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FACULDADE PERUÍBE – UNISEPE. 1º SEMESTRE 2021-1. 1º APONTAMENTO 2021-1. 1.0 - DIREITO. 1.1 - Trata-se da ciência que cuida da aplicação e do cumprimento das normas jurídicas de um país para organizar e conservar um bom relacionamento interpessoal entre os grupos e indivíduos da sociedade. 2.0 - DISCIPLINA HEMENÊUTICA: 2.1 – Introdução. 2.2 - A Hermenêutica surge enquanto ciência vinculada ao Direito, responsável pela interpretação, via de regra, das normas e teorias jurídicas. Contudo, a Hermenêutica é mais do que apenas uma ciência dependente do Direito, ou então meramente interpretativa. 2.3 - Trata-se de uma ciência autônoma e basilar para qualquer outra ciência que dependa da interpretação e da compreensão textual. Isso porque a Hermenêutica é responsável pelo estudo da mensagem e da transmissão de informação. 2.4 - Não se vincula ao Direito em um patamar de dependência, mas, pelo contrário, relaciona-se ao Direito como substância deste, ou seja, é parte fundamental do saber jurídico, pois, sem a adequada realização da hermenêutica, ou sem seu domínio correto, a interpretação das normas que dá o funcionamento ao sistema jurídico em si acaba por se tornar impossível, e reflete na ausência de preservação de Direitos, ou em soluções injustas para os problemas sociais. 2.5 – Citar exemplos. 2.6 - Daí emerge a importância dessa Ciência, ou seja, a Hermenêutica é um dos pilares fundamentais do saber jurídico, pois é a ciência capaz de assegurar ao aplicador do Direito o correto manejo das normas e dos demais comandos imperativos. 2.7 - A Hermenêutica remonta historicamente ao surgimento da própria Filosofia na Grécia Antiga e ao início da cultura e da livre manifestação de pensamento, lembrando, ainda, que a prática da hermenêutica assume, desde o início de sua manifestação, a fortíssima designação social capaz de providenciar ao hermeneuta a capacidade de transmitir mensagens e interpretar sinais enviados de uma cidade-estado para outra, uma vez que nem todos mantinham os mesmos costumes ou até mesmo dialetos. 2.8 - Com isso, a ciência emerge como o ponto chave entre uma mensagem bem transmitida e bem recebida, podendo ser a razão de uma guerra ou não. A hermenêutica é uma ciência completa, baseada em toda a mensagem e sua compreensão. 3.0 – CONCEITO. 3.1 – Hermenêutica: no campo jurídico é empregada para estabelecer o meio e o modo que se devem interpretar as leis, para que dessa forma se alcancem o exato sentido ou o fiel pensamento do legislador. 4.0 – DEFINIÇÃO DE HERMENÊUTICA JURÍDICA. 4.1 - Hermenêutica, conforme já mencionado, surge como ciência, o que torna possível defini-la como uma ciência autônoma, pois possui seus princípios e sua estrutura de estudo próprios e independentes de outras ciências. 4.2 - Evidentemente, a hermenêutica é uma ciência propedêutica, como é o caso da filosofia, que, embora existam de forma independente, também servem de alicerce para outras ciências, como é o caso do Direito, que se fundamenta em ambas as ciências, com a mesma intensidade. 4.3 - Além disso, segundo Maximiliano (2017), “a Hermenêutica Jurídica tem por objeto o estudo e a sistematização dos processos aplicáveis para determinar o sentido e o alcance das expressões do Direito”. 4.4 - Com isso, percebe-se que a Hermenêutica surge, dentro do Direito, como um ramo específico chamado de Hermenêutica Jurídica, trazendo em seu conteúdo a sistematização, a interpretação e a compreensão das normas jurídicas e demais expressões da ciência do Direito. 4.5 - Nesse ponto, é possível entender a Hermenêutica Jurídica, como o ramo da Hermenêutica voltado para a interpretação, a compreensão e a sistematização dos sistemas jurídicos vigentes e não vigentes, com vias a sua aplicabilidade e adequação, proporcionando o perfeito alcance das instituições jurídicas. Mazotti (2010, p. 3-8) ainda esclarece, didaticamente, três dimensões da hermenêutica, as quais sejam, dizer, explicar e traduzir. 