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Estática fetal e contratilidade uterina

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1 VALESSA VALENÇA | HAM VII | 2021.2 | OBSTETRÍCIA 
Estática fetal e contratilidade uterina 
DEFINIÇÃO 
As RELAÇÕES DO FETO COM A BACIA MATERNA E COM O ÚTERO CONSTITUEM A ESTÁTICA FETAL . Seu estudo permite 
o conhecimento da nomenclatura obstétrica, fundamental para o tocoginecologista. 
ATITUDE FETAL 
A atitude fetal é definida como a RELAÇÃO DAS DIFERENTES PARTES FETAIS ENTRE 
SI . A ATITUDE FISIOLÓGICA do feto é de flexão da coluna vertebral, a cabeça 
levemente fletida e as coxas fletidas sobre a bacia. No todo, o feto tem a configuração 
de um ovoide com 2 extremidades: POLOS CEFÁLICO E PÉLVICO. 
Na gestação a termo, o feto medindo aproximadamente 50 cm de comprimento ocupa 
um espaço de 30 cm na cavidade uterina. Durante o trabalho de parto, ocorre a 
retificação do feto, que adquire a forma de um cilindro. 
A quantidade de líquido amniótico influi sobre o grau de flexão. Quando em pequena 
quantidade, observa-se configuração ovoide mais acentuada. 
SITUAÇÃO 
Situação é a RELAÇÃO ENTRE O MAIOR EIXO UTERINO E O MAIOR EIXO FETAL . 
Pode ser LONGITUDINAL, quando ambos os eixos coincidem, ou TRANSVERSAL, 
quando o feto se dispõe mais ou menos perpendicularmente ao maior eixo uterino. Na 
SITUAÇÃO LONGITUDINAL, encontrada em 99,5% das gestações, distingue-se a 
apresentação do polo cefálico ou do polo pélvico. 
A SITUAÇÃO TRANSVERSA é exceção, encontrada 
em apenas 0,5% das gestações. Multiparidade, 
polidrâmnio, placentação anômala, anomalia uterina, 
miomas submucosos e malformações fetais são fatores 
predisponentes a esse tipo de situação fetal. 
A SITUAÇÃO OBLÍQUA é muito rara e costuma ser transitória. 
APRESENTAÇÃO 
Trata-se da região do feto que ocupa a área do estreito superior e nela vai se insinuar. 
A apresentação só é definitiva no penúltimo ou até mesmo no último mês da gestação, período 
em que o volume fetal oferece dificuldade à passagem por meio da bacia. 
Nas situações longitudinais, podem ser observadas as APRESENTAÇÕES CEFÁLICAS OU 
PÉLVICAS. Nas situações transversas, o ombro ocupa a região do estreito superior da bacia, e 
temos a APRESENTAÇÃO CÓRMICA. 
CEFÁLICA 
Figura 1 - Atitude fetal fisiológica: flexão 
generalizada 
Figura 2 - A: Longitudinal; B: 
Transversa 
 
