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Vict�ria K. L. Card�so Cefaléias Introdução Tipos de cefaléias: ● Cefaléias primárias: não tem uma causa definida, como doença, processo invasivo ou alteração anatômica que justifique a dor. ○ Costuma ser um processo benigno. ● Cefaléias secundárias: possuem causa determinada, como alguma alteração anatômica ou doença. ○ Nesse caso, trata-se a causa. Migrânea Duração: 4-72h - obrigatoriamente. Características: 2 ou mais. ● Dor latejante ou pulsátil. ● Intensidade moderada ou grave, podendo ser incapacitante. ● É unilateral (hemicraniana - mais comum); caso seja bilateral é holocraniana. ● Há agravamento em atividades físicas de rotina (subir escadas, caminhar…). ● Presença de náuseas e ou vômitos, foto e ou fonofobia. Obs: existe a crise de enxaqueca e a doença enxaqueca, para ser a doença a pessoa deve ter ao menos 5 episódios na vida. Presença de Aura: alterações comumente corticais, que geralmente precedem a cefaléia e dura de 5 a 60 minutos. (pode ocorrer após a cefaléia) - caso seja uma enxaqueca com aura, não é necessário 5 crises, apenas 2. ● Ao menos uma das alterações tem que ser unilateral, podendo ser ipsilateral (mais comum) ou contralateral. ○ Mesmo que a alteração seja bilateral, ao menos um dos sintomas tem que ser unilateral. ● A. visual: ○ Escotomas cintilantes. ○ Espectro de fortificação (zigue-zague). ○ Macro ou micropsias. ○ Hemianopsia - perda de um campo da visão. ● A. sensitiva: parestesias - formigamentos, geralmente ao redor dos olhos, na sobrancelha, na língua e na boca. ● A. linguagem: afasias - dificuldade para se comunicar oralmente. Vict�ria K. L. Card�so ● A. motora: hemiplégica - fraqueza motora. Tratamentos gerais - mudança de hábitos de vida: ● Boa alimentação. ● Exercício físico. ● Qualidade do sono. ○ O excesso de sono pode causar enxaqueca. Tratamento medicamentoso abortivo - na crise: ● Analgésicos comuns: dipirona (1-3 g) e paracetamol. ○ Dipirona EV + metoclopramida EV - no caso de enjoo. ● AINEs: naproxeno (muito bom) e ibuprofeno. ○ Diclofenaco sódico 75 mg VO ou IM. ○ Tenoxicam 20-40 mg IM ou EV. ○ Cetorolaco 30-90 mg IM. ○ Pode associar prometazina 50 mg IM. ● Haloperidol: EV 2,5-5 mg em 250 ml SF 0,9% - em 30 a 60 min. ○ Cuidado: causa hipotensão postural. ● Triptanos: sumatriptano (subcutâneo), naratriptano e rizatriptano. ○ Caro. ○ Cuidado com doenças cardiovasculares. ● Dexametasona: 4-10 mg IM ou EV em 5 minutos - apenas se usa no caso de alta recorrência, para evitar essa recorrência. ○ Não é para dor. ○ É para evitar recorrência. ● Evitar Opióides!!! ○ Morfina, meperidina ou tramadol. ○ Baixa eficácia, altas taxas de efeitos adversos, alta taxa de recorrência a curto prazo e revisitas ao PS. ● Ergotamínicos: ● Antieméticos: Tratamento medicamentoso profilático: para redução na intensidade e na frequência da cefaléia. ● Quando fazer: 3 episódios ou 8 dias ao mês. ○ Crises recorrentes incapacitantes. ● Casos específicos: migrânea hemiplégica, presença de aura de tronco cerebral, aura desconfortável e infarto migrante. ● Drogas a serem usadas: ○ Antidepressivos (amitriptilina). Vict�ria K. L. Card�so ○ Betabloqueadores. ○ Anticonvulsivantes. Outros tratamentos: bloqueio de nervos periféricos cefálicos e de pontos miofasciais. Cefaleia tipo tensão Duração: 30 minutos a 7 dias - obrigatoriamente. Características da dor: ● Tipo de dor: em faixa - cefaléia em pressão ou em aperto. ● Intensidade: leve a moderada - não é incapacitante. ● Padrão da dor: bilateral. ○ Não se agrava com atividade física de rotina. ● Sintomatologia associada: fotofobia e fonofobia. ○ Não há náuseas e vômitos, a não ser que seja em quadro crônico. ● Características de tempo: ○ Episódica pouco frequente: 1 vez ao mês. ○ Episódica frequente: 1-14 dias no mês. ○ Crônica: mais de 15 dias por mês e geralmente por mais de 3 meses; nesse caso pode haver náuseas e vômitos. ○ Muito frequente: mais de 15 dias no mês. Tratamento medicamentoso abortivo: ● Analgésicos comuns: ○ Dipirona. ○ Paracetamol. Obs: triptanos e ergotamínicos não são tão eficientes. ● AINES: naproxeno e ibuprofeno. Tratamento profilático: ● É indicado para os casos frequentes e crônicos. ● Fármacos: