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Maria Paula M. Mattei – Tutorial 7 UC 16 1 Anemia Aplásica O que é Pancitopoenia* resultante de insuficiência medular. *Diminuição no hemograma das 3 linhagens celulares (eritrócitos, leucócitos e plaquetas) Pode ser primária (congênita ou adquirida) e secundária. - Qualquer vírus pode ser causa de anemia aplásica (principais são HIV, Epstein-Barr e Parvovírus) - Dipirona (muito rara) Epidemiologia Pode surgir em qualquer idade, mas há picos ao 10-25 anos e após os 60 anos. → Principalmente em pessoas idosas ou que foram submetidas a tratamento oncológico Pode ocorrer após exposição a agentes mielotóxicos, quimioterapia antineoplásica e transplante de medula autólogo. Fisiopatologia A medula óssea é hipocelular → síndrome de falência medular Acredita-se que seja originada nos precursores hemotopoéticos pluripotenciais. Diminuição do seu número, falha nas células remanescentes ou reação imunológica. O prognóstico depende do grau da insuficiência medular (principalmente a taxa de hemoglobina), da porcentagem de blastos no mielograma e das alterações citogenéticas. - Anemia acentuada precisa de mais transfusão e, consequentemente, sobrecarga de ferro (potencializa o stress oxidativo). - A % de blastos no mielograma é uma medida do estado de lesão do clone anormal e a reação imunológica por ele desencadeada → prenuncia a progressão ou a transformação leucêmica. Classificação Anemia Aplásica Congênita do Tipo Fanconi Síndrome autossômica recessiva Retardo de crescimento + defeitos congênitos do esqueleto (microcefalia, ausência do rádio ou de polegares), do trato renal (rim pélvico ou em ferradura) e da pele (áreas de hiper e hipopigmentação) Polidactilia Síndrome de Schwachman-Diamond Síndrome congênita diagnosticada antes dos 4 anos Causa insuficiência pancreática exócrina, baixa estatura e neutropenia e pode evoluir para anemia aplásica, mielodisplásica e leucemia. Síndrome de Blackfan-Diamond Autossômica dominante com penetrância variável (pode ser dominante e ter pouco sintomas) Diagnosticada antes dos 4 anos (se depois, pouco provável que seja a síndrome) Palidez e dispneia sem organomegalias porque não há hemólise, baixa estatura, alterações crânio-faciais (sequência de Pierre-Robin) Não há envolvimento das outros linhagens hematopoéticas além da série vermelha (não faz anemia aplásica). Disceratose Congênita Mutação ligada ao sexo Rara Atrofia das unhas e da pele, anemia aplásica e alto risco de desenvolvimento de câncer. → Nas anemias aplásicas primárias, a idade comum de aparecimento de anemia é dos 3 aos 14 anos. → 10% dos pacientes desenvolvem leucemia mieloide aguda → O tratamento é feito com androgênios → A remissão raramente dura mais de 2 anos Anemia Aplásica Adquirida Tipo mais comum de anemia aplásica Na maioria dos casos, o tecido hematopoético é alvo do sist. imune (linfócitos T CD8 clonais) Anemia Aplásica Secundária Pode ser causa por lesão direta à medula por radiação ou fármacos citotóxicos Antimetabólitos (metotrexato) e inibidores mitóticos (daunorrubicina) causam apenas aplasia temporária Agente alquilantes (bussulfano) causam aplasia crônica Cloranfenicol tem alta incidência de toxicidade à medula, por isso é reservado apenas às infecções que ponham a vida em risco e para a qual ele seja o ATB de escolha (febre tifoide) Maria Paula M. Mattei – Tutorial 7 UC 16 2 Pode aparecer depois de hepatites virais Quadro Clínico Pode ser insidiosa ou aguda Sintomas resultantes de anemia, neutropenia ou trombocitopenia Equimoses fáceis Sangramento gengival Epistaxe Menorragia Infecções (principalmente de boca e garganta) são comuns e infecções generalizadas colocam a vida em risco Linfonodos, fígado e baço NÃO estão aumentados Deformidades ósseas → presentes na forma congênita Tríade: astenia, hemorragia e neutropenia Achados Laboratoriais: Hemograma: *Deve ter no mínimo 2 desses ao mesmo tempo: - Anemia (Hb < 