Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Gabriela Veras | Medicina Veterinária - UECE 2021 FARMACOLOGIAFARMACOLOGIA Apostila Versão Gratuita Este documento foi elaborado por mim, Gabriela, aluna do 6° semestre de Medicina Veterinária, na Universidade Estadual do Ceará - UECE. Essa apostila foi feita com base nas anotações de aula e no livro de Farmacologia Aplicada à Medicina Veterinária - H. S. Spinosa. APRESENTAÇÃO Para adquirir a apostila completa, entre em contato comigo através do meu instagram profissional, descrito a seguir. GABIVERAS.VET Ao final de cada capítulo, há um questionário a respeito do conteúdo da apostila cujo gabarito estará disponível na versão completa. 1) Introdução à farmacologia................................................................................................... 1 Conceitos Farmacológicos Vias de Administração Toxicologia Farmacológica Interações de Fármacos Exercícios de Fixação 2) Sistema Nervoso Autônomo................................................................................................ 9 Revisão do Sistema Nervoso Autônomo Sistema Nervoso Adrenérgico Agonistas Adrenérgicos Antagonistas Adrenérgicos Revisão do Sistema Nervoso Colinérgico Receptores Colinérgicos Agonistas Colinérgicos Antagonistas Adrenérgicos 3) Anestésicos Anestésicos Locais Propriedades Gerais dos Anestésicos Locais Pré-Anestésicos Anestésicos Gerais Anestésicos Dissociativos Anestésicos Inalatórios 4) Sistema Gastrointestinal Revisão dos mecanismo da secreção gástrica Antiácidos Pró-Eméticos Antieméticas 5) Drogas Antiinflamatórias Revisão dos mecanismos da inflamação Drogas antiinflamatórias não-esteroides - DAINES Corticosteroides (Glicocorticoides) 6) Drogas Antibióticas Introdução Inibidores da Síntese da Parede - Beta-Lactâmicos (Penicilinas, Cefalosporina, Carbapenêmicos e Monobactâmicos) - Não Beta-Lactâmicos (Bacitracina, Vancomicina, Cicloserina) Inibidores da Síntese Proteica - Tetraciclinas, Aminoglicosídeos, Cloranfenicol, Macrolídeos, Lincosamidas SUMÁRIO 7) Drogas Antifúngicas Revisão da Morfologia dos Fungos Derivados Poliênicos Derivados Azólicos Derivados Alilamínicos Derivados Morfolínicos Equinocandinas 8) Farmacologia dos Diuréticos Diuréticos de Alça Diuréticos Inibidores da Anidrase Carbônica Diuréticos Tiazídicos Diuréticos Osmóticos Diuréticos Poupadores de Potássio SUMÁRIO Atenção! Esse é sumário da versão completa da apostila. O conteúdo da versão gratuita abrange o primeiro capítulo e metade do segundo. A Farmacologia pode ser definida como a ciência que estuda a ação de substâncias químicas em um organismo vivo. Assim, faz parte do escopo da Farmacologia o conhecimento a respeito de origem, propriedades físico-químicas, absorção, distribuição, mecanismo de ação, biotransformação e eliminação, bem como os usos e efeitos destas substâncias químicas no organismo animal. Taquifilaxia: ocorre de forma aguda, sendo mais observada em experimentos in vitro, onde um fármaco interage com uma molécula-alvo e gera uma resposta farmacológica. Ao aumentar a dose do fármaco, a resposta também será aumentada, porém, em determinado momento, mesmo aumentando a dose do fármaco, não haverá mais nenhuma resposta farmacológica, devido à saturação ou até mesmo a destruição das moléculas-alvo. Tolerância: ocorre quando o organismo fica mais resistente ao fármaco devido à cronicidade de seu uso. Indivíduos que usam de forma crônica drogas anti-hipertensivas podem apresentar tolerância a esse medicamento em algum momento. Isso ocorre porque a molécula-alvo, ao longo do tempo, vai mudando sua conformação até chegar ao ponto de não reconhecer mais a droga. Taquifilaxia x Tolerância Introdução à Farmacologia É o estudo do mecanismo de ação do fármaco. Ou seja, é a maneira que o fármaco interage no organismo e produz uma resposta farmacológica. Tipos de Molécula-Alvo A taquifilaxia e a tolerância são fenômenos que ocorrem quando o organismo se acostuma com determinada substância. A molécula alvo deixa de ficar responsiva à ligação com uma determinada droga. 2. FARMACOCINÉTICA CONCEITOS FARMACOLÓGICOS 1. FARMACODINÂMICA Resposta Farmacológica A resposta farmacológica é o resultado da interação entre a droga e sua molécula alvo. A interação droga + molécula alvo é altamente específica, de forma que, a mesma droga ao interagir com uma molécula alvo diferente, irá produzir uma resposta farmacológica totalmente diferente. A noradrenalina O neurotransmissor noradrenalina quando interage com o seu adrenoceptor α1, aumenta a resistência periférica. O mesmo neurotransmissor ao interagir com o receptor β1, aumenta o débito cardíaco. De mesmo modo, ao interagir com adrenoceptor α2, bloqueia sua própria exocitose, antagonizando sua própria ação. Receptores (mais abundantes): adrenorreceptores, colinoceptores etc; Enzimas: acetilcolinesterase, cicloxigenases, fosfolipase A2 Canais iônicos: canais de Na, canais de K, canais de cálcio etc; Moléculas transportadoras: bomba de prótons É o estudo dos processos que o fármaco sofre ao percorrer o organismo. Desde o processo de absorção até sua excreção. Absorção O processo de absorção pode ser definido como a quantidade de fármaco que sai do seu local de administração e chega na corrente sanguínea. Por exemplo, ao aplicar um fármaco por via endovenosa, seu percentual de absorção será de 100%, visto que este não irá precisar passar por nenhuma barreira para ser absorvido. Desta forma, o fármaco alcança a absorção total ao ser aplicado diretamente na corrente sanguínea. Meia Vida Plasmática (t 1/2) A meia vida plasmática é o tempo necessário para que a concentração plasmática do fármaco caia pela 1 O período de latência é o intervalo entre o momento da administração do fármaco até sua resposta farmacológica. Em outras palavras, é o tempo que o fármaco vai levar para encontrar a sua molécula alvo. Quanto maior for a lipossolubilidade