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Material Didático do Instituto Metrópole Digital - IMD Versão 5.0 - Todos os Direitos reservados Introdução às Tecnologias da Informação Aula 03 - Hello, Mr. Anderson! Conectando-se à TI. Apresentação da Aula Você já deve ter percebido que tecnologia é uma palavra recorrente em nosso curso. Mas de que tipo de tecnologia estamos falando? Há somente um gênero desse conceito? Qual a in�uência das tecnologias na evolução da espécie humana e no nosso cotidiano? Por que a relação de tecnologia com informação? Essas são algumas das perguntas que procuraremos responder nesta aula. A�nal, um(a) futuro(a) técnico(a) em TI precisa conhecer os fundamentos da área, concorda? Portanto, inicialmente, vamos discutir sobre o conceito de tecnologia. Conversaremos sobre a ideia que está por trás da palavra "tecnologia", explorando a origem do termo, suas de�nições e implicações em nosso dia a dia e como a utilizamos para ampliarmos nossas capacidades humanas e nossa própria evolução. Você verá que a linguagem tem um papel relevante nesse processo. Em seguida, analisaremos quais matérias-primas são utilizadas nas tecnologias desenvolvidas pela humanidade. Veremos que, enquanto algumas são tangíveis, outra não são, e aprenderemos como essas características têm in�uência na facilidade de acesso e custos de produção de tecnologias. Muitas destas, certamente, farão parte da sua futura vida pro�ssional. Entretanto, você perceberá que alguns tipos de tecnologias proporcionam maior relevância à atividade do pro�ssional de TI devido à relação direta que ele tem com os insumos necessários aos produtos da área. Por �m, vamos analisar sobre o que se debruça a área de TI, compreendendo os conceitos que a envolvem para construir uma de�nição sobre ela. Conversaremos sobre os conceitos de dados, informação, conhecimento e competência e o que eles signi�cam e interessam para um(a) futuro(a) pro�ssional de TI. Então, vamos começar? Ah, sobre o título da aula? Nada de spoiler! Pre�ro que você veja com seus próprios olhos pois, "há uma grande diferença entre saber o caminho e percorrer o caminho". Só adianto que o título é uma metáfora para algo que utilizaremos nesta aula! Objetivos De�nir o conceito de tecnologia e sua relação com o desenvolvimento humano. Estabelecer critérios baseados em insumos para classi�car e diferenciar tecnologias. Descrever características das tecnologias da informação. O que é tecnologia? Antes de começarmos nossa conversa, gostaria de lhe propor um rápido desa�o. Pode ser? Então vamos lá! Vou lhe dar 10 segundos para você pensar! Liste quais e quantas tecnologias você já utilizou hoje! Preparado(a)?! Já! Figura 01 - Cronômetro regressivo E aí, como foi? Inicialmente, apesar do tempo reduzido, pode não ter sido tão difícil fazer esse levantamento, hein?! Mas será que você considerou mesmo todas as tecnologias utilizadas até este momento? Garanto que ao acordar você já estava fazendo uso de algumas tecnologias desenvolvidas ao longo da história da humanidade e nem percebeu. Isso porque algumas tecnologias já estão tão integradas em nosso cotidiano que nem nos damos conta de que não são coisas naturais, pois foram desenvolvidas por nós e estão lá, à nossa disposição, para facilitar ou mesmo propiciar a execução de algumas atividades do dia a dia. Então, você deve estar se perguntando: "Como assim? Estamos vivendo mesmo numa Matrix e ninguém me avisou?!" Fim de spoiler! É isso mesmo. Usarei a metáfora do �lme Matrix para tratar dos temas desta aula. Espero que goste! "Não pense que é capaz. Saiba que é" – Morpheus. (MATRIX, 1999). Figura 02 - Instituto Metrópole Digital Calma! Ainda não será dessa vez, pelo menos, não agora, que você terá sido o(a) escolhido(a)... Certamente essa confusão é justamente pelo fato de você, assim como muitas outras pessoas, ter uma compreensão restrita sobre o conceito de tecnologia. A�nal, tecnologia não se limita aos produtos derivados da eletrônica, computação e informática. Isso soou estranho para você?! Não