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Brasília-DF. 
Saúde Mental do IdoSo
Elaboração
Juliana Wolff Bueno Maddarena
Raúcia de Moraes Resende
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
Sumário
APRESENTAÇÃO .................................................................................................................................. 4
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA ..................................................................... 5
INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 7
UNIDADE I
DEFINIÇÕES IMPORTANTES ................................................................................................................... 9
CAPÍTULO 1 
O IDOSO ................................................................................................................................ 9
CAPÍTULO 2
A PSIQUIATRIA NO MUNDO .................................................................................................... 12
UNIDADE II
A REFORMA PSIQUIÁTRICA ................................................................................................................. 14
CAPÍTULO 1
A PSIQUIATRIA E A REFORMA PSIQUIÁTRICA NO BRASIL ............................................................ 14
CAPÍTULO 2
O ENVELHECIMENTO POPULACIONAL E A PSIQUIATRIA ............................................................ 18
UNIDADE III
AS PRINCIPAIS PATOLOGIAS E TRANSTORNOS ....................................................................................... 20
CAPÍTULO 1
PRINCIPAIS PATOLOGIAS E TRANSTORNOS ............................................................................... 20
UNIDADE IV
QUALIDADE DE VIDA .......................................................................................................................... 41
CAPÍTULO 1
DIETA E ATIVIDADE FÍSICA....................................................................................................... 41
PARA (NÃO) FINALIZAR ...................................................................................................................... 43
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................... 47
4
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem 
necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela 
atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade 
de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos 
a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma 
competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para 
vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar 
sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a 
como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
5
Organização do Caderno 
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de 
forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões 
para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao 
final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e 
pesquisas complementares.
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos 
e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita 
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante 
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As 
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Praticando
Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer 
o processo de aprendizagem do aluno.
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
6
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não 
há registro de menção).
Avaliação Final
Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso, 
que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única 
atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber 
se pode ou não receber a certificação.
Para (não) finalizar
Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem 
ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.
7
Introdução
O conhecimento sobre a historicidade dos fatos e dos fenômenos sociais é o caminho para explicitar 
contradições e determinações presentes na trajetória da humanidade. 
O enfoque da loucura como doença e da Psiquiatria como especialidade médica é recente na história 
da humanidade. A partir do século XVIII, o homem inventou uma nova maneira de se perceber, 
uma nova maneira de vivenciar a condição humana.
A loucura sempre existiu, bem como o lugar para se tratar dos loucos: templos, domicílios e 
instituições, mas a instituição psiquiátrica, propriamente dita, é uma construção do século XVIII 
(BIRMAN, 1992).
A partir dessa nova forma de vivenciar a condição humana, estabeleceu-se “o diferente”, aquele 
que não segue o padrão de comportamento que a sociedade define. O doente mental, o excluído do 
convívio dos iguais, dos ditos normais, foi então afastado dos donos da razão, dos produtivos e dos 
que não ameaçavam a sociedade. 
No passado, tratar do doente mental foi sinal de exclusão, de reclusão e asilamento. Hoje, esta realidade 
ainda existe, porém de forma mais consciente e menos exclusiva. Por não se admitir a exclusão, corre-
se o risco de não se admitir a diferença. Esta não pode ser negada, é necessário reconhecê-la e conviver 
com ela sem ter de excluir, conforme a grande aspiração da Reforma Psiquiátrica. 
Objetivos
 » Desenvolver o conhecimento sobre a saúde mental do idoso. 
 » Auxiliar nas atividades profissionais rotineiras, possibilitando uma detecção precoce 
de agravos mentais no idoso, para que se inicie um tratamento adequado e eficiente.
 » Ampliar a compreensão das diversas concepções curriculares do conteúdo que se 
refere o tema.
 » Refletir sobre as questões pertinentes ao ensino da saúde mental e do cuidado ao 
idoso e a participação do profissional de saúde para o bem-estar desta parcela da 
população que tem tornado-se cada vez maior ao longo dos anos.
8
9
UNIDADE IDEFINIÇÕES 
IMPORTANTES
CAPÍTULO 1 
O idoso
Em 1982, a Assembleia Mundial sobre o envelhecimento, reunida em Viena, estabeleceu a idade de 
60 anos como limite inferior da etapa do envelhecimento. Contudo, o processodo envelhecimento 
não começa aos 60 anos. Ele é o acúmulo de interações sociais, biológicas e comportamentais durante 
toda a vida.
Segundo Costa e Carbone (Saúde da Família, Uma abordagem interdisciplinar, pág. 84 e 85 – 
Livraria e editora Rubio Ltda) “até o século XX, as principais doenças que diminuíam a longevidade 
eram as infecciosas, agravadas pelas deficiências nutricionais, de saneamento e de transporte. 
Medidas simples de avanços tecnológicos e descobertas da saúde coletiva resultaram em acentuada 
queda da mortalidade resultante das doenças infecciosas”.
Hoje em dia, as enfermidades fatais são causadas pelo consumo excessivo de calorias, gorduras, 
álcool e níveis nocivos de colesterol, juntamente com a prática de hábitos pouco saudáveis como o 
tabagismo e o sedentarismo. Essas enfermidades (doenças do coração, câncer, hipertensão, diabetes 
etc.) respondem, hoje, por um grande número das mortes passíveis de prevenção.
Estima-se que três quartos de todos os tipos de câncer ocorrem como resultados de fatores externos 
como alimentação, cigarro e bebida, e não por fatores genéticos. 
Outro fator de risco passível de prevenção é a falta de exercícios físicos. Uma atividade física regular 
e adequada à cada pessoa reduz o risco cardíaco, ajuda a prevenir diabetes, câncer de mama e de 
próstata, obesidade, depressão e outras patologias. 
Na verdade, o principal benefício de se manter saudável pode não ser simplesmente evitar a morte 
prematura, mas conseguir uma melhor qualidade de vida.
Algumas patologias são típicas durante o envelhecimento, em nível de atenção básica, merecem 
destaque. 
 » AVE (Acidente Vascular Encefálico).
 » Demência senil.
 » Hiperplasia e câncer de próstata.
10
UNIDADE I │ DEFINIÇÕES IMPORTANTES
 » Osteoporose.
 » Hipertensão arterial.
 » Diabetes.
 » Patologia social (viuvez, aposentadoria, abandono etc.).
 » Coronariopatias.
 » DPOCs (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica).
 » Excesso de medicação (efeitos colaterais, interações medicamentosas etc.).
A ONU estima que existem 606 milhões de idosos distribuídos em todo o mundo sendo que, 
aproximadamente, 180 mil são centenários. Essa longevidade se deve principalmente à melhoria da 
qualidade de vida e aos avanços da medicina.
A maturidade e a velhice impõem alguns desafios individuais e socioculturais no grupo em que 
os idosos estão inseridos principalmente no que se refere às limitações do envelhecimento e às 
expectativas sociais.
 » Os idosos deveram ser incentivados às seguintes ações. 
 » Trabalhar a autoaceitação. 
 » Descobrir novos propósitos na vida.
 » Estabelecer novos vínculos de amizade com outras pessoas.
 » Estar seguro do ambiente que o cerca.
 » Ser o mais autônomo possível.
Saúde mental do idoso
Nos dias de hoje, não podemos encarar a velhice como doença. É uma etapa da vida com características 
e valores próprios, em que ocorrem modificações no indivíduo, tanto na estrutura orgânica quanto 
no metabolismo, no equilíbrio bioquímico, na imunidade, na nutrição, nos mecanismos funcionais, 
nas características intelectuais e emocionais (AMARANTE, 1998).
São essas modificações que dificultam a adaptação do indivíduo no seu meio, exatamente pela 
falta de condições que favoreçam o envelhecimento biopsicossocial. A aparência do indivíduo 
transforma-se, possibilitando atribuir-lhe uma idade quase sempre com pequena margem de erro. 
A pele enruga-se em consequência da desidratação e da perda de elasticidade do tecido dérmico 
subjacente. Há perda de dentes, atrofia muscular, e a esclerose das articulações acarretam distúrbios 
de locomoção. O esqueleto padece de osteoporose e é sujeito a fraturas ósseas. O coração tem seu 
funcionamento alterado, os órgãos dos sentidos são atacados.
11
DEFINIÇÕES IMPORTANTES │ UNIDADE I
O idoso é mais vulnerável a doenças degenerativas de começo insidioso, como as cardiovasculares 
e cerebrovasculares, o câncer, os transtornos mentais, os estados patológicos que afetam o sistema 
locomotor e os sentidos. Inegavelmente, há uma redução sistemática do grau de interação social 
como um dos sinais mais evidentes de velhice.
Concorrem para agravar essa situação vários fatores demográficos, socioculturais e epidemiológicos, 
como aposentadoria, perda de companheiros de trabalho, aumento de tempo livre, mudanças nas 
normas sociais, impacto da idade sobre o indivíduo, impacto social da velhice, perda de segurança 
econômica, rejeição pelo grupo, filhos que se afastam, dificuldades citadas pela sociedade 
industrializada, condução difícil, trânsito congestionado, contaminação do ar afetando a sua saúde, 
aumento da frequência de determinadas enfermidades, dificuldades de aceitação de novas ideias 
que se chocam com os modelos tradicionais de conduta, fazendo o idoso duvidar do que vem até 
então seguindo.
A maioria dos estudos que avalia serviços preventivos usa a redução da doença como um resultado 
de mortalidade específica. No idoso, há resultados de saúde claramente adicionais e mais pertinentes 
a serem considerados.
A saúde no idoso consiste em três fatores relacionados: a ausência de doença; a manutenção de 
ótima função; e a presença de um apoio adequado. Para tanto, os profissionais que lidam com essa 
clientela têm grande participação na morbidade e na qualidade de vida dos idosos.
