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123 Capítulo 5 Acidentes de trânsito 1 Seção 1 Conceitos de acidente de trânsito Você entrará na seara dos acidentes de trânsito. Tal estudo justifica-se, ao considerarmos que a defesa da vida é dever prioritário do Estado. Os acidentes de trânsito infelizmente são a causa de muita tristeza para aqueles que neles se envolvem, e mesmo quando não têm consequências fatais ou de gravidade física relevante, sempre trazem um aborrecimento, nem que seja daquela marquinha que fica na lataria e não compensa parar o veículo (pela necessidade) e consertar. (ARAÚJO, 2014). Acidentes de trânsito podem ser definidos como acontecimentos fortuitos, que envolvem ao menos um veículo, motorizado, ou não, ocorrido em via pública ou parcialmente situado em uma. (CABRAL, 2009). A norma da ABNT n. 10.697/89 conceitua acidente de trânsito como “todo evento não premeditado de que resulte dano em veículo ou na sua carga e/ou lesões em pessoas e/ou animais, em que, pelo menos, uma das partes esteja em movimento nas vias terrestres ou áreas abertas ao público. Pode originar-se, terminar ou envolver veículo parcialmente na via pública.” (NBR, n.10.697/89). Fundada em 1940, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é o órgão responsável pela normalização técnica no país, fornecendo a base necessária ao desenvolvimento tecnológico brasileiro. 1 SCHVEITZER, Deisi Cristina. Introdução ao estudo do trânsito. Palhoça: UnisulVirtual, 2017, p. 123-158. 124 Capítulo 5 É uma entidade privada, sem fins lucrativos, reconhecida como único Foro Nacional de Normalização, por meio da Resolução n.º 07 do CONMETRO, de 24.08.1992. De acordo com o Projeto de redução da morbimortalidade por acidentes de trânsito, do Município de Paulo de Faria/SP, acidente de trânsito “é todo acontecimento desastrado, casual, ou não, tendo como consequências desagradáveis os danos físicos e/ou materiais, envolvendo veículos, pessoas e/ou animais nas vias públicas”. No mesmo sentido, Cláudio Cabral (2009) menciona que “o acidente de trânsito pode ser definido como um acontecimento fortuito, que envolve ao menos um veículo, motorizado, ou não, ocorrido em via pública ou parcialmente situado nesta.”. O acidente de trânsito é o segundo maior problema de saúde pública do Brasil, perdendo apenas para a desnutrição; e o trânsito é a terceira causa de morte do país, ficando atrás apenas das doenças do coração e do câncer. (DETRAN/PR). O Brasil possui três fontes de dados sobre mortes em acidentes de trânsito que fornecem informações de todo o país. São eles: o DATASUS (Departamento de Informática do SUS), RENAEST (Registro Nacional de Acidentes e Estatísticas de trânsito), DENATRAN (Departamento Nacional de trânsito) e o DPVAT (Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores Terrestres), contando também com a colaboração da Fundação SEADE, que fornece dados do estado de São Paulo. O DATASUS disponibiliza informações que podem servir para subsidiar análises objetivas da situação sanitária, tomadas de decisão baseadas em evidências e elaboração de programas de ações de saúde. A partir de 2011, o DATASUS passou a integrar a Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa, conforme Decreto Nº 7.530, de 21 de julho de 2011, que trata da Estrutura Regimental do Ministério da Saúde. O Instituto Avante Brasil – IAB (Instituto da Prevenção do Crime e da Violência), que é uma entidade sem fins lucrativos e tem por escopo facilitar o acesso às informações e pesquisas sobre os mais diversos temas acadêmicos e científicos, realizou um levantamento mundial sobre mortes no trânsito em 2010, estruturando um ranking comparativo dos dez países mais violentos. (GOMES, 2014). Veja a tabela na próxima página: 125 Introdução ao Estudo do Trânsito Tabela 1 – Países com maiores números absolutos de morte no trânsito – 2010 Ranking País Posição no IDH População estimada1 Nº de mortes2 Taxa de mortes por 100 mil hab. Nº de veículos registrados Taxa de mortes por 1 mil veículos 1º China 101º 1.348.932.032 275.983 20,5 207.061.286 1,33 2º Índia 136º 1.224.614.272 231.027 18,9 114.952.000 2,01 3º Nigéria 153º 158.423.184 53.339 33,7 12.545.177 4,25 4º Brasil3 85º 194.946.488 42.844 22 64.817.974 0,66 5º Indonésia 121º 239.870.944 42.734 17,8 72.692.951 0,59 6º Estados Unidos 3º 310.383.968 35.490 11,4 259.957.503 0,14 7º Paquistão 146º 173.593.384 30.131 17,4 7.853.088 3,84 8º Rússia 55º 142.958.156 26.567 18,6 43.325.312 0,61 9º Tailândia 103º 69.122.232 26.312 38,1 28.484.829 0,92 10º Irã 76º 73.973.628 25.224 34,1 20.657.627 1,22 1 Os dados populacionais foram extraídos do banco de dados da Divisão de População das Nações Unidas 2 As taxas de mortalidades no trânsito foram extraídas dos registros de morte reportados pelos Estados à Organização Mundial da Saúde, dos registros oficiais divulgados por cada país e através de um modelo regressivo para estimar-se o número de mortes no trânsito do modificado na publicação Global Status Reporto n Road Safety 2013. 3 Número de mortes no trânsito no Brasil de acordo com os dados oficiais do Datasus, em 2010. Fonte: Adaptado de Gomes, 2014. O Brasil é 4º país do mundo com maior número de mortes no trânsito, ficando atrás somente da China, Índia e Nigéria. É possível notar que essas mortes também estão intimamente conectadas ao IDH (índice de desenvolvimento humano), que, por sua vez, tem por base a educação, a longevidade e a renda per capita. Entre os 10 países mais violentos do planeta não aparece nenhum do grupo do capitalismo evoluído e distributivo, fundado na educação de qualidade para todos, na difusão da ética e no império da lei e do devido processo legal e proporcional (Dinamarca, Suécia, Suíça, Coreia do Sul, Japão, Cingapura, Áustria etc.). (GOMES, 2014). 126 Capítulo 5 De acordo com o DATASUS, em 2010, foram registradas 42.844 mortes no trânsito do Brasil. Em 2011, chegou a 43.256 mortes. Em 2014, de acordo com projeção feita pelo Instituto Avante Brasil, o número de mortes no trânsito estimado foi de 48.349. Sendo assim, estima-se que em 2015 ocorram 4.029 mortes por mês, 132 mortes por dia e 6 mortes por hora, ou seja, uma a cada 10 minutos. (GOMES, 2014). 