se preocupe! Estou aqui para ajudá-lo(a) a ampliar ou reconstruir esse conceito de tecnologia. Então, qual "pílula" você escolhe?! Curiosidade No �lme Matrix (1999) o personagem Morpheus, interpretado por Laurence Fishburne, oferece ao protagonista Thomas Anderson/Neo, papel do ator Keanu Reeves, uma pílula em cada uma de suas mãos. Se tomasse o comprimido azul, ele acordaria sem que nada tivesse acontecido e continuaria acreditando no que quisesse acreditar: no mundo em que vive, baseado em uma farsa sobre a realidade, controlada pela Matrix. Ao contrário, se tomasse o comprimido vermelho, Neo seria desconectado da Matrix e conheceria a verdade, o mundo real, e passaria a fazer parte do restante da humanidade que ainda luta e resiste contra o domínio das máquinas sobre os humanos, na comunidade Zion. Você pode imaginar qual ele escolheu, hein?! A Matrix está em todo lugar. É tudo o que nos rodeia. A palavra tecnologia tem origem grega, a partir da combinação do radical tékhnē (τέχνη), que signi�ca arte, ciência, habilidade, com o radical lógos (λόγος), que remete à linguagem, palavra, estudo, razão. Portanto, etimologicamente, tecnologia tem a ver com estudo e domínio de habilidades e conhecimentos cientí�cos aplicados em nossa vida. Não é à toa que a palavra é considerada como sinônimo de conhecimento, ciência e técnica. Hum… O conceito ainda está muito amplo, não é verdade?! Esmiuçar a origem da palavra pode não ser su�ciente para darmos conta de todo o escopo de signi�cados de um termo e sua de�nição. Então, que tal consultarmos o Oráculo...Ou melhor, o buscador da Google, aquele que tem a resposta para todas as nossas perguntas? Vamos lá! Ao pesquisarmos sobre o termo "tecnologia" na internet, encontraremos algumas de�nições em diferentes dicionários disponíveis na web. O Dicionário Michaelis On-line, por exemplo, registra os seguintes verbetes (os grifos são meus): 1. Conjunto de processos, métodos, técnicas e ferramentas relativos à arte, indústria, educação, etc. 2. Conhecimento técnico e cientí�co e suas aplicações a um campo particular. 3. (por extensão) Tudo o que é novo em matéria de conhecimento técnico e cientí�co. 4. Linguagem peculiar a um ramo determinado do conhecimento, teórico ou prático. 5. Aplicação dos conhecimentos cientí�cos à produção em geral. A partir das de�nições apresentadas, é possível dizer que tecnologia representa um conjunto de conhecimentos e saberes sistematizados, aplicado para a realização de uma atividade, que pode ser objetivada de forma palpável ou não. Assim, linguagem, talheres, ferramentas, roupas, papel, caneta e, claro, o computador em todas suas variações - desktop, laptop, tablet e smartphone - são exemplos de tecnologias implementadas para atender a demandas e auxiliar na execução de atividades cotidianas. Figura 03 - Exemplos de tecnologias. Você consegue estabelecer uma relação de cada uma dessas tecnologias com alguma das de�nições apresentadas no Dicionário? Certamente, sim. A�nal, toda tecnologia é criada pelo homem, ou seja, não é algo natural. Porém, esses exemplos não dão conta de todos aqueles signi�cados. Lembra do que falei antes sobre algumas tecnologias estarem tão presentes, a ponto de nem nos darmos conta de que são tecnologias? É disso que estou falando e espero que você perceba. O conceito de tecnologia é amplo e abrange uma série de soluções criadas ao longo da história da humanidade, para ampliar nossas capacidades físicas, laborais e até cognitivas! Então, voltando àquela pergunta que lhe �z no início desta aula sobre as tecnologias utilizadas desde que acordou, quando você desejou "bom dia" para alguém em sua casa já estava usando uma (isso sem falar da cama em que você estava dormindo, do despertador que lhe acordou, etc.). Isso mesmo! A linguagem é uma das tecnologias mais fantásticas que desenvolvemos e nos apropriamos. Perceber a linguagem como uma tecnologia e, portanto, como algo que não é natural, é, para muitas pessoas, motivo de surpresa.Embora ela esteja presente em nosso cotidiano, mesmo que não