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Modulo 1. Nascimento, crescimento e desenvolvimento - P3 @study.sarahs P2. Aleitamento e imunizações Sônia teve sua primeira filha Marina que nasceu com 3.100g. Dr. João Guilherme, neonatologista, que acompanhou o parto, aconselhou para a alimentação de Marina leite materno exclusivo até o sexto mês de vida da criança. O médico explicou os benefícios desse tipo de alimentação. Aproveitou a ocasião para lembrá-la que a criança só iniciaria a dieta complementar a partir do 6º mês de vida. Sônia recebeu a caderneta da criança e Marina tomou duas vacinas do PNI ainda no alojamento conjunto da maternidade: BCG e anti-hepatite B. Dr. João Guilherme explicou os efeitos adversos dessas e de outras vacinas. Uma semana após a alta, Sônia reclamava que sua mama estava rachada, doendo muito quando Marina busca o seio, causando muita dificuldade para pegar o peito. Percebe ainda que a criança chora muito e que está magrinha. Em vista disso, sua mãe aconselhou-a a fazer uso de uma mamadeira de leite de vaca para ajudar na alimentação da criança. Como Sônia já tinha recebido as orientações adequadas do Dr. João Guilherme, ligou para o médico com o objetivo de tirar mais algumas dúvidas. Dr. João proíbe o uso de leite artificial, aconselhando-a a usar somente o seu leite, explicando que somente em algumas situações especiais o aleitamento materno não estaria indicado, o que não era o seu caso. No décimo dia de vida, a avó de Sônia, vendo a criança magrinha, faminta e chorando muito resolveu, por conta própria, dar uma mamadeira com leite de vaca, uma vez que criou seus filhos com papa e leite de vaca. A criança, pouco tempo depois, apresentou vômitos, evacuações amareladas e às vezes esverdeadas e cólicas. Sônia, ao chegar, ficou apavorada e correu imediatamente ao consultório de Dr. João, buscando uma solução Objetivos: 1. Conhecer os tipos de aleitamentos. 2. Entender os benefícios do aleitamento materno exclusivo e contraindicações. 3. Conhecer as dificuldades e orientações dadas na maternidade sobre amamentação. 4. Elucidar no PNI o calendário vacinal (comparando com a rede privada) e os possíveis efeitos adversos das vacinas. 5. Explicar o processo de introdução alimentar após os seis meses e o perigo dessa introdução precoce. (leite de vaca, leite artificial e etc.) Conhecer os tipos de aleitamentos. O aleitamento materno é uma prática fundamental para o desenvolvimento da criança. Ele envolve muito mais do que apenas o ato de nutrir, envolve uma grande interação entre mãe e filho com repercussões importantes sobre o desenvolvimento cognitivo, estado nutricional e emocional da criança. A Organização Mundial da Saúde (OMS) divide o aleitamento materno nos subtipos: Aleitamento materno exclusivo (AME): Envolve oferecer à criança apenas o leite materno, seja por sucção direta da mama ou por ordenha manual, sem que haja adição de outros líquidos ou sólidos. Aleitamento materno predominante (AMP): Quando é oferecido à criança água, sucos ou outras bebidas, porém sem deixar de lado o aleitamento materno, que deve ser feito de forma predominante sobre as outras bebidas. Aleitamento materno: Quando a criança recebe leite materno (direto da mama ou ordenhado), independentemente de estar recebendo ou não outros alimentos. Aleitamento materno complementado: Quando, além do leite materno, há a inserção de alimentos sólidos ou semissólidos de forma complementar e não substitutiva. Aleitamento materno misto ou parcial: Oferecimento de leite materno e outros tipos de leite (vaca, cabra, etc.). Full breastfeeding: ainda sem tradução consensual para o português, esse termo é utilizado para definir a soma das categorias aleitamento materno exclusivo + aleitamento materno predominante. Entender os benefícios do aleitamento materno exclusivo e contraindicações. ✓ Até os 6 meses: Aleitamento Materno Exclusivo ✓ 6 meses a 2 anos: Aleitamento Materno seguido da inserção da alimentação complementar. ✓ Após os 2 anos: alimentação conjunta com a família. Devido aos diversos fatores existentes no leite materno (os quais veremos tópico a seguir) este tem o impacto que mais nenhuma outra estratégia possui na redução da mortalidade infantil em crianças menores Modulo 1. Nascimento, crescimento e desenvolvimento - P3 @study.sarahs de 5 anos, podendo evitar até 13% das mortes de causas evitáveis nessa faixa etária em todo o mundo. Além disso, estudos demonstram que a amamentação na primeira hora de vida pode ser um fator de proteção contra mortes neonatais. O aleitamento materno deve ocorrer em livre demanda, de modo que um RN costuma mamar de 8- 12 vezes por dia, o que não significa que o leite esteja “fraco” ou insuficiente. A amamentação sem restrições possui diversos benefícios: reduz a perda de peso inicial do RN, favorece a recuperação mais rápida do peso, promove a “descida do leite” mais rápida, aumenta a duração do aleitamento, estabiliza os níveis de glicose do RN, diminui a incidência de hiperbilirrubinemia e previne ingurgitamento mamário. Além disso, é importante que, independentemente do tempo que durar, a criança esvazie toda a mama, pois como já falamos é o “leite posterior” que contém mais calorias e sacia o bebê. Benefícios comprovados da amamentação: ✓ Melhor nutrição: O leite humano possui todos os nutrientes essenciais para o completo desenvolvimento e crescimento da criança, sendo melhor digerido pela mesma, sendo capaz de suprir sozinho todas as necessidades nutricionais nos primeiros 6 meses e importante fonte de proteínas, gorduras e vitaminas nos meses seguintes até o 2o ano de vida. ✓ Proteção contra cânceres de mama; ✓ Menor risco de obesidade, hipertensão, diabetes e hipercolesterolemia para a criança; ✓ Promove melhor desempenho cognitivo; ✓ Auxilia no desenvolvimento da cavidade bucal; ✓ Se torna um contraceptivo natural para as mães; enquanto apresenta-se em menarca ✓ Reduz risco de alergias e infecções na criança; A amamentação exclusiva nos primeiros meses de vida diminui o risco de alergia à proteína do leite de vaca, dermatite atópica, asma e outras alergias. A exposição a doses de leite de vaca nos primeiros dias de vida parece aumentar o risco de alergia ao leite de vaca, por isso a importância de evitar o uso de fórmulas infantis. ✓ Reduz risco de morte súbita; ✓ Evita diarreia: Fortes evidências mostram que o leite materno protege conta diarreia, tal proteção diminui quando o aleitamento materno deixa de ser exclusivo, assim como diminui com o avançar da idade da criança. Inclusive, crianças não amamentadas apresentam um risco 3 vezes maior de desidratarem e virem a óbito em decorrência da diarreia quando comparadas com crianças amamentadas. ✓ Evita infecção respiratória: A proteção contra infecções respiratórias se mantém constante nos primeiros 2 anos de vida, sendo maior quando a amamentação é exclusiva até os 6 meses, assim como diminui a gravidade dos episódios de infecção respiratória, sobretudo, pneumonia, bronquiolite e otites. ✓ Promove vínculo entre a mãe e o filho; ✓ Diminui custos financeiros: Em 2004, o gasto médio mensal para alimentar um bebê nos primeiros 6 meses vários de 38-133% do salário-mínimo dependendo da marca da fórmula infantil. Além de gastos com mamadeiras e gás de cozinha, acrescentam-se os gastos com problemas de saúde que crianças não amamentadas costumam ter mais comumente ✓ Existem fatores imunológicos específicos e não específicos que conferem muitos daqueles benefícios que citamos acima, garantindo proteção ativa e passiva para as crianças amamentadas. A principal imunoglobulina é a IgA secretória que atua contra microrganismos que colonizam superfícies mucosas (E.coli, Salmonella, rotavírus, poliovírus etc.), tal IgA tem sua concentração reduzida no 1º mês e se mantêm constante em seguida.Modulo 1. Nascimento, crescimento e desenvolvimento - P3 @study.sarahs Contraindicações: A presença de algumas doenças maternas pode exigir cuidados especiais referentes à amamentação com o intuito de que esta se mantenha, assim como outras situações o aleitamento materno deve ser contraindicado. Em se tratando deste último, as contraindicações absolutas são: mães infectadas pelo HIV, HTLV 1 e 2, uso de medicamentos incompatíveis com amamentação como radiofármacos e antineoplásicos (o manual “Amamentação e uso de medicamentos e outras substâncias” deve ser consultado antes para orientações e/ou prescrições acerca de susbtâncias) e criança com galactosemia (que não pode ingerir qualquer leite com lactose, inclusive o humano). A suspensão temporária da amamentação deve