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HISTÓRIA DO FEMINICÍDIO

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POTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ 
 
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS – QUESTÕES SOCIAIS 
 
NAATHANY EULALYA MAIER CECHETTO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FEMINICÍDIO – A CONQUISTA DA LUTA FEMINISTA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURITIBA – 2020 
 
1 
 
FEMINICÍDIO – A CONQUISTA DA LUTA FEMINISTA 
 
Resumo: Desde os primórdios a desigualdade entre gêneros é algo que se destaca, prejudicando 
o desenvolvimento e a independência feminina, assim como alimentando o poder e a violência 
masculina contra aquelas. A raiz deste problema está na cultura patriarcal de nossa sociedade, 
porém, de onde ela vem e como se tornou tão forte? A violência doméstica, que em sua grande 
maioria acarreta no feminicídio, tem demonstrado dados alarmantes, pois todos os dias surgem 
inúmeros casos de mulheres mortas, fazendo com que essas se unam para lutar por todas as 
vidas perdidas e que se encontram em perigo. A história nos mostra que graças as essas lutas 
surgiram políticas afirmativas, direitos humanos voltados as minorias, ongs feministas, entre 
outros órgãos, que se juntaram para conquistar direitos como a Lei Maria da Penha e a Lei do 
Feminicídio, histórico esse que será abordado no presente artigo, demonstrando a importância 
das políticas públicas nos movimentos feministas. 
 
Palavras-chave: Feminicídio; Lei Maria da Penha; Violência Doméstica; Luta Feminista; 
Feminismo 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
Questões como violações dos direitos humanos, da dignidade da pessoa humana, dos 
direitos às minorias, têm se tornado, cada vez mais, temas de discussões acaloradas em 
proposições e elaborações de políticas públicas e afirmativas, que visam a garantia dos direitos 
fundamentais à grupos há muito excluídos, (mesmo que em nossa Constituição Federal exista 
a garantia, em seu artigo 5º de que “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer 
natureza [...]”1) como as mulheres, por exemplo, que tem como principal meio de proteção o 
movimento feminista, do qual, dentre suas inúmeras lutas, tem o combate à violência de gênero 
como uma de suas prioridades. 
O movimento feminista tem sua história contada juntamente com o início da 
civilização, passando pela Antiga Grécia até a História Moderna, com suas três ondas 
feministas, já superadas (apesar de ser necessário a constante manutenção dos direitos já 
conquistados), fala-se atualmente na quarta onda do movimento feminista, relacionando-o com 
a política e as batalhas enfrentadas, principalmente na esfera legislativa. 
Destarte, entende-se a importância do conhecimento da história para compreender a 
nossa própria, com os acontecimentos do passado, que nos traz ao presente, na tentativa de 
avançar para um futuro melhor. 
 
1 CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988. Disponível em 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm> Acesso 18 abr. 2020. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
2 
 
Em vista disso, passa a se estudar no presente artigo a revolução feminista dentro do 
ordenamento jurídico brasileiro que, dentre tantas vitórias alcançadas, a mais recente foi a Lei 
13.104/2015 – Lei do Feminicídio, que alterou o art. 121, §2º, VI do Código Penal Brasileiro. 
 
2. METODOLOGIA 
 
Para se falar no final da terceira e início da quarta onda do feminismo no Brasil, deve-
se delimitar o tempo a uma década, início do ano de 2010, até os dias atuais. Não será abordado, 
porém, todas as vertentes do movimento durante esse decênio, pois o tema principal é a 
violência de gênero e essa nova onda trouxe 
 