consigamos tocá-la, a linguagem foi desenvolvida e aprimorada, assim como as demais tecnologias, ao longo da história da humanidade. A nossa linguagem é, de longe, a principal tecnologia que desenvolvemos até os dias de hoje, pois, a partir dela, muitas outras se tornaram possíveis. Basta lembrar que é a linguagem que nos diferencia de outros seres vivos, em razão de ela ser um dos principais meios que utilizamos para externar nosso pensamento e auxiliar na capacidade de raciocínio. Essa tecnologia foi fundamental para nosso domínio no planeta. Sem a linguagem, que evoluiu para os idiomas, essa nossa conversa, por exemplo, não seria possível! É interessante analisarmos, inclusive, o potencial da linguagem como tecnologia desenvolvida e utilizada por nossos ancestrais, além da maneira como ela se relaciona e determina a área de TI. A tecnologia pode ser associada como uma extensão da nossa memória, pois nos auxilia a organizar informações e tem in�uência direta no desenvolvimento de nossas capacidades intelectuais, que foram signi�cativas para a evolução da nossa espécie. Figura 04 - Evolução do homem Atividade em fórum de discussão E agora, você já conseguiu formular uma proposta de de�nição para tecnologia? Já deu para perceber que esse termo não se reduz à área de TI, né? Que tal socializar sua compreensão com os colegas? Vá ao Moodle e participe do fórum desta aula. Com suas palavras, poste o conceito de tecnologia, indique e justi�que um exemplo, a partir da sua proposta, com base no que conversamos até aqui. Em seguida, comente e discuta com os colegas as propostas deles.Vamos lá?! Acessar moodle Com o domínio da linguagem, nossos ancestrais perceberam que poderiam passar suas histórias e conhecimentos por meio da oralidade. Você pode imaginar o quanto eram comuns aquelas reuniões e bate-papos em volta da fogueira para contar e ouvir as histórias uns dos outros, fazer aquela resenha, relatos e estratégias de caça, entre outros temas relevantes para determinado grupo e para a própria perpetuação da espécie. Mas, como diz o ditado popular: "quem conta um conto aumenta um ponto". Assim, era difícil o registro e a garantia da �delidade do relato do autor, a�nal, nem sempre o autor intelectual estaria presente para dar seu relato https://moodle.imd.ufrn.br/login/index.php de forma �dedigna. Portanto, o "problema" da comunicação oral é a necessidade da presença do indivíduo que realmente vivenciou a história narrada, a �m de não haver contradições entre o que ele passou e o que é relatado por outras pessoas. Entretanto, no momento em que percebemos a possibilidade de marcar símbolos com o auxílio de um artefato (seja uma pedra, pedaço de pau ou algum pigmento) em uma superfície de coloração, geralmente, oposta, desenvolvemos uma outra variação da linguagem - a escrita. Evidentemente, estou falando aqui das pinturas rupestres, como as encontradas no sítio arqueológico de Lajedo de Soledade, no município de Apodi, aqui mesmo no Rio Grande do Norte. Veja que os princípios básicos de tecnologias utilizadas ainda hoje, como papel e lápis, livros, quadro negro e giz, e o próprio editor de texto ou slides de um computador, foi criado há milhares de anos! Figura 05 - Pintura rupestre de Lajedo de Soledade Fonte: WIKIPÉDIA. Disponível em: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/2c/Lajedo_de_Soledade_em_Apodi%2C_Ri o_Grande_do_Norte%2C_Brasil.jpg>. Acesso em: 22 ago. 2018. Aí você deve estar se perguntando: "Como é que a aula é sobre TI e estamos falando de Pré-história?!". Você entenderá agora! https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/2c/Lajedo_de_Soledade_em_Apodi%2C_Rio_Grande_do_Norte%2C_Brasil.jpg Zion e Matrix: um mundo em átomos e outro em bits! Agora que já ampliamos nosso entendimento sobre o conceito de tecnologia e vimos que ela não se restringe a equipamentos tecnológicos e muito menos precisa ser palpável para ser real, discutiremos a respeito da relação do termo com a área de TI. Para começar, re�ita um pouco sobre essas questões: O que é real? Como