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1 Ariana Tavares Polícia Civil da Paraíba – Perito Criminal Anterioridade da Lei – Código Penal ▪ Art. 1º - Não há crime sem lei* anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. o Lei* - Princípio da estrita legalidade ou reserva legal; ▪ Regra – Tempus regit actum – aplica-se a lei vigente ao tempo da conduta (ato). o Entretanto, excepcionalmente e sempre em benefício do réu, poderá haver a aplicação de leis que não estavam vigentes à época dos fatos; o Retroatividade da lei penal benéfica – abolitio criminis e novatio legis in mellius; Quando ocorre o crime, do ponto de vista da Lei Penal? ▪ Art. 4º, CP – “Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado” – Teoria da Atividade ▪ Existem ainda outras duas teorias sobre o tempo do crime: o Teoria do Resultado – Considera que o crime ocorreu no momento do resultado; o Teoria Mista – Considera que o crime ocorreu tanto no momento da conduta quanto no momento do resultado. ▪ A Teoria da Atividade (citada anteriormente) é a adotada em nosso código. Retroatividade da Lei Penal Mais Benéfica ▪ Art. 5º, XL – A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu. ▪ Art. 9 da Convenção Americana sobre Direitos Humanos – Ninguém pode ser condenado por ações ou omissões que, no momento em que forem cometidas, não sejam delituosas, de acordo com o direito aplicável. Tampouco se pode impor pena mais grave que a aplicável no momento da perpetração do delito. Se depois da perpetração do delito a lei dispuser a imposição de pena mais leve, o delinquente será por isso beneficiado. ▪ Abolitio criminis (Resulta na extinção da punibilidade) o Código Penal, Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. o Código Penal, Art. 107 – Extingue-se a punibilidade: ❖ III – pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso; o Natureza jurídica da abolitio criminis – Causa de extinção da punibilidade; o Abolitio criminis atende a dois requisitos: ❖ Revogação do tipo penal ❖ Supressão material da conduta (não basta ter sido revogada, a conduta precisa deixar de ser crime); Lei Penal no Tempo Direito Penal – Parte Geral Exemplo q Autor dentro do carro, com a arma na mão, aguardando um momento para agir – Não é considerado o momento da ação ou omissão. q Autor realiza os disparos contra a vítima – Este é o momento do crime (momento da ação ou omissão). q A vítima veio a óbito posteriormente no hospital – Este é o momento do resultado. O QUE IMPORTA É A LEI VIGENTE NO MOMENTO DA EXECUÇÃO DO DELITO (E NÃO NO MOMENTO DO SEU PLANEJAMENTO). Abolitio Criminis Novatio Legis Incriminadora Novatio Legis in Pejus Novatio Legis in Mellius 2 Ariana Tavares Polícia Civil da Paraíba – Perito Criminal Abolitio Criminis Temporária ▪ Exemplo: Estatuto do Desarmamento o Por um período, as pessoas puderam se apresentar e registrar o armamento sem punição por posse ilegal de arma de fogo. o Ao fim desse período, a posse ilegal de arma de fogo voltou a ser punível regularmente. Princípio da continuidade normativa (continuidade típico- normativa) ▪ Também chamada de Revogação Formal da Lei; ▪ Alteração geográfica (topográfica) do tipo penal; o Mudou apenas o local (estava em um artigo, foi colocado dentro de outro artigo no Código Penal); ▪ O tipo penal é revogado, entretanto, a conduta descrita passa a ser disciplinada por outro tipo penal; ▪ Nesse caso, nós temos o requisito de revogação, mas diferentemente do abolitio criminis, não há supressão material da conduta; ▪ Novatio Legis Incriminadora (A nova lei cria um crime) o É o oposto do Abolitio Criminis; o Cria um crime; o Uma conduta que antes não era punível na esfera penal, agora é considerada delituosa; ▪ Novatio Legis in Pejus (Lei nova mais severa) o Não cria uma conduta criminosa, mas piora a situação do acusado; o Aqui não foi criado um tipo penal; ▪ Novatio Legis in Mellius (Nova Lei mais benéfica) o Exatamente o oposto da Novatio Legis In Pejus; o Art. 2º, CP, parágrafo único – “A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado”. ▪ Extratividade – Aplicação de uma lei a fatos ocorridos fora do âmbito de sua vigência. Exemplo Atentado violento ao pudor (Art. 214, CP) Revogado pela Lei nº 12.015/09 “Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a praticar ou permitir que com ele se pratique ato libidinoso diverso da conjunção carnal. Pena – reclusão, de seis a dez anos. O Art. 214, CP não existe mais, agora ele se encontra no Art. 213, CP (crime de estupro). Observação q A Abolitio Criminis cessa apenas os efeitos PENAIS; q Não vai excluir os efeitos extrapenais (cível), como por exemplo, obrigação de reparação do dano. q Sendo beneficiado o réu pela Abolitio Criminis, e caso venha a cometer uma segunda conduta delituosa, não será considerado reincidente, após a Abolitio Criminis ele volta a ser réu primário. q É um caso de Lei Penal em Prejuízo. q Estas não podem retroagir. q Irretroatividade da Lei Penal Mais Gravosa. q É um caso de lei que não pode retroagir em prejuízo, mesmo que o processo ainda esteja em andamento. q Retroagirá para beneficiar o réu. q Teoria da Ponderação Concreta – análise pelo Juiz de qual lei naquele caso será mais benéfica para o acusado. EXTRATIVIDADE ULTRATIVIDADE RETROATIVIDADE Aplicação da lei a fatos ocorridos antes de sua vigência. Aplicação de lei já revogada a fatos ocorridos após o período de sua vigência. 3 Ariana Tavares Polícia Civil da Paraíba – Perito Criminal Súmula n° 711 do STF ▪ “A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência”. Súmula n° 611 do STF ▪ “Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao juízo das execuções a aplicação da lei mais benigna”. Em resumo – ▪ Fenômeno denominado pela doutrina como “Terceira Lei”, posto que para alguns estudiosos, se o julgador “combina” trechos de duas leis, então está efetivamente legislando, criando uma lei “nova”. ▪ Não se submetem às regras comuns das leis penais. ▪ As leis temporárias ou excepcionais, mesmo após revogadas, continuarão a alcançar os fatos praticados durante sua vigência. o Com isto, ela poderá retroagir ou ultragir se a conduta foi praticada durante sua vigência. ▪ São chamadas de autorrevogáveis – é a própria lei que causa sua revogação. RETROATIVIDADE ULTRATIVIDADE Observação q Existe a possibilidade da Ultratividade e Retroatividade simultaneamente. Quer dizer que q Se a questão traz um caso de crime permanente ou continuado, a lei aplicada deve ser a última lei vigente antes da conduta delitiva se encerrar; q Seja essa lei mais benéfica ou mais grave! q Exemplo: Sequestro – enquanto a vítima estiver sequestrada, está ocorrendo a ação ou omissão criminosa (considere todo o período em que durou o sequestro como o tempo do crime). APLICAÇÃO DE LEI MAIS BENIGNA APÓS TRANSITADO EM JULGADO A SENTENÇA COMPETE AO JUIZ DA EXECUÇÃOEntendimento Majoritário q Não é possível a combinação de leis penais! Lei Temporária q Possui um prazo de vigência pré-determinado. q Exemplo: criminaliza a pesca do boto cor-de-rosa pelo período de um ano. Lei Excepcional q Lei com características emergenciais; q Prazo indeterminado; q Está condicionado a algum tipo de situação transitória. Quando essa situação cessa, a vigência da lei também o faz. q Exemplo: criminaliza a pesca do boto cor-de-rosa até que se verifique que a população de botos ultrapassou os 300.000 animais.
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