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Os Centro de Atenção Psicossocial enquanto serviços de funcionamento porta aberta

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Os Centro de Atenção Psicossocial enquanto serviços de funcionamento 
“porta aberta” 
Cosme Rezende Laurindo1 
 
Faz-se importante contextualizar nosso panorama atual, que consiste de uma 
nova fase – o Sistema Único de Saúde (SUS) a partir da regulamentação da Lei 
8.080/90 pelo Decreto 7.508/2011, que inova ao trazer novos elementos para a melhor 
estruturação do sistema, dando-lhe adequada configuração sistêmica e melhor 
garantia jurídica à gestão compartilhada do SUS de ações e serviços de saúde à 
população. 
Com a Portaria 4.279/2010, o SUS apresentou reorganização dos serviços que 
o constituem, adotando um sistema de Redes de Atenção à Saúde (RAS), sendo este 
o formato que melhor atendia aos princípios norteadores, equidade, universalidade e 
integralidade. 
Dentro dessa concepção de RAS, o SUS necessitou definir então os pontos de 
acesso, bem como aqueles que atuariam como porta de entrada, configurando-se 
enquanto um sistema de saúde que se organiza por níveis de complexidade 
(densidade tecnológica), conforme determina a Constituição. Sendo o SUS um 
sistema hierarquizado por níveis de complexidade dos serviços de saúde, importante 
impor ao acesso aos serviços este mesmo sentido de ordem. 
As portas de entrada do Sistema pelo Decreto 7.508, são: a atenção básica 
(AB), principal porta e ordenadora aos demais níveis de complexidade; a urgência e 
emergência; a saúde mental e seus serviços como o CAPS – Centro de Atenção 
Psicossocial; e serviços especiais de acesso aberto, como os centros de referência 
de AIDS, a saúde do trabalhador e outros que atendam necessidades específicas do 
cidadão objeto de serviços próprios. 
 Dessa forma, torna-se evidente que os CAPS devem atuar enquanto importante 
porta de entrada para aqueles que apresentam transtornos mentais, atuando com 
base na estratégia de acolhimento, atendendo tanto a demanda espontânea quanto 
encaminhamentos da rede. 
Contudo, verifica-se na prática que há localidades em que os CAPS só podem 
ser acessados através de encaminhamentos provenientes de outros serviços da RAS, 
 
1 Enfermeiro. CV: http://lattes.cnpq.br/9954590863114471. cosmelaurindo@outlook.com 
http://lattes.cnpq.br/9954590863114471
mailto:cosmelaurindo@outlook.com
 
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ser acessados através de encaminhamentos provenientes de outros serviços da RAS, 
mais especificamente daqueles serviços constituintes da Rede de Atenção 
Psicossocial, apresentada pela Portaria 3.088/2011, portaria esta que veio após a 
definição dos serviços de porta aberta apresentada pelo Decreto 7.508/2011. 
Dessa forma, é possível já tecer uma primeira crítica quando, na leitura do Art. 
10 do Decreto 7.508/2011, encontra-se o seguinte “Os serviços de atenção hospitalar 
e os ambulatoriais especializados, entre outros de maior complexidade e densidade 
tecnológica, serão referenciados pelas Portas de Entrada de que trata o art. 9º". Nos 
coloca então a refletir sobre de que forma os CAPS estão sendo vistos pelos gestores 
das localidades em que não funcionem enquanto porta aberta. Poderiam estar sendo 
então vistos como serviços de caráter ambulatorial? Dessa forma, a demanda que é 
toda direcionada a Atenção Básica de fato consegue acesso a assistência ou será que 
pode ser perdida devido a falta de compartilhamento da estratégia de acolhimento? 
Quanto aos motivos que podem distanciar os CAPS de serem serviços de porta 
aberta, tem-se reflexões sobre a oferta e produção de demanda, nos serviços públicos 
de saúde. Campos (2007) nos fala que os recursos em saúde sempre serão 
insuficientes, pois a saúde transformou-se em um direito. O SUS garante o acesso 
aos cuidados em saúde estimulando as pessoas a procurarem os serviços. Porém, 
surge um descompasso entre produção de demanda e oferta de serviços, não 
satisfazendo todas as necessidades dos usuários, nem abrangendo tudo o que os 
profissionais consideram necessário para sua prática. Quando transpomos essa 
reflexão para a realidade, podemos ser facilmente levados a crer que é melhor uma 
reorientação do acesso aos serviços especializados a partir dos serviços da AB. 
Contudo, o que de fato deveria ocorrer, é o aumento da oferta dos serviços 
dentro das especificações da legislação vigente, de maneira a fortalecer os serviços 
que são caracterizados enquanto porta de entrada, favorecendo o processo de 
trabalho não só por meio de infraestrutura adequada, mas por garantia de equipe 
completa e capacitada para o atendimento. 
Paes e colbs. (2013) apresentam ainda que a AB aparece como uma porta de 
entrada muito incipiente quando avaliado o contexto de saúde mental. O usuário que 
procura esses serviços é geralmente encaminhado para atendimento em outros 
pontos da rede (CAPS e ambulatório), como se a própria AB não pudesse 
responsabilizar-se por transtornos relativos à saúde mental, desconsiderando o sujeito 
 