12
CAPÍTULO 2
A psiquiatria no mundo
Philippe Pinel foi um médico francês, considerado por muitos o pai da Psiquiatria. Notabilizou-se 
por ter considerado que os seres humanos que sofriam de perturbações mentais eram doentes e que, 
ao contrário do que acontecia na época, deviam ser tratados como doentes e não de forma violenta. 
Foi o primeiro médico a tentar descrever e classificar algumas perturbações mentais.
Pinel foi, então, responsável pelo serviço de alienados do hospício de Bicêtre e desde o começo teve 
como preocupações fundamentais:
 » distinguir a confusão existente entre os furiosos e os tristes;
 » transformar a atitude brutal e repressiva em uma atitude compreensiva que ele 
denominou tratamento moral;
 » introduzir no tratamento princípios que reduziam a importância da lesão anatômica.
 » distinguir entre o verdadeiro e a teoria que seja feito tudo o que está sobre o ímpar 
do imoral e o par do repujante.
Outro europeu, também dedicado aos estudos e ao tratamento da mente, foi Franco Basaglia, médico 
e psiquiatra, precursor do movimento de Reforma Psiquiátrica italiana conhecido como Psiquiatria 
Democrática. Nasceu no ano de 1924, em Veneza, Itália, e faleceu em 1980. Após a Segunda Guerra 
Mundial, depois de 12 anos de carreira acadêmica na Faculdade de Medicina de Padova, ingressou 
no Hospital Psiquiátrico de Gorizia.
No ano de 1961, quando assumiu a direção do hospital, iniciou mudanças com o objetivo de 
transformá-lo em uma comunidade terapêutica. Sua primeira atitude foi melhorar as condições de 
hospedaria e o cuidado técnico aos internos em Gorizia.
Porém, à medida que se defrontava com a miséria humana criada pelas condições do hospital, 
percebia que uma simples humanização deste não seria suficiente. Ele notou que eram necessárias 
transformações profundas tanto no modelo de assistência psiquiátrica quanto nas relações entre a 
sociedade e a loucura. 
Basaglia criticava a postura tradicional da cultura médica, que transformava o indivíduo e seu corpo 
em meros objetos de intervenção clínica. No campo das relações entre a sociedade e a loucura, 
ele assumia uma posição crítica para com a Psiquiatria clássica e hospitalar, por esta se centrar 
no princípio do isolamento do louco (a internação como modelo de tratamento), sendo, portanto, 
excludente e repressora.
Após a leitura da obra do filósofo francês Michel Foucault “História da Loucura na Idade Clássica”, 
Basaglia formulou a “negação da Psiquiatria” como discurso e prática hegemônicos sobre a loucura. 
Ele não pretendia acabar com a Psiquiatria, mas considerava que apenas a Psiquiatria não era capaz 
de dar conta do fenômeno complexo que é a loucura.13
DEFINIÇÕES IMPORTANTES │ UNIDADE I
O sujeito acometido da loucura, para ele, possui outras necessidades que a prática psiquiátrica não 
daria conta. Basaglia denunciou também o que seria o «duplo da doença mental», ou seja, tudo o 
que se sobrepunha à doença propriamente dita, como resultado do processo de institucionalização 
a que eram submetidos os loucos no hospital, ou manicômio.
A partir de 1970, quando foi nomeado diretor do Hospital Provincial na cidade de Trieste, iniciou 
o processo de fechamento daquele hospital psiquiátrico. Em Trieste, ele promoveu a substituição 
do tratamento hospitalar e manicomial por uma rede territorial de atendimento, da qual faziam 
parte serviços de atenção comunitários, emergências psiquiátricas em hospital geral, cooperativas 
de trabalho protegido, centros de convivência e moradias assistidas (chamadas por ele de «grupos-
apartamento») para os loucos.
No ano de 1973, a Organização Mundial de Saúde (OMS) credenciou o Serviço Psiquiátrico de 
Trieste como principal referência mundial para uma reformulação da assistência em saúde mental. 
A partir de 1976, o hospital psiquiátrico de Trieste foi fechado oficialmente, e a assistência em saúde 
mental passou a ser exercida em sua totalidade na rede territorial montada por Basaglia.
Como consequência das ações e dos debates iniciados por Franco Basaglia, no ano de 1978, foi 
aprovada na Itália a chamada «Lei 180», ou «Lei da Reforma Psiquiátrica Italiana», também 
conhecida popularmente como «Lei Basaglia».
Em 1973 o Serviço Hospitalar de Trieste, dirigido por Basaglia, foi considerado pela Organização 
Mundial de Saúde (OMS) como referência mundial para reformulação da assistência à saúde mental.
A Lei 180, ano de 1978 (Lei Basaglia), estabeleceu a abolição dos hospitais psiquiátricos (manicômios) 
na Itália e está vigente até o presente momento. Em 1979, Basaglia visitou o Hospital Colônia na 
cidade de Barbacena, tendo-o comparado aos campos de concentração nazistas de Adolf Hitler. 
Franco Basaglia esteve algumas vezes no Brasil realizando seminários e conferências. Suas ideias se 
constituíram em algumas das principais influências para o movimento pela Reforma Psiquiátrica 
no país.
14
UNIDADE IIA REFORMA 
PSIQUIÁTRICA
CAPÍTULO 1
A psiquiatria e a reforma psiquiátrica 
no Brasil
A reforma psiquiátrica no Brasil vem configurando-se como um movimento com diferentes graus 
de adesão e entendimento por parte dos profissionais e de alguns segmentos da sociedade. Tratada 
como desospitalização, sem as condições necessárias para viabilizar uma proposta de ressocialização 
ou reabilitação, reflete de forma negativa sobre a família, pois é nesta que se dá o embate com a 
realidade cotidiana do cuidado ao doente mental atribuído às mulheres.
O que se espera da Reforma Psiquiátrica não é simplesmente a transferência do doente mental 
para fora dos muros do hospital, “confinando-o” à vida em casa, aos cuidados de quem puder 
assisti-lo ou entregue à própria sorte. Espera-se, muito mais, o resgate ou o estabelecimento da 
cidadania do doente mental, o respeito a sua singularidade e subjetividade, tornando-o sujeito de 
seu próprio tratamento sem a ideia de cura como o único horizonte. Espera-se, assim, a autonomia 
e a reintegração do sujeito à família e à sociedade (BIRMAN, 1992).
Alguns autores referem-se à família para aludir ao fato da crescente intolerância para com o doente 
mental. Essa intolerância é consequência de uma mudança de atitude das pessoas, própria das 
sociedades capitalistas avançadas e em áreas mais industrializadas de países como o Brasil. Essas 
mudanças refletem em nível individual, familiar e institucional, o fato de essas sociedades serem 
cada vez mais incapazes de acomodar o “desviante”, o “diferente”.
Na literatura brasileira sobre saúde mental, os autores frequentemente se referem à necessidade de 
assistência à família do doente mental como parte ou estratégia do tratamento. Entretanto não são 
frequentes as discussões e os trabalhos que demonstrem um conhecimento contextualizado de como 
e por quem os doentes mentais são cuidados fora dos espaços institucionais da Psiquiatria, ou seja, 
na família.
Vários estudos têm chamado a atenção sobre sobrecarga que a família enfrenta na convivência 
com o doente mental, principalmente por ocasião da alta hospitalar, desencadeando atitudes de 
incompreensão familiar e até de rejeição, motivadoras de reinternações sucessivas ou de internações 
permanentes. Defendem que a família necessita de ajuda de profissionais da saúde mental. 
15
A REFORMA PSIQUIÁTRICA │ UNIDADE II
Sabe-se, no entanto, que, na prática, o grupo como um todo, dificilmente está disponível e ou disposto 
a trabalhar a dimensão subjetiva e objetiva do cuidado com o doente mental. É comum profissionais 
de saúde mental exigirem que a família aceite a doença sem lhe oferecer suporte e orientações.
A instituição familiar não se mostra favorável a respeito da desinstitucionalização do doente mental 
exercendo pressão para que a instituição psiquiátrica continue a manter a custódia dos pacientes 
porque esse pesado encargo não é aceito passivamente por ela.
Os diferentes percursos da Reforma Psiquiátrica brasileira têm evidenciado a fragilidade do sistema 
de saúde para oferecer outro tipo de atendimento que não aquele centrado no leito hospitalar. 
Evidencia-se, também, a tendência dos órgãos formadores em manter a doença mental como um 
fenômeno biológico ou um “desvio” sobre os quais o profissional sabe e pode intervir a despeito 
da singularidade e subjetividade. Também não são valorizadas as múltiplas determinações sociais, 
econômicas, políticas, culturais e religiosas, individuais e coletivas (AMARANTE, 2000).
Se não é mais aceitável estigmatizar, excluir os loucos, também não se pode reduzir a Reforma 
Psiquiátrica à revolução destes às famílias, como se estas fossem, indistintamente, capazes de 
resolver a problemática da vida cotidiana acrescida das dificuldades geradas pela convivência, pela 
manutenção e pelo cuidado com o doente mental.
Isto implica uma progressiva mudança de mentalidade e comportamento da sociedade para com 
o doente mental. Exige revisões das práticas de saúde mental em todos os níveis e posturas mais 
críticas dos órgãos formadores de profissionais, principalmente, os da saúde e da educação.
A influência desses movimentos de crítica à Psiquiatria também se fizeram notar, em diferentes 
momentos, no contexto da sociedade brasileira. No final dos anos 1970 e início de 1980, período 
marcado pelo final da falência do “milagre econômico”, suspensão da censura, reorganização da 
sociedade por meio do ressurgimento dos sindicatos, partidos políticos e retorno ao Estado de Direito, 
as ideias de Foucault, Goffman, Castel, Szaz, Basaglia e outros tiveram forte influência. Esse período 
é considerado como o primeiro momento da Reforma Psiquiátrica brasileira, denominado “trajetória 
alternativa” desse processo.
