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CEFALEIA NA URGÊNCIA Incidência - 50% da população teve no mínimo 1 quadro no último ano - > 90% da população terá ao longo da vida - 18% da população possui enxaqueca (causa mais incapacitante de cefaleia primária); mais comum em mulheres 2-3x mais (questão hormonal) - 52% possuem crises esporádicas de cefaleia tensional (principal causa primária); M= H - 3% da população possui cefaleia crônica (> 15 dias por mês) Prevalência - 3º queixa mais frequente nos ambulatórios de clínica (10,3%) - Responsável por 9,3% das consultas não agendadas nas unidades de saúde - Motivo mais frequente de consulta no ambulatório de neurologia - 4,5% dos atendimentos em unidades de emergência sendo o 4º motivo mais frequente de consulta Dor Sinal de alerta Pensar sempre na causa Cefaleia secundária ● Sinusite ● Meningite ● Lesão expansiva ● Hemorragia intracraniana ● Trauma ● Crise hipertensiva Alguma agressão na topografia da cabeça Sinais de alerta para cefaleia secundária "Mnemônico SNOOP" Systemic: Sinais sistêmicos como Toxemia, rigidez de nuca (sinais meníngeos), rash cutâneo (meningococcemia por exemplo), portadores de neoplasia ou HIV, usuários de imunossupressores Neurologic: Presença de déficits neurológicos focais, edema de papila (fundo de olho!), convulsão Older: Cefaleia que iniciou após os 50 anos Onset: Cefaleia de início súbito ou primeira cefaleia Pattern: Mudança de padrão de cefaléia prévia ou cefaleia progressiva (intensidade, frequência ou duração) ou cefaleia refratária ao tratamento (exemplo trombose venosa cerebral que pode ter tomografia de crânio normal; hipertensão intracraniana idiopática que é comum em mulheres que sofrem mudanças abruptas de peso) Manejo clínico Na unidade de urgência Objetivos: ● Alívio da dor ● Excluir cefaleias secundárias ● Orientar o tratamento em domicílio (após a alta) Perguntas para responder o fluxograma Há sinais de alerta? - Início súbito ou no esforço - Idade +50 anos - Fator de risco (AIDS, TCE, doença sistêmica) - Piora durante a observação - Febre - Sinais meníngeos - Defícit neurológico focal - A primeira ou pior crise Enxaqueca Característica de dor vascular No Brasil a prevalência é de 15,8% - segunda principal causa mas a primeira na urgência 22% mulheres e 9% homens Pico de prevalência: 30 e 50 anos Enxaqueca sem aura (75% dos casos) Enxaqueca com aura (25% dos casos) Critérios diagnósticos ● Pelo menos 2: Dor unilateral, pulsátil, moderada ou intensa, piora com atividade física (é tratamento preventivo da enxaqueca quando fora da crise) + ● Pelo menos 1: náusea e/ou vômito, fotofobia e fonofobia, não atribuída a causa Enxaquecas crônicas, principalmente devido à abuso de analgésico, podem modificar seu padrão ● Sintomas premonitórios: irritabilidade, raciocínio e memorização lentos, desânimo, avidez por alguns tipos de alimentos ● Aura: déficit focal transitório em que mostra que o processo disautonômico de vasoconstrição é muito intenso causando sintomas; desenvolvimento gradual ao longo de 5 minutos e duração de até 60 minutos; típica: distúrbio visual (pontos fosfenos), perda ou distorção de um dos hemicampos visuais ou parte deles, às vezes associam-se a parestesia unilateral e/ou disfasia; quanto mais grave a aura mais preocupante; antes ou junto a dor ● Pelo menos 5 crises documentadas ● Duranção de 4 a 72 horas Tratamento O plasil é um medicamento muito eficiente mas com muitos efeitos adversos como efeitos extrapiramidais, comportamentais agudas e mal-estar → atualmente uso de dramin venoso Se dor, usar dipirona → em caso de não melhora da dor usar um anti-inflamatório, Cetoprofeno → se a dor ainda persistir recorrer aos triptanos (medicamentos analgésicos específicos para crise aguda de enxaqueca), o mais utilizado é o injetável subcutâneo sumatriptana → em caso de falha, utilizar corticóide dexametasona (já começar com corticóide se for uma dor refratária maior que 72 horas → em caso de ainda persistência da dor, clorpromazina é o medicamento mais potente sendo um neuroléptico (deve ser administrado em ambiente controlado por apresentar diversos efeitos colaterais como hipotensão) Regime ambulatorial Profilaxia para tratamento em casa comum: naproxeno + sumatriptana