2 VALESSA VALENÇA | HAM VII | 2021.2 | OBSTETRÍCIA 
Em 96% das gestações, observa-se o feto em apresentação cefálica. 
A cabeça apresenta movimentos no sentido anteroposterior, de flexão e extensão (ou deflexão). Na flexão 
do polo cefálico, o mento aproxima-se do esterno; é a chamada apresentação cefálica fletida (de vértice ou 
occipício), encontrada em 95% de todas as gestações. 
Conforme ocorre a deflexão do polo cefálico, o mento afasta-se do esterno. Classifica-se a deflexão desse 
polo em 3 graus: 
a) PARCIAL FLEXÃO (PRIMEIRO GRAU) : apresentação da fontanela bregmática, ponto 
de referência fetal, bregma; 
b) PARCIAL DEFLEXÃO (SEGUNDO GRAU) : apresentação de fronte, ponto de referência 
fetal – raiz do nariz/maxilar superior; 
c) DEFLEXÃO MÁXIMA (TERCEIRO GRAU) : apresentação de face, em que o polo cefálico 
se encontra em contato com o dorso. Ponto de referência fetal-mento. 
Os diâmetros e as circunferências do polo cefálico são importantes no momento do parto, pois, com os 
diâmetros da bacia, determinam os fenômenos que acontecem durante o trabalho de parto. Os diâmetros 
mais importantes do polo cefálico são o BIPARIETAL (9,5 cm), o SUBMENTOBREGMÁTICO (SMB) , o 
SUBOCCIPITOBREGMÁTICO (SOB) , o OCCIPITOMENTONIANO (OM) e o OCCIPITOFRONTAL 
(OF). 
PÉLVICA 
Em 3,5% das gestações, observa-se o feto em 
apresentação pélvica. Diversos fatores podem predispor às apresentações 
pélvicas: malformações fetais ou uterinas, gemelaridade, prematuridade, 
anencefalia ou hidrocefalia, tumores uterinos, vícios pélvicos, brevidade de 
cordão umbilical, inserção anômala da placenta, entre outros. 
Quando em apresentação pélvica, o feto pode estar com as coxas fletidas 
sobre o abdome e as pernas fletidas sobre as coxas (apresentação pélvica 
completa), ou com os membros rebatidos sobre a parede anterior do tronco, 
ou seja, somente flexão das coxas sobre a bacia (apresentação pélvica 
incompleta, agripina ou modo de nádegas). São possíveis variações dessa 
apresentação: modo de joelhos (coxas em extensão e pernas fletidas sobre 
as coxas), modo de pés (ambas as pernas em extensão), modo de joelhos 
incompleto e modo de pés incompleto. 
O feto em apresentação pélvica costuma sofrer versão espontânea para apresentação cefálica ao longo da gestação, para adaptar-se 
às formas da cavidade uterina. 
CÓRMICA 
Em 0,5% das gestações, observa-se 
o feto em apresentação córmica, 
corresponde à situação transversa. 
POSIÇÃO 
Trata-se da RELAÇÃO DO DORSO 
FETAL COM O LADO DIREITO 
OU ESQUERDO MATERNO, 
PODENDO SER DIREITA OU 
ESQUERDA. 
Figura 3 - A: Cefálica; B: Pélvica; 
C: Córmica 
 
 
 
Figura 4 - Cabeça fetal 
 
3 VALESSA VALENÇA | HAM VII | 2021.2 | OBSTETRÍCIA 
A posição mais comum no final da gestação é a 
esquerda, pois o útero é pouco rodado para a direita, 
e a presença do cólon sigmoide e do reto, à esquerda, 
impulsiona o dorso fetal anteriormente – é a chamada 
primeira posição. A importância de se determinar a 
posição é buscar a melhor localização para a ausculta 
cardíaca fetal durante o trabalho de parto, que será 
ipsilateral a seu dorso na maioria das vezes. 
VARIEDADE DE POSIÇÃO 
A variedade de posição é a RELAÇÃO ENTRE O 
PONTO DE REFERÊNCIA DA APRESENTAÇÃO 
FETAL E O PONTO DE REFERÊNCIA DA BACIA 
MATERNA. Os PONTOS DE REFERÊNCIA DA BACIA MATERNA são invariáveis: pube, eminências ileopectíneas bilateralmente 
(pontos anteriores), extremidades do diâmetro transverso máximo (pontos transversos), sinostoses sacroilíacas bilateralmente 
(pontos posteriores) e promontório (sacro). Os pontos de referência fetais e as linhas de orientação variam com a apresentação. 
Na nomenclatura da variedade de posição, utiliza-se a abreviação composta por 3 letras que definem a APRESENTAÇÃO, O LADO 
MATERNO PARA O QUAL ESSE PONTO ESTÁ VOLTADO E A SUA VARIEDADE . A primeira letra corresponde ao ponto de 
referência fetal (O – Occipício, M – Mento etc.) ; a segunda, ao lado materno para o qual se orienta esse ponto; e a terceira letra 
corresponde à variedade de posição (anterior, transversa ou posterior). 
 
