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Sara Luiza Costa Silva – III Período – M1 Neuroanatomia Aula 02 e 03 Medula Espinhal GENERALIDADES Etimologicamente medula significa MIOLO, ou seja, indica o que está dentro. É um meio pelo qual todos os estímulos captados chegam ao Sistema Nervoso Central para ser interpretado, ou seja, Liga o meio externo e sistema visceral ao SNC. Guardada em um arcabouço ósseo. Encontra-se dentro do canal vertebral, mas não o ocupa completamente. É formada por tecido nervoso e tem formato cilíndrico. Apresenta em média 45 cm de comprimento no homem, sendo, menor na mulher. Limites: C1 – Começa em forame Magno (onde termina o BULBO), cranialmente, e L2 (sem incluir essa vértebra) caudalmente. OBS.: importância clínica de L2 – procedimentos (retirada de Líquor, anestesias) - mais seguros abaixo de L2, pois como a partir dessa vértebra não há mais medula, não corre o risco de lesionar). Apresenta variações em seu diâmetro e termina formando um cone (CONE MEDULAR), que se continua com o FILAMENTO TERMINAL (tecido meníngeo). ESTRUTURA GERAL A medula apresenta forma aproximada de um cilindro, achatada no sentido antero-posterior. Seu calibre não é uniforme. Há duas dilatações, as chamadas intumescência cervical e intumescência lombar (são áreas que fazem conexão entre a medula e as grossas raízes nervosas que formam os plexos braquial e lombossacral). A superfície da medula apresenta os seguintes sulcos longitudinais, que percorrem em toda a sua extensão: o Fissura mediana anterior o Sulco mediano posterior o Sulco lateral anterior o Sulco lateral posterior o Sulco Intermédio Posterior Sara Luiza Costa Silva – III Período – M1 OBS.: Ainda encontramos na medula cervical o Sulco intermédio posterior (entre o sulco mediano posterior e o sulco lateral posterior) que se continua com o septo intermédio posterior. Os sulcos - lateral anterior e lateral posterior - fazem conexão, respectivamente, com as raízes ventrais e dorsais dos nervos espinhais. Formada por duas áreas denominadas de substâncias Branca e substância Cinzenta. Substância Branca Periférica (fora) e Substância Cinzenta Central (dentro). Substância Cinzenta Forma de H ou Borboleta. Presença de três colunas ou cornos. o Anterior o Posterior o Lateral OBS.: A coluna lateral aparece somente na medula torácica e parte da lombar. No centro da substância cinzenta encontramos o canal central ou canal do epêndima, que é o resquício da luz do tubo neural. Sara Luiza Costa Silva – III Período – M1 Substância Branca É formada por fibras, a maioria delas mielínicas, que sobem e descem na medula e que podem ser agrupadas de cada lado em três funículos ou cordões: o Funículo Anterior (situado entre a fissura mediana anterior e o sulco lateral anterior) o Funículo Lateral (situado entre o sulco lateral anterior e o sulco lateral posterior) o Funículo Posterior (situado entre o sulco lateral posterior e o sulco mediano posterior) OBS: Na parte cervical da medula o funículo posterior é dividido pelo sulco intermédio posterior em fascículo grácil (sulco mediano posterior e sulco intermédio posterior) e fascículo cuneiforme (sulco intermédio posterior e sulco lateral posterior). Fascículo Grácil Fascículo Cuneiforme Funículo Lateral Corno Anterior Funículo Anterior Subst. Intermed. Central Corno Posterior Corno Lateral Subst. Intermediária Lateral CONEXÕES COM OS NERVOS ESPINHAIS A medula é responsável por conduzir informações que saem e entram no encéfalo através dos nervos espinhais. Nos Sulcos lateral anterior e lateral posterior – os filamentos radiculares fazem conexão e se unem para formar - as raízes ventrais e dorsais dos nervos espinhais. As duas raízes se unem para formação dos nervos espinhais. Ocorrendo à união em um ponto situado distalmente ao gânglio espinhal que existe na raiz dorsal. OBS.: Funículo Posterior: Fascículo Grácil + Fascículo Cuneiforme Sara Luiza Costa Silva – III Período – M1 SEGMENTOS MEDULARES A conexão com os nervos espinhais marca a segmentação da medula. Existem 31 pares de nervos espinhais que correspondem a 31 segmentos medulares. o 8 cervicais; o 12 torácico; o 5 lombares; o 5 sacrais; o 1 coccígeo. TOPOGRAFIA VERTEBROMEDULAR Obs.: Lembremos que a medula espinhal não ocupa todo o canal vertebral, terminando em L2, sendo, portanto, menor que a coluna vertebral. Cauda equina - resultado do ritmo de crescimento longitudinal diferentes entre medula e coluna vertebral. Até o 4º mês de Vida Intrauterina a medula e a coluna crescem juntos, neste período a medula ocupa todo o canal vertebral. Neste período os nervos espinhais saem exatamente nos forames espinhais correspondentes aos seus segmentos. (ângulo 90º) A partir do 4º mês, a coluna vertebral cresce mais rápido, obrigando o alongamento das raízes nervosas, visto que mantêm a mesma relação com os forames espinhais. (ângulo menor que 90º) Como consequência da diferença de ritmos de crescimento entre a coluna e a medula, temos o afastamento dos segmentos medulares das vértebras correspondentes. Sendo assim, para localizar as regiões medulares devemos seguir a seguinte regra prática: o De C2 a T10 – adicionamos 2 ao número do processo espinhoso da vértebra (exemplo: em C3 temos o 5° segmento medular). o T11 e T12 – correspondem aos 5 segmentos lombares. o L1 – corresponde aos 5 segmentos sacrais. Obs.: esta regra não é muito exata. No entanto, funciona bem na prática. Sara Luiza Costa Silva – III Período – M1 Modelo técnico para explicar as modificações da topografia vertebromuscular durante o desenvolvimento embrionário. Em A. Situação observada aos meses de vida intra-uterina; em C. Situação observada ao nascimento; em B. Situação intermediária. Conceitos Substância cinzenta: tecido nervoso constituído por neuróglia, corpos de neurônios e fibras predominantemente amielínicas. Substância branca: tecido nervoso constituído por neuróglia e fibras predominantemente mielínicas. Núcleo: massa de subst. cinzenta dentro de subst. branca, ou grupo delimitado de neurônios com aproximadamente a mesma estrutura e função. Córtex: subst. cinzenta que se dispõe em uma camada fina na superfície do cerebelo e do cérebro. Tracto: feixe de fibras nervosas com aproximadamente a mesma origem, mesma função e mesmo destino – amielínicas e mielínicas. Usa-se dois nomes: 1º origem; 2º destino. Pode-se usar um 3º nome para indicar o local. Ex.: Tracto cortico-espinhal lateral. Fascículo: um tracto mais compacto. Lemnisco = “fita”: Alguns feixes de fibras sensitivas que levam impulsos nervosos ao tálamo. Funículo = “cordão”: É usado para a s. branca da medula. Um funículo contém vários tractos ou fascículos. Decussação: formação constituída por fibras nervosas que cruzam obliquamente o plano mediano e que têm a mesma direção. Ex.: decussação das pirâmides. Comissura: formação constituída por fibras nervosas que cruzam perpendicularmente o plano mediano e que têm, por conseguinte, direções diametralmente opostas. Ex.: corpo caloso. Fibras de projeção: fibras de projeção de uma determinada área ou órgão do SNC são fibras que saem fora dos limites desta área ou deste órgão. Fibras de associação: fibras de associação de uma determinada área ou órgão do SNC são fibras que associam pontos mais ou menos distantes desta área ou deste órgãosem, entretanto, abandoná-lo. Sara Luiza Costa Silva – III Período – M1 SUBSTÂNCIA CINZENTA DA MÉDULA DIVISÃO Coluna anterior - cabeça e base Coluna posterior - base, pescoço e ápice. Ápice - área de tecido nervoso translúcido, rico em células neurogliais e pequenos neurônios, a substância gelatinosa (de Rolando). Substância cinzenta intermediária - Central e Lateral (coluna lateral) - Os