ser recomendada nas seguintes situações: ✓ Infecção herpética: Quando vesícula situada na mama, a amamentação deve ser mantida na mama sadia. ✓ Varicela: Caso haja presença de vesículas 5 dias antes ou 2 dias depois do parto a mãe deve ficar em isolamento até que as lesões transformem-se em crostas. Além disso, até 96h após o nascimento a criança deve receber imunoglobulina antivaricela. ✓ Doença de Chagas: Na fase aguda ou se sangramento mamilar ativo. ✓ Consumo de drogas de abuso: A OMS não contraindica amamentação para mulheres em uso de anfetaminas, ecstasy, cocaína, maconha e opioides, mas recomenda que as mães que façam uso temporário de tais drogas suspendam temporariamente a amamentação após o uso. Alguns autores recomendam períodos de interrupção da amamentação após o uso: Recomendação quanto ao tempo de interrupção do aleitamento materno após consumo de drogas de abuso: Droga Período recomendado de interrupção da amamentação Anfetaminas, ecstasy 24-36h Barbitúricos 48h Cocaína, crack 24h Heroína, morfina 24h Maconha 24h LSD 48H Fonte: caderno de atenção básica, 2015 NÃO são condições que impedem a continuidade do aleitamento: ✓ Tuberculose: Mães não tratadas ou bacilíferas devem amamentar com o uso de máscaras e restringir o contato próximo à criança devido à transmissão potencial por gotículas respiratórias. Logo, o bebê deve tomar isoniazida 10 mg/kg/dia durante 3 meses e após esse período realizar teste tuberculínico (PPD). Caso o PPD seja positivo, deve-se proceder com investigação de tuberculose pulmonar, uma vez que a criança tenha contraído a doença a terapêutica deve ser reavaliada. Caso não tenha contraído a doença, a isoniazida deve ser mantida por mais 3 meses. Caso o PPD não seja positivo, pode-se suspender a medicação e a criança deve ser vacinada com BCG. ✓ Hanseníase: Como a primeira dose da rifampicina é suficiente para que a mãe não seja mais bacilífera, a amamentação deve ser mantida e o tratamento da mãe deve ser iniciado. ✓ Hepatites: A vacina e imunoglobulina para o tipo B elimina o risco de transmissão; no caso do tipo C deve-se evitar fissuras na mama para evitar contato da criança com sangue materno. ✓ Dengue: O leite materno possui um fato antidengue que protege a criança. ✓ Cigarro e álcool: Deve-se desestimular o consumo de ambos, mas o uso desses não contraindica a amamentação. Quanto ao cigarro, os benefícios do leite materno superam os riscos do cigarro, mas é importante recomendar que a mãe evite fumar no mesmo espaço em que a criança costuma ficar. No caso do álcool, doses ≥ 0,3g/kg podem reduzir a produção do leite, bem como o sabor e odor do mesmo podem ser modificados por conta do álcool, o que pode acarretar na recusa pelo lactente. Conhecer as dificuldades e orientações dadas na maternidade sobre amamentação. ✓ Ingurgitamento mamário: causado em grande parte pela estase de leite na glândula (popular “peito empedrado”). Pode ser tratado com a realização de compressas mornas e evitado com a ordenha de leite e amamentação até esvaziar a mama. ✓ Traumas mamilares: Pode ser causada como consequência de uma pega incorreta. Pode Modulo 1. Nascimento, crescimento e desenvolvimento - P3 @study.sarahs causar fissuras/bolhas mamilares, muito dolorosas à mãe. O bebê pode vomitar sangue como consequência da ingesta do mesmo durante o ato de amamentação e dificultar o diagnóstico clínico. As fissuras podem ser tratadas com hidratantes à base de lanolina, com a aplicação do próprio leite materno no local e com banho de sol. Estas medidas favorecem uma boa queratinização no local lesado. ✓ Mononilíase mamária: Candidíase mamária. Causa prurido, dores profundas (fisgadas) e queimação nas mamas, que persistem após as mamadas. Deve ser tratada com antifúngicos (Miconazol ou Fluconazol). ✓ Mastite: Infecção aguda da mama, tendo como principal agente etiológico o Staphylococcus aureaus. Deve-se dar preferência à amamentação com a mama sadia, sempre tendo o cuidado de ordenhar a mama doente para evitar ingurgitamento mamário, usar sutiãs de alças largas e utilizar anti-inflamatórios ou analgésicos para alívio da dor. ✓ Abcesso mamário: Geralmente é complicação de uma mastite não tratada. O tratamento definitivo consiste na drenagem cirúrgica do abcesso e avaliação da necessidade de antibioticoterapia. Orientações: A técnica de amamentação, em especial o posicionamento da dupla mãe-bebê, e a pega/sucção do bebê, é importante para a retirada efetiva do leite pela criança e proteção dos mamilos. 