 
Figura 7 - A: Apresentação de vértice em occipitoesquerda anterior; B: 
Apresentação de vértice em occipitodireita anterior; C: Apresentação de vértice 
em occipitoesquerda posterior; D: Apresentação de vértice em occipitodireita 
posterior 
Figura 5 - Apresentação córmica: A - 
Implantação fúndica; B - Dorso 
posterior; C: Dorso anterior 
Figura 6 - A: Posição direita e B: 
Posição esquerda 
 
4 VALESSA VALENÇA | HAM VII | 2021.2 | OBSTETRÍCIA 
 
Além de no decorrer de um parto normal, o estudo da contratilidade uterina tem sua maior importância em três situações: para a 
inibição de contrações nos casos de trabalho de parto prematuro; para a indução do trabalho de parto em casos em que seja 
necessária a resolução do parto; e, finalmente, no período pós-parto para o miotamponamento e a para a regressão do útero nos 
dias seguintes ao nascimento. 
 
5 VALESSA VALENÇA | HAM VII | 2021.2 | OBSTETRÍCIA 
Participam da mecânica do parto o conteúdo uterino em si, ou seja, o feto e seus anexos, a passagem materna representada pela 
bacia obstétrica e o motor, representado pelas contrações uterinas durante o trabalho de parto. 
O MIOMÉTRIO é, de fato, composto por células musculares lisas que apresentam grau máximo de diferenciação no sistema 
muscular. Essas fibras musculares estão dispersas dentro da matriz extracelular, formada principalmente por fibras colágenas. A 
UNIDADE GERADORA DE CONTRAÇÃO UTERINA é formada por um complexo proteico (actina-miosina) disposto em fuso 
dentro do citoplasma. Assim, essas fibras estão dispostas em feixes e envoltas por uma matriz de tecido conjuntivocomposta por 
colágeno, cuja principal função é facilitar a transmissão das forças contráteis geradas pelos feixes musculares. 
PRINCIPAIS PROCEDIMENTOS TOCOMÉTRICOS 
Os procedimentos mais precisos para avaliar a atividade do útero gravídico humano são os que registram as pressões intrauterinas: 
AMNIÓTICA, INTRAMIOMETRIAL, PLACENTÁRIA E PUERPERAL . 
REGISTRO DA PRESSÃO 
AMNIÓTICA 
A pressão amniótica informa sobre a 
contratilidade do útero como um 
todo, sem fornecer dados específicos 
de cada segmento funcional da 
matriz. 
REGISTRO DA PRESSÃO 
INTRAMIOMETRIAL 
A pressão intramiometrial é obtida 
pelo uso de microbalões (0,02 ml) 
inseridos na espessura da parede 
uterina, em três ou quatro regiões 
funcionalmente distintas. 
REGISTRO DA PRESSÃO 
PLACENTÁRIA 
A dinâmica do útero no secundamento é conhecida pela aferição da pressão sanguínea na veia umbilical, chamada pressão 
placentária. A técnica serve, igualmente, para registrar a pressão intrauterina logo após o parto do primeiro concepto de gravidez 
múltipla. 
 
 
 