1.2 Tipos de acidentes de trânsito As definições dos tipos de acidentes estão de acordo com a Norma da ABNT no. 10.697/89. Importante salientar que outros tipos de acidentes podem ocorrer e que não estão enquadrados em nenhum dos tipos mencionados. Atropelamento Acidente em que o(s) pedestre(s) ou animal(is) sofre(m) o impacto de um veículo, estando pelo menos uma das partes em movimento. Atropelamento é aquele acidente no qual um pedestre ou um animal sofre o impacto de um veículo, estando pelo menos um dos dois em movimento. Sob esse conceito é possível que um pedestre atropele um carro parado. Se considerarmos, ainda, que o Art. 68 do CTB considera que o ciclista desmontado empurrando a bicicleta é considerado pedestre, nesse caso ele seria atropelado caso sofresse o impacto de um veículo nessa situação. (ARAÚJO, 2014). Acidente pessoal de trânsito Todo acidente em que o pedestre sofre lesões corporais ou danos materiais, desde que não haja participação de veículos ou ação criminosa. Capotamento Acidente em que o veículo gira sobre si mesmo, em qualquer sentido, chegando a ficar com as rodas para cima, imobilizando-se em qualquer posição. Choque Acidente em que há impacto de um veículo contra qualquer objeto fixo ou móvel, mas sem movimento. No choque, um dos veículos está inerte, ou não sendo um veículo, seja um objeto fixo ou móvel sem movimento. 127 Introdução ao Estudo do Trânsito Colisão Acidente em que um veículo em movimento sofre o impacto de outro veículo, também em movimento. A colisão poderá ser frontal, lateral ou traseira. Colisão frontal é a que ocorre frente a frente, quando os veículos transitam na mesma direção, em sentidos opostos. Colisão lateral é a que ocorre lateralmente, quando os veículostransitam em direções que se cruzam, ortogonal ou obliquamente. Na colisão traseira, ocorre frente com a traseira ou traseira contra traseira, quando os veículos transitam no mesmo sentido ou em sentidos contrários, podendo, pelo menos, um deles estar em marcha à ré. Sempre que houver um acidente em que um veículo em movimento sofra o impacto de outro veículo, também em movimento, diz-se que houve uma colisão. É por esse motivo que um ciclista não é atropelado, e sim, sofre ou causa uma colisão, uma vez que a bicicleta é um veículo de propulsão humana. (ARAÚJO, 2014). O Boletim Técnico n° 53 da Companhia de Engenharia de Tráfego do Município de São Paulo (CET-SP), elaborado por Maurício Régio, publicado em 2012, que aborda a análise de 1.000 Relatórios de Investigação de Acidente de Trânsito Fatal de São Paulo produzidos durante os anos de 2006, 2007, 2008 e 2009 e 1º trimestre de 2010, demonstra que a colisão transversal foi considerada a mais mortal. Tabela 2 - Tipos de colisões fatais investigadas Relatório de Investigação de Acidente de Trânsito Fatal de São Paulo Transversal 133 Lateral 109 Traseira 83 Frontal 57 Fonte: Adaptado de Boletim Técnico da CET –SP Engavetamento Acidente em que há impacto entre três ou mais veículos, em um mesmo sentido de circulação. 128 Capítulo 5 Queda Acidente em que há impacto em razão de queda livre do veículo, ou queda de pessoas ou cargas por ela transportadas. Tombamento Acidente em que o veículo sai de sua posição normal, imobilizando-se sobre uma de suas laterais, sua frente ou sua traseira. A colisão, abalroamento, tombamento, capotagem, atropelamento, choque com objeto fixo, são os tipos de acidentes adotados pelo Denatran para descrever os acidentes e classificá-los. O DNIT utiliza uma classificação mais detalhada para os acidentes nas rodovias. Os acidentes ocorridos na rede federal (em 2002) são classificados em 14 categorias apresentadas abaixo, por ordem de frequência: Tabela 3 - Tipos de acidentes Colisão traseira 25% Saída de pista 18% Abalroamento lateral mesmo sentido 12% Choque com objeto fixo 9% Abalroamento transversal 7% Atropelamento 5,2% Abalroamento lateral sentido oposto 4,8% Atropelamento de animal 3,7% Capotagem 3,3% Tombamento 3,2% Colisão frontal 2,8% Atropelamento e fuga 1,4% Choque com veiculo estacionado 0,5% Outros tipos 4,6% Total 100% Fonte: Por Vias Seguras 129 Introdução ao Estudo do Trânsito O Boletim Técnico n° 53 da Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo (CET-SP) demonstrou que dos acidentes investigados durante os anos de 2006, 2007, 2008 e 2009 e 1º trimestre de 2010 em São Paulo, 55% foram colisões, seguidos pelos choques, com 33%. Os casos de tombamentos (10% do total de acidentes fatais investigados) envolveram motocicletas (80% dos casos de tombamento) e bicicletas (20% dos casos). A classificação outros - 2% engloba queda, capotamento e engavetamento. (REGIO, 2012). Vejamos: 1.3 Classificação dos acidentes de trânsito Assim como os tipos, a classificação dos acidentes de trânsito está de acordo com a Norma da ABNT n. 10.697/89. 1.3.1. Quanto às consequências Acidentes de trânsito simples Aquele que não resulte vítima e não traga prejuízos ao trânsito, à via ou ao meio ambiente. Acidentes de trânsito grave Aquele de que resulte vítima, ou, não havendo, traga prejuízos ao trânsito, à via ou ao meio ambiente. 1.3.2 Quanto à natureza ou maneira como ocorreram Essa classificação comporta os tipos de acidentes, ou seja, atropelamento, capotamento, choque, colisão (frontal, lateral, transversal, traseira), engavetamento, queda, tombamento ou outros acidentes. 1.4 Classificação das vítimas de acidente de trânsito No momento ou até 30 dias após, a vítima de acidente de trânsito é classificada de acordo com os ferimentos recebidos em: • vítima fatal de acidente de trânsito; • vítima de acidente de trânsito de natureza grave; • vítima de acidente de trânsito com ferimento de natureza leve. 130 Capítulo 5 1.5 Classificação dos fatores geradores de acidentes Fator humano Fatores humanos são ações arriscadas do indivíduo no trânsito, quer na condição de condutor de veículo que pode se envolver em um acidente, quer na de pedestre, arriscando-se a ser atropelado. Esses comportamentos indevidos acabam isolados ou junto a outros fatores, induzindo à ocorrência do acidente. Desrespeitar o sinal vermelho, dirigir com excesso de velocidade, não sinalizar intenção de manobra e dirigir alcoolizado são exemplos de fatores humanos que contribuem para que o acidente aconteça. Normalmente, são erros cometidos pelos usuários da via e, em sua maioria, constituem infrações de trânsito. (BORGES DE PAULA; RÉGIO, 2008). Quando o comportamento do homem como pedestre, condutor ou qualquer outra condição, contribui para a ocorrência do acidente. Exemplo: O condutor de um veículo pode ter uma atitude indevida por estar dirigindo após uma jornada excessivamente longa, sem os essenciais períodos de descanso; assim, o comportamento indevido decorre da condição de fadiga do condutor. Por outro lado, uma pessoa, quando está sob uma forte pressão psicológica (estresse, desemprego, problemas financeiros, divergências familiares etc.), certamente não conseguirá manter a atenção devida para a adequada condução de veículos. Essas condições adversas e de alto risco deveriam ser conscientemente administradas pelos condutores, evitando dirigir veículos nessas condições. O site Por Vias Seguras menciona que os fatores humanos de risco são numerosos, como alguns citados a seguir: • Subavaliação da probabilidade de acidente: A exposição desnecessária ao risco é uma tendência frequente, especialmente no caso dos condutores masculinos e também dos pedestres, ainda mais quando jovens: autoconfiança nos próprios reflexos, procura de sensações