e capacidade de ligação às proteínas plasmáticas de um fármaco, maior será seu período de latência, pois haverá um retardo da ligação entre o fármaco com a sua molécula alvo. Ou seja, quanto maior o período de latência, mais tardia será a resposta farmacológica pelo organismo, visto que o fármaco estará aderido aos tecidos e às proteínas plasmáticas, dificultando sua interação com a sua respectiva molécula-alvo, o que retarda a resposta farmacológica. metade. Por exemplo, um fármaco que é administrado por via endovenosa tem sua absorção de 100%, se após duas horas for possível mensurar que 50% do fármaco ainda está na corrente sanguínea, a meia vida plasmática desse fármaco será de duas horas. degradação por essas proteínas plasmáticas no momento que forem absorvidas. Dessa forma, a biodisponibilidade sempre será inferior à absorção, mesmo que o fármaco seja administrado por via endovenosa. Período de Latência A biodisponibilidade é a quantidade de fármaco que está livre (biodisponível) para interagir com sua molécula-alvo e produzir uma resposta farmacológica. É importante distinguir a biodisponibilidade e absorção de um fármaco, uma vez que se um fármaco for administrado por via endovenosa, será 100% absorvido, porém este não estará 100% disponível para interagir com a sua molécula-alvo, visto que o fármaco pode sofrer Biotransformação (metabolização) Lipossolubilidade: quanto maior for a lipossolubilidade de um fármaco, maior será sua distribuição pelos tecidos Ligação à proteínas plasmáticas: quanto maior for a capacidade de ligação do fármaco às proteínas plasmáticas, melhor também será sua distribuição. A distribuição é o percurso que o fármaco deve sofrer após o seu processo de absorção. Uma vez na corrente sanguínea, o fármaco poderá atingir qualquer sítio anatômico. A distribuição do fármaco pelo organismo é dependente de algumas propriedadesdo próprio fármaco, tal como sua: Distribuição Biodisponibilidade O processo de biotransformação compreende as alterações químicas que os fármacos sofrem no organismo. Em outras palavras, é uma transformação na estrutura química do fármaco, com o objetivo de converter um fármaco lipossolúvel em hidrossolúvel para assim ser excretado mais facilmente. Nem sempre os fármacos sofrem metabolização total, podendo ser excretado parcialmente ou quase na totalidade sem modificação na sua estrutura química. O processo de biotransformação acontece geralmente no fígado, e é dividido em duas fases: fase 1 e fase 2. A fase 1 está relacionada com os processos de oxidação, redução e hidrólise. Já a fase 2 está envolvida com o processo de conjugação. Geralmente os fármacos passam pelas fase 1 e em seguida pela fase 2, todavia, existem fármacos que passam diretamente para a fase 2, como no caso de fármacos com alta lipossolubilidade. FASE 1 FASE 2 Oxidação Redução Hidrólise Conjugação A A. Fármaco lipossolúvel que passa direto para a fase 2 da biotransformação.. B. Fármaco que geralmente passa pelas fases 1 e 2 da biotransformação. Após a fase 1, o fármaco pode ser ativado, permanecer inalterado ou com mais frequência, inativado. O fármaco conjugado geralmente é inativo. B 2 Oxidação O sistema enzimático mais importante da fase I da biotransformação é o citocromo P-450 (CYP450), uma superfamília microssômica de isoenzimas (presente em todas as células eucarióticas) que catalisam a oxidação de muitos fármacos. Por esse motivo, o processo de oxidação também é chamado de sistema microssomal (P450). Família P-450 1 Família P-450 2 Família P-450 3 Gene CYP-1 Gene CYP-2 Gene CYP-3 Família CYP-1 Família CYP-2 Família CYP-3 Esse sistema enzimático possui 3 principais famílias de enzimas: 1. 2. 3. Esse sistema possui uma grande heterogeneidade estrutural, pois possui em suas famílias, um grande número de enzimas estruturalmente diferentes. Por outro lado, o Sistema Microssomal possui uma grande homogeneidade genética, visto que poucos genes estão envolvidos na formação dessas enzimas. Há 3 genes envolvidos, um para cada família: 1. 2. 3. Como as famílias dessas enzimas estão diretamente relacionadas com o gene que as formam, houve uma atualização de nomenclatura, onde o nome dessas famílias foram substituídos por seus respectivos genes. Dessa forma, as famílias passaram a ser chamadas de: 1. 2. 3. Dessa forma o paracetamol será biotransformado mais rápido e consequentemente eliminado mais rápido. Em outras palavras, o omeprazol pode produzir um antagonismo farmacocinético com o paracetamol. Fatores xenobióticos (condições externas que alteram condições internas) ou drogas podem induzir a expressão de determinados genes do Sistema Microssomal. Dentre esses, pode-se destacar: Conjugação Indutores Prováveis No processo de conjugação, o fármaco vai se conjugar principalmente com o ácido glicurônico e formar um complexo: droga + ácido glicurônico. Uma enzima denominada glicuronil-transferase quebra o complexo resultante dessa conjugação em compostos menores (metabólitos), que recebem o nome de glicuronídeos. Estes então, serão eliminados por suas respectivas vias de excreção. Dependendo da droga, os metabólitos gerados no processo de conjugação podem ser ativos ou inativos. No caso de uma pró-droga, alguns metabólitos podem ser ativos. 