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1 AV1 – Farmacologia – Prof.º Ney – 4º período – Fernanda Pereira – 2021.1 15/04/2021 Simpaticomiméticos não catecolaminas de ação indireta Cocaína A cocaína é um anestésico local (fim do século XIX). A partir do momento que surgiram anestésicos locais mais eficientes a cocaína parou de ser utilizada. Na prática, ela nunca foi utilizada como adrenérgico, ela não tem uso clinico seguro em nenhum local do mundo. Ação da cocaína Pode ser central e periférica Liga-se ao terminal do neurônio e inibe o DAT (transportador de noradrenalina/dopa). O DAT faz a recaptura das monoaminas, assim quando este e inibido ocorre aumento da concentração da noradrenalina na fenda sináptica. - Central: aumento sináptico de dopa e noradrenalina (envolvido com o prazer e a dependência química) Efeito central: aumento da vigília, agitação, anorexia, quadros de paranoia, agressividade, ansiedade, aumento do raciocínio. A estimulação do SNC produz ansiedade, psicoses e convulsões. O aumento do metabolismo e a hiperatividade podem levar à hipertermia e rabdomiólise. A cocaína é capaz de estimular o sistema de gratificação do SNC, mediado principalmente pela via dopaminérgica mesolímbica- mesocortical, originária do nucleus accumbens e área tegmental ventral. A atividade do sistema parece contribuir para os comportamentos de busca compulsiva e abuso da substância. - Periférico: aumento da noradrenalina Efeitos periférico: midríase (α1), diminuição do fluxo coronariano (α1), inotropismo positivo, cronotropismo positivo, batmotropismo positivo, dromotropismo positivo (1), broncodilatação (2), vasoconstrição periférica (α1), aumento da pressão arterial, tremores musculares (2) e lipólise (3). Através das vias dopaminérgicas e noradrenérgicas, estimula o sistema nervoso simpático. A ação 1- adrenérgica resulta em taquicardia, hipertensão e arritmia. Os estímulos 2-adrenérgicos podem levar à hipotensão por vasodilatação. Estímulos - adrenérgicos induzem hipertensão com bradicardia reflexa. O aumento do metabolismo e a hiperatividade podem levar à hipertermia e rabdomiólise. Tiramina A tiramina é um subproduto da tirosina. Está presente em vários alimentos, como: vinhos, cerveja, queijos fortes/envelhecidos (cheddar, camembert), fígado em conserva (galinha), uvas, banana, chocolate. Interação medicamentosa: A tiramina presente nos alimentos é degradada pela MAO, tornando-a um metabólito inativo. A tiramina (metabólito inativo) é como se fosse uma anfetamina com baixíssima eficácia. Pacientes que consumiram esses alimentos e que fazem uso de inibidor de monoamino oxidase (IMAO) terão a absorção sistêmica da tiramina, o que provoca a elevação da concentração de noradrenalina e eleva o potencial de ação em receptores α. Pode acontecer pico hipertensivo e outras complicações, por isso deve-se ter atenção com interação medicamentosa. Anfetamina e benzodiazepínico não pode ser dado para o mesmo paciente. Anfetamina Desenvolvida como substituta para a efedrina Estimulante potente do SNC Efeitos simpaticomiméticos na maioria dos órgãos Capacidade de desenvolver dependência e tolerância Mecanismo de ação: Liberação de NA do terminal nervoso pré-sináptico, mas não atua em receptores Simpaticomiméticos 2 AV1 – Farmacologia – Prof.