6 VALESSA VALENÇA | HAM VII | 2021.2 | OBSTETRÍCIA 
ANÁLISE DA PRESSÃO 
INTRAUTERINA 
Alvarez & Caldeyro-Barcia (1948) 
medem a pressão amniótica a 
partir do nível da pressão intra-
abdominal, considerada o “zero” 
na escala de pressões. O TÔNUS 
UTERINO representa o menor 
valor registrado entre duas 
contrações. A INTENSIDADE de 
cada contração é dada pela 
elevação que ela determina na 
pressão amniótica, acima do 
tônus; a FREQUÊNCIA compreende o número de contrações em 10 min. Conceitua, ainda, a ATIVIDADE UTERINA como o produto 
da intensidade das contrações pela sua frequência, expressando o resultado em mmHg/10 min ou Unidades Montevidéu (UM); e o 
TRABALHO UTERINO para realizar certa função, como, por exemplo, dilatar o colo de 2 para 10 cm, corresponde à soma das 
intensidades de todas as contrações responsáveis por essa tarefa (mmHg). 
EVOLUÇÃO DA CONTRATILIDADE UTERINA NO CICLO GESTATÓRIO 
GRAVIDEZ 
Até 30 semanas de gestação, a atividade uterina é muito pequena, inferior a 20 UM. Os registros de pressão amniótica evidenciam 
contrações reduzidas, frequentes, cerca de 1 por minuto, que permanecem restritas a diminutas áreas do útero. De vez em quando 
surgem CONTRAÇÕES DE BRAXTON-HICKS. Têm frequência muito baixa, em torno de 28 a 32 semanas, até 2 contrações/h. O 
tônus uterino permanece entre 3 e 8 mmHg. 
As contrações de Braxton-Hicks resultam mais da soma de metrossístoles assincrônicas, parcialmente propagadas, do que de atividade 
bem coordenada. 
PRÉ-PARTO 
Após 30 semanas, a atividade uterina aumenta vagarosa e progressivamente. Nas últimas 4 semanas (pré-parto) a atividade é 
acentuada, observando-se, em geral, contrações de Braxton-Hicks mais intensas e frequentes, que melhoram a sua coordenação e 
se difundem a áreas cada vez maiores da matriz (até 3 contrações/h). As pequenas contrações, embora diminuídas em número, 
permanecem nos traçados obtidos nessa época. O tônus se aproxima de 8 mmHg. Em menor quantidade de casos, a transformação 
da atividade uterina no pré-parto se faz pelo aumento progressivo da intensidade das pequenas contrações, que se tornam mais 
expansivas, enquanto sua frequência diminui gradativamente. 
PARTO 
Clinicamente, o parto está associado ao desenvolvimento de contrações dolorosas e rítmicas, que condicionam dilatação do colo 
uterino. Arbitrariamente, considera-se seu início quando a dilatação cervical chega a 2 cm, estando a atividade uterina compreendida 
entre 80 e 120 UM (em média 100 UM). Não há demarcação nítida entre o pré-parto e o parto, mas, sim transição gradual, insensível, 
o que torna difícil caracterizar a atividade do começo da dilatação. As pequenas contrações localizadas tendem a desaparecer, estando 
ausentes nos partos normais, em que os registros exibem apenas metrossístoles fortes e regulares. 
Na DILATAÇÃO, as contrações têm intensidade de 30 mmHg e frequência de 2 a 3/10 min, para alcançar, no final desse período, 
valores respectivos de 40 mmHg e 4/10 min. 
No PERÍODO EXPULSIVO, a frequência atinge 5 contrações em 10 min e a intensidade 50 mmHg. São próprias dessa fase as 
contrações da musculatura abdominal com a glote fechada, esforços respiratórios verdadeiros, chamados puxos. Eles causam 
acréscimos súbitos e de curta duração da pressão abdominal, que se sobrepõem às elevações determinadas pelas metrossístoles. Os 
puxos têm intensidade média de 50 mmHg, de tal modo que, somados à pressão intrauterina, neste caso também de 50 mmHg, 
condicionam pressão amniótica de 100 mmHg. Em partos normais a atividade uterina varia de 100 a 250 UM. 
 
7 VALESSA VALENÇA | HAM VII | 2021.2 | OBSTETRÍCIA 
SECUNDAMENTO 
Após o nascimento do concepto, o útero continua a produzir contrações rítmicas. As 2 ou 3 primeiras usualmente descolam a placenta 
de sua inserção uterina e a impelem para o canal do parto. As contrações, agora indolores, proporcionam alívio imediato às pacientes, 
por isso foram responsáveis pelo chamado período de repouso fisiológico. 
PUERPÉRIO 
Os gráficos mostram contrações cuja frequência vai diminuindo, até atingir 1 em cada 10 min, decorridas 12 h de puerpério. Nos dias 
que se seguem, a intensidade e o número das contrações estão mais reduzidos. Quando o bebê suga o seio materno, pode haver 
aumento nítido na atividade uterina, que desaparece ao final da mamada. 
As contrações do secundamento e do puerpério, apesar de mais intensas do que as do parto, não exprimem aumento real na força 
muscular, como foi mencionado. 
 
