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gestão empresarial
Gestão AmbientAl
RESÍDUOS SÓLIDOS – 
ASpEctOS ESSEncIAIS E bOAS 
pRátIcAS DE gEStãO
ObjetivOs da Unidade de aprendizagem 
Discutir as principais questões relacionadas a geração e 
gerenciamento de resíduos sólidos em diferentes seto-
res da sociedade, sua influência e influência na gestão 
ambiental das empresas, incluindo questões legais e 
econômicas, aspectos e impactos ambientais. 
COmpetênCias 
Identificar e compreender a magnitude e as consequên-
cias da geração de resíduos sólidos pelo setor produtivo 
e sociedade, e compreender os principais processos 
envolvidos na gestão de resíduos sólidos na empresa.
Habilidades 
Conhecer as exigências legais relacionadas a geração e 
disposição de resíduos sólidos. Identificar os aspectos e 
impactos ambientais envolvidos na geração e disposição 
de resíduos sólidos. Avaliar tecnologias e procedimentos 
de reciclagem, reuso, recuperação e redução na geração 
de resíduos no setor produtivo e governamental.
Gestão AmbientAl
RESÍDUOS SÓLIDOS – 
ASpEctOS ESSEncIAIS E 
bOAS pRátIcAS DE gEStãO
6
parte 1
Nessa Unidade de Aprendizagem trataremos de um dos prin-
cipais problemas da sociedade contemporânea: a geração e 
disposição do lixo. Para entendermos melhor sobre essa im-
portante questão e desafio para os processos gerenciais, tra-
taremos das principais conceituações de resíduos sólidos; seus 
tipos e classificações; estimativas das quantidades geradas e a 
legislação, planos, convenções e tratados relacionados ao tema.
para COMeÇar 
Faz parte da rotina de vida de todos vocês gerar lixo e uma série 
de outros resíduos. Para onde vai todo esse lixo? Quais os im-
pactos ambientais, econômicos e sociais gerados? Essas pergun-
tas são muito importantes, pois a partir do momento que nos 
conscientizamos dos problemas causados pelos nossos pró-
prios hábitos de consumo (vocês se lembram da primeira aula?), 
como o lixo, nos encorajamos para enfrentá-los. Vocês sabiam 
que tem lixo espacial em órbita ao redor do planeta Terra?
Vamos discutir nessa aula os aspectos e impactos ambien-
tais dos diferentes setores da sociedade relacionados a ge-
ração dos resíduos sólidos, um dos principais problemas do 
homem moderno.
FundaMentOs
A Norma Brasileira NBR 10004, de 2004, da Associação Brasilei-
ra de Normas Técnicas (ABNT), estabelece os critérios de classi-
ficação e os códigos para a identificação dos resíduos de acor-
do com suas características, definindo resíduos sólidos como:
ConCeito
Resíduos nos estados sólido e semissólido, que 
resultam de atividades de origem industrial, 
Gestão Ambiental / UA 06 Resíduos Sólidos – Aspectos Essenciais e Boas Práticas de Gestão 4
doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de 
varrição (NBR 10004).
Essa mesma norma inclui ainda, nesta definição, os lodos provenientes dos 
sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e ins-
talações de controle da poluição, bem como determinados líquidos cujas 
particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de es-
gotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnicas e economi-
camente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível.
O uso da nomenclatura “Resíduo Sólido” inclui também muitos líquidos 
perigosos, devido sua alta toxicidade ou porque são uma mistura de resídu-
os perigosos com água. Assim, muitos resíduos líquidos são armazenados 
em contêineres e transportados como resíduos sólidos. O termo pode incluir 
até alguns gases que devem ser transportados nessas mesmas condições.
Os resíduos sólidos (RS) são o resultado das atividades de empresas ou da 
comunidade. Com relação à origem e natureza, os resíduos sólidos são clas-
sificados em: domiciliar, comercial, varrição e feiras livres, serviços de saúde, 
portos, aeroportos e terminais rodoviários e ferroviários, industriais, agrícolas 
e resíduos de construção civil (BRASIL, 2006). Os destinos mais comuns dos 
resíduos sólidos são os aterros sanitários, aterros industriais e lixões (lembra 
da Unidade de Aprendizagem anterior?).
Os resíduos sólidos podem também ser agrupados com relação à res-
ponsabilidade pelo seu gerenciamento. O primeiro grupo refere-se aos re-
síduos sólidos urbanos, compreendido pelos: resíduos domésticos ou resi-
denciais; resíduos comerciais; resíduos públicos (BRASIL, 2006).
O segundo grupo, dos resíduos de fontes especiais, abrange: resíduos 
industriais; resíduos da construção civil; rejeitos radioativos; resíduos de 
portos, aeroportos e terminais rodoferroviários; resíduos agrícolas; resí-
duos dos serviços de saúde.
O agravamento das questões relacionadas a geração e disposição dos RS 
deve-se, principalmente, ao aumento da população e as mudança de hábi-
tos de consumo (alimentação e embalagens). A NBR10004/2004 estabelece 
a seguinte classificação para os resíduos sólidos:
 → Resíduo Classe I: Perigosos. São aqueles que apresentam pericu-
losidade, inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade ou 
patogenicidade;
 → Resíduo Classe II: Não perigosos;
 → Resíduo classe II A: Não inertes. São aqueles que não se enquadram 
nas classificações de resíduos Classe I – perigosos ou de resíduos 
Gestão Ambiental / UA 06 Resíduos Sólidos – Aspectos Essenciais e Boas Práticas de Gestão 5
Classe II B – inertes, nos termos da norma NBR 10004. Os resíduos 
Classe II A – Não inertes podem ter propriedades, tais como: biode-
gradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água;
 → Resíduos Classe II B: Inertes. Quaisquer resíduos que quando 
amostrados (NBR 10007), e submetidos a um contato dinâmico ou 
estático com água destilada ou deionizada, (NBR 10006), não tive-
rem nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações 
superiores aos padrões de potabilidade da água, excetuando-se os 
padrões de aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor.
Os resíduos perigosos (Classe I) são gerados principalmente nos proces-
sos produtivos, em unidades industriais e fontes específicas. No entanto, 
também estão presentes nos resíduos sólidos gerados principalmente 
nos domicílios e comércio (BRASIL, 2006). Além dos resíduos depositados 
na superfície terrestre, existem outras formas de lixo ameaçando o nosso 
planeta, conforme visto na Figura 1.
Segundo a Agência Espacial Europeia (ESA), entre o primeiro lançamento, em 1957, 
e janeiro de 2008, cerca de 6.000 satélites já foram enviados para a órbita terrestre. 
Destes, apenas 800 estariam ativos e 45% estariam localizados a uma distância de até 
32 mil quilômetros da superfície terrestre.1 
1. resídUOs sólidOs UrbanOs (rsU)
Os resíduos sólidos produzidos na área urbana podem incorporar desde 
aqueles produzidos nas residências, comércio e serviços, nas atividades 
públicas e na varrição dos logradouros, até os resíduos mais problemáti-
cos e perigosos, como os gerados nas atividades industriais e hospitalares 
(BRAGA et al., 2002).
Segundo informações levantadas e compiladas pela Abrelpe (2010), a 
geração de RSU intensificou-se no ano de 2009, quando a produção total 
Figura 1. Imagem 
elaborada pela 
Agência Espacial 
Europeia sobre os 
satélites em órbita 
no planeta Terra. 
Fonte: Agência 
Espacial Europeia
1. Jornal Folha de 
S. Paulo, 15/4/ 
2008. <http://
www1.folha.uol.
com.br/fsp/ciencia/
fe1604200805.htm>.
http://http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1604200805.htm
http://http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1604200805.htm
http://http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1604200805.htm
http://http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1604200805.htm
Gestão Ambiental / UA 06 Resíduos Sólidos – Aspectos Essenciais e Boas Práticas de Gestão 6
alcançou aproximadamente 57 milhões de toneladas, o que corresponde 
a um aumento de 7,7% em relação ao ano de 2008. Em termos de gera-
ção de lixo individual, essa produção anual total equivale a 359 kg por 
habitante, ou em termos diários a 984 g por habitante, representando um 
aumento de 6,7% em relação ao ano anterior. 
Nas cidades de maior concentração populacionalas médias diárias de 
geração de resíduos sólidos passaram de 1,2 kg por habitante, quantidade 
que é equivalente aos índices verificados nos países desenvolvidos. Tais 
aumentos na geração de RSU no Brasil apontam para a necessidade de 
constante ampliação das atividades ligadas à gestão dos resíduos sólidos 
urbanos (ABRELPE, 2010).
Outro dado importante refere-se ao lixo coletado em 2009, o qual alcan-
çou cerca de 50 milhões de toneladas. Comparando-se esse valor com o 
total gerado, pode-se constatar que cerca de 7 milhões de toneladas de lixo 
não foram coletadas em 2009 e, provavelmente, foram descartadas em lu-
gares impróprios, como os lixões (ABRELPE, 2010). A Figura 2 mostra a dis-
tribuição dos resíduos sólidos coletados no Brasil, por região.