º Ney – 4º período – Fernanda Pereira – 2021.1 pós-sináptico. A ação periférica é mediada pelo bloqueio da recaptação de NA. Metilfenidato (Ritalina®) – tratamento de TDAH. Ativação de sinapses cerebrais. Absorção muito rápida e efeito rápido (4 a 6 horas). Para ter um efeito prolongado ou se deve mudar o medicamento ou a forma de apresentação. Atualmente, se tem cápsulas de várias densidades, em que é liberado uma quantidade de cada vez, mantendo a droga na quantidade mínima efetiva por um período maior e efeitos mais interessantes. A droga que atua em receptor α2: é agonista adrenérgico, mas o efeito é anti-adrenérgico. Exemplo: clonidina, dexmedotomidina, metildopa. Agonistas α-2 adrenérgicos A ação é adrenérgica, mas os efeitos produzidos são anti-adrenérgico. As drogas que compõe esse grupo são clonidina que tem uso clinico importante, metildopa e a dexmedotomidina. A metildopa primeiro é convertida em uma noradrenalina, a α-metilnoradrenalina que tem menor afinidade pelos receptores que a noradrenalina. Atua em receptores α1 com menor afinidade e em α2 com maior afinidade. A metildopa tem ação indireta sobre os receptores adrenérgicos. Dexmedetomidina tem maior afinidade pelo SNC, sendo o único hipnótico. A dexmedetomidina tem maior concentração no SNC. Droga estimula o receptor α2 → diminui a noradrenalina na fenda sináptica, a diminuição vai produzir efeitos centrais e periféricos. Efeitos no SNC: sonolência, sedação, hipnose (sentido de sono profundo) e diminui a libido. No coração ao diminuir a noradrenalina ocorrerá bradicardia, redução da contratilidade, redução da PA e redução do DC. Efeito nos vasos periféricos: estimulo do receptor α2 e isso produz vasodilatação. A vasodilatação causa outros efeitos associados a ela edema, congestão nasal, rash cutâneo, hipotensão ortostática, queda da frequência cardíaca, diminuição da libido, déficit erétil. A clonidina (antesina ®) foi lançada no mercado como remédio para tratamento da HAS, tem utilidade como anti-hipertensivo até hoje. De preferência você reduz o uso em homem, usa mais em pacientes do sexo feminino. Pacientes portadores de síndrome do pânico e que estavam tomando clonidina para a hipertensão tiveram uma melhora. Metildopa é a única droga do grupo dos anti adrenérgico tem utilidade clinica no tratamento de hipertensão como primeira escolha, hipertensão na grávida. A primeira droga de opção é a metildopa (Aldomet®, 1 comprimido ao dia, 500mg). Droga não teratogênica e que não causa aborto. Bloqueadores β ao bloquearem receptores β-2 relaxa o músculo, propiciando o trabalho de parto prematuro. Então, não se pode usar na gravida, uma vez que pode gerar aborto. Bloqueadores de canal de cálcio diidropiridinicos ou não, Captopril e antagonista de receptor de angiotensina não podem ser usados para grávida porque é teratogênico. Dexmedetomidina (Precedex®) foi lançada no mercado com hipnótico, uma vez que atua predominantemente no SNC. Hipnóticos: Precedex®, Dormonid® (Midazolam), Propofol. Antagonista adrenérgico Adrenérgicos: mimetizam os efeitos da estimulação do sistema nervoso simpático. Anti-adrenérgicos: bloqueiam/atenuam os efeitos da estimulação do sistema nervoso simpático. Conceitos: α e β bloqueadores são divididos segundo o modo de ação: Antagonistas adrenérgicos de ação direta para receptores α ou β Anti-adrenérgicos de ação indireta (reserpina, guanetidina – drogas do passado) São divididos em dois subgrupos primários Reduz a liberação de NA Reduz a síntese de NA α- bloqueadores β- bloqueadores 3 AV1 – Farmacologia – Prof.º Ney – 4º período – Fernanda Pereira – 2021.1 Antagonista de α2 tem um mecanismo de ação anti- adrenérgico e efeito adrenérgico, um efeito simpático. Quando se bloqueia o receptor α2 há potencialização dos efeitos da noradrenalina. Mas, α2 seletivos não tem utilidade clínica. Agonista de α2 tem um efeito anti-adrenérgico. Uma droga bloqueadora β2 não faz sentido clínico. Bloqueadores α adrenérgicos a. Classificação: i. seletivo (atuam em α1) ii. não seletivo (atuam tanto em α1 quanto em α2) a. irreversíveis, longa ação: fenoxibenzamina (14-48h) b. reversíveis, curta ação: fentolamina e tolazolina são bloqueadores competitivos Bloqueador α1 seletivo: Prasozina, doxasozina e a tansulozina, terazosina, indoramina e uradipila. Bloqueadores α adrenérgicos seletivo ou não seletivo – todos produzem vasodilatação,rash cutâneo, queda da