FUNÇÕES DA CONTRATILIDADE UTERINA 
MANUTENÇÃO DA GRAVIDEZ 
Durante a gestação, o útero não está inativo, mas sua atividade é bastante reduzida, irregular, localizada e sem significado funcional 
expulsivo. 
A gravidez provavelmente se mantém pelo chamado bloqueio progesterônico. A PROGESTERONA tem a propriedade de diminuir 
a sensibilidade da célula miometrial ao estímulo contrátil, por hiperpolarização da membrana, bloqueando a condução da atividade 
elétrica de uma célula muscular a outra. Grande parte da progesterona placentária alcança o miométrio antes de ser carreada pela 
circulação sistêmica. Esse componente local determina o gradiente de concentração progesterônica no útero, função da distância à 
placenta. 
 
8 VALESSA VALENÇA | HAM VII | 2021.2 | OBSTETRÍCIA 
DILATAÇÃO DO ISTMO E DO 
COLO UTERINO 
No pré-parto, a contração encurta o 
corpo uterino e exerce tração 
longitudinal no segmento inferior, que 
se expande, e no colo, que 
progressivamente se apaga e se dilata 
(amadurecimento). 
A tração pode ser transmitida com 
eficiência ao colo porque o segmento 
também se contrai, embora com força 
menor que o corpo. 
Ao termo da gravidez, o orifício 
externo cervical atinge, em média, 1,8 
cm nas nulíparas e 2,2 cm nas 
multíparas; o colo se apaga, 
respectivamente, cerca de 70 e 60%. 
No parto, essas alterações se intensificam; depois de cada metrossístole o corpo fica mais curto e mais espesso (braquiestase ou 
retração), e o colo uterino fica mais dilatado. O istmo é tracionado para cima, deslizando sobre o polo inferior do feto, experimentando 
dilatação no sentido circular; apenas no período expulsivo produz-se certo estiramento longitudinal do segmento. 
A pressão exercida pela apresentação fetal ou pela bolsa das águas, atuando em forma de cunha, constitui o segundo fator responsável 
pela dilatação das porções baixas do útero. 
O progresso da dilatação cervical depende da contratilidade uterina propagada, coordenada e com tríplice gradiente descendente, 
embora a resistência oposta pelo colo desempenhe papel relevante. 
A DURAÇÃO DO PARTO NORMAL é muito variável, completando-se a DILATAÇÃO, nas primíparas, após 10 a 12 h, e, nas 
multíparas, decorridas 6 a 8 h. 
DESCIDA E EXPULSÃO DO FETO 
As metrossístoles, ao encurtarem o corpo uterino, empurram o feto através da pelve e o expulsam para o exterior, estando a parte 
inferiordo útero presa à pelve, principalmente pelos ligamentos uterossacros. Embora a parte mais importante se desenvolva no 
período expulsivo, são as contrações do pré-parto que começam a adaptar e a insinuar a apresentação fetal na bacia. No segundo 
período do parto, o segmento inferior é estirado no sentido longitudinal, em cada contração do corpo, com o consequente 
adelgaçamento de suas paredes. 
As contrações dos ligamentos redondos, sincrônicas com as 
do útero, tracionam o fundo para frente, colocando o eixo 
longitudinal da matriz na direção do eixo da escavação pélvica, 
facilitando a progressão do feto. Os ligamentos redondos, ao 
se encurtarem nas contrações, tendem a aproximar o fundo 
uterino da pelve, somando-se à força que no mesmo sentido 
exercem as contrações do corpo. 
A contribuição mais expressiva, todavia, é dada pelos PUXOS. 
O desejo de esforçar-se é desenvolvido pela distensão da 
vagina e do períneo, produzida pelo polo inferior do feto, 
impulsionado pela contração uterina. É por esse motivo que os 
puxos ocorrem durante a metrossístole, o que é conveniente 
para se obter a eficiente soma de pressão desenvolvida pelos 
músculos abdominais e pelo miométrio. 
 
