financeiras, ao 
captarem os 
recursos excedentes 
não destinados 
ao consumo, e 
disponibilizá-los 
a empresários 
que queiram 
investir, mantêm os 
recursos financeiros 
circulando e gerando 
demanda.
30
 Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos
Portanto,	as	instituições	financeiras	prestam	um	serviço	fundamental	
ao funcionamento do sistema capitalista, permitindo a constante utilização 
dos	recursos	financeiros,	evitando	que	o	Fluxo	Circular	da	Renda	deixe	
de funcionar. 
Figura 3 – Fluxo circular da renda e do produto
Fonte: Adaptado de Froyen (2001, p. 95).
A	 figura	 3	 é	 uma	 ampliação	 da	 figura	 2.	 O	 fluxo	 externo	 da	 figura	 2	 foi	
suprimido	na	figura	3.		Paralelamente,	o	fluxo	interno	(monetário)	foi	ampliado	
de	forma	a	mostrar	os	vazamentos	e	as	injeções	de	recursos	no	fluxo	circular	
da renda.
Os	 vazamentos	 são	 representados	 pelos	 recursos	 financeiros	 adquiridos	
pelas	 famílias	 que	 não	 foram	 prontamente	 gastos	 com	 consumo.	 As	 injeções	
representam osmecanismos utilizados pelo sistema capitalista para redirecionar 
esses	recursos	financeiros	ao	sistema,	de	forma	a	manter	a	demanda	por	bens	e	
serviços sempre elevada.
Na	figura	3	é	possível	observar	que	a	poupança	é	vista	como	um	vazamento	
do	Fluxo	Circular	da	Renda.	Esses	recursos	financeiros	que	não	foram	utilizados	
para	o	consumo	não	geraram	demanda,	e	caso	nada	seja	feito,	põem	em	risco	o	
funcionamento de todo o sistema. 
A	 partir	 do	 momento	 em	 que	 as	 Instituições	 Financeiras	 captam	 esses	
recursos e os disponibilizam, via empréstimos, para a realização de investimentos 
produtivos, esses recursos voltam a gerar demanda para as Unidades de 
Produção, afastando o risco de crise por falta de demanda. 
Portanto, as 
instituições 
financeiras 
prestam um serviço 
fundamental ao 
funcionamento do 
sistema capitalista, 
permitindo a 
constante utilização 
dos recursos 
financeiros, 
evitando que o 
Fluxo Circular da 
Renda deixe de 
funcionar. 
31
Princípios Básicos 
de Economia e Finanças
 Capítulo 1 
Obviamente,	o	mesmo	processo	que	funciona	para	pessoas	jurídicas	funciona	
para	pessoas	físicas.	Um	indivíduo	que	tome	um	empréstimo	(via	financiamento,	
cheque	especial,	 ou	outro	 serviço	prestado	por	uma	 instituição	financeira)	para	
pagar	 uma	 dívida,	 ou	 para	 adquirir	 um	 produto,	 também	 contribui	 da	 mesma	
maneira para colocar em circulação os recursos excedentes de um terceiro, e 
dessa forma gerar demanda e estimular todo o sistema econômico. 
Os impostos pagos pelas famílias também são considerados vazamentos, 
na	medida	em	que	o	dinheiro	gasto	com	o	pagamento	de	impostos	não	pode	ser	
utilizado para o consumo. Porém, o governo, ao captar os recursos dos impostos 
e	redirecioná-los,	via	gastos	do	governo,	a	obras	e	serviços	públicos,	bem	como	
para	o	pagamento	do	funcionalismo	público,	volta	a	injetar	os	recursos	captados	
via impostos e volta a gerar demanda por bens e serviços no sistema econômico.
Finalmente, o mesmo raciocínio é válido para o setor externo. Um consumidor 
nacional,	 ao	 adquirir	 um	 produto	 importado,	 está	 direcionando	 parte	 da	 renda	
gerada internamente para fora do país. Portanto, o dinheiro gasto com produtos 
importados	 não	 gera	 demanda	 dentro	 do	 país.	 A	 aquisição	 de	 um	 produto	
importado ajuda a gerar demanda no país de origem do produto. Mas num mundo 
globalizado é impossível fechar as fronteiras aos produtos importados. Por isso, 
esse	vazamento	decorrente	das	importações	precisa	ser	corrigido	com	um	volume	
equivalente	 de	 exportações.	Um	produto	 nacional	 exportado	 injeta	 recursos	 no	
fluxo	circular	da	 renda.	Quando	um	produto	é	exportado,	a	 renda	externa	gera	
demanda por um produto nacional, estimulando a atividade econômica.
