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Nefrologia Morgana Fernandes É queda abrupta/aguda na taxa de filtração glomerular que desencadeia a retenção de escórias nitrogenadas, desregulação do volume extracelular e eletrólitos, aumento da creatinina séria e diminuição do débito urinário. Se mantem por períodos variáveis e resulta na inabilidade dos rins em exercer suas funções básicas. Creatinina: elevação maior ou igual a 0,3mg/dl em 48h ou aumento de 1,5x da creatinina basal em uma semana. Débito urinário: menor que 0,5ml/kg/hora por pelo menos 6 horas Umas das principais causas de hemodiálise de urgência. É um marcador de mortalidade, cerca de 10% dos pacientes internados evoluem com IRA, apresentando uma taxa de 20-80% de mortalidade. Fatores de risco para IRA Não modificáveis o DRC o Idosos o Desidratados o Hipertensos o Diabéticos o Aterosclerose o Insuficiência cardíaca o Insuficiência hepática o Câncer Modificáveis o Sepse o Obstrução urinária o Rabdomiólise o Síndrome hepatorrenal o Grandes cirurgias o Síndrome compartimental abdominal o Hipovolemia/desidratação o Contraste, medicamentos Estadiamento: Estadiamento Creatinina Débito urinário Grau I 1,5 a 1,9x do basal < 0,5 ml/kg/h (6-12h) Grau II 2 a 9x do basal < 0,5ml/kg/h (> 12h) Grau III ≥ 3x do basal ou Cr ≥ 4mg/dL < 0,3ml/kg/h por 24h ou anúria > 12h Classificação anatômica Pré-renal o 50% dos casos se originam antes do rim. o Origem cardiovascular. o Hipoperfusão tecidual renal, como nos casos de hipovolemia, seja ela relativa ou não. o Geralmente reversível se diagnosticada precocemente, mas também pode evoluir com necrose tubular isquêmica – é uma das causas mais comuns de IRA intrínseca. o Hipovolemia relativa: líquido corporal no terceiro espaço. Ocorre em casos de insuficiência cardíaca, hepatopatias crônicas e síndrome nefrótica. Hipovolemia real: diarreia, hemorragias graves e extrema desidratação. Renal ou intrínseca o 40% dos casos. o Em UTI supera a pré-renal. o Pode acometer qualquer segmento do néfron. Nefrologia Morgana Fernandes o Necrose tubular aguda é a causa mais comum. o Pode ser decorrente de IRA pré-renal não tratada. o Nefrites, Glomerulopatias rapidamente progessivas, doenças vasculares- intersticiais – macro ou microvasculares. o NTA, NIA, obstruções tubulares, nefrotoxicidade e nefropatia por contrastes Necrose Tubular Aguda • Insulto inicial (isquêmico – sepse, choque cardiogênico, trauma grave ou tóxico – leptospirose, acidentes ofídicos e rabdomiólise). • Descamação epitelial dos túbulos. • Obstrução. • Duração de 7-14 dias, podendo se estender até 28 dias. • Pode cursar com IRA não oligúrica, podendo apresentar poliúria. Nefrite intersticial aguda • Pode ser causa de até 20% das IRAs. • Incidência subestimada na população. • Infiltrado de células inflamatórias no interstício. • Disfunção de células tubulares • Causas: medicamentos – antibióticos, AINEs, alopurinol e omeprazol, autoimunes, infecções – pielonefrite. • NIA alérgica: exposição a fator precipitante → febre, rash cutâneo, sintomas inespecíficos. Eosinofilúria – pesquisa pelo método de Hansel. Diagnóstico necessita de biópsia – infiltrado linfocitário intersticial. Tratamento ➢ Tratar a causa. ➢ Correção dos distúrbios hidroeletrolíticos. ➢ Corticoide são indicados se for necessário hemodiálise. Modificações hemodinâmicas ➢ Dano tubular direto. ➢ Reação alérgica, causando a nefrite intersticial aguda. ➢ Obstrução intratubular. ➢ Desenvolvimento da síndrome hemolítico-urêmica. Etiologia ➢ 62% decorrem de NTA consequente a causas isquêmicas (72%) e tóxicas (28%). ➢ As demais situações de LRA são motivadas por glomerulonefrites agudas (22%), nefrites intersticiais agudas (6%), necrose cortical (5%) e outras (5%). ➢ A principal apresentação clínica da NTA é oligúrica (74%), enquanto a forma não oligúrica (26%) tem no uso de antibióticos o seu principal responsável (41%). Pós-renal o Menos comum: 10% dos casos. o Obstrução do trato urinário. o Aumento da pressão retrógrada. o Dilatação pielocalicial. o Destruição dos túbulos. o Causas: Nefrolitíase, tumor pélvico com acometimento ureteral e tumor com compressão extrínseca da uretra. Nefrologia Morgana Fernandes Tratamento: • Desobstrução: sonda vesical de demora, cateter duplo J e nefrostomia. • Obstrução pode ser causada por hiperplasia prostática benigna, neoplasia de próstata ou bexiga, distúrbios retroperitoneais, bexiga neurogênica, cálculos renais bilaterais, fibrose retroperitoneal, entre outros. Fisiopatologia ➢ Alterações estruturais e bioquímicas que resultam no comprometimento vascular e/ou celular. ➢ Vasoconstrição intrarrenal: importante na LRA por nefrotóxicos, ação de vasoconstritores e inibição de vasodilatadores (prostaglandinas, óxido nítrico). ➢ Lesão tubular: redução dos níveis intracelulares de ATP e lesões de reperfusão. Manifestações clínicas Oligúria e anuria de instalação súbita - mais comum em idosos. Ausência de resposta se o tratamento iniciar após 3 meses, apresentando risco elevado de DRC. Apresenta-se nas seguintes fases: ➢ Inicial: exposição ao insulto, isquêmico ou tóxico. Tem duração variável e depende do tempo de exposição ao agente agressor. Nessa fase, o volume urinário pode estar normal ou diminuído, porém o rim começa a perder a capacidade de excretar adequadamente os compostos nitrogenados. ➢ Oligúrica: pode ter grau e duração variáveis. o A maioria dos pacientes que se recuperam de uma LRA desenvolve aumento da diurese após 10 a 14 dias do início da oligúria. o Pode não ocorrer a fase de oligúria que é justificada pela grande redução na reabsorção tubular de líquido. ➢ Poliúrica ou diurética: rápida elevação do volume urinário, independente do estado de hidratação do paciente e está associado a incapacidade de reabsorção de eletrólitos e água e falha na excreção dos compostos nitrogenados. Os níveis de creatinina se mantêm elevados. o Do ponto de vista renal, a LRA manifesta-se com uremia, pelo acúmulo dos compostos nitrogenados, e alterações hidroeletrolíticas. o Alteração no balanço de água. o Alteração do balanço de sódio: durante a fase oligúrica. Nessa fase, acredita-se que a oferta de solução salina isotônica (300 ml/dia) associada a um controle rigoroso de peso é suficiente para equilibrar o balanço de sódio. o Alteração do balanço de potássio: a hiperpotassemia é a principal causa metabólica que leva o paciente com LRA ao óbito. Manifestações extra-renais ➢ As complicações infecciosas são mais observadas na LRA pós- traumática ou pós-cirúrgica, particularmente quando há envolvimento gastrintestinal. Nefrologia Morgana Fernandes ➢ As infecções urinárias são de grande importância nos pacientes com LRA, pela dificuldade de os antibióticos atingirem níveis teciduais ou urinários adequados. A presença de cateteres urinários, tanto de demora quanto intermitentes, representa fator de risco para infecção urinária. ➢ Infecções broncopulmonares também são frequentes complicações da LRA. ➢ Do ponto de vista cardiovascular, uma das complicações mais frequentes é a presença de pericardite fibrinosa (10%) que pode evoluir com derrame pericárdico e tamponamento. ➢ Insuficiência cardíaca congestiva (ICC) e hipertensão também podem estar presentes na LRA e correlacionam-se com a sobrecarga de volume. ➢ Encefalopatia urêmica é a mais comum manifestação de LRA. As manifestações sensoriais mais precoces são as alterações cognitiva e de memória. ➢ Quanto às complicaçõesdo trato gastrintestinal, ulcerações gástricas ou duodenais referem-se aos achados mais comuns. Diagnóstico ➢ História clínica e exame físico. ➢ Exames complementares: bioquímica urinária e sérica, análise do sedimento da urina. Sabe-se que a elevação da creatinina é um marcador tardio para a LRA. ➢ Na LRA pré-renal, observam-se retenção de água e sódio enquanto, na LRA renal, o sódio urinário apresenta-se elevado pela lesão tubular e a osmolaridade urinária tende a ser isosmótica ao plasma. Bioquímica Pré- renal Renal Ureia/CR > 40 < 20 Na urinário < 20 < 40 FeNa < 1% > 1% Densidade urinária > 1015 < 1010 Osmolalidade urinária > 400 < 300 ➢ IRA pré-renal: cilindros hialinos. ➢ NTA: cilindros granulosos. ➢ NIA: eosinofilúria. ➢ Glomerulonefrites: hematúria dismórfica. ➢ Infeccioso: leucocitúria e hematúria. Diagnóstico por imagem ➢ Ultrassonografia de rins e vias urinárias. ➢ Tomografia computadorizada sem contraste. ➢ Biopsia renal precoce (nos primeiros 5 dias) quando há suspeita de glomerulonefrite rapidamente progressiva, nefrite intersticial aguda, de necrose cortical bilateral ou na ausência de diagnóstico clínico provável. Complicações ➢ Sangramentos ➢ Derrame pericárdico ➢ Anasarca ➢ Náuseas e vômitos ➢ DHE ➢ Infecções Indicações de hemodiálise de urgência ➢ Hipercalemia refratária ➢ Acidose metabólica refratária ➢ Sintomas urêmicos Tratamento ➢ Tratar a causa Nefrologia Morgana Fernandes ➢ Na LRA pré-renal, deve-se realizar a reposição volêmica. ➢ Não há benefícios na utilização de diuréticos na LRA. ➢ A reposição de volume deve ser restrita a 400 ml/dia, acrescido do débito urinário. ➢ Controlar o balanço de sódio por meio de dieta hipossódica (1 g/dia de NaCl) nos pacientes que não estão sendo submetidos à terapia renal de substituição (TRS). ➢ A manutenção dos níveis plasmáticos de potássio em valores normais é essencial pelo risco de óbito na hiperpotassemia. ➢ Na falência das medidas clínicas, a TRS frequentemente é necessária.
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