No segundo momento, principalmente no período político da Nova República, o movimento da 
Reforma Sanitária e da Reforma Psiquiátrica incorporou-se ao aparelho de Estado e a crítica original 
da cientificidade da medicina Psiquiatria e da neutralidade da ciência cedeu espaço para a ideia de 
que uma nova administração estatal resolveria os problemas de saúde e saúde mental da população. 
Trata-se de momento institucionalizante do processo.
No terceiro momento, o da desinstitucionalização, cujo tema “por uma sociedade sem manicômios”, 
retrata a medida do resgate da crítica da institucionalização da medicina psiquiátrica, sob forte 
influência da “tradição basagliana”, propõem-se mudanças no modelo de intervenção: as 
macropolíticas cedem espaço para a reinveção do cotidiano e enfatizam-se experiências localizadas.
Nessa nova concepção de objeto e de intervenção, compreende-se a desinstitucionalização como 
“um trabalho de transformação que , a começar pelo problema. Mas, se o objetivo ao invés de ser “a 
doença” torna-sea “existência-sofrimento dos pacientes” e a sua relação com o corpo social, então 
16
UNIDADE II │ A REFORMA PSIQUIÁTRICA
desinstitucionalização será o processo crítico-prático para a reorientação de todos os elementos 
constitutivos da instituição para este objeto bastante diferente do anterior.
A Lei no 10.216 de 6 de abril de 2001, também conhecida como Lei Paulo Delgado e como Lei da 
Reforma Psiquiátrica instituiu um novo modelo de tratamento aos transtornos mentais no Brasil.
No ano de 1989, dá entrada no Congresso Nacional o Projeto de Lei do deputado Paulo Delgado (PT- 
MG), que propunha a regulamentação dos direitos da pessoa com transtornos mentais e a extinção 
progressiva dos manicômios no país. É o início das lutas do movimento da Reforma Psiquiátrica 
nos campos legislativos e normativos. É somente no ano de 2001, após 12 anos de tramitação no 
Congresso Nacional, que a Lei no 10.216 é sancionada no país.
A aprovação, no entanto, é de um substitutivo do Projeto de Lei original, que traz modificações 
importantes no texto normativo. Assim, a Lei Federal no 10.216 redireciona a assistência em saúde 
mental, privilegiando o oferecimento de tratamento em serviços de base comunitária, dispõe sobre 
a proteção e os direitos das pessoas com transtornos mentais, mas não institui mecanismos claros 
para a progressiva extinção dos manicômios.
Ainda assim, a promulgação da Lei no 10.216 impõe novo impulso e novo ritmo para o processo de 
Reforma Psiquiátrica no Brasil. É no contexto da promulgação da Lei no 10.216 e da realização da III 
Conferência Nacional de Saúde Mental, que a política de saúde mental do governo federal, alinhada às 
diretrizes da Reforma Psiquiátrica, passa a consolidar-se, ganhando maior sustentação e visibilidade.
A reforma psiquiátrica no Brasil
“A Reforma Psiquiátrica no Brasil é um movimento histórico de caráter político, social e econômico 
influenciado pela ideologia de grupos dominantes. A práxis da Reforma Psiquiátrica faz parte do 
cotidiano de um bom número de profissionais de saúde mental. Tem como uma das vertentes 
principais a desinstitucionalização com consequente desconstrução do manicômio e dos paradigmas 
que o sustentam.” (GONÇALVES; SENA, 2001). 
A substituição progressiva dos manicômios por outras práticas terapêuticas e a cidadania do doente 
mental vêm sendo objeto de discussão não só entre os profissionais de saúde, mas também em toda 
a sociedade. 
O modelo de assistência psiquiátrica ainda predominante no Brasil, com base na legislação de 1934, 
propõe, fundamentalmente, a hospitalização e o asilamento do doente mental, visando atender, 
sobretudo, à segurança da ordem e da moral pública. Embora predominante, esse modelo é 
atualmente considerado falido e sua base ideológica, desmistificada. 
Um novo modelo vem sendo edificado a partir da contribuição de vários segmentos da sociedade e 
implica a desconstrução literal do modelo hegemônico. A Reforma Psiquiátrica vem desenvolvendo-
se no Brasil há várias décadas, mais precisamente a partir do final dos anos 1970 (BIRMAN, 1992).
O movimento aponta as inconveniências do modelo que fundamentou os paradigmas da Psiquiatria 
clássica e tornou o hospital psiquiátrico a única alternativa de tratamento, facilitando a cronicidade 
e a exclusão dos doentes mentais em todo o País. 
17
A REFORMA PSIQUIÁTRICA │ UNIDADE II
A Reforma Psiquiátrica, hoje defendida, é fruto de maior maturidade teórica e política, alcançada ao 
longo das últimas décadas, com maior conscientização da sociedade civil organizada. 
No percurso da Reforma Psiquiátrica brasileira, houve um momento em que as denúncias sobre 
a precariedade da assistência psiquiátrica desencadearam estudos e trouxeram a público dados e 
informações de órgãos públicos, como, por exemplo, do Ministério da Saúde, antes não valorizados, 
tais como número de leitos, custos e qualidade da assistência (AMARANTE, 1998). 
Os dados do Centro de Informações de Saúde, do Ministério da Saúde, revelaram que em 1988, 
o número de leitos psiquiátricos representava 19,1% do total de leitos disponíveis em todo o país, 
percentual superado apenas pelos leitos de clínica médica, 21,6%. 
A Reforma Psiquiátrica, hoje, é discutida como parte das políticas de saúde, principalmente no âmbito 
dos governos municipais. Na esfera federal, o Projeto de Lei no 3.657, de 1989, depois de aprovado 
na Câmara dos Deputados em 1991, tramitou no Senado, e, só em janeiro de 1999, foi aprovado um 
projeto substitutivo.
A versão atual dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos 
psíquicos e redireciona o modelo assistencial de saúde mental. Nesta versão, há algumas 
possíveis aberturas que, no futuro, poderão facilitar mecanismos de criação, contratação ou 
financiamento de leitos psiquiátricos com orçamentos públicos (art. 4o), bem como de internação 
em instituições com características asilares (art. 5o, § 3o). 
O projeto de Lei no 3.657 cumpriu um importante papel que foi o de trazer para o debate a realidade 
da assistência psiquiátrica brasileira e suscitar decisões importantes para a consolidação da Reforma 
Psiquiátrica no País. 
A Reforma Psiquiátrica, tomando como desafio a desinstitucionalização, tem sido discutida e 
entendida com certa variedade de conceitos e consequências. 
Segundo o conceito defendido pela Reforma, a desinstitucionalização não se restringe à substituição 
do hospital por um aparato de cuidados externos envolvendo prioritariamente questões de caráter 
técnico-administrativo-assistencial como a aplicação de recursos na criação de serviços substitutivos. 
Envolve questões do campo jurídico-político e sociocultural. Exige que, de fato, haja um deslocamento 
das práticas psiquiátricas para práticas de cuidado realizadas na comunidade (BIRMAN, 1992). 
A questão crucial da desinstitucionalização é uma «progressiva ‹devolução à comunidade› da 
responsabilidade em relação aos seus doentes e aos seus conflitos». Trata-se de buscar «outro lugar 
social para a loucura na nossa cultura». Assim, a indagação sobre outro lugar para a loucura põe em 
debate outro polo da questão: a cidadania do doente mental. 
O conceito de desinstitucionalização vem sofrendo uma verdadeira metamorfose, abrindo novas 
possibilidades para o campo da Reforma Psiquiátrica. O termo desistitucionalização vem sendo 
compreendido por diferentes atores como desospitalização, desassistência ou desconstrução, 
conforme interesses ou pontos de vista impregnados de poder ideológico (AMARANTE, 2000). 
18
CAPÍTULO 2
O envelhecimento populacional e 
a psiquiatria
Entre os anos 1940 e 1960, o Brasil experimentou um declínio significativo da mortalidade, mantendo 
a fecundidade em níveis bastante altos, o que gerou uma população jovem quase estável e com 
rápido crescimento. A partir dos anos 1960, a redução da fecundidade, que se iniciou nos grupos 
populacionais mais privilegiados e nas regiões mais desenvolvidas, generalizou-se rapidamente e 
desencadeou o processo de transição da estrutura etária. No futuro, teremos uma população quase 
estável, porém mais idosa e com uma taxa de crescimento baixíssima ou talvez até negativa.
Doenças cujo principal fator de risco é a idade tendem a elevar a sua prevalência, um exemplo típico 
é a doença de Alzheimer. Estudos em diversas partes do mundo demonstram que a prevalência de 
demência pode variar de 0,3% a 1% em pessoas entre 60 e 64 anos, aumentando de 42% a 68% em 
indivíduos com 95 anos ou mais. Pode-se dizer que a prevalência de demência quase dobra a cada 
cinco anos, depois que o indivíduo ultrapassa os 65 anos.
O envelhecimento é causado por alterações moleculares e celulares, que resultam em perdas 
funcionais progressivas dos órgãos e do organismo como um todo. Esse declínio se torna perceptível 
ao final da fase reprodutiva, muito embora as perdas funcionais do organismo comecem a 
ocorrer muito antes. O sistema respiratório e o tecido muscular, por exemplo, começam a decair 
funcionalmentejá a partir dos 30 anos. 
Na verdade, logo depois de se atingir a maturidade reprodutiva, as chances de sobrevivência do 
indivíduo já começam a diminuir. Essa tendência faz parte do processo de evolução de todos os 
organismos multicelulares. Assim, o desenvolvimento, a reprodução e o envelhecimento são etapas 
naturais da vida de cada espécie, que ocorrem de forma sequencial e interdependente: o início da 
senescência é dependente da fase reprodutiva que, por sua vez, é dependente do desenvolvimento. 