1. Início da amamentação Os primeiros dias após o parto são cruciais para o sucesso da amamentação. É um período de intenso aprendizado para mãe e bebê. A amamentação deve ser iniciada tão logo quanto possível após o parto. A sucção precoce da mama reduz o risco de hemorragia pós-parto, ao liberar ocitocina, e de icterícia no recém-nascido, por aumentar a motilidade gastrointestinal. A sucção espontânea do recém-nascido pode não ocorrer antes de 45 minutos a 2 horas de vida do bebê, porém o contato pele a pele por si só traz benefícios, como maior prevalência do aleitamento materno de um a três meses, maior duração do aleitamento materno, melhor regulação da temperatura corpórea e dos níveis de glicose sanguínea do recém-nascido, menos choro do bebê e maior escore na interação mãe-bebê. Amamentação na primeira hora de vida está associada a menor mortalidade neonatal 2. Frequência das mamadas O recém-nascido normal mama com frequência, sem regularidade quanto a horários. É comum um bebê em aleitamento materno exclusivo mamar de 8 a 12 vezes ao dia. Muitas mães, em especial as inseguras e com baixa autoestima, costumam interpretar esse comportamento como sinal de fome do bebê, leite fraco ou insuficiente, culminando, com frequência, com a introdução de suplementos. Aleitamento materno sem restrições (em livre demanda) diminui a perda de peso inicial do recém-nascido, favorece a recuperação mais rápida do peso de nascimento, promove “descida do leite” mais rápida, aumenta a duração do aleitamento materno, estabiliza os níveis de glicose do recém-nascido, diminui a incidência de hiperbilirrubinemia e previne ingurgitamento mamário. O tamanho das mamas pode exercer alguma influência na frequência das mamadas. As mulheres com mamas maiores têm maior capacidade de armazenamento de leite, e por isso podem ter mais flexibilidade com relação ao padrão de amamentação. Já as mulheres com mamas pequenas podem necessitar amamentar com mais frequência em razão de sua pequena capacidade de armazenamento de leite. No entanto, o tamanho da mama não tem relação com a produção do leite. Toda criança experimenta períodos de aceleração do crescimento, o que se manifesta por um aumento da demanda por leite. Esse período, que dura de dois a três dias, pode ser erroneamente interpretado como incapacidade da mãe em produzir leite suficiente para o seu bebê, induzindo à Modulo 1. Nascimento, crescimento e desenvolvimento - P3 @study.sarahs suplementação com outros leites.Esses períodos podem ser antecipados, diminuindo a ansiedade das mães e preparando-as para uma maior demanda. Em geral, ocorrem três episódios de aceleração do crescimento antes dos quatro meses: o primeiro entre 10 e 14 dias de vida, outro entre quatro e seis semanas e um terceiro em torno dos três meses. Bebês prematuros podem experimentar vários períodos de aceleração do crescimento nos primeiros meses. 3. Duração das mamadas O tempo de permanência na mama em cada mamada não deve ser preestabelecido, uma vez que o tempo necessário para esvaziar uma mama varia entre os bebês e, em uma mesma criança, pode variar dependendo da fome, do intervalo transcorrido desde a última mamada e do volume de leite armazenado na mama, entre outros. Independentemente do tempo necessário, é importante que a criança esvazie a mama, pois o leite do final da mamada – leite posterior – contém mais calorias e sacia a criança. 4. Uso de suplementos Água, chás e, sobretudo, outros leites devem ser evitados, pois há evidências de que o seu uso está associado com desmame precoce e aumento da morbimortalidade infantil. A mamadeira, além de ser uma importante fonte de contaminação, pode ter um efeito negativo sobre o aleitamento materno. Tem sido observado que algumas crianças desenvolvem preferência por bicos de mamadeira, apresentando dificuldade para amamentar ao seio. Alguns autores acreditam que a diferença entre as técnicas de sucção da mama e dos bicos artificiais possa levar à “confusão de bicos”. Já está bem documentado que a suplementação do leite materno com água ou chás nos primeiros seis meses é desnecessária, mesmo em locais secos e quentes. Mesmo ingerindo pouco colostro nos primeiros dois a três dias de vida, recém- nascidos normais não necessitam de líquidos adicionais além do leite materno, pois nascem com níveis de hidratação tecidual relativamente altos. 