Tema 2 - Planejamento Estratégico em Logística

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Lição 2 - Planejamento Estratégico em 
Logística
A definição e cumprimento da estratégia empresarial é uma das atividades 
mais relevantes para a alta gestão das organizações. As decisões e diretrizes 
definidas neste nível devem ser comunicadas e desdobradas para todas as 
áreas e todos os processos das empresas, incluindo a logística. 
Nesta lição, iremos abordar a questão das estratégias para a área de 
logística, indicando maneiras de colocar em prática objetivos e estratégias 
competitivas definidas para a organização na sua integralidade. Além disso, 
veremos como é possível mensurar o desempenho dos processos logísticos 
e garantir que os objetivos definidos estão sendo alcançados. 
Ao término dessa lição, você deverá ser capaz de: 
a) reconhecer a maneira como as organizações desdobram seus planos 
estratégicos para a área logística; 
b) dar exemplos de métricas de desempenho utilizadas para medir os 
processos logísticos; 
c) entender e empregas o planejamento estratégico em logística.
1. Conceito de Planejamento Estratégico em Logística 
Para entender melhor o conceito de planejamento estratégico em logística, 
é preciso, inicialmente, compreender as definições de planejamento, 
planejamento estratégico, logística e, finalmente, o próprio planejamento 
estratégico em logística. 
Planejar é decidir de forma antecipada, objetivando alcançar uma situação 
desejada. Planejamento, portanto, é o processo que direciona para o 
melhor caminho, pela concentração de recursos e melhor esforço. Assim, 
planejamento estratégico é o processo contínuo que busca definir a melhor 
direção a ser seguida pelas empresas. Nesse sentido, estabelece-se uma 
visão segura de futuro. Trata-se de uma metodologia gerencial pela qual 
uma empresa pública ou privada disciplina-se para alcançar uma mudança 
desejada.
Em seu livro intitulado “Planejamento Estratégico para Organizações 
Privadas e Públicas” Rezende (2008, p. 18) cita que planejamento estratégico 
“é um processo dinâmico, sistêmico, coletivo, participativo e contínuo para 
determinação dos objetivos, estratégias e ações das organizações”. 
A logística, por si só, constitui uma ferramenta estratégica de negócios. Ela é 
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um processo de planejamento, implementação e controle da eficiência dos 
fluxos de mercadorias e informações, do ponto de origem ao cliente final. 
Como se efetua, então, o planejamento estratégico? Analisemos os desafios: 
É inquestionável que as empresas atuais precisam usar com bastante 
eficiência todas as suas armas competitivas disponíveis, num cenário de 
mercado, hoje muito mais competitivo e agressivo do que décadas atrás. Tudo 
começou quando as barreiras internacionais e tarifas comerciais começaram 
a diminuir, tão logo houve uma inovação e revolução da informação. A 
chegada da internet ocasionou a globalização e, por consequência, a queda 
de fronteiras. Foi um marco tecnológico mundial. Assim, nesse novo cenário, 
as organizações passaram a competir de um mercado local ou regional para 
um mercado global. 
Como já entendido, as estratégias organizacionais passaram a ter outro perfil: 
novo formato de planejamento estratégico; um novo pensamento logístico 
para continuar acompanhando o mercado (agora global). 
Existem três níveis diferentes de planejamento, a saber: estratégico, tático e 
operacional. 
PLANEJAMENTO
TÁTICO
PLANEJAMENTO
OPERACIONAL
PLANEJAMENTO
ESTRATÉGICO
Figura 1 – Níveis de planejamento.
O planejamento estratégico, como já dito, é o mais abrangente, sempre 
decidido pelos gestores de alta cúpula. Suas técnicas são de mudanças e suas 
projeções são a longo prazo. O planejamento no nível tático é diferente, pois 
suas projeções são a médio prazo; seus objetivos são transformar os planos 
estratégicos em planos concretos para cada unidade de trabalho, ou seja, cada 
uma focada em suas metas previamente fixadas. Finalmente, o planejamento 
operacional tem o foco no alcance de metas específicas, cada qual em suas 
tarefas isoladas. 