10) → normocrômica, normocítica ou macrocítica com reticulócitos extremamente baixo em relação à anemia - Neutropenia < 1,5 x 103 - Trombocitopenia < 50 x 103 Casos graves → neutropenia, plaquetopenia, reticulopenia e baixa celularidade óssea da medula Não há células anormais no sangue periférico Medula óssea com hipoplasia, com perda de tecido hematopoético substituído por gordura. Diagnóstico Deve ser diferenciada de outras causas de pancitopenia: Citometria em fluxo testando os eritrócitos para CD55 e CD59 diferencia da hemoglobinúria paroxística noturna Definitivo com hemograma + mielograma Tratamento Recomendado fazê-lo em centro especializado. Geral: Remover causa desencadeante imediatamente Tratamento inicial é de suporte → transfusões de sangue, concentrado de plaquetas e prevenção de infecções *Todos os derivados de sangue devem ser depletados de leucócitos para diminuir o risco de aloimunização e irradiados para evitar enxerto de linfócitos vivos do doador. *Ácido antitranexâmico par reduzir o sangramento em pacientes com trombocitopenia grave prolongada → Fazer 2 hemogramas a cada semanas para acompanhar as séries Específico: Deve ser estabelecido conforme a gravidade da doença, idade do paciente e disponibilidade de potenciais doadores de células- tronco. Os casos graves têm alta mortalidade nos primeiros 6 – 12 meses se não responderem ao tratamento. Os casos menos graves por ter evolução transitória aguda ou um curso crônico com recidivas, algumas vezes graves e fatais. Raramente a doença pode se transformar em mielodisplasia, leucemia aguda ou PNH Medicamentos: Globulina antitimocítica (ATG) Ciclosporina Alentuzumabe Eltrombopag Androgênios Transplante de células-tronco (TCT) → oferece uma chance de cura permanente Neutropenia Febril O que é Declínio de neutrófilos no sangue periférico, com ampla etiologia (infecciosa, induzida por drogas, congênita, autoimune, por malignidades e nutricionais). É uma complicação e emergência clínica comum em pacientes oncológicos, principalmente naqueles com doenças hematológicas (ex.: leucemia aguda) por causa do tratamento quimioterápico. Pela quimioterapia ter uma ação citotóxica direta, esta suprime a medula óssea diminuindo a produção de neutrófilos e, também reduz a atividade dos neutrófilos circulantes. Assim, o risco de infecção é potencializado. Quando a contagem de neutrófilos (segmentados + blastos) está abaixo de 500 cél/µL ou menor que 1000 células com previsão de queda (quimioterapia qualquer, Hb 10, leucócitos de 3000 → olhar neutrófilos!, plaquetas 120k) para < 500 células nas próximas 48h. Segmentados + bastonetes = 900, mas com previsão de queda = internar e ATB (se não for possível internar, dar ATB VO e enviar para outra cidade com internamento Epidemiologia A maioria dos pacientes com neoplasias poderão desenvolver um episódio de febre neutropênica ao longo do tratamento quimioterápico. Portadores de neoplasias hematológicas têm 80% de chance de apresentar NF Maria Paula M. Mattei – Tutorial 7 UC 16 3 A maior causa de letalidade nos pacientes com câncer é a infecção. As infecções causadoras de neutropenia febril são de etiologia bacteriana pelo mecanismo de translocação através do trato gastrointestinal para a corrente sanguínea, contudo, outros patógenos também podem ser responsáveis pelo quadro, como fungos, micobactérias atípicas e vírus. Quadro Clínico Podem apresentar um bom estado geral Febre pode ser a única queixa relatada pela família Apenas 45% das crianças possuem outros sinais e sintomas (dispneia, hipotermia) Ao exame físico, a pele, fâneros, região perianal, sítios cirúrgicos devem ser analisados para tentar identificar focos infeciosos → sinais flogísticos tornam-se evidentes apenas após a recuperação da contagemde neutrófilos do paciente Diagnóstico Quando a temperatura oral isolada > 38,3°C ou > 38ºC mantida por mais de 1h OU 1 medida única axilar > 37,8ºC → pode ser o único sinal devido a