você de�ne o "real"? Se você está falando sobre o que você pode sentir, o que você pode cheirar, o que você pode saborear e ver, o real são simplesmente sinais elétricos interpretados pelo seu cérebro (MATRIX, 1999). Esse "toque" do Morpheus relaciona-se perfeitamente com a discussão acerca do virtual e do real. Aliás, o termo "virtual" diz respeito àquilo que tem potencialidade de ser. Acontece que no meio digital, por meio do qual vivemos o virtual (lembra da aula passada sobre EaD?), esse termo soa cada vez mais como efetivamente real, não é? Porém, vamos pensá-lo em relação ao seu caráter digital mesmo, ok? Nesse sentido, o pesquisador Nicholas Negroponte (1995), do Massachusetts Institute Technology (MIT), destacou que vivemos numa sociedade em que bens de produção, de consumo e culturais são compostos por átomos e, mais recentemente, também por bits. A Era dos átomos e dos bits! Você consegue imaginar o que ele quis dizer com essa a�rmação? Uma dica: isso tem a ver com as tecnologias materiais e imateriais… O que esses adjetivos da palavra "tecnologias" signi�cam? Figura 04 - Representação de um átomo x Representação de um bit Provavelmente você já deve ter ouvido alguém diferenciar, de uma forma, digamos, jocosa, hardware e software. Re�ro-me a a�rmações deste tipo: "Quando você tem um problema no computador ou smartphone, o hardware (a parte material, física, tangível) é o que você bate, enquanto o software (a parte imaterial, lógica, intangível) é o que você xinga…". Pois é, isso tem tudo a ver com a ideia de átomos e bits da qual estamos conversando. Vamos lá! Se você já estudou conceitos básicos de Química ou mesmo de Física, deve ter aprendido que o átomo é a unidade básica da matéria física e por muito tempo foi considerado a menor parte dela, tanto que o termo signi�ca "aquilo que não pode mais ser dividido". Apesar de se conhecer as partículas subatômicas, ainda hoje o átomo é considerado, pelo menos do ponto de vista didático e �losó�co, como a menor parte da matéria. Um conjunto de átomos, a partir de seu número atômico, compõe um elemento químico que, ao se unir com outro(s) elemento(s), forma uma molécula, a qual se junta a outra(s) e compõe tudo à nossa volta, inclusive você e eu, o ar que respiramos, o dispositivo pelo qual você está lendo esta aula, etc. Portanto, toda tecnologia material é baseada em átomos. Curiosidade Você sabe por que a região dos EUA, localizada no estado da Califórnia, o qual abriga grandes empresas de TI, como Apple©, Google© e Intel©, é conhecida por Vale do Silício (Silicon Valley)? Esse nome é uma referência (e, de certa forma, uma homenagem) ao elemento químico Silício (Si - número atômico 14). Esse elemento, que é um dos mais abundantes na Terra, está presente na areia e é o principal componente para a produção de vidro, placas de circuitos eletrônicos e chips existentes em dispositivos computacionais, fundamentais para as atividades das empresas de TI. Por sua vez, o bit, abreviação para binary digit, em português "dígito binário", por assumir apenas dois valores 0 ou 1, é a menor unidade de dados em meio digital. Lembra do efeito matrix no início desta aula? Então, ali é uma simulação, cinematográ�ca, criada para representar o código binário (apesar da licença artística, foram utilizados mais de dois caracteres). Um conjunto de oito bits compõe um byte, e daí vem aquelas unidades de medidas em informática com as quais você certamente está mais familiarizado(a), como kilobytes (kB), megabytes (mB), gigabytes (gB), terabytes (tB) e por aí vai. Portanto, os bits dizem respeito ao que compõe todo o conteúdo acessado pelos meios computacionais. Eles são a unidade básica de toda tecnologia imaterial da área de TI. Por não terem insumos físicos em sua produção e serem acessíveis em meio digital, diversos bens de consumo, produção e culturais (tecnologias) passaram a ser acessíveis pordispositivos computacionais. Tal característica deu outro signi�cado à disseminação e ao compartilhamento de informação em quantidades cada vez maiores e