5. Uso de chupeta Atualmente, o uso de chupeta tem sido desaconselhado por diversas razões, entre as quais a possibilidade de interferir com o aleitamento materno. Crianças que chupam chupetas, em geral, são amamentadas menos frequentemente, o que pode prejudicar a produção de leite. Embora não haja dúvidas quanto à associação entre uso de chupeta e desmame precoce, ainda não está esclarecida a relação causa/efeito. É possível que o uso da chupeta seja um sinalizador de que a mãe está tendo dificuldades na amamentação ou de que tem menor disponibilidade para amamentar. Além de interferir com o aleitamento materno, o uso de chupeta afeta negativamente a formação do palato. A comparação de crânios de pessoas que viveram antes do advento dos bicos de borracha com crânios mais modernos sugere o impacto negativo dos bicos na formação da cavidade oral. 6. Cor do leite Muitas mulheres se preocupam com a cor de seu leite. É importante saber que a cor do leite varia ao longo da mamada como decorrência das variações na sua composição, e também pode variar de acordo com a dieta da mãe. Por exemplo, o leite é mais amarelado quando a mãe tem uma dieta rica em betacaroteno e esverdeado, em dietas ricas em riboflavinas. No início da mamada, o teor de água e a presença de constituintes hidrossolúveis confere ao leite coloração de água de coco; no meio da mamada, com o aumento da concentração de caseína, o leite tende a ter uma coloração branca opaca e, no final da mamada, em virtude da concentração dos pigmentos lipossolúveis, o leite é mais amarelado. 7. Alimentação da nutriz Após o parto, usualmente, há um aumento do apetite e da sede da nutriz, bem como algumas mudanças nas preferências alimentares. Embora sejam necessárias 940 kcal para a produção de 1 L de leite materno, acredita-se que consumo extra de 500 calorias por dia seja o suficiente, pois a maioria das mulheres armazena, durante a gravidez, de 2 a 4 kg para serem usados na lactação. Isso pode ser conseguido por meio de uma dieta variada que forneça todos os nutrientes essenciais. A alimentação ideal de uma nutriz pode ser inacessível para muitas mães de baixo poder aquisitivo, o que pode as desencorajar a amamentar seus filhos. Por isso, é preciso orientar a alimentação de cada nutriz de acordo com as suas possibilidades econômicas, já que as mulheres produzem leite de boa qualidade mesmo com dietas inadequadas. O subcomitê de nutrição durante a lactação da Academia Americana de Ciências faz as seguintes recomendações quanto à alimentação da nutriz: ■ Evitar dietas e medicamentos que promovam rápida perda de peso (mais de 500 g/semana). ■ Consumir ampla variedade de pães e cereais, frutas, legumes, verduras, derivados do leite e carnes. ■ Consumir três ou mais porções de derivados do leite. ■ Certificar-se de que a sede está sendo saciada. ■ Esforçar-se para consumir frutas e vegetais ricos em vitamina A. Modulo 1. Nascimento, crescimento e desenvolvimento - P3 @study.sarahs ■ Consumir com moderação café e outros produtos cafeinizados. As crianças amamentadas por mães vegetarianas correm risco de hipovitaminose B, já que essa vitamina não é encontrada em vegetais. Outra preocupação com as vegetarianas é se elas estão ingerindo quantidade suficiente de proteínas. Como regra geral, as mulheres que amamentam não necessitam inicialmente evitar determinados alimentos. Entretanto, se as mães relacionarem algum efeito na criança a algum componente de sua dieta, elas podem fazer a prova terapêutica: retirar o alimento da dieta por algum tempo e reintroduzi-lo, observando atentamente os sintomas após a reintrodução do alimento. Caso os sintomas da criança melhorem substancialmente com a retirada do alimento e piorem com a reintrodução, ele deve ser evitado. Dez passos para o sucesso do aleitamento materno 1. Ter uma política de aleitamento materno escrita que seja rotineiramente transmitida a toda a equipe de cuidados de saúde 2. Capacitar toda a equipe de cuidados de saúde nas práticas necessárias para implementar essa