PA, edema, congestão nasal, hipotensão ortostática, taquicardia reflexa (aquele que bloqueia apenas α-1 tem taquicardia reflexa menor, porque quando bloqueia α-2 ocorre aumento de noradrenalina no coração, impede que diminua a liberação da própria noradrenalina). Questão se eles causam edema, hipotensão ortostática, queda da PA e rash cutâneo, eles levam a bradicardia como a clonidina e metildopa? Não! Esses levam a bradicardia porque eles reduzem a liberação de noradrenalina no coração, os bloqueadores α não fazem isso. Levam o indivíduo a uma taquicardia reflexa, causada pela vasodilatação e queda da PA. Outros efeitos são edema pelo extravasamento, congestão nasal, rash cutâneo (face avermelhada pela vasodilatação), cefaleia pulsátil (pela vasodilatação), xerostomia (diminuição do estimulo da glândula salivar, já que possui receptores α1), ereção, relaxamento dos esfíncteres. Sabe-se que os receptores α1 predominam em esfíncteres, então, bloqueadores α1 seletivos vão ter utilidade clínica em indivíduos com calculo renal, hipertrofia benigna de próstata (HBP! Já que causa dificuldade em urinar, o uso desses medicamentos diminui a sobrecarga prostática e facilita a passagem da urina na porção prostática da uretra). A vesícula seminal contrai a estimulo de receptores de α1, assim o bloqueio desses receptores causa a ejaculação retrógrada (tem orgasmo, mas não ejacula). No uso para hipertensão arterial sistêmica a clonidina e metildopa são utilizadas. Os bloqueadores α- adrenérgicos são raramente usados para a HAS, exceto no caso de feocromocitoma (tumor que fabrica adrenalina). No feocromocitoma não adianta administrar clonidina nem metildopa porque a adrenalina já foi liberada. Teste da clonidina – paciente hipertenso, ao tomar clonidina e a PA não tiver alteração o paciente tem feocromocitoma. Na congestão nasal induzida pela clonidina pode ser feito uso de Nafazolina? Sim, ela é agonista α1 seletiva. Na congestão nasal induzida pela Prasozina pode ser feito uso de Nafazolina? Não Congestão nasal sempre ocorre por vasodilatação. Terminal de neurônio libera noradrenalina que atua em receptor α1 no vaso. Quando usa clonidina ela atua em receptores α2, diminuindo a liberação de noradrenalina, causando vasodilatação. Quando se usa Nafazolina (agonista α1) ocorre a vasoconstrição, então ela consegue atuar no receptor porque ele está livre. Prasozina é bloqueador α1, então não se pode usar Nafazolina para quem tem congestão nasal induzida pela Prasozina, uma vez que elas competem pelo mesmo receptor. Uso clinico Hipertensão arterial sistêmica: apesar de ser induzido ele é útil em alguns tipos de hipertensão principalmente os não seletivos que tratam hipertensão secundária pelo feocromocitoma. Antagonistas adrenérgicos de ação direta α-bloqueadores α2-seletivos α1-seletivos não seletivos irreversíveis reversíveis β-bloqueadores β2-seletivos β1-seletivos não seletivos 4 AV1 – Farmacologia – Prof.º Ney – 4º período – Fernanda Pereira – 2021.1 Pode ser usado na hiperplasia ou hipertrofia benigna de próstata (HBP) HAS: apesar de diminuírem a resistência vascular periférica, eles têm um baixo efeito hipotensor, então atualmente não são utilizados na prática clínica com frequência para hipertensão, e quando utilizados, são em concomitância. Geralmente são associados com β- bloqueadores ou diuréticos. São medicamentos ultrapassados. São úteis na hipertensão arterial secundária, pois como bloqueia receptor α 1, não permite que a adrenalina se ligue ao receptor. Auxiliam a progressão da litíase pelo ureter e uretra. E são utilizados para hiperplasia benigna prostática (HBP! Já que causa dificuldade em urinar, o uso desses medicamentos diminui a sobrecarga prostática e facilita a passagem da urina na porção prostática da uretra). Toxicidade Relacionada a vasodilatação e queda da pressão arterial, podendo