A reivindicação e a conquista dos direitos do corpo (...). Em toda parte há movimentos de liberação das 
mulheres que puseram em primeiro plano a liberdade de contracepção e o direito à interrupção 
voluntária de gravidez, (...). Esse habeas corpus das mulheres (Yvonne Knibiehler) constitui uma total 
inversão dos papéis e o fermento de uma reviravolta decisiva nas relações entre os sexos. Ao mesmo 
tempo, nos anos 1980, na França e em quase todo o mundo ocidental, desenvolvem-se as lutas pela 
penalização do estupro, do assédio sexual no trabalho, do incesto, imprescritível, das lutas pela proteção 
das mulheres submetidas a maus-tratos físicos. Numerosas leis foram votadas, aumentando as acusações 
na justiça. (...).2 
 
Desse modo, o artigo se restringe a estudos bibliográficos e artigos científicos, com o 
intuito de analisar a influência do movimento feminista na elaboração da Lei do Feminicídio, a 
importância da participação feminina na política e no poder legislativo, e, por fim, quais os 
números atuais de assassinato contra mulheres. 
 
3. REVISÃO LITERÁRIA 
 
Graças aos movimentos feministas, durante o passar dos anos as mulheres 
conquistaram direitos fundamentais para a vida civil, como o sufrágio, à educação formal, 
autonomia própria na opção do casamento, direito ao divórcio, liberdade sexual com os direitos 
reprodutivos, entre outras grandes mudanças, em especial no Brasil, realizadas tanto em nosso 
Código Civil quanto no Código Penal. 
 
Ao recusar essa compreensão, ao denunciar a situação das mulheres como efeito de padrões de opressão, 
o pensamento feminista caminhou para uma crítica ampla do mundo social, que reproduz assimetrias e 
impede a ação autônoma de muitos de seus integrantes. 
 
2 PERROT, Michelle. Minha história das mulheres. 2. ed. São Paulo: Contexto. 2017. p. 161. 
3 
 
Por isso, na teoria política produzida nas últimas décadas, a contribuição do feminismo se mostrou 
crucial. O debate sobre a dominação masculina nas sociedades contemporâneas – ou o “patriarcado”3, 
como preferem algumas – abriu portas para tematizar, questionar e complexificar as categorias centrais 
por meio das quais era pensado o universo da política, tais como as noções de indivíduo, de espaço 
público, de autonomia, de igualdade, de justiça ou de democracia. (...). 
Como corrente intelectual, o feminismo, em suas várias vertentes, combina a militância pela igualdade 
de gênero com a investigação relativa às causas e aos mecanismos de reprodução da dominação 
masculina. (...).4 
 
Ocorre, porém, que mesmo havendo tantas mudanças nas leis, a mulher ainda se 
encontra em uma posição vulnerável, pois a violência de gênero é uma realidade bastante 
presente em nosso país, daí a importância da Lei Maria da Penha, importante instrumento 
jurídico para o combate, ou a tentativa ao combate, da violência doméstica e familiar contra a 
mulher. Contudo, se verificou que tal ordenamento jurídico não abarcava todas as situações de 
violência contra a mulher, como as mulheres diariamente assassinadas fora do ambiente 
doméstico, dando assim, origem ao Projeto de Lei em 2013 para a inclusão da qualificadora do 
feminicídio no crime de homicídio. 
Antes de se adentrar ao histórico da lei, necessário trazer dois importantes conceitos 
para o trabalho, quais seriam, a definição de o que se entende como o movimento feminista, 
frisando ser praticamente impossível encontrar apenas uma definição, pois sabe-se que tal 
movimento é plural 
 
No entanto, o “feminismo” como um conceito só emergiu em 1837, quando o francês Charles Fourier 
usou pela primeira vez o termo féminisme. A palavra foi adotada na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos 
ao longo das décadas seguintes, quando era usada para descrever um movimento que tinha como 
objetivo conquistar igualdade social, econômica e legal entre os sexos, e terminar com o sexismo e a 
opressão às mulheres pelos homens.5 
 