política 3. Informar todas as gestantes sobre os benefícios e o manejo do aleitamento materno* 4. Ajudar as mães a iniciar o aleitamento materno na primeira meia hora após o nascimento 5. Mostrar às mães como amamentar e como manter a lactação, mesmo se separadas dos seus filhos 6. Não oferecer aos recém-nascidos bebida ou alimento que não seja o leite materno, a não ser que haja indicação médica 7. Praticar o alojamento conjunto – permitir que mães e bebês permaneçam juntos 24 horas por dia 8. Incentivar o aleitamento materno em livre demanda 9. Não oferecer bicos artificiais ou chupetas a crianças amamentadas 10. Promover grupos de apoio à amamentação e encaminhar as mães a esses grupos na alta da maternidade Fonte: OMS Elucidar no PNI o calendário vacinal (comparando com a rede privada) e os possíveis efeitos adversos das vacinas. O Programa Nacional de Imunizações do Brasil é um dos maiores do mundo, ofertando 45 diferentes imunobiológicos para toda a população. Há vacinas destinadas a todas as faixas-etárias e campanhas anuais para atualização da caderneta de vacinação. Comparando com o particular... Quais as diferenças entre elas? ✓ Número de doses e picadas ✓ Redução das reações após aplicação da vacina ✓ Tamanho da proteção No SUS, as crianças recebem a vacina pentavalente + VIP (vírus poliomielite inativada). Ou seja, duas aplicações intramuscular (picadinha) aos 2, 4 e 6 meses. Já na rede privada, a vacina é a hexavalente, quer dizer: proteção contra as 6 doenças em uma única picadinha. Pneumocócica 10 Valente Na UBS a vacina é disponibilizada aos 2 – 4 meses e um reforço aos 15 meses é a pneumocócica 10 valente ( ou seja, proteção contra 10 tipos do pneumococo) Pneumocócica 13 valente: Proteção para 13 tipos do pneumococo . Além da cobertura maior quando comparada à Pneumocócica 10 valente, a proteína da vacina P13V induz uma melhor respostado nosso sistema imunológico. Na rede particular a vacina disponibilizada aos 2 – 4 e 6 meses e o reforço aos 15 meses idade. Vacinados após 2 anos de idade o esquema é DOSE ÚNICA VACINA MENINGOCÓCICA C: Disponibilizada pelo SUS para bebês aos 3 e 5 meses. Reforço entre 12- Modulo 1. Nascimento, crescimento e desenvolvimento - P3 @study.sarahs 15meses e um segundo reforço após 5 anos (entre 5 – 6 anos) VACINA MENINGOCÓCICA ACWY A vacina meningocócica conjugada ACWY é quadrivalente, o que significa que protege contra os meningococos dos grupos A, W e Y. Disponibilizada na rede particular aos 3, 5 meses, reforço entre 12-15 meses, segundo reforço entre 5-6 anos e última dose aos 11 anos. Reações de forma geral: ✓ Reações locais: dor, vermelhidão, endurecimento, calor ou arroxeamento no local de aplicação da vacina. O uso de compressas de gelo no local, no dia da aplicação é, normalmente, suficiente. Essas reações podem ter duração de alguns dias, isso ocorrendo não há com o que se preocupar. ✓ Em caso de dor intensa, o uso de analgésico, se autorizado por seu médico, é recomendado. ✓ A reação local à BCG, com bolhas e ferida com saída de secreção, não deve ser tratada em hipótese nenhuma. Costuma surgir até 1 mês após a aplicação da vacina e desaparece espontaneamente. ✓ Febre: Não é rara e pode acontecer depois da dose de diversas vacinas. Em princípio, o antitérmico não deve ser utilizado. Se a febre persistir e for muito alta, é muito importante consultar o pediatra, visto que o antitérmico pode atrapalhar o efeito da vacina. ✓ Choro ou irritação leve: podem ocorrer principalmente quando aplicada à vacina tríplice. Ocorre no máximo no dia da vacinação. Não há o que fazer. Quadro de manchas vermelhas na pele: pode ocorrer 10 dias após a aplicação da vacina contra o sarampo ou tríplice viral. De maneira nenhuma significa a presença da doença, é de curta duração e não merece tratamento nem qualquer cuidado especial. ✓ Convulsões ou choques alérgicos: são muito raros, nesses casos, ajuda médica deve ser procurada. É importante sempre informar sobre alergias já conhecidas na hora em que você vai se vacinar. Explicar o processo de introdução alimentar após os seis meses e o perigo dessa introdução precoce. (leite de vaca, leite artificial etc.) ESQUEMA ALIMENTAR: ✓ Até o 6º mês: aleitamento materno exclusivo. ✓ 6º mês: aleitamento materno + papa de frutas (inicialmente 1x/dia e depois 