diminuição da resposta inflamatória pela depleção dos neutrófilos → Se o paciente neutropênico estiver sem indícios de febre e com sinais clínicos de infecção (rubor, calor, aumento de volume, diarreia, dor abdominal e mucosite), já pode ser diagnosticado como neutropenia febril. Dor abdominal pode ser colite, e essa doença em neutropênico é muito grave → A febre é considerada um sinal de infecção, mesmo sem outros sinais ou sintomas. O tipo histológico da neoplasia, a data da última sessão da quimioterapia, quimioterápico utilizado no tratamento, comorbilidades, uso de antibióticos e/ou antifúngicos, bem como transfusão sanguínea recente devem ser indagados durante a anamnese. Exames complementares: Cultura de sangue periférico e central para bactérias e fungos Urocultura Cultura de qualquer outro sítio suspeito Hemograma completo Urinálise Creatinina, ureia, sódio, potássio TGO, bilirrubinas TP, TTPA Lactato Proteína C reativa Tipagem sanguínea Radiografia de tórax Tratamento → Toda neutropenia febril deve ser considerada uma infecção grave e ser tratada como tal. Assim que diagnosticada, iniciar esquema empírico de antibiótico. Objetivo de evitar o óbito nas primeiras 48-72h até que os resultados das culturas estejam disponíveis. Cefepime 2g 8/8h + Fluconazol 400 mg/dia se suspeita de infecção fúngica Aciclovir 10mg/kg 8/8h se suspeita de lesões herpéticas Hemocomponentes e Hemoderivados O que são São preparados a partir de sangue colhido de doação de sangue total. Hemocomponentes: hemácias, plaquetas e plasma Risco de transmissão de agentes infecciosos Hemoderivados: soluções de albumina, imunoglobulinas e concentrados e fatores da coagulação. → A terapêutica transfusional está baseada na reposição de um tipo de hemocomponente ou hemoderivado que está em quantidades inadequadas no paciente. → Prescrever hemocomponentes ou hemoderivados proporciona reposição mais específica do componente necessário e desgasta menos os estoques de sangue, hemocomponentes e hemoderivados. Pedir hemograma depois de 6 horas após a transfusão Condições que fazem CIVD (decorre de hipofibrinogenemia) fazer criopecipitado Indicações e Aplicações Comuns Para restaurar ou manter: Capacidade de transporte de O2 Volume sanguíneo Hemostasia As condições clínicas do paciente, e não somente resultados laboratoriais, são fatores importantes na determinação das necessidades transfusionais: Idade do paciente Velocidade de instalação da anemia História natural da anemia Volume intravascular Presença de cofatores fisiológicos que afetam a função cardiopulmonar e a circulação → As transfusões de rotina devem ocorrer preferencialmente no período diurno e somente as transfusões de urgência e emergência, devidamente justificadas, devem ser solicitadas, preparadas e transfundidas no período noturno. Maria Paula M. Mattei – Tutorial 7 UC 16 4 → Toda transfusão deve ocorrer em local adequado, com suporte de emergência, e deve haver um médico prontamente disponível em caso de reações adversas, preferencialmente o prescritor. Concentrado de Hemácias (CH) Objetivo: restabelecer a capacidade de transporte de oxigênio e a massa eritrocitária sua indicação está relacionada com o comprometimento da oferta de oxigênio aos tecidos, causada pelos níveis reduzidos de hemoglobina. * Em situações de anemia, o organismo lança mão de mecanismos compensatórios, tais como a elevação do débito cardíaco e a diminuição da afinidade da hemoglobina (Hb) pelo O2, o que muitas vezes consegue reduzir o nível de hipóxia tecidual. Pode correr por no máximo 120 min Considerar transfusão se: Anemia aguda: aliviar sintomas relacionados com a perda de sangue, quando a infusão de cristaloides falhou em corrigir a redução do volume intravascular Anemia crônica: epara aliviar sintomas relacionados com a diminuição do volume de hemácias, quando outras terapias (reposição de ferro, eritropoetina, reposição de B12) foram insuficientes Hemorragias agudas