mais rápidas. A�nal, uma cópia digital não degenera o bem original, ao passo que para reproduzir um bem físico são necessárias as matérias- primas física e de trabalho que o compõem e o tornam real, no sentido palpável. Em razão dessa característica, as tecnologias materiais, baseadas em átomos, são consideradas bens rivais, enquanto as imateriais, produzidas com bits, são não rivais. Mas calma. A rivalidade a que me re�ro não se trata de uma rixa ou disputa entre essas tecnologias, mas da característica de multiplicar o bem, sem deteriorar ou perder o "original". Explico. Um bem rival, para ser multiplicado, demanda uma nova produção, com outros recursos e insumos para desenvolvê-lo, ao passo que um bem não rival pode ser simplesmente copiado. Ainda não está claro? Então imagine a seguinte situação: Se alguém lhe der uma colher real, uma tecnologia material, essa pessoa �caria sem o utensílio, enquanto você poderia usá-lo e fazer o que quisesse (inclusive entortar). Entretanto, se essa colher estivesse em meio digital, tanto você quanto aquele que lhe ofertou passariam a possuir o utensílio, igual, com as mesmas características. Nesse caso, "não existe colher" (MATRIX, 1999), somente a representação ou objetivação dela em meio digital. Figura 07 - Efeito Real e Efeito com pixel Perceba que as tecnologias a serem utilizadas e desenvolvidas por você na área de TI poderão ter matérias-primas tangíveis, intangíveis ou ambas. Isso tem implicação direta não só no trabalho que você desempenhará, mas também no custo para produção da solução desenvolvida ou do serviço prestado. Por isso que nessa área, fonte de muitos negócios e geração de capital, a valorização do trabalho do(a) pro�ssional de TI é alta, uma vez que a força de trabalho é o principal insumo para a produção de seus bens que são, em grande parte, não rivais. A esse respeito, Pretto e Bonilla (2012) pontuam que: [...] como bem não rival, ele pode ser reproduzido e copiado in�nitamente, sem que gere custos extras de produção, o que é diferente do processo de reprodução de um bem material, que denominamos de bem rival, para o qual cada nova cópia implica custos extras de matéria-prima, tempo e trabalho de produção. (PRETTO; BONILLA, 2012, p. 59, grifo nosso). Posso apostar que você já se valeu das vantagens da não rivalidade para compartilhar com outras pessoas diversas mídias e bens digitais. Áudio, fotos, vídeos… Quantas e quais dessas tecnologias imateriais você já recebeu e distribuiu só nesta semana pelo aplicativo de conversas instantâneas para smartphone?! Quase incontáveis, né? Agora imagina como era difícil compartilhar esses itens no tempo em que os áudios dependiam de �tas cassete, as fotos de �lme e de revelação em papel especial, os vídeos de uma �ta VHS… Isso sem falar dos equipamentos necessários para registro e produção! É, meu caro, isso tudo tem a ver com as TI, sejam elas tangíveis ou não! Arquitetura da Matrix: dado, informação, conhecimento e competência Agora que você já construiu um conceito para tecnologia e percebeu que ela pode ser tanto rival quanto não rival, avançaremos no entendimento desses conceitos aplicados à TI. Para tanto, vamos retomar o tema da linguagem e relacioná-la com dados, informações e conhecimentos. Já começou a perceber a relação com a tecnologia da informação?! Utilizamos a linguagem em sua expressão oral, escrita e também digital (KENSKI, 2008). A linguagem oral é caracterizada como imaterial, pois não pode ser tocada e nem possui matéria ou insumos físicos para sua produção e acesso, conforme estudamos há pouco. Assim, basta um emissor e, preferencialmente, um receptor para que a informação seja transmitida. Nesse mesmo sentido, a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) também é uma tecnologia imaterial, ainda que não seja oral. A�nal, ambas independem de suportes externos a nós para reprodução e demandam, apenas, que os interlocutores compartilhem dos mesmos códigos de representação das informações, no caso, o idioma. Já as linguagens escrita e digital (a�nal, elas