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4) CASOS CLÍNICOS: RUBÉOLA E TOXOPLASMOSE Farmacologia e Exames Laboratoriais 8º termo - 2021.2 Aula 04 RUBÉOLA Agente Etiológico: Togavírus → vírus RNA de fita simples, pertencente à família Togaviridae e ao gênero Rubivirus. Transmissão: ● Contato direto: gotículas de saliva ● Transmissão vertical Quadro Clínico: ● No adulto: febre, enfartamento ganglionar, dor de garganta e erupções cutâneas/exantemas ● No feto: síndrome da rubéola congênita → malformações, principalmente surdez,problemas visuais (catarata e glaucoma) e até feto natimorto. ○ Apresenta maiores riscos para o feto quando a transmissão ocorre no primeiro trimestre de gestação. Diagnóstico: detecção de anticorpos ● IgM: indica infecção recente/ativa ● IgG: indica infecção passada/imunidade Prevenção: vacinação → tríplice viral - Sarampo, Caxumba e Rubéola ○ Vacina de vírus atenuado ○ Crianças: 1ª dose até os 12 meses de vida e 2ª dose até os 4 anos ○ Mulheres com desejo de engravidar: de 1 a 3 meses antes da gestação Tratamento: não é tão efetivo, daí a importância do diagnóstico. CASO CLÍNICO 01 Alfreda, 28 anos, procura o médico obstetra com seu marido porque eles resolveram ter um filho e querem orientações e realização de exames para que a gestação seja bem orientada. O obstetra solicita alguns exames entre eles serología para Rubéola com os seguintes resultados: Sorologia para Rubéola - IgG: Método Quimioluminescência Amplificada por Química Seca Resultado: 3,9 UI/mL Valores Referenciais: Não Reagente até 9,999 UI/mL Intermediário: 10-14,9 UI/mL Reagente: > = 15 UI/mL Sorologia para Rubéola – IgM: Não Reagente Ao receber o resultado, o obstetra solicitou a Carteira de Vacinação de Alfreda que se surpreendeu por ela estar desatualizada. Interprete o resultado e determine a recomendação dada pelo médico. SOBRE O CASO… Sorologia: IgG não reagente e IgM não reagente ● A sorologia da Alfreda é não reagente tanto para o IgM quanto para o IgG, o que significa que ela está “descoberta”, ou seja, suscetível a ter rubéola, o que gera preocupação por conta do desejo de engravidar verbalizado pela paciente.para o feto. Conduta: ● A carteira de vacinação está desatualizada e o IgG negativo confirma que a paciente não foi imunizada previamente, então o ideal é que ela receba a vacina pelo menos 1 mês antes de engravidar. NA PRÁTICA: ● A Secretaria de Vigilância em Saúde determina que a sorologia para Rubéola não é mais um exame de rotina para detectar quem são as pacientes suscetíveis, exceto em gestantes com manifestações clínicas ou vínculo epidemiológico. ● Como no caso da Alfreda, ela ainda não é gestante, não está fazendo o pré-natal, é interessante fazer a sorologia para investigar se a paciente está imune e devidamente vacinada e, caso não esteja, é necessário que ela seja vacinada antes de engravidar. ● Caso a mulher tome a vacina e já esteja grávida antes de saber, não há recomendação de abortamento, pois as evidências apontam poucos casos de Síndrome da Rubéola Congênita ou de qualquer outra complicação em decorrência da vacinação. ○ Mesmo que hajam poucos casos, ainda assim, a vacina é contraindicada para as gestantes. CASO CLÍNICO 02 Maria, 32 anos, no primeiro trimestre da gestação, comparece à consulta trazendo os exames sorológicos do pré-natal como VDRL não reagente e Rubéola IgG Não Reagente e IgM Reagente. Considerando esses resultados da sorologia para rubéola, indique o possível procedimento a ser tomado para os próximos trimestres da gestação e no pós parto. SOBRE O CASO… Sorologia: gestante com IgM reagente e IgG não reagente para rubéola, como interpretar? 1) Pode ocorrer da gestante ter anticorpos heterófilos que são anticorpos que dão reação cruzada, determinando um falso positivo para o IgM. Neste caso, a conduta é repetir o exame com intervalo de 2 a 3 semanas para garantir que de fato trata-se de falso positivo. 