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Hiago Manoel Araujo Medicina-P3 FÁRMACOS HIPOGLICEMIANTES -São fármacos responsáveis por reduzir índices de glicemia -Eficazes contra o DIABETES MELLITUS – Antidiabéticos DIABETES MELLITUS: -Etiologia do nome é dada diante da sintomatologia (polidipsia e poliúria – sifão; glicosúria – melado, doce) -No Diabetes Insipidus, a etiologia do nome diabetes também é referida a “sifão”, pelos mesmo sintomas do DM, mas não possui relação com glicemia/glicosúria -É uma síndrome hiperglicêmica crônica relacionada ao metabolismo afeta metabolismo normal de macronutrientes (carboidratos, lipídeos e proteínas) -Alta prevalência em todo o mundo -Patologicamente, é derivado do aumento da quantidade de glicose no sangue -Mensurar esse aumento é o meio de diagnóstico -DIAGNÓSTICO: Valores de glicose plasmática por exames de coleta -Se alterados, acima dos VR, repetir exames em outra ocasião (dois alterados, fecha diagnóstico; apenas um alterado, leva em conta o de maior alteração) -Se apenas um alterado, mas há presença de sintomas clássico, fecha diagnóstico -GLICEMIA E HEMOGLOBINA: Formação da Hemoglobina Glicada Glicolisação da Hb -Uso em exames de rastreio e acompanhamento de eficácia do tratamento -A glicolisação é proporcional à concentração de glicose Ligação forte (Não é quebrada) -Hemácias possuem tempo de meia-vida de 90 dias, logo HbAc1 retrata o acúmulo da glicolisação de 3 meses -Não mascara pacientes que fazem dieta apenas na semana de realizar coleta de exames -Quadro hiperglicêmicos evoluem com complicações sistêmicas a longo prazo (neuropatia, retinopatia, DCV, nefropatia) -Aumento da viscosidade sanguínea por hiperglicemia pode ser a causa de algumas complicações -DM1: Autoimune ou idiopático (antes chamado de insulinodependente) -Destruição de células beta-pancreáticas -Dificuldade de produção de insulina -Menor prevalência (mais comum no jovem) -DM2: Metabólico ou gestacional (antes chamado de não insulinodependente) -Dificuldade de ação da insulina (RESISTÊNCIA) -Maior prevalência (adultos e idosos) -Evolução e cronicidade podem levar à insuficiência das células beta e comprometer produção de insulina, como ocorre no DM1 -Resistência celular à insulina Hiperatividade pancreática Falência por exaustão -Obesidade e hábitos de vida como cofatores importantes do DM2 INSULINA -Hormônio proteico (PROTEÍNA) responsável por permitir a entrada de glicose na célula -Reduz os níveis sanguíneos de glicose -Hormônio anabólico: transforma glicose em glicogênio (glicogênese) no fígado – armazenamento de energia -Aumento da glicemia induz células beta -Tecido adiposo: aumenta captação de glicose, aumenta lipogênese e inibe lipogenólise -Tecido muscular: aumenta captação de glicose, aumenta glicogênese e aumenta síntese proteica -Tecido hepático: inibe a gliconeogênese, aumenta a glicogênese e aumenta a lipogênese -Glucagon tem ação contrária (aumenta os níveis sanguíneos de glicose) Hormônio catabólico (transforma glicogênio em glicose – glicogenólise ou gliconeogênese) – produzido por células alfa-pancreáticas induzidas por queda da glicemia -Produzida no pâncreas endócrino (Ilhotas de Langherans) por células beta-pancreáticas -Formada por duas cadeias peptídicas, A (21 aminoácido) e B (30 aminoácidos), ligada por duas pontes de dissulfeto -Faz parte da família IGFs (Fatores de Crescimento Insulina-Símiles) -IGFs são produzidos em vários tecidos (exceção da insulina) e atuam na regulação do crescimento -Os receptores de IGFs são sensíveis à insulina e vice-versa -PRODUÇÃO: Produzidas no retículo endoplasmático rugoso como PRÉ-PRO-INSULINA (precursor da insulina) -É transformada em PRO-INSULINA (passa a conter 86 aminoácidos) – resíduo peptídico de sinalização é clivado -A PROINSULINA é transferida e armazenada em vesículas do complexo de Golgi juntamente com enzimas ENDOPEPTIDASES, responsáveis pela clivagem em INSULINA -A conversão à insulina é dada pela clivagem do PEPTÍDEO C (polipeptídio conectante, pois conecta a cadeia A e B – possui 35 AA) da PROINSULINA na porção amino da cadeia A com a porção carboxílica da cadeia B – ele não possui papel biológico *PEPTÍDEO C: Dosagem é importante para verificar função de células beta -Peptídeo C possui taxa