Em uma visão mais atual tem-se que o 
 
Feminismo é “uma teoria prática que surge das condições concretas das relações humanas, enquanto 
essas relações são baseadas em relações de linguagem que são relações de poder. Um poder constituído 
com base no que se podechamar de paradigma masculinista. O feminismo é uma crítica concreta da 
sociedade que tem base em uma ação teórica inicial e que é constitutiva da prática enquanto crítica da 
dominação masculina. Feminista é alguém que pensa criticamente, enquanto essa crítica se dá na direção 
de uma releitura do mundo que tira os véus desse mesmo mundo organizado pela dominação masculina. 
Mas a dominação masculina não é apenas atitude dos homens, embora seja fácil para os homens, sujeitos 
 
3 “Falar em dominação masculina, portanto, seria mais correto e alcançaria um fenômeno mais geral 
que o patriarcado”. MIGUEL, Luis Felipe; BIROLI, Flávia. Feminismo e Política. 1. ed. São Paulo: Boitempo, 
2014. p. 19. 
4 MIGUEL, Luis Felipe; BIROLI, Flávia. Feminismo e Política. 1. ed. São Paulo: Boitempo, 2014. p. 
17. 
5 MCCANN, Hannah. (Coord.). O Livro do Feminismo. Tradução de Ana Rodrigues. 1. ed. Rio de 
Janeiro: Globo Livros. 2019. p. 14. 
4 
 
concretos que autorizam a si mesmo como agentes da dominação masculina. A dominação masculina é 
estrutura de poder ao nível dos dispositivos do poder. (...)”.6 
 
Conceitua-se também o que é feminicídio como 
 
...o homicídio cometido “contra a mulher por razões da condição de sexo feminino”. Há essa “condição 
de sexo feminino” quando o crime envolve “violência doméstica e familiar” ou “menosprezo ou 
discriminação à condição de mulher”. 
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, homem ou mulher (...).7 
 
Do ponto de vista da dominação masculina tem-se ainda que 
 
...o feminicídio é, claramente, um crime de poder, porque retém, mantém ou reproduz uma lógica de 
poder a que as mulheres estão submetidas. A ideia de território mobilizada por SEGATO ilustra o 
sentido de dominação e poder que tais crimes carregam. Segundo a autora, território não é o mesmo que 
espaço ou lugar, mas refere-se à administração política do espaço, ou seja, território é espaço traçado, 
delimitado e controlado, seja por um sujeito individual ou coletivo. Portanto, falar em território é falar 
de relações de domínio e de poder. O feminicídio revela uma ocupação depredadora dos corpos 
femininos ou feminizados, uma ocupação calcada em um sistema que não só a tolera, como, ao 
subalternizar o feminino, a promove.8 
 
Por fim, Leandro KARNAL (informação verbal) explica que “a misoginia, o ódio 
contra as mulheres, é o mais antigo, mais sólido e o mais generalizado de todos os ódios da 
espécie humana. É aquele que unifica o Império Babilônico até hoje”.9 
Assim, compreende-se que a necessidade de leis mais rigorosas, voltadas 
exclusivamente a proteção da mulher, é uma demanda há muito ignorada. 
À visto disso, impossível falar do manifesto em prol à Lei 13.104/2015 sem antes 
estabelecer a relação dos tratados internacionais de direitos humanos com o sucesso da sanção 
da Lei 11.340/2006 – Lei Maria da Penha, pois uma está interligada a outra. 
Inicia-se então com a relevante informação de o Brasil ser signatário da Convenção de 
Belém do Pará, mais conhecida como a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e 
 