Atividade de Estudos: 
1)	 Nesta	 seção	 você	 viu	 que	 as	 Instituições	 Financeiras	 prestam	
um importante serviço ao funcionamento do Sistema Econômico 
Capitalista	na	medida	em	que	captam	os	recursos	excedentes	dos	
poupadores e os disponibilizam aos tomadores de empréstimos, 
que	os	utilizarão	para	a	realização	de	investimentos.	Dessa	forma,	
a Demanda Agregada do país é mantida num patamar elevado, 
o	 que	 é	 muito	 importante	 para	 a	 manutenção	 do	 crescimento	
econômico.	 Você	 viu	 também	 que,	 para	 captar	 os	 recursos	
excedentes	 dos	 poupadores,	 as	 instituições	 financeiras	 pagam	
uma determinada taxa de juros. E aos tomadores de empréstimos, 
as	 instituições	 financeiras	 cobram	 uma	 taxa	 de	 juros	 sobre	 os	
valores emprestados. A diferença entre a taxa de juros paga 
aos poupadores e a cobrada dos tomadores de empréstimos 
é chamada de “spread”.	 Pesquise	 na	 internet	 informações	 a	
32
 Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos
respeito do spread	 praticado	 pelas	 instituições	 financeiras	 no	
Brasil.	Verifique	se	esse	spread é mais elevado ou mais reduzido 
do	que	o	spread	praticado	pelas	instituições	financeiras	em	outros	
países.	Verifique	 também	quais	 as	 justificativas	das	 instituições	
financeiras	para	a	prática	desse	spread no Brasil. 
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Algumas	Considerações	
Neste	 capítulo	 você	 teve	 uma	 visão	 geral	 do	 que	 é	 economia,	 tanto	 em	
termos	de	atividade	produtiva,	quanto	como	concepção	científica.	Você	viu	que	
a Ciência Econômica passou por um longo processo evolutivo e os principais 
problemas econômicos de cada período histórico foram atacados com teorias 
de	 renomados	 economistas	 que	 contribuíram	para	 a	 construção	 dessa	 ciência.	
Vimos	que,	em	economia,	partimos	do	pressuposto	que	os	 recursos	produtivos	
são escassos. Por esse motivo, não é possível atender as necessidades de todas 
as pessoas do planeta. Dessa forma, todo país precisa estabelecer prioridades, 
definindo	quais	problemas	ele	irá	atacar	primeiro,	e	com	que	intensidade,	sempre	
levando	em	consideração	que	os	recursos	não	são	infinitos.	Foi	feita	uma	distinção	
muito	importante	entre	riqueza	e	moeda.	Mostrou-se	que	a	moeda	é,	em	grande	
parte,	uma	representação	da	riqueza.	Ela	 foi	criada	para	 facilitar	o	processo	de	
troca entre os agentes econômicos. Assim, pode-se considerar a moeda como 
uma	“tecnologia”	criada	pelos	homens	para	facilitar	a	troca	de	riquezas	entre	eles.	
Concluímos	o	capítulo	estudando	o	papel	das	Instituições	Financeiras	dentro	do	
contexto do Sistema Econômico como um todo.
33
Princípios Básicos 
de Economia e Finanças
 Capítulo 1 
No próximo capítulo estudaremos alguns dos instrumentos governamentais 
de intervenção e ajuste do Sistema Econômico. Serão estudadas três das mais 
importantes	 ações	 de	 políticas	 econômicas:	 política	 fiscal,	 política	monetária	 e	
política	cambial.	As	ações	tomadas	pelo	governo	nesses	campos	afetam	de	forma	
profunda	os	produtos	e	serviços	oferecidos	pelo	setor	financeiro.	
Referências	
FROYEN	Richard	T.	Macroeconomia. São Paulo: Saraiva, 2001.
GALBRAITH,	John	Kenneth.	1929: A Grande Crise. São Paulo: Ed. Larousse do 
Brasil, 2010. 