fortes, menor percepção do perigo. • Desatenção: Uma longa viagem, um percurso cotidiano eternamente repetido, o uso do telefone celular pode ter o mesmo resultado: uma desatenção ao que está acontecendo e a incapacidade a reagir de modo a evitar o acidente. Isso é considerado, junto com o cansaço do condutor, como a primeira causa de acidente nas rodovias interurbanas. • Cansaço: Um condutor cansado pode adormecer ou ficar 131 Introdução ao Estudo do Trânsito sonolento, com capacidade de reação extremamente reduzida. É um fator conhecido, que deve dar lugar a regulamentações do tempo de trabalho dos condutores de caminhões e a recomendações a todos condutores quanto à frequência e à duração das paradas. • Deficiências (visual, auditiva, motora): Pode ser lentidão: muitos pedestres atropelados são pessoas idosas. Pode ser uma deficiência visual: a avaliação da distância ou da velocidade de um veículo se aproximando. Pode ser uma deficiência auditiva: para um pedestre, não percepção de um veículo chegando por trás. • Consumo de álcool: Efeitos negativos: euforia, com sensação de potência e superestimação das próprias capacidades, diminuição dos reflexos, estreitamento do campo visual, alteração da capacidade de avaliação das distâncias e das larguras, maior sensibilidade ao deslumbramento. • Consumo de droga: Efeitos similares. • Excesso de velocidade: A velocidade incide sobre a frequência e a gravidade dos acidentes. É fato comprovado que qualquer aumento da velocidade autorizada aumenta esses dois parâmetros. • Desrespeito a distância mínima entre veículos: É um erro extremamente frequente e grave, presente na maioria das colisões traseiras, o tipo de acidente mais frequente na rede federal: 25% dos acidentes, 14% dos acidentes com feridos, 7% dos acidentes com mortos. Ficando próximo demais do veículo que lhe precede, o motorista reduz o próprio tempo de reação, renunciando a qualquer possibilidade de evitar o acidente, em caso de freada do veículo que vai à frente dele. • Ultrapassagem indevida: A colisão frontal ficaem segundo lugar na classificação dos tipos de acidentes com vítimas fatais e o abalroamento lateral de sentido oposto, que tem as mesmas causas, fica em quarto lugar. Juntos, eles são responsáveis por 23% dos acidentes com vítimas fatais. • Outras infrações de motoristas. • Não uso de cinto, de capacete, de proteção par criança: Grandes progressos foram feitos pelos construtores de veículos e, infelizmente, são pouco aproveitados para reduzir a gravidade e a frequência dos acidentes. O exemplo mais típico é o não uso do cinto no banco traseiro. • Imprudência de pedestres, de ciclistas, de motociclistas. 132 Capítulo 5 Fator via Quando uma deficiência na via ou sua sinalização contribui para a ocorrência do acidente. Fator meio ambiente Quando fatores do meio ambiente ou da natureza prejudicam a segurança do trânsito, contribuindo para a ocorrência do acidente. Exemplos: Placa mal posicionada, faixa de pedestres inexistente, semáforo com defeito, buraco na pista, curva acentuada, obra na pista, chuva intensa etc., são exemplos de fatores relacionados com a via/ meio ambiente que contribuem para a ocorrência dos acidentes de trânsito. (REGIO, 2012) Fator veículo Quando falha mecânica no veículo contribui para a ocorrência do acidente, sem que tenha havido negligência na manutenção ou fabricação. São falhas ou defeitos que afetam a trafegabilidade dos veículos, geralmente falhas mecânicas. Exemplos: Estouro de pneu ou pneu gasto, deficiência no freio e quebra do feixe de mola de caminhão são exemplos de fatores contribuintes de ordem veicular. (REGIO, 2012) 133 Introdução ao Estudo do Trânsito O Boletim Técnico n° 53 da Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo (CET-SP) desmonstrou que dos acidentes investigados durante os anos de 2006, 2007, 2008 e 2009 e 1º trimestre de 2010 em São Paulo,de todas as possibilidades de combinações entres os fatores, verificam-se as seguintes participações totais: fator humano com 98,6%, fator veicular com 5,9% e o fator via/meio ambiente com 17,7%. (REGIO, 2012). Vejamos a figura abaixo: Figura 1 - fatores contribuintes nos acidentes fatais investigados Humanos 78% 3,8% 15,4% 1,4% Veículos 0,5% 0,2% 0,7% Via/Meio Ambiente HUMANOS VEÍCULOS VIA/MEIO AMBIENTE 78% 3,8% 15,4% 1,4% 0,5% 0,2% 0,7% Fonte: Boletim Técnico da CET –SP Este diagrama apresenta a distribuição dos acidentes em função dos fatores contribuintes presentes neles: 78% dos acidentes causados somente por fatores humanos, 15,4% causados simultaneamente por fatores humanos e outros ligados à via ou ao meio ambiente, 0,7% causados somente por fatores ligados à via etc. 134 Capítulo 5 Seção 2 Providências do condutor envolvido, ou não, em acidente com ou sem vítima Há três situações (hipóteses), reguladas pelo CTB, que o condutor envolvido, ou não, em acidente de trânsito, deverá observar. Veja a seguir. Providências do condutor envolvido em acidente com vítima Em relação às providências do condutor envolvido em acidente com vítima, o art. 176 do CTB menciona: Art. 176. Deixar o condutor envolvido em acidente com vítima: I - de prestar ou providenciar socorro à vítima, podendo fazê-lo; II - de adotar providências, podendo fazê-lo, no sentido de evitar perigo para o trânsito no local; III - de preservar o local, de forma a facilitar os trabalhos da polícia e da perícia; IV - de adotar providências para remover o veículo do local, quando determinadas por policial ou agente da autoridade de trânsito; V - de identificar-se ao policial e de lhe prestar informações necessárias à confecção do boletim de ocorrência: Infração - gravíssima; Penalidade - multa (cinco vezes) e suspensão do direito de dirigir; Medida administrativa - recolhimento do documento de habilitação. (BRASIL, 1997) A primeira providência a ser tomada pelo condutor envolvido em acidente com vítima é socorrê-la. “Não se justificam a omissão, a passividade e, muito menos, a fuga ou retirada do local. As justificativas de ordem emocional ou perturbação da vontade não afastam a responsabilidade, eis que um dos pressupostos para a direção é a estabilidade ou autocontrole emocional do motorista.”