A velocidade de declínio das funções fisiológicas é exponencial, isto é, a ocorrência de perdas 
funcionais é acelerada com o aumento da idade. Assim por exemplo, num espaço de 10 anos, 
ocorrem maiores perdas funcionais entre 60 e 70 anos do que entre 50 e 60 anos. Há, portanto, 
um efeito cumulativo de alterações funcionais, com degeneração progressiva dos mecanismos que 
regulam as respostas celulares e orgânicas perante as agressões externas, levando ao desequilíbrio 
do organismo como um todo. 
Há muito tempo que se ouve falar de pessoas que não lidam bem com a passagem dos anos e/ou 
com a entrada numa fase do ciclo de vida mais próxima da morte. De um modo geral, e apesar de a 
esperança média de vida ser cada vez maior, não é só o medo da morte que nos angustia. Estamos 
genericamente cada vez mais preocupados com o envelhecimento e os seus danos, no entanto, há 
pessoas que se destacam pela angústia e ansiedade com que gerem essas alterações.
Se, por um lado, não há nada de patológico no fato de pintarmos o cabelo ou recorrermos a produtos 
de beleza que retardem os efeitos do envelhecimento, há, claramente, casos bastante complexos e 
perturbadores que envolvem o medo exacerbado de envelhecer. 
19
A REFORMA PSIQUIÁTRICA │ UNIDADE II
A gerascofobia define-se como o medo persistente, anormal e injustificado de envelhecer e 
acarreta normalmente grande infelicidade. Pode atingir pessoas que se encontrem de boa saúde do 
ponto de vista físico, financeiro etc.
Tal como outras fobias, essa perturbação pode dar origem a sintomas concretos, como falta de ar, 
tonturas, sudação excessiva, boca seca, tremores, palpitações, dificuldade em raciocinar ou falar 
claramente, descontrole, despersonalização (sensação de estar fora da realidade) ou ataque de pânico.
Há alguns fatores diretamente associados a essa perturbação e que estão relacionados com a história 
de vida do doente: a existência de outras fobias ou focos de ansiedade exacerbada, falta de realização 
pessoal ou cumprimento de objetivos de vida e até o contexto socioeconômico. 
Trata-se normalmente de pessoas ansiosas ou com personalidade narcísica e que sobrevalorizam os 
bens materiais. Além disso, o fato (ou a possibilidade) de perderem os seus atributos físicos e o poder 
de sedução constitui uma fonte de angústia e sofrimento. Ao contrário do que superficialmente se 
possa considerar, esta não é uma perturbação que possa atingir qualquer pessoa, já que depende 
claramente da forma como cada um amadurece.
Mas o medo de envelhecer está longe de circunscrever-se à estética – a angústia é generalizável à 
perda de competências intelectuais e capacidades físicas em geral. E se há pessoas capazes de gastar 
verdadeiras fortunas em produtos sem os quais “não podem viver”, a prática exagerada de exercício 
físico e a preocupação exacerbada com o corpo são outras respostas comuns ao problema.
Outro padrão comum a estas pessoas é o relacionamento amoroso com pessoas mais jovens. De algum 
modo, a capacidade para conquistar alguém significativamente mais novo lhes confere a sensação de 
poder e de valorização. Para alguns, essa necessidade é exemplificada através de comportamentos 
típicos de um adolescente, como a aquisição de uma moto depois dos 50 anos. Mesmo que não 
possam parar o relógio, os gerascofóbicos adotam estes comportamentos de negação porque isso 
lhes permite “maquiar” a sua verdadeira idade e, assim, reduzir os níveis de angústia e ansiedade.
A idade traz inevitavelmente algumas perdas – do ponto de vista da imagem, mas também ao nível 
social, relacional, intelectual e de poder. Prepararmo-nos para as diferentes fases do ciclo de vida 
implica encontrar atividades e objetivos a perseguir de modo a que nos sintamos preenchidos, em 
vez de tremendamente ansiosos. 
As pessoas que encaram a velhice como uma parte do processo não a evitam. Tendem a sobrepor os 
aspectos positivos desta etapa aos mais negativos. A espiritualidade, a transmissão de conhecimentos 
e de experiências às gerações mais novas ou a possibilidade de se gerir o tempo de forma mais 
tranquila são elementos positivos. Procurar atividades potencialmente geradoras de satisfação, 
manter o contato social (real e não apenas virtual ou telefônico) e a atividade intelectual são os 
melhores caminhos para um envelhecimento emocionalmente saudável.
Para aqueles que de fato não buscam alternativas saudáveis para lidar com o envelhecimento, este 
certamente precisa de recursos mais “agressivos” para lidar com o tempo que já passou.
20
UNIDADE III
AS PRINCIPAIS 
PATOLOGIAS E 
TRANSTORNOS
CAPÍTULO 1
Principais patologias e transtornos
Esquizofrenia e seus subtipos
A esquizofrenia é um dos principais transtornos mentais e acomete 1% da população em idade jovem, 
entre os 15 e os 35 anos de idade. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é a terceira 
causa de perda da qualidade de vida entre os 15 e 44 anos, considerando-se todas as doenças. Apesar 
do impacto social, a esquizofrenia ainda é uma doença pouco conhecida pela sociedade, sempre 
cercada de muitos tabus e preconceitos. Crenças como “as pessoas com esquizofrenia são violentas 
e imprevisíveis”, “elas são culpadas pela doença”, “elas têm dupla personalidade”, “elas precisam 
permanecer internadas” são fruto do desconhecimento e do preconceito. 
A esquizofrenia caracteriza-se por uma grave desestruturação psíquica, em que a pessoa perde a 
capacidade de integrar suas emoções e sentimentos com seus pensamentos, podendo apresentar 
crenças irreais (delírios), percepções falsas do ambiente (alucinações) e comportamentos que 
revelam a perda do juízo crítico. A doença produz também dificuldades sociais, como as relacionadas 
ao trabalho e relacionamento, com a interrupção das atividades produtivas da pessoa. O tratamento 
envolve medicamentos, psicoterapia, terapias ocupacionais e conscientização da família, que 
absorve a maior parte das tensões geradas pela doença. A esquizofrenia não tem cura, mas, com o 
tratamento adequado, a pessoa pode se recuperar e voltar a viver uma vida normal.
Apesar de a exata origem não estar concluída, as evidências indicam mais fortemente que a 
esquizofrenia é um severo transtorno do funcionamento cerebral. A esquizofrenia é provavelmente 
um grupo de doenças relacionadas, algumas causadas por um fator, outras, por outros fatores.
A questão sobre a existência de várias esquizofrenias e não apenas uma única doença não é 
um assunto novo; primeiro, pela diversidade de manifestações como subtipos paranoide, 
hebefrênico e catatônico além das formas atípicas, que são conhecidas há décadas; segundo, 
por analogia com outras áreas médicas como o câncer.
O câncer para o leigo é uma doença que pode atingir diferentes órgãos. Na verdade, trata-se de 
várias doenças com manifestação semelhante. Para cada tipo de câncer, há uma causa distinta, um 
21
AS PRINCIPAIS PATOLOGIAS E TRANSTORNOS │ UNIDADE III
tratamento específico em chances de cura distintas. São, portanto, várias doenças. Na esquizofrenia, 
talvez seja o mesmo e o simples fato de tratá-la como uma doença só que atrapalha sua compreensão. 
Poucos sabemos sobre essa doença. O máximo que conseguimos foi obter controle dos sintomas 
com os antipsicóticos. Nem sua classificação, um dos aspectos fundamentais da pesquisa, foi 
devidamente concluída. 
A esquizofrenia pode desenvolver-se de maneira gradual, tão lentamente que nem o paciente nem 
as pessoas próximas percebem que algo vai errado: só quandocomportamentos abertamente 
desviantes se manifestam. O período entre a normalidade e a doença deflagrada pode levar meses.
Por outro lado, há pacientes que desenvolvem esquizofrenia rapidamente, em questão de poucas 
semanas ou mesmo de dias. A pessoa muda seu comportamento e entra no mundo esquizofrênico, 
o que geralmente alarma e assusta muito os parentes.
Não há uma regra fixa quanto ao modo de início: tanto pode começar repentinamente e eclodir 
numa crise exuberante, quanto começar lentamente sem apresentar mudanças extraordinárias, e 
somente depois de anos surgir uma crise característica.
Geralmente, a esquizofrenia começa durante a adolescência ou quando adulto jovem. Os sintomas 
aparecem gradualmente ao longo de meses e a família e os amigos que mantêm contato frequente 
podem não notar nada. É mais comum que uma pessoa com contato espaçado por meses, perceba 
melhor que a esquizofrenia está se desenvolvendo. 
Os primeiros sintomas são a dificuldade de concentração, prejudicando o rendimento nos estudos; 
estados de tensão de origem desconhecida mesmo pela própria pessoa e insônia e desinteresse 
pelas atividades sociais com consequente isolamento. A partir de certo momento, mesmo antes da 
esquizofrenia ter deflagrado, as pessoas próximas dão-se conta de que algo errado está acontecendo. 
Nos dias de hoje, os pais pensarão que se trata de drogas; os amigos podem achar que são dúvidas 
quanto à sexualidade; outros julgarão ser dúvidas existenciais próprias da idade. 
É comum nessas fases o desleixo com a aparência o descuido com a higiene pessoal e as mudanças 
no visual como a realização de tatuagens, piercing, cortes de cabelo, indumentárias estranhas.
Enquanto o tempo passa, os sintomas aprofundam-se, o paciente apresenta uma conversa estranha, 
irreal, passa a ter experiências diferentes e não usuais que leva às pessoas próximas a julgarem 
ainda mais que o paciente está fazendo uso de drogas ilícitas.
Infelizmente, o tratamento precoce não previne a esquizofrenia, doença inexorável. As medicações 
controlam parcialmente os sintomas: não normalizam o paciente. Quando isso acontece, é por 
remissão espontânea da doença e por nenhum outro motivo.
