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Enfermagem em urgência e emergência (aula 7) Enfermeira: Patricia Zanini O que vimos na última aula? Intoxicações exógenas O número de casos é relevante, sendo o suicídio e a via oral os casos mais comuns. A história clínica e o exame físico são essenciais para o diagnóstico e manejo de intoxicação exógena. • Como diagnóstico diferencial, leva-se em conta qualquer doença de manifestação aguda, dentre as quais: traumas, lesões do sistema nervoso central, distúrbios metabólicos e outros. A abordagem geral segue os princípios do suporte avançado de vida cardiológico. • Os principais itens terapêuticos incluem: prevenção da absorção e aumento da excreção dos tóxicos, lavagem gástrica, uso de carvão ativado, irrigação intestinal, diurese forçada, alcalinização da urina, métodos dialíticos e uso de antídotos (quando indicados). • Apesar da carência de dados, estima-se em 2 a 3 milhões anuais o número de intoxicações agudas nos Estados Unidos, representando de 5% a 10% dos atendimento nos serviços de emergência. O suicídio corresponde à maioria dos casos que chegam ao pronto socorro, primordialmente pela via oral. Casos graves estão associados geralmente ao uso de drogas ilícitas, abuso de álcool e, obviamente, tentativa de suicídio. Etiologia Síndrome asfixiante Taquipneia, cefaleia, confusão, labilidade emocional, náuseas, vômitos. Casos mais graves: edema cerebral, coma, depressão respiratória, hipotensão, arritmias, edema pulmonar. Cianeto, inalantes, gases, vapores e monóxido de carbono Diagnósticos Exames Gerais: Na maioria das vezes, não é necessário exame adicional. Porém, em algumas situações, pode-se pedir: Hemograma, glicemia, eletrólitos, gasometria, função hepática, função, urina, etc.. • Dosagem sérica qualitativa – útil quando a substância ingerida é desconhecida, no uso de múltiplas substâncias ou incompatibilidade entre os achados clínicos e a história. • Dosagem sérica quantitativa – utilidade restrita em situações que relacionavam nível sérico, toxicidade e tratamento. Exames específicos • ECG – sua alteração pode apontar para algumas drogas (antidepressivos tricíclicos, antiarrítmicos, bloqueadores) e indicar estado de gravidade. • Radiografia – broncoaspiração, edema pulmonar não-cardiogênico, pneumomediastino • (ruptura de esôfago), abdome agudo. Pouca utilidade na detecção de metais pesados, substâncias radiopacas ou pacotes ingeridos no tráfico de drogas. • Gasometria – situações de hipóxia, evidência de hipoventilação e detecção de acidose ou distúrbios mistos. Acidose metabólica grave pode significar uso de metanol, etilenoglicol ou salicilatos. Se esta for persistente, investigar causa. • Lactato arterial – seu aumento indica má perfusão periférica causada pelo tóxico (hipovolemia, choque), insuficiência de múltiplos órgãos ou possibilidade de convulsões. Acidose metabólica com lactato elevado sugerem metformina e monóxido de carbono. TRATAMENTO: •O tratamento inicia com o fim da exposição. A descontaminação deve ser iniciada o mais rápido possível, no local da ocorrência, de acordo com o provável produto e a via de contaminação. Nos pacientes sintomáticos, o tratamento das complicações com risco de vida têm precedência em relação à avaliação diagnóstica aprofundada. Todas as exposições potencialmente significativas devem ser observadas em serviços de cuidados intensivos. • As complicações devem receber uma abordagem ampla e imediata. Entretanto, abstenho-me a dirimir os pormenores, visto que não é o foco desse protocolo, apenas listando as mais importantes: coma, hipotermia, hipertermia, hipotensão, hipertensão, arritmias e convulsões. • Prevenção da absorção e aumento da