6 MARTINS, Fernanda. Feminismo sem Edições: O Papel da Mulher nos Cenários Jurídicos. In: 
GOSTINSKI, Aline; MARTINS, Fernanda. (Org.). Estudos Feministas: Por um Direito Menos Machista. 1. ed. 
Florianópolis: Empório do Direito. 2016. p. 77. 
7 FERNANDES, Valéria Diez Scarance. Lei Maria da Penha: O Processo Penal no Caminho da 
Efetividade. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2015. p. 73-74. 
8 MACHADO, Isadora Vier; ELIAS, Maria Lígia G. G. Rodrigues. Feminicídio em Cena. Da 
Dimensão Simbólica à Política. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
20702018000100283> Acesso 19 abr. 2020. 
9 Entrevista concedida por KARNAL, Leandro. Especial: O Mundo Pós-Pandemia com Leandro 
Karnal. [abr. 2020]. Entrevistadoras: Mari Palma; Thais Herédia e Gabriela Prioli. São Paulo: 2020. Disponível 
em <https://www.youtube.com/watch?v=pDMAfc1ya1M> Acesso 18 abr. 2020. 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-20702018000100283
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-20702018000100283
https://www.youtube.com/watch?v=pDMAfc1ya1M
5 
 
Erradicar a Violência contra Mulher, desde 1995, vinculando o país a obrigações perante a 
Comissão Interamericana de Direitos Humanos. 
Percebe-se então a pertinência do conhecimento da história da Maria da Penha, vítima 
de violência doméstica e de tentativa de feminicídio, pois foi graças à esse fato e a junção de 
inúmeras mulheres, diferentes ONG’s, associações e entidades políticas que o Brasil foi 
condenado a “entre outras providências, a prosseguir e intensificar o processo de reforma que 
evite a tolerância estatal e o tratamento discriminatório com respeito à violência doméstica 
contra mulheres no Brasil.”10 
Nessa toada, em 2013 foi apresentado o Projeto de Lei nº 292/2013, “justificando a 
criminalização de tal comportamento como um crime de ódio contra mulher, sendo necessária 
a tipificação penal para reconhecer a violência extremada contra a mulher, identificando o 
problema e trazendo visibilidade para a sociedade”.11 
Após dois anos, sancionou-se a Lei do Feminicídio, tendo como principal mudança 
entre o primeiro projeto de lei apresentado, para a lei aprovada, o termo ‘sexo feminino’ ao 
invés de ‘gênero feminino’, diferença drástica para a proteção de transexuais, travestis, entre 
outros, sendo abarcada apenas mulheres nascidas com o sexo biológico feminino, vitória essa 
da bancada conservadora de nosso Congresso. 
 
Importante lembrar que o texto de inclusão do feminicídio entre nós sofreu modificações substanciais 
em relação à proposta original. No Congresso Nacional, desafortunadamente, em uma manifestação de 
claro viés religioso-conservador, foi substituída a expressão “razões de gênero” por “sexo”, sob o 
argumento de que com a primeira estariam abarcadas também situações outras que não a de mortes de 
mulheres biológicas, mas também as de transexuais e de travestis. De fato, um retrocesso vergonhoso 
em um Estado pretensamente laico e não discriminatório.12 
 
Entretanto, havendo a tipificação da qualificadora de feminicídio no Código Penal 
Brasileiro, incumbe-se “ao Estado investigar e punir tais crimes, pois não só o direito à vida é 
uma garantia fundamental na Constituição Federal, mas também pelo fato de ser necessário 
combater essa violência letal dirigida contra às mulheres”.13 
Observa-se que o sistema eleitoral atual do Brasil, segundo o art. 10, §3º da Lei nº 
9.504/1997 - Lei das Eleições, destina 30% de vagas na eleição para mulheres que concorram 
para cargos na Câmara dos Deputados e na Câmara Legislativa, não sendo como consequência 
 
