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Diversidade Répteis: Mais de 7800 espécies espalhados por diversos ambientes. Apresentam características diferentes que os animais domésticos. Testudinomorpha (tartarugas) 250 Lepidossaurus (cobras, lagartos e tuatara) 5.700 Crocodilla (jacarés, crocodilos, gaviais e aligátor) 21 Risco anestésico Animais domésticos: Cães apresentam uma taxa de 0,15% (1 morte em 679 anestesias de cães e gatos sadios) → valores segundo alguns estudos sobre a mortalidade. Animais de vida livre: Apresentam índices mais altos quando comparada com animais domésticos – taxa de mortalidade de 0,7 – 3,4% Desafios Variedade das espécies é muito grande, então o anestesista precisa conhecer as particularidades de cada grupo, bem como manejo e habitat da espécie (ou para fazer a captura ou para o atendimento). Agressividade/ e nível de estresse é mais elevado que animais domésticos, isso ainda é mais acentuado quando se trata de animais que nunca tiveram um contato prévio com humanos. Parâmetros vitais variados o que reflete em uma dificuldade de avaliação da dor, principalmente em répteis. Dificuldade nas avaliações pré-anestésica e com isso a instituição de protocolos anestésicos é mais complicada. Isso requer mais conhecimento e experiencia por parte do anestesista para instituir um plano anestésico seguro. Local onde vai se trabalhar com esses animais muitas vezes são locais abertos (difícil acesso). Anestesia Perda da consciência (narcose) devido a uma supressão temporária da percepção dolorosa, ou seja, sempre fazendo o controle de dor. De modo que sempre tenha uma proteção neurovegetativa (uma forma de reversão da anestesia) e com um relaxamento muscular ligado até o pós-operatório, para que esse animal tenha uma recuperação anestésica mais tranquila. Resposta neuroendócrina O manejo do animal está relacionado com uma resposta neuroendócrina, ou seja, com uma resposta de estresse, consequentemente, terá um aumento dos níveis de cortisol na corrente sanguínea. É importante ter cuidado, optando sempre para que a captura seja feita por uma pessoa já familiarizada com o paciente, pois os níveis de cortisol elevados vão influenciar tanto da resposta do organismo a anestesia, quanto na sua recuperação. As complicações mais comuns devido a altos níveis de cortisol sérico: deiscência de sutura, aumento de FC e FR, quadros de acidose metabólica. Avaliação do paciente Estado geral é a base para a instituição de um protocolo anestésico adequado. Histórico é fundamental para essa avaliação, normalmente são informações coletadas com pessoa/ estabelecimento/ criadouro responsável pelo manejo do paciente (que tem mais contato). Sempre buscando informações quanto aos hábitos desse animal (se estão ou não alterados), quanto ao peso corporal (se tem ou não emagrecimento progressivo), se os níveis de estresse estão mais altos (reflete em alimentação, despertar). O conhecimento da zona de temperatura ideal (ZTI) é fundamental, principalmente se tratando de répteis, sendo que cada espécie apresenta um valor ideal. A partir dessa temperatura é possível ter um bom parâmetro para a anestesia (relacionado com uma boa metabolização dos fármacos o que reflete diretamente em sua resposta aos fármacos anestésicos. Quando saem da sua temperatura ideal apresentam uma metabolização mais lenta). Horário do procedimento está relacionado com a temperatura do paciente. Se é uma situação que o anestesista já tem um conhecimento prévio sobre a fisiologia da espécie animal que será trabalhada, na tentativa de compensar a redução da metabolização dos fármacos anestésicos (pela perda de temperatura ideal) é preferível optar por dias e horários mais quentes. Intenção anestésica: A anestesia (ou contenção química, com um efeito mais leve) é indicada para qualquer tipo de manejo que será realizado com o paciente de vida livre, seja para manejos mais simples, como tratamento de pequenas feridas ou a coleta de material biológico, seja para a manipulação dentro de um centro cirúrgico (procedimento mais longo e complexo). Classificação ASA ASA DESCRIÇÃO 1 Aparentemente hígido 2 Doença sistêmica leve 3 Doença sistêmica moderada 4 Doença sistêmica grave 5 Moribundo Sistema cardiovascular Répteis apresentam 3 câmaras cardíacas. Shunt intracardíaco → muito importante para répteis, que tem mecanismos de defesa onde conseguem ficar de uma forma mais segura, em algum local, até mesmo fingindo de mortos → conseguem fazer esses desvios intracardíacos (desviam toda a circulação das extremidades, ou seja, diminuem o fluxo sanguíneo das extremidades para órgãos mais importantes) → é fundamental conhecer esse mecanismo na hora de estabelecer um protocolo anestésico, é necessário fazer uma boa sedação e indução para não ser preciso o