Vocês podem verificar que mais da metade dos RSU coletados no Bra-
sil provém da região sudeste, com 53% do total. Essa também é a região 
com o maior índice individual de geração de RSU, o qual atinge 1,087 kg 
por habitante/dia (ABRELPE, 2010). Somente no estado de São Paulo as 
estimativas indicam uma geração diária de 26.303 toneladas de resíduos 
sólidos domiciliares em 2009 (CETESB, 2010).
O lixo apresenta uma grande diversidade nas suas partes constituintes, 
pois a sua composição e volume é dependente de uma série de fatores, 
como: a sua procedência, o nível econômico da população e a natureza 
das atividades econômicas na área onde é gerado (BRAGA et al., 2002).
norte
6%
8%
11%
22%
53%
nordeste
sudeste
centro-oeste
sul
Figura 2. Resíduos 
sólidos urbanos 
coletados no Brasil 
por região. 
Fonte: Adaptado 
de Abrelpe, 2010.
Gestão Ambiental / UA 06 Resíduos Sólidos – Aspectos Essenciais e Boas Práticas de Gestão 7
Para se ter uma ideia da composição do lixo que é coletado e disposto num 
aterro, vamos mostrar o levantamento realizado por Mancini et al. (2007) 
no aterro sanitário do município de Indaiatuba, no estado de São Paulo. In-
daiatuba é uma cidade da Região Metropolitana de Campinas (RMC) e conta 
com aproximadamente 180.000 habitantes. Segundo dados divulgados em 
julho de 2009, pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro 
(FIRJAN), Indaiatuba ocupa o 3º posto dos municípios brasileiros, em relação 
ao Índice de Desenvolvimento Municipal, ficando atrás de São Caetano do 
Sul e São José do Rio Preto.
Segundo os dados levantados por Mancini et al. (2007) os resíduos sóli-
dos urbanos do município de Indaiatuba compõem-se, em sua maioria, de 
restos de alimento, os quais correspondem a 40% em massa do lixo gera-
do (54 toneladas/dia), seguido do lixo de jardim (18,5 toneladas/dia). Dos 
resíduos inertes, destacam-se os tecidos (8,2 toneladas/dia) e o entulho 
(5,0 toneladas/dia). As embalagens longa vida correspondem a 1,5 tonela-
da/dia ou 45 toneladas/mês. Vale destacar que os autores estimaram que 
90% do lixo depositado no aterro sanitário de Indaiatuba é reciclável. Esse 
é um tema de extrema relevância para a redução dos impactos provoca-
dos pela geração e disposição dos resíduos sólidos urbanos e, por esse 
motivo, será tratado na próxima unidade de aprendizagem.
2. resídUOs dOs serviçOs de saúde (rss)
De acordo com a RDC Anvisa 306/04 e a Resolução Conama 358/2005, são 
definidos como geradores de RSS todos os serviços relacionados com o 
atendimento à saúde humana ou animal, inclusive os serviços de assis-
tência domiciliar e de trabalhos de campo; laboratórios analíticos de pro-
dutos para a saúde; necrotérios, funerárias e serviços onde se realizem 
atividades de embalsamamento, serviços de medicina legal, drogarias e 
farmácias inclusive as de manipulação; estabelecimentos de ensino e pes-
quisa na área da saúde, centro de controle de zoonoses; distribuidores 
de produtos farmacêuticos, importadores, distribuidores produtores de 
materiais e controles para diagnóstico in vitro, unidades móveis de aten-
dimento à saúde; serviços de acupuntura, serviços de tatuagem, dentre 
outros similares (BRASIL, 2006).
Quanto à coleta de resíduos dos serviços de saúde pelos municípios, 
no Brasil atingiu-se um total de 221.270 toneladas, no ano de 2009, o que 
corresponde a um índice de 1,395 kg por habitante/ano (ABRELPE, 2010). 
Cerca de 35,1% desses municípios realizaram a incineração do resíduo, 
26,0% descartaram em aterros sanitários, 13,2% nos chamados lixões, 
11,5% em valas sépticas e, o restante, trataram com auto-clave (8,4%) e 
micro-ondas (5,8%).
Gestão Ambiental / UA 06 Resíduos Sólidos – Aspectos Essenciais e Boas Práticas de Gestão 8
A região que apresentou a maior quantidade coletada de RSS, em 2009, 
foi a Sudeste, com 152.844 toneladas ou 69% do total brasileiro. Em seguida 
vem a região Nordeste, a qual coletou 31.712 toneladas, e a Centro Oeste, 
com um total coletado de 17.768 toneladas, o que representa cerca de 14% 
e 8% do total brasileiro respectivamente, no ano de 2009 (ABRELPE, 2010).
Considerando-se a quantidade coletada per capita, destaca-se a região 
Sudeste, com um índice anual de 2,056 kg por habitante, seguida das re-
giões Centro-Oeste e Nordeste, as quais coletaram 1,484 e 0,834 kg por 
habitante/ano respectivamente (ABRELPE, 2010).
O estado de São Paulo apresenta a maior quantidade total e per capita 
anual de RSS coletado, atingindo 85.378 toneladas por ano e 2,189 kg por 
habitante/ano respectivamente (ABRELPE, 2010).
Pelo seu risco a saúde humana e ao meio ambiente, no Brasil, órgãos 
como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa e o Conselho 
Nacional do Meio Ambiente – Conama têm assumido o papel de orientar, 
definir regras e regular a conduta dos diferentes agentes, no que se refere 
à geração e ao manejo dos resíduos de serviços de saúde (BRASIL, 2006).
A Resolução RDC Anvisa 306/04 e a Resolução Conama 358/05 apre-
sentam a classificação dos RSS segundo as suas características biológicas, 
físicas, químicas, estado da matéria e origem, para o seu manejo seguro, 
conforme segue (BRASIL, 2006):
 → Grupo A: Engloba os componentes com possível presença de agen-
tes biológicos que, por suas características de maior virulência ou 
concentração, podem apresentar risco de infecção. Exemplos: placas 
e lâminas de laboratório, carcaças, peças anatômicas (membros), te-
cidos, bolsas transfusionais contendo sangue, dentre outras;
 → Grupo B: Contém substâncias químicas que podem apresentar risco 
à saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas caracte-
rísticas de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade. 
Ex: medicamentos apreendidos, reagentes de laboratório, resíduos 
contendo metais pesados, dentre outros;
 → Grupo C: Quaisquer materiais resultantes de atividades humanas 
que contenham radionuclídeos em quantidades superiores aos limi-
tes de eliminação especificados nas normas da Comissão Nacional 
de Energia Nuclear – CNEN, como, por exemplo, serviços de medici-
na nuclear e radioterapia etc;
 → Grupo D: Não apresentam risco biológico, químico ou radiológico à 
saúde ou ao meio ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos 
domiciliares. Ex: sobras de alimentos e do preparo de alimentos, re-
síduos das áreas administrativas etc;
Gestão Ambiental / UA 06 Resíduos Sólidos – Aspectos Essenciais e Boas Práticas de Gestão 9
 → Grupo E: Materiais perfuro-cortantes ou escarificantes, tais como lâ-
minas de barbear, agulhas, ampolas de vidro, pontas diamantadas, 
lâminas de bisturi, lancetas, espátulas e outros similares.
O risco no manejo dos RSS está principalmente vinculado aos acidentes 
que ocorrem devido às falhas no acondicionamento e segregação dos ma-
teriais perfuro-cortantes sem utilização de proteção mecânica. Quanto aos 
riscos ao meio ambiente destaca-se o potencial de contaminação do solo, 
das águas superficiais e subterrâneas pelo lançamento de RSS em lixões 
ou aterros controlados, além do risco de contaminação do ar, pelo proces-
so de incineração descontrolado dos RSS.
3. resídUOs sólidOs indUstriais (rsi)
A Resolução Conama 313, de 29/10/ 2002, define resíduo sólido industrial 
como todoo resíduo que resulte de atividades industriais e que se encontre 
nos estados sólido, semissólido, gasoso – quando contido, e líquido – cujas 
particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgo-
to ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economi-
camente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível. Ficam incluídos 
nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água 
e aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição.
Os resíduos sólidos industriais estão entre aqueles que apresentam a 
maior periculosidade para a saúde e o meio ambiente. Esse tipo de resí-
duo apresenta uma grande variabilidade de composição e produção, em 
função da diversidade do parque industrial brasileiro, causada pela inte-
ração de diversos fatores, como as características sócio-econômicas e de 
mercado regionais, localização geográfica das instalações geradoras etc. 
Esses aspectos, associados a ocorrência de poluição devido ao manejo, 
Figura 3. Lixo 
disposto a céu aberto.
Gestão Ambiental / UA 06 Resíduos Sólidos – Aspectos Essenciais e Boas Práticas de Gestão 10
transporte e armazenamento de resíduos sólidos industriais trazem a ne-
cessidade de seu gerenciamento.