com perda sanguínea superior a 10ml/kg em 1h Anemia com Hb < 7 g/dL → Não há justificativa para manutenção dos níveis de hemoglobinas acima de 9,0g/dl em pacientes oncológicos submetidos a procedimentos quimioterápicos. A indicação de transfusão deve ser a presença de sinais de descompensação clínica. NÃO fazer transfusão de CH: Para promover aumento de sensação de bem-estar Promover cicatrização de feridas Profilaticamente (na ausência de sintomas) Para expansão de volume vascular quando a capacidade de transporte de O2 estiver adequada → Ocorre aumento de 1g/dL de Hb (3% do hematócrito) por unidade de CH transfundido. Se não houver hemólise, esses valores declinam em quantidade similar por semana. A infusão de 1 unidade de CH promoverá dose semanal de hemácias CH LAVADAS: - Reduz de 60 – 80% dos leucócitos e mais de 95% do plasma e imunoglobulinas - Indicada para: - Hemoglobinúria paroxística noturna - Paciente com reações alérgicas graves relacionadas a proteínas plasmáticas CH POBRE EM LEUCÓCITOS - Redução de cerca de 80% dos leucócitos contaminantes - Reduz a ocorrência de RFNH e reações alérgicas - Pacientes com antecedentes de reação febril não hemolítica (RFNH) e reações alérgicas CH DESLEUCOCITADO (FILTRADA) - Reduz o risco de aloimunização contra antígenos leucocitários (HLA e HNA) associado à transfusão - Reduz a ocorrência de alo imunização contra antígenos plaquetários (HPA), porém de maneira menos eficaz. - Profilaxia da sensibilização contra antígenos leucocitários como: anemia aplástica grave, pacientes renais crônicos candidatos a transplante de rim cadáver, portadores de anemia crônica em regime de transfusão regular (anemia aplástica, doença falciforme, talassêmicos, portadores de síndrome mielodisplásica, etc.), candidatos a transplante de medula óssea CH IRRADIADO - Finalidade de inativar células imunocompetentes viáveis contaminantes dos CHs, fazendo deste modo profilaxia da doença transplante versus-hospedeiro associada à transfusão (GVHD-TA). - Imunodeficiências congênitas do tipo celular - Transfusões de RN prematuros (< 28 semanas e/ou < 1200g) - Pacientes oncológicos de leucemias CH FENOTIPADAS - Utilização de CH tipados para antígenos de outros sistemas além do ABO para pacientes sensibilizados ou profilaticamente - Objetivo é evitar que os pacientes transfundidos cronicamente sejam aloimunizados contra antígenos eritrocitários. - Talassemia - Anemia falciforme - Anemia hemolítica autoimune - Anemia aplásica sob regime de transfusão regular - Pacientes já aloimunizados Plaquetas Em toda transfusão de plaquetas deve-se levar em conta os benefícios e os riscos de estimulação antigênica contra antígenos do sistema HLA e HPA que leva a refratariedade a transfusões subsequentes. Usada em pacientes com trombocitopenia ou distúrbio de função plaquetária + sangramento ativo ou naqueles que têm risco elevado de sangramento. O efeito hemostático somente é alcançado quando as plaquetas transfundidas são viáveis e permanecem na circulação do receptor em número suficiente para manter uma adequada contagem plaquetária. Pode correr por no máximo 60 min 2 tipos de plaquetas para transfusão: - Concentrado palquetário em pool: derivado de sangue total chamado de concentrado de plaquetas - Plaquetas derivadas de doação única por citaférese: chamado de plaquetas por aférise Podem ser transfundidas desconsiderando a tipagem ABO, mas importante compatibilidade ao sistema Rh em mulheres de idade fértil.Hemácias passageiras presentes nas plaquetas podem levar à aloimunização contra antígenos eritrocitários Anticorpos contra aloantígenos das plaquetas doadas são a principal causa de refratariedade às transfusões de plaquetas em pacientes com trombocitopenia. Maria Paula M. Mattei – Tutorial 7 UC 16 5 Indicações: Profilática: prevenção de sangramento em pacientes com doenças hematológicas malignas (leucemias) com insuficiência medular Terapêutica: Trombocitopenia com sangramento