levar o paciente a hipotensão ortostática. Bloqueador α não seletivos: fenoxibenzamina e fentolamina. Como esses medicamentos bloqueiam além do α1, o receptor α2, a taquicardia produzida pela fentolamina é muito maior. Isso porque ao bloquear o receptor α1, a queda da PA causa o aumento da FC (taquicardia). Somado a esse efeito, o bloqueio do receptor α2 leva a NÃO diminuição da noradrenalina, ou seja, aumenta a concentração da noradrenalina na fenda sináptica. Então, a taquicardia é muito mais intensa. Fentolamina causava efeitos adversos nos pacientes por atuar sobre α1 ela faz vasodilatação, causa ereção e impede a ejaculação; e, por ser antagonista α2 ela aumenta a adrenalina no coração e aumenta a frequência cardíaca, então ela é uma droga que teria um bom uso clinico para disfunção erétil. Quando a droga ficou pronta ela foi usada para tratar HAS, mas quando perceberam que ela oferecia tratamento para disfunção erétil, tiraram ela do mercado e depois reintroduziram justamente para o tratamento da disfunção erétil. No entanto, no mesmo ano foi lançado o Viagra® fazendo um efeito muito maior que o da fentolamina sem ter efeitos na pressão arterial. O Viagra® atua diretamente inibindo a fosfodiesterase-5, com ação predominante nos vasos penianos e pulmonares. Uso clínico Tratamento da HAS secundária por feocromocitoma. Antes da cirurgia no paciente com feocromocitoma são administrados fenoxibenzamina junto com o propranolol. A fenoxibenzamina bloqueia receptor α1 e α2, propranolol bloqueia β1 e β2, então o bloqueio de todos os receptores adrenérgicos impede o efeito exagerado da adrenalina e, consequentemente o aumento da pressão é impedido. Drogas alcaloides do Ergot – são considerados bloqueadores α, mas na verdade são agonistas parciais. Centeio contaminado com fungo Claviceps purpúrea fermenta produzindo: LSD25 e outros alcaloides de Ergot. Essas substâncias causam muito efeitos sistêmicos Ergotamina, ergotoxina: causam bloqueio reversível dos receptores α e vasoconstricção na maioria dos vasos sanguíneos (vasos cerebrais são muito sensíveis). Muito usados na associação para tratamento de enxaqueca. A vasoconstrição pode ser explicada por serem agonistas parciais dos receptores α e 5-HT. Bloqueador α2 seletivo – ioimbina. Essa droga aumenta a atividade adrenérgica, então ela foi muito usada em formula para emagrecer. Adrenalina em baixa dose: aumenta a FC e reduz a PA. Adrenalina em alta dose: aumenta a FC, aumenta a PA (só vai cair quando a adrenalina tiver bem metabolizada). Como a Prasozina é bloqueador α (vasodilatação periférica), quando ela estiver associada com baixa 5 AV1 – Farmacologia – Prof.º Ney – 4º período – Fernanda Pereira – 2021.1 quantidade de adrenalina haverá queda da pressão arterial e apenas aumento da frequência cardíaca. Caso essa associação seja feita com uma quantidade absurda de adrenalina haverá pequeno aumento da pressão sistólica por estimular β1, aumentando a força de contração. Ao mesmo tempo será estimulado β2 e há vasodilatação profunda. A noradrenalina provoca aumento da pressão e queda da frequência. Assim, a Prasozina como bloqueia os receptores α a menor dose eficaz de noradrenalina não iria promover efeito nenhum. E, quando a dose fosse aumentada, o efeito seria parecido com o da noradrenalina (aumento da frequência e PA cai). β bloqueadores O β bloqueadores bloqueiam os receptores β. Vamos classificar os β bloqueadores pelo grau de afinidade intrínseca e seletividade. Em geral, eles são bem absorvidos por via oral e conseguem boa distribuição. A meia vida dos β bloqueadores, em média, é de 8-12 horas, então isso permite que o β bloqueador seja utilizado duas vezes ao dia. Todos têm terminação LOL. Não existe diferença de nomenclatura entre os β1 seletivos e β1 não seletivos. Todos osβ bloqueadores terminam em LOL. Tem muito mais β