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MEUS ESTUDOS Enfermagem Elisiane R. Silva SAÚDE DO IDOSO CASO CLINICO 1 V.H.F.M, 65 anos, aposentado - Dor no peito Anamnese Queixa principal: familiar necessita de orientações para conduzir o cuidado no domicilio. Histórico do problema atual Equipe de ESF visita o Sr V.H.F. em seu domicilio, por solicitação de seu familiar. Familiar relata que paciente apresentou forte dor precordial há 8 dias, quando chamou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e paciente foi levado para o Serviço de Emergência. Neste serviço foi admitido e recebeu o diagnóstico médico de IAM. O eletrocardiograma do momento da internação apresentou-se com supradesnivelamento do segmento ST. O idoso foi então submetido à angioplastia primária com implante de stent na artéria coronária direita. Não teve intercorrências durante os seis dias de internação hospitalar e, após a alta, foi orientado a procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) para acompanhamento da equipe da ESF. Na chegada da equipe de ESF ao domicilio, o idoso encontra-se sentado na sala, com sua família. Quando questionado sobre seu estado atual, relata ausência de dor ou de falta de ar, sentindo-se ansioso e apresentando tremores após a alta hospitalar. Refere não estar fazendo uso de álcool e tabaco, alimenta-se sem dificuldade e deambula sem auxilio. Gostaria de receber algumas orientações a respeito dos cuidados com sua saúde atual, como, por exemplo, atividade sexual, atividade física, alimentação e retorno às atividades laborais. Revisão de sistemas Sistema genitourinário: Eliminações fisiológicas vesicais presentes, em bom volume. Histórico História social V.H.F. mora com sua esposa e a neta de dezessete anos em uma residência na área de abrangência da ESF de um bairro periférico da cidade, a casa é de alvenaria, possui sala, cozinha, dois quartos e banheiro com bom aspecto de higiene. A renda mensal da família é proveniente da aposentadoria do idoso e, anteriormente, dos serviços eventuais de pedreiro, com a qual auxilia nos custos da casa e nos estudos da neta. Sr V.H.F. tem dois filhos que moram no interior do município, os quais visitam os pais, aproximadamente, uma vez ao mês. Seu meio de transporte para realizar a atividade de pedreiro é uma bicicleta, na qual carrega suas ferramentas de serviço. Antecedentes pessoais Hipertenso há seis anos, em tratamento, dislipidêmico, tabagista (fuma aproximadamente 20 cigarros/dia, há 26 anos) e etilista (meia garrafa de cachaça/dia). Desde o retorno ao domicílio não fumou ou bebeu. Não possui alergias. Dorme cerca de seis horas por dia, possui hábitos alimentares irregulares, baixa ingesta de frutas e legumes e alta ingesta de gordura e sal. Não realiza exercícios físicos, sua única atividade física é proveniente de seu serviço braçal. Revisada Caderneta do Idoso, apresenta três doses da Vacina Dupla Tipo Adulto (dT), sendo a última dose em 2009 e realiza Vacina influenza sazonal anualmente. Medicações em uso Captopril 12,5 mg, 01 comprimido de manhã e a noite; Atenolol 25 mg, 01 comprimido às 08h; Sinvastatina 20 mg, 01 comprimido às 20h; AAS 100 mg, 02 comprimidos no almoço. Antecedentes familiares Pai faleceu de AVC (Acidente Vascular Cerebral) com 70 anos e mãe por infarto agudo do miocárdio com 84 anos. Exame Físico Sintomas gerais: Lúcido, orientado, comunicativo e com períodos de agitação e presença de tremores de extremidades. Mucosas úmidas e coradas, hidratado e afebril. Frequência cardíaca: 84 bpm Frequência respiratória: 20 mrpm Pressão arterial: 150/90 mmHg Temperatura: 36,8ºC Peso: 85kg Estatura: 1,68 cm IMC: 30,1 kg/m² Ausculta pulmonar: com murmúrios