3 Cafeína + Cigarro Indivíduos fumantes geralmente ingerem mais quantidade de café porque a fumaça do cigarro possui substâncias capazes de aumentar a expressão do gene CYP1. Quanto maior for a expressão desse gene, maior será a síntese da enzima CYP1A2. Isso implicará na rápida biotransformação da cafeína, de forma que o indivíduo sentirá a necessidade de uma maior frequência na ingestão do café. O omeprazol é capaz de aumentar a expressão do gene CYP1, e este aumenta a síntese da enzima CYP1A2, responsável por aumentar a velocidade de biotransformação do paracetamol. Fármacos que não sofrem biotransformação: fármacos que da mesma forma que são absorvidos, são excretados, sem sofrer nenhuma alteração. Exemplo: as Penicilinas da série G (benzetacil) Fenilbutazona A fenilbutazona é uma droga/pró-droga, capaz de interagir com as enzimas cicloxigenases e controlar a síntese de prostanóides. Porém, ao se conjugar com o ácido glicurônico e ser quebrado pela enzima glicuronil-transferase em metabólitos menores, pode ser destacado um importante metabólito ativo, a oxifebutasona. Felinos e a Glicuronil-Transferase Os felinos de todas as idades e os recém nascidos de diversas espécies não conseguem produzir em quantidade suficiente a enzima glicuronil transferase, de modo a prejudicar a quebra do complexo droga+ácido-glicurônico, resultante da conjugação. Dessa forma, esses animais correm mais risco de sofrerem intoxicação por fármacos que são dependentes do processo de conjugação. Classificação dos Fármacos Os fármacos podem ser classificados com relação á sua biotransformação em:Omeprazol + Paracetamol Vantagens: maior biodisponibilidade já que o fármaco é 100% absorvido, possibilidade de administrar um grande volume do fármaco e curto período de latência, visto que o fármaco já está na corrente sanguínea e deve ser distribuído mais rapidamente Desvantagens: dificuldades de reverter casos de iatrogenia; maior risco de infecções de microrganismos presentes na superfície da agulha ou da pele, podendo causar sepse; riscos de flebite (inflamação na parede do vaso) ex: anfotericina B; múltiplas lesões na pele causada por agulha em caso de dificuldades de localização da veia; necessidade de um indivíduo com treinamento mínimo para realizar a administração dos fármacos. Vias Parenterais Via Endovenosa Fármacos que são extensivamente biotransformados: a maioria dos fármacos compõe essa categoria. São extensivamente biotransformados de modo que são excretados em forma de metabólitos quase em sua totalidade . Fármacos que sofrem biotransformação parcial: são fármacos que podem ser eliminados tanto em forma de metabólitos como também em sua forma ativa. Por exemplo: a Anfotericina b, um antifúngico, é 95% é excretado por via renal, através de metabólitos inativos, e 5% excretado em sua forma ativa, sem sofrer biotransformação. Pró-droga: é um fármaco que não possui uma atividade farmacológica definida, entretanto, quando sofre biotransformação gera um metabólito ativo. Exemplo: o Protozil ao ser biotransformado, gera um metabólito ativo, a sulfonamida, esta por sua vez é quem vai gerar a atividade farmacológica associada à pró-droga. Droga/pró-droga: fármaco que já possui uma atividade farmacológica definida, mas ao sofrer biotransformação, é capaz de gerar um metabólito ativo que também produzirá uma resposta farmacológica. Ex: Espironolactona características físico-químicas do medicamento (se é resistente à hidrólise em meio ácido etc.), entre outros. Dessa forma, a seguir, está listado as principais vias de administração com suas respectivas vantagens e desvantagens. Via Oral 4 Efeito de Primeira Passagem Efeito de primeira passagem é o percurso que o fármaco faz antes de sofrer sua absorção sistêmica, ou seja, ao ser administrado por via oral, o fármaco antes mesmo de sofrer absorção sistêmica, pode cair no sistema porta hepático e parte dele é biotransformado (degradado), antes mesmo de se tornar biodisponível, diminuindo assim sua absorção. Isso depende da natureza química do fármaco. Em casos de necessidade em administrar o fármaco que sofre efeito de primeira passagem por via oral, podem ser adotados algumas estratégias para driblar esse efeito, como administrar o fármaco juntamente com algum alimento, onde o efeito de primeira passagem vai ser diminuído, melhorando sua absorção. Vias de Administração Na escolha da via de administração de um medicamento, devem se considerar vários fatores como: a necessidade de efeito sistêmico ou localizada, período de latência (curto ou longo), Vantagens: maior controle da quantidade de fármaco administradaem casos de iatrogenia, de forma a reverter os casos de overdoses por indução do vômito ou uso de laxativos; etc. Desvantagens: o fármaco pode sofrer efeito de primeira passagem; degradado na microbiota ruminal e perder sua capacidade de biodisponibilidade; sofre ações do sulco gástrico (penicilinas da série G); etc. Vantagens: o período de latência também é curto; Desvantagens: limite de volume, visto que se Via Intramuscular Vantagens: utilizado quando é necessário a administração de um fármaco que é incapaz de atravessar a barreira hemato-encefálica, sendo aplicado diretamente no SNC. Desvantagens: riscos de lesões e infecções no sistema nervoso central Via Intratecal 5 Vantagens: uso em testes alergênicos ou aplicação de algumas vacinas. Desvantagens: comporta pouco volume e pouco espaço para aplicação. Via Intradérmica Vantagens: possibilidade de aplicar o medicamento diretamente no sítio anatômico desejado. Desvantagens: o fármaco sofre pouca ou nenhuma absorção. Vias Tópicas Ex: cremes, pomadas, colírios, soluções nasais e auriculares. administrado um grande volume, pode causar necrose tecidual; riscos de lesionar nervos e tendões. Vantagens: comporta um maior volume de líquido comparado à via intramuscular; mais fácil aplicação comparado com a intramuscular e endovenosa. Desvantagens: risco de abscesso; mais desconforto ao indivíduo por ser bastante inervada. Via Subcutânea Vantagens: aumento da biodisponibilidade do fármaco no local desejado. Desvantagens: risco de lesão e exigência de conhecimentos técnicos e práticos para realizar a aplicação. Via Intra-articular Vantagens: alternativa para evitar a via oral de indivíduos que estão com episódios de êmese ou lesões gástricas, na qual as outras vias não Via Retal 6 Estuda os efeitos indesejados causados pelos fármacos, que podem ser efeitos colaterais ou adversos. se adequam. Também é uma alternativa para evitar o efeito de primeira passagem de determinado