neurônios se juntam de acordo com sua funcionalidade; CLASSIFICAÇÃO DOS NEURÔNIOS MEDULARES São os elementos mais importantes. Classificação baseada no esquema de Cajal. o Neurônios de axônio longo (tipo I de Golgi) Radiculares - Viscerais e Somáticos (α – Inerva os músculos (Fibras extrafusais - FEF) / ϒ (Fibras intrafusaus) - FIF) Cordonais - de Projeção e de associação o Neurônios de axônio curto (tipo II de Golgi) Neurônios de Axônio Longo Percorrem longas distâncias NEURÔNIOS RADICULARES - Recebem este nome porque saem da medula para constituir a raiz ventral. NEURÔNIOS RADICULARES VISCERAIS o São os neurônios do Sistema Nervoso Autônomo; o Seus corpos encontram-se na substância cinzenta intermédia lateral de T1 a L2 (coluna lateral) ou de S2 a S4. o Destinam-se a inervação de músculos lisos, cardíacos ou glândulas. NEURÔNIOS RADICULARES SOMÁTICOS o Destinados à inervação de músculos estriados esqueléticos. o Seus corpos encontram-se na coluna anterior. o São também chamados de neurônios motores primários ou inferiores, via motora final comum de Sherrington. o Dividem-se em Alfa (neurônios grandes, grossos e destinam-se a inervação motora das fibras musculares (extrafusais - FEF) e Gama (neurônios menores, finos, destinam- se a inervação motora das fibras intrafusais (FIF) e recebem influência de de centros supra-segmentares relacionados à atividade motora). NEURÔNIOS CORDONAIS São aqueles cujos axônios saem para a substância branca da medula (o corpo está na subst. cinzenta), constituindo assim, as fibras que formam os funículos da medula (fascículos e tractos). Tomando direções ascendentes ou descendentes. Sara Luiza Costa Silva – III Período – M1 O axônio de um neurônio cordonal pode passar ao funículo do mesmo lado do próprio corpo (homolateral) ou ao funículo do lado oposto (contralateral). Neurônios Cordonais de Projeção - axônio longo - termina fora da medula (ex.: tracto espino-talâmico; tracto espino-cerebelar anterior) - formam as vias ascendentes da medula. Neurônios Cordonais de Associação - axônio longo que se bifurca - ramo ascendente e outro descendente - terminam na substância cinzenta da própria medula - formam os fascículos próprios. Neurônios de Axônio Curto ou Internunciais Permanecem sempre na substância cinzenta. Estabelecem conexão entre as fibras aferentes, que penetram pelas raízes dorsais e os neurônios motores. Muitas fibras que chegam à medula trazendo impulsos do encéfalo terminam em neurônios internunciais. Célula de Renshaw, localizado na porção medial da coluna anterior - inibem os neurônios motores (inibição da contração muscular). Glicina - neurotransmissor das maiorias das células de Renshaw. A glicina é inibida pela estricnina. Na medula espinhal, a glicina é liberada por interneurônios inibitórios chamados células de Renshaw, que limitam a ativação de neurônios motores e possibilitam o relaxamento muscular. A estricnina é um antagonista da glicina, ligando-se a seu receptor sem que o canal de cálcio seja aberto, gerando um estado de hiperexcitabilidade no neurônio. Esse estado é precisamente o que caracteriza a ação tóxica da estricnina, gerando rigidez muscular seguida de convulsões. A morte ocorre por parada respiratória ou exaustão. Os efeitos do tétano também se devem a esse neurotransmissor, cuja secreção é inibida por uma toxina produzida pela bactéria causadora da doença. NÚCLEOS E LÂMINAS Os neurônios medulares não se distribuem de maneira uniforme. Formam uma coluna longitudinal dentro das três colunas da medula, sendo que alguns núcleos não estão presentes em toda a medula. A sistematização nuclear da medula é bastante complicada e controversa. Na coluna anterior (zona somato-motora): o Núcleos do grupo medial encontrados em toda extensão da medula (de Cervical a Sacral). neurônios motores inervam a musculatura relacionada com o