antidepressivos tricíclicos. Cefaléia em salvas Características: dor lancinante, orbitária, supraorbitária e ou temporal unilateral grave. ● Associação com sensação de inquietude ou agitação. ● Pelo menos 1 sintoma ipsilateral a dor: ○ Infiltração conjuntival. ○ Lacrimejamento. ○ Edema palpebral. ○ Sudorese facial. Vict�ria K. L. Card�so ○ Rubor facial. ○ Plenitude auricular. ○ Miose ou ptose. Duração: 15-180 minutos. ● Pode ocorrer regularmente entre 1-3 meses, podendo ter uma interrupção de meses ou anos. ● Caso episódico de alta frequência: dura de 1-3 semanas. Tratamento medicamentoso abortivo: ● Fármacos: ○ Sumatriptano subcutâneo (6 mg). ○ Zolmitriptano intranasal (5 mg). ○ O2 100% sob máscara reinalante. Tratamento medicamentoso em casos de alta frequência: ● Corticosteróide oral; ● Bloqueio do nervo occipital. Tratamento profilático: verapamil e lítio. Cefaleia hemicraniana paroxística Características: em relação a dor é como a cefaleia em salvas, mas nesse caso a duração é menor que 45 minutos, podendo ultrapassar 5 crises por dia. Tipo de dor: ● Dor forte unilateral, orbitária, supra-orbitária e ou temporal. ● Acompanhada de pelo menos 1 dos seguintes sintomas: ○ Infiltração conjuntival. ○ Lacrimejamento. ○ Congestão nasal ipsilateral e ou rinorréia. ○ Edema palpebral. ○ Sudorese facial. ○ Miose ou ptose. ● As crises são evitadas por doses terapêuticas de indometacina. ● Não é atribuída a outro transtorno. Cefaleia de curta duração e unilateral Características: 1. Cefaleia neuralgiforme unilateral com sintomas autonômicos faciais. 2. Cefaleia neuralgiforme unilateral de curta duração com lacrimejamento conjuntival. a. Nesse caso, as crises são de 5-60 segundos. b. Podem ocorrer de 3-200 vezes por dia. Tipo de dor: em pontada ou pulsátil. Vict�ria K. L. Card�so Cefaléia hemicraniana contínua Características: acontece por mais de 3 meses e possui: ● Dor unilateral sem mudança de lado. ● Diária e contínua, sem intervalos livres de dor. ● Intensidade moderada, mas com exacerbações de dor intensa. Ao menos uma das seguintes características autonômicas, ipsilaterais à dor: ● Hiperemia conjuntival e ou lacrimejamento. ● Congestão nasal e ou rinorréia. ● Ptose e ou miose. Terapia medicamentosa: indometacina. Neuralgia do trigêmio Características: dor em acessos paroxísticos com duração de 2 minutos. ● Dor tipo choque elétrico, em fisgada ou facada de forma unilateral. ● Intensidade: grave - incapacitante. ● Fatores desencadeantes: estímulos inócuos como falar, mastigar, engolir e bocejar. Ramos do nervo trigêmio: ● Mandibular, oftálmico e maxilar. Função mista: motora e sensitiva, com predomínio da função sensitiva. Tratamento medicamentoso abortivo: ● Carbamazepina. ● Lamotrigina. ● Oxcarbazepina. Tratamento não medicamentoso: ● Toxina botulínica. ● Bloqueio do gânglio de Gasset. ● Cirurgia de descompressão microvascular. Cefaleia por hipotensão liquórica (secundária) Características: ocorre após uma punção lombar ou raquianestesia. SIntomatologia: ● Cefaléia intensa que piora na posição ortostática e melhora em decúbito dorsal. ● Presença de náuseas. Tratamento: ● Repouso por no mínimo 1 hora. ● Hidratação vigorosa. ● Analgésicos. Vict�ria K. L. Card�so ● Investigação de fístulas liquóricas ativas e caso presente realizar seu fechamento. Outros tipos de cefaleia secundária Cefaleia pós-traumática: tratamento como cefaléia tensional. Cefaléia pós-AVC: comum em AVC hemorrágico, mas a dor não é usual. ● Costuma ser migrânea com aura. Cefaleia pós-crise convulsiva: por excesso de atividade cerebral. Cefaleia por hemorragia subaracnóidea: ocorre apenas antes de um aneurisma se romper, mas não é comum. Cefaleia cardiogênica: dor de cabeça crônica,por dificuldade no bombeamento cardíaco. Situações especiais em cefaleia Cefaleia na criança e no adolescente: ● Extremamente comum. ● Causa impacto na saúde mental, no desempenho escolar e na qualidade de vida. ● Comumente trata-se de uma cefaleia primária. ○ Mais frequentes: migrânea e tensional. ● Muito comum em meninas a partir dos 7 anos e piora na adolescência. ● Pouco frequentes: cefaleia em salvas e cefaleias secundárias. Cefaléia na mulher: os casos mais prevalentes são de migrânea. ● As