fármacos. Desvantagens: a absorção é inconsistente e baixa; os tutores são mais resistentes à esse método Efeitos Colaterais São considerados efeitos colaterais de um fármaco, quando existe uma correlação desse efeito indesejado com a farmacodinâmica do fármaco, ou seja, com seu mecanismo de ação. USO DA ASPIRINA Durante o uso do acetil salicílico (aspirina) é compreensível o surgimento de gastrite no indivíduo, visto que este fármaco, ao inibir a síntese de prostanóides, vai diminuir a citoproteção gástrica aumentando também a síntese de ácido clorídrico, contribuindo para o desenvolvimento da gastrite. Dessa forma o efeito indesejado é do tipo colateral, pois é possível associá-lo com o mecanismo de ação do fármaco. Efeitos Adversos São os efeitos indesejados causados por fármacos, na qual não há uma correlação entre esses efeitos indesejados e a farmacodinâmica do fármaco. Margem de Segurança É o intervalo existente entre a dose terapêutica e a dose tóxica. Quanto maior for a margem de segurança menor será a frequência de efeitos indesejados, de mesmo modo, quanto menor for a margem de segurança, maior será a frequência dos efeitos indesejados. Iatrogenia É um erro de manipulação do fármaco que gera efeitos indesejados. Pode ser causada por algum erro médico, ao aplicar uma overdose de determinado fármaco, como também pode ser causado pela sensibilidade do indivíduo ao fármaco. Glicocorticóides Alguns glicocorticoides, mesmo sendo usado em concentrações terapêuticas, podem causar efeitos indesejados, como a diabetes iatrogênica em indivíduos sensíveis a esse tipo de medicamento. Efeito Rebote Ocorre quando o fármaco causa um efeito contrário à proposta do medicamento, o que na sua maioria está diretamente relacionado com os efeitos indesejados. Um exemplo clássico de efeito rebote é o congestionamento nasal constante decorrente do uso de soluções nasais para o tratamento do próprio congestionamento nasal. INTERAÇÕES DE FÁRMACOS TOXICOLOGIA FARMACOLÓGICA As interações medicamentosas podem aumentar ou diminuir os efeitos de um ou ambos os fármacos. Diante disso, os fármacos podem sofrer sinergismos ou antagonismos. Sinergismo Ocorre quando há a junção de dois ou mais fármacos que resulta no aumento da resposta farmacológica de forma positiva, ou seja, o efeito resultante é maior do que a simples soma dos efeitos isolados de cada um deles. Antagonismo Ocorre quando há a junção de dois ou mais fármacos que resultará em uma resposta farmacológica prejudicada. Dessa forma o antagonismo farmacológico pode ser subdividido em antagonismo não-competitivo e antagonismo competitivo. Antagonismo Não-Competitivo Ocorre quando a interação entre os fármacos não causa uma competição destes pela mesma molécula alvo, todavia, é possível ser observado um prejuízo na resposta farmacológica. Existe 4 formas de antagonismo não-competitivo: antagonismo fisiológico, antagonismo químico, antagonismo farmacocinético e antagonismo propriamente dito. Antagonismo Fisiológico: ocorre quando há uma interação entre diferentes fármacos, que 7 agem em moléculas-alvo diferentes, todavia, produzem respostas farmacológicas diferentes que se anulam. Tetraciclina vs Cálcio A tetraciclina têm uma grande afinidade pela molécula de cálcio. Dessa forma, se forem administrados juntos por via oral, haverá uma interação entre o cálcio e a tetraciclina, formando uma estrutura quelante, (macromolécula) que implicará na diminuição da porção livre da tetraciclina, prejudicando assim sua absorção e consequentemente sua resposta farmacológica. Nifedipina vs Noradrenalina A associação entre a nifedipina e a noradrenalina resultará em prejuízo na resposta farmacológica da noradrenalina. Isso porque a nifedipina é um antagonista de cálcio, na qual bloqueia o canal de cálcio e consequentemente impede a exocitose da noradrenalina, visto que esta necessita de cálcio para ser liberada de sua vesícula de estoque e conseguir interagir com a sua molécula alvo. Dessa forma, a nifedipina irá produzir um antagonismo não competitivo propriamente dito com a noradrenalina. Antagonismo Competitivo No antagonismo competitivo, as drogas sempre estarão competindo pela molécula alvo. Há dois tipos de antagonismo competitivo, o reversível e o irreversível. Antagonismo Competitivo Reversível: ocorre quando é possível reverter o efeito farmacológico. Para reverter a resposta farmacológica, é necessário aumentar a quantidade de um determinado agonista. Por exemplo, o propranolol é um antagonista adrenérgico dos adrenoceptores do tipo β. Para que haja a reversão do efeito farmacológico do propanolol, faz-se necessário aumentar a concentração do agonista adrenérgico, a isoprenalina, por exemplo. A isoprenalina, uma vez aumentada sua concentração, irá deslocar o propranolol do adrenoceptor e ocupar o seu lugar, de forma a exercer sua resposta farmacológica. A ligação do antagonista com a molécula alvo é fraca, por isso que ao aumentar as concentrações do agonista, é possível deslocar o propranolol dos adrenoceptores. Antagonismo Competitivo Irreversível: não é possível reverter o efeito farmacológico, mesmo que haja um aumento da concentração do agonista. Isso acontece porque a ligação do antagonista com a molécula-alvo é covalente, uma ligação forte, que impede que este seja deslocado pelo agonista. A metisergida, por exemplo, apresenta um antagonismo competitivo do tipo irreversível com a serotonina. Em uma determinada concentração, Noradrenalina vs Histamina A noradrenalina quando interage com o seu receptor do tipo α1, causa vasoconstrição, ao passo que a histamina quando interage com seu receptor H1, causa vasodilatação. A associação entre esses dois fármacos causará uma anulação da resposta farmacológica de ambos. Antagonismo Químico: ocorre quando há uma associação de dois fármacos, na qual um diminui a porção livre do outro, prejudicando dessa forma, o processo de absorção de um destes fármacos. Antagonismo Farmacocinético: ocorre quando há uma associação entre dois fármacos que pode resultarem um aumento da biotransformação ou velocidade de excreção do outro fármaco. Dessa forma, também é considerado antagonismo farmacocinético a associação entre dois fármacos em que um diminui a absorção do outro, como no caso do antagonismo químico. Fenobarbital vs Amônia O fenobarbital se associado com a amônia, aumentará a biotransformação desta. Quanto maior for a biotransformação da amônia, mais rápido será seu processo de excreção. Antagonismo Propriamente Dito: ocorre quando um fármaco interfere em uma das etapas do mecanismo de ação de outro fármaco. 