2. Como Aplicar o Planejamento Estratégico em Logística? 
Para se aplicar o planejamento estratégico em logística, é necessário, antes, 
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desenhar o projeto, ou seja, estabelecer o que se deseja. Além disso, deve-se 
adotar uma metodologia e definir o seu objetivo final. Seus objetivos devem 
ser reais e não meramente fictícios. Formalizar objetivos representa formar 
equipes multidisciplinares coesas para uma eficiente elaboração desse 
planejamento. Na logística, em sua prática, traduzimos: os colaboradores 
devem reconhecer suas competências técnicas e estar à altura dos principais 
desafios. Em conjunto, entender, com profundidade, as necessidades básicas 
dos seus clientes finais. 
Figura 2 – Reunião estratégica.
Veja, a seguir, um exemplo prático bastante interessante: 
Um fabricante de produtos para limpeza, portanto uma empresa do segmento 
químico, elabora um plano melhor do que o plano que vinha utilizando de 
distribuição de seus produtos ao mercado consumidor. O objetivo é ampliar 
a margem de vendas. O planejamento estratégico dessa empresa será 
reformular a sua logística de distribuição, aumentando as opções de pontos 
de venda para que os produtos estejam mais disponíveis para a compra. 
Dessa forma, o projeto e os objetivos finais são bastante evidentes: ampliar 
as vendas. A metodologia empregada é focar nos canais de distribuição. O 
pessoal técnico envolvido é bastante competente para desenvolver melhores 
alternativas e garantir a disponibilidade desses produtos aos pontos de venda 
estruturados nessa cadeia. 
O planejamento estratégico é uma atividade muito abstrata e abrangente, 
portanto é recomendado que a metodologia seja sempre dividida em fases e 
subfases. Desse modo, há facilidade para estabelecer uma visão geral do todo 
e efetuar as aprovações, passo a passo.
3. Políticas da Área de Logística, Objetivos e Desafios do 
 Planejamento Estratégico.
O planejamento estratégico permite às empresas definir o seu posicionamento 
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no mercado, seus objetivos estratégicos e a estratégia competitiva que 
será utilizada para atingir tais objetivos. Como exemplos de estratégias 
competitivas, podemos citar a diferenciação por redução de custos, redução 
de capital, melhoria dos níveis de serviço, ou uma combinação dos dois 
(BALLOU, 2004). Em cada um dos casos, a logística precisará se organizar de 
maneira apropriada. 
Para que isso ocorra, é importante que haja um forte alinhamento do plano 
estratégico da logística com o plano estratégico geral da empresa. O melhor 
caso é que o plano logístico seja parte integrante do plano global, do modo que 
esteja integrado com os planos de marketing, financeiro, responsabilidade 
ambiental, entre outras áreas. 
Segundo o modelo de Rushton (2011), os principais elementos a serem 
desenvolvidos no plano estratégico da logística são: 
a) Desenvolvimento dos processos logísticos: preocupa-se em garantir que 
os processos logísticos sejam alinhados com a cadeia de suprimentos, 
cruzando as diversas áreas da empresa sem que haja desperdícios nas 
interfaces entre estas áreas. 
b) Desenvolvimento da rede logística: diz respeito à definição do fluxo físico 
de materiais ao longo da cadeia de suprimentos. Envolve decisões sobre 
localização de fábricas e armazéns, canais de distribuição, contratação de 
operadores logísticos terceirizados etc. 
c) Desenvolvimento dos sistemas de informação: está relacionado ao 
plano de implementação, uso e melhoria dos sistemas de informação 
que suportam os processos logísticos, como o ERP (planejamento dos 
recursos empresariais), sistema de gestão de armazém (WMS), programas 
de roteirização, intercâmbio eletrônico de informação (EDI), sistemas de 
planejamento da demanda e produção, entre outros. 
d) Desenvolvimento da estrutura organizacional logística: aborda a 
adequação da estrutura organizacional para suportar apropriadamente 
os processos e rede logísticos definidos, evitando a criação de barreiras 
entre setores e conflitos de interesse.A priorização de em qual dos elementos colocar mais ou menos esforços e 
investimentos deve ser feito pelos gestores de cada empresa. No entanto, 
é importante que todos os elementos sejam cobertos pelo planejamento 
estratégico da logística, garantindo que nenhum aspecto importante fique 
para trás. Além disso, é fundamental que a empresa defina um sistema de 
avaliação de desempenho para acompanhar o atendimento dos objetivos 
desde o nível estratégico até o nível operacional. 