também são uma espécie de linguagem, e veremos adiante o porquê) são tecnologias parcialmente imateriais, pois só podem ser registradas e transmitidas com suporte de outras tecnologias, aliás, materiais. A�nal, por mais que você queria, é impossível usar a escrita ou mesmo um software sem os devidos meios para acessá-los. Embora sejam imateriais, tais tecnologias, diferentemente das línguas orais ou sinalizadas (gestuais), demandam recursos para objetivá-las, os quais correspondem, respectivamente, ao papel e à caneta, à lousa e ao pincel ou a dispositivos como computador, tablet e smartphone. Geralmente são essas as tecnologias materiais que primeiramente vêm à nossa mente para conceituarmos e citarmos como exemplo. Entretanto, elas vão além do campo da eletrônica e da informática e, além das materiais, temos as tecnologias plenas e parcialmente imateriais. Vimos também que a base das tecnologias imateriais digitais é o bit, uma sequência de dados escritos em 0 e 1 (linguagem digital) entendida pela máquina. É o que a Matrix vê, mas interpreta e passa para nós em formato inteligível. O que é transmitido é justamente a informação, à qual atribuímos signi�cados e, particularmente, mesmo interagindo com outras pessoas, convertemos em conhecimento. A apropriação do conhecimento é que nos torna capazes de realizar e desenvolver algumas tarefas, demonstrando habilidade e competência para tanto. Ao aprendermos a transformar bens culturais em meio digital, por meio do código binário, ampliamos o acesso e oportunizamos a que mais pessoas pudessem consumir conteúdo e informação e, então, ampliar seu repertório cultural, seus saberes e suas habilidades. Atualmente, utilizando a internet, nos é possível ler Hamlet de Shakespeare, contemplar a tela da Monalisa de Leonardo DaVinci, ouvir a Quinta Sinfonia de Beethoven e assistir à trilogia completa de Matrix a partir de diferentes dispositivos computacionais. Evidentemente, apenas o acesso não é su�ciente para transformarmos dados e informações em conhecimentos que nos gerarão habilidades e competências. Você pode imaginar o porquê? Figura 08 - Transformação de bens culturais em meio digital Conteúdo interativo, acesse o Material Didático. É por essa característica que frequentemente essas tecnologias são chamadas de Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC). Por meio delas, podemos acessar mídias digitais (tecnologias parcialmente imateriais e bens não rivais) que armazenam informações interpretadas por nós, as quais, de certa forma, nos comunicam algo a partir dos dados presentes e operados pelos dispositivos computacionais. Com isso, você deve ter percebido que dado, informação, conhecimento e competência são conceitos que, embora relacionados, são distintos (SETZER, 2015). Mas será que você já consegue de�nir cada um deles e perceber como se relacionam com a TI? Não? Pois analise a �gura abaixo, relativa à representação desses conceitos, e procure fazer algumas inferências: Figura 09 - Dado, Informação Conhecimento e Competência Certamente você já conseguiu fazer algumas relações desses termos com a área de TI, hein? Deu para perceber a ligação entre um conceito e outro? Que tal conferir se suas proposições estão coerentes? A seguir, as de�nições dos termos, adaptadas de Setzer (2015): Dado Informação Conhecimento Competência Esses conceitos mostram que a área de TI se preocupa em organizar e tratar os dados por meio de sistemas computacionais. Esses dados, apresentados a nós para atribuirmos caráter de informações, possuem valor social e econômico cada vez maior em nossa sociedade. A cada dia é gerada uma grande quantidade de dados. Imagina, então, como é gerenciar todo esse conteúdo?! Para isso, é envolvida no processo a Tecnologia da Informação, com uma série de atividades e soluções computacionaisvoltadas para obtenção, armazenamento, gerenciamento, acesso e uso das informações por nossa parte! A nós cabe a apropriação das tecnologias desenvolvidas para otimizar as práticas laborais, tornar os processos produtivos mais