9 VALESSA VALENÇA | HAM VII | 2021.2 | OBSTETRÍCIA 
DESCOLAMENTO DA PLACENTA 
Com a expulsão do feto, o corpo do útero, adaptando-se à grande redução volumétrica, se retrai muito. O acentuado encurtamento 
é responsável pela desinserção placentária, bastando geralmente 2 a 3 contrações para descolá-la do corpo para o canal do parto 
(segmento inferior, colo e vagina). Esses 6 a 10 primeiros minutos do secundamento constituem o tempo corporal, porque a placenta 
permanece dentro do corpo uterino. Uma vez no canal do parto, a pequena contratilidade exercida pelo segmento inferior é incapaz 
de expulsar a placenta para o exterior, o que só ocorrerá após esforços expulsivos da paciente ou com a intervenção do tocólogo. 
HEMÓSTASE PUERPERAL 
A atividade do útero no pós-parto é indispensável para coibir a hemorragia no sítio placentário, quando a hemóstase depende 
fundamentalmente do tônus uterino, das contrações e da retração das fibras musculares. Mais tarde, o modo de propagação 
peristáltica, que caracteriza o ÚTERO PUERPERAL, é eficaz para eliminar os coágulos e os lóquios do interior da matriz. 
No período expulsivo, no secundamento e no puerpério, embora ocorram acentuadas e progressivas reduções volumétricas, o 
miométrio tem grande capacidade para encurtar-se e, portanto, adaptar-se às enormes e rápidas diminuições do conteúdo uterino, 
mantendo o mesmo tônus. 
CORRELAÇÕES CLÍNICAS 
As contrações só são percebidas à palpação abdominal, depois que sua intensidade ultrapassa 10 mmHg. Como o início e o fim da 
onda contrátil não podem ser palpados, a duração clínica da metrossístole é mais curta (70 s) que a real, obtida pelo registro da 
pressão amniótica (200 s). A palpação das contrações torna-se muito difícil quando o tônus uterino está acima de 30 mmHg, e além 
de 40 mmHg não mais se consegue deprimir a parede uterina. 
As contrações são habitualmente indolores até que sua intensidade ultrapasse 15 mmHg (valor médio para parturientes sem 
analgotocia). Essa é a pressão mínima para distender o segmento inferior e o colo na fase de dilatação; ou a vagina e o períneo, na 
fase expulsiva. A duração da dor (60 s) é ligeiramente menor que a permanência da onda contrátil, tal qual é percebida pela 
palpação. A metrossístole normal é indolor quando não produz distensão do conduto genital – contrações da gravidez, do 
secundamento e do puerpério. Em algumas puérperas, geralmente multíparas, as contrações uterinas, principalmente na ocasião da 
mamada, provocam dor (tortos) de mecanismo desconhecido. 
 
10 VALESSA VALENÇA | HAM VII | 2021.2 | OBSTETRÍCIA 
 
Figura 8 - Principais etapas da contração uterina 
 
FISIOLOGIA DAS CONTRAÇÕES UTERINAS 
UNIDADE CONTRÁTIL MIOMETRIAL 
A contração uterina depende da interação dos componentes do complexo proteico entre si, que é modulada pela ação da enzima 
cínase da cadeia leve de miosina. Essa enzima é influenciada por três sistemas reguladores: cálcio, calmodulina e monofosfato de 
adenosina cíclico (AMP cíclico). Os dois primeiros formam um complexo que ativa a cínase da cadeia leve de miosina, enquanto o AMP 
cíclico inibe a sua atividade enzimática. Por sua vez, a cínase da cadeia leve de miosina, quando ativada, modula a fosforilação da 
miosina, ao nível da cadeia leve, permitindo dessa forma uma interação das duas proteínas do mas reguladores da cínase da cadeia 
leve de miosina estão inter-relacionados e respondem a ações hormonais e a agentes farmacológicos. A progesterona, principal 
hormônio da gravidez, consolida as ligações do cálcio no retículo sarcoplasmático, reduzindo assim a fração livre disponível de cálcio 
intracelular e, consequentemente, elevando o limiar de excitabilidade da fibra miometrial.6 Esse fato torna o útero quiescente e foi 
descrito como bloqueio progestagênico. 
De forma inversa, as prostaglandinas também modulam o fluxo de cálcio por meio de alterações na permeabilidade da membrana 
celular, o que leva ao aumento dos níveis intracelulares de cálcio e favorece a contração das fibras. Somado a isso, as células 
musculares comunicam-se umas com as outras via conexões proteicas denominadas gap junctions (conexinas). Essas conexões 
facilitam a sincronização e a transmissão dos estímulos eletrofisiológicos, aumentam em número com a progressão da gestação e 
 