2) Pode tratar-se de um resultado verdadeiro de rubéola na fase aguda, onde ainda não ocorreu o aumento do IgG. ● Em muitos pacientes adultos a rubéola passa despercebida, vai se apresentar como um quadro gripal, febre baixa, artralgia e pode ocorrer linfadenopatia retroauricular, porém os exantemas são praticamente ausentes. ● Neste caso, se a paciente teve contato com alguém com diagnóstico de rubéola e há chance de ela estar infectada, tem exantema muito brando ou ausente, nossa conduta é repetir o exame, e o esperado para que o diagnóstico seja confirmado é que o IgM mantenha-se reagente e o IgG aumente 4x ou mais. ○ Período de incubação: 14-21 dias Conduta: ● Considerando o possível falso positivo, a primeira coisa que vamos fazer é solicitar uma nova amostra. ● Confirmada a infecção na 2ª amostra é preciso orientar a gestante sobre a possibilidade de que o feto desenvolva a Síndrome da Rubéola Congênita e as possíveis complicações. CASO CLÍNICO 03 Mafalda, 18 anos, procura o médico da UBS de seu bairro porque está grávida do seu 2° filho. O médico explica que Mafalda está com 10 semanas de gestação e que deve iniciar seu pré-natal com as dosagens sorológicas. Sorologia para Rubéola - IgG: Método Quimioluminescência Amplificada por Química Seca Resultado: 17,4 UI/mL Valores Referenciais: Não Reagente até 9,999 UI/mL Intermediário: 10-14,9 UI/mL Reagente: > = 15 UI/mL Sorologia para Rubéola – IgM: Não Reagente SOBRE O CASO… Sorologia: gestante com IgG reagente (> 15 UI/mL) e IgM não reagente, como interpretar o IgG positivo? ● A paciente já teve rubéola anteriormente OU ● A paciente está imunizada por ter recebido a vacina. CASO CLÍNICO 04 Teresa, 16 anos, grávida do 1° filho, encontra-se no 8° mês de gestação e faz acompanhamento do seu pré-natal na UBS do seu bairro, procura o médico porque nos últimos dias sentiu-se mal, como se estivesse gripada, até pensou que teve febre e agora sente muita dor no corpo. O médico prescreve medicamentos e solicita uma série de exames, inclusive dosagens sorológicas. Sorologia para Rubéola - IgG: Método Quimioluminescência Amplificada por Química Seca Resultado: 415 UI/mL Valores Referenciais: Não Reagente até 9,999 UI/mL Intermediário: 10-14,9 UI/mL Reagente: > = 15 UI/mL Sorologia para Rubéola – IgM: Reagente Considerando esses resultados, interprete a necessidade da solicitação de outros exames. SOBRE O CASO… Sorologia: IgG reagente (415 UI/mL, sendo VR = 15 UI/mL) e IgM reagente, como interpretar? ● O IgG está extremamente elevado e o IgM reagente, o que indica infecção ativa, determinando que a paciente está com rubéola. ● O quadro clínico é sugestivo. Conduta: a paciente está no 8º mês de gestação, nesse período não se faz mais teste de avidez, a única conduta é o tratamento sintomático e as orientações sobre a transmissão vertical e risco de desenvolvimento de complicações para o feto. TOXOPLASMOSE Agente Etiológico: Toxoplasma gondii ● É um protozoário intracelular ● Apresenta-se de 03 formas ao longo do ciclo evolutivo: ○ 1)Taquizoítas: são os protozoários de fase aguda, presentes nos líquidos corporais, são os que ficam aderidos à placenta materna, determinando a transmissão vertical ○ 2)Oocistos: ficam nas fezes dos felinos, que são hospedeiros definitivos ○ 3)Bradizoítos: são os protozoários de fase crônica, presentes nas carnes Transmissão: ● Ingestão de carne crua com presença de bradizoítos ● Fezes de felinos (gatos) com presença de oocistos ● Transmissão vertical principalmente no 3º trimestre gestacional Quadro Clínico: ● Em adultos: costuma passar despercebida, exceto em pacientes com imunodeficiências ● No RN: Toxoplasmose Congênita ○ Macrocefalia ou microcefalia ○ Complicações neurológicas com crises convulsivas. ○ Tríade clássica: hidrocefalia, calcificações intracerebrais e coriorretinite (10%) ○ Alguns RN nascem saudáveis (forma subclínica) e vão manifestar os sintomas mais tardiamente Diagnóstico: sorologia/identificação de anticorpos (exame obrigatório na 1ª consulta do pré-natal) ● IgM: anticorpos de fase aguda ● IgG: anticorpos de fase crônica/imunidade CASO CLÍNICO 05Lúcia, 28 anos e Ana 23 anos procuram o médico obstetra com seus maridos para iniciar o pré-natal, receber orientações e realizar exames. A sorologia para Toxoplasmose apresentou-se com os seguintes resultados: Lúcia: Sorologia para Toxoplasmose - IgG Método Quimioluminescência Amplificada por Química Seca Resultado: 21,9 UI/mL Valores Referenciais: Não Reagente até 3,999 UI/mL Intermediário: 4 - 7,99 UI/mL Reagente: > = 8 UI/mL Sorologia para Toxoplasmose – IgM: Não Reagente Ana: Sorologia para Toxoplasmose - IgG Método Quimioluminescência Amplificada por Química Seca Resultado: 1,9 UI/mL Valores Referenciais: Não Reagente até 3,999 UI/mL Intermediário: 4 - 7,99 UI/mL Reagente: > = 8 UI/mL Sorologia para Toxoplasmose – IgM: Não Reagente Diferencie esses resultados e oriente a conduta no seguimento dos exames durante a gestação. SOBRE O CASO… Sorologia e Conduta: ● Lúcia: IgG reagente (> 8 UI/mL) e IgM não reagente → contato prévio/imunidade ● Ana: IgG não reagente (<3,99 UI/mL) e IgM não reagente → susceptibilidade, portanto, é necessário orientar quanto aos cuidados com ingestão de carnes cruas, jardinagens e etc. ○ É importante repetir a sorologia trimestral ou mensalmente, porque como há suscetibilidade há risco de que ela seja infectada no curso da gestação, e a gente precisa saber para tratar. *Obs: o contato prévio com o protozoário diminui o risco de transmissão vertical, no entanto, diante da infecção é aconselhável que a mulher espere pelo menos 06 meses antes de engravidar. Então se, por exemplo, uma mulher procura atendimento porque pretende engravidar e a gente detecta infecção pelo Toxoplasma, precisamos tratar a paciente e orientar quanto a esse período de espera. CASO CLÍNICO 06 Sandra, 22 anos, trabalha com o marido fazendo jardinagem. Ela está grávida G2P1A0, de 10 semanas, sem história de febre, adenomegalia, somente mal-estar. Vem ao retorno do pré-natal com os seguintes resultados sorológicos para Toxoplasmose: ELISA – IGG: 150 UI (cut off = 2 UI). ELISA – IGM: 5 UI (cut off = 0,5 UI). Com base nesses resultados solicitou o Teste de Avidez de IgG para toxoplasmose (ELISA): TESTE DE AVIDEZ IgG para TOXOPLASMOSE Método: Elisa BAIXA AVIDEZ: Inferior a 50% (sugere infecção ocorrida nos últimos 4 meses) MODERADA: 50-59,9% (não permite definir o período da infecção) ALTA AVIDEZ: => 60% (sugere infecção ocorrida há mais de 4 meses). Justifique a solicitação. SOBRE O CASO… Sorologia: sorologia IgG e IgM positivos → infecção ativa, sendo necessário pesquisar qual a fase que a doença se encontra, para isso solicita-se o teste de avidez. Teste de Avidez: ● É indicado no máximo até a 16ª semana de gestação, para que a gente consiga identificar se a infecção ocorreu antes ou durante a gravidez. ○ Como o tempo de referência no teste é de 4 meses, até a 16ª semana a gente consegue determinar quando essa infecção aconteceu. Depois que a gestante completa 16 semanas, qualquer teste cujo resultado der alta avidez, a gente não consegue identificar se a infecção aconteceu antes ou durante a gestação. ○ Na gestante com 16 semanas, a alta avidez indica que a infecção ocorreu antes da gestação, o que diminui o risco de transmissão vertical. ● Resultados: ○ Baixa avidez: infecção recente → indica baixa memória imunológica, pequena quantidade de IgG. ○ Alta avidez: infecção passada → muito IgG e fácil reconhecimento do antígeno pelos anticorpos, indicando que a infecção ocorreu há mais de 04 meses. ● A porcentagem de referência para o resultado é variável de acordo com o método utilizado, sendo que os métodos disponíveis são o ELISA e a eletroquimioluminescência. ● É importante também para a determinação do tratamento. CASO CLÍNICO 07 Jussara, 21 anos, trabalha em uma clínica veterinária e é primigesta de 19 semanas. Realizou sorologia para Toxoplasmose com os seguintes resultados: IgG = 483 UI/mL (Quimioluminescencia), IgM = Reagente e o médico não solicitou teste de avidez do IgG. Jussara foi internada para uma amniocentese havendo a solicitação de pesquisa de PCR para Toxoplasmose no líquido amniótico com resultado positivo. Determine a interpretação laboratorial e o tratamento adequado (mecanismo de ação). SOBRE O CASO… Sorologia: IgG e IgM reagentes, indicando infecção ativa, sem indicação de teste de avidez devido a idade gestacional > 18 semanas. Amniocentese e