Nunca opióide (Exemplo Tylex) Possíveis complicações - Estado migranoso: cefaleia intensa; duração maior que 72h com intervalos livres inferiores a 12h; náuseas e vômitos por horas seguidas; consequências: desidratação e necessidade de internação Pode ser necessário uso de corticoide ou neuroléptico fixo, até o esquema preventivo começar agir - Infarto migranoso: Ataque idêntico aos outros episódios, mas os sintomas de aura persistem por mais de 60 min e são associados a um infarto demonstrado no exame de neuroimagem Aura mais que 60 minutos causando isquemia Não se usa ACO com estrógeno em mulheres que têm enxaqueca com aura e em mulheres tabagistas (aumento de risco vascular) - Migrânea crônica: Aumento da frequência das crises até tornarem-se diárias ou quase diárias (maior 15 dias por mês por mais de 3 meses); fatores de risco para cronificação: fatores emocionais, estresse, doenças psiquiátricas e abuso de analgésicos Quando não há um gatilho Cefaleia do tipo tensional Característica de dor muscular (mais generalizada) Cefaleia primária mais frequente Pico de prevalência: 4º década de vida (estresse e má hábitos de vida principalmente sono) Relaciona-se com estresse físico, muscular ou emocional Critérios diagnósticos ● Pelo menos 2: Dor bilateral, pressão ou aperto não pulsátil, dor leve a moderada, não piora com atividade física + ● Ambos: Ausência de náusea e/ou vômito, fotofobia e/ou fonofobia, não atribuível a outras causas ● Pelo menos 10 crises ● Duração de 30min a 7 dias Tratamento ● Paracetamol: 750 - 1.000 mg até 6/6h ● Dipirona: 500 - 1.000 mg até 6/6h ● Ibuprofeno: 400 - 800 mg até 6/6h ● Diclofenaco: 50 mg até 8/8h ● Cetoprofeno: 50 mg até 6/6h ● Naproxeno sódico: 500 mg inicial e 250 mg até 6/6h Obs.: associação com cafeína aumenta a eficácia analgésica - existe apresentações do medicamento com cafeína Evitar opióides - risco de rebote Cefaleia em salvas Cefaleia em blocos/crises Acomete 1 a cada 1.000 individuos 85% homens Maior frequência: 30 a 50 anos Dor muito intensa Critérios diagnósticos ● Pelo menos 1: injeção conjuntival ipsilateral (inchaço) e/ou lacrimejamento, congestão nasal e/ou rinorreia, edema palpebral ipsilateral, miose e/ou ptose ipsilateral, sudorese frontal e facial ipsilateral (SNA), sensação de inquietude ou agitação, frequência de 1 crise a cada 2 dias a 8 crises por dia ● Não atribuída a outra causa ● Pelo menos 5 crises ● Dor forte ou muito forte unilateral, orbitária, supraorbitária e/ou temporal, duração 15 a 180 minutos de não tratada Tratamento ● Manter o paciente sentado, levemente debruçado para a frente (aproveitamento do oxigênio) ● O2 a 100% em máscara sem recirculação 10-12 L/min por 20 min → ajuda regular, a nível vascular, a disautonomia → estimula vasoconstrição (a fisiopatologia da cefaleia é uma vasodilatação excessiva) Pode ter recorrência ● Sumatriptana 6mg subcutâneo ● Analgésicos comuns eopióides são ineficazes e não devem ser utilizados ● Evitar sumatriptana se uso prévio de vasoconstritor já que pode aumentar o risco de isquemia Se houver sinal de alerta → investigar principais etiologias conforme a forma de evolução Quando a dor começou? Como evoluiu? Aguda/emergente - Sem febre Avaliação do neurologista hospital 3º: ● AVE ● Hemorragia intraparenquimatosa ● Hemorragia subaracnóidea ● Hidrocefalia aguda ● Trombose venosa cerebral - Com febre e com sinais de alerta Avaliação do neurologista hospital 3º: ● Infecções do SNC: meningite, encefalite, abcesso cerebral, empiema - Com febre e sem sinais de alerta Tratamento sintomático e/ou antibióticos ● Infecções sistêmicas: resfriado, gripe, dengue, sinusite Crônica - Progressiva sem febre ● Hematoma subdural crônico ● Cefaleia pós-traumática ● Hipertensão intracraniana idiopática ● Distúrbio intracraniano não vascular (hipertensão liquórica/ neoplasia intracraniana) - Progressiva com febre ● Abcesso cerebral ● Meningites crônicas associadas ou não HIV/AIDS - Não progressiva ● Há abuso de analgésicos? (Mais de 3x/semana) → desregulação no sistema analgésico endógeno → predisposição a cronificação da dor ● Suspender completamente os analgésicos e avaliar o uso de prednisona (junto a tratamento profilático
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