A Cetesb, no estado de São Paulo, iniciou em 1983 um programa es-
pecífico para o controle da poluição por resíduos industriais, iniciando-se 
pelo Polo Petroquímico de Cubatão. Em 1986, o programa estendeu-se 
às regiões do Vale do Paraíba, Sorocaba, Campinas e Grande São Paulo 
(CETESB, 2010).
Um levantamento de dados realizado em 1996, pela Cetesb, constatou 
que as indústrias do estado de São Paulo geraram por ano mais de 500 mil 
toneladas de resíduos sólidos perigosos, cerca de 20 milhões de toneladas 
de resíduos sólidos não inertes e não perigosos, e acima de um milhão 
de toneladas de resíduos inertes. Desse total, 53% dos resíduos perigo-
sos eram tratados, 31% armazenados e os 16% restantes depositados no 
solo. Os maiores geradores de resíduos industriais perigosos (Classe I) no 
estado de São Paulo, segundo esse levantamento, era a indústria Química, 
com uma produção de 180 mil toneladas por ano, seguido dos materiais 
de transporte, couro e peles; e metalúrgica os quais geraram cerca de 
112 mil toneladas, 72 mil toneladas e 71 mil toneladas respectivamente, 
no ano de 1996. Estimativa de Abrelpe (2007), englobando o período de 
2001 a 2005, aponta uma geração média anual de 536 mil toneladas de 
RSI perigosos no estado de São Paulo. Se somarmos o total de RSI Classe 
I e II produzidos no estado de São Paulo, chegamos a uma geração anual 
de cerca de 26.620.000 toneladas ao ano.
Levantamento de dados provenientes de inventários de resíduos sólidos 
industriais elaborados pelos estados do Acre, Amapá, Ceará, Goiás, Minas 
Gerais, Pernambuco e Rio Grande do Sul foi divulgado pela Abrelpe (2007).
Segundo esse levantamento os resíduos sólidos industriais perigosos 
gerados nesses estados totalizavam 2,3 milhões de toneladas ao ano. Se 
somarmos a esse total a quantidade produzida de resíduos industriais 
não perigosos (Classe II), temos a geração anual de 38 milhões de tonela-
das nesses estados.
O estado que mais produziu resíduos industriais perigosos, nesse le-
vantamento realizado pela Abrelpe (2007), foi o Rio Grande do Sul, com 
um total de 182.170 toneladas ao ano, sendo o setor industrial do couro 
o maior gerador, com 120.170 toneladas ao ano, o que equivale a 66% do 
total gerado.
Baseado em estimativas do Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo, Abrelpe 
(2007) avaliou que a produção de RSI na maioria dos principais estados 
industrializados da Federação atingiu 86,4 milhões de toneladas ao ano, 
sendo 3,7 milhões e 82,7 milhões de toneladas de resíduos Classe I e Clas-
se II respectivamente.
Gestão Ambiental / UA 06 Resíduos Sólidos – Aspectos Essenciais e Boas Práticas de Gestão 11
Um instrumento importante da gestão dos RSI refere-se a Resolução 
Conama 313, de 29/10/2002, que dispõe sobre o Inventário Nacional de 
Resíduos Sólidos Industriais. Nessa resolução fica estabelecida a obriga-
toriedade do setor industrial de prestar informações sobre a geração, as 
características, o armazenamento, o transporte e a destinação de seus 
resíduos sólidos.
As principais alternativas referentes ao gerenciamento dos RSI incluem a 
redução, reuso, reciclagem e recuperação dos resíduos. Esse assunto será 
tratado na próxima Unidade de Aprendizagem, não percam!
4. resídUOs de COnstrUçãO da Civil
A Resolução Conama 307, de 5/7/2002, em seu Art. 2º, define resíduos da 
construção civil como aqueles provenientes de construções, reformas, re-
paros e demolições de obras de construção civil, e os resultantes da pre-
paração e da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, 
concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras 
e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vi-
dros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc., comumente chamados de 
entulhos de obras, caliça ou metralha.
A mesma resolução apresenta em seu Art. 3º a seguinte classificação 
para esse tipo de resíduo:
 → Classe A: São os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agrega-
dos, tais como:
a. De construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e 
de outras obras de infraestrutura, inclusive solos provenientes de 
terraplanagem;
b. De construção, demolição, reformas e reparos de edificações: com-
ponentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento 
etc.), argamassa e concreto;
c. De processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas 
em concreto (blocos, tubos, meios-fios etc.) produzidas nos canteiros 
de obras.
 → Classe B: São os resíduos recicláveis para outras destinações, tais 
como: plásticos, papel/papelão, metais, vidros, madeiras e outros;
 → Classe C: São os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tec-
nologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua 
reciclagem/recuperação, tais como os produtos oriundos do gesso;
Gestão Ambiental / UA 06 Resíduos Sólidos – Aspectos Essenciais e Boas Práticas de Gestão 12
 → Classe D: São os resíduos perigosos oriundos do processo de cons-
trução, tais como: tintas, solventes, óleos e outros, ou aqueles con-
taminados oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas 
radiológicas, instalações industriais e outros.
Os impactos ambientais dos resíduos sólidos da construção civil decorrem 
da falta de efetividade de políticas públicas que disciplinam e ordena os 
seus fluxos da destinação nas cidades, associada a falta de compromisso 
dos geradores no manejo e, principalmente, na destinação dos resíduos 
(Sinduscon-SP, 2005). Entre esses impactos ambientais citam-se (Sindus-
con-SP, 2005):
 → Degradação das áreas de manancial e de proteção permanente;
 → Proliferação de agentes transmissores de doenças;
 → Assoreamento de rios e córregos;
 → Obstrução dos sistemas de drenagem, tais como piscinões, galerias, 
sarjetas etc;
 → Ocupação de vias e logradouros públicos por resíduos, com prejuízo 
à circulação de pessoas e veículos, além da própria degradação da 
paisagem urbana;
 → Existência e acúmulo de resíduos que podem gerar risco por sua 
periculosidade.
Os resíduos da construção civil se destacam pela quantidade produzida. 
No ano de 2009 os municípios brasileiros coletaram 28,5 milhões de to-
neladas de resíduos de construção e demolição (RCD), o que representou 
um crescimento médio de 14% em relação a 2008 (ABRELPE, 2010). No 
entanto, as quantidades apresentadas não refletem o total dos resíduos 
gerados, pois a responsabilidade da coleta e destino final dos mesmos é 
do seu gerador e não do município (ABRELPE, 2010).
A região Sudeste é aquela que apresentou a maior quantidade diária 
coletada de RCD, a qual atingiu 46.990 toneladas, ou 51% do total brasi-
leiro. Em seguida vem a região Nordeste, a qual coletou 15.663 toneladas 
por dia, e a Sul, com um total coletado de 14.389toneladas diárias, o que 
representa cerca de 17% e 16% do total brasileiro respectivamente, no 
ano de 2009 (ABRELPE, 2010).
Tomando-se por base a quantidade coletada per capita, destaca-se a 
região Centro-Oeste, com um índice anual de 0,918 kg por habitante, se-
guida das regiões Sudeste e Sul, as quais coletaram 0,632 e 0,630 kg por 
habitante/dia respectivamente (ABRELPE, 2010).
Gestão Ambiental / UA 06 Resíduos Sólidos – Aspectos Essenciais e Boas Práticas de Gestão 13
Quanto à destinação dos resíduos da construção civil eles podem ser 
dispostos, de acordo com a sua composição, em: pontos de entrega, áre-
as de transbordo e triagem, áreas de reciclagem, aterros de resíduos da 
construção civil, aterros para resíduos industriais ou agentes diversos 
(Sinduscon-SP, 2005).
Outra alternativa que vem ganhando repercussão e expansão para a 
gestão de resíduos da construção civil é a reciclagem. Aguardem a próxi-
ma aula.
5. lixO eletrôniCO
Resíduos de Aparelhos Elétricos Eletrônicos (RAEE) são chamados popu-
larmente no Brasil de “sucata de informática”, “lixo eletrônico” ou “lixo 
tecnológico” e, no exterior, WEEE – Waste Electrical and Electronic Equip-
ment, Electronic Waste ou e-Waste. Os equipamentos classificados como 
lixo eletrônico incluem:
 → Informática e comunicações (monitores, computadores, impresso-
ras, telefones, fax etc.);
 → Eletrônica de entretenimento (televisores, aparelhos de som, leitores 
de CD etc.);
 → Equipamentos de iluminação (sobretudo lâmpadas fluorescentes);
 → Grandes aparelhos caseiros (fogões, geladeiras etc.);
 → Pequenos aparelhos caseiros (torradeiras, aspiradores etc.);
 → Esportes e lazer (brinquedos eletrônicos, equipamentos de ginás-
tica etc.);
 → Aparelhos e instrumentos médicos;
 → Equipamentos de vigilância.