PCR: apesar dos riscos para a gestante, a amniocentese é o método mais indicado para fazer diagnóstico de toxoplasmose congênita. ● Não se faz amniocentese em gestação < 18 semanas, pois o procedimento pode ser traumático para o feto, podendo levar a um aborto/morto fetal. ● A amniocentese é feita em casos em que realmente precisamos detectar se houve transmissão vertical porque a mãe está positiva e a única forma de fazer o diagnóstico é através do PCR no líquido amniótico. ● O ultrassom é um exame importante diante de possibilidade de toxoplasmose congênita, pois caso o ultrassom já evidencie sequelas no feto pode ocorrer aconselhamento de aborto terapêutico. ● Em caso de US negativo, sem evidência de sequelas, o tratamento deve ser providenciado o mais rapidamente possível. Tratamento: como já está na 19ª semana de gestação, inicia direto com esquema tríplice ● Sulfadiazina ● Pirimetamina ● Ácido folínico TRATAMENTO DA TOXOPLASMOSE NA GESTAÇÃO O tratamento da toxoplasmose na gestação vai ser determinado pela idade gestacional, isso porque os fármacos podem oferecer riscos ao feto e também porque a própria idade gestacional influencia na transmissão da doença. Até a 16ª semana de gestação e a partir da 33ª até o momento do parto: Espiramicina ● Não atravessa a barreira placentária ● Mecanismo de profilaxia secundária: mãe infectada com Toxoplasma que faz uso de Espiramicina, há redução significativa da transmissão para o feto. A partir da 18ª até a 33ª semana: Sulfadiazina + Pirimetamina + Ácido Folínico ● A partir do momento que a contaminação do feto é confirmada, o que só acontece após a 18ª semana semana através da amniocentese, o tratamento pode mudar ○ Após a 18ª semana os riscos de malformações fetais diminuem muito. ● A partir da 33ª semana, o tratamento muda e a Espiramicina volta a ser a droga de escolha. ESPIRAMICINA Mecanismo de Ação: é um macrolídeo e, portanto, atua inibindo a síntese proteica através da inibição da porção 50S dos ribossomos, o que impede a reação de transpeptidação. ● Mesmo grupo da Azitromicina. ● Tem ação bacteriostática e, em grandes doses, bactericida. ● Não atravessa a barreira placentária, mas tem efeito de prevenção secundária. Efeitos Adversos: ● É, no geral, uma droga muito bem tolerada ● Os efeitos gastrointestinais são os mais comuns, mas nada muito importante SULFADIAZINA + PIRIMETAMINA + ÁCIDO FOLÍNICO Mecanismo de Ação: ● A sulfadiazina e a pirimetamina atuam inibindo a via de síntese do folato. ● Os microrganismos e protozoários utilizam vários substratos, com destaque para o pABA, para formação do folato, o quase sofre ação enzimática, forma hidro-folato e a partir deste vai sintetizar pirimidinas para síntese de DNA e replicação. ● A Sulfadiazina é uma sulfa e age inibindo a enzima diidropteroato sintetase, que é a primeira enzima na síntese de folato. ● A Pirimetamina atua inibindo a diidrofolato redutase, o que inibe a formação do hidro-folato e, consequentemente, das pirimidinas e do DNA. ○ O toxoplasma consegue utilizar o folato do hospedeiro como matéria para a síntese do DNA, então o uso somente da sulfadiazina não seria o suficiente, então faz a associação de ambas as drogas para que haja um efeito sinérgico. ● O Ácido Folínico é usado em associação no esquema terapêutico para reduzir o efeito mielotóxico da pirimetamina, isso porque a pirimetamina faz uma supressão grave da medula óssea, porque gera deficiência significativa de folato, que também é utilizado na síntese de material genético do hospedeiro, não somente dos microrganismos. ● O ácido folínico não pode ser substituído pelo ácido fólico, porque o ácido fólico precisada ação da diidrofolato redutase para ser convertido em folato, o que não é possível com o uso da pirimetamina, pois a enzima encontra-se inibida pelo mecanismo de ação da droga. Efeitos Adversos: ● A sulfadiazina, além dos efeitos no TGI, pode levar ao surgimento de erupções cutâneas, agranulocitose, litíase e cristalúria e, mais raramente, síndrome de Stevens-Johnsons. ○ É importante orientar a gestante a ingerir muita água ● A Pirimetamina, tem efeito teratogênico, então