8 a metisergida já ocupou todas as moléculas- alvo, o que garante 100% da resposta farmacológica desta. Se aumentar a concentração do agonista, no caso a serotonina, irá ocorrer um bombardeio na molécula alvo, na tentativa de deslocar o antagonista, causando uma descaracterização (alteração na estrutura) da molécula alvo. O resultado é que nem o antagonista nem o agonista irá produzir uma resposta farmacológica. EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO Diferencie farmacodinâmica de farmacocinética Quais os tipos de moléculas-alvo? Qual a porcentagem de absorção de um fármaco que foi administrado por via endovenosa? Qual é a meia vida plasmática de um fármaco que foi administrado por via endovenosa às 13:00h e às 16:00h teve sua concentração plasmática caída pela metade? Cite dois importantes fatores que retardam a ligação do fármaco à sua molécula-alvo. A biodisponibilidade de um fármaco sempre será inferior à sua absorção? Por quê? A respeito do processo de biotransformação dos fármacos, o que caracteriza o processo de conjugação? Qual a relação da intoxicação com indivíduos que não conseguem produzir em quantidade suficiente a enzima glicuronil transferase? Que medida pode ser tomada diante de um fármaco que sofre efeito de primeira passagem? Qual a diferença de efeito colateral para efeito adverso? Qual a relação dos termos margem de segurança e efeitos indesejados? A respeito das interações de fármacos, qual a diferença do antagonismo não-competitivo para o não-competitivo? Cite um exemplo de antagonismo não-competitivo. Qual a diferença do antagonismo competitivo reversível para o irreversível? Cite um exemplo de um antagonismo competitivo reversível. 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. ANOTAÇÕES ..... Sistema Nervoso Autônomo O sistema nervoso é dividido em sistema nervoso central, que é constituído pelo encéfalo e medula espinhal e o sistema nervoso periférico, que por sua vez é dividido em sistema nervoso somático e sistema nervoso autônomo. um neurotransmissor, a acetilcolina (ACh), que interage com os receptores nicotínicos e as fibras pós-ganglionares liberam noradrenalina (NE), o neurotransmissor protótipo (agonista) do sistema nervoso adrenérgico. REVISÃO Controle da musculatura lisa; Modulação de secreções exócrinas; Modulação dos batimentos cardíacas. Funções Gerais O sistema nervoso autônomo tem a função de fazer a conexão do sistema nervoso central com o organismo inteiro através das fibras pré e pós ganglionares. Dentre suas principais funções, podemos citar: 2.Glândulas sudoríparas: na inervação das glândulas sudoríparas, a fibra pós ganglionar libera acetilcolina ao invés de noradrenalina. SISTEMA NERVOSO COLINÉRGICO As fibras pré-ganglionares do Sistema Nervoso Parassimpático partem do segmento cranial (encéfalo) e do sacro (porção final da medula espinhal), por esse motivo é também chamado de Sistema Nervoso Crânio Sacral. 9 2 Local de saída das fibras pré e pós ganglionares Localização dos gânglios Tamanho das fibras pré e pós ganglionar Agonista modelo (neurotransmissor protótipo) Sistema Nervoso Simpático vs Parassimpático O sistema nervoso autônomo se divide em Sistema Nervoso Simpático (SNS), também chamado de adrenérgico, e Sistema Nervoso Parassimpático (SNP), também chamado de colinérgico. Há critérios para a distinção dos SNS e SNP: SISTEMA NERVOSO ADRENÉRGICO As fibras pré- ganglionares do Sistema Nervoso Simpático partem do segmento torácico e lombar da medula espinhal, por esse motivo também pode ser chamado de Sistema Nervoso Toracolombar. Os gânglios estão bem próximos ao local de saída das fibras pré-ganglionares, distribuídos em cadeias ao lado da coluna vertebral (cadeia ganglionar paravertebral). Por consequência, o tamanho das fibras pré-ganglionares são menores, visto que os gânglios estão localizados próximo à coluna vertebral. Já a fibra pós ganglionar será mais longa. As fibras pré ganglionares liberam um SNC . ACh NE ÓRGÃO EFETOR SISTEMA NERVOSO SIMPÁTICO Glândulas adrenais: as glândulas adrenais são inervadas diretamente pela fibra pré ganglionar, com ausência da fibra pós ganglionar. O motivo para isso é que a medula das glândulas adrenais já produzem adrenalina, tornando desnecessário a liberação de neurotransmissores adrenérgicos nesse sítio anatômico. Obs: o sistema nervoso simpático possui duas exceções com relação às fibras pré e pós ganglionares. 