GALBRAITH,	John	Kenneth. A Era da Incerteza. São Paulo: Thomson Pioneira, 
1998.
HUNT, E. K. História do Pensamento Econômico.	Rio	de	Janeiro:	Campus,	
1987.
KEYNES,	John	Maynard.	A Teoria geral do emprego, do juro e da moeda. São 
Paulo: Atlas, 1ª edição, 1992. 328 p.
MARX,	Karl.	O Capital. São Paulo: Civilização Brasileira: 2008.
MARX,	Karl;	ENGELS,	Friedrich.	Manifesto do Partido Comunista. São Paulo: 
Martin Claret: 2002.
MCGUIGAN,	J.R.;	MOYER,	R.C.;	HARRIS,	F.H.D.	Economia de Empresas. São 
Paulo: Cengage, 2004.
ROSSETTI,	José	Paschoal.	Introdução à Economia. São Paulo: Atlas, 17º 
Edição, 1997.
SMITH, Adam. A riqueza das nações. São Paulo: Nova Cultural, 1988. Coleção 
Os Economistas.
VASCONCELLOS, Marco Antônio; GARCIA, Manuel E. Fundamentos de 
Economia. São Paulo: Saraiva, 2005.
http://www.livrariacultura.com.br/scripts/busca/busca.asp?avancada=1&titem=1&bmodo=&palavratitulo=&modobuscatitulo=pc&palavraautor=&modobuscaautor=pc&palavraeditora=THOMSON%20PIONEIRA&palavracolecao=&palavraISBN=&n1n2n3=&cidioma=&precomax=&ordem=disponibilidade
CAPÍTULO 2
Noções	de	Políticas	Econômicas
A partir da concepção do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintesobjetivos de aprendizagem:
 3 Apresentar os principais instrumentos de intervenção governamental sobre o 
sistema econômico. 
 3 Discorrer	sobre	os	mecanismos	de	implementação	de	uma	política	fiscal. 
 3 Compreender	o	processo	de	geração	de	uma	dívida	pública	e	os	
procedimentos	para	o	seu	financiamento. 
 3 Entender	a	relação	entre	o	processo	de	financiamento	da	dívida	pública	e	a	
oferta	de	títulos	públicos. 
 3 Identificar	os	mecanismos	de	política	monetária	e	compreender	o	seu	
funcionamento como instrumento de implementação de uma política 
econômica. 
 3 Perceber	a	relação	entre	as	ações	de	política	monetária	e	a	rentabilidade	de	
alguns	produtos	financeiros. 
 3 Compreender os diferentes mecanismos de administração da taxa de câmbio 
e	suas	implicações	sobre	o	valor	da	moeda	nacional. 
37
Noções de Políticas Econômicas Capítulo 2 
Contextualização
No	capítulo	anterior	 vimos	que,	 a	partir	 da	década	de	30	do	 século	XX	e,	
principalmente, após o término da II Guerra Mundial, os países capitalistas 
passaram por uma profunda transformação caracterizada pela crescente 
participação do Estado na condução dos assuntos econômicos. Nesse processo 
existem avanços e retrocessos, mas de modo geral ele continua até os dias atuais.
Uma das principais formas de intervenção do Estado na economia de um 
país ocorre pela implementação de políticas econômicas. Por política econômica, 
entende-se	o	conjunto	de	ações	adotadas	por	um	governo	destinadas	a	controlar	
algumas variáveis macroeconômicas de um país com vistas a objetivos 
pré-estabelecidos.	 Essas	 ações	 de	 política	 econômica	 estão	 embasadas	 e	
respaldadas pela Teoria Econômica.
Macroeconomia:	 é	 uma	 das	 grandes	 divisões	 da	 Ciência	
Econômica.	 A	 Macroeconomia	 preocupa-se	 em	 estudar	 questões	
econômicas	 que	 dizem	 respeito	 à	 economia	 de	 todo	 o	 país.	
Inflação,	 crescimento	 econômico,	 volume	 global	 de	 exportações	
e	 importações,	 nível	 de	 emprego/desemprego	 são	 exemplos	 de	
questões	 macroeconômicas.	 As	 questões	 macroeconômicas	 estão	
mais	 relacionadas	 ao	 setor	 público,	 pois	 é	 o	 governo	 que	 tem	
condições	de	fazer	intervenções	sobre	essas	variáveis.