10 CECHETTO, Naathany Eulalya Maier. A Improcedência da Alegação de Inconstitucionalidade 
do Feminicídio na Ordem Jurídica Brasileira. EVINCE, Curitiba, v. 4, n. 2, p. 148 – 164, 2018. Disponível em 
<https://portaldeperiodicos.unibrasil.com.br/index.php/anaisevinci/article/view/4437> Acesso 19 abr. 2020. 
11 Idem. 
12 MENDES, Soraia da Rosa. Processo Penal Feminista. 1. ed. São Paulo: Atlas. 2020. p. 134. 
13 CECHETTO, Naathany Eulalya Maier. Op. cit. 
https://portaldeperiodicos.unibrasil.com.br/index.php/anaisevinci/article/view/4437
6 
 
direta a aquisição de tais cargos, apenas a possibilidade de concorrer. Mesmo que tais números 
não sejam expressivos no cenário atual, a participação feminina em locais onde importante 
decisões são tomadas para o bem da população se mostra relevante pois 
 
ter mais deputadas no parlamento garante, por si só, maior atenção às necessidades e aos interesses de 
mulheres pobres e sem capital político. A existência de mecanismos de tomada de decisão política mais 
participativos e mais próximos da vida cotidianaprovavelmente influiria bem mais na possibilidade de 
que elas fossem ouvidas (...).14 
 
Revela-se importante então, o ano em que a Lei do Feminicídio foi aprovada, pois em 
2015 o país tinha uma mulher como presidente, Dilma Roussef, que alinhou-se com os 
relatórios fornecidos pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito sobre Violência contra a 
Mulher, que teve como intuito a investigação da real situação da violência contra a mulher no 
Brasil, tal comissão ocorreu entre 2012 – 2013, quando foi apresentado o primeiro projeto de 
lei, para a aprovação, em seu mandato, da Lei 13.104/2015, importante marco para a proteção 
da mulher. 
 
O feminicídio é a instância última do controle da mulher pelo homem: o controle da vida e da morte. 
Ele se expressa como afirmação irrestrita de posse, igualando a mulher a um objeto, quando cometido 
por parceiro ou ex-parceiro; como subjugação da intimidade e da sexualidade da mulher, por meio da 
violência sexual associada ao assassinato; como destruição da identidade da mulher, pela mutilação ou 
desfiguração de seu corpo; como aviltamento da dignidade da mulher, submetendo-a a tortura ou a 
tratamento cruel ou degradante.15 
 
Percebe-se assim que o envolvimento da mulher na política e as manifestações 
feministas são de extrema relevância para a criação, aprovação e manutenção de direitos que 
visem garantir uma vida digna à mulher. 
4. RESULTADOS 
Primeiramente deve-se entender o porquê de o feminicídio ser uma qualificadora no 
crime de homicídio e não um crime próprio, assim, é de conhecimento que o art. 121 do Código 
Penal já tipifica o crime de matar, sendo que um artigo exclusivo para o feminicídio poderia 
classificar tal crime como bis in idem (repetição) no ordenamento penal. Desse modo utilizou-
se o feminicídio como uma qualificadora do crime de homicídio, ou seja, sua pena máxima, 
como previsto no art. 121, caput/ CP é reclusão de vinte anos, adicionando a qualificadora em 
 
14 MIGUEL, Luis Felipe; BIROLI, Flávia. Op. cit. p. 148. 
15 COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUÉRITO – RELATÓRIO FINAL. Disponível 
em <https://www12.senado.leg.br/institucional/omv/entenda-a-violencia/pdfs/relatorio-final-da-comissao-
parlamentar-mista-de-inquerito-sobre-a-violencia-contra-as-mulheres> Acesso 19 abr. 2020. 
https://www12.senado.leg.br/institucional/omv/entenda-a-violencia/pdfs/relatorio-final-da-comissao-parlamentar-mista-de-inquerito-sobre-a-violencia-contra-as-mulheres
https://www12.senado.leg.br/institucional/omv/entenda-a-violencia/pdfs/relatorio-final-da-comissao-parlamentar-mista-de-inquerito-sobre-a-violencia-contra-as-mulheres
7 
 
questão – motivação e/ou meio utilizado para realizar o crime – a punição se eleva com pena 
máxima de reclusão de trinta anos.16 
Ocorre, porém, que mesmo o Brasil estando em 5º lugar como um dos países mais 
perigosos para uma mulher viver, o feminicídio ainda é um crime muito subnotificado pois 
quando da denúncia o processo penal prefere desqualificá-lo para um crime mais simples, 
fazendo com que os números oficiais não reflitam a realidade brasileira. 
 