1. .. SNC . ACh INERVAÇÃO DA MEDULA NAS GLÂNDULAS ADRENAIS ..... SNC . ACh INERVAÇÃO DAS GLÂNDULAS SUDORÍPARAS ACh α1 (AD ≥ NA > ISO): A adrenalina tem maior ou igual afinidade por esse receptor que a noradrenalina, e esta por sua vez, tem mais afinidade que a isoprenalina. Este adrenoceptor está distribuído principalmente na musculatura lisa de vasos sanguíneos de pequeno calibre e trato gastrointestinal, causando vasoconstrição e relaxamento muscular respectivamente. α2 (AD ≥ NA; ISO=0: A adrenalina tem maior ou igual afinidade por esse receptor que a noradrenalina, enquanto que a isoprenalina não tem afinidade nenhuma. Este adrenoceptor está presente na fenda pré-sináptica e ao interagir com seu agonista, produz uma atividade simpaticolítica, de forma que inibe sua própria liberação. β1 (ISO > AD=NA): A isoprenalina tem mais afinidade por esse receptor que a adrenalina e noradrenalina, e estas duas têm afinidades equivalentes. Está distribuído principalmente no coração, que ao interagir com seu agonista, irá produzir efeitos cronotrópico positivo (aumento da frequência cardíaca), inotrópico positivo (aumento da força de contração) e efeito batmotrópico positivo (aumento da excitabilidade) β2 (ISO ≥ AD >NA): A isoprenalina tem maior ou igual afinidade que a adrenalina, esta por sua vez, tem mais afinidade que a noradrenalina por esse receptor. Está distribuído principalmente pelo músculo liso e fígado. Ao interagir com seu agonista, causa bronco relaxamento da musculatura lisa da árvore brônquica, relaxamento da musculatura lisa do útero gravídico e estimula o processo de Adrenoceptores Os gânglios do sistema nervoso colinérgico estão localizados próximo ao órgão efetor e suas fibras pré ganglionares são mais longas ao passo que as fibras pós ganglionares são mais curtas. O neurotransmissor protótipo (agonista) é a acetilcolina. As fibras pré e pós ganglionares irão liberar acetilcolina de forma que as fibras pré ganglionares irão interagir com os receptores nicotínicos ganglionares e as fibras pós ganglionares serão liberadas para interagir com os diferentes receptores colinérgicos do organismo. produzindo uma resposta semelhante à noradrenalina. Dentre as catecolaminas, destaca-se a noradrenalina (NA), o neurotransmissor protótipo do sistema nervoso adrenérgico e também os neurotransmissores adrenalina (AD) e isoprenalina, também chamada de isoproterenol (ISO). Ação direta: são fármacos que interagem diretamente com os adrenoceptores, produzindo uma resposta farmacológica semelhante ao agonista protótipo (noradrenalina) do sistema nervoso adrenérgico. Ação indireta: são fármacos que não possuem afinidade com os adrenoceptores, porém, são capazes de melhorar a performance do agonista protótipo, aumentando a sua interação com os adrenoceptores. Ação mista: são fármacos que podem interagir diretamente com os adrenoceptores ao passo que também podem, de forma indireta, melhorar a performance do agonista adrenérgico. Agonistas Adrenérgicos Os agonistas do sistema nervoso simpáticopodem ser classificados quanto ao seu mecanismo de ação em agonistas de ação direta, indireta ou mista. 10 AGONISTAS ADRENÉRGICOS DE AÇÃO DIRETA ..... SNC . ACh SISTEMA NERVOSO PARASSIMPÁTICO ACh ÓRGÃO EFETOR Farmacologia do Sistema Nervoso Adrenérgico CATECOLAMINAS As catecolaminas são aminas bioativas que interagem diretamente com os adrenoceptores, de Afinidade pelos Adrenoceptores As catecolaminas são altamente inespecíficas, uma vez que são capazes de interagir com todos os tipos de adrenoceptores, salvo uma exceção: a isoprenalina não tem afinidade por alfa 2. Reabsorção passiva da noradrenalina: uma porção da noradrenalina que está na junção neuroefetora, sofre um processo de reabsorção sem gasto de energia, e voltará para a varicosidade simpática. Interação com alfa 2: a noradrenalina irá interagir com o adrenoceptor pré sináptico alfa 2 e produzirá um antagonismo com ela mesmo. Ao interagir com alfa 2, haverá um bloqueio da exocitose de noradrenalina, diminuindo dessa forma a oferta desse agonista adrenérgico na junção neuroefetora. Processo de captação 1: processo semelhante a reabsorção passiva, porém, há um gasto de energia mais eficiente, na qual irá promover o transporte de noradrenalina presente na junção neuroefetora para dentro da varicosidade simpá Mecanismo de Controle Fino da Noradrenalina Após sofrer a exocitose, a noradrenalina ficará disponível na junção neuroefetora. Por apresentar uma margem de segurança pequena, o agonista adrenérgico precisa passar por um mecanismo fisiológico de controle fino, que controla a quantidade de noradrenalina que ficará disponível para interagir com os receptores pós sinápticos. Antes de interagir com os receptores pós sinápticos, a noradrenalina sofre os mecanismos de controle fino para aumentar sua margem de segurança. Existem 4 mecanismos de controle fino: 1. 2. 3. de glicogenólise pelos hepatócitos no fígado. junção neuroefetora e pode interagir com os 4 tipos de adrenoceptores: alfa 1, alfa 2, beta 1 e beta 2. Desses quatro, três são pós sinápticos, e apenas o adrenoceptor alfa 2 é pré sináptico. A tirosina é captada para dentro da varicosidade simpática A tirosina serve como um substrato para a enzima tirosina-hidroxilase, na qual vai ser quebrada em dopa A dopa serve de substrato para a enzima dopa- descarboxilase, na qual haverá a quebra da dopa em dopamina. A dopamina serve de substrato para a enzima dopamina b-hidroxilase, que quebra a dopamina em noradrenalina. Uma vez sintetizada, a noradrenalina ficará armazenada dentro da vesícula de estoque. Síntese, Armazenamento, Liberação, Captação e Degradação de Noradrenalina A noradrenalina é sintetizada a partir da tirosina dentro de uma estrutura dilatada do neurônio pós ganglionar simpático, a varicosidade simpática, onde deve ocorrer desde o mecanismo de síntese até as etapas de controle fino da noradrenalina. Síntese de Noradrenalina 1. 2. 3. 4. 5. 11 Liberação e Captação de Noradrenalina A noradrenalina é liberada por exocitose, um processo dependente do influxo de cálcio (o cálcio garante a contração da vesícula) para dentro da vesícula de estoque e depois é liberada para a junção neuroefetora. A noradrenalina é liberada na junção neuroefetora e pode interagir com os 4 tipos de adrenoceptores: alfa 1, alfa 2, beta 1 e beta 2. Desses quatro, três são pós sinápticos, e apenas o adrenoceptor alfa 2 é pré sináptico. 