. (RIZZARDO, 2008, p. 390). O inciso II menciona que o condutor deverá adotar as providências, no sentido de evitar perigo para o local do acidente. Exemplo: Sinalizar a pista com objetos disponíveis, como o triângulo de segurança, galhos de árvore, cavaletes de obra, latas, pedaços de madeira, pedaços de tecido, plásticos etc. 135 Introdução ao Estudo do Trânsito A tabela abaixo demonstra a distância do acidente para o início da sinalização: Tabela 4 – Sinalização em caso de acidente Tipo da via Velocidade máxima permitida Distância para início da sinalização (pista seca) Distância para início da sinalização (chuva, neblina, fumaça, à noite) Vias locais 40 km/h 40 passos longos 80 passos longos Avenidas 60 km/h 60 passos longos 120 passos longos Vias de fluxo rápido 80 km/h 80 passos longos 160 passos longos Rodovias 100 km/h 100 passos longos 200 passos longos Fonte: DENATRAN (2010). O condutor deve preservar o local, de forma a facilitar os trabalhos da polícia e da perícia. Somente admite-se a conservação do veículo no ponto do acidente se resultarem vítimas. Se o acidente de trânsito ocasionou apenas danos materiais, não será permitida a permanência do veículo na pista. (art. 178 do CTB). A quarta providência a ser adotada pelo condutor é remover o veículo do local, quando determinado por policial ou agente da autoridade de trânsito. Em geral, somente é possível a retirada do veículo, depois do procedimento de levantamento do local, porém, conforme o art. 1º da Lei nº 5.970 de 11 de dezembro de 1973, mesmo se não ocorreu o exame do local, verificando-se que o trânsito se tornou caótico, justifica-se a retirada. Art.1º. Em caso de acidente de trânsito, a autoridade ou agente policial que primeiro tomar conhecimento do fato poderá autorizar, independentemente de exame do local, a imediata remoção das pessoas que tenham sofrido lesão, bem como dos veículos nele envolvidos, se estiverem no leito da via pública e prejudicarem o tráfego. Parágrafo único. Para autorizar a remoção, a autoridade ou agente policial lavrará boletim da ocorrência, nele consignado o fato, as testemunhas que o presenciaram e todas as demais circunstâncias necessárias ao esclarecimento da verdade. (BRASIL, 1973). A última providência inserida no art. 176 do CTB é a obrigatoriedade do condutor de identificar-se ao policial e de lhe prestar informações necessárias à confecção do boletim de ocorrência. 136 Capítulo 5 Se o condutor não adotar as providências arroladas, estará cometendo uma infração gravíssima, com penalidade de multa e suspensão do direito de dirigir; e, administrativamente, terá o recolhimento do documento de habilitação. Providências do condutor não envolvido em acidente de trânsito com vítima Aquele que está passando pelo local do acidente sem ter participação nenhuma no fato é o condutor não envolvido. (MACEDO, 2009, p. 271). A obrigação do condutor não envolvido restringe-se a prestar socorro à vítima de acidente de trânsito, quando solicitado pela autoridade e seus agentes. (art. 177 do CTB). Para Rizzardo (2008, p. 392), a obrigação de prestar socorro à vítima funda-se no dever de solidariedade que deve dominar entre os seres humanos. A natureza da infração é grave, e, consequentemente, o condutor irá pagar uma multa, caso não cumpra com o dever. Providências do condutor envolvido em acidente de trânsito sem vítima Nessa hipótese, o condutor se envolveu em acidente de trânsito sem vítima. O art. 178 do CTB reza que o condutor terá que providenciar a remoção do veículo do local, quando necessária, para assegurar a segurança e a fluidez do trânsito: Art. 178. Deixar o condutor, envolvido em acidente sem vítima, de adotar providências para remover o veículo do local, quando necessáriatal medida para assegurar a segurança e a fluidez do trânsito: Infração - média; Penalidade - multa. Exemplo: O Conselho Estadual de Trânsito (Cetran-PB), a partir do dia 1º de julho, determinou a obrigatoriedade da retirada de veículos das vias públicas, nos casos de acidentes de trânsito sem vítimas, na Paraíba. A regulamentação já está no Código de Trânsito Brasileiro há 17 anos e vale não só para rodovias federais ou estaduais, como também para vias urbanas, em todo o país. (NEUMAN, 2014) Em alguns Estados brasileiros, os órgãos de trânsito e/ou a Polícia Militar adotam a prática de se realizar exame pericial nos locais de ocorrência de trânsito sem vítima, tal providência é decorrente tão somente dos usos e costumes regionais, não havendo previsão legal que a obrigue. 137 Introdução ao Estudo do Trânsito A situação se diferencia quando houver vítima de lesão corporal ou homicídio, sendo os condutores envolvidos obrigados a manter os veículos e demais indícios do crime, da forma como se encontram, sob pena de cometimento da infração de trânsito do artigo 176, III e, se houver alteração de lugar, coisa ou pessoa, a fim de induzir a erro o trabalho de polícia judiciária, também estará presente o crime de fraude processual no trânsito, previsto no artigo 312, ambos do Código de Trânsito Brasileiro (a retirada dos veículos, e consequente não preservação do local de crime, somente será possível, quando houver vítima, se determinada pelo policial que atender a ocorrência, como prevê o próprio artigo 176, em seu inciso IV, e nos termos da Lei federal nº 5.970/73). (ARAUJO, 2015). Seção 3 Boletim de Acidente de Trânsito (BOAT) O Boletim de Acidente de Trânsito é confeccionado pelos policiais que trabalham no policiamento de trânsito. Nele constam informações a respeito dos veículos, dos condutores, dos passageiros e de outras pessoas envolvidas no sinistro, bem como informações sobre o local e a forma em que ocorreu o acidente. É utilizado para diversos fins, entre eles: para acionamento do seguro do veículo (quando houver); para acionamento do Seguro DPVAT (Seguro Obrigatório de Danos Pessoais causados por Veículos Automotores em vias Terrestres), que serve para cobrir despesas hospitalares em caso de sinistro; para instrução de processo cível, nos casos em que se precisa realizar a cobrança dos danos, via Justiça. Em caso de acidentes sem vítimas, o Boletim de Ocorrência não precisa ser feito no local do acidente: é possível fazê-lo no Batalhão de Trânsito do Município, até 180 dias após o acidente. O melhor é que os dois condutores façam o registro juntos (DETRAN/PR). Já, de acordo com o mesmo site, quando há vítima, a Polícia Militar de Trânsito e o SIATE (Sistema Integrado de Atendimento a Traumas e Emergências) devem ser acionados, imediatamente, pelo telefone 190. O boletim de ocorrência precisa ser feito no local. O local deve ser sinalizado e não se deve mexer na(s) vítima(s), para que ela(s) não sofra(m) outras lesões. Os veículos não podem ser removidos do lugar para não interferir no trabalho da polícia e da perícia. Até a chegada da polícia, o(s) condutor(es) pode(m) pegar o contato das testemunhas do acidente (DETRAN/PR). A Resolução do Contran nº 544, de 19 de agosto de 2015 (Res.544/2015), menciona no art. 3º que, concomitantemente à lavratura do BOAT, a Autoridade 138 Capítulo 5 de Trânsito ou seu Agente deve avaliar o dano sofrido pelo veículo no acidente, enquadrando-o em uma das categorias a seguir: Danos de pequena monta: quando o veículo sofrer danos que afetem peças externas e/ou peças mecânicas e estruturais, mas que, quando substituídas ou recuperadas, permitem que o veículo volte a circular sem requerimentos adicionais de verificação; Danos de média monta: quando o veículo sofrer danos em suas peças externas, peças