2x/dia). ✓ 6º ao 7º mês: aleitamento materno + papa/ suco de frutas (2x/dia) + uma papa salgada/dia (final da manhã). ✓ 7º ao 8º mês: aleitamento materno + papa/ suco de frutas (2x/dia) + duas papas salgadas/dia (uma no final da manhã e outra no final da tarde). ✓ 9º ao 11º mês: manter o esquema anterior, tornando a alimentação complementar mais próxima dos hábitos da família - Os primeiros alimentos a serem introduzidos são as frutas, na forma de papas ou sucos. Nenhuma fruta é contraindicada, a menos que a criança desenvolva algum tipo de alergia. - Não se deve oferecer um volume de suco de frutas maior que 240 ml/dia para que a ingestão de alimentos mais calóricos não seja prejudicada. - As dietas do desmame devem ser constituídas de um alimento básico e um ou mais alimentos do grupo complementar. - São considerados alimentos básicos os tubérculos e os cereais, sendo os demais grupos de alimentos. > O Ministério da Saúde/Organização Pan-Americana da Saúde (MS/OPAS) e a Sociedade Brasileira de Pediatria estabeleceram, para crianças menores de 2 anos, dez passos para a alimentação saudável: ✓ Passo 1 – Dar somente leite materno até os 6 meses, sem oferecer água, chás ou quaisquer outros alimentos. ✓ Passo 2 – A partir dos 6 meses, introduzir de forma lenta e gradual outros alimentos, mantendo-se o leite materno até os 2 anos de idade ou mais. ✓ Passo 3 – Após os 6 meses, dar alimentos complementares (cereais, tubérculos, carnes, leguminosas, frutas e legumes) três vezes ao dia se a criança receber leite materno e cinco vezes ao dia se estiver desmamada. ✓ Passo 4 – A alimentação complementar deverá ser oferecida sem rigidez de horários, respeitando-se sempre a vontade da criança. ✓ Passo 5 – A alimentação complementar deve ser espessa desde o início e oferecida com colher; começar com consistência pastosa (papas/purês) e, gradativamente, aumentar a Modulo 1. Nascimento, crescimento e desenvolvimento - P3 @study.sarahs consistência até chegar à alimentação da família. ✓ Passo 6 – Oferecer à criança diferentes alimentos todos os dia. Uma alimentação variada é, também, uma alimentação colorida. ✓ Passo 7 – Estimular o consumo diário de frutas, verduras e legumes nas refeições. ✓ Passo 8 – Evitar açúcar, café, enlatados, frituras, refrigerantes, balas, salgadinhos e outras guloseimas nos primeiros anos de vida. Usar sal com moderação. ✓ Passo 9 – Cuidar da higiene no preparo e manuseio dos alimentos; garantir armazenamento e conservação adequados. ✓ Passo 10 – Estimular a criança doente e convalescente a se alimentar, oferecendo a alimentação habitual e seus alimentos preferidos e respeitando sua aceitação. Não há restrições à introdução concomitante de alimentos diferentes, mas a refeição deve conter pelo menos um alimento de cada um dos seguintes grupos: ✓ Cereais ou tubérculos. ✓ Leguminosas. ✓ Carne (vaca, ave, suína, peixe ou vísceras, em especial o fígado) ou ovo; ✓ Hortaliças (verduras e legumes). OBSERVAÇÃO: ✓ Alimentos industrializados (ex.: refrigerantes, chás, alimentos embutidos e congelados), aqueles que oferecem risco de broncoaspiração (ex.: pipoca, amendoim, milho cozido), os mais implicados no desenvolvimento de alergias (ex.: frutos do mar) e mel (pela presença de esporos de Clostridium. botulinum) devem ser evitados no primeiro ano. ✓ O ovo cozido pode ser introduzido após o sexto mês. ✓ É necessário lembrar que a introdução da alimentação complementar deve ser gradual (com todos os nutrientes), sob a forma de papas (alimentação de transição), oferecida com a colher. A colher deverá ter o tamanho adequado ao diâmetro da boca do lactente e ser preferencialmente de plástico ou de metal forrado com Teflon® ou emborrachado para evitar o contato metálico direto com a língua. ✓ A composição da dieta deve ser equilibrada e variada, fornecendo todos os tipos de nutrientes, desde a primeira papa. A oferta excessiva de carboidratos (especialmente os simples) e de lipídeos predispõe a doenças crônicas como obesidade e diabetes tipo 2. ✓ É importante oferecer água potável a partir da introdução da alimentação complementar porque os alimentos dados ao lactente apresentam maior quantidade de proteínas por grama e maior quantidade de sais, o que causa sobrecarga de solutos para os rins, que deve ser compensada pela