bloqueador não seletivo que seletivo, sendo assim é mais fácil memorizar os β1 seletivos, todo o resto é não seletivo. Terminação em ROL é de agonista de β2 seletivos – Buterol, Clembuterol, Fenbuterol. Β bloqueadores não tão usuais no Brasil... Carvedilol droga usada para ICC, bloqueador α e β. Não tem sem seletividade, uma vez que ele não é específico. Sotalol usado em arritmias cardíacas, bloqueador dos canais de potássio (impede o efluxo de potássio), interfere com a repolarização da célula, muito útil para o tratamento de determinadas arritmias (reentrantes) porque ele prolonga o período refratário. São drogas muito usadas, representando a primeira frente de medicamentos para hipertensão em todo o mundo. Não só hipertensão, mas também outras doenças cardiovasculares, como angina, infarto, pós infarto, taquiarritmia, ICC e doenças não ligadas diretamente ao sistema cardiovascular. Seletivos (β 1): Atenolol, Acebutolol, Esmolol, Metoprolol. Acebutolol é único β bloqueador seletivo que tem atividade intrínseca. Por isso, esse é o indicado para a grávida. Caso atue em β2 terá efeito relaxante muscular. O propranolol é o único que tem alta solubilidade lipídica, o que permite uma grande distribuição. Prescrição 3x ao dia ou, no mínimo, 2x. Biodisponibilidade de 30%. O propranolol é um medicamento racêmico (isômero ativo e inativo). Propranolol racêmico e propranolol quiral → O que isso significa? A questão é que no racêmico apenas a metade é funcional, enquanto o propranolol quiral é todo funcional. Esmolol pode ser usado no pós infarto em dripping no paciente, injetável, não pode ser administrado via oral. Efeitos dos β-bloqueadores Efeitos produzidos pelo bloqueio de β1 Efeitos produzidos pelo bloqueio de β2 Inotropismo negativo Cronotropismo negativo Dromotropismo negativo Batropismo negativo Com isto teremos redução do trabalho cardíaco e do consumo de O2. Também teremos prolongamento do período diastólico. Impedir a vasodilatação profunda induzida por ADR Impedir o relaxamento do útero induzido por ADR Impedir a secreção de insulina induzida por ADR Impedir a secreção de renina induzida por ADR Impedir o tremor muscular induzido por ADR Impedir a secreção de H. aquoso secretado pelo corpo ciliar induzida por ADR Impedir a glicogenólise muscular e hepática induzida por ADR Impedir a broncodilatação induzida por ADR Contraindicação de drogas β2-bloqueadoras para pacientes asmáticos, diabéticos. A seletividade é dose dependente. Se for dada uma overdose de atenolol, por exemplo, bloqueia-se tanto 6 AV1 – Farmacologia – Prof.º Ney – 4º período – Fernanda Pereira – 2021.1 β1 como β2, deixando de ser seletiva. Só é bloqueador β 1 em dose baixa, ou seja, tem um grau restrito. Efeitos dos bloqueadores seletivos/ do bloqueio de B1: Receptor β1 predomina no coração, então esses bloqueadores atingem principalmente o sistema cardiovascular. Diminuição da atividade cardíaca (inotropismo, cronotropismo, dromotropismo e batmotropismo negativo.). Com isso aumenta-se o período refratário. Aumenta-se o período diastólico, aumentando o enchimento coronariano. Diminuição do consumo de oxigênio. Portanto, o coração consome menos oxigênio, já que trabalha menos, aumenta o período diastólico que melhora a oferta de O2 e sangue para as coronárias, aumenta o período refratário o que trata arritmias, reduz-se o trabalho, velocidade e força. Assim, ganha-se em economia. Em contra partida o coração trabalha menos, o debito cardíaco e a eficiência do coração diminuem. O bloqueio do β1 é o mais importante pra maior parte dos usos clínicos. Não seletivos (agem β1 e β2): Propranolol (mais importante), Pindolol, Timolol, Laβlol, Nadolol. Portanto, todas as atividades produzidas pela adrenalina em β1 e β2 são impedidas pelo antagonista β-adrenérgico não seletivo. Em algumas situações, isso pode ser um efeito