Microeconomia: é a outra grande divisão do estudo econômico. 
A	 Microeconomia	 preocupa-se	 em	 estudar	 questões	 econômicas	
específicas	 dos	 agentes	 econômicos	 (empresas	 /	 famílias).	 A	
Microeconomia irá estudar o comportamento dos consumidores nas 
suas	decisões	de	consumo	e	os	empresários,	nas	suas	decisões	de	
investimentos produtivos. A Microeconomia também se preocupa em 
estudar	as	relações	econômicas	entre	as	empresas,	a	concorrência	
e	 a	 estrutura	 de	mercado.	Por	 isso,	 as	 questões	microeconômicas	
estão mais diretamente relacionadas ao setor produtivo (privado) da 
economia.
A política econômica de um governo é implementada por uma série de 
medidas, mas três categorias de medidas estão profundamente relacionadas ao 
mercado	financeiro.	São	elas:	Política	Fiscal,	Política	Monetária	e	Política	Cambial.
38
 Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos
Política	Fiscal
A	 Política	 Fiscal	 compreende	 o	 conjunto	 de	 ações	 de	 política	 econômica	
relacionadas	aos	gastos	públicos	e	aos	impostos	cobrados	pelo	governo.
a) Gastos Públicos
Uma das principais formas de intervenção do governo na economia ocorre 
por	meio	 dos	 gastos	 públicos.	O	 governo	 controla	 uma	 parcela	 significativa	 da	
riqueza	 gerada	 num	 país,	 e	 as	 decisões	 de	 como	 ela	 deve	 ser	 gasta	 podem	
funcionar no sentido de estimular a atividade econômica em diversos setores da 
sociedade.	Os	gastos	públicos	em	obras	de	infraestrutura	(habitação,	transportes,	
telecomunicações,	etc.)	e	na	prestação	de	serviços	variados	 (educação,	saúde,	
segurança	pública,	etc.)	 incrementam	a	demanda	agregada	na	medida	em	que	
geram mais empregos e renda. 
Desde	a	década	de	30	do	século	XX	os	economistas	conhecem	o	poder	dos	
gastos	públicos	no	estimulo	à	atividade	econômica.	Tanto	que	Keynes	(KEYNES,	
J.M.,	 1992)	 demonstrou	 ser,	 o	 gasto	 público,	 um	 dos	 principais	 instrumentos	
disponíveis	 para	 a	 recuperação	 de	 economias	 enfraquecidas	 por	 crises	 e	
depressões.	
Para	Keynes,	uma	das	principais	causas	de	crises	econômicas	é	a	queda	nos	
investimentos	 privados.	A	 classe	 empresarial,	 quando	 sente	 que	 o	 crescimento	
de seus negócios está ameaçado, entra num clima de pessimismo e reduz 
substancialmente o volume de investimentos. 
Esse é o comportamento normal dos empresários num sistema capitalista. 
Nenhum empresário é obrigado a investir num novo negócio se não há 
perspectiva de lucro. Mas se esse padrão de comportamento se estender a toda 
a	classe	empresarial,	a	queda	nos	investimentos	privados	pode	ser	muito	grande,	
o	que	compromete	a	formação	de	capital	(capacidade	produtiva)	e	a	geração	de	
empregos. 
Caso esse comportamento da classe empresarial persista por um período 
de tempo muito longo, o sistema econômico como um todo entra em crise. O 
pessimismo	 quanto	 ao	 futuro	 se	 espalha	 pela	 sociedade,	 o	 consumo	 cai,	 as	
vendas diminuem e a produção industrial despenca. Como resultado, as empresas 
começam	a	demitir	 funcionários	que,	sem	seu	salário,	 reduzem	ainda	mais	seu	
consumo,	agravando	a	crise	e	criando	um	ciclo	vicioso	que	aprofunda	cada	vez	
mais a depressão e o desemprego.
39
Noções de Políticas Econômicas Capítulo 2 
É	justamente	o	governo,	por	meio	dos	gastos	públicos,	que	tem	
o	poder	de	quebrar	esse	ciclo	vicioso	da	depressão	e	do	desemprego.	