mecânicas e estruturais, mas, ao serem substituídas ou recuperadas, permitem que veículo circule após a realização de inspeção de segurança veicular e a obtenção do Certificado de Segurança Veicular – CSV; Danos de grande monta: quando o veículo sofrer danos em suas peças externas, peças mecânicas e estruturais que o classifiquem como veículo irrecuperável. De acordo com o art. 4º , da Res. 544/15, em caso de danos de “média monta” ou “grande monta”, o órgão ou entidade fiscalizadora de trânsito responsável pelo BOAT deve, em até trinta dias da data do acidente, expedir ofício acompanhado dos registros que possibilitaram a classificação do dano ao órgão executivo de trânsito dos Estados ou do Distrito Federal responsável pelo registro do veículo. (CONTRAN, 2015). O órgão ou entidade executivo de trânsito dos Estados ou do Distrito Federal que possuir o registro do veículo deve incluir o bloqueio administrativo no cadastro em até cinco dias úteis após o recebimento da documentação citada ( caput do art. 5º da Res544/15). Imediatamente após o lançamento da restrição administrativa à circulação do veículo, o órgão ou entidade executivo de trânsito dos Estados ou do Distrito Federal deve notificar o proprietário, informando-o sobre as providências para a regularização ou baixa do veículo (art. 6º da Res. 544/15). De acordo com o art. 7º da Res. 544/15, o desbloqueio do veículo que tenha sofrido dano de média monta só pode ser realizado pelo órgão ou entidade executivo de trânsito dos Estados ou Distrito Federal no qual o veículo esteja registrado, devendo ser exigidos os seguintes documentos: I – Certificado de Registro de Veículos – CRV e Certificado de Registro e Licenciamento de Veículos – CRLV originais do veículo, RG, CPF ou CNPJ e comprovante de residência ou domicílio do proprietário; II - Comprovação do serviço executado e das peças utilizadas, mediante apresentação da nota fiscal de serviço da oficina reparadora, acompanhada da(s) nota(s) fiscal (is) das peças utilizadas; 139 Introdução ao Estudo do Trânsito III - Certificado de Segurança Veicular – CSV expedido por Instituição Técnica Licenciada – ITL, devidamente licenciada pelo DENATRAN e acreditada pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia – INMETRO; IV – Comprovação da autenticidade da identificação do veículo mediante vistoria do órgão executivo de trânsito dos Estados ou do Distrito Federal ou entidade por ele autorizada. Caso não ocorra a recuperação do veículo, deve seu proprietário providenciar a baixa do registro, de acordo com o art. 126 do CTB: Art. 126. O proprietário de veículo irrecuperável, ou definitivamente desmontado, deverá requerer a baixa do registro, no prazo e forma estabelecidos pelo CONTRAN, sendo vedada a remontagem do veículo sobre o mesmo chassi, de forma a manter o registro anterior. (Vide Lei nº 12.977, de 2014) (Vigência) Parágrafo único. A obrigação de que trata este artigo é da companhia seguradora ou do adquirente do veículo destinado à desmontagem, quando estes sucederem ao proprietário. (BRASIL, 1997). De acordo com o art. 9º da Res. 544/15, o proprietário do veículo, ou seu representante legal, com “dano de grande monta”, poderá apresentar recurso para reenquadramento do dano em “média monta”, sendo necessário, para tanto, o atendimento às seguintes exigências: • Ser realizada nova avaliação técnica por profissional engenheiro legalmente habilitado e apresentado o respectivo laudo; • O veículo deve estar nas mesmas condições em que se encontrava após o acidente; • A avaliação deve ser feita conforme os critérios e modelos de formulários constantes nesta Resolução e seus anexos; • O laudo deve estar acompanhado de fotos ilustrativas do veículo, mostrando as partes danificadas e as seguintes vistas: frontal, traseira, lateral direita, lateral esquerda, a 45º mostrando dianteira e lateral esquerda, a 45º mostrando dianteira e lateral direita, a 45º mostrando traseira e lateral esquerda e a 45º mostrando traseira e lateral direita; • O laudo deve estar acompanhado de Anotação de Responsabilidade Técnica(ART) devidamente preenchida e assinada pelo engenheiro e pelo proprietário do veículo ou seu representante legal; 140 Capítulo 5 • O laudo e demais documentos devem ser apresentados ao órgão ou entidade de executivo trânsito dos Estados ou do Distrito Federal que detiver o registro do veículo no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, a contar da data do acidente. O veículo classificado com dano de média ou grande monta não pode ter sua propriedade transferida, excetuando-se para as companhias seguradoras, nos casos de acidentes em que por força da indenização se opere a sub-rogação nos direitos de propriedade. (caput do art. 13 da Res. 544/15). O Boletim de Acidente de Trânsito (BAT) é o documento no qual a Polícia Rodoviária Federal (PRF) registra os acidentes que ocorreram nas rodovias federais. Este documento serve, por exemplo, para dar entrada nos seguros dos veículos, caso possuam, e no seguro DPVAT, na hipótese do acidente ter deixado feridos ou mortos. Todos os envolvidos no acidente poderão obter cópia do BAT, assim como os familiares das vítimas (parentes de primeiro grau, ou cônjuge) e seus representantes legais. Essa cópia pode ser solicitada pessoalmente, em qualquer unidade da PRF, ou ser gerada através do site. O prazo para que o BAT esteja à disposição dos solicitantes é de cinco dias consecutivos, desconsiderando o dia do acidente. Seção 4 Dados Estatísticos de Acidentes de Trânsito De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), todos os anos aproximadamente 1,3 milhões de pessoas morrem vítimas da imprudência ao volante. Dos sobreviventes, cerca de 50 milhões vivem com sequelas. (PARANÁ PORTAL, 2017). Ainda, segundo a OMS, os acidentes de trânsito são o primeiro responsável por mortes na faixa de 15 a 29 anos de idade; o segundo, na faixa de 5 a 14 anos; e o terceiro, na faixa de 30 a 44 anos. O que representa um custo de US$ 518 bilhões por ano ou um percentual entre 1% e 3% do PIB (Produto Interno Bruto) de cada país. Sem campanhas de conscientização, a OMS estima que 1,9 milhão de pessoas devem morrer no trânsito em 2020 (passando para a quinta maior causa de mortalidade) e 2,4 milhões, em 2030. (PARANÁ PORTAL, 2017). O Brasil é um dos países recordistas em mortes no trânsito. A taxa de mortes é de 23,4 vítimas fatais para cada 100 mil habitantes, segundo informou a OMS, em maio de 2016, em Genebra, na Suíça. Trata-se do quarto país no ranking da violência no trânsito no continente americano, atrás somente de Belize, República 141 Introdução ao Estudo do Trânsito Dominicana e Venezuela, a última, com o maior índice, de 45,1 mil óbitos, na mesma base de comparação. As informações são da Agência Folhapress. (SETLOGMS, 2016). De acordo com o Departamento Nacional do Trânsito (Denatran), as