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Análise do Caso da Fábrica de Fogos de Santo Antônio de Jesus

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UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI
ESCOLA DE DIREITO 
ÁGATA CRISTHY VIEIRA ROCHA
RA: 21433997
LIDIANE CABREIRA ARAUJO
RA: 21419997 
Disciplina: Processo Penal – Rito Comum 
Profº Leonardo Simões Agapito
4º semestre – Direito – Campus Vila Olimpia 
SÃO PAULO, 2021 
APS – Processo Penal – Rito Comum
EMPREGADOS DA FÁBRICA DE FOGOS DE SANTO ANTÔNIO DE JESUS E SEUS FAMILIARES BRASIL
Com objetivo de analisar o julgado pela Comissão Interamericana de Direito Humanos no caso dos Empregados da Fábrica de Fogos e Santo Antônio de Jesus e Familiares em relação a incumbência da República Federativa do Brasil. 
É importante primeiramente relembrar o caso que no dia 11 de dezembro de 1998, uma fábrica de fogos de artifício, localizada em Santo Antônio de Jesus, no recôncavo baiano, explodiu, causando a morte de 64 pessoas, e ferimentos graves em outras cinco vítimas que sobreviveram. A maioria das vítimas eram mulheres, inclusive crianças e adolescentes. A situação de pobreza do município obrigava a população a se submeter ao trabalho extremamente perigoso. Além do risco, os trabalhadores recebiam salários ínfimos. Na época, por exemplo, contam que eram pagos R$ 0,50 pela produção de mil traques (pequenos pedaços de pólvora embrulhados em papel). A explosão da fábrica de fogos resultou em quatro processos judiciais, nas áreas cível, criminal, trabalhista e administrativa, contudo, passados 20 anos, só os processos administrativo e trabalhista foram encerrados, sem, no entanto, garantirem uma reparação justa às vítimas da explosão.
Dessa forma, houve denúncia apresentada a Comissão Interamericana de Direitos Humanos ou CIDH, pela razão de Ailton José dos Santos, Yulo Oiticica Pereira e Nelson Portela Pellegrino, e pelo Centro de Justiça Global, Movimento 11 de Dezembro, Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) – Subseção de Salvador, e Fórum de Direitos Humanos de Santo Antônio de Jesus/Bahia, datado em 3 de dezembro de 2001, nomeados parte peticionária, onde argumenta a incumbência internacional da República Federativa do Brasil devido a violações de direitos humanos causando prejuízo a 70 pessoas e seus familiares.
Outro fator importante da denúncia é que assegurou que a fábrica operava ilegalmente, armazenava material vedado e agia sem os requisitos mínimos de segurança.
Em 04/10/2018, a Comissão Interamericana de Direito Humanos concluiu que o Estado Brasileiro é o responsável pelos danos causados pela explosão da fábrica de fogos de artifício de Santo Antônio de Jesus, uma vez que cabia a este fiscalizar, inspecionar e supervisionar as atividades perigosas ali desempenhadas, bem como coibir a prática do trabalho infantil no Brasil.
O Estado Brasileiro instado anteriormente pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos já havia reconhecido perante a OEA o compromisso de reparar moral e materialmente as vítimas e familiares das vítimas da explosão, todavia, não cumpriu o prometido, motivo pelo qual, o caso foi então levado à Corte para julgamento.
O Estado Brasileiro explanou que os recursos judiciais eram dirigidos consoante a complexidade do caso e em respeito ao direito dos acusados, frisou que não existiu negligência ou omissão na sua atuação, outrossim aditou que vem cumprindo seus encargos de fiscalização do qual através de um processo administrativo resultou no cancelamento em 1999, da autorização á fabrica para prosseguir suas atividades. Salientou que após a fatalidade fora expedido o Decreto nº 1365, que antevê ordens para evitar situações semelhantes. De acordo com o Estado foram aplicadas as providências indispensáveis para a reparação dos rombos causados as vítimas e suas famílias, ademais a condução de processos penais, trabalhistas e civis para a resolução das pretensões judiciais. 
Declarou que vem intentando reduzir a pobreza dessa região, principalmente dos que trabalham em fábricas de fogos de artifício, por intermédio de programas sociais, tal como o Projeto Fênix que torna a atividade empresarial mais segura.
A comissão inferiu que é aceitável a petição, e que o país do Brasil é o encarregado pela violação dos direitos a vida, e à integridade pessoal, e os direitos da criança, do direito ao trabalho o e princípio de igualdade e não discriminação, direitos às garantias judiciais e à proteção judicial, direito à integridade pessoal dos familiares das vítimas falecidas, firmados na Convenção Americana. 