11 VALESSA VALENÇA | HAM VII | 2021.2 | OBSTETRÍCIA 
estão sob a influência dos esteroides placentários, sendo 
o estrógeno o principal responsável pelo aumento da 
concentração dessas proteínas de conexão. 
Entre as principais características das células musculares 
miometriais, podem ser citadas a sua baixa sensibilidade a 
estímulos dolorosos, a excitabilidade, a capacidade 
elástica, a tonicidade e a capacidade contrátil. 
• SENSIBILIDADE DOLOROSA: é discreta no 
colo e no corpo uterino. A queixa dolorosa 
relatada pelas pacientes relaciona-se, na cesárea, 
ao manuseio do peritônio. Durante o parto por 
via vaginal, ela coincide com a contração e resulta 
da projeção da apresentação fetal contra o 
segmento inferior e da compressão dos órgãos 
vizinhos. Contrações com intensidade de 40 a 50 
mmHg não são identificadas pelas gestantes. 
• EXCITABILIDADE: as fibras miometriais podem 
ser excitadas. A resposta uterina a eventos 
estressantes está relacionada à produção de 
catecolaminas (adrenalina e noradrenalina) e é 
seguida por alterações da contratilidade, por 
vezes associadas ao trabalho de parto prematuro. 
• ELASTICIDADE: a capacidade elástica do 
miométrio é representada pelas características 
de extensibilidade e retratilidade. 
– Extensibilidade: diz respeito à capacidade de 
adaptação da parede miometrial às alterações do 
conteúdo uterino ao longo da gestação e, 
principalmente, no trabalho de parto. 
– Retratilidade: por outro lado, a redução abrupta do volume de líquido amniótico (rotura das membranas ovulares) é seguida 
pelo encurtamento das fibras contráteis miometriais (com aumento de sua espessura), mantendo-se praticamente inalterado 
o tônus uterino. Na expulsão fetal, à medida que a apresentação avança pelo canal de parto, a parede uterina, por causa da 
retratilidade, mantém-se adaptada sobre o corpo fetal. Após a expulsão do feto, a parede adapta-se sobre a placenta. Depois 
da dequitação, ainda em razão da retratilidade, as fibras miometriais comprimem os vasos que as atravessam, garantindo a 
hemostasia local (o que caracteriza clinicamente o chamado “globo vivo de Pinard”). 
• TONICIDADE: é representada pela pressão intrauterina no intervalo de duas contrações. Pode estar alterada para mais 
(hipertonia) ou para menos (hipotonia). Apesar do aumento ou da redução moderada do conteúdo uterino, normalmente 
seus valores pouco se alteram. 
 
• CONTRATILIDADE:o útero apresenta atividade contrátil durante toda a gestação. Essas contrações são de dois tipos: de 
alta frequência e baixa amplitude (tipo A), geralmente localizadas, com frequência de 1 contração/ min e intensidade de 2 a 
4 mmHg; e de alta amplitude (contrações de Braxton Hicks ou tipo B), cuja intensidade é de 10 a 20 mmHg e se difundem de 
forma parcial ou total pelo útero. Sua frequência aumenta progressivamente com a evolução da gestação, tendo acréscimo 
máximo nas quatro semanas que antecedem o parto. Antes de 28 semanas de gestação, elas são quiescentes e, a partir de 
então, há aumento gradual e coordenado na frequência e na intensidade. O início do trabalho de parto é marcado pela 
ocorrência de duas contrações a cada 10 minutos, com intensidade de 20 a 40 mmHg.

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