Os aparelhos elétricos e eletrônicos contem muitos componentes consi-
derados tóxicos e não biodegradáveis e, além disso, a geração desse tipo 
de resíduo vem crescendo ao longo dos últimos anos. Segundo a Agência 
Nacional de Telecomunicações – Anatel, o Brasil atingiu a marca de 215 
milhões de telefones em 2009, o que corresponde a uma densidade de 
122,1 telefones para cada cem habitantes.
No mercado de informática, a Figura 4 apresenta a evolução da venda 
de computadores no Brasil, cujo total atingiu 12 milhões de unidades (no-
tebooks e desktops) (Abinee, 2010).
Gestão Ambiental / UA 06 Resíduos Sólidos – Aspectos Essenciais e Boas Práticas de Gestão 14
co
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s)
2003
3,2
14
12
10
8
6
4
2
0
2004
4,1
2005
5,6
2006
8,2
ano
2009
12,0
2007
10,0
2008
12,0
Os recursos necessários para fabricar um computador incluem 1,8 tonelada de ma-
téria-prima, sendo 1,5 t de água e 240 kg de combustível fóssil. A composição de uma 
tonelada de sucata de informática corresponde a 40% ou 400 kg de ferro; 17% ou 
170 kg de cobre; 7% ou 70 kg de alumínio; 1 kg ou 0,1% de prata e 300 g ou 0,03% de 
ouro. Tubos de imagem são ricos no tóxico óxido de chumbo e fósforo e devem ser 
descontaminados. O vidro limpo é moído, da mesma forma como o da tela, e o pó 
resultante é submetido novamente ao processo de vitrificação.2
Apesar dos riscos para o meio ambiente, não existe uma legislação brasi-
leira específica para o lixo eletrônico. Todavia foi aprovado no plenário da 
Câmara dos Deputados, em março de 2010, um substitutivo ao Projeto de 
Lei 203/91, do Senado Federal, que institui a Política Nacional de Resíduos 
Sólidos, uma iniciativa do Ministério do Meio Ambiente (MMA). Entre as ino-
vações propostas destaca-se o conceito de responsabilidade compartilhada 
em relação à destinação de resíduos. A responsabilidade compartilhada es-
tabelece que cada integrante da cadeia produtiva, como os fabricantes, os 
importadores, os distribuidores, os comerciantes e até os consumidores, 
ficarão responsáveis, junto com os titulares dos serviços de limpeza urbana 
e de manejo de resíduos sólidos, pelo ciclo de vida completo dos produtos. 
O ciclo de vida engloba desde a obtenção de matérias-primas e insumos, o 
processo produtivo, o consumo e a disposição final do produto. Portanto, 
as empresas do setor eletro eletrônico serão incluídas.
Na legislação internacional destaca-se a Convenção da Basileia cujo ob-
jetivo é combater o trânsito internacional de resíduos perigosos dos paí-
ses desenvolvidos para nações em desenvolvimento. Entre esses resíduos 
perigosos incluem-se os eletroeletrônicos. Apesar de o Brasil ser um dos 
Figura 4. Evolução 
da venda de 
computadores no 
Brasil, no período 
de 2003 a 2009. 
Fonte: Abinee, 2010.
2. Jornal O Estado de 
S. Paulo, de 22/9/ 
2008. <http://
www.estadao.
com.br/busca/
Fabricar%20um%20
computador%20
gasta%20240%20
Kg%20de%20
combustível>.
http://http://www.estadao.com.br/busca/Fabricar%20um%20computador%20gasta%20240%20Kg%20de%20combustível
http://http://www.estadao.com.br/busca/Fabricar%20um%20computador%20gasta%20240%20Kg%20de%20combustível
http://http://www.estadao.com.br/busca/Fabricar%20um%20computador%20gasta%20240%20Kg%20de%20combustível
http://http://www.estadao.com.br/busca/Fabricar%20um%20computador%20gasta%20240%20Kg%20de%20combustível
http://http://www.estadao.com.br/busca/Fabricar%20um%20computador%20gasta%20240%20Kg%20de%20combustível
http://http://www.estadao.com.br/busca/Fabricar%20um%20computador%20gasta%20240%20Kg%20de%20combustível
http://http://www.estadao.com.br/busca/Fabricar%20um%20computador%20gasta%20240%20Kg%20de%20combustível
http://http://www.estadao.com.br/busca/Fabricar%20um%20computador%20gasta%20240%20Kg%20de%20combustível
Gestão Ambiental / UA 06 Resíduos Sólidos – Aspectos Essenciais e Boas Práticas de Gestão 15
países signatários dessa convenção, isso não tem impedido a entrada de 
lixo eletrônico proveniente de outros países.
Em 2006 o Brasil recebeu 1.190 toneladas de eletrônicos descartados da Califórnia, 
segundo o relatório do Departamento de Controle de Substâncias Tóxicas da Cali-
fórnia (DSTC). O relatório do DTSC não especifica que tipo de aparelho eletrônico 
foi enviado ao país. O Ministério do Meio Ambiente, ouvido pela Folha, diz não ter 
informações a respeito.3
A Receita Federal encontrou mais 25 contêineres com lixo doméstico no porto de 
Santos, e a Polícia Federal investiga a participação de brasileiros em Londres em um 
esquema de envio desse tipo de carga ao Brasil. A carga encontrada continha cerca 
de 400 toneladas de lixo, incluindo lixo tecnológico, como caixas de CDs e peças 
de computadores.4 
5.1. Normas para produtos eletroeletrôNicos
Diretiva para Restrição de Substâncias Perigosas – Restriction of Hazardous 
Substances (RoHS): foi elaborada pela União Europeia em 2003 e entrou em 
vigor em 2006. Junto com o RoHS entrou em vigor uma outra diretiva que 
trata da reciclagem de produtos eletroeletrônicos, chamada WEEE (Waste 
from Electrical and Electronic Equipment ou Lixo Vindo de Produtos EletroEle-
trônicos). Pela diretiva, os eletrônicos comercializados na Europa foram proi-
bidos de trazer uma concentração maior que 0,1% de chumbo, mercúrio, 
cádmio, cromo hexavalente, polibromato bifenil e éter difenil polibromato.
6. legislaçãO, prOgramas, planOs, pOlítiCas e 
COnvençÕes relaCiOnadas a resídUOs sólidOs
6.1. resíduos sólidos urbaNos, iNdustriais e eletroeletrôNicos
6.1.1. coNveNção da basileia
Convenção da Basileia: tratado internacional que tenta combater o trân-
sito internacional de resíduos perigosos dos países desenvolvidos para 
nações em desenvolvimento.
Dentre os mais de 170 países que participam da Convenção da Basileia, 
apenas Afeganistão, Haiti e EUA não a ratificaram. O tratado estabelece 
severas regras para o trânsito de substâncias perigosas entre países parti-
cipantes e não participantes do tratado. A Organização para a Cooperação 
e Desenvolvimento Econômico (OCDE), grupo de 30 países que produzem 
mais da metade da riqueza mundial e que inclui os EUA, possui regras 
próprias sobre o assunto.
3. Jornal Folha de S. 
Paulo,4/2/ 2009. 
<http://www1.
folha.uol.com.br/
fsp/informat/
fr0402200909.htm>.
4. O Estado de S. 
Paulo, 21.jul. 2009. 
<http://www.
estadao.com.br/
estadaodehoje 
20090721/not_
imp405803,0.php>.
http://http://www1.folha.uol.com.br/fsp/informat/fr0402200909.htm
http://http://www1.folha.uol.com.br/fsp/informat/fr0402200909.htm
http://http://www1.folha.uol.com.br/fsp/informat/fr0402200909.htm
http://http://www1.folha.uol.com.br/fsp/informat/fr0402200909.htm
http://http://www.estadao.com.br/estadaodehoje20090721/not_imp405803,0.php
http://http://www.estadao.com.br/estadaodehoje20090721/not_imp405803,0.php
http://http://www.estadao.com.br/estadaodehoje20090721/not_imp405803,0.php
http://http://www.estadao.com.br/estadaodehoje20090721/not_imp405803,0.php
http://http://www.estadao.com.br/estadaodehoje20090721/not_imp405803,0.php
Gestão Ambiental / UA 06 Resíduos Sólidos – Aspectos Essenciais e Boas Práticas de Gestão 16
6.1.2. lei estadual 12.300, de 16/3/ 2006 (são paulo)
A referida lei institui a Política Estadual de Resíduos Sólidos e define prin-
cípios e diretrizes. No seu Artigo 2º são definidos os princípios da Política 
Estadual de Resíduos Sólidos:
I - A visão sistêmica na gestão dos resíduos sólidos que leve em consideração as variáveis 
ambientais, sociais, culturais, econômicas, tecnológicas e de saúde pública;
II - A gestão integrada e compartilhada dos resíduos sólidos por meio da articulação 
entre Poder Público, iniciativa privada e demais segmentos da sociedade civil;
IV - A promoção de padrões sustentáveis de produção e consumo;
V - A prevenção da poluição mediante práticas que promovam a redução ou elimina-
ção de resíduos na fonte geradora;
VIII - O acesso da sociedade à educação ambiental;
IX - A adoção do princípio do poluidor-pagador;
X - A responsabilidade dos produtores ou importadores de matérias-primas, de produ-
tos intermediários ou acabados, transportadores, distribuidores, comerciantes, consu-
midores, catadores, coletores, administradores e proprietários de área de uso público e 
coletivo e operadores de resíduos sólidos em qualquer das fases de seu gerenciamento;
XI - A atuação em consonância com as políticas estaduais de recursos hídricos, meio 
ambiente, saneamento, saúde, educação e desenvolvimento urbano;
XII - O reconhecimento do resíduo sólido reutilizável e reciclável como um bem econô-
mico, gerador de trabalho e renda.