4. Controle e Avaliação de Resultados das Atividades Referentes 
aos Procedimentos do Ciclo de Logística 
A multiplicidade de aspectos envolvidos nos processos logísticos da cadeia 
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de suprimentos tornam os ambientes gerenciais complexos, conflituosos 
e incertos. Em vista disso, os decisores1 das cadeias de suprimentos têm 
recorrido a instrumentos de gestão que lhes permitam identificar os 
pontos fortes e fracos de suas operações, bem como traçar ações visando a 
anulação das fraquezas e ao desenvolvimento de potenciais que aumentem 
a sua competitividade e alcancem os objetivos estratégicos. A avaliação de 
desempenho é uma das ferramentas capazes de suprir tais necessidades 
(DELLA BRUNA JUNIOR, 2012). 
O processo de avaliação de desempenho é um ciclo contínuo e envolve as 
etapas de: 
• identificação dos objetivos importantes para os gestores da empresa; 
• definição de métricas e referências (metas); 
• mensuração do desempenho atual; 
• comparação com as metas definidas; 
• identificação de ações de melhoria; 
• implementação e acompanhamento das ações. 
Existem metodologias estruturadas que permitem às empresas desenvolver 
um sistema de avaliação de desempenho alinhado com os diferentes níveis 
gerenciais da organização, do estratégico ao operacional. Dentre esses 
métodos, podemos destacar: 
a) Balanced Scorecard: desenvolvido por Kaplan e Norton, em 1996, 
tem como principal ponto forte a tradução da missão estratégica da 
organização em objetivos tangíveis e métricas, dentre as quais se 
identificam os KPIS7 (indicadores-chave de desempenho). Seu nome 
se origina do fato que organiza de forma balanceada as métricas 
na perspectiva financeira, de clientes, de processos internos e de 
aprendizado e crescimento conforme mostra a figura a seguir.
Saiba Mais
KPIs (key performance indicators) são controladores de desempenho de processos; dados 
gerados em relatórios gerenciais que evidenciam margem de falhas ocasionadas; índices 
de sucesso de qualidade; metas estabelecidas etc.
b) SCOR (modelo de referência de operação da cadeia de suprimentos): 
apresenta um modelo referência de processos para a cadeia de 
suprimentos que pode ser utilizado como benchmarking para a definição 
e comparação de métricas de desempenho logístico e de custos. Tais 
métricas são organizadas em categorias como ativos, custo, dados, 
1. Decisores 
Que ou quem decide ou tem o poder de decidir.
"DECISORES", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://
www.priberam.pt/dlpo/DECISORES [consultado em 02-12-2016].
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flexibilidade, estoques, pedidos, produtividade e tempo; 
Saiba Mais
Benchmarking: Processo por meio do qual uma empresa examina como outra realiza uma 
função específica a fim de melhorar a maneira de realizá-la ou a uma função semelhante.
c) MCDA-C (metodologia multicritério de apoio à decisão construtivista): 
desenvolvida no Departamento de Engenharia de Produção e Sistemas 
da Universidade Federal de Santa Catarina, se diferencia por ser capaz 
de apoiar a decisão em situações nas quais os gestores necessitam 
desenvolver maior conhecimento acerca do contexto de decisão. Por 
exemplo, entrada de novas linhas de produtos e novos mercados, 
redesenho da cadeia de suprimentos, crises de abastecimento, entre 
outras. 