variações hormonais interferem significativamente. ○ No período perimenstrual, o motivo da cefaleia é pela diminuição dos níveis de estrogênio. ○ Tratamento: AINEs, ergotamínicos ou triptanos. ● Períodos de piora: menarca, menstruação e climatério. ● Períodos de melhora: gestação, amamentação e pós-menopausa. ● Tratamento: ○ MEV. ○ Miniprofilaxia: 2-3 dias antes da menstruação, por cerca de 5-7 dias. ■ AINES, ergotamínicos (cefaliv) ou triptanos. ○ Tratamento preventivo. Cefaleia na gravidez: sempre pensar no padrão dessa cefaléia, pois pode indicar pré-eclâmpsia caso haja náuseas e vômitos associados. Vict�ria K. L. Card�so ● Geralmente é migrânea com aura. ● O uso de fármacos deve ser evitado, principalmente no primeiro trimestre. ● Fármacos contraindicados: ○ Ergotamínicos (bem como dipirona), AINES, tricíclicos e anticonvulsivantes. ● Fármaco indicado: sumatriptano (sumax-pró não pode). Cefaleia na amamentação: recorrência no pós-parto. Cefaleia no climatério: ● Nova cefaleia no climatério justifica investigação de causas secundárias. ● Faz-se terapia de reposição hormonal. ● Tratamento habitual, agudo ou preventivo. ○ Contraindicação: flunarizina -principalmente a partir dos 50 anos. ■ Efeito colateral de maior possibilidade de Pakinson. Cefaleia causando AVC: ● Comum em migrânea com aura. ● Terapia de reposição hormonal (ACO combinados) aumenta o risco. ● Risco aumentado se há outros fatores de risco. ● Se houver necessidade de fazer o uso de contraceptivos, usar em baixas doses o etinilestradiol. ○ Também deve-se suspender os anticoncepcionais se houver piora de migrânea ou surgimento de dor nova. Cefaleia hípnicas ocorre principalmente em mulheres idosas (acima dos 55 anos) durante o sono, na fase REM do sono, e causa o despertar da paciente. ● São quadros que duram 10 dias ou mais no mês, por mais de 3 meses. ● Duração: 15 min - 4 horas. ● Precisa ter 10 ou mais dias por mês com essa dor ou por mais de 3 meses. ● Não causa sintomas autonômicos ou inquietação. ● Tratamento: cafeína e AAS. ○ Profilaxia com lítio, cafeína ou indometacina. ○ Contraindicação: triptanos - são ineficazes. Arterite de células gigantes: ocorre após os 50 anos, sendo uma cefaléia de incício recente. ● Éuma anormalidade da artéria temporal, que causa dor e edema à palpação, podendo ter diminuição da pulsação. ● VHS tem valor igual ou maior que 50. ● Diagnóstico - solicitação de exames: ○ VHS ou proteína C reativa. Vict�ria K. L. Card�so ○ USG duplex-scan colorida da artéria tumoral. ○ RNM de alta resolução das artérias temporais. ● Tratamento: ○ Corticoterapia - prednisona 40-60 mg por dia. ■ Se houver risco de perda visual, inicia-se com metilprednisolona 250 mg EV de 6 em 6 horas, por 5 dias. ○ 6-12 meses de tratamento com prednisona e monitoramento com VHS. ○ Uso profilático: de metotrexato, azatioprina e tocilizumabe. Cefaleias na unidade de emergência Abordagem inicial: ● Caracterização da dor. ● Sempre fazer exame neurológico, de forma geral. ● Aferir a pressão arterial e a temperatura. ● Realizar a palpação do crânio e da face. Sinais de alarme - SNOOP: Sintomas sistêmicos: febre, calafrios, perda ponteral, HIV, neoplasia… Neurológicos: confusão, alterações de consciência e reflexos assimétricos. Onset (instalação): aguda, súbita ou em frações de segundos - “cefaĺeia em trovoada)”. Older: > 50 anos - cefaleia nova ou em piora progressiva. Prévia (história prévia) de cefaléia: primeiro evento ou diferente - mudança na frequência, na intensidade ou nas características clínicas. Obs: outras situações que não estão no SNOOP. Principais síndromes: ● Cefaleias primárias: estado de mal migraneoso, migrânea crônica ou abuso de medicação. ● Trauma cranioencefálico ou cervical: em chicote, concussão, hematoma subdural ou epidural. ● Outras: ○ Dissecção vascular. ○ Hemorragia subaracnóide. ○ Cefaleia em trovoada. ○ Cefaleia com hipertensão ou hipotensão liquórica. ○ Meningite (infecção das meninges) e encefalite (infecção que Vict�ria K. L. Card�so ultrapassa as meninges e já atinge o encéfalo). ○ Arterite de células gigantes. Exame de fundo de olho: ● Papiledema: síndrome da hipertensão intracraniana.
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