Não há um exame que diagnostique precisamente a esquizofrenia, isto depende, exclusivamente, 
dos conhecimentos e da experiência do médico, portanto é comum ver conflitos de diagnóstico. 
O diagnóstico é feito pelo conjunto de sintomas que o paciente apresenta e a história como esses 
sintomas foram surgindo e se desenvolvendo. Existem critérios estabelecidos para que o médico 
tenha um ponto de partida, uma base em que se sustentar, mas a maneira como o médico encara os 
sintomas é pessoal. 
22
UNIDADE III │ AS PRINCIPAIS PATOLOGIAS E TRANSTORNOS
Que a esquizofrenia é doença grave ninguém duvida, pois afeta as emoções, o pensamento, as 
percepções e o comportamento. Mas o que dizer de uma gravidade que pode não deixar sequelas 
nem ameaçar a vida da pessoa, mas, pelo contrário, permite o restabelecimento da normalidade? A 
gravidade então não está tanto no diagnóstico: está mais no curso da doença.
Classicamente a distinção que Kraepelin fez entre esquizofrenia (demência precoce) e o transtorno 
bipolar (psicose cíclica) foi a possibilidade de recuperação dos cicladores, enquanto os esquizofrênicos 
se deterioravam e não se recuperavam. Talvez, a partir daí, criou-se uma tendência a considerar-se a 
esquizofrenia irrecuperável. Não resta a menor dúvida de que muitos casos não se recuperam, mas 
há exceções e quando elas surgem toda a regra passa a ser duvidosa, pois se perdem os limites sobre 
os quais se operava com segurança.
Faz apenas um pouco mais de 10 anos que se editou, pela Organização Mundial de Saúde, critérios 
objetivos e claros para a realização do diagnóstico da esquizofrenia. Na versão anterior, os critérios 
eram “frouxos” permitindo diferenças consideráveis nos parâmetros adotados entre os estudos; assim 
as disparidades de resultados entre eles eram inaceitáveis, terminando com a indefinição a respeito 
do curso da esquizofrenia. 
Algumas psicoses são naturalmente transitórias e únicas na vida de uma pessoa. Se por engano, 
estas são consideradas como esquizofrênicas, gera-se conflito ao se comparar com estudos cujos 
critérios exigiam um período mínimo de meses na duração da psicose. Mesmo que durem muitos 
anos, as psicoses não podem ser confundidas com a personalidade esquizoides.
Apesar de o CID 10 (o novo) ter criado uma técnica comprovadamente mais confiável e precisa de 
se diagnosticar a esquizofrenia, o problema não está resolvido. Somente com o tempo e com mais 
pesquisas saberemos se os critérios, hoje, adotados estão corretos, se correspondem à realidade. 
A causa da esquizofrenia é complexa e multifatorial. O cérebro, por si, possui um funcionamento 
extremamente complexo e em grande parte desconhecido. Essa complexidade aumenta se 
considerarmos, e temos de considerar, que o funcionamento do cérebro depende do funcionamento 
de outras partes do corpo como os vasos sanguíneos, o metabolismo do fígado, a filtragem do rim, 
a absorção do intestino etc. Por fim, se considerando outras variáveis nada desprezíveis como o 
ambiente social e familiar, a complexidade torna-se inatingível para os recursos de que dispomos. 
Provavelmente a esquizofrenia é resultado disso tudo. 
A divisão dos sintomas psicóticos em positivos e negativos tem por finalidade dizer de maneira 
objetiva o estado do paciente. Tendo como ponto de referência a normalidade, os sintomas 
positivos são aqueles que não deveriam estar presentes como as alucinações, e os negativos aqueles 
que deveriam estar presentes, mas estão ausentes, como o estado de ânimo, a capacidade de 
planejamento e execução, por exemplo. Portanto, sintomas positivos não são bons sinais, nem os 
sintomas negativos são piores que os positivos.
São estes os sintomas positivos
 » Alucinações – as mais comuns nos esquizofrênicos são as auditivas. O paciente 
geralmente ouve vozes depreciativas que o humilham, xingam, ordenam atos que os 
23
AS PRINCIPAIS PATOLOGIAS E TRANSTORNOS │ UNIDADE III
pacientes reprovam, ameaçam, conversam entre si falando mal do próprio paciente. 
Pode ser sempre a mesma voz, podem ser de várias pessoas, podem ser vozes de 
pessoas conhecidas ou desconhecidas, podem ser murmúrios incompreensíveis, ou 
claros e compreensíveis. Da mesma maneira que qualquer pessoa se aborrece em 
ouvir tais coisas, os pacientes também se afligem com o conteúdo do que ouvem, 
ainda mais por não conseguirem fugir das vozes. Alucinações visuais são raras na 
esquizofrenia, sempre que surgem devem pôr em dúvida o diagnóstico, favorecendo 
perturbações orgânicas do cérebro.
 » Delírios – Os delírios de longe mais comuns na esquizofrenia são os persecutórios. 
São as ideias falsas que os pacientes têm de que estão sendo perseguidos, que 
querem matá-lo ou fazer-lhe algum mal. Os delírios podem também ser bizarros 
como achar que está sendo controlado por extraterrestres que enviam ondas de 
rádio para o seu cérebro. O delírio de identidade (achar que é outra pessoa) é a 
marca típica do doente mental que se considera Napoleão. No Brasil, o mais comum 
é considerar-se Deus ou Jesus Cristo.
 » Perturbações do Pensamento – Estes sintomas são difíceis para o leigo 
identificar: mesmos os médicos não psiquiatras não conseguem percebê-los, não 
porque sejam discretos, mas porque a confusão é tamanha que nem se consegue 
denominar o que se vê. Há vários tipos de perturbações do pensamento, o diagnóstico 
tem de ser preciso porque a conduta é distinta entre o esquizofrênico que apresenta 
esse sintoma e um paciente com confusão mental, que pode ser uma emergência 
neurológica.
 » Alteração da sensação do eu – Assim como os delírios, esses sintomas são 
diferentes de qualquer coisa que possamos experimentar, exceto em estados mentais 
patológicos. Os pacientes com essas alterações dizem que não são elas mesmas, que 
outra entidade se apoderou de seu corpoe que já não é ela mesma, ou simplesmente 
que não existem, que seu corpo não existe.
Estes são alguns sintomas negativos
 » Falta de motivação e apatia.
 » Embotamento afetivo: as emoções não são sentidas como antes.
 » Isolamento social.
Os sintomas negativos não devem ser confundidos com depressão. A depressão é tratável e costuma 
responder às medicações, já os sintomas negativos da esquizofrenia não melhoram com nenhum tipo 
de antipsicótico. A grande esperança dos novos antipsicóticos de atuarem sobre os sintomas negativos 
não se concretizou, contudo esses sintomas podem melhorar espontaneamente.
Qualquer pessoa está sujeita a vir a ter esquizofrenia; a maioria dos casos não apresenta nenhuma 
história de parentes com a doença na família. A seguir estão enumeradas algumas dicas, nenhuma 
delas são características, mas servem de parâmetro para observação.
24
UNIDADE III │ AS PRINCIPAIS PATOLOGIAS E TRANSTORNOS
 » Dificuldade para dormir, alternância do dia pela noite, ficar andando pela casa a 
noite, ou mais raramente dormir demais.
 » Isolamento social, indiferença em relação aos sentimentos dos outros.
 » Perda das relações sociais que mantinha.
 » Períodos de hiperatividade e períodos de inatividade.
 » Dificuldade de concentração chegando a impedir o prosseguimento nos estudos.
 » Dificuldade de tomar decisões e de resolver problemas comuns.
 » Preocupações não habituais com ocultismos, esoterismo e religião.
 » Hostilidade, desconfiança e medos injustificáveis.
 » Reações exageradas às reprovações dos parentes e amigos.
 » Deterioração da higiene pessoal.
 » Falta de expressões faciais (Rosto inexpressivo).
 » Diminuição marcante do piscar de olhos ou piscar incessantemente.
 » Sensibilidade excessiva a barulhos e a luzes.
 » Alteração da sensação do tato e do paladar.
 » Uso estranho das palavras e da construção das frases.
 » Afirmações irracionais.
 » Comportamento estranho como recusa em tocar as pessoas, penteados esquisitos, 
ameaça de automutilação e ferimentos provocados em si mesmo.
 » Mudanças na personalidade.
 » Abandono das atividades usuais.
 » Incapacidade de expressar prazer, de chorar ou chorar demais injustificadamente, 
risos imotivados.
 » Abuso de álcool ou drogas.
 » Posturas estranhas.
Nenhum desses sinais por si sós comprovam doença mental, mas podem indicá-la. A personalidade 
patológica não apresenta mudanças no comportamento, é sempre desviante, desde as tenras idades. 
Na esquizofrenia incipiente, ainda que lentamente, ocorre uma mudança no curso do comportamento 
da pessoa, na personalidade patológica não. 
O paciente esquizofrênico sofre intensamente com sua condição e sua família também, não há 
como evitar isso. Infelizmente, os programas político-sociais de reinserção dos doentes mentais na 
25
AS PRINCIPAIS PATOLOGIAS E TRANSTORNOS │ UNIDADE III
sociedade simplesmente ignoram o sofrimento e as necessidades da família, que são enormes. Esta 
é vista como desestruturada, fria, indiferente ou mesmo hostil ao paciente. Da mesma forma que 
o paciente esquizofrênico sofre duas vezes, pela doença e pelo preconceito, a família também sofre 
duas vezes, com a doença do filho e com a discriminação e a incompreensão sociais. 
Os remédios são a única alternativa para tratar a esquizofrenia, outras formas de terapia complementam, 
mas não substituem as medicações. Há, contudo, uma natural resistência ao uso delas e isso é 
apenas uma consequência da forma como se entende a doença. Se encararmos a medicação como 
algo estranho ao corpo, a aversão dar-se-á inevitavelmente, mas se encararmos as medicação como 
substâncias reguladoras de atividades cerebrais desequilibradas, podemos vê-las como amigas. 