terapêutico/indicação clínica. Em outras, caracteriza apenas um problema. O β bloqueador não causa grande alteração sexual, não atrapalha a vida cotidiana, não causa queda da pressão diastólica. Drogas que bloqueiam β2 são contra indicadas em pacientes diabéticos, interferem com liberação de insulina. Contra indicadas em pacientes asmáticos. Útil em tratamentos para cefaleia e glaucoma. Uso terapêutico dos β bloqueadores - Relacionados ao Sistema Cardiovascular: Angina: o β bloqueador é útil na angina, pois como ocorre o desequilíbrio entre a oferta e o consumo de O2, o β bloqueador diminui o trabalho cardíaco, diminuindo o consumo de O2. Além disso, o β bloqueador aumenta o período diastólico e, com isso, melhor a oferta sanguínea para as artérias coronárias. Infarto: seja na fase aguda ou no pós IAM (até o 1 ano faz uso de β -bloqueador). No momento do infarto, o americano usa a sigla: M O N A O (metoprolol, opioide, nitroglicerina, aspirina e oxigênio). O brasileiro usa a mesma sigla, mas as letras representam coisas diferentes: M O N A P (morfina, oxigênio, nitroglicerina, aspirina, propranolol). O metoprolol e o propranolol são β bloqueadores, então, sempre que alguém infarta, 4 drogas são essenciais: aspirina (antiplaquetário), nitroglicerina (vasodilatador), morfina (alivia a dor e diminui a ansiedade), β bloqueador (polpa o coração ao diminuir o trabalho cardíaco). Então, o β bloqueador é uma droga essencial no infarto. HAS essencial e secundaria; ICC; Estenose mitral ou aórtica (já que o β bloqueador diminui a FC); Insuficiência valvar; Taquiarritmias sinusal; Extrassístole; Hipertireoidismo (já que o consumo de O2 é elevado e o coração está em atividade elevada, causando taquicardia e desconforto. O β bloqueador melhora.) Não relacionado ao Sistema Cardiovascular: Tratamento de enxaqueca (como a enxaqueca é por vasodilatação cerebral, ao usar β bloqueador, reduz- se a vasodilatação cerebral e a velocidade do fluxo sanguíneo vertebral). Tratamento do glaucoma Coadjuvante no tratamento da ansiedade. Β bloqueador não é ansiolítico, mas como coadjuvante essa droga combate alguns sintomas causados pela atividade da adrenalina liberada no medo ou ansiedade, como taquicardia, tremores (estimulação dos receptores β2 no músculo esquelético), lipólise (estimulação de receptores β3 nos adipócitos), aumento da liberação da renina, inibição da liberação de insulina (levando a hiperglicemia), xerostomia. Se a ansiedade for continua/metabólica o tratamento é outro: benzodiazepínico. Mas se a ansiedade for de estado/focal/momentânea, o β bloqueador reduz os sintomas comuns na ansiedade. 7 AV1 – Farmacologia – Prof.º Ney – 4º período – Fernanda Pereira – 2021.1 Contra indicações dos β -bloqueadores: 1. Asmático (não pode ser usado o β - bloqueador não seletivo, pois o agonista β 2 adrenérgico será impedido de dilatar os brônquios, agravando a asma). 2. Grávida (não pode ser usado o β -bloqueador não seletivo, pois o estimulo ao β2 será impedido, deixando de relaxar o útero, podendo ter aborto) 3. Diabético (também não pode ser usado, já que a glicogenólise vai estar impedida pelo β bloqueador, além da liberação de insulina, agravando o quadro). Nesses casos, utilizam preferencialmente o βbloqueador seletivo de BAIXA dose. Propranolol é coadjuvante no tratamento da ansiedade porque ele atua no sistema periférico reduzindo a frequência cardíaca, tremor muscular, ansiedade. Drogas que reduzem a função do neurônio adrenérgico por diminuição da liberação da noradrenalina Ação Fármaco Importante Inibe captação vesicular de NA Reserpina Ação não específica no SNC, pode levar a depressão. Uso clínico na hipertensão. Obsoleto Falso transmissor Guanetidina Hipertensão na primeiraadministração. Uso clínico na hipertensão. Obsoleto Falso transmissor Metildopa Convertida em α- metilnoradrenalina que tem