4.6 - Na primeira dimensão, a hermenêutica como dizer, tem- se a dimensão responsável pela transmissão da mensagem, tal qual ela é, ou seja, na dimensão do dizer, cabe ao hermeneuta reproduzir a mensagem assim como lhe foi passada. 4.7 - Nessa dimensão, não é a explicação que importa, ou o sentido do que foi dito, mas sim a mera reprodução da mensagem em sua íntegra. Seria o que um arauto poderia fazer, ou apenas se restringiria à primeira etapa de qualquer método hermenêutico, qual seja, a reprodução da mensagem. 4.8 - Na dimensão da hermenêutica como explicar, vê-se uma situação bastante diferente, que exige do hermeneuta um trabalho mais intenso e profundo, pois não se restringirá apenas em reproduzir mensagens, mas deverá indicar, com precisão, quais os pontos de interesse, e os significados mais profundos daquela mensagem. 4.9 - Nessa dimensão, a hermenêutica se reveste da característica que a torna popular, a interpretação em si. É na dimensão do explicar que o hermeneuta deve aplicar todas as técnicas necessárias para alcançar ou se aproximar, do real sentido da informação dita, ou seja, é pela explicação que os métodos hermenêuticos serão aplicados e o sentido da mensagem será revelado. 4.9.1 - Explicar não é valorar, ou seja, a hermenêutica não se presta a emitir juízos valorativos, mas a encontrar o sentido das mensagens. Além disso, explicar não se resume a dispositivos universais, mas sim a diferentes formulações interpretativas sobre uma mesma mensagem, sem pontuar, evidentemente, que uma interpretação é mais correta ou mais verdadeira que outra, isso porque, na dimensão do explicar, o método utilizado faz toda a diferença no substrato da informação objeto da hermenêutica. 4.9.2 - Por fim, a última dimensão, a hermenêutica como traduzir, revela a tarefa do hermeneuta quando transmite as mensagens carregadas de aspectos e expressões culturais, de forma que deve realizar essa tradução considerando também as características do interlocutor, o destinatário da mensagem. 4.9.3 - Assim, toda vez que a tradução deva ser realizada, tem- se que levar em conta diversos fatores para que a hermenêutica seja corretamente aplicada, analisando a correspondência de certas expressões, a carga cultural existente no texto. Além disso, cabe ao hermeneuta tradutor exprimir toda a correspondência da carga cultural ou das impressões do locutor em sua tradução, para que o destinatário da mensagem possa entender o que expressões típicas de uma cultura ou língua, significam para a sua. 4.9.4 - Para melhor esclarecimento, tome-se por base uma mensagem religiosa proveniente de um país islâmico sendo encaminhada para um país católico, por exemplo. Certas expressões, como “por Alá” devem ser traduzidas, ou interpretadas como “por Deus”, de forma que a correspondência da mensagem deva ser preservada. Dessa forma, compete ao hermeneuta fazer a tradução e a correta correspondência. 4.9.5 - Evidentemente que isso não implicará a substituição dos termos, podendo, logicamente, serem apenas objeto de uma explicação quanto ao que a tradução quer dizer. 4.9.6 - Assim, a hermenêutica é a ciência do dizer, do explicar e do traduzir as mensagens, com a sua aplicação para o Direito, no sentido de trazer às instituições do Direito o sentido que delas se espera. 4.9.7 - Como informado na introdução, a hermenêutica nasce da filosofia e com ela caminha lado a lado, tendo, historicamente, seu desenvolvimento conforme as escolas que seguem, que deram origem a inúmeros métodos interpretativos. 5.0 - ESCOLA BÍBLICA. 