3 de 4 
 
que existe por trás da doença. Dessa forma, a estratégia que teria por base a ideia de 
que a demanda poderia ser absorvida pela AB enquanto principal porta de entrada, 
na verdade pode se configurar enquanto serviço que sobrecarrega os serviços 
especializados em saúde mental e distanciam-se cada vez mais da 
corresponsabilização dos casos que deveria ocorrer. 
 Dessa forma, a assistência torna-se inviabilizada devido às barreiras no acesso 
que são impostas, principalmente no tocante a filas de espera para assistência, em 
que mesmo que as unidades básicas de saúde disponham de vagas específicas para 
demandas de saúde mental, estas vagas tornam-se limitadas frente a demanda 
(BRASIL, 2013). 
Lobosque (2007) contribui com o seguinte dizer: 
“(...) a porta aberta significa, antes de tudo, que o CAPS não recua 
diante da gravidade de um quadro ou da intensidade de um transtorno; 
pelo contrário, sua razão de ser é encontrar cabimento para os 
momentos mais críticos da experiência da loucura. Trata-se de 
acolher, sem reserva ou temor, o sofrimento mental, quando 
insuportável, sem buscar pretextos para a recusa nem impor 
condições à hospitalidade. Tal acolhimento se encadeia, por sua vez, 
com a oferta de um vínculo e a responsabilização por um cuidado. 
Abrir a porta não é apenas liberar a entrada e autorizar a permanência 
de cada um daqueles que chegam; trata-se de criar um lugar pelo qual 
se responde. Há que se delinear a direção de um tratamento, nunca a 
priori, e sim a partir daquilo que cada qual traz consigo. Afinal, 
descobrimos em cada problema a sua mais fértil possibilidade de 
solução, quando encontramos a maneira mais justa de formulá-lo. 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
BRASIL. Portaria nº 4.279, de 30 de dezembro de 2010. Estabelece diretrizes para a 
organização da Rede de Atenção à Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde 
(SUS). Brasília, 2010. 
 
BRASIL. Decreto nº 7.508, de 28 de junho de 2011. Regulamenta a Lei no 8.080, de 
19 de setembro de 1990, para dispor sobre a organização do Sistema Único de Saúde 
- SUS, o planejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação interfederativa, 
e dá outras providências. Brasília, 2011. 
 
BRASIL. Portaria nº 3.088, de 23 de dezembro de 2011. Institui a Rede de Atenção 
Psicossocial para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades 
decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, no âmbito do Sistema Único de 
Saúde (SUS). Brasília, 2011. 
 
 
 
 
4 de 4 
 
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de 
Atenção Básica. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Saúde mental. 
Brasília: Ministério da Saúde, 2013. 176 p. : il. (Cadernos de Atenção Básica, n. 34). 
Disponível em: 
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cadernos_atencao_basica_34_saude_me
ntal.pdf. 
 
CAMPOS, G. W. S.. Saúde Paidéia. 3. ed. [s. L.]: Hucitec, 2007. 185 p. 
 
LOBOSQUE, A. M.. CAPS: laços sociais. Mental, Barbacena, v. 5, n. 8, p.53-60, jun. 
2007. 
 
PAES, L. G. et al. Rede de Atenção em Saúde Mental naperspectiva dos 
coordenadores de serviços de saúde. Trab Educ Saúde, Rio de Janeiro, v. 11, n. 2, 
p.395-409, maio/ago. 2013.

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