Ao	 efetuar	 gastos	 públicos,	 realizando	 obras	 e	 fornecendo	 serviços	
à sociedade, o governo contrata funcionários, gerando renda. 
Esses	 funcionários,	com	a	 renda	 recém-adquirida,	 irão	destiná-la	ao	
consumo.	O	próprio	governo,	ao	realizar	obras	públicas,	irá	contratar	
serviços	da	iniciativa	privada.	(KEYNES,	1992).	
Dessa	 forma,	 o	 gasto	 público	 tem	 o	 poder	 de	 estimular	 o	
consumo de duas formas. A primeira, diretamente, pelo próprio 
consumo	do	governo	ao	adquirir	 bens	e	 serviços	do	 setor	 privado.	
A segunda, indiretamente, ao gerar renda, contratando funcionários 
públicos,	que	gastarão	seus	salários	adquirindo	bens	e	serviços	das	
empresas privadas. 
O aumento do consumo de bens e serviços oferecidos pelas 
empresas	 privadas	 provocado	 pelo	 aumento	 dos	 gastos	 públicos	
colabora no sentido de reduzir o pessimismo e aumentar o otimismo 
dos	empresários	que	percebem	a	elevação	nas	vendas	e	o	incremento	
de	seus	mercados.		À	medida	que	isso	ocorre,	eles	voltam	a	investir	e	
a	economia	volta	a	crescer.	Este	é	o	grande	papel	do	gasto	público	no	
estímulo à atividade econômica.
b) Impostos
Se	 os	 gastos	 públicos	 têm	 o	 poder	 de	 estimular	 a	 economia,	 deve-se	
perguntar	de	onde	vem	o	dinheiro	para	financiá-los.	A	resposta	é	dos	 impostos.	
Infelizmente não existem milagres em economia. O dinheiro gasto precisa vir de 
algum lugar, e ele vem principalmente do bolso dos contribuintes. 
Esse	fato	faz	com	que	a	cobrança	de	impostos	tenha	uma	profunda	influência	
sobre a demanda agregada, e, portanto, sobre a capacidade de consumo da 
sociedade. Caso o governo decida elevar a carga tributária, uma parte maior da 
renda	das	famílias	será	destinada	ao	pagamento	de	impostos,	o	que	desestimulará	
as vendas e o consumo. Por este motivo, a elevação de impostos é muitas vezes 
utilizada	como	um	mecanismo	de	controle	da	inflação.	
Carga Tributária: é o termo utilizado para designar o volume 
total de impostos pagos por uma sociedade ao governo de seu país. 
Normalmente é medido em relação ao Produto Interno Bruto – PIB. 
Por	exemplo:	quando	uma	manchete	de	 jornal	 informa	que	a	carga	
É justamente 
o governo, por 
meio dos gastos 
públicos, que tem 
o poder de quebrar 
esse ciclo vicioso 
da depressão e 
do desemprego. 
Ao efetuar 
gastos públicos, 
realizando obras e 
fornecendo serviços 
à sociedade, o 
governo contrata 
funcionários,gerando renda. 
Esses funcionários, 
com a renda 
recém-adquirida, 
irão destiná-la ao 
consumo. O próprio 
governo, ao realizar 
obras públicas, irá 
contratar serviços da 
iniciativa privada.
40
 Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos
tributária	do	Brasil	está	em	38%	do	PIB,	isso	significa	que	o	volume	
total de impostos pagos pelos brasileiros (nas esferas federais, 
estaduais	e	municipais)	equivale	a	38%	de	toda	a	riqueza	produzida	
no	país	ao	longo	de	um	ano.	Ou	seja,	de	cada	R$	100,00	de	riqueza	
gerada,	R$	38,00	irão	parar	nos	cofres	públicos.
Porém,	quando	o	governo	identifica	que	o	volume	de	produção	das	indústrias	
e	o	 ritmo	das	 vendas	estão	 caindo,	 colocando	em	 risco	um	grande	número	de	
empregos, ele pode agir em sentido contrário, reduzindo a carga tributária. 
Com um volume de impostos menor, as famílias têm mais recursos a serem 
direcionados para o consumo. O aumento do consumo, por sua vez, estimula as 
vendas e o emprego. 