21 1 2 Verapamil vs Noradrenalina O verapamil é um fármaco que atua como bloqueador dos canais de cálcio. Uma vez administrado com fármacos agonistas adrenérgicos, o verapamil irá produzir um antagonismo não competitivo propriamente dito com a noradrenalina, visto que ao bloquear os canais de cálcio, haverá o comprometimento do influxo de cálcio para dentro da vesícula de estoque da noradrenalina, o que irá impedir a sua exocitose e consequentemente não haverá a interação da noradrenalina com os adrenoceptores pós-sinápticos pequeno calibre: pois ao interagir com os receptores alfa 1, a noradrenalina irá aumentar a resistência periférica, resultando em um quadro de vasoconstrição, promovendo o aumento da pressão arterial. Relaxamento da musculatura lisa intestinal: ao interagir com os adrenoceptores alfa 1 da musculatura lisa gastrointestinal, a noradrenalina irá inibir a motilidade gastrintestinal. 12 tica novamente. 4.Processo de captação 2: é semelhante ao processo de captação 1, porém é menos eficiente, pois tira uma quantidade mais reduzida de noradrenalina da junção neuroefetora. A noradrenalina é lançada para dentro de uma célula desprovida de adrenoceptores, que contém uma enzima capaz de degradar a noradrenalina. Esses 4 mecanismos de controle fino acontecem simultaneamente e irão garantir uma quantidade adequada de noradrenalina na junção neuroefetora para que haja um aumento da margem de segurança desse neurotransmissor. Cocaína A cocaína é um agonista adrenérgico de ação indireta, na qual não interage com os adrenoceptores, porém é capaz de bloquear o processo de captação 1. Dessa forma, haverá um maior acúmulo de noradrenalina na junção neuroefetora e consequentemente uma maior interação do neurotransmissor com os receptores pós sinápticos alfa 1, beta 1 e beta 2. Excesso de noradrenalina: o organismo sintetiza uma grande quantidade de noradrenalina, dessa forma precisa haver o armazenamento do excesso desse neurotransmissor. Proteção de enzimas que degradam a noradrenalina: a noradrenalina é degradada por duas enzimas, uma intraneuronal chamada de MAO (enzima monoamina oxidase), dessa forma, a noradrenalina que sofreu o processo de reabsorção passiva ou o processo de captação 1 irá ser degradada por essa enzima. Já a noradrenalina que sofreu o processo de captação 2 ou até mesmo a que já está circulando pelo organismo, pode ser degradada pela enzima extraneuronal COMT (catecol o'metiltransferase). Degradação de Noradrenalina A noradrenalina precisa ser rapidamente armazenada após sua síntese por dois motivos: 1. 2. Vasoconstrição dos vasos sanguíneos de peque- Ações Farmacológicas das Catecolaminas (NA) Ao interagir com o adrenoceptor α1: Mecanismo de controle fino: A interação da noradrenalina com os adrenoceptores do tipo alfa 2, produz um antagonismo com ela mesmo, visto que ao interagir com alfa 2, a noradrenalina inibe a sua própria exocitose na junção neuroefetora (um dos mecanismos de controle fino), produzindo uma resposta simpaticolítica. Ao interagir com o adrenoceptor α2 Coração: Ao interagir com beta 1, a noradrenalina irá produzir um aumento da frequência (cronotropismo positivo), da força (inotropismo positivo) e da automaticidade (batmotropismo positivo) cardíaca, de forma que há o aumento do débito cardíaco com consequente aumento da pressão arterial. Ao interagir com o adrenoceptor β1 Broncodilatação: Glicogenólise Relaxamento uterino gravídico Ao interagir com o adrenoceptor β2 Hemostasia localizada: através de sua interação com alfa 1, visto que a noradrenalina interage de forma estimulatória com os adrenoceptores da musculatura lisa dos vasos sanguíneos de pequeno calibre, o que causa a vasoconstrição destes e promove uma hemostasia localizada. Associação com anestésicos locais: as catecolaminas (principalmente a adrenalina) são associadas com pré- anestésicos locais para promover uma vasoconstrição local na intenção de retardar o processo de absorção do anestésico local, para que este passe mais tempo na terminação nervosa, produzindo uma maior duração do efeito anestésico. Dessa forma, as catecolaminas irão aumentar o tempo Usos Clínicos das Catecolaminas AGONISTAS ADRENÉRGICOS SELETIVOS DE AÇÃO DIRETA 13 de atividade do anestésico local, caracterizando um sinergismo farmacológico. Reversão de parada cardiorrespiratória: através de sua interação com o adrenoceptor beta 1, a adrenalina irá interagir com os adrenoceptores do tipo beta 1 presentes no coração, aumentando os efeitos cronotrópicos, batmotrópicos e inotrópicos positivos, aumentando o débito cardíaco, podendoreverter uma parada cardiorrespiratória. Controle de reações de hipersensibilidade: A noradrenalina é capaz de promover um antagonismo do tipo fisiológico com a histamina. Quando a histamina interage com seu receptor H1, causa vasodilatação com consequente queda da pressão arterial, além de causar broncoconstrição. Diante disso, a noradrenalina irá causar uma vasoconstrição periférica, aumentando a pressão arterial, antagonizando o efeito da histamina liberada em quadros de hipersensibilidade. Hipertensão arterial: associado com a interação das catecolaminas com os adrenoceptores alfa 1, devido à vasoconstrição periférica com consequente aumento da pressão arterial e também com a interação com os adrenoceptores beta 1 no coração, que produz efeitos batmotrópicos, cronotrópicos e inotrópicos positivos, aumentando o débito cardíaco com consequente aumento da pressão arterial. Arritimias: causado pela interação das catecolaminas com os adrenoceptores do tipo beta 1 no coração, que aumentam a frequência cardíaca causando arritmias. Infarto do miocárdio: devido a interação das catecolaminas com os adrenoceptores do tipo beta 1, no coração, que aumenta a atividade do órgão, podendo levar ao infarto do miocárdio. Retardo na cicatrização (uso com anestésicos locais): ocorre devido ao fato das catecolaminas causarem vasoconstrição no local da aplicação da anestesia, o que causa retardo da cicatrização pela diminuição do aporte sanguíneo no local, visto que haverá também a diminuição das células de defesa. Principais Efeitos Colaterais das Catecolaminas Metoxamina Fenilefrina* A