vesiculares presentes em ápice e base bilaterais, sem ruídos adventícios, eupneico. Ausculta cardíaca com ritmo regular, bulhas cardíacas normofonéticas, sem sopros. Abdome: ruídos hidroaéreos presentes, indolor e com presença de hepatomegalia à palpação. Coluna vertebral e extremidades: extremidades aquecidas, perfundidas e sem edemas, pulsos periféricos cheios e simétricos. Questão 1 comentada Diante do caso do Sr V.H.F., quais os problemas levantados durante a visita domiciliar? Tabagista e etilista - Hábitos alimentares irregulares - Falta de informação sobre seu autocuidado - Presença de tremores e agitação. Tabagismo, etilismo, hábitos alimentares irregulares, índice de massa corporal elevado e falta de informação sobre seu autocuidado influenciam negativamente no cuidado ao paciente pós-IAM. Outro problema nesse caso é a abstinência ao álcool e tabaco percebido pela presença de tremores e agitação. Questão 2 - comentada Quais são os fatores de risco para Síndrome Coronariana Aguda (SCA) presentes na história pregressa do Sr. V.H.F.? Tabagismo – Dislipidemia – etilismo – hipertensão - sedentarismo O termo SCA é empregado aos pacientes com evidências clínicas ou laboratoriais de isquemia aguda, produzida por desequilíbrio entre suprimento e demanda de oxigênio para o miocárdio, sendo, na maioria das vezes, causada por instabilização de uma placa aterosclerótica. O diagnóstico de SCA é fundamentado na história típica, alterações de ECG e marcadores de necrose miocárdica. A presença de três ou mais fatores de risco para DAC são marcadores de pior evolução. Fatores de risco para DAC: - Tabagismo; - Hipertensão arterial; - Dislipidemia; - História familiar para DAC precoce (homem <55 anos e mulher <65 anos); - Diabetes Mellitus. Questão 3 - comentada Dentro do plano de cuidados da atenção primária ao paciente após infarto agudo do miocárdio, quais orientações devem ser dadas ao Sr. V.H.F. e seus cuidadores? Aumentar a ingesta de frutas, legumes e peixes. Comunicar à equipe as mudanças no estado de saúde da pessoa cuidada. Administrar as medicações, conforme a prescrição e orientação da equipe de saúde. Reduzir a ingesta de sal, gordura saturada, gorduras trans e colesterol. Plano de cuidados – segmento da atenção primária. Reabilitação cardíaca: O principal foco de reabilitação é o exercício físico de caráter educacional, mais complexo que um condicionamento físico. Recomendada a reabilitação supervisionada por médico. Recomendado teste ergométrico para orientar prescrição do exercício. Atividade física: Todos os pacientes deverão ser encorajados a realizar de 30 a 60 min de atividade aeróbica, em intensidade moderada, cinco vezes por semana, além de aumentar o gasto energético diário (ex: atividades domésticas e jardinagem). Retorno ao trabalho: Na maioria das vezes o estresse sofrido no trabalho é menor que o medido no teste de esforço, reforçando que o retorno ao trabalho deve ser encorajado. Outras atividades: Atividade sexual com parceiro habitual pode ser reassumida de 7 a 10 dias em pacientes sem complicações durante a internação. A direção de veículos pode ser permitida em uma semana para pacientes sem complicações e de duas a três semanas em pacientes com IAM complicado (insuficiência cardíaca, arritmia). Dieta: Pacientes podem ser encorajados a diminuir a ingesta diária de sal, gordura saturada, gorduras trans e colesterol, e estimular a ingesta de frutas, vegetais e peixe. Peso: o peso corporal e a circunferência abdominal devem ser medidos em todas as consultas. Os pacientes idosos devem ser encorajados a manterem um IMC entre 22 e 27 kg/m2 e a circunferência abdominal menor que 102 cm em homens e, 88 cm em