O seu Artigo 3º estabelece, entre outros objetivos da Política Estadual de 
Resíduos Sólidos:
I - O uso sustentável, racional e eficiente dos recursos naturais;
II - A preservação e a melhoria da qualidade do meio ambiente, da saúde pública e a 
recuperação das áreas degradadas por resíduos sólidos;
III - Reduzir a quantidade e a nocividade dos resíduos sólidos, evitar os problemas 
ambientais e de saúde pública por eles gerados e erradicar os “lixões”, “aterros contro-
lados” , “bota-foras” e demais destinações inadequadas;
IV - Promover a inclusão social de catadores, nos serviços de coleta seletiva;
V - Erradicar o trabalho infantil em resíduos sólidos promovendo a sua integração 
social e de sua família;
VI - Incentivar a cooperação intermunicipal, estimulando a busca de soluções consorcia-
das e a solução conjunta dos problemas de gestão de resíduos de todas as origens;
VII - Fomentar a implantação do sistema de coleta seletiva nos municípios.
Gestão Ambiental / UA 06 Resíduos Sólidos – Aspectos Essenciais e Boas Práticas de Gestão 17
6.1.3. lei 12.305, de 2/8/2010
Esta lei institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, dispondo sobre 
seus princípios, objetivos e instrumentos, bem como sobre as diretrizes 
relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos, inclu-
ídos os perigosos, às responsabilidades dos geradores e do poder público 
e aos instrumentos econômicos aplicáveis.
Esta Lei prevê, em seu Artigo 54, que “a disposição final ambientalmen-
te adequada dos rejeitos (...) deverá ser implantada em até quatro anos 
após a data de publicação desta lei”, ou seja, até 2 de agosto de 2014. As-
sim, após 2 de agosto de 2014, os materiais passíveis de reaproveitamento, 
reciclagem ou tratamento por tecnologias economicamente viáveis (como 
resíduos recicláveis ou orgânicos) não podem mais ser encaminhados para 
a disposição final. Para dispor somente rejeitos em aterro sanitário, o muni-
cípio deve possuir um bom sistema de gerenciamento de resíduos sólidos, 
incluindo coleta seletiva e tratamento de resíduos orgânicos, por exemplo, 
de forma a enviar o mínimo possível para o aterro sanitário.
Ressalta-se que O governo federal não adotou medida para prorrogar 
o prazo para a disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos, 
pois, segundo entrevista com a Ministra do Meio Ambiente Izabella Tei-
xeira “não se trata apenas de estender o prazo - a discussão é mais ampla 
e envolve peculiaridades de cada região, estado e município do país. Por-
tanto, o prazo para os municípios encerrarem os lixões terminou em 02 
de agosto de 2014” e ainda destaca que:
A disposição inadequada dos resíduos sólidos – seja na água ou no solo – constitui 
crime ambiental previsto pela Lei n° 9.605 (Lei de Crimes Ambientais) desde 1998 e, 
portanto, o adiamento do prazo não isentaria os municípios da obrigação constitucio-
nal de proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas 
incluindo, claro, a disposição em vazadouros a céu aberto, os lixões.
6.1.4. decreto 7.404, de 23/12/2010
Regulamenta a Lei 12.305, de 2/8/ 2010, que institui a Política Nacional 
de Resíduos Sólidos, cria o Comitê Interministerial da Política Nacional de 
Resíduos Sólidos e o Comitê Orientador para a Implantação dos Sistemas 
de Logística Reversa, e dá outras providências.
6.1.5. lei 9605, de 12/2/1998 ou lei de crimes ambieNtais
Essa lei, já tratada na unidade 1 (vocês se recordam?) dispõe sobre as san-
ções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao 
meio ambiente, e dá outras providências. Destacamos o seu Art. 54, no qual 
está expresso que quem causar poluição de qualquer natureza em níveis 
Gestão Ambiental / UA 06 Resíduos Sólidos – Aspectos Essenciais e Boas Práticas de Gestão 18
tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que 
provoquem a mortalidade de animais ou a destruição significativa da flora: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Parágrafo 2º - Se o crime: 
I - Tornar um área, urbana ou rural, imprópria para a ocupação humana; 
II - Causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda que momentânea, dos 
habitantes das áreas afetadas, ou que cause danos diretos à saúde da população; 
III - Causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do abastecimento pú-
blico de água de uma comunidade; 
IV - Dificultar ou impedir o uso público das praias; 
V - Ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos 
ou substâncias oleosas, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou re-
gulamentos: Pena - reclusão, de um a cinco anos.
6.1.6. Normas abNt
 → NBR 10004/04: Resíduos Sólidos – Classificação;
 → NBR 10005/04: Procedimento para obtenção de extrato lixiviado de 
resíduos sólidos;
 → NBR 10006/04: Procedimento para obtenção de extrato solubilizado 
de resíduos sólidos;
 → NBR 10007/04: Amostragem de resíduos sólidos;
 → NBR ISO/IEC 17025/05: Requisitos gerais para a competência de la-
boratórios de ensaio e calibração;
 → NBR 8418/83: Apresentação de projetos de aterros de resíduos in-
dustriais perigosos – procedimento;
 → NBR 10157/87: Aterros de resíduos perigosos – critérios para proje-
to, construção e operação – procedimento;
 → NBR 8419/92: Apresentação de projetos de aterros sanitários de re-
síduos sólidos urbanos – procedimento;
 → NBR 13896/97: Aterros de resíduos não perigosos – Critérios para 
Projeto, Implantação e Operação – procedimento;
 → NBR 12553/03: Geossintéticos – terminologia;
 → NBR 15495-1/07: Poços de monitoramentode águas subterrâneas 
em aquíferos granulares – Parte 1: Projeto e construção;
 → NBR 11175/90: Incineração de resíduos sólidos perigosos – padrões 
de desempenho – procedimento;
 → NBR 13894/97: Tratamento no solo (landfarming) – procedimento;
 → NBR 12235/92: Armazenamento de resíduos sólidos perigosos – 
procedimento;
Gestão Ambiental / UA 06 Resíduos Sólidos – Aspectos Essenciais e Boas Práticas de Gestão 19
 → NBR 11174/90: Armazenamento de resíduos classes II – não inertes 
e III – inertes – procedimento;
 → NBR 13221/07: Transporte terrestre de resíduos;
 → NBR 13968/97: Embalagem rígida vazia de agrotóxico – procedimen-
tos de lavagens;
 → NBR 14719/01: Embalagem rígida vazia de agrotóxico – destinação 
final da embalagem lavada – procedimento;
 → NBR 14935/03: Embalagem vazia de agrotóxico – Destinação final de 
embalagem não lavada – procedimento;
 → NBR 14283/99: Resíduos em solos – determinação da biodegrada-
ção pelo Método respirométrico.
6.1.7. resoluções coNama
 → Resolução Conama 316, de 29/10/2002: Dispõe sobre procedimen-
tos e critérios para funcionamento de sistemas de tratamento térmi-
co de resíduos;
 → Resolução Conama 23, de 12/12/1996: Dispõe sobre o movimento 
transfronteiriço de resíduos;
 → Resolução Conama 19, de 19/9/1994: Autoriza, excepcionalmente, 
a exportação de resíduos perigosos, contendo bifenilas policlora-
das PCBs;
 → Resolução Conama 334, de 3/4/2003: Dispõe sobre os procedimen-
tos de licenciamento ambiental de estabelecimentos destinados ao 
recebimento de embalagens vazias de agrotóxicos;
 → Resolução Conama 313, de 29/10/2002: Que dispõe sobre o Inven-
tário Nacional de Resíduos Sólidos Industriais;
 → Resolução Conama 348, de 16/8/2004: Altera a Resolução Conama 
307, de 5/7/ 2002, incluindo o amianto na classe de resíduos perigosos.