O paciente não tem nenhuma culpa por uma parte do cérebro estar desregulado, mas pode usar o lado 
saudável (o bom-senso) para tomar a decisão de se tratar. As medicações, portanto, só fazem ajustar 
o que estava desajustado. Infelizmente no caso da esquizofrenia, não conhecemos medicações que 
realizem essa tarefa completamente, restabelecendo a normalidade do paciente. Mas, por enquanto, 
temos uma ajuda parcial. Metade da dor é melhor que uma dor completa.
Depressão e seus subtipos
Um transtorno depressivo é uma doença que envolve o corpo, o humor e os pensamentos. Ele afeta 
a maneira de a pessoa se alimentar, de dormir, de se relacionar, de pensar.
Um transtorno depressivo não é o mesmo que uma tristeza passageira. Pessoas com doenças 
depressivas não podem simplesmente se acalmar e melhorar. Os transtornos depressivos ocorrem 
de diferentes maneiras e podem durar semanas, meses ou anos.
Os principais tipos de depressão são os apresentados a seguir.
 » Depressão maior: manifesta-se por uma combinação de sintomas que interferem 
na capacidade de trabalhar, de estudar, de dormir, de se alimentar e de apreciar 
atividades anteriormente prazerosas. Pode ocorrer como um fato isolado (uma 
única vez na vida do indivíduo) ou como episódios repetidos.
Alguns dos principais sintomas são: humor persistentemente triste, sentimentos de 
desespero ou pessimismo, culpa, desvalia, impotência, energia diminuída, insônia, 
perda de apetite, pensamentos de morte ou suicídio, cefaleias, dores crônicas.
 » Distimia (depressão menor): envolve sintomas crônicos e de longa duração, mas não 
incapacitam. No entanto, impedem que o indivíduo funcione bem ou sinta-se bem. 
 » Transtorno bipolar: caracteriza-se por alterações cíclicas do humor: graves altos 
(manias) e baixos (depressão). As oscilações do humor são dramáticas e rápidas, 
porém graduais. No ciclo depressivo, o indivíduo pode ter qualquer um ou todos 
os sintomas de um transtorno depressivo. No ciclo maníaco, o indivíduo fica muito 
ativo, falante e com a sensação de ter muita energia. A mania afeta o pensamento, o 
julgamento e o comportamento social. 
26
UNIDADE III │ AS PRINCIPAIS PATOLOGIAS E TRANSTORNOS
Alguns dos principais sintomas são: euforia anormal ou excessiva, irritabilidade 
fora do comum, menor necessidade de sono, ideias de grandeza, fala excessiva, 
pensamento acelerado, aumento do desejo sexual, juízo crítico deficiente, energia 
muito aumentada.
O tratamento para os transtornos depressivos consiste no uso de antidepressivos que podem ou não 
estar associado à psicoterapia.
Transtornos de ansiedade
Ansiedade generalizada
A ansiedade é um sentimento de apreensão desagradável, vago, acompanhado de sensações físicas. 
As reações de ansiedade normal não precisam ser tratadas por serem naturais e autolimitadas. Os 
estados de ansiedade anormais, que constituem síndromes de ansiedade, são patológicos e requerem 
tratamento específico.
A ansiedade generalizada é basicamente uma preocupação ou ansiedade excessiva, ou com motivos 
injustificáveis ou desproporcionais ao nível da ansiedade observada.
Uma série de sintomas físicos podem estar associados à ansiedade, como tensão muscular, 
inquietação, fadiga, falta de ar, taquicardia, sudorese, tontura, boca seca, micção frequente, diarreia, 
dificuldade de dormir, problemas de concentração, irritabilidade e cefaleias.
A forma de diferenciar-se uma ansiedade normal de uma ansiedade generalizada é ao longo do 
tempo de duração dos sintomas. A ansiedade normal restringe-se a uma situação. A ansiedade 
patológica estende-se por longo períodos, mesmo que a situação inicial que gerou a ansiedade já 
tenha passado ou tenha sido resolvida.
Na ansiedade patológica, a pessoa permanece tensa, apreensiva, nervosa, inquieta, irritada por um 
período superior a 6 meses. 
O tratamento para essa patologia pode ser realizado com terapia e medicamentos. O uso das 
medicações como benzodiazepínicos, buspirona e antidepressivos são eficazes.
Fobia
Existem vários tipos de fobias que podem acometer diversos tipos de pessoas. Serão descritas a 
seguir as fobias mais frequentes que encontramos na sociedade.
 » Fobia social: intensa ansiedade gerada quando o paciente é submetido à avaliação de 
outras pessoas. Na maioria dasvezes, concentra-se sob tarefas ou circunstância bem 
definidas. A intensidade desta reação é desproporcional ao nervosismo que a situação 
exigiria das pessoas em geral, e isso é reconhecido pelo paciente.
27
AS PRINCIPAIS PATOLOGIAS E TRANSTORNOS │ UNIDADE III
 » Fobia específica: medo acentuado e persistente de objetos ou situações claramente 
discerníveis e circunscritos. Normalmente o medo de animais ou medo de água são 
os mais comumente identificados. A exposição ao estímulo fóbico provoca resposta 
imediata de ansiedade, que pode assumir a forma de um ataque de pânico ligado à 
situação ou desencadeado por ela.
 » Agarofobia: representa o comportamento de evitação provocado por lugares ou 
situações em que o escape seria difícil ou embaraçoso, caso se tenha alguma crise 
ou um mal-estar. O paciente é dependente de outras pessoas para executar algumas 
tarefas como sair de casa, ir ao trabalho ou à escola.
Para o tratamento das fobias, usa-se comumente o clonazepam ou os antidepressivos inibidores da 
rematação de serotonina. A terapia cognitvo-comportamental vem apresentando bons resultados 
depois de 1 ou 2 anos de tratamento. A única fobia que não é tratada com medicamentos e apenas 
terapia é a agarofobia.
Transtorno obsessivo compulsivo
O transtorno obsessivo compulsivo (TOC) é um estado em que se apresentam obsessões ou 
compulsões repetidamente, causando grande sofrimento à pessoa. 
Obsessões são pensamentos, ideias ou imagens que invadem a consciência da pessoa. Há vários 
exemplos como dúvidas que sempre retornam (se trancou a porta, se desligou o chuveiro, se fechou 
o gás) e fantasias de querer fazer algo que considera errado (xingar, bater).
O TOC é caracterizado pela presença de pensamentos obsessivos e atos compulsivos 
suficientemente severos que consomem um tempo significativo do dia da pessoa ou que causam 
sofrimento ou ansiedade acentuados.
Os tratamentos mais modernos para o TOC são feitos com medicamentos dos grupos antidepressivos 
e terapia cognitiva. A terapia de exposição, frequentemente, ajuda os indivíduos com a doença. Neste 
tipo de terapia, o paciente é exposto a situações ou a pessoas que desencadeiam obsessões, rituais ou 
desconforto. O desconforto ou a ansiedade diminuem gradualmente se o paciente evitar realizar o ritual 
durante exposições repetidas ao estímulo que o desencadeia. Ele aprende que o ritual não é necessário 
para reduzir o desconforto.
Demência
Demência é um comprometimento cognitivo geralmente progressivo e irreversível. As funções 
mentais anteriormente adquiridas são gradualmente perdidas. Com o aumento da idade, a demência 
torna-se mais frequente. Acomete 5% a 15% das pessoas com mais de 65 anos e aumenta para 20% 
nas pessoas com mais de 80 anos.
Os fatores de risco conhecidos para a demência são: Idade avançada, histórico de demência na 
família e sexo feminino.
28
UNIDADE III │ AS PRINCIPAIS PATOLOGIAS E TRANSTORNOS
Os sintomas incluem alterações na memória, na linguagem, na capacidade de orientar-se. Há 
perturbações comportamentais como agitação, inquietação, andar a esmo, raiva, violência, gritos, 
desinibição sexual e social, impulsividade, alterações do sono, pensamento ilógico e alucinações.
As causas de demência incluem lesões e tumores cerebrais, síndrome da imunodeficiência 
adquirida (AIDS), álcool, medicamentos, infecções, doenças pulmonares crônicas e doenças 
inflamatórias. Na maioria das vezes, as demências são causadas por doenças degenerativas 
primárias do sistema nervoso central (SNC) e por doença vascular. Cerca de 10% a 15% dos 
pacientes com sintomas de demência apresentam condições tratáveis como doenças sistêmicas 
(doenças cardíacas, renais, endócrinas), deficiências vitamínicas, uso de medicamentos e outras 
doenças psiquiátricas (depressão).
As demências são classificadas em vários tipos de acordo com o quadro clínico, entretanto, as mais 
comuns são demência tipo Alzheimer e demência vascular.
Demência tipo Alzheimer
De todos os pacientes com demência, 50% a 60% têm demência tipo Alzheimer, o tipo mais comum 
de demência. É mais frequente em mulheres que em homens. É caracterizada por um início gradual 
e pelo declínio progressivo das funções cognitivas. A memória é a função cognitiva mais afetada, 
mas a linguagem e a noção de orientação do indivíduo também são afetadas. Inicialmente, a pessoa 
pode apresentar uma incapacidade para aprender e evocar novas informações.
As alterações do comportamento envolvem depressão, obsessão (pensamento, sentimento, 
ideia ou sensação intrusiva e persistente) e desconfianças, surtos de raiva com risco de atos 
violentos. A desorientação leva a pessoa a andar sem rumo podendo ser encontrada longe de 
casa em uma condição de total confusão. Aparecem também alterações neurológicas como 
problemas na marcha, na fala, no desempenhar uma função motora e na compreensão do que lhe 
é falado.