fenilefrina também pode ser considerada um agonista de ação mista, visto que pode agir diretamente nos adrenoceptores alfa 1 ao passo que também pode melhorar a performance da noradrenalina. Controle da hipotensão arterial Descongestionante nasal (fenilefrina) para tratar a congestão nasal resultante do edema causado pela vasodilatação durante uma reação inflamatória (alergia). O medicamento irá promover uma vasoconstrição dos pequenos vasos do local, melhorando a passagem do ar. Hipertensão arterial AVC (em casos extremos) Agonistas α1 São fármacos que mimetizam as ações farmacológicas da noradrenalina ao interagir diretamente de forma seletiva com os adrenoceptores do tipo alfa 1, pois este não possui afinidade significativa pelos outros tipos de adrenoceptores, o que reduz os efeitos colaterais, aumentando a margem de segurança do fármaco. Mecanismo de Ação Produzem uma ação farmacológica semelhante à da noradrenalina ao interagir seletivamente com os adrenoceptores do tipo alfa 1, produzindo uma vasoconstrição periférica com consequente aumentando a pressão arterial. Ação Farmacológica Aumento da pressão arterial Usos clínicos Principais efeitos colaterais Metildopa Clonidina Xilazina (largamente utilizado na veterinária) Agonistas α2 São fármacos que apesar de serem agonistas, irão produzir uma resposta simpaticolítica (atuando como antagonista adrenérgico α2), visto que ao interagir com os adrenoceptores α2, a noradrenalina irá bloquear sua própria exocitose, diminuindo a quantidade desse neurotransmissor disponível na junção neuro efetora. 14 Detomidina Diminuição da pressão arterial (PA) Diminuição do débito cardíaco Diminuição da atividade do Sistema Nervoso Central (SNC) Controle da PA (metildopa e clonidina) Sedação/relaxamento muscular (xilazina e detomidina) Hipotensão arterial Sonolência Mecanismo de Ação Interagem diretamente com os adrenoceptores alfa 2, a exemplo da noradrenalina, porém de forma seletiva por alfa 2, produzindo respostas simpaticolíticas. Ações Farmacológicas Como haverá o bloqueio da exocitose de noradrenalina, haverá uma baixa oferta desta na junção neuroefetora, de forma a diminuir os efeitos farmacológicos desse neurotransmissor em todo o organismo, causando principalmente: Usos Clínicos Efeitos Colaterais Salbutamol Terbutalina Clembuterol Ritodrina Broncodilatação Glicogenólise Relaxamento Uterino (gravídico) Controle de broncoespasmos associados à asma Bronquite crônica e enfisema Inibição de parto prematuro (ritodrina) Taquicardia Arritmias Tremores Agonistas β2 Mecanismo de ação Interagem diretamente com os adrenoceptores do tipo beta 2, de forma seletiva, produzindo uma resposta simpatomimética (semelhante) à da noradrenalina. Ações farmacológicas Usos clínicos Efeitos colaterais Os agonistas beta 2 também possuem uma pequena afinidade pelos adrenoceptores beta 1, causando: Fenilefrina Efedrina Anfetaminas Estimulam a liberação de noradrenalina da vesícula de estoque, aumentando a oferta de desta na junção neuroefetora e consequentemente aumenta sua interação com os adrenoceptores pós sinápticos (α1, β1 e β2). Interferem nos processos de captação 1 e 2 do mecanismo de controle fino, dessa forma, não haverá a reabsorção da noradrenalina aumentando ainda mais sua oferta na junção neuroefetora *Anfetaminas: Além das ações anteriores, as anfetaminas também inibem a enzima intraneuronal Mona Amina Oxidase (MAO), responsável pela degradação da noradrenalina. Controle da PA em situações de hipotensão e choque; Descongestionante nasal Os fármacos de ação mista atuam de forma direta e indireta, com pouca especificidade, ou seja, são fármacos que além de possuírem afinidade pelos adrenoceptores, também conseguem melhorar, de forma indireta a performance da noradrenalina (catecolaminas). Seus efeitos indiretos irão produzir uma resposta inespecífica devido à afinidade da noradrenalina por todos os adrenoceptores. Mecanismo de Ação Direto Esses fármacos possuem afinidade pelos receptores do tipo α1 e α2, sendo que a fenilefrina é mais específica para os adrenoceptores do tipo α1. Mecanismo de Ação Indireto 1. 2. 3. Ações Farmacológicas Apesar da especificidade direta desses agonistas por adrenoceptores do tipo α1 e α2, haverá também respostas farmacológicas através da interação com os adrenoceptores beta 1 e 2, pois o mecanismo de ação indireto desses fármacos irá aumentar a oferta de noradrenalina na junção neuroefetora, uma vez na junção neuroefetora, a noradrenalina terá afinidade por todos os adrenoceptores, caracterizando uma resposta altamente inespecífica. Usos clínicos AGONISTAS ADRENÉRGICOS DE AÇÃO MISTA 15 Anorexígeno (anfetaminas) Os mesmos das catecolaminas Efeitos Colaterais Tiramina: aumenta a liberação (exocitose) de noradrenalina a partir da vesícula de estoque (aumenta o influxo de cálcio) Cocaína: inibe o mecanismo de controle fino, captação 1. Inibidores da MAO: são utilizados para o tratamento de transtornos depressivos, uma vez que essa patologia foi associada com baixos níveis de noradrenalina intraneuronal. Dessa forma, ao inibir a MAO, enzima que degrada a noradrenalina, haverá uma maior quantidade desse neurotransmissor no interior do neurônio. São fármacos que não interagem com os adrenoceptores, porém, tem a capacidade de melhorar a performance da noradrenalina. 1. Fenelzina 2. Tranilcipromina Efeitos colaterais Semelhantes aos produzidos pelas catecolaminas AGONISTAS ADRENÉRGICOS DE AÇÃO INDIRETA A apostila completa estará disponível em breve no meu instagram profissional: GABIVERAS.VET Antagonistas Adrenérgicos (inespecíficos e específicos) Antagonistas Adrenérgicos Seletivos Sistema Nervoso Colinérgico (revisão) Receptores Colinérgicos Agonistas Colinérgicos (ação indireta e direta) Antagonistas (bloqueadores) Colinérgicos Ainda nesse capítulo da farmacologia do Sistema Nervoso Autónomo, será abordado os seguintes assuntos:
Compartilhar