Reforçados ainda os direitos previstos no Pacto de São da Costa Rica diretamente violados foram:
1. Direito à vida (art. 4º, Pacto de São José da Costa Rica);
2. Direito à integridade física (art. 5º, Pacto de São José da Costa Rica);
3. Direitos às garantias judiciais proteção judicial (art. 8º, Pacto de São José da Costa Rica);
4. Princípio da igualdade e não discriminação (art. 24, Pacto de São José da Costa Rica);
Em suma, diversos direitos foram violados, inclusive em relação as crianças, no qual o Convenção dos Direitos da Criança dispõe no artigo 32 o direito da criança em ser protegida da exploração econômica e de trabalhos perigosos, que coincide com o estabelecido na constituição no artigo 7º e no mesmo sentido na CLT, assim como no ECA. 
Contudo trata-se de condição recorrente, pois as famílias de crianças e adolescentes que trabalham vivem em condições sociais vulneráveis e normalmente os pais têm baixa escolaridade e trabalham no mercado informal.
Assim, o aliciamento e a exploração econômica do trabalho infantil ainda é considerado como alternativa, até porque ainda não são considerados crime no Brasil. 
O Brasil assumiu uma série de compromissos para erradicar o problema, mas não aprovou nenhuma lei que criminaliza a prática.
O projeto de lei 6895/2017 altera o artigo 207 do Código Penal para caracterizar como crime a exploração do trabalho infantil. De autoria do senador Paulo Rocha (PT/PA), já foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania e a última movimentação da matéria na Câmara dos Deputados foi em abril de 2018.
Outro projeto de lei que tinha objetivo semelhante, o n° 53, de 2016, de autoria do então senador e atual prefeito do Rio de Janeiro Marcelo Crivella (PRB/RJ), pretendia alterar o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) para tipificar o crime de exploração de trabalho infantil – incluindo a questão do aliciamento -, com pena de dois a quatro anos de reclusão. Contudo, o projeto de lei foi arquivado no final de 2018.
Para o aliciamento de trabalhadores de um local para outro em território nacional, o Código Penal prevê pena de detenção de um a três anos e multa. Conforme o artigo 207, “a pena abrange o recrutamento de trabalhadores para outra região mediante fraude ou cobrança de qualquer quantia, ou não assegurar condições do seu retorno ao local de origem. Esta pena é aumentada de um sexto a um terço se a vítima tem menos de dezoito anos de idade, idosa, gestante, indígena ou portadora de deficiência física ou mental”.
Ademais, quando um adulto é aliciado para trabalhar em outra cidade ou estado, algumas vezes ele leva junto o filho ou filha. 
Ainda, em fiscalizações de combate ao trabalho escravo, as crianças e adolescentes são os primeiros “a sumirem”. Isto é, fogem do local ou são escondidas para não ser configurado o trabalho infantil. 
Diante do exposto, apesar de diversos tratados e legislação limitar o trabalho infantil, ainda há uma proteção inadequada para a proteção e acolhimento das crianças vítimas de exploração do trabalho infantil, portanto o processo penal ainda não permite punir de maneira eficaz ações que distancie o jovem de seus direitos básicos à educação, à saúde e ao lazer, protegidos por lei.
Por fim, todas as restrições têm como objetivo melhorar a qualidade de vida de crianças e adolescentes em todo o mundo, haja vista que tais ocupações, quando inseridas precocemente, são prejudiciais à formação intelectual, psicológica, social e/ou moral dos jovens, impedindo um desenvolvimento natural.
Referências Bibliográficas
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da RepúblicaFederativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.
BRASIL. Decreto-lei nº 5.452, de 1 de maio de 1943. Aprova a consolidação das leis do trabalho e Lei nº 13.467 de 13 de julho de 2017. Lex: coletânea de legislação: edição federal, São Paulo, v. 7, 1943 e 2017.
BRASIL. Código de Processo Penal. decreto lei nº 3.689, de 03 de outubro de 1941. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/Decreto-Lei/Del3689.htm. Acesso em: 02 de abril de 2021. 
BRASIL. Decreto-Lei 2.848, de 07 de dezembro de 1940. Código Penal. Diário Oficial da União, Rio de Janeiro, 31 dez. 1940. 
CDC. Convenção dos Direitos da Criança. Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/convencao-sobre-os-direitos-da-crianca. Acesso em: 02 de abril de 2021. 
CIDH. Corte Interamericana de Direitos Humanos. Disponível em: http://www.corteidh.or.cr. Acesso em: 02 de abril de 2021. 
Organização dos Estados Americanos, Convenção Americana de Direitos Humanos (“Pacto de San José de Costa Rica”), 1969.

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