e�cientes, ampliar nossas capacidades e garantir melhor qualidade de vida. Curiosidade Com toda a evolução da pesquisa e todo o desenvolvimento de tecnologias de inteligência arti�cial (IA), ainda não há um Agente Smith que consiga superar a capacidade de abstração e criação de qualquer Sr. Anderson. A capacidade de ler além das palavras é inerente à nossa mente, por meio de nossa linguagem e inteligência. A�nal, como acabamos de ver, as máquinas "só" conseguem dar conta do registro e gerenciamento de um grande volume de dados. O signi�cado das informações, a produção de conhecimentos e o desenvolvimento de habilidades e competências, por ora, ainda é restrita a nós, seres humanos. É… Mas essa realidade parece cada vez mais próxima! Em março de 2014 um sistema de IA, chamado Quakebot, desenvolvido pelo repórter Ken Schwencke, do Los Angeles Times, registrou um terremoto sobre o qual o próprio sistema escreveu uma reportagem em poucos segundos. Veja um trecho traduzido da reportagem produzida pelo algoritmo: Um terremoto de baixa magnitude 4,7 foi relatado na manhã de segunda- feira, a cinco milhas de Westwood, Califórnia, de acordo com o U.S. Geological Survey. O tremor ocorreu às 6:25 a.m. horário do Pací�co a uma profundidade de 5.0 milhas. De acordo com o USGS, o epicentro estava a seis milhas de Beverly Hills, Califórnia, a sete milhas da Universal City, Califórnia, a sete milhas de Santa Monica, Califórnia, e a 348 milhas de Sacramento, Califórnia. Nos últimos dez dias, não houve terremotos de magnitude maiores que 3,0 centrados nas proximidades. Esta informação vem do Serviço de Noti�cação de Terremotos do USGS e esta publicação foi criada por um algoritmo escrito pelo autor. (OREMUS, 2014, tradução nossa). Curioso, não? Pois confere a reportagem abaixo que relata esse fato com maiores detalhes: A primeira reportagem sobre o terremoto em Los Angeles foi escrita por um robô. Fonte: OREMUS, Will. The �rst news report on the L.A. earthquake was written by a robot. Stale, 17 mar. 2014. Disponível em: <http://www.slate.com/blogs/future_tense/2014/03/17/quakebot_los_angeles_ti mes_robot_journalist_writes_article_on_la_earthquake.html. Acesso em: 17 ago. 2017. Mas não precisa �car preocupado(a), pois, ainda por um bom tempo, di�cilmente um sistema de IA conseguirá produzir textos e reportagens mais profundos. A partir da própria notícia elaborada pelo algoritmo é possível perceber (sem minimizar ou menosprezar a solução desenvolvida) que o Quakebot gerencia dados e atribui algum signi�cado apenas àqueles que são mensuráveis, como é o caso da magnitude do terremoto e da distância existente entre as cidades e os eventos. A informação em si, somos nós que estabelecemos a partir da leitura, a qual nos permite construir alguns conhecimentos sobre o fato relatado. Uma reportagem com análise crítica, considerando aspectos semânticos e variáveis de ordem subjetiva, ainda �cará a cargo e será competência de repórteres de carne e osso… Encerramos aqui mais uma aula da nossa disciplina! Esses fundamentos serão necessários para sua participação no curso e para sua futura atuação pro�ssional! Estou certo de que você consegue perceber as especi�cidades do conceito de tecnologia bem mais do que antes, não?! Que tal fazer um pequeno check-list do que aprendeu aqui? Até mais! http://www.slate.com/blogs/future_tense/2014/03/17/quakebot_los_angeles_times_robot_journalist_writes_article_on_la_earthquake.html Glossário Agente Smith: principal vilão da série de �lmes Matrix, é uma manifestação da inteligência arti�cial no mundo da Matrix, com poderes extraordinários para manipular o seu ambiente. Algoritmo: conjunto das regras e procedimentos lógicos que levam à solução de um problema por meio de um número �nito de etapas. É a base de todo e qualquer software. Degenerar: desgastar, estragar, corromper ou piorar algo ou alguém. Elemento químico: matéria constituída por átomos com o mesmo número atômico, a qual possui propriedades e particularidades especí�cas e únicas. A tabela periódica lista todos os 118 