O diagnóstico é de exclusão, isto é, só pode ser feito quando não se encontra nenhuma outra causa. A 
rigor, tal diagnóstico só é realizado pós-morte, através de biópsia cerebral, na qual aparecem alguns 
sinais característicos e exclusivos da doença. A história do paciente e exame clínico, além das técnicas 
de imagem cerebral como tomografia computadorizada e ressonância magnética podem ser úteis no 
diagnóstico clínico.
O tratamento é paliativo e as medicações podem auxiliam no manejo da agitação e das perturbações 
comportamentais. Não há prevenção ou cura conhecida.
Demência vascular
É o segundo tipo mais comum de demência. Apresenta as mesmas características da demência tipo 
Alzheimer, mas com um início abrupto e um curso gradualmente deteriorante. Pode ser prevenido 
por meio da redução de fatores de risco como hipertensão, diabetes, tabagismo e arritmias. O 
diagnóstico pode ser confirmado por técnicas de imagem cerebral e fluxo sanguíneo cerebral.
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AS PRINCIPAIS PATOLOGIAS E TRANSTORNOS │ UNIDADE III
Transtornos somatoformes
É um grupo de transtornos que incluem sintomas físicos (por exemplo, dores, náuseas e tonturas), 
para os quais não pode ser encontrada uma explicação médica adequada, e que são suficientemente 
sérios para causarem um sofrimento emocional ou prejuízo significativo à capacidade do paciente 
para funcionar em papéis sociais e ocupacionais. Nesses transtornos, os fatores psicológicos são 
grandes contribuidores para o início, a severidade e a duração dos sintomas. Não é resultado de 
simulação consciente.
A hipocondria é comum em pacientes com mais de 60 anos, embora o seja mais frequente entre 40 
e 50 anos. Exames físicos repetidos são úteis para garantirem aos pacientes que eles não têm uma 
doença fatal. A queixa é real, a dor é verdadeira e percebida como tal pelo paciente. Ao tratamento, 
deve dar-se um enfoque psicológico ou farmacológico.
Tabagismo
A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera o fumo nocivo à saúde porque ele contém 
milhares de substâncias tóxicas. Já foram identificadas no fumo, além da nicotina, mais de 
4.700 substâncias.
Conforme a quantidade do tabaco e a maneira de tragar o cigarro, inala-se, em cada tragada, em 
média de 2.000 a 2.500 dessas substâncias. Em média, traga-se 10 vezes um cigarro. Quem fuma 
um maço de cigarros por dia sofre, portanto, 200 impactos cerebrais de nicotina, totalizando 73 
mil impactos por ano. Nenhuma outra droga age com esse volume e intensidade, provocando os 
malefícios e lesando praticamente todos os órgãos do corpo.
Matando três milhões de pessoas no mundo, anualmente, com uma projeção estimada de 
óbitos em torno de dez milhões até o ano 2020, das quais sete milhões ocorrerão nos países em 
desenvolvimento, o tabagismo é considerado um problema de saúde pública, fazendo-se necessárias 
campanhas preventivas globais que esclareçam os malefícios do fumo. A população precisa saber 
que o consumo de cigarros é a maior causa evitável de doenças e mortes em todo mundo.
A relação entre a dependência de nicotina e os outros transtornos psiquiátricos vêm atraindointeresse crescente desde a última década. O estudo da extensão e das repercussões desta relação 
tem grande importância para a prática clínica, dada a alta prevalência do consumo do tabaco na 
população em geral e, ainda, a descrição da prevalência de tabagismo, sensivelmente maior, entre 
os pacientes psiquiátricos do que no restante da população (VAZQUES; BECOÑA, 1999).
A discussão sobre dependência de tabaco e suas comorbidades tem grande importância no contexto 
atual de tratamento, pois, na medida em que se expande o conhecimento sobre os efeitos deletérios 
do tabagismo e as possibilidades terapêuticas se multiplicam, o consumo do tabaco tende a 
concentrar-se nas populações acometidas por transtornos psiquiátricos.
O abuso de substâncias tem sido relacionado à ocorrência de episódios depressivos, no entanto, até 
recentemente, estes achados não diziam respeito à dependência da nicotina. Desde o fim da década 
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UNIDADE III │ AS PRINCIPAIS PATOLOGIAS E TRANSTORNOS
de 1970, diversos autores passaram a relacionar o tabagismo e os aspectos negativos da afetividade, 
tais como tensão, ansiedade, irritabilidade, humor e sintomas depressivos em geral.
Acredita-se que pacientes com sintomas depressivos proeminentes procurariam a nicotina para a 
obtenção de alívio dos sintomas, o que poderia ser reforçado pela alta prevalência do tabagismo 
entre estes pacientes e a elevada probabilidade de fracasso no tratamento. Sabe-se, ainda, que a 
dependência da nicotina e a depressão seriam doenças não relacionadas diretamente entre si, mas 
provocadas por um fator que as predispõem.
A relação entre tabagismo e depressão tem importância expressiva no contexto do tratamento da 
dependência da nicotina. Por um lado, há a possibilidade de que a depressão predisponha a recaídas 
e ao consequente fracasso de uma tentativa de parar de fumar; por outro lado, parar de fumar pode 
facilitar o desenvolvimento de episódios depressivos com sintomas graves.
O tipo de tratamento realizado tem influência sobre a ocorrência de episódios depressivos, sendo 
verificada maior incidência em pacientes realizando terapia de reposição de nicotina do que em 
pacientes fazendo uso de antidepressivos, a despeito dos relatos de melhora de curto prazo dos 
sintomas depressivos com a utilização da reposição de nicotina.
O vício no tabaco pode ser tratado. Para tanto, o paciente deve ser o maior interessado neste 
tratamento, já que precisa aderir esquemas longos de tratamento medicamentoso e acompanhamento 
psicológico. 
Para os idosos, além do vício e seus malefícios, o uso prolongado de cigarro ou de afins pode 
garantir ainda em longo prazo um câncer de pulmão, boca ou laringe. Por isso, a conscientização, o 
aconselhamento e o acompanhamento do idoso tabagista são fundamentais.
Alzheimer
A Doença de Alzheimer é uma doença do cérebro, degenerativa, isto é, que produz atrofia 
progressiva, com início mais frequente após os 65 anos, que produz a perda das habilidades de 
pensar, de raciocinar, de memorizar, afetando as áreas da linguagem e produzindo alterações no 
comportamento.
As causas da Doença de Alzheimer ainda não estão conhecidas, mas sabe-se que existem relações 
com certas mudanças nas terminações nervosas e nas células cerebrais que interferem nas funções 
cognitivas. 
Na fase inicial da doença, a pessoa afetada mostra-se um pouco confusa e esquecida e parece não 
encontrar palavras para se comunicar em determinados momentos; às vezes, apresenta descuido 
da aparência pessoal, perda da iniciativa e alguma perda da autonomia para as atividades da vida 
diária. Nessa fase pode ainda ser notada apatia, como um sintoma bastante comum. É também 
notada uma certa desorientação de tempo e espaço. A pessoa não sabe onde está nem em que ano 
está, em que mês ou que dia. Quanto mais cedo os sintomas forem percebidos, mais eficaz é o 
tratamento e melhor o prognóstico.
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AS PRINCIPAIS PATOLOGIAS E TRANSTORNOS │ UNIDADE III
Com o passar dos anos, conforme os neurônios morrem e a quantidade de neurotransmissores 
diminuem, aumenta a dificuldade em reconhecer e identificar objetos (agnosia) e na execução de 
movimentos (apraxia).
Na fase intermediária necessita de maior ajuda para executar as tarefas de rotina, pode passar a não 
reconhecer seus familiares, pode apresentar incontinência urinária e fecal; torna-se incapaz para 
julgamento e pensamento abstrato, precisa de auxílio direto para vestir-se, comer, tomar banho, 
tomar suas medicações e todas as outras atividades de higiene. Pode apresentar comportamento 
inadequado, irritabilidade, desconfiança, impaciência e até agressividade; ou pode apresentar 
depressão, regressão e apatia.
Nessa fase, o paciente ainda consegue comunicar ideias básicas. O paciente pode parecer desleixado ao 
efetuar certas tarefas motoras simples (escrever, vestir-se etc.), devido a dificuldades de coordenação.
No período final da doença, existe perda de peso mesmo com dieta adequada; dependência completa, 
torna-se incapaz de qualquer atividade de rotina da vida diária e fica restrita ao leito, com perda 
total de julgamento e concentração. Durante a última fase do Mal de Alzheimer, o paciente está 
completamente dependente das pessoas que tomam conta dele. A linguagem está agora reduzida 
a simples frases ou até a palavras isoladas, acabando, eventualmente, em perda da fala. Pode 
apresentar reações a medicamentos, infecções bacterianas e problemas renais. Na maioria das vezes, 
a causa da morte não tem relação com a doença, e sim com fatores relacionados à idade avançada.
Uma das dificuldades em realizar um diagnóstico de Doença de Alzheimer é a aceitação da demência 
como consequência normal do envelhecimento.
Tratamento
Não existe cura conhecida para a Doença de Alzheimer, por isso o tratamento destina-se a controlar 
os sintomas e proteger a pessoa doente dos efeitos produzidos pela deterioração trazida pela sua 
condição. Antipsicóticos podem ser recomendados para controlar comportamentos agressivos ou 
deprimidos, garantir a sua segurança e a dos que a rodeiam.
O tratamento permite melhorar a saúde, retardar o declínio cognitivo, tratar os sintomas, controlar 
as alterações de comportamento e proporcionar conforto e qualidade de vida ao idoso e sua família.
A doença de Alzheimer não afeta apenas o paciente, mas também as pessoas que lhe são próximas. 