Percebe-se,	 portanto,	 que	 existe	 um	 tênue	 limite	 entre	 dois	
problemas fundamentais nas economias modernas: o emprego e a 
inflação.	Caso	as	medidas	de	estímulo	ao	emprego	sejam	muito	fortes,	
o consumo aumenta muito, além da capacidade produtiva do país, o 
que	gera	inflação.	E	as	medidas	de	combate	à	inflação	são,	justamente,	
medidas	que	reduzem	o	volume	agregado	de	renda,	promovendo	uma	
diminuição do ritmo das vendas.
Então,	uma	das	principais	 funções	dos	 formuladores	de	políticas	
econômicas	 é	 administrar	 a	 economia	 de	 um	 país	 de	 forma	 que	
ela	 “caminhe”	 sobre	 essa	 tênue	 linha	 que	 demarca	 a	 inflação	 e	 o	
desemprego. Caso a economia penda para o lado do desemprego, o 
governo precisa estimular o crescimento econômico. Caso ela venha 
a	pender	para	o	 lado	da	 inflação,	a	ação	correta	será	desestimular	o	
consumo excessivo. 
Tanto	 o	 desemprego	 quanto	 a	 inflação	 trazem	 instabilidade	
econômica e são nocivos ao crescimento econômico sustentável a 
longo prazo. Um volume de desemprego muito grande traz pessimismo 
aos consumidores e à classe empresarial. Os consumidores reduzem 
ainda	mais	suas	compras,	tentando	poupar	para	os	tempos	difíceis	que	
estão por vir. Os empresários, preocupados com a redução das vendas, 
reduzem seus investimentos, fecham unidades produtivas e demitem 
funcionários. 
De	modo	semelhante,	uma	inflação	muito	elevada	é	prejudicial	ao	
sistema	econômico	por	uma	série	de	fatores.	Uma	das	principais	é	que	a	inflação	
tem a capacidade de corroer o poder de compra dos assalariados, acentuando 
Então, uma das 
principais funções 
dos formuladores 
de políticas 
econômicas é 
administrar a 
economia de um 
país de forma 
que ela “caminhe” 
sobre essa tênue 
linha que demarca 
a inflação e o 
desemprego. 
Caso a economia 
penda para o lado 
do desemprego, 
o governo 
precisa estimular 
o crescimento 
econômico. 
Caso ela venha 
a pender para o 
lado da inflação, a 
ação correta será 
desestimular o 
consumo excessivo.
41
Noções de Políticas Econômicas Capítulo 2 
as disparidades sociais e aumentando a diferença entre ricos e pobres. Mas um 
dos	 principais	 fatores	 negativos	 da	 inflação	 é	 que,	 quando	 ela	 atinge	 valores	
muito	 elevados,	 o	 poder	 de	 previsão	 dos	 empresários	 quanto	 à	 rentabilidade	
futura	 de	 novos	 empreendimentos	 fica	 seriamente	 prejudicado.	 Ao	 mesmo	
tempo,	o	sistema	financeiro	passa	a	oferecer	uma	série	de	produtos	financeiros	
lastreados	com	títulos	corrigidos	pelos	índices	de	inflação.	Isso	faz	com	que,	na	
visão do empresário, o investimento produtivo seja considerado muito arriscado, 
e	o	 investimento	financeiro,	perfeitamente	seguro,	uma	vez	que	este	último	fica	
protegido	dos	efeitos	da	inflação.	
Por	 consequência,	 uma	 inflação	 muito	 elevada	 estimula	 o	 que	 a	 mídia	
brasileira	 convencionou	 chamar	 de	 “ciranda	 financeira”,	 que	 nada	 mais	 é	 do	
que	o	investimento	de	vultosos	recursos	em	produtos	financeiros	que	não	têm	o	
poder de estimular a produção e a renda. Apenas o investimento produtivo tem a 
capacidade	de	estimular,	de	forma	significativa,	a	produção,	o	emprego,	a	geração	
de renda e a ampliação da capacidade produtiva do país. 
No mundo capitalista moderno, não é possível abrir mão do sistema 
financeiro,	 bem	 como	 dos	 produtos	 e	 serviços	 oferecidos	 por	 esse	 importante	
segmento	 do	 sistema	 econômico.	 Mas	 é	 preciso	 ter	 em	 mente	 que	 emprego,	
renda	e	ampliação	da	capacidade	produtiva	(que	é	importante	para	a	ampliação	
do PIB) somente são obtidos com a priorização dos investimentos produtivos. 