6.2. resíduos dos serviços de saúde
6.2.1. resolução rdc 33, de 25/2/2003
Dispõe sobre o regulamento técnico para o gerenciamento de resíduos de 
serviços de saúde. A resolução passou a considerar os riscos aos trabalha-
dores, à saúde e ao meio ambiente. A adoção desta metodologia de análise 
de risco da manipulação dos resíduos gerou divergência com as orienta-
ções estabelecidas pela Resolução Conama 283/01 (BRASIL, 2006). Por esse 
motivo a RDC Anvisa 33/03 foi revogada e publicada a RDC Anvisa 306 (em 
12/ 2004), e a Resolução Conama 358, em 05/2005.
Gestão Ambiental / UA 06 Resíduos Sólidos – Aspectos Essenciais e Boas Práticas de Gestão 20
6.2.2. resolução rdc 306, de 7/12/2004
Dispõe sobre o regulamento técnico para o gerenciamento de resíduos 
de serviços de saúde. Essa resolução concentra sua regulação no con-
trole dos processos de segregação, acondicionamento, armazenamento, 
transporte, tratamento e disposição final. Estabelece procedimentos ope-
racionais em função dos riscos envolvidos e concentra seu controle na 
inspeção dos serviços de saúde (BRASIL, 2006).
6.2.3. resolução coNama 358, de 29/4/2005
Dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços 
de saúde e dá outras providências. A Resolução Conama 358/05 trata do 
gerenciamento sob o prisma da preservação dos recursos naturais e do 
meio ambiente. Promove a competência aos órgãos ambientais estaduais 
e municipais para estabelecerem critérios para o licenciamento ambiental 
dos sistemas de tratamento e destinação final dos RSS (BRASIL, 2006).
6.3. resíduos da coNstrução civil
6.3.1. resolução coNama 307 – Gestão dos 
resíduos da coNstrução civil, de 5/7/2002
Essa resolução define, classifica e estabelece os possíveis destinos finais 
dos resíduos da construção e demolição, além de atribuir responsabili-
dades para o poder público municipal e também para os geradores de 
resíduos no que se refere à sua destinação.
Como princípios norteadores dessa resolução está priorizar a não ge-
ração de resíduos e proibir disposição final em locais inadequados, como 
aterros sanitários, em bota-foras, lotes vagos, corpos-d’água, encostas e 
áreas protegidas por lei.
parte 2
Nessa aula são discutidos os principais conceitos e abordagens relaciona-
dos à gestão de resíduos sólidos, como a redução, a reutilização, a recupe-
ração e a reciclagem. Nesse contexto, apresenta-se um panorama econô-
mico da reciclagem do vidro, papel, alumínio, PET, dentre outros, além dos 
aspectos legais envolvidos.
Gestão Ambiental / UA 06 Resíduos Sólidos – Aspectos Essenciais e Boas Práticas de Gestão 21
para COMeÇar 
Na unidade passada tratamos do problema de geração de resíduos sólidos 
em diferentes setores da sociedade moderna. A relevância do problema 
traz a necessidade de seu enfrentamento pelos processos gerenciais brasi-
leiros. Nesse contexto se insere a gestão dos resíduos sólidos, seja no meio 
urbano, agrícola ou industrial.
vidrometalplástico papel
Nessa unidade de aprendizagem, aprenderemos sobre as abordagens 
praticadas para a gestão dos resíduos produzidos pela sociedade e como 
o setor empresarial pode transformar um problema ambiental em opor-
tunidade para a geração de recursos financeiros.
Vamos em frente!
FundaMentOs
Vocês se lembram das aulas anteriores quando falamos que poluição sig-
nifica desperdício, baixa eficiência do processo produtivo ou do setor de 
prestação de serviços quanto ao uso dos recursos naturais? Quando uma 
empresa emite poluentes para a atmosfera, rios, solo ou aterros, ela está 
jogando dinheiro fora e causando problemas para a população, para a vida 
e meio ambiente.
Por esse motivo é tão importante o gerenciamento dos resíduos. De 
acordo com o tipo e fonte de geração de resíduos existem diferentes 
abordagens para a sua gestão: 
 → Resíduos Sólidos Domiciliares: Educação Ambiental, modificação 
de conduta, redução de consumo de certos materiais e embalagens, 
reciclagem (coleta seletiva);
 → Resíduos Sólidos Industriais: Produção Limpa, prevenção na gera-
ção, principalmente os resíduos perigosos e tóxicos, uso racional (4 
Rs), incineração e coprocessamento;
Figura 1. Símbolos 
da reciclagem. 
Gestão Ambiental / UA 06 Resíduos Sólidos – Aspectos Essenciais e Boas Práticas de Gestão 22
 → Resíduos dos Serviços de Saúde: Material problemático em vista 
dos riscos de proliferação de doenças. Na aula anterior foi visto que, 
no Brasil, os resíduos dos serviços de saúde têm como principais 
abordagens de gerenciamento a incineração, o descarte em aterros 
sanitários, nos chamados lixões e em valas sépticas e, o restante, 
tratado em auto-clave e micro-ondas.
Uma importante abordagem para os resíduos sólidos domiciliares é a 
educação ambiental, pois a partir de um trabalho de conscientização da 
população pode-se almejar a mudança dos hábitos de consumo e a ge-
ração de menos resíduos, além da coleta seletiva e reciclagem a serem 
tratadas nessa aula. Para esse fim destacamos a Lei 9.795, de 27/4/1999, 
a qual institui a Política Nacional de Educação Ambiental, cuja regulamen-
tação se deu pelo Decreto 4.281, de 25/6/2002. Na abrangência federal 
citamos a Resolução Conama 422, de 3/2010, que define a linguagem para 
uso em publicações sócio ambientais. Já no estado de São Paulo tem-se 
a Lei 12.780 que trata sobre a Política Estadual de Educação Ambiental. A 
partir dessas bases legais os municípios estão, atualmente, elaborando as 
suas políticas municipais de Educação Ambiental.
O setor industrial tem adotado, como principal alternativa a gestão dos 
resíduos sólidos, a chamada matriz das atitudes ou matriz dos 3’s (Redução, 
Reutilização e Reciclagem) (DONATO, 2008). Tal conceito, segundo o mes-
mo autor, evoluiu para 4’s devido a acentuação do problema energético e a 
necessidade de se Recuperar a energia utilizada. Pode-se encontrar na lite-
ratura propostas para se incorporar, ainda, os seguintes termos: Respeito a 
códigos e Leis; Redefinição (reprojeto) de materiais, peças e equipamentos, 
Repensar (DONATO, 2008).
Abordaremos, nessa unidade, a matriz 4R para a gestão dos resíduos 
sólidos.
1. redUçãO
ConCeito
Redução é a utilizaçãode processos, práticas, materiais, pro-
dutos ou energia que evitem ou minimizem a geração de 
resíduos na fonte e diminuam os riscos para a saúde humana 
e para o meio ambiente. (DONATO, 2008)
A redução de resíduos assume importante papel para a sociedade contem-
porânea, sendo explicitamente citada na Agenda 21, intitulado “Mudança 
Gestão Ambiental / UA 06 Resíduos Sólidos – Aspectos Essenciais e Boas Práticas de Gestão 23
dos padrões de consumo”, no qual se prega um estímulo a uma maior 
eficiência no uso da energia e dos recursos e uma redução ao mínimo da 
geração de resíduos.
A redução de resíduos tanto pode ser realizada na fonte produtora, 
como por técnicas de reciclagem e de reprocessamento interno na insta-
lação geradora, impedindo que o resíduo chegue ao meio ambiente (VAL-
LE, 2002), sendo a primeira prioridade nos setores industriais e urbano. 
Em sua essência, a redução está associado a introdução de modificações 
no processo usual ou a adoção de tecnologias limpas (LORA, 2002), tema 
que será abordado na última unidade de aprendizagem dessa disciplina.
A redução de resíduos no setor urbano passa por uma mudança no 
padrão de consumo da população e pode ser alcançada, por exemplo, 
pela escolha de produtos com menor número de embalagens ou com em-
balagens de maior capacidade volumétrica, correspondendo a um menor 
volume por unidade de produto, ou controlando-se os desperdícios (TEI-
XEIRA, 2002). Essa autora encontrou que 17% em peso de todo o resíduo 
domiciliar da cidade de Campinas – SP era composto por desperdício de 
matéria orgânica. Considerando-se a compostagem do restante da maté-
ria orgânica, o potencial de minimização dos resíduos a ser obtida seria 
superior a 50%. Portanto, a minimização dos resíduos sólidos domiciliares 
passa pela conscientização da necessidade de se gerar menos resíduos, e 
se estes forem inevitáveis, que possam ser reusados e/ou reciclados antes 
de adequadamente dispostos (TEIXEIRA, 2002).
Para o setor industrial a redução de resíduos sólidos implica em:
 → Modificação do Processo;
 → Redução do uso de matéria-prima;
 → Menor uso de energia;
 → Acompanhamento dos resíduos ao longo do processo (Ideal);
 → Elimina-se a avaliação end of pipe (verificação após a geração).