A família deve preparar-se para uma sobrecarga muito grande em termos emocionais, físicos e 
financeiros. Também deve se organizar com um plano de atenção ao familiar doente, em que se 
incluam, além da supervisão sociofamiliar, os cuidados gerais, sem esquecer os cuidados médicos e 
as visitas regulares, que ajudará a monitorar as condições da pessoa doente, verificando se existem 
outros problemas de saúde que precisem ser tratados. 
Evolução
A evolução da piora é em torno de 5% a 15% da cognição (consciência de si próprio e dos outros) 
por ano de doença, com um período em média de oito anos de seu início e seu último estágio. 
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UNIDADE III │ AS PRINCIPAIS PATOLOGIAS E TRANSTORNOS
Com a progressão da doença passa a não reconhecer mais os familiares ou até mesmo a não 
realizar tarefas simples de higiene e vestir roupas. No estágio final, necessita de ajuda para tudo. 
Os sintomas depressivos são comuns, com instabilidade emocional e choros. Delírios e outros 
sintomas de psicose são frequentes, embora difíceis de avaliar nas fases finais da doença, devido 
à total perda de noção de lugar e de tempo e da deterioração geral. Em geral, a doença instala-
se em pessoas com mais de 65 anos, mas existem pacientes com início aos 40 anos, e relatos 
raros de início na infância, de provável cunho genético. Podem aparecer vários casos numa 
mesma família, e também pode acontecer casos únicos, sem nenhum outro parente afetado, 
ditos esporádicos.
Prevalência
No mundo, o número de portadores de Alzheimer chega a cerca de 25 milhões, com aproximadamente 
1 milhão de casos no Brasil.
Existe uma relação inversamenteproporcional entre a prevalência de demência e a escolaridade. Nos 
indivíduos com 8 anos ou mais de escolaridade, a prevalência é de 3,5%, enquanto nos analfabetos 
é de 12,2%.
Sintomas
As áreas mais afetadas são as associadas à memória, à aprendizagem e à coordenação motora.
Prevenção
O Alzheimer é quatro vezes mais comum em analfabetos do que em pessoas com mais de 8 anos de 
estudo formal.
Todos os estudos de medidas para prevenir ou atrasar os efeitos do Alzheimer são frequentemente 
infrutíferos. Hoje em dia, não parecem existir provas para acreditar que qualquer medida de 
prevenção é definitivamente bem-sucedida contra o Alzheimer. No entanto, estudos indicam 
relações entre fatores alteráveis como dietas, risco cardiovascular, uso de produtos farmacêuticos 
ou atividades intelectuais e a probabilidade de desenvolvimento de Alzheimer da população. Mas só 
mais pesquisa, incluídos testes clínicos, revelarão se, de fato, esses fatores podem ajudar a prevenir 
o Alzheimer.
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AS PRINCIPAIS PATOLOGIAS E TRANSTORNOS │ UNIDADE III
A inclusão de fruta e de vegetais, de pão, de trigo e de outros cereais, de azeite, de peixe e de vinho 
tinto, podem reduzir o risco de Alzheimer. Algumas vitaminas como a B12, a B3, a C ou a B9 
foram relacionadas em estudos ao menor risco de Alzheimer, embora outros estudos indiquem que 
estas não têm nenhum efeito significativo no início ou no desenvolvimento da doença e podem ter 
efeitos secundários. Algumas especiarias como a curcumina e o açafrão mostraram sucesso na 
prevenção da degeneração cerebral em ratos de laboratório.
Tratamento
Os inibidores da acetilcolinesterase retardam o declínio cognitivo em 40%.
O tratamento visa minimizar os sintomas, proteger o sistema nervoso e retardar o máximo possível a 
evolução da doença. Os inibidores da acetilcolinesterase, atuam inibindo a enzima responsável 
pela degradação da acetilcolina que é produzida e liberada por algumas áreas do cérebro (como os 
do núcleo basal de Meynert). 
A deficiência de acetilcolina é considerada um dos principais fatores da doença de Alzheimer, 
mas não é o único evento bioquímico/fisiopatológico que ocorre. Mais recentemente, um grupo 
de medicações conhecido por inibidores dos receptores do tipo NMDA (N-Metil-D-Aspartato) do 
glutamato entrou no mercado brasileiro, já existindo no europeu há mais de uma década. 
Medicamentos psiquiátricos
Como a depressão e a ansiedade são um problema constante no Alzheimer é comum que os médicos 
prescrevam antidepressivos, principalmente inibidores seletivos da recaptação da 
serotonina como sertralina (Zoloft) e o citalopram (Cipramil). Porém os estudos demonstrando 
sua eficácia são bastante limitados, diminuindo a concentração, a atenção e o estado de vigília, sendo a 
eletroconvulsoterapia uma boa alternativa.
Antidepressivos, além de melhorarem o humor, o apetite, o sono, o autocontrole e diminuirem 
a ansiedade, tendências suicidas e agressividade, têm demonstrado também significativamente 
retardar a degeneração do cérebro.
Em 2008, um estudo conseguiu desenvolver um meio de reverter alguns sintomas do Mal de 
Alzheimer em questão de minutos. Uma injeção de etanercepte (nome comercial: Enbrel) na 
espinha, uma citocina usada no tratamento de problemas imunológicos atuou inibindo o fator de 
necrose tumoral alfa (TNF) resultando em melhoras cognitivas e comportamentais quase imediatas.
Em 2011, outro estudo identificou que um defeito no fígado é responsável pelo excesso de produção 
de amiloide beta. Em testes com animais o uso de imatinib (nome comercial: Gleevec), uma droga 
usada no tratamento do câncer, resultou em diminuição de amiloides beta no sangue e no cérebro. 
Há o planejamento de realizar testes com humanos em breve.
Cuidadores
Os cuidadores são fundamentais para o tratamento do idoso com Alzheimer no ambiente 
domiciliar, mas nem todos os familiares estão preparados física e psicologicamente para conviver 
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UNIDADE III │ AS PRINCIPAIS PATOLOGIAS E TRANSTORNOS
e cuidar de alguém que não os reconhece nem valoriza seus esforços. Por isso, é importante o 
acesso às informações sobre a patologia e apoio psicossocial aos cuidadores. E o cuidador de 
paciente com Alzheimer frequentemente tem de lidar com irritabilidade, agressividade, mudanças 
de humor e de comportamento.
É recomendado a participação do cuidador em programas de cuidado ao idoso com Alzheimer para 
esclarecer dúvidas sobre a doença, acompanhar o tratamento, dar apoio psicológico e social para 
atenuar o esgotamento e o estresse gerados pela convivência com uma pessoa que a cada dia vai 
precisar de mais cuidado e atenção no ambiente domiciliar.
Os cuidadores são responsáveis pela manutenção da segurança física, redução da ansiedade e 
agitação, melhoria da comunicação, promoção da independência nas atividades de autocuidado, 
atendimento das necessidades de socialização e privacidade, manutenção da nutrição adequada, 
controle dos distúrbios do padrão de sono e transporte para serviços de saúde, além das inúmeras 
atividades diárias de cuidado com o lar.
Solidão
Um dia você olha no espelho e percebe que o tempo passou. O corpo e a pele já não são os mesmos, a 
disposição vai dando espaço ao cansaço e a insegurança das primeiras experiências transformou-se 
em sabedoria.
A solidão pode produzir estragos em uma pessoa que se encontra na chamada “plenitude da vida”, 
então, o que poderia acontecer com alguém que já está, provavelmente, ao final do caminho? 
A solidão entre pessoas idosas é frequentemente mais comum do que se pensa. Segundo cifras da 
Organização Pan-Americana de Saúde, o grupo humano que proporcionalmente atinge taxas mais 
altas de crescimento no mundo está entre os 60 e os 85 anos de idade. As causas estão relacionadas à 
melhoria da alimentação e ao crescimento da cobertura dos serviços de saúde pública, enfrentando 
importantes sistemas de controle da natalidade.
Na Inglaterra, as entidades de estatística calculam que existirá, no ano 2031, mais de 35 mil cidadãos 
com, pelo menos, 100 anos de vida.
Um estudo desenvolvido pela psicóloga argentina Marta Susana Tetamanti, intitulado “La vejez, 
el tema olvidado” (O envelhecimento, este tema esquecido), defende que existem múltiplas 
características para que essa porção da sociedade se encontre atualmente isolada. Segundo a 
professora de Psicologia da Universidad Nacional de Mar Del Plata, o conceito capitalista da 
sociedade, segundo o qual “o que não serve se joga fora” foi transformado em realidade para os 
mais idosos. São rechaçados de postos de trabalho, isolados das famílias e, em alguns casos, com 
matrimônios que terminam em viuvez. 
Segundo Tetamanti, o aspecto individualista das sociedades contemporâneas deixa os idosos 
solitários, o grupo humano com maiores índices de desemprego.
Da mesma forma, agrega a especialistas, as mudanças físicas e em seu quadro familiar, os leva a 
sofrer de maiores depressões e a ser o grupo humano com maiores taxas de suicídios.
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Muitos idosos lidam bem com essa situação e até fazem da Terceira Idade, a melhor fase de suas 
vidas, saindo para dançar, participando de grupos de atividades e curtindo tudo o que a vida pode 
lhes oferecer sem dar espaço para a solidão, porém, boa parte deles não consegue superar a sensação 
de inutilidade e vazio decorrentes das mudanças no corpo e na rotina e acaba se isolando de seu 
ciclo social, seja por vergonha de estar parado, seja por se sentir descartado: “muita gente acha que 
os problemas de saúde dos idosos são decorrentes da saúde fragilizada”. 
De fato, nosso organismo fica mais vulnerável com o passar dos anos e, assim como toda máquina, 
vai perdendo suas reservas, mas manter a autoestima em alta e receber afeto ajuda a fortalecer o 
sistema imunológico nesta fase da vida.
Um estudo da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos comprova o poder das emoções na 
saúde dos idosos. Depois de avaliar 229 pessoas, com idade

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