principais causas de morte no Brasil são: 1. Doença isquêmica do coração (182.560) 2. Derrame (143.771) 3. Pneumonia (70.074) 4. Doença pulmonar obstrutiva crônica (62.961) 5. Diabetes (56.018) 6. Violência (50.306) 6. Doença de Alzheimer (47.776) 7. Acidentes de trânsito (43.129) 8. Doença crônica dos rins (31.873) 9. Câncer de pulmão (29.043) A última avaliação anual disponível, através das Estatísticas do Ministério da Saúde, o número de vítimas fatais de acidentes de transporte terrestre é de 37.306, em 2015. (POR VIAS SEGURAS, 2017). O gráfico a seguir demonstra a evolução do número de óbitos registrados pelo Ministério da Saúde de 2004 a 2015, com uma diminuição de 15% no último ano: Gráfico 1 – Estatísticas nacionais: mortos em acidentes de trânsito Fonte: DATASUS, 2017. Após alguns anos de estabilidade, o número de mortes em decorrência de acidentes de trânsito no Brasil caiu mais de 11%. Dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde apontam que em 142 Capítulo 5 2015, 38.651 pessoas foram vítimas do trânsito, contra 43.780 óbitos registrados no ano anterior. Entre as causas em que as mortes tiveram redução significativa, estão os acidentes com automóvel e os atropelamentos, com um decréscimo de 23,9% e 21,5%, respectivamente. Entre os motociclistas também houve redução da mortalidade em 4,8%. Pelos números, mais de cinco mil vidas foram poupadas em todo o país. (PORTAL DA SAÚDE, 2017). Em números absolutos, os estados de São Paulo (1.169 óbitos), Rio de Janeiro (709) e Bahia (472) apresentaram a maior redução de mortes no trânsito. Em contrapartida, Paraíba (62), Sergipe (39) e Roraima (18) tiveram aumento no número de óbitos. Entre as capitais, Goiânia (GO), Fortaleza (CE), São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ) se destacaram na queda de vítimas por acidentes de trânsito. (PORTAL DA SAÚDE, 2017). A redução pode estar relacionada à efetividade das ações de fiscalização após a lei seca, que completa 9 anos de vigência. Além de mudar os hábitos dos brasileiros, a lei trouxe um maior rigor na punição e no bolso de quem a desobedece. Com o passar dos anos, a lei passou por mudanças e ficou mais severa com o objetivo de aumentar a conscientização de não se misturar bebida com direção. (PORTAL DA SAÚDE, 2017). A desaceleração da economia também pode ter contribuído. De 2014 para 2015, o aumento da frota de veículos automotivos no país foi de 4,6%, bem abaixo do registrado de 2010 a 2015, quando a frota total de veículos triplicou. A municipalização do trânsito, que é a integração do município ao Sistema Nacional de Trânsito (SNT), também tem papel fundamental nessa redução, já que, com a responsabilidade passando a ser local, as cidades podem criar órgãos executivos de trânsito. Os municípios que adotaram essa estratégia houve maior redução do número de óbitos por acidentes de trânsito, com queda de 12,8%. Nos demais, a queda foi menor, 8,9%. (PORTAL DA SAÚDE, 2017). Vejamos os quadros a seguir: Quadro 1 - Número de óbitos de Acidentes de Trânsito Terrestre (ATT) por Estado entre os anos de 2010 a 2015. UF/Região 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Brasil 42.844 43.256 44.812 42.266 43.780 38.651 São Paulo 7.397 7.559 7.223 6.809 7.303 6.134 Rio de Janeiro 2.909 2.767 3.044 2.691 2.902 2.193 Bahia 2.593 2.630 2.854 2.666 2.737 2.265 Minas Gerais 4.176 4.456 4.290 4.140 4.212 3.816 Ceara 2.065 2.067 2.442 2.362 2.634 2.305 143 Introdução ao Estudo do Trânsito Paraná 3.423 3.390 3.616 3.148 3.047 2.720 Santa Catarina 1.882 2.001 1.941 1.712 1.871 1.587 Goiás 2.010 1.906 2.054 2.011 2.148 1.866 R G do Sul 2.280 2.138 2.131 2.100 2.078 1.821 Maranhão 1.354 1.515 1.760 1.626 1.808 1.633 M Grosso do Sul 764 841 798 798 826 657 Espirito Santo 1.116 1.134 1.163 1.067 991 846 Alagoas 782 830 836 775 832 732 Mato Grosso 1.112 1.055 1.139 1.154 1.125 1.041 Piauí 975 1.007 1.132 1.091 1.204 1.123 Distrito Federal 555 552 552 525 520 463 Tocantins 516 504 499 481 566 527 Amapá 122 150 124 117 128 91 Rondônia 612 592 665 546 540 506 Amazonas 478 513 464 453 469 440 Pernambuco 1.981 2.014 2.037 1.867 1.912 1.886 Para 1.358 1.378 1.541 1.564 1.579 1.556 Acre 134 161 163 134 138 115 R G do Norte 645 592 601 611 585 584 Roraima 147 135 147 151 141 159 Sergipe 613 570 627 659 526 565 Paraíba 845 799 969 1.008 958 1.020 Fonte: MS/SVS/CGIAE-SIM 144 Capítulo 5 Quadro 2 - Número de óbitos de Acidentes de Trânsito Terrestre (ATT), segundo veículo ou condição da vítima ATT 2014 2015 43.780 38.651 Automóvel 10.084 8.858 Pedestre 8.082 6.979 Motociclista 12.604 12.066 Caminhonete 325 320 VTP 838 739 Ciclista 1.357 1.311 Ônibus 239 235 Triciclo 48 60 Outros 456 421 Não especificado 9.747 7.662 Fonte: MS/SVS/CGIAE-SIM O site do DETRAN/RS publicou, em março de 2013, que de acordo com o Relatório Global de Segurança no Trânsito 2013, publicado pela OMS (Organização Mundial da Saúde), 88 países membros conseguiram reduzir o número de vítimas fatais. Por outro lado, esse número cresceu em 87 países. A chave para a redução da mortalidade, segundo o relatório, é garantir que os estados-membrosadotem leis que cubram os cinco principais fatores de risco: dirigir sob o efeito de álcool, excesso de velocidade, não uso do capacete, cinto de segurança e cadeirinhas. Apenas 28 países, que abrigam 7% da população mundial, possuem leis abrangentes nesses cinco fatores. O relatório destaca que: 89 países, cobrindo 66% da população mundial, têm legislação com relação a beber e dirigir, com limite de álcool no sangue de 0.05g/dl ou menor, conforme recomendado pela OMS; • 90 países, cobrindo 77% da população mundial, têm leis que obrigam o uso de capacete; • 111 países, cobrindo 69% da população mundial, têm leis que obrigam o uso do cinto de segurança para todos os ocupantes; • 96 países, cobrindo 32% da população mundial, têm uma legislação para cadeirinhas. 145 Introdução ao Estudo do Trânsito O documento também aponta que na maioria dos países – mesmo alguns daqueles com melhores resultados – a aplicação das leis é inadequada. Alguns grupos foram identificados como aqueles com maior risco de morrer em acidentes de trânsito: • 59% das vítimas fatais estão na faixa etária dos 15 aos 44 anos, e 77% são homens; • pedestres e ciclistas representam 27% de todas as mortes no trânsito. Em alguns países, esse percentual é superior a 75%, resultado de décadas de negligência com a segurança desses usuários nas políticas públicas, em favor do transporte motorizado; • o risco de morrer em um acidente de trânsito é maior na África (24.1 a cada 100 mil pessoas) e menor da Europa (10.3 a cada 100 mil) Acidentes com pedestres Por Vias Seguras <info@vias-seguras.com> Mais de 12.000 pedestres por ano são vítimas fatais de acidentes de trânsito. (Revisado em 17/10/2012) O número de pedestres mortos no trânsito pode ser avaliado a partir da base de dados Datasus, do Ministério da Saúde. Essa base apresenta os números de vítimas por categoria de usuário: 9.944 pedestres mortos em 2010. Porém, nessa base, aparece também um grupo de vítimas cuja categoria não foi identificada; é um grupo importante, que representa, em 2010, 23,7% do total. Se distribuir proporcionalmente este grupo entre todas as demais categorias, a avaliação do número de pedestres chega a 12.300. Tabela 5 – Avaliação do número de pedestres mortos em acidentes de trânsito 2006 2007 2008 2009 2010 Média Total das vítimas de acidentes de transporte terrestre 36367 37407 38273 37594 42844 38497 Pedestres identificados 10147 9657 9474 8799 9944 9604 Vítimas não identificadas, a distribuir 8430 8760 8961 8548 10152 8970 Acréscimo correspondente 23,2% 23,4% 23,4% 22,7% 23,7% 23,3% Acréscimo atribuído aos pedestres 2352 2261 2218 2001 2356 2238 Total “pedestres” ajustado 12499 11918 11692 10800 12300 11842 Fonte: Datasus, 2012. 