uso de uma quantidade excessiva de medicamento anestésico para que esse animal seja responsivo. Sistema porta-renal: cuidado com o local da aplicação de anestésicos intravenosos. É comum o acesso em membros posteriores, mas não esquecer do desvio porta-renal. Se fizer a aplicação de medicamento anestésico em membros posteriores, será desviado para o rim (por meio do sistema porta) e com isso tem a metabolização da droga sem que tenha um efeito efetivo no sistema como um todo. Quelônios: 15 – 30 mmHg → esses valores de pressão são médios, pode haver variação para mais ou para menos. Iguanas: 40 – 50 mmHg → esses valores de pressão são médios, pode haver variação para mais ou para menos. Serpentes: varia de acordo com o estresse gravitacional Sistema pulmonar Não possuem diafragma, então dependendo da espécie é preciso ter cuidado com o decúbito que vai posicionar esse animal. Em decúbito dorsal é essencial o uso de uma ventilação mecânica para evitar que o paciente tenha um quadro de hipoxia grave. A glote está localizada na base da língua. Anéis traqueais incompletos! Isso requer maior cuidado no momento da intubação orotraqueal, sempre trabalhar com cuidado para evitar o rompimento da traqueia. Quelônios e lagartos tem dois pulmões Serpentes = um pulmão funcional Podem fazer metabolismo anaeróbio (apneia longa) Intubação Termorregulação São animais ectodérmicos, ou seja, a temperatura corporal é dependente da temperatura do ambiente que estão inseridos. Duas espécies registram autêntica termogênese, ou seja, espécies que conseguem manter suas temperaturas corporais superiores a do seu meio ambiente: a tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea), que possui essa capacidade devido a sua grande quantidade de gordura corporal. Tigrina (Python molurus), que geram calor por contrações musculares. Contenção física Vale a pena fazer essa contenção quando é uma situação que precisa fazer um procedimento, mas que não necessita de uma anestesia completa. É um tipo de contenção que deve ser muito bem avaliada, pois pode gerar um quadro de elevados níveis de estresse (aumento de cortisol sanguíneo). Ponderar sobre o uso de uma contenção química. Materiais necessários: 1) Luvas 2) Toalhas 3) Corda 4) Ganchos 5) Armadilhas Jejum Dificilmente vai conseguir um paciente dentro do período de jejum ideal, ainda mais se for um animal de vida livre. Desnecessário nos herbívoros. Quelônios: 18 horas. Pequenos lagartos: 18 horas. Grandes lagartos: 72 – 96 horas Locais para acesso intravascular Serpentes a) Veia coccígea (localizada na linha ventral da cauda) → via de acesso mais fácil nessa espécie. b) Veia jugular → requer mais experiência do profissional para realizar esse acesso, além de ser um acesso mais difícil, é preciso de trabalho redobrado em serpentes venenosas. c) Veia palatina. d) Intracardíaca em casos de emergência. Lagartos a) Veia coccígea → a principal via de acesso. b) Veia abdominal (linha ventral do abdome). c) Veia cefálica. d) Veia jugular. e) Intraósseas (fêmur distal, tíbia proximale úmero proximal) → requer um bom conhecimento anatômico do profissional para faça o acesso corretamente. Quelônios a) Veia coccígea dorsal → acesso fácil, muito utilizado na rotina. b) Seio cervical dorsal. c) Seio venoso occipital → acesso fácil, muito utilizado na rotina. d) Veias jugulares na altura do nível do tímpano. Monitoramento É preciso ter conhecimento dos parâmetros vitais do paciente, por se tratar de uma quantidade extremamente alta de variedade de espécies, é importante fazer um estudo prévio dos parâmetros basais da espécie que o paciente pertence. Registros em planilha de parâmetros ANTES da administração de fármacos anestésicos para comparar com os parâmetros basais esperados. Dessa forma é possível determinar com maior segurança os níveis de estresse do paciente, além de servir como guia do plano anestésico (superficial ou profundo demais) durante o procedimento cirúrgico. Atenção do início ao fim do procedimento anestésico, pronto para qualquer possível complicação que possa acontecer. Reconhecer os problemas e trata- los instantaneamente. Equipamentos 1) Oxímetro de pulso 2) Capnógrafo → aparelho que é conectado ao tubo orotraqueal, a partir dele é possível determinar as seguintes condições: a) Aumento da EtCO2, isso acontece quando animal apresenta: Depressão respiratória; Aumento do mecanismo celular b) Diminuição da EtCO2, em uma situação que o paciente tem: Hiperventilação; Baixo débito cardíaco; Parada respiratória 3) Doppler vascular 4) Eletrocardiograma Padrões fisiológicos – para avaliação Deve fazer anotação desses parâmetros ao longo de todo o plano anestésico. 