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RASTREAMENTO ATUAL DO CÂNCER DE MAMA Dr. Giuliano Tosello 8º termo - 2021.2 INTRODUÇÃO ● Rastreamento ⇒ buscar indícios de uma doença em um paciente assintomático. ● O objetivo do rastreamento é possibilitar o diagnóstico precoce da doença, o que nos permite um tratamento menos mórbido e reduz a mortalidade. ● O sucesso do rastreamento depende, primeiramente, do acesso ao exame de rastreio e, posteriormente, do acesso ao diagnóstico e tratamento. ○ Ter acesso à mamografia e não ter acesso à core biopsy rapidamente para confirmação ou não ter acesso ao tratamento adequado é a mesma coisa que nada. Se a paciente não é diagnosticada e tratada adequadamente, todo o dinheiro investido no rastreamento pela mamografia é jogado fora, porque não vai haver redução da morbimortalidade. PRINCÍPIOS DO RASTREAMENTO O rastreamento do CA de mama é feito pela mamografia, através da qual são identificáveis lesões menores do que 2 centímetros, que passam despercebidas ao exame físico. ● Mamografia → detecta lesões menores do que 02 cm ● Palpação das mamas pelo médico → depende de outros fatores, mas no geral são lesões entre 02 e 03 cm ● Autoexame das mamas → quando a lesão se torna palpável pela própria paciente, é porque ela já está muito aumentada, inclusive com maiores chances de disseminação. PROGNÓSTICO São dois fatores principais que ditam o prognóstico do CA de mama, o primeiro é o estadiamento, o segundo é o perfil imunohistoquímico. Estadiamento TNM: ● O CA de mama é estadiado, assim como os demais cânceres, pelo método TNM ➢ T = tamanho, N = invasão de linfonodos regionais e M = metástases à distância. ● De acordo com o TNM, existe a classificação em 05 estágios, sendo que o estágio 0 equivale à doença na fase mais inicial possível, normalmente os carcinomas in situ, e com o melhor prognóstico, enquanto o estágio 4 se refere à doença disseminada, já com presença de metástases à distâncias. ● Para pacientes no estágio 0 da doença, a sobrevida é 100% em 05 anos, enquanto no estágio 4 é pouco mais de 20%. Perfil Imunohistoquímico: ● Diante da suspeita de CA de mama, através da mamografia ou do exame clínico, o que vai confirmar a hipótese é o anatomopatológico através da análise de fragmentos coletados na biópsia da lesão. ● Confirmada a existência do câncer, é feito o perfil imunohistoquímico, que através de alguns testes/reações vai classificar esse câncer em 04 diferentes grupos de acordo com a genética do próprio tumor (independe da genética da paciente): (não precisa decorar) ○ Luminal A ○ Luminal B ○ HER2+ ○ TN ● Por conta dessa variação imunohistoquímica, tumores do mesmo tamanho, com o mesmo estadiamento, podem ter prognóstico totalmente diferentes. *Obs: o CA de mama tem preferência por metástases em ossos, fígado, pulmão e SNC, nesta ordem. BENEFÍCIOS X MALEFÍCIOS DO RASTREAMENTO Benefícios: ● Diminuição da mortalidade por CA de mama ● Diminuição da morbidade do tratamento Malefícios: ● Custo ● Falsos positivos ● Ansiedade, dor e desconforto ● Overdiagnosis/Overtreatment → pacientes de idade mais avançada que recebem tratamento muito agressivos por conta de um diagnóstico errado EFETIVIDADE DA MAMOGRAFIA Estudos apontam que a taxa de mortalidade é efetivamente reduzida quando mais de 70% da população de rastreio faz a mamografia. Infelizmente, no Brasil, mais de 75% das mulheres que deveriam fazer mamografia, não o fazem. ORIENTAÇÕES PARA O RASTREAMENTO !!! Entidades Médicas: CBR, SBM e FEBRASGO ● 40-74 anos ● Anualmente Organizações Governamentais: INCA e Ministério da Saúde ● 50-69 anos ● A cada 02 anos *Obs: na prova vai ser dado qual é a referência (ex: recomendação de rastreio segundo as entidade médicas), precisa saber os dois. MAMOGRAFIA - TÉCNICA É um exame de RX com um compressor que vai achatar a mama, distribuindo o tecido mamário. Incidências: 02 para cada mama ● Crânio-caudal (CC) ● Médio-lateral-oblíqua (MLO) PERFIL EPIDEMIOLÓGICO O BR e a américa latina apresentam perfis epidemiológicos diferentes do restante do mundo, com uma incidência maior do CA de mama em pacientes com menos de 50 anos. SENSIBILIDADE Quanto maior a idade da mulher, maior é a sensibilidade da mamografia. ● A mulher ao longo da vida vai sofrendo um processo de involução mamária, chamamos de lipossubstituição, que consiste no processo de substituição do tecido mamário por gordura. ● Na mamografia, o tecido gorduroso é preto, o tecido mamário (fibroglandular) é branco e as lesões são também brancas. ● Observar uma lesão em um tecido mamário muito denso é difícil, pois a lesão e o tecido aparecem brancos na imagem, então as lesões passam facilmente despercebidas, logo, a sensibilidade do exame diminui. ○ É por isso que não fazemos mamografia em mulheres jovens, pois o tecido mamário ainda é muito denso. Nessas pacientes, o ideal é solicitar US. ● Conforme o tempo vai passando, o tecido gorduroso vai tomando o lugar do tecido mamário, então começa a prevalecer a imagem mais escura/preta, o que torna a lesão facilmente visualizável, aumentando a sensibilidade do exame. Ou seja, quanto mais gordurosa a mama, maior a sensibilidade da mamografia. ASSOCIAÇÃO DE MÉTODOS Existem métodos de exame que podem ser associados entre si, visando uma melhora da sensibilidade do diagnóstico: mamografia, tomossíntese, ultrassonografia e ressonância. ● Mamografia isolada: diagnóstico de 4-6 dos casos de câncer em 1000 pacientes ● Mamografia + Tomossíntese: diagnóstico de 7-10 dos casos de câncer em 1000 pacientes. ● Mamografia + US: diagnóstico de 6-10 dos casos de câncer em 1000 pacientes. ● RNM: diagnóstico de até 16 dos casos de câncer em 1000 pacientes. Rotineiramente, o método utilizado para rastreamento do CA de mama é a mamografia. Os demais métodos tornam-se uma opção apenas em situações especiais quando há dúvida no diagnóstico ou história familiar múltipla de CA, sendo considerada paciente de alto risco, ou ainda quando a mama é muito densa, dificultando a visualização na mamografia. *Obs: tomossíntese → é uma “mamografia melhorada” porque é feita em cortes, é semelhante à tomografia. **Obs 2: a RNM não substitui a mamografia, porque apesar de ser um exame de alta resolução, não é o método de imagem mais adequado para visualização das calcificações mamárias, as quais também podem determinar um CA de mama. CONCLUSÃO ➢ O rastreamento com a mamografia só reduz a morte por CA de mama quando atinge 70% ou mais da população alvo. ➢ Devido ao perfil epidemiológico do câncer de mama no Brasil, o rastreamento preferencialmente deve ser iniciado antes dos 50 anos e realizado anualmente. ➢ A mamografia torna-se mais eficaz a partir dos 50 anos, a partir de então pode ser realizada a cada 02 anos. ➢ O rastreamento em mulheres com mamas densas é mais eficaz quando associado a US ou tomossíntese. ➢ Pacientes de alto risco devem fazer uso da RNM no rastreamento.
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