mulheres Paciente diabético: Mudança no estilo de vida, controle dos demais fatores de risco (HAS, obesidade, dislipidemia) e medicação visando glicohemoglobina menor ou igual a 7%. Portadores de HAS: Modificação do estilo de vida e medicação objetivando pressão arterial menor ou igual a 130/80 mm/Hg Vacina influenza: Todos os pacientes devem ser vacinados contra o influenza anualmente. Terapia de reposição hormonal: Não deve ser prescrita. Evitar o uso de anti-inflamatórios não esteroides: Dores musculoesqueléticas devemser tratadas com analgésico como paracetamol e narcótico de curta ação em pequenas doses. Se não houver melhora pode utilizar AINE não seletivo (Naproxeno). (BRASIL, [2014], p. 44) Tratamento farmacológico após IAM Antiagregantes plaquetários O ácido acetilsalicílico proporciona redução da mortalidade vascular e da mortalidade total. Recomenda-se 81 a 325 mg por dia. Está contraindicado quando há história de hipersensibilidade a salicilatos, hemorragia digestiva e diátese hemorrágica e devendo ser usado com cautela em pacientes com úlcera gastroduodenal ou gastrite. O clopidogrel é usado na dose de 75 mg por dia. Atualmente é recomendado por, pelo menos, duas semanas mesmo nos casos em que não houve fibrinólise. Os pacientes que se submeteram a implante de stent, seja em caráter de resgate ou eletivo pós-IAM, devem usar ácido acetilsalicílico por um mínimo de 30 dias. Para prevenir a ocorrência de trombose intra-stent, a associação destes dois medicamentos pode ser mantida por um ano. Betabloqueadores Devem ser usados em todos os pacientes com IAM, salvo se houver alguma contraindicação para tal. Algumas das contraindicações são frequência cardíava inferior a 60 bpm, intervalo PR acima de 0,24 s, pressão sistólica inferior a 100 mmHg, insuficiência cardíaca descompensada grave, bloqueio atrioventricular de 2º ou 3º graus, doença pulmonar obstrutiva grave e doença arterial periférica com sintomatologia grave. Inibidores da enzima conversora da angiotensina e bloqueadores dos receptores AT1 Os benefícios das suas ações anti-isquêmica e anti-aterosclerótica são suficientes para que os inibidores da enzima conversora da angiotensina e os bloqueadores dos receptores AT1 sejam precritos para todos os pacientes após o IAM. Nos casos com disfunção do ventrículo esquerdo ou da parede anterior, nos hipertensos, diabéticos e nos portadores de nefropatia crônica estável tem indicação forma de uso por tempo indeterminado. Hipolipemiantes O uso de estatinas está indicado sempre que o LDL-colesterol for superior a 130 mg/dl ou quando estiver entre 100 e 130 mg/dl conforme o critério do médico. Antagonistas dos canais de cálcio Não existem evidências favoráveis ao seu uso rotineiro após o IAM. Entretanto, podem estar indicados como uma alternativa aos betabloqueadores quando houver doença pulmonar obstrutiva crônica, broncoespasmo ou doença arterial periférica. Neste contexto, a preferência de uso recai sobre diltiazem e verapamil, pela similaridade da ação em comparação aos betabloqueadores. Antiarrítmicos O único medicamento deste grupo que tem seu uso reconhecido é a amiodarona nos casos em que há disfunção ventricular esquerda associada a arritmias ventriculares frequentes. Pacientes com fração de ejeção inferior a 40%, taquicardia ventricular sustentada ou não sustentada devem ser encaminhados para avaliação eletrofisiológica pelo benefício potencialmente maior com o uso de cardioversor-desfibrilador implantável. Nitratos Não são usados rotineiramente após o IAM, exceto no caso de angina ou isquemia miocárdica persistentes ou insuficiência cardíaca. (PIEGAS et al., 2009)
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