Segundo Valle (2002) não se considera redução a concentração de resídu-
os, pela secagem, apenas para reduzir seu volume, sem a correspondente 
redução de sua toxicidade. Os procedimentos a serem adotados para a 
redução na geração de resíduos incluem:
 → Caracterização dos resíduos quanto ao tipo, composição, quantida-
de e pontos de geração;
 → Controle da matéria-prima no que se refere a sua qualidade, pericu-
losidade e toxidez;
 → Treinamento do pessoal de operação;
 → Precaução com armazenamento e transporte;
Gestão Ambiental / UA 06 Resíduos Sólidos – Aspectos Essenciais e Boas Práticas de Gestão 24
 → Alocar custos aos resíduos;
 → Avaliações periódicas dos resultados;
 → Fixação de novas metas.
Segundo Valle (2002) com a redução é possível diminuir os custos de tra-
tamento e disposição dos resíduos; economizar no transporte e armaze-
nagem, diminuir gastos com segurança e proteção à saúde. Acrescente-se 
a redução de custos pela maior eficiência do uso dos recursos materiais e 
de energia; a atuação proativa para com o meio ambiente, o que pode ser 
um fator de competitividade.
Os principais instrumentos que dão suporte a implantação e manuten-
ção de um plano de minimização de resíduos englobam:
 → Definição de metas por parte da empresa sobre a quantidade de 
resíduos sólidos a serem gerados;
 → Estabelecimento de estratégias para se atingir as metas estabelecidas;
 → Estabelecimento de mecanismos de medição ao longo da realização 
do plano;
 → Identificar quais os resíduos chaves do plano;
 → Determinar quais os processos que serão focados;
 → Pesquisar e selecionar alternativas para reduzir, reciclar ou eliminar 
os resíduos.
Um exemplo de redução na geração de resíduos de plásticos de embala-
gem com óleo mineral por plásticos com óleo solúvel, no Setor Madeireiro 
e Mobiliário do Rio Grande do Sul, é apresentado em estudo de caso de 
CNTL (2010). A empresa Piva Comércio e Indústria Ltda., fundada em 1989, 
produzia uma linha de aramados para cozinhas, dormitórios e área de ser-
viço. A empresa comprava arames em estocadores para a fabricação das 
peças. Era utilizada uma embalagem plástica que protegia a matéria-pri-
ma. Como os arames possuem óleo decorrente do processo de trefilação 
(estearato), acrescentado do óleo protetivo, essa combinação de óleos em 
excesso depositava-se no plástico protetivo e este por sua vez transfor-
mava-se em um resíduo Classe I (perigoso, lembrem-se da aula anterior), 
tendo que ser disposto adequadamente. Adotou-se, como procedimento, 
a substituição do óleo mineral protetivo por um solúvel em água, para ser 
possível reciclar o plástico. O investimento foi na ordem de R$ 102,33 e 
gerou um benefício econômico de R$ 22.648,60 por ano. Os benefícios am-
bientais foram a redução de uso de água em função da redução de turno 
de trabalho (em avaliação); a redução do consumo de produtos químicos 
no banho do desengraxante pelo aumento da vida útil do banho (2/3); a 
Gestão Ambiental / UA 06 Resíduos Sólidos – Aspectos Essenciais e Boas Práticas de Gestão 25
modificação da classe do resíduo de Classe I para Classe II, reciclável; e a 
reciclagem externa de 7,68 m³ plástico das embalagens (CNTL, 2010).
2. reUtilizaçãO
ConCeito
Reutilização é a prática ou técnica na qual os resíduos po-
dem ser usados na forma em que se encontram, sem a ne-
cessidade de tratamento para alterar as suas características 
físico-químicas. (DONATO, 2008)
Os procedimentos para a reutilização do resíduo incluem o seu reaprovei-
tamento no processo produtivo ou a sua venda. São exemplos de reutili-
zação as garrafas retornáveis, peças de automóveis, formas de madeira 
para secagem de concreto na construção civil etc. A reutilização afeta di-
retamente o volume enviado aos aterros.
Paparotte & Centurion Maciel (2006) avaliaram a reutilização da sucata 
de gesso de uma indústria do setor de louças sanitárias, para fins agríco-
las, como corretivo do pH do solo. A peça sanitária é moldada a partir de 
uma forma de gesso. Cada forma de gesso é utilizada para a moldagem 
de cem peças. Após esse limite de uso, a forma tem de ser descartada 
gerando o resíduo chamado de sucata de gesso. Nesse processo eram 
geradas 90 toneladas de resíduos mensalmente. Os autores concluíram 
que a sucata de gesso foi adequada para corrigir a acidez do solo e foi 
tolerado pela cultura da alface.
3. reCUperaçãO
ConCeito
A recuperação é um método de gerenciamento de resíduos 
baseado na transformação térmica, química, física ou bio-
lógica da matéria-prima utilizada na fabricação do produto, 
para produzir material e/ou energia diretamente disponível 
para uso. (SÃO PAULO, 2010)
Por essa definição, a recuperação pode ser classificada como de energia 
ou de material A recuperação de energia inclui a incineração de resíduos; 
a reciclagem energética de resíduos plásticos; a compostagem e a diges-
tão anaeróbica, com a produção de biogás. 
Gestão Ambiental / UA 06 Resíduos Sólidos – Aspectos Essenciais e Boas Práticas de Gestão 26
No Brasil a indústria brasileira de cimento é composta por 10 grupos 
cimenteiros que reúnem 68 unidades. Desse total, cerca de 34 unidades 
estão licenciadas pelos órgãos ambientais estaduais competentes para 
coprocessar resíduos industriais (ABCP, 2010). O co-processamento é a 
destruição de resíduos e de passivos ambientais em fornos de cimento 
em substituição parcial ao combustível que alimenta a chama do forno 
que transforma calcário e argila em clínquer, matéria-prima do cimento 
(ABCP, 2010). O co-processamento atinge, anualmente, por volta de 1,0 
milhão de toneladas de resíduos industriais no Brasil (ABCP, 2010). O Art. 
8o da Resolução Conama 264 de 26/8/1999, estabelece que são conside-
rados,para fins de coprocessamento em fornos de produção de clínquer, 
resíduos passíveis de serem utilizados como substituto de matéria-prima 
e ou de combustível, desde que as condições do processo assegurem o 
atendimento às exigências técnicas e aos parâmetros fixados na referida 
Resolução, comprovados a partir dos resultados práticos do plano do Tes-
te de Queima proposto.
Já a recuperação de material tem por objetivo reaver frações ou al-
gumas substâncias que possam ser aproveitadas no processo produtivo 
desde que em condições econômicas mais ou menos vantajosas e repre-
senta um serviço benéfico à sociedade. Os metais de efluentes ou a prata 
dos filmes de raio X constituem bons exemplos de recuperação a partir 
de seus resíduos.
4. reCiClagem
ConCeito
A reciclagem é um método de gerenciamento de resíduos 
baseado no reaproveitamento do material, considerando as 
suas características e composição, visando o mesmo ou um 
diferente uso para o qual foi originalmente concebido. (SÃO 
PAULO, 2010)
As maiores vantagens da reciclagem são a minimização da utilização de 
fontes naturais, muitas vezes não renováveis; e da quantidade de resí-
duos que necessita de aterramento ou incineração. As etapas da recicla-
gem englobam:
 → Coleta e separação;
 → Revalorização;
 → Transformação.
Gestão Ambiental / UA 06 Resíduos Sólidos – Aspectos Essenciais e Boas Práticas de Gestão 27
Diversos materiais podem ser recicláveis, os quais podem ser agrupados em:
VIDROS
Potes, copos, garrafas, embalagens e frascos. 
Excetuam-se espelhos, lâmpadas, ampolas 
de medicamento.
METAIS
Latas de alumínio e aço, desde que não contaminadas 
com tinta, veneno ou combustível; ferragens, tubos, 
esquadrias, arame.
PAPÉIS
Folhas e aparas, jornais, revisas, caixas, papelão, cartolinas 
envelopes, folhetos, impressos, embalagens longa vida etc. 
Excetuam-se adesivos, etiquetas, papel higiênico, papéis 
engordurado, metalizados, plastificados etc.
PLÁSTICOS
Tampas, embalagens, garrafas, recipientes, baldes, tubos, 
brinquedos, sacos plásticos etc. Excetuam-se cabos de 
panela, tomadas, espumas, acrílicos etc.
MADEIRA Móveis, caixas, aparas e serragens etc.
Vale ressaltar que o contínuo desenvolvimento tecnológico no âmbito da 
reciclagem pode levar a que algum material aqui classificado como não re-
ciclável, possa a se tornar adequado para a reciclagem posteriormente.