146 Capítulo 5 Estatísticas de acidentes no Estado de Santa Catarina Dados gerais População em 2010: 6,3 milhões de habitantes. Frota de veículos: 3,4 milhões em 2010. Superfície: 95.000 km2 Avaliação do número de mortos no trânsito: (Atualizado em 16/04/2017)Ministério da Saúde (DATASUS), óbitos ocorridos no Estado: 1.685 em 2013, 1.825 em 2014, 1.599 em 2015. BPMRv-SC, mortos nas rodovias estaduais: 287 em 2010, 414 em 2012 DPRF, mortos nas rodovias federais do Estado: 567 em 2010, 612 em 2011, 548 em 2012. Gráfico 2 – Mortos em acidentes de trânsito em Santa Catarina Fonte: DATASUS, 2017. 147 Introdução ao Estudo do Trânsito Forte aumento da taxa de motorização, passando de 31 a 55 veículos por 100 habitantes, entre 2002 e 2010. Tendência à estabilidade do índice de mortos, entre 30 e 32 mortos por 100.000 habitantes em todo o período. O gráfico abaixo permite comparar a evolução dos níveis de motorização e de mortalidade no Estado, na Região Sul da qual faz parte, e no Brasil inteiro, entre 2002 e 2010. O estado de Santa Catarina é o mais motorizado e o mais perigoso da Região Sul, que por sua vez, é mais motorizada e mais perigosa que a média do Brasil. Fontes: DATASUS, DPRF, BPMRV-SC. 148 Capítulo 5 Acidentes nas rodovias estaduais de Santa Catarina Estatísticas do BPMRv - Batalhão de Polícia Militar Rodoviária – SC (Atualizado em 18/11/2014) Evolução dos acidentes nas rodovias federais de Santa Catarina de 2007 a 2011 (Atualizado em 01/02/2013) Acidentes com Vítimas: em 2011, redução de 2%. Globalmente, de 2007 a 2011: aumento de 18%. Mortos: em 2011, aumento de 8%. Globalmente, de 2007 a 2011: aumento de 3%. Vítimas (mortos e feridos): em 2011, redução de 2%. Globalmente, de 2007 a 2011: aumento de 13%. Pedestres vítimas (mortos e feridos): em 2011, redução de 19%. Globalmente, 2007 a 2011: redução de 25%. Motociclistas vítimas (mortos e feridos): em 2011, redução de 1%. Globalmente, de 2008 a 2011: aumento de 7%. Ciclistas vítimas (mortos e feridos): em 2011, redução de 51%. Globalmente, de 2007 a 2011: redução de 61%. 149 Introdução ao Estudo do Trânsito O site do Detran do Paraná, elencou várias curiosidades do trânsito. A seguir, algumas relacionadas com os acidentes de trânsito: • Para um carro numa batida a 65 km/h, os passageiros sofrem um impacto equivalente a 820 Kg. • Mais de 30 mil pessoas morrem no trânsito todos os anos. São mais de 80 pessoas por dia ou 1 a cada 18 min. • No Brasil, anualmente, morrem mais de 6 mil pessoas atropeladas e ocorrem mais de 300 mil acidentes. • Para um carro, bater num objeto fixo a uma velocidade de 60km/h equivale a cair de um prédio de 4 andares (numa altura de aproximadamente 14 metros). • Se a velocidade for de 80 km/h, o impacto equivale ao de uma queda livre de 25 metros. • Mesmo que um veículo esteja numa velocidade de 20 km/h, o impacto sob um objeto fixo resulta numa força superior a até 15 vezes ao peso da pessoa. Daí resultam os graves ferimentos, que, em muitos casos, podem ser fatais. • Quando dois veículos a 25 km/h se chocam, as velocidades somam- se, resultando num impacto correspondente a 50 km/h. • 40% das mortes em acidentes são causadas por choque em para- brisas ou o painel de instrumentos. • 30% das lesões fatais em colisões foram causadas porque a vítima bateu contra o volante. • Uma em cada 5 lesões aconteceu porque pessoas dentro do veículo bateram-se umas contra as outras. • 8 em cada 10 pessoas que não usavam cinto de segurança morreram em acidentes com pelo menos um dos veículos a menos de 20 km/h. • Os cintos de segurança são desenvolvidos tendo por base o indivíduo adulto. Por isso, não devem ser usados por crianças com menos de 1,40m de altura. • O corpo humano tem pouca resistência ao impacto. Um pedestre atropelado por um automóvel trafegando a 30km/h tem 95% de chance de sobreviver; a 40km/h tem 85%; a 50km/h tem 55% e a 60km/h tem 30% de chance de sobreviver. • Em uma colisão a 60 km/h, o peso é multiplicado por 50, uma mala de 7kg atinge 350 kg, um cachorro de 10kg atinge 500kg, uma criança de 20kg atinge 1.000kg, peso de um urso, uma mulher de 150 Capítulo 5 50kg atinge 2.500kg, peso de um rinoceronte, e um homem de 70kg atinge 3.500 kg, peso de um hipopótamo. • Se um adulto levar uma criança no colo quando o carro está em movimento, no caso de acidente ambos são projetados para a frente e o adulto espreme a criança contra o banco dianteiro ou contra o painel, ferindo-a gravemente. • Cerca de 75% dos acidentes ocorrem num raio de 30 km da residência do motorista. • Se você estiver sem cinto de segurança, a força dos braços só é eficaz para evitar que você se machuque dentro do carro, se ele estiver a 10km/h. • Se o veículo estiver a 40 km/h, o motorista sem cinto de segurança pode ser atirado violentamente contra o para-brisas ou arremessado para fora do carro. • O acidente de trânsito é o segundo maior problema de saúde pública do Brasil, perdendo apenas para a desnutrição. • O trânsito é a terceira causa de morte do país, ficando atrás apenas das doenças do coração e de câncer. • Mais de 50% dos leitos em hospitais são ocupados por vítimasde acidente de trânsito. • Para cada pessoa que morre no trânsito, duas ficam inválidas e sete ficam com sequelas. • Na maioria dos atropelamentos, o pedestre é arremessado para o alto e rola por cima do capô. • O uso de equipamento de segurança, como bebê-conforto, cadeirinhas, booster e cintos de segurança de três pontos, reduzem em 70% os riscos de mortes e lesões graves em crianças num acidente de trânsito. • A cada 4.9 minutos é registrado um acidente em rodovias federais. • Uma pessoa perde a vida a cada 84 minutos e uma pessoa é ferida a cada 8.8 minutos. • Em um acidente, a parte do corpo com maior risco de se ter uma lesão é a cabeça, com 75% de probabilidade. • Mais de 50% dos acidentes são causados por motoristas alcoolizados. • Para uma criança de 14 kg, uma colisão a 50 km/h equivale a ser jogada do 2° andar de um prédio. 