de degradação mais lenta que a insulina e não possui metabolismo de primeira passagem como a insulina (circula por mais tempo - por isso, é mais fácil dosar) -Concentração define se está ocorrendo a produção correta de insulina (quando baixa, há insuficiência das células beta) -Ele é metabolizado nos rins e excretado na urina -LIBERAÇÃO: Depende de estímulos para ocorrer -Liberação inicial é dada a partir de grânulos de insulina já prontas que são armazenadas no complexo de Golgi -Estado pós-prandial aumenta glicemia Induz entrada de glicose na célula beta por canais GLUT2 Glicose é metabolizada pela via glicolítica e transformada em ATP ATP é bloqueador dos canais de K+ responsáveis pelo potencial de membrana ATP bloqueia os canais de K+ Acúmulo de K+ no interior da célula Despolarização Abertura dos canais de Ca++ voltagem-dependentes Influxo de Ca++ Ativa sistema microtubular (contrátil) Desloca os grânulos de insulina para exocitose -O pâncreas armazena até 10mg de insulina (cerca de 2mg são liberados por dia na veia porta, fisiologicamente) -Liberação induzida por glicose é BIFÁSICA: -1 º pico: liberação de grânulos com insulina pronta e armazenada – liberação rápida -2º pico: liberação após nova síntese (recém-sintetizadas) – liberação tardia -DM1: Não libera; DM2: Liberação tardia e reduzida -ABSORÇÃO: Atua nos tecidos em geral -Glicocorticoides (cortisol) reduzem afinidade insulina-receptor -Glicocorticoides são hormônios esteroides produzidos pelo córtex da adrenal e atuam no metabolismo de carboidratos e possuem ação anti-inflamatória -GH aumenta afinidade entre insulina e receptor -GH é o hormônio do crescimento (ação anabólica induz ação insulínica) -Insulina possui receptores próprios na membrana das células (ela não ultrapassa a membrana, apenas se liga ao receptor) -Ativa cascata de sinalização Fosforilação de moléculas que induzem respostas diferentes -Ligação insulina-receptor ocorre APENAS com insulina já metabolizada em monômeros (ela em liberada para transporte na corrente ligada de 2 em 2, ou seja, em dímeros) -Uma das respostas é a translocação do receptor de glicose GLUT4 que fica armazenado no citoplasma para região da membrana plasmática Permitirá entrada de glicose na célula -Problemas nessa cascata de sinalização ou na ligação insulina-receptor são as causas da fisiopatologia do DM2 INSULINOTERAPIA -Sempre usada em DM1 (atualmente, usada em casos evoluídos de DM2) -Antes da produção da insulina sintética, usava-se insulina suína *INSULINA LISPRO -Começa a agir em 10-15min -Possui auge de ação entre 1 e 2h -Duração total de ação: 3-5h -Preparação de ação ultra-rápida (muito curta) -Estrutura de cadeia diferente da insulina endógena (troca de ordem dos AA Lisina e Prolina na cadeia B) -Permite que não haja associação em dímeros ou hexâmeros -Sempre encontrada em monômeros -Por ser encontrada em monômeros sua absorção é rápida (não precisa haver dissociação) -Pode ser usada minutos antes de uma refeição (flexibilidade para o paciente) *INSULINA REGULAR -Começa a agir em 30min -Possui auge de ação entre 2 e 3h -Duração total de ação: 6,5h -Preparação de ação curta (apenas 6,5h e rápida) -Possui estrutura de cadeias idêntica à insulina endógena (produzida pelo corpo) -Circula em grupos de 6 (HEXÂMEROS) ligados por íons zinco para conferir estabilidade -Dissociação em monômeros é mais lenta -Como absorção só ocorre em monômeros Há limitação da velocidade de absorção -Absorção mais lenta em relação à LISPRO (ação menos curta e menos rápida) *INSULINA NPH -Insulina Protamina Neutra Hagedorn -Começa a agir em 90min -Possui auge de ação entre 5 e 8h -Duração total de ação: 18h -Preparação de ação intermediária (nemtão rápida, nem tão curta e nem tão lenta) -Combinação insulina + íons zinco = hexâmetros + protamina = NPH -Protamina garante estabilidade entre grupos de hexâmeros -Maior tempo necessário para dissociação (Cliva protamina Libera hexâmeros Cliva íons zinco Libera dímeros Cliva dímeros Libera monômeros Ação) -Maior tempo de dissociação = Maior tempo para ocorrer absorção = Mais tempo circulando (demora para agir e passa mais tempo agindo) -Necessidade de enzimas proteolíticas para clivar protamina *INSULINA GLARGINA -Começa a agir em 90min -Não possui auge (secreção/absorção constante) -Duração total de ação: 20-24h -Preparação de longa duração -Adição do AA glicina na cadeia A e do AA arginina na cadeia B garante estabilidade no hexâmero -Mais estável que uso de zinco e protamina -Combinadas em hexâmeros super estáveis Não geram pico de liberação SEMPRE UNIFORME -Semelhante à secreção basal/normal de insulina -Ausência de pico Menor risco de hipoglicemia -Maior estabilidade Liberação uniforme Maior tempo para iniciar ação Maior tempo agindo -RESUMO: + estabilidade + tempo para dissociar + tempo para absorver + tempo agindo -Únicas que mudam sequência de AA: LISPRO e Glargina -Mudança na organização da molécula: LISPRO (monômero), Regular (Hexâmeros + zinco), NPH (Hexâmeros + zinco + protamina) e Glargina (hexâmeros estáveis) -EFEITOS ADVERSOS: Hipoglicemia (principalmente por insulinas que possuem pico), reações imunológicas/alergias (raro), Lipodistrofia (distrofia dos locais de aplicação – acúmulo de insulina nesses locais – destruição de adipócitos – pode dificultar absorção) -LOCAIS DE ADMINISTRAÇÃO: alternar para evitar Lipodistrofia -Administrada por unidades (1un=quantidade capaz de reduzir glicemia em jejum de um coelho para 45mg/dL) -ARMAZENAMENTO: frascos, canetas ou cartuchos (se lacrados, armazenar na geladeira; se abertos, armazenar em locais abaixo de 30°C e ao abrigo de luz) ANÁLOGOS DO GLP-1 -INCRETINAS: Substâncias produzidas pelo pâncreas e pelos intestinos que regulam o metabolismo de glicose -GLP-1, insulina, glugacon, GIP... -GLP-1: Peptídeo semelhante ao glucagon -Derivado do produto da transcrição do gene que codifica o pro-glucagon -Hormônio proteico (PROTEÍNA) produzido, principalmente, por células enteroendócrinas -A secreção é dependente da ingestão de alimento e presença de nutriente no TGI Liberação proporcional à expansão gástrica -É estimulado pela presença de carboidratos, proteínas e lipídios -Tempo de meia-vida curto (2min) degradado pela enzima Dipeptil peptidase 4 (DPP-4) -Ação anti-hiperglicêmica: induz a secreção de insulina por ingestão de glicose e inibe a secreção de glucagon Não causa hipoglicemia (quando não há ingestão de glicose – jejum – e glicemia está normal, ele não é liberado) -Responsável pelo 1º pico de insulina -Aumenta a sensibilidade da célula beta à glicose ingerida, por meio de maior expressão de GLUT2 -Doses orais de glicose levam a maior secreção de insulina que doses intravenosas – ação do GLP1 -Inibe secreção gástricas e motilidade do TGI Maior tempo de esvaziamento gástrico Mais tempo em saciedade -Os análogos do GLP-1 são mimetizadores desse hormônio *EXENATIDA: Indica para melhorar controle de glicemia em pacientes com DM2 e IMC> 25 -Associar com insulina de longa duração (GLARGINA, p. ex.) -Pode ou não ser feito uso com biguanidas e glitazonas *LIRAGLUTIDA: Indicada em associação à dieta HIPOCALÓRICA e prática regular de exercício físico -Objetiva controle crônico de peso corporal em adultos com IMC muito elevado (>30 ou >27 + comorbidade relacionada ao peso) *Comorbidades relacionadas ao peso: pré- diabetes, DM2, dislipidemia, HAS e apneia obstrutiva do sono -São fármacos não substitutos da insulinização -Necessidade de diminuir a dose de insulina gradualmente -Diminuição abrupta pode causar aumento da glicemia -Uso associado a sulfonilreias diminuir dose delas em 50% -Náusea como efeito colateral comum, tendo em vista o retardamento do esvaziamento gástrico -Tende a se modular com o tempo -Por alterar motilidade do TGI e, consequentemente, a absorção, pode influenciar no uso de outros medicamentos -Usar até 1h antes de um incretinomimético HIPOGLICEMIANTES ORAIS -Medicamentos usados com objetivo de reduzir índices glicêmicos SECRETAGOGOS *SULFONILREIAS -Secretagogos da insulina (Secretagogos são substâncias que estimulam a secreção de outra substância, como GLP-1 e insulina) -Possuem atuação semelhante ao ATP no mecanismo de secreção da insulina -Bloqueia canais de K+ Despolarização da célula Abertura dos canais de Ca++ Influxo de cálcio Mobilidade de grânulos Exocitose da insulina -Duas gerações (mais novos são 100x mais potentes) -EXEMPLOS: GLIBENCLAMIDA, GLICAZIDA E GLIMEPIRIDA (2ª geração) -Glibenclamida e glicazida são ofertadas pelo SUS -Não deve ser administrado com alimentos