Por isso é fundamental, para a boa gestão do sistema econômico, para a 
manutenção da estabilidade econômica e para a manutenção de expectativas 
otimistas	 entre	 empresários	 e	 consumidores,	 que	 o	 governo	 de	 um	 país	
mantenha	 sua	 economia	 sobre	 essa	 linha	 imaginária	 que	 demarca	 a	 inflação	
(excesso de consumo) de um lado e o desemprego (falta de consumo) de outro. 
Esses	“monstros”	precisam	ser	evitados	para	que	o	país	 tenha	perspectivas	de	
crescimento a longo prazo. 
c) Dívida Pública e o seu financiamento
Até	meados	dos	anos	trinta	do	século	XX	imperava,	entre	os	economistas,	
a	 noção	de	que	o	Estado	deveria	 gastar	 um	volume	de	 recursos	 equivalente	
ao montante arrecadado de impostos. Essa visão era respaldada pelas ideias 
dos	 economistas	 neoclássicos	 que	 defendiam	 uma	 reduzida	 intervenção	 do	
Estado	na	Economia.	Essa	visão	permitia,	sem	dúvida,	uma	boa	administração	
das	 contas	 públicas,	 mas	 reduzia	 a	 capacidade	 administrativa	 do	 Estado,	
pois limitava sensivelmente sua capacidade de intervenção e condução das 
questões	econômicas.
42
 Fundamentos de Economia, Mercado de Capitais e Investimentos
Mas com a Grande Depressão Econômica dos anos 30, as economias 
capitalistas (Estados Unidos e Europa) sentiram a necessidade de uma 
intervenção mais consistente do Estado. Houve então a necessidade do 
aparelhamento	 do	 Estado,	 com	 a	 criação	 de	 diversas	 empresas	 públicas,	 que	
resultaram	no	crescimento	significativo	de	seus	gastos.	
A	 própria	 intervenção	 com	 a	 realização	 de	 obras	 públicas	 provocava	 um	
crescimento acentuado dos gastos do governo. E, em período de depressão 
econômica, esse aumento dos gastos do governo não pode ser compensado com 
um	aumento	nos	 impostos,	pois	a	depressão	ocorre	pela	queda	significativa	no	
consumo, nas vendas e na produção. Aumentar impostos nesse contexto seria 
reduzir ainda mais a capacidade de consumo da sociedade, agravando ainda 
mais a crise. 
A	 solução	 encontrada	 foi	 o	 aumento	 dos	 gastos	 públicos	 financiados	 com	
o endividamento do Estado. Esse procedimento, estimulado pelas ideias do 
economista	britânico	J.	M.	Keynes,	encontrou,	no	início,	muita	resistência	por	parte	
dos governantes de modo geral, pois gastar além da arrecadação justamente em 
época de crise econômica parecia um contrassenso. Mas as políticas de estímulo 
à	reconstrução	da	Europa	após	a	II	Guerra	Mundial	mostraram	que	essas	políticas	
eram	eficientes	para	combater	o	desemprego.
Essas políticas funcionaram muito bem a partir dos anos 50 e foram 
responsáveis	por	quase	três	décadas	de	crescimento	contínuo	do	capitalismo	em	
todo	o	mundo.	O	endividamento	público	 também	crescia	na	mesma	proporção,	
mas era administrável. As primeiras crises só voltaram a ocorrer a partir dos anos 
70,	com	os	sucessivos	choques	do	petróleo.	
Atualmente,	 todo	 país	 capitalista	 possui	 uma	 dívida	 pública,	 fruto	 de	 seus	
gastos	 excessivos	 decorrentes	 da	 intervenção	 no	 sistema	 econômico.	Ao	 final	
da	 primeira	 década	 do	 século	 XXI,	 esses	 países	 começam	 a	 enfrentar	 outro	
problema. O endividamento excessivo vem comprometendo parcelas crescentes 
dos recursos arrecadados de impostos com o pagamento de juros. Quanto maior o 
grau de endividamento de um país, maiores serão seus custos com a manutenção 
dessa dívida, pois maiores serão

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