potente ação agonista α2 (excitatória). Estímulo a α2 Clonidina Ação agonista adrenérgica no SNC. Resumo farmacologia do sistema nervoso autônomo simpático O neurônio pós ganglionar libera noradrenalina na fenda sináptica, que é capaz de atuar em receptor α 1 (Gq) em um órgão, β 1 (Gs) em outro órgão e β 2 (Gs) em outro órgão, etc. A noradrenalina atuando nesses receptores, é capaz de produzir efeitos adrenérgicos. Receptor α 2 está acoplado a proteína Gi, que quando acionado diminui a liberação da própria noradrenalina. As drogas adrenérgicas como catecolaminas de ação direta são a adrenalina, noradrenalina, dopamina e dobutamina se ligam e ativam esses receptores. A noradrenalina tem mais afinidade nos receptores α e menor afinidade nos receptores β. A adrenalina tem mais afinidade nos receptores β e menor afinidade nos receptores α. Em alta concentração ambos ativam em todos os receptores, são capazes de produzir todos os efeitos do sistema simpático em todos os tecidos (vaso, coração, brônquio, útero). As drogas adrenérgicas não catecolaminas de ação direta seletivos pra α 1 (atua direto no receptor α 1) temos Nafasolina; pra β2 (atua direto no receptor β2, agonista seletivo β2) temos Fenoterol, Salbutamol; os adrenérgicos indiretos (atuam no terminal de neurônio impedindo a recaptura da noradrenalina, aumentando a nora na fenda sináptica) temos cocaína e anfetamina. As drogas anti-adrenérgicas podem ser agonistas α 2 (clonidina, metildopa, dexmedetomidina), que se ligam a receptor α 2 no neurônio pós ganglionar, reduzindo a liberação de noradrenalina na fenda sináptica; antagonistas α, que vem até o receptor α e bloqueia (Prasozina, doxasozina...); e antagonista β (seletivo ou 8 AV1 – Farmacologia – Prof.º Ney – 4º período – Fernanda Pereira – 2021.1 não), que vem até o receptor β e bloqueia (propranolol, atenolol, esmolol...). Timetafan é uma droga que faz bloqueio nicotínico, então ela afeta tanto a estimulação do sistema simpático quanto parassimpático. Não libera nem adrenalina pelo simpático, nem acetilcolina pelo simpático. Atropina – bloqueador muscarínico Fenoxibenzamina – bloqueador α não seletivo Noradrenalina reduz a frequência cardíaca e aumenta a PA. Acetilcolina diminui a frequência cardíaca. Isoproterenol aumenta a frequência cardíaca. Neostigmina diminuía frequência cardíaca Dobutamina aumenta a frequência cardíaca. A noradrenalina normalmente diminui a frequência porque quando ela aumenta a PA ocorre estimulo para a liberação de acetilcolina no coração. No entanto, na questão isso não vai ocorrer porque os receptores nicotínicos e muscarínicos estão bloqueados, assim há aumento da frequência cardíaca. Atividade do barorreceptor diminuiu, assim ocorre o predomínio da ativação do sistema nervoso autônomo simpático e liberação de noradrenalina para aumentar a frequência cardíaca. O medicamento que pode inibir a ação da noradrenalina é o propranolol. Estimular o barorreceptor leva a secreção de acetilcolina no coração e ao diminui a frequência cardíaca. Taquicardia Segundo a lei de ohm, o debito cárdico é inversamente proporcional a resistência periférica quando a pressão fica estática. Assim, ao aumentar a resistência tem redução do débito cardíaco. O aumento do débito no paciente que está recebendo noradrenalina endovenosa é feito por outras drogas. Caso, tivesse usado noradrenalina no paciente α-bloqueado haveria aumento do débito e não da resistência. A resposta correta é: aumento da resistência periférica e diminuição do débito cardíaco. Clembuterol é agonista β2! Não causa aumento do diâmetro pupilar. Midríase é aumento da pupila. Fenilefrina causa midríase, mas não causa cicloplegia (paralisia do músculo ciliar do olho) Atropina causa midríase e cicloplegia, sendo usada para fazer exame de fundo de olho.
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