excreção dos tóxicos: Se a pele foi atingida, usar luvas de procedimento para retirar as roupas, remova os resíduos lavando-se a pele e couro cabeludo com sabão e escova macia, em água corrente, por pelo menos 15 minutos. • Em queimaduras químicas, não use sabão nem escova, retirando-se as roupas com cuidado. •Acometimento ocular requer lavagem dos olhos com água corrente ou irrigação com SF 0,9% por alguns minutos com as pálpebras abertas, procedendo-se depois com curativo oclusivo e encaminhamento ao oftalmologista. A maioria dos casos envolve trato gastrointestinal, exigindo as seguintes medidas: carvão ativado, lavagem gástrica, irrigação intestinal, hiper-hidratação e alcalinização da urina. Lavagem gástrica, o que é? Lavagem gástrica é um procedimento terapêutico, ao longo do qual se introduz uma sonda no interior do estômago, para se irrigar e aspirar o seu conteúdo. •Método – passagem de SOG de grosso calibre; • Decúbito lateral esquerdo com a cabeça em nível levemente inferior ao corpo; • Administração por SOG de pequenos volumes de SF 0,9% 100 a 250mL), sonda aberta, em plano inferior ao paciente. • Aguarda-se então o retorno do conteúdo gástrico com possíveis resíduos tóxicos. Momento de parar: quando houver retorno apenas de soro. Eficácia: varia de acordo com o tempo de realização do procedimento após a ingestão: • 5 minutos - 90% de material recuperado; • 10 minutos – 45% de material recuperado; • Aos 19 minutos – 30% de material recuperado; • Aos 60 minutos – 8 ~ 32% de material recuperado (varia de acordo com o estudo); • > 60 minutos – indicação rara. Complicações: pouco frequentes, variam desde vômitos e bronco aspiração até a laringe espasmo grave e indução de reflexo vagal acentuado. Carvão Ativado: •Método – adsorve várias substâncias e previne sua absorção sistêmica: • Dose única: 1,0g de carvão/kg (25 ~ 100g), diluído em água, SF 0,9% ou catárticos (manitol ou sorbitol), em torno de 8mL de solução/1,0g de carvão. Múltiplas doses: 0,5g de carvão/kg de 4/4h. Indicado em casos graves ou potencialmente graves. Principais tóxicos: fenobarbital, ácido valpróico, carbamazepina, teofilina, substâncias de liberação entérica ou de liberação prolongada. Eficácia - varia de acordo com o tempo de realização do procedimento após a ingestão: 5 minutos – diminui em 73% a absorção de tóxicos; Em 30 minutos – diminui em 51% a absorção de tóxicos; Em 60 minutos – diminui em 36% a absorção de tóxicos; > 2 horas – geralmente ineficaz Complicações: raras, sendo citados a aspiração, vômitos e constipação intestinal. Irrigação Intestinal • Método – administra-se uma solução em uma SNG, de 1.500mL a 2.000mL/hora, com o fim de recuperar esta por via retal, provocando uma limpeza mecânica do TGI. • Solução mais usada: polietilenoglicol, composição semelhante ao plasma. • Indicação: não se recomenda seu uso rotineiro. É útil em ingestão de grandes doses de ferro ou outros metais pesados. •Complicações: raras, sendo citados a aspiração, vômitos e constipação intestinal. Diurese Forçada e Alcalinização da Urina • Hiper-hidratação – SF 0,9% de 8/8h ou 6/6h, aumentando-se até atingir um débito urinário de 100 – 400mL/h. • Principais usos: álcool, brometo, cálcio, flúor, lítio, potássio e isoniazida. • Alcalinização – alvo: pH > 7,5. • Bicarbonato de Sódio 8,4% 150mL (150mEq) + SG 5% 850mL. • Esta solução alcaliniza a urina, com concentração fisiológica de sódio (0,9%). • Dose de 1.000mL de 8/8h ou 6/6h, monitorizando o pH. • Principais usos: fenobarbital, salicilatos, clorpropramida, flúor, metotrexate e sulfonamidas. •Métodos Dialíticos: O método mais utilizado é a hemodiálise e, em menor frequência, hemofiltração e hemoperfusão. O que nós vimos até o momento?