A escolha da melhor metodologia a ser utilizada deve ser feita pelo gestor 
que fará uso do modelo. No entanto, de qualquer modo, o modelo adotado 
fará uso de métricas de desempenho. Essas métricas podem ser chamadas 
de indicadores, KPIs, descritores etc. A seguir, são listados alguns exemplos 
de métricas usadas para a mensuração de processos logísticos, agrupadas em 
tópicos: 
a ) Finanças: retorno sobre investimento (ROI), custos logísticos (transporte, 
estoques, armazenagem, administração), capital de giro, custo de mão de 
obra direta. 
b) Clientes: OTIF (entrega na data e quantidade), lead time de entrega, erros 
de expedição, tempo de ciclo, pesquisas de cliente. 
Saiba Mais
Período/tempo compreendido entre o pedido e a entrega do material no estoque.
c) Demanda: volume de vendas, erro de previsão. 
d) Produtividade: pedidos por representantes de vendas, unidades 
produzidas ou expedidas por homem x hora, pedidos separados por hora, 
tempo de ciclo. 
e) Pessoas: giro de funcionários, capacitação, desenvolvimento de carreira. 
f) Fornecedores: OTIF de fornecedores, lead time de entrega, erros de 
recebimento. 
g) Qualidade: peças danificadas por milhão, número de retorno por 
qualidade, reclamações de cliente; 
h) Transporte: utilização da capacidade de carga, custos de frete, 
cumprimento de prazos, pontualidade da transportadora. 
Com o uso adequado da avaliação de desempenho, as empresas podem 
transformar seus processos logísticos em diferenciais competitivos frente 
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aos concorrentes.
Saiba Mais
Para aprimorar os conhecimentos sobre a importância do planejamento nos momentos de 
crise, assista o filme “A Grande Aposta” de Adam McKay (2016).
Exercícios Propostos
1. Assinale a alternativa que representa um benefício do planejamento 
estratégico em logística. 
( ) a) a atividade permite decisões emergentes similares às contingenciais
( ) b) nenhuma alternativa demonstra benefício
( ) c) é um trabalho baseado em pesquisas internas que visa melhorar as 
entregas ainda não pontuais 
( ) d) o planejamento evidencia os melhores indicadores de desempenho 
kpis
( ) e) esse tipo de planejamento determinará as ações a praticar a curto, 
médio e longo prazo
 
2. Considere V para a(s) alternativa(s) verdadeira(s) e F para a(s) falsa(s). Em 
seguida assinale a alternativa correta. 
( ) Não há como desenvolver um planejamento estratégico sem a elaboração 
de um projeto definido. 
( ) A procura e demanda por si só já define o mercado. Assim, a logística de 
produção e abastecimento não necessita de prévio planejamento. 
( ) O planejamento é um processo que independe de sistemas, pois ele é 
estático. 
( ) a) V - V - V 
( ) b) V - F - F 
( ) c) V - F - V 
( ) d) F - F - F 
( ) e) V - V - F
3. Complete as lacunas da frase a seguir com as palavras corretas: 
A análise, diretrizes e controles _________________ compõem a _______________ 
de planejamento estratégico. 
( ) a) organizacionais – metodologia
( ) b) operacionais – estratégia
( ) c) de metas – natureza
( ) d) estratégicos – planilha
( ) e) de curto prazo – base
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4. Relacione os itens a seguir de acordo com os níveis de planejamento, 
conforme segue: 
a) Planejamento estratégico 
b) Planejamento tático 
c) Planejamento operacional
( ) ações para curto prazo
( ) atividade que envolve alta cúpula
( ) envolve unidades isoladas de trabalho
( ) suas projeções são a médio prazo
( ) planejamento de maior abrangência
( ) a) A - A - B - C - C 
( ) b) C - A - C - B - A 
( ) c) B - C - A - A - B 
( ) d) C - B - B - A - B 
( ) e) B - A - C - C - A 
5. O planejamento estratégico em logística envolve decisões importantes 
diversas. A mais abrangente e elementar é: 
( ) a) assegurar mercado bem abastecido, custo logístico adequado e clientes 
satisfeitos 
( ) b) determinar melhores decisões operacionais em curto prazo 
( ) c) planos contingenciais firmes e atualizados 
( ) d) inovação tecnológica, sempre alinhada a fim de evitar repentina 
obsolescência 
( ) e) as alternativas “b” e “c” se complementam