maior oferta de água. De acordo com a Diretriz, dos 0 a 6 meses a quantidade de água recomendada deve ser de 700mL e dos 7 a 12 meses de 800 mL (incluindo leite materno, fórmula e alimentação complementar). A recomendação pela OMS a respeito do período ideal de aleitamento materno exclusivo é de seis meses à livre demanda, uma vez que o leite materno de mães bem nutridas e saudáveis é capaz de satisfazer as necessidades nutricionais do bebê durante esse período inicial, isentando a necessidade da oferta de outros alimentos e bebidas. Ainda, a OMS orienta que qualquer outro alimento ou bebida ofertado nesse período é considerado como alimento complementar, ainda que seja leite de origem animal (OMS, 2004). O desmame precoce, termo esse incentivado pela OMS a ser substituído pelo termo "alimentação complementar" pode ocorrer por falta de informação ou desconhecimento da mãe. Muitas vezes as informações são repassadas de geração para geração, dentro das famílias, perpetuandohábitos nocivos, como se fossem saudáveis (Oliveira et al., 2005; OMS, 2004). Algumas mães e profissionais de saúde consideram o leite materno “fraco, seco ou insuficiente”. Também, o retorno das mães ao mercado de trabalho, oferta de bicos ou chupetas às crianças, atendimento puerperal efetuado no serviço privado, primiparidade, intercorrências/dificuldades da amamentação e desinteresse materno pela continuidade da prática do aleitamento exclusivo são evidenciados como motivos para o desmame precoce (Salustiano et al, 2012; Azeredo et al; 2008). Os principais motivos que levam à complementação alimentar precoce (antes dos seis primeiros meses) são relacionados a fatores econômicos e culturais, associados à baixa idade materna, uso de fórmula infantil e fumo materno (Fewtrell et al., 2007). Modulo 1. Nascimento, crescimento e desenvolvimento - P3 @study.sarahs É comum a introdução alimentar precoce de inúmeros tipos de alimentos, variando desde água e chá, sendo esses os alimentos ofertados em maior proporção, até a oferta de frutas, leite não materno, açúcar, mel, espessantes, achocolatados, iogurtes, cereais e tubérculos, carne bovina, frango ou peixe, ovos, hortaliça e feijão. Alimentos ultraprocessados também são introduzidos precocemente na dieta dos bebês, pois alguns são culturalmente associados à infância, como achocolatados, farinhas e derivados lácteos (Simon et al., 2009). Apesar do reconhecimento a respeito da importância do aleitamento materno exclusivo até os seis meses vários estudos mostram que o momento e a quantidade de alimentos introduzidos durante a infância também tem sido considerados como aspectos relevante na atenção à saúde da criança, produzindo consequências que podem se perpetuar por toda a vida, como aumento do risco de desenvolver obesidade precocemente e comorbidades a elas associadas (Arenz e Kries, 2009). Também, risco aumentado de pneumonia, diarreia, carências nutricionais, diabetes, alergias problemas renais (Contarato et al., 2016; Simon et al., 2009; Tarini et al., 2006; Oliveira et al., 2005; Vieira et al., 2004). Existem evidências de que não há vantagens em se iniciar os alimentos complementares antes dos seis meses (salvo em alguns casos individuais), podendo, inclusive, haver prejuízos à saúde da criança. Também sob o ponto de vista nutricional, a introdução precoce dos alimentos complementares pode ser desvantajosa, pois além de substituírem parte do leite materno, mesmo quando a frequência da amamentação é mantida, muitas vezes são nutricionalmente inferiores ao leite materno, por exemplo, quando os alimentos são muito diluídos. Após os seis meses, o deslocamento de leite materno pelos alimentos complementares é menos importante. Além disso, a introdução precoce dos alimentos complementares não só diminui a duração do aleitamento materno, mas também interfere na absorção de nutrientes importantes nele existentes, como o ferro e o zinco, e reduz a eficácia da lactação na prevenção de novas gravidezes. Estima-se que 500 mL de leite materno no segundo ano de vida proporcionam 95% das necessidades de vitamina C, 45% das de vitamina A, 38% das de proteína e 31% do total de energia. Além disso, o leite materno continua conferindo proteção contra doenças infecciosas.
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