5.1 - A primeira das escolas em que a hermenêutica surge, com essa nomenclatura e reconhecida enquanto ciência, é a escola bíblica que, pelo próprio nome, já retorna a sua origem interpretativa na expansão do cristianismo e, sobretudo, na difusão dastécnicas interpretativas realizadas pela Igreja Católica na difusão da fé. 5.2 - A escola bíblica, também conhecida como escola da Exegese, é aquela que toma por base a interpretação vinculada a um texto posto e absoluto, fazendo, em verdade, comentários sobre o sentido daquele texto, visando um determinado fim específico. 5.3 - Veja que na exegese surge o chamado círculo hermenêutico, ou seja, a interpretação do texto ou de uma determinada mensagem é feita já com a finalidade do que se pretende demonstrar. Seria o mesmo que assistir a um filme já sabendo qual é o final. 5.4 - Na escola bíblica, não há grande liberdade interpretativa, visto que se traz, em verdade, um texto formulado (no caso, a Bíblia), com verdades previamente estabelecidas, que servirão de orientadoras para aquele que interpreta o texto e faz comentários sobre ele. 5.5 - Para essa escola, o hermeneuta, ou melhor, o analista, procura comentar e explicar as passagens do texto bíblico, com base em comentários ou analogias, já tendo em mente o resultado final da conclusão que irá passar. 5.6 - Essa escola, para parcela da doutrina e dos pensadores, não traduz um método interpretativo hermenêutico, mas caracteriza uma técnica menor chamada de exegese, que teria um valor interpretativo filosoficamente mais frágil. 5.7 - Contudo, em termos de discurso ou da produção de textos jurídicos, a exegese, e, sobremaneira, a boa condução do círculo hermenêutico torna-se uma ferramenta extremamente útil para o profissional do Direito que necessite convencer o interlocutor da veracidade de suas palavras. 5.8 - Assim, por meio da escola da exegese, toma-se por base a construção dos objetivos finais da interpretação, juntamente com o texto que será objeto de interpretação, cabendo ao exegeta a construção do caminho para que a interpretação seja conduzida ao fim pretendido, ou seja, sabe-se qual é a base e qual é o fim da mensagem, cabendo ao exegeta conduzir os comentários e as formas interpretativas para uni-los. 6.0 - ESCOLA FILOLÓGICA. 6.1 - Nascida do contraponto à escola bíblica, a escola filológica busca a utilização da hermenêutica mais livre, desvinculada dos textos sagrados e dos dogmas religiosos. 6.2 - Essa escola emerge justamente da necessidade dos filósofos antigos de pensar sobre o mundo. Tem seu início na época Agostinho e Tomás de Aquino, com um distanciamento do círculo hermenêutico e da simples exegese bíblica (SOARES, 2019, ebook). 6.3 - Na escola filológica, há a preponderância da razão e, com isso, naturalmente, a preponderância dos métodos pautados na análise gramatical e sintática dos textos e das mensagens em geral. 6.4 - Como a filosofia da época em questão apresentava-se como um contraponto ao misticismo, racionalizando o mundo sob prismas mais céticos do que aqueles provenientes do dogma religioso, nada mais natural que as interpretações fossem baseadas em regras morfológicas e linguísticas, desprovidas quase que por completo de interpretações subjetivas ou acrescidas de qualquer outro elemento, senão aqueles de formação do texto em si. 6.5 - A escola filológica é vista por alguns como não sendo uma escola de hermenêutica em si, porém, por dar origem a métodos específicos de hermenêutica (gramatical, por exemplo), a escola filológica assume um papel singular na formação hermenêutica e desenvolve, ainda, a base para outras escolas interpretativas, de tal sorte que, todo método hermenêutico se inicia a partir dos preceitos dessa escola e da interpretação racional- gramatical proposta por ela.
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