ou em hiperglicemia absorção prejudicada no TGI -NÃO USAR EM DM1 Células beta-pancreáticas destruídas Não tem o que induzir, pois não como haver produção -NÃO USAR EM DM2 EM ESTÁGIO INICIAL (fase compensatória) Pâncreas já hiper estimulado por feedback (pouca insulina agindo na célula, corpo não analisa resistência, entende que é pouca produção e induz mais produção) -Secretagogos nesta fase irá acelerar processo de falência das células beta SENSIBILIZADORES *BIGUANIDAS -Sensibilizadores da insulina -NÃO ESTIMULAM SECREÇÃO E SIM SENSIBILIZAÇÃO DOS TECIDOS À INSULINA -Ação anti-hiperglicemiante Diminui a glicemia no sangue por indução da entrada de glicose na célula -Inibe gliconeogênese hepática -Potencializa a via de ação da insulina: ativação da proteína IRS1/2 que desencadeia cascata de sinalização e induz glicogênese e expressão de GLUT4 (entrada de glicose) -Essa via é deficiente no DM2 -Deve ser administrado, principalmente, em DM2 (possui resistência à insulina) -DM1 não produz insulina Não precisa sensibilizar, pois não tem a insulina para agir -Possibilidade de evolução para resistência em DM1 (principalmente portadores obesos) Possibilidade de uso -Pode ser utilizada isoladamente ou em associação à sulfonilreias -EXEMPLO: METFORMINA (oferecida pelo SUS) -1ª escolha para qualquer síndrome hiperglicêmica crônica *GLITAZONAS (TIAZOLIDINEDIONAS - TZD) -Também é um fármaco sensibilizador de insulina -Depende da presença de insulina para funcionar -Não afetam produção de insulina, mas intensifica ação da insulina no alvo -Absorção em 2h, mas efeito máximo apenas em 6-12 semanas (longo tempo) -Demora é devida ao local de atuação -Atua no núcleo a partir da modulação da expressão de genes que codificam substâncias atuantes no metabolismo de açúcares Anti-hiperglicemiantes -Atuação no metabolismo: Aumento da sensibilidade tecidual à insulina Aumento de transporte de glicose para os tecidos; Diminui gliconeogênese hepática e lipogênese -Atuação semelhante às biguanidas -Ligação do medicamento com receptores de membrana que após ligação é translocado para o núcleo onde vai ocorrer a ação da TZD ANTI-HIPERGLICEMIANTES *INIBIDORES DA a-GLICOSIDASE-ACABOSE -Alfa-glicosidades são enzimas encontradas na superfície em escova dos enterócitos e são responsáveis pela digestão de carboidratos complexos -Cliva polissacarídeos em monossacarídeos -Melhora absorção -Acarbose é um inibidor por competição das a-glicosidades -Sem ação das enzimas Queda na absorção intestinal de amido, dextrina e dissacarídeos -Retardo da absorção pós-prandial -Diminui absorção de glicose no TGI e evita picos hiperglicêmicos pós-prandiais -Pode contribuir para acúmulo de açucares no TGI Favorecimento de proliferação da microbiota residente (fermentação) Diarreia, flatulências e distensão abdominal -Pode ser usada em pacientes com DM1 e DM2 -Em DM2 é indicada isolada em recém- diagnosticados ou associada em casos de longa data -Deve ser utilizada imediatamente antes das refeições -Pouco provável de induzir HIPOGLICEMIA -Ação de hormônioscontra regulatórios (glucagon glicogenólise liberação de glicose) OUTROS *GLIPTINAS -Inibidores da enzima DEPEPTIDIL PEPTIDASE 4 (DPPIV) -A DPP4 é responsável por degradar GLP-1 (secretagogo de insulina) em 2 min -Inibição da DPP-4 Não clivagem do GLP-1 Maior tempo de meia-vida Mais tempo atuando Maior síntese e secreção de insulina e menor secreção de glucagon -EXEMPLOS: SITAGLIPTINA, VILDAGLIPTINA, SAXAGLIPTINA, LINAGLIPTINA RECOMENDAÇÕES SOBRE A ESCOLHA -Levar SEMPRE em conta: -Estado geral do paciente -Comorbidades presentes e presença de complicações sistêmicas do diabetes -Os valores glicêmicos dos exames -Peso e idade do paciente -Interações medicamentosas, reações adversas e contraindicações -Terapêutica mais comum: MEV + Metformina -Apresenta bons resultados -Casos de manifestações clínicas leves sem comorbidades e complicações: não usar SECRETAGOGOS -Pâncreas já hiper estimulado -Usar METFORMINA -Manifestações clínicas moderadas: associar METFORMINA + outro hipoglicemiante -Escolha do segundo medicamento depende da função pancreática e grau de resistência -Manifestações graves: Associar medidas ao uso de insulina -Pâncreas já falido
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