O Brasil ocupa o 5º lugar no ranking mundial de Feminicídio, segundo o Alto Comissariado das Nações 
Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH). O país só perde para El Salvador, Colômbia, Guatemala 
e Rússia em número de casos de assassinato de mulheres. Em comparação com países desenvolvidos, 
aqui se mata 48 vezes mais mulheres que o Reino Unido, 24 vezes mais que a Dinamarca e 16 vezes 
mais que o Japão ou Escócia17 
 
Um real controle nas delegacias, no momento do inquérito policial, assim como no 
Ministério Público no momento da realização da denúncia, torna-se imprescindível para o 
controle de dados e consequente formulação de novas políticas públicas, que poderia ser 
denominado “Metodologia Investigatória do Feminicídio”.18 
 
Com (sic) entende a autora e autor, a metodologia seria um mecanismo apto a reprogramar a 
investigação policial, com protocolos sensíveis ao paradigma de gênero. Do conteúdo da proposição de 
Villa e Machado infere-se que uma metodologia investigatória na perspectiva de gênero que leve em 
conta as decisões organizacionais da polícia, “poderá contribuir para a construção de protocolos que 
auxiliem as investigações dos feminicídios, qualificando a aplicação do direito penal à realidade 
empírica, além de favorecer o debate, o planejamento e a efetividade dos direitos das mulheres em 
situação de violência”. 
 
Assim, o Atlas da Violência19 realizado em dezembro de 2019 traz números 
alarmantes, porém que devem ser analisados com cautela, sabendo das subnotificações, tanto 
por parte das delegacias, como das próprias vítimas, em casos de tentativas de feminicídio, ou 
de seus familiares, em casos de feminicídio consumado. 
Desta forma, tal pesquisa relata “que houve um crescimento dos homicídios femininos 
no Brasil em 2017, com cerca de 13 assassinatos por dia.”, sendo que durante a década 
pesquisada (2007-2017) houve um “crescimento expressivo de 30,7% no número de homicídios 
de mulheres no país (...).”20 
 
16 CÓDIGO PENAL – Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-
lei/del2848compilado.htm> Acesso 19 abr. 2020. 
17 CUNHA, Carolina. Feminicídio – Brasil é o 5º país em morte violentas de mulheres no mundo. 
Disponível em <https://vestibular.uol.com.br/resumo-das-disciplinas/atualidades/feminicidio-brasil-e-o-5-pais-
em-morte-violentas-de-mulheres-no-mundo.htm> Acesso 11 abr. 2020. 
18 VILLA, Eugênia Nogueira do Rêgo Monteiro; MACHADO, Bruno Amaral. O mapa do feminicídio 
na Polícia Civil do Piauí: uma análise organizacional-sistêmica. Revista Opinião Jurídica, ano 16, n. 22, 
Fortaleza, p. 86-107, jan/jun. 2018. Apud. MENDES, Soraia da Rosa. Processo Penal Feminista. 1. ed. São Paulo: 
Atlas. 2020. p. 136. 
19 Atlas da Violência – IPEA. Disponível em: 
<http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=34784> Acesso 12 abr. 2020. 
20 Ibidem. p. 35. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm
https://vestibular.uol.com.br/resumo-das-disciplinas/atualidades/feminicidio-brasil-e-o-5-pais-em-morte-violentas-de-mulheres-no-mundo.htm
https://vestibular.uol.com.br/resumo-das-disciplinas/atualidades/feminicidio-brasil-e-o-5-pais-em-morte-violentas-de-mulheres-no-mundo.htm
http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=34784
8 
 
A própria pesquisa ainda demonstrou sua dificuldade em quantificar os números de 
feminicídios ocorridos desde a promulgação de sua lei. 
 