ativo, condições trombocitopáticas associadas à doença de von Willebrand, defeitos plaquetários congênitos e adquiridos Plasma Plasma Fresco Congelado (PFC): obtido de doação voluntária, congelados e submetidos a triagem rotineira para doadores de sangue para investigação de doenças transmissíveis. Plasma Fresco Congelado de Doador Retestado (PFC-DR): plasma fica em quarentena até o doador retornar para ser retestado para as doenças transmissíveis por transfusão pelo menos 16 semanas após a doação. Se o doador for – na nova retestagem o produto é liberado para uso. Minimiza o risco para HIV, HCV e HBV Indicações: Útil na correção de deficiências múltiplas de fatores da coagulação, ou quando não houver concentrado de fator disponível. Necessidade de reversão rápida da anticoagulação pela warfarina Tratamento de pacientes com púrpura trombocitopênica trombótica Fator VIII Concentrado Hemofilia A e doença de Von Willebrand A presença de anticorpo inibidor do fator VIII deve ser suspeitada quando ocorrer resposta inadequada a doses apropriadas no tratamento de um sangramento. Fator IX Concentrado Hemofilia B Albumina A administração de albumina em situações clínicas continua controversa. Expansão de volume: A infusão de 25 g de albumina a 25% aumenta o volume plasmático, em média, em 400 mL, em medidas feitas duas horas após a infusão. Queimaduras Hipoalbuminemia Paracentese Síndrome nefrótica Reações Transfusionais Agudas Ocorrem até 24h após a transfusão Sempre levar a bolsa para hemocentro (banco de sangue) para retestagem Citrato e EDTA (anticoagulantes da bolsa) rouba cálcio do paciente Reação Febril Não Hemolítica Aumento de 1ºC ou mais na temperatura durante a transfusão ou até 1 hora após o término. Não coloca em risco de vida o paciente, no entanto a avaliação clínica precoce é importante para excluir outras causas de febre. Quadro Clínico: Febre que pode ser acompanhada de frio e calafrios Sintomas secundários são cefaleia, náusea e vômitos. Geralmente é autolimitada (2-3 horas), sem a necessidade de antitérmicos Diagnóstico diferencial: - Reação hemolítica aguda - Contaminação bacteriana - TRALI Manejo Inicial: Interromper imediatamente a transfusão Antitérmico (dipirona ou paracetamol) Meperidina 25-50 mg para tremores *cuidar com depressão respiratória) → geralmente não faz Descartar reação hemolítica e contaminação bacteriana no sangue doado. Reação Transfusional Hemolítica Aloimune Quadro Clínico: Ocorre durante a transfusão ou em até 24 horas após seu término. Maria Paula M. Mattei – Tutorial 7 UC 16 6 Os casos mais graves geralmente resultam da transfusão de glóbulos vermelhos incompatíveis no sistema ABO. A interação de anticorpos de classes IgM e IgG (principalmente IgG1 e IgG3) com um antígeno presente na membrana do eritrócito pode desencadear uma sequência de respostas neuroendócrinas, ativação do complemento efeitos sobre a coagulação sanguínea e liberação de citocinas que resultam nas manifestações clínicas. Febre Náusea + vômitos Dor Dispneia Taquicardia Hipotensão Sangramento Hemoglobinúria Insuficiência renal (tardio) Manejo Inicial: Interromper imediatamente a transfusão e manter o acesso venoso A identidade do paciente e a da unidade ou unidades de hemácias devem ser reconfirmadas. → É importante enfatizar que a gravidade tem relação direta com a quantidade de hemácias incompatíveis que foram transfundidas. Assim, o rápido reconhecimento da reação, a interrupção da transfusão e a prevenção de transfusões de hemácias incompatíveis adicionais são os primeiros passos essenciais do tratamento. Sepse Bacteriana Quadro Clínico: Na maioria dos casos os sintomas acontecem durante a transfusão do hemocomponente ou logo após seu término. Febre Calafrios Hipotensão Choque Náusea e vômito As complicações clínicas devido à contaminação bacteriana são significantes, frequentemente resultando em choque, insuficiência renal, coagulação intravascular e morte. Manejo