não pode ser utilizada antes da 18ª semana de gestação, e pode gerar depressão severa da medula óssea, o que leva ao surgimento de alterações hematológicas. ○ É importante fazer acompanhamentos periódicos ao longo do tratamento com hemograma. *Obs: se o PCR tiver resultado negativo, descartando a infecção fetal, mantém a Espiramicina até o fim da gestação. Do contrário, mesmo que não seja realizada a amniocentese, o tratamento é sempre com o esquema tríplice. CASO CLÍNICO 08 Sara, 21 anos, casada com o “João dos gatos”, recebeu esse apelido porque tem 5 gatos, alguns deles vivem nas ruas. Sara está grávida de 12 semanas e iniciou o acompanhamento de pré-natal junto a UBS próxima a sua casa, em Regente Feijó – SP. Realizou sorologia para Toxoplasmose com os seguintes resultados: IgG = 293 UI/mL (Quimioluminescência: Não Reagente até 3,999 UI/mL; Intermediário: 4 - 7,99 UI/mL e Reagente: > = 8 UI/mL) e IgM = Reagente. Iniciou tratamento com espiramicina e realizado Teste de Avidez de IgG (Resultado: Baixa Avidez) continuou tratamento com espiramicina e ao retornar ao obstetra e este solicitar dosagem de imunoglobulinas estas se mantiveram elevadas (IgM e IgA reagentes). Desta forma, já com 32 semanas de gestação foi solicitado uma amniocentese, sendo positivo para T. gondii na PCR (Polimerase Chain Reaction) e iniciado novo tratamento. O parto foi normal com 38 semanas e o recém-nascido nasceu com severo quadro anêmico (Hb 9,4 g/dL) e ictérico com valores de bilirrubina total de 20 mg/dL. Explique o resultado do teste de avidez obtido e o tratamento inicial adotado pelo médico e o tratamento introduzido depois, quando os resultados de exames pouco se alteraram. Correlacione o quadro anêmico e ictérico com o tratamento realizado na mãe. SOBRE O CASO… Exames Laboratoriais: na sorologia tanto IgM quanto IgG estão reagentes, então como a paciente ainda está na 12ª semana de gestação, é importante solicitar o teste de avidez de IgG para verificar a fase da doença. O teste de avidez tem como resultado “baixa avidez” o qual indica baixa memória imunológica e, portanto, infecção recente. Feita a amniocentese, o PCR tem resultado positivo, indicando que houve infecção fetal. Tratamento: ● Iniciar o tratamento com a Espiramicina é realmente o mais adequado, pois até a 18ª semana de gestação é o fármaco de escolha. ● O problema é que a gestante demora muito tempo para voltar para o retorno com o médico, então não houve a troca do esquema terapêutico no momento adequado, que seria na 18ª semana. ● Confirmada a infecção do feto, houve a troca para o esquema tríplice, que foi mantido até o momento do parto - o que é inadequado, considerando que deveria ter retomado a espiramicina na 33ª semana. Consequências: ● Anemia → depressão medular causada pela Pirimetamina ● Icterícia → deslocamento de bilirrubina causado pela Sulfadiazina ○ As sulfonamidas, de maneira geral, tem alta afinidade pela albumina, então elas deslocam a bilirrubina, deixando-a livre no plasma, o que no RN leva ao desenvolvimento da icterícia. *Obs: é muito importante orientar a paciente sobre os retornos para acompanhamento da possível infecção fetal e para os ajustes de medicamento, porque quando esse acompanhamento não é feito de maneira adequada o tratamento é feito de forma inadequada, o que aumenta o risco de complicações decorrentes do próprio tratamento, por exemplo a anemia e a icterícia, que pode se acentuar de tal maneira que acaba levando ao desenvolvimento de encefalopatia bilirrubínica/kernicterus. **Obs 2: paciente com IgG e IgM reagentes a gente entra com Espiramicina imediatamente até o resultado da avidez. Vindo alta avidez de IgG, a gente sabe que a infecção foi há mais de 04 meses, a conduta é repetir a sorologia. Se nas próximas semanas amostras ocorrer a soroconversão (aumento de IgG e redução de IgM) a gente pode suspender a Espiramicina e seguir com acompanhamento. ***Obs 3: pela nova diretriz a gente não deve voltar o uso da Espiramicina a partir da 33ª semana, vai seguir com o esquema tríplice até o fim da gestação.
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