1) Padrão respiratório: A ventilação pode ser vista na lateral do pescoço de répteis, coloração das mucosas, capnografia (15 – 20 cm de H2O), oximetria (tende a superestimar) → em aves 2) Padrão cardíaco: Doppler (processo xifoide) → repteis, eletrocardiograma, pressão arterial (Quelônios: 15 – 30 mmHg Iguana-verde: 40 – 50 mmHg). 3) Sistema porta-renal: Aplicação de medicamento em membros pélvicos, deve tomar cuidado porque vão sofrer uma maior eliminação. Porém, a grande vantagem desse acesso, é que o animal tem um retorno rápido 4) Temperatura: Repteis: varia de acordo com o ambiente (mantidos em sua ZTI). - Climas temperados: 20 – 25ºC - Climas tropicais: 25 – 35ºC Técnicas de aquecimento → cuidado com o tempo de aquecimento, deve ser feito em um tempo mais prolongado e gradual. Se tiver a intenção de aquecer o animal de forma muito rápida, aumenta muito as chances de induzir lesões por queimaduras. Pode utilizar: Colchão térmico, bolsa térmica, lâmpada de aquecimento → tamanho vai variar de acordo com a espécie, aquecedores. 5) Estágios: Interrupção de movimentos. Reflexos de endireitamento não é perdido durante a anestesia, se o animal perder (mesmo que em menor grau) esses reflexos, é um indício que aprofundou muito, sendo necessário corrigir. Pinçamento: outra forma de avaliar a profundidade anestésica. Em um plano adequado, o animal deve ter respostas reflexas ao pinçamento. Diminuição da respiração sugere um plano mais profundo, mas esse parâmetro mais subjetivo. Portanto, é mais confiável outros parâmetros de avaliação. Reflexos corneano e tônus cloacal DEVEM estar presentes durante todo o procedimento. 6) Recuperação: Cuidado com o decúbito em animais maiores, pelo fato de não apresentarem diafragma, o dependendo do decúbito associado ao seu peso (sobre órgãos respiratórios) terá uma grande dificuldade respiratória. Alimento e água disponível para quando o animal se recuperar. Temperatura ideal, com um ambiente tranquilo (sem som, sem iluminação forte) → para evitar que o seu despertar não seja muito agitado. O retorno anestésico da maioria das espécies é mais demorado. Manejo analgésico para reduzir a dor e ao mesmo tempo não interferir no processo de cicatrização. Imobilização (local acolchoado para evitar qualquer tipo de lesão). Evidência de dor em répteis 1) Presença de nociceptores: fibras C encontradas em serpentes (tais fibras são capazes de transmitir informações). 2) Vias de transmissão a) Projeções espinotalâmicas b) Paleospinatalâmicos (dor lenta) c) Tratos trigemiais 3) Estruturas cerebrais a) Neocórtex b) Conexões espinhais diretas com o tronco cerebral e com o tálamo dorsal Medicação pré-anestésica – MPA Atropina: em muitas situações não é recomendado o seu uso, isso porque uma das suas ações é aumentar a viscosidade da saliva e isso provoca processos obstrutivos (atenção! Induz o aumento da viscosidade da saliva e não o aumento da produção). AINES: uso para o tratamento de dor crônica. Benzodiazepínicos a) Midazolam → mais usado que o Diazepam pelo fato de apresentar uma via de metabolização mais rápida. b) Diazepam Alfa 2 agonistas a) Xilazina: sua grande vantagem é o fato de apresentar um antagonista, dessa forma é possível fazer a reversão da ação a qualquer momento. Porém, apresentam inúmeras desvantagens que devem ser ponderadas de acordo com o paciente (principal efeito adverso: depressão respiratória). Dissociativos → classe de fármaco mais utilizada em animais silvestres. a) Cetamina - Doses ** 12 – 44 mg/kg, IM para sedação ** 55 – 88 mg/kg para indução do plano anestésico - Efeitos ** Aumento da FC, hipertensão e depressão respiratória ** principal desvantagem: NÃO PROMOVE O RELAXAMENTO MUSCULAR → por isso é feito associação com um benzodiazepínico (função miorrelaxante). b) Tiletamina - Associada ao zolazepam. - 2 a 3 vezes mais potente que a cetamina. - Dose: 2 – 5 mg/kg - Recuperação prolongada. Opioides a) Butorfanol: reduzir a CAM b) Morfina - Diminuição ao reflexo de retirada - Dose: 5mg/kg Indução Propofol a) Dose: 5 – 10 mg/kg, IV b) Não apresenta analgesia c) Depressão respiratória em doses elevadas e velocidade de aplicação d) Dose dependente Manutenção Isofluorano: anestésico inalatório mais utilizado. A taxa respiratória necessária para manter a anestesia é, geralmente maior do que a taxa respiratória normal de um animal inconsciente. Como tal, ventilação por pressão positiva intermitente (VPPI) é usualmente necessária para manter a anestesia, mesmo que os animais respirem espontaneamente. Recuperação e cuidados pós Utilizar do ambiente para oxigenar. Melhorar do padrão da FC e FR. Manter-se dentro da zona de temperatura ideal. Manter longe de superfície com água até que apresente os reflexos normais. Se não tiver esse cuidado, vai aumentar as chances de afogamento, isso porque ainda apresentar um metabolismo lento.
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