Inicial: Iniciado antes da identificação do organismo Interromper a transfusão e enviar a unidade e equipos para análise. Material para cultura do paciente deve ser coletado de uma região diferente daquela em que foi feita a punção para a transfusão. Terapia inicial com antibióticos deveria incluir a cobertura de amplo espectro com um β-lactamato e um aminoglicosídeo até que a bacterioscopia ou as culturas indiquem um organismo causativo. Hemotransfusão Maciça | Sobrecarga Circulatória Reação transfusional comum e evitável. Quadro Clínico: Se apresenta como insuficiência cardíaca congestiva durante ou logo após transfusão. Aumenta a pressão venosa central Mais acometidos são pacientes idosos Dispneia Ortopneia Taquicardia Elevação da PA Turgência jugular Taquicardia Cefaleia Edema de pulmão Manejo Inicial: Suspender transfusão e manter o acesso venoso Limitar a infusão de líquidos Administrar O2 e furosemida Colocar paciente em decúbito elevado Injúria Pulmonar Aguda Relacionada à Transfusão (TRALI) Quadro Clínico: Dispneia Cianose Febre Taquicardia Hipotensão Que ocorrem durante ou dentro de 4/6h de terminada a transfusão. RX de tórax revela presença de edema pulmonar bilateral Gasometria revela hipoxemia (satO2<90% e PaO2/FIO2 <, 300 mmHg) Por definição, não existe sinais de insuficiência cardíaca, como mostrado pela normalidade da pressão dos capilares pulmonares, concomitante com o quadro de TRALI. Manejo Inicial: Transfusão interrompida Avaliar laboratorialmente as bolsas de sangue usadas Manutenção do equilíbrio hemodinâmico do paciente O suporte ventilatório, que varia da oxigenação nasal até a intubação orotraqueal com ventilação mecânica, é requerido pela quase totalidade dos pacientes e deve ser instituído o mais precocemente possível. Reação Alérgica ao Plasma Quadro Clínico: Prurido Urticária Eritema Rubor cutâneo Dispneia Manejo Inicial: Interromper transfusão, mas manter o acesso venoso Anti-histamínico (difenidramina 50 – 100mg EV) para casos leves Maria Paula M. Mattei – Tutorial 7 UC 16 7 Epinefrina para casos mais graves Intubação orotraqueal se edema de laringe O2 se sinais de dispneia Se reações cutâneas leves, reiniciar transfusão após o tratamento Reação Anafilática ao Plasma Quadro Clínico: Sinais de uma reação alérgica típica, seguida da instalação rápida de um quadro grave caracterizado por uma instabilidade cardiovascular, que inclui hipotensão, taquicardia, perda de consciência, arritmia cardíaca, choque e morte. Manejo Inicial: Interromper imediatamente a transfusão e manter o acesso venoso com solução salina IOT Epinefrina Difenidramina EV Reações Transfusionais Tardias Doença do Enxerto Contra o Hospedeiro Quadro Clínico: Grave, potencialmente fatal mediada por enxerto de linfócitos alogênicos T viáveis 10-12 dias após a trasnfusão O acometimento pulmonar, frequentemente resulta em doença grave, crônica, com alta morbimortalidade. Pancitopenia, febre, hepatite, dermatite Agudo = até 100 dias após a transfusão (forma clássica) Crônico = após 100 dias Manejo Inicial: Prevenção pela infusão de CH irradiadas Corticoides sistêmicose manutenção dos imunossupressores habitualmente usados nos transplantes (sirolimo, tacrolimo, ciclosporina). REFERÊNCIAS: https://www.hcrp.usp.br/revistaqualidade/uploads/Artigos/170/17 0.pdf https://downloads.editoracientifica.org/articles/210404158.pdf https://www.hemocentro.unicamp.br/arquivos/2018/09/Manual- de-Orienta%C3%A7%C3%B5es-em-Hemoterapia-2018.pdf https://www.hcrp.usp.br/revistaqualidade/uploads/Artigos/170/170.pdf https://www.hcrp.usp.br/revistaqualidade/uploads/Artigos/170/170.pdf https://downloads.editoracientifica.org/articles/210404158.pdf https://www.hemocentro.unicamp.br/arquivos/2018/09/Manual-de-Orienta%C3%A7%C3%B5es-em-Hemoterapia-2018.pdf https://www.hemocentro.unicamp.br/arquivos/2018/09/Manual-de-Orienta%C3%A7%C3%B5es-em-Hemoterapia-2018.pdf
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