elementos químicos conhecidos no planeta (23 deles foram sintetizados em laboratório). Etimologia: estudo gramatical da origem e história das palavras. Insumo: qualquer elemento diretamente necessário para o processo de produção. Inteligência arti�cial: inteligência similar à humana, procedida por meio de tecnologias, com o objetivo de fazer com que computadores realizem ações, atualmente, especí�cas dos seres humanos. Libras: língua de sinais usada pela maioria dos surdos brasileiros e reconhecida por Lei. Matrix: no �lme homônimo, é a realidade virtual em que os seres humanos vivem. Trata-se de uma ilusão criada por sistemas computacionais de inteligência arti�cial que dominaram a humanidade e mantêm os seres humanos como fonte de energia para manutenção das máquinas. Objetivar: materializar ou demonstrar algo abstrato, como uma ideia ou um sentimento, tornando-o quase concreto. Partícula subatômica: dimensões da matéria menores do que as de um átomo, tais como os fótons, os glúons e os quarks. Palpável: aquilo que se pode tocar. Pintura rupestre: representações pré-históricas em superfícies rochosas. Também chamada de arte rupestre. Sítio arqueológico: local onde �caram preservados artefatos, construções ou outras evidências de atividades humanas passadas. Sr. Anderson: forma como o vilão, Agente Smith, se refere a Neo. Antes de se tornar Neo, o protagonista da série de �lmes Matrix chamava-se, no mundo produzido pelo sistema de realidade virtual, Thomas A. Anderson. Subjetivo: aquilo que pertence ao sujeito pensante e a seu íntimo e que, por isso, é individual, pessoal e particular. Resumo Nesta aula você aprendeu que o conceito de tecnologia é amplo e que ela tem uma relação fundamental para o desenvolvimento da espécie humana. A linguagem, nossa principal tecnologia desenvolvida, tem um papel relevante por ter nos oportunizado a criação de outras soluções que ampliaram nossas capacidades, sobretudo no que diz respeito ao gerenciamento e compartilhamento de informação. Você compreendeu também que as tecnologias não podem ser total ou parcialmente imateriais ou materiais. Essas características têm a ver com os insumos usados em sua produção, com base nos quais classi�camos as tecnologias em bens rivais e não rivais. Por �m, a partir da conceituação de dados, informação, conhecimento e competência, você, enquanto pro�ssional que se preocupa com o desenvolvimento de atividades e soluções computacionais para obtenção, armazenamento, gerenciamento, acesso e uso de dados e informações em meio digital, pôde compreender fundamentos essenciais relativos à área de tecnologia da informação. Autoavaliação 1. Com base nesta aula, como você descreve a área de TI? Qual o papel social e econômico que ela desempenha na sociedade? Leitura complementar MATRIX. Direção: Lilly Wachowski; Lana Wachowski. Produção: Joel Silver. EUA/Austrália: Warner Bros. Pictures, 1999, 1 DVD (136MIN). Referências KENSKI, V. M. Educação e tecnologias: o novo ritmo da informação. 4. ed. Campinas: Papirus, 2008. LAJEDO Soledade. Disponível em: <http://www.lajedodesoledade.org.br/. Acesso em: 22 ago. 2018. MATRIX. Direção: Lilly Wachowski; Lana Wachowski. Produção: Joel Silver. EUA/Austrália: Warner Bros. Pictures, 1999, 1 DVD (136MIN). NEGROPONTE, N. A vida digital. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. PRETTO, N. D. L.; BONILLA, M. H. S. O que software livre tem a ver com a educação? In: NUNES, J. B. C.; OLIVEIRA, L. X. de. Formação de professores para as tecnologias digitais. Brasília: Liber Livro, 2012, p. 57-77. SETZER, V. W. Dado, informação, conhecimento e competência. Disponível em: <https://www.ime.usp.br/%7Evwsetzer/dado-info.html. Acesso em: 10 set. 2017. TECNOLOGIA.In: MICHAELIS. Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues- brasileiro/tecnologia/. Acesso em: 22 ago 2018. http://www.lajedodesoledade.org.br/ https://www.ime.usp.br/~vwsetzer/dado-info.html http://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/tecnologia/
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