...há reconhecimento na literatura internacional de que a significativa maioria das mortes violentas 
internacionais que ocorrem dentro das residências são perpetradas por conhecidos ou íntimos das 
vítimas. Portanto, a taxa de incidentes letais intencionais contra mulheres que ocorrem dentro das 
residências é uma boa proxy para medir o feminicídio. Naturalmente, ainda que o número real de 
feminicídios não seja igual ao número de mulheres mortas dentro das residências (mesmo porque vários 
casos de feminicídios ocorrem fora da residência), tal proxy pode servir para evidenciar a evolução de 
taxas de feminicídio no país.21 
 
Muitos conceitos relacionados a esse crime já foram demonstrados nesse estudo, 
porém ressalta-se 
 
o termo “feminicídio”, definindo-o também como o ato de matar uma mulher pelo fato de pertencer ao 
sexo feminino, mas conferindo a ele um significado político com o propósito de denunciar a falta de 
resposta nesses casos, bem como o descumprimento pelos Estados das obrigações internacionais de 
proteção que incluem o dever de investigar e punir crimes dessa natureza.22 
 
Ao final reflete-se então, quantas mulheres em nosso país não foram vítimas de 
feminicídiopor serem destemidas e militarem por seus direitos? Não seria Marielle Franco um 
exemplo de mulher vítima do feminicídio, justamente por ser a figura incômoda em um local 
dominado por homens (Câmara Legislativa)? 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
O feminicídio, como demonstrado nesse artigo, é um crime que sempre ocorreu, sendo 
recentemente tipificado por força de movimentos feministas e da participação de mulheres na 
política. 
Revela-se, desse modo, de vital importância a militância do movimento feminista, 
principalmente no cenário atual do Brasil, onde temos um governo de extrema direita 
conservadora, sendo que esse “homem que ocupa o espaço público e se concretiza como homem 
a partir da ideologia patriarcal como regulador da ordem pública se vê castrado de seu domínio 
quando percebe ele ocupado por mulheres. É afronta direta ao poder do macho”.23 
Frisa-se assim que “enfrentar mecanismos de segregação e de apartação no e do 
diálogo é uma prática cotidiana para aquelas que visam resistir à logica de um sistema 
estruturalmente fundado na desigualdade de gênero”24, pois nunca foi fácil ser mulher em um 
mundo dominado pelos homens, porém a luta contra a violência de gênero e o feminicídio por 
 
21 Ibidem. p. 40. 
22 MENDES, Soraia da Rosa. Op. cit. p. 137. 
23 MARTINS, Fernanda. Op. cit. p. 82. 
24 Ibidem. p. 75. 
9 
 
consequência, devem ser uma constância, não apenas para os movimentos feministas, mas para 
a população como um todo. 
6. REFERÊNCIAS 
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CUNHA, Carolina. Feminicídio – Brasil é o 5º país em morte violentas de mulheres no mundo. 
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Leandro Karnal. [abr. 2020]. Entrevistadoras: Mari Palma; Thais Herédia e Gabriela Prioli. 
São Paulo: 2020. Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=pDMAfc1ya1M> 
Acesso 18 abr. 2020. 
FERNANDES, Valéria Diez Scarance. Lei Maria da Penha: O Processo Penal no Caminho 
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Dimensão Simbólica à Política. Disponível em 
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https://vestibular.uol.com.br/resumo-das-disciplinas/atualidades/feminicidio-brasil-e-o-5-pais-em-morte-violentas-de-mulheres-no-mundo.htm
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MIGUEL, Luis Felipe; BIROLI, Flávia. Feminismo e Política. 1. ed. São Paulo: Boitempo, 
2014. 
PERROT, Michelle. Minha história das mulheres. 2. ed. São Paulo: Contexto. 2017.

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