151 Introdução ao Estudo do Trânsito • Num acidente, se a criança estiver sem cinto de segurança, ela é arremessada contra o para-brisa, podendo sofrer traumatismo craniano e lesão na medula, o que pode causar tetraplegia. • Uma criança de 22Kg, dentro de carro que esteja correndo a 50Km/h, se não estiver usando cadeira de segurança, atinge o para- brisa com um peso igual a 1 tonelada. • Duas crianças não podem dividir o mesmo cinto de segurança, pois, num caso de colisão, o impacto pode fazer uma delas esmagar a outra. • Em 2004, no Paraná, 92 crianças entre 0 e 12 anos morreram em acidentes de trânsito e, em 2005, foram 85 crianças. Seção 5 O Seguro DPVAT Seguro Obrigatório de Danos Pessoais causados por veículos automotores de via terrestre, ou por sua carga, a pessoas transportadas ou não – Seguro DPVAT. É um seguro privado, supervisionado pela Superintendência de Seguros Privados - SUSEP e administrado pela Seguradora Líder dos Consórcios do Seguro DPVAT S.A – Seguradora Líder, que começou a funcionar em janeiro de 2008. (DENATRAN).Criado em 1974, pela Lei nº 6.194, de 19 de dezembro de 1974, o DPVAT é disciplinado pela Resolução do Conselho Nacional de Seguros Privados, do Ministério da Fazenda, nº 154, de 8 de dezembro de 2006. De acordo com o art. 1º do anexo da Resolução nº 154 de 2006, os proprietários de veículos sujeitos a registro e licenciamento estão obrigados a contratar o DPVAT. Com a finalidade, de acordo com o art. 2º de dar cobertura a danos pessoais causados por veículos automotores de via terrestre, ou por sua carga, a pessoas transportadas ou não. A cobertura abrange os danos pessoais causados aos proprietários e motoristas dos veículos, seus beneficiários e dependentes. (SUSEP, 2006). A repartição de recursos provenientes do Seguro DPVAT é disciplinada pelo Decreto nº 2.867, de 8 de dezembro de 1998, e a operacionalização dos repasses das parcelas, pela Portaria Interministerial MS/Mcidades/MF nº 293, de 2 de julho de 2012. 152 Capítulo 5 Vejamos os arts. 3º e 4º da Portaria Interministerial MS/Mcidades/MF nº 293: Art. 3º. O Banco Central do Brasil fiscalizará o fiel cumprimento do disposto no art. 2º desta Portaria por parte da rede arrecadadora, aplicando as penalidades cabíveis, em caso de descumprimento. Art. 4º. Fica a Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) encarregada da fiscalização das operações do Seguro DPVAT junto à rede de Seguradoras em todo o país, de forma a garantir o nível de arrecadação e o atendimento ao disposto nesta Portaria, sem prejuízo das demais instâncias de controle. (MS/Mcidades/ MF, 2012). A destinação da arrecadação do DPVT, de acordo com o art. 1º, do Decreto 2.867, de 1998, ocorre do seguinte modo: • 50% para a Seguradora LÍDER - Custeio das indenizações em caso de morte e invalidez permanente, o reembolso de despesas médicas além dos desembolsos com os pagamentos das seguintes despesas com sinistros: honorários de regulação, de investigação, de auditoria e advocatícios. • 45% para o Fundo Nacional de Saúde (Ministério da Saúde) - Custeio do Atendimento médico-hospitalar às vítimas de acidentes de trânsito. • 5% para o Denatran - Custeio de campanhas de prevenção de acidentes e programas destinados à prevenção de acidentes. Os recursos DPVAT serão aplicados, exclusivamente, em Programas e Projetos a serem desenvolvidos em parceria ou isoladamente, visando à prevenção de acidentes de trânsito devendo ser apresentados relatórios ao Contran, contendo diagnóstico do problema, objetivos a serem alcançados, metas, público alvo, abrangência territorial, indicadores de resultados e cronograma físico-financeiro. (DENATRAN). 153 Introdução ao Estudo do Trânsito Seção 6 Custo anual com acidentes de trânsito Além dos traumas causados às vítimas e familiares, os acidentes de trânsito representam altos custos monetários para a sociedade. Em 2015, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) divulgou o Relatório de Acidentes de Trânsito nas Rodovias Federais Brasileiras: caracterização, tendências e custos para a sociedade, no qual levantou os custos médios dos acidentes em vias federais. (IPEA, 2015). O resultado da pesquisa aponta que um acidente fatal gera um custo médio de R$ 647 mil, enquanto o acidente com vítima gera um custo de R$ 90 mil. Os acidentes sem vítimas ficam em R$ 23 mil. (PRF, 2015). Segundo a pesquisa, que analisou cerca de 170 mil acidentes de trânsito nas rodovias federais brasileiras, ocorridos em 2014, foram consumidos R$ 12,3 bilhões, sendo que 64,7% dos custos estavam associados às vítimas dos acidentes, como cuidados com a saúde e perda de produção devido às lesões ou morte, e 34,7% estavam associados aos veículos, como danos materiais e perda de cargas, além dos procedimentos de remoção dos veículos acidentados. (PORTELA, 2017). Vejamos as tabelas abaixo: Tabela 6 - Custo de acidentes nas rodovias federais (2014) Fonte – PORTELA, 2017. 154 Capítulo 5 Tabela 7 - Custo por gravidade de acidente. Fonte: PORTELA, 2017. O relatório aponta que em média, cada acidente custou à sociedade brasileira R$ 72.705,31, sendo que um acidente envolvendo vítima fatal teve um custo médio de R$ 646.762,94. Esse tipo de acidente respondeu por menos de 5% do total de ocorrências, mas representou cerca de 35% dos custos totais, indicando a necessidade de intensificação das políticas públicas de redução não somente da quantidade dos acidentes, mas também da sua gravidade. (PORTELA, 2017). O trabalho da PRF, em realizar ações que têm por objetivo reduzir os índices de letalidade no trânsito, contribuiu para redução do número de mortos por acidentes de trânsito nas rodovias federais, gerando uma redução estimada na tendência equivalente à R$ 6,8 bilhões de reais nos últimos quatro anos. (PRF, 2015) vejamos: Tabela 8 - Evolução dos custos dos acidentes, da quantidade de acidentes, dos acidentes com mortes, das mortes e dos feridos graves nas rodovias federais brasileiras (2007, 2010 e 2014): Fonte: PRF 155 Introdução ao Estudo do Trânsito O estudo desenvolvido por equipe técnica da Fundação de Apoio a Pesquisa, Ensino, Tecnologia e Cultura (FAPETEC) para a Secretaria de Previdência Social do Ministério da Fazenda, no escopo de consultoria financiada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), publicado em 2015, destacou que em relação às diferenças de renda entre os países, a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que as mortes por acidentes de trânsito custam aproximadamente 2% do Produto Interno Bruto (PIB) dos países de renda alta, e 5% do PIB dos países de renda média e baixa. (FAPETEC, 2015). Referências ABNT. NBR 10697: Pesquisa de acidentes de trânsito. Rio de Janeiro, 1989. Agência Municipal de Trânsito, Transportes e Mobilidade de Goiânia. 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