esqueleto axial (Postura). o Núcleos do grupo lateral Neurônios motores inervam a musculatura relacionada com o esqueleto apendicular. Encontrados apenas nas regiões das intumescências cervical e lombar. Os neurônios motores localizados mais medialmente - musculatura proximal dos membros. Sara Luiza Costa Silva – III Período – M1 Os neurônios motores localizados mais lateralmente - musculatura distal dos membros – grupo maior pois há maior funcionabilidade em distal (atividade - destreza). o Núcleos do grupo central Núcleo Frénico (nervos C3, C4 e C5). Núcleo Acessório (nervos C1-C6). núcleo Lombo-Sacro (nervos L2-S1). Na coluna posterior (zona somato-sensível): o Núcleo torácico ou Dorsal (coluna de Clark) Evidente somente na Região Torácica e Lombar alta (L1 e L2). Relaciona com a propriocepção inconsciente (ex.: andar - automático). Presença de neurônios cordonais de projeção, cujos axônios vão ao cerebelo (estrutura motora que trabalha em nível inconsciente – controlar tônus e movimento). o Substância Gelatinosa Apresenta uma organização bastante complexa. Regula a entrada no SN de impulsos de dor. Lâminas de Rexed I, II e III - Célula Gelatinosa/subst. Rolando (Ápice da coluna posterior) - Dor III e IV – núcleos para o trato espinotalâmico - Temperatura e dor V e VI - Núcleo próprio (toda ME) - Propriocepção consciente VII - Núcleo torácico/dorsal/clarke (T1-L2) - Propriocepção inconsciente posição e movimento (Coluna Lateral - onde sai o Sistema Nervoso Autônomo) VII- Núcleos intermédiolateral – SNA - Neurônios pré-ganglionares VIII - Núcleos que recebem tratos descendente - Associação Emite fibras para as lâminas VII e IX (associação) VII e VIII -núcleo de Renshaw – inibitório do neurônio motor IX – Neurônios motores: alfa (FEF) e gama (FIF), acessório C1-C3, frênico C3-C5 VIII e X - área de associação e vegetativa (neurônio intermédiolateral/pós- ganglionares) Sara Luiza Costa Silva – III Período – M1 SUBSTÂNCIA BRANCA DA MÉDULA As fibras da substância branca na medula agrupam-se em tractos e fascículos, vias por onde passam os impulsos nervosos que sobem e descem. Dividida em vias Ascendentes e Descendentes. VIAS DESCENDENTES Origem - Córtex cerebral ou em áreas do tronco encefálico. Terminam - fazendo sinapse com neurônios medulares. Algumas terminam nos neurônios préganglionares do SNA, vias descendentes viscerais. Contudo, a maioria das fibras terminam direta ou indiretamente nos neurônios motores somáticos, formando as vias motoras descendentes somáticas (VMDS). Essas vias dividem-se em dois grupos: Vias pirâmidais Vias extrapiramidais VIAS DESCENDENTES PIRÂMIDAIS Tracto Córtico-espinhal anterior (TCEA) Tracto Córtico-estinhal lateral. (TCEL) Passam pelas pirâmidesbulbares. Ambos originam no córtex. Conduzem impulsos até a coluna anterior de medula. TCEA e TCEL têm as mesmas fibras até o bulbo, chamando de Tracto Córtico Espinhal. Decussação das Pirâmides - parte se cruza (TCEL), parte (10% a 20%) não se cruza (TCEA). TCEA - Piramidal direto - mas se cruza pouco antes de terminar na medula. TCEL - Piramidal cruzado. Então o córtex de um hemisfério cerebral vai controlar os neurônios motores contra- lateral. Assim temos uma motricidade voluntária cruzada. TCEA - é menore tem importância clínica menor. Termina em média na metade da coluna torácica. Localiza-se no funículo anterior da medula. TCEL - é maior e tem maior importância clínica. Vai até a medula sacral, diminuindo suas fibras quanto mais baixo for o nível medular. Localiza-se no funículo lateral da medula. VIAS DESCENDENTES EXTRAPIRÂMIDAIS Tracto tecto-espinhal - tecto do mesencéfalo (colículos superiores) Tracto vestíbulo-espinhal - núcleos vestibulares - situados na área vestibular do quarto ventrículo Tracto rubro-espinhal - núcleo rubro (mesencéfalo)
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