A coleta seletiva vem crescendo no Brasil. Segundo Abrelpe (2010) dos 
5.565 municípios existentes no Brasil, 3.152, ou 56,6% do total, afirmaram 
contar com iniciativas de coleta seletiva, no ano de 2009. No ano de 2008, 
esse total era de 3.111 municípios, ou 55,9% do total, o que representa 
um acréscimo de 41 municípios, ou 0,7% nesse período. Todavia, há de se 
destacar que muitas vezes essas atividades de coleta seletiva praticadas 
pelos municípios resumem-se à disponibilização de pontos de entrega vo-
luntária à população, ou na simples formalização de convênios com coo-
perativas de catadores para a execução dos serviços (ABRELPE, 2010). A 
Tabela 1 apresenta um panorama da coleta seletiva no Brasil.
REgIãO
qUAntIDADE 
DE mUnIcÍpIOS
mUnIcÍpIOS cOm 
InIcIAtIvA DE 
cOLEtA SELEtIvA
pORcEntAgEm
Sudeste 1.668 1.313 78,7
Sul 1.188 905 76,2
Norte 449 198 44,1
Nordeste 1.794 614 34,2
Centro-Oeste 466 122 26,2
Brasil 5.565 3.152 56,6
Gestão Ambiental / UA 06 Resíduos Sólidos – Aspectos Essenciais e Boas Práticas de Gestão 28
A região brasileira que apresenta o maior percentual de municípios com 
iniciativas de coleta seletiva é a Sudeste, com um total de 1.313 municípios, 
ou 78,7%, seguido da região Sul, com 905 municípios, ou 76,2%.
A coleta seletiva predomina nos municípios com população acima de 
500.000 habitantes, chegando a 92% daqueles pesquisados (Abrelpe, 2010). 
Já nos municípios com menos de 50.000 habitantes cerca de 61% não têm 
qualquer iniciativa de coleta seletiva, segundo essa mesma pesquisa.
Apesar da evolução da quantidade de municípios brasileiros com ini-
ciativa de coleta seletiva, as atividades de reciclagem de resíduos sólidos 
urbanos no Brasil ainda registram índices insatisfatórios e apresentam 
alto potencial de ampliação para os próximos anos (Abrelpe, 2010). No en-
tanto, quatro setores brasileiros ligados a materiais recicláveis têm apre-
sentado índices expressivos de reciclagem, como o alumínio, o papel, o 
plástico e o vidro.
4.1. reciclaGem do alumíNio
No ano de 2008, a produção de alumínio primário no Brasil atingiu a mar-
ca de 1,7 milhão de toneladas, das quais 964 mil foram exportadas, sendo 
que o consumo doméstico atingiu 5,4 kg de alumínio por habitante (Abrel-
pe, 2010). 
A eficiência da reciclagem do alumínio no Brasil está acima da média 
mundial, com um índice de 35,3% entre a quantidade de sucata recupe-
rada e a quantidade de alumínio consumido pelo mercado interno em 
2007, sendo que a média global naquele ano alcançou 33,5% (Abrelpe, 
2010). Considerando-se somente a lata de alumínio, o Brasil evoluiu a 
sua taxa de reciclagem de 64,0% para 91,5% (Figura 2) do total de latas 
comercializadas no mercado interno, no período de 1997 a 2008, o que 
representa a maior taxa mundial. A segunda maior taxa de reciclagem 
de latas de alumínio, em 2008, foi da Argentina, atingindo 90,8% (Abrel-
pe, 2010).
ÍN
D
IC
E
 D
E
 R
E
C
IC
LA
G
E
M
 (%
)
100
80
60
40
20
0
1997
64,0
2000
77,7
1998
65,2
2001
85,0
1999
72,9
2002
86,5
2003
89,0
2004
95,7
2005
96,2
2006
94,4
2007
96,5
2008
91,5
Figura 2. Evolução do 
índice de reciclagem 
de latas de alumínio 
no Brasil no período 
de 1997 a 2008. 
Fonte: Abrelpe, 2010.
Gestão Ambiental / UA 06 Resíduos Sólidos – Aspectos Essenciais e Boas Práticas de Gestão 29
4.2. reciclaGem do papel
O setor brasileiro de celulose e papel foi responsável, em 2008, pela gera-
ção de 114 mil empregos diretos (67 mil na indústria e 47 mil em florestas) 
e 500 mil empregos indiretos, abrangendo 220 empresas localizadas em 
450 municípios de 17 estados das cinco regiões brasileiras (Abrelpe, 2010).
Em 2008, o Brasil apresentou uma taxa de consumo de papéis reciclá-
veis de 50,80% e uma taxa de recuperação de 43,70%, resultando numa 
taxa global de 22,20%, a qual indica o percentual de reciclagem relativa-
mente a todo o papel consumido no país nesse ano e não apenas aos 
passiveis de reciclagem (Abrelpe, 2010).
O consumo aparente de papel reciclável alcançou 8,75 milhões de tone-
ladas em 2008, representando um aumento de 39,3% em relação a 1998, 
quando se consumiu 6,28 milhões de toneladas. Nesse mesmo período a 
taxa de recuperação do papel reciclado aumentou de 36,6% para 45,0% 
(Abrelpe, 2010).
4.3. reCiClagem dO plástiCO
Segundo Abrelpe (2010), o consumo aparente de artefatos plásticos atingiu 
5,3 milhões de toneladas em 2008, representando um crescimento de 6,8% 
em relação a 2007, além de gerar 314.794 empregos diretos.
No segmento de plástico reciclado o faturamento bruto variou de R$ 
1,22 bilhão a R$ 1,8 bilhão no período de 2003 a 2007, o que representa 
um aumento de 47,5% (ESMERALDO, 2008). Já o volume de plástico re-
ciclado atingiu, em 2007, 962,5 mil toneladas, o qual foi predominante-
mente consumido pelo setor de bens de consumo semi e não duráveis 
(utilidades domésticas, têxtil, brinquedos, calçados etc.) correspondendo 
a 52,3% do total, seguido pelo segmento de bens de consumo duráveis 
(automobilístico, eletroeletrônicos e móveis) e que demandaram 18,7% da 
produção brasileira (ESMERALDO, 2008).
Os processos de reciclagem do plástico podem ser agrupados, segundo 
Plastivida (2010) em:
a. Reciclagem química: É a recuperação dos componentes químicos 
individuais, como os hidrocarbonetos, para serem reutilizados como 
produtos químicos ou para a produção de novos plásticos; 
b. Reciclagem mecânica: Conversão dos descartes plásticos pós-in-
dustriais ou pós-consumo em grânulos que podem ser reutilizados 
na produção de outros produtos, como sacos de lixo, solados, pisos, 
conduítes, fibras, embalagens nãoalimentícias etc.
c. Reciclagem energética: é a recuperação da energia contida nos 
plásticos através de processos térmicos. A reciclagem energética 
Gestão Ambiental / UA 06 Resíduos Sólidos – Aspectos Essenciais e Boas Práticas de Gestão 30
distingue-se da incineração por utilizar os resíduos plásticos como 
combustível na geração de energia elétrica. Essa é uma alternativa 
usada nos Estados Unidos, Japão, China e em países da Europa.
No Brasil adota-se a reciclagem mecânica, a qual é praticada por cerca de 
780 empresas recicladoras, responsáveis pela geração de cerca de 19.500 
empregos diretos (Abrelpe, 2010). O estado de São Paulo possui 328 empre-
sas ou 48% do total brasileiro, sendo aquele com a maior concentração de 
recicladoras desse produto no país, em 2007 (Abrelpe, 2010).
O polietireno tereftalato (PET) é o tipo de plástico mais reciclado no 
Brasil, cuja evolução no volume recuperado e na taxa de recuperação são 
apresentados nas Figuras 3 e 4 respectivamente. Observa-se um incre-
mento no volume de PET recuperado de 167 k toneladas a 253 k tonela-
das de 2004 a 2008 respectivamente, representando um crescimento de 
51,5%. Nesse período a taxa de reciclagem evoluiu de 47,0% para 54,8% o 
que coloca o Brasil, numa comparação com outros países, atrás somente 
do Japão cuja taxa de recuperação do PET, em 2007, alcançou 69,2% como 
pode ser observado na Figura 5 (Abipet, 2009).
K
 (
to
n
el
ad
as
)
250
300
200
150
100
50
0
2004
167
2005
174
2006
194
2007
231
2008
253
TA
X
A
 D
E
 R
E
C
U
P
E
R
A
Ç
Ã
O
 (%
) 100
80
60
40
20
0
1997
16,2
2000
26,3
1998
17,9
2001
32,9
1999
20,4
2002
35,0
2003
43,0
2004
47,0
2005
47,0
2006
51,3
2007
53,5
2008
54,8
Figura 3: Evolução 
histórica do volume 
de recuperação de 
PET no Brasil.
Fonte: Abipet, 2009.
Figura 4: Evolução da 
taxa de recuperação 
do PET no Brasil.
Fonte: Abipet, 2009.
Gestão Ambiental / UA 06 Resíduos Sólidos – Aspectos Essenciais e Boas Práticas de Gestão 31
TA
X
A
 D
E
 R
E
C
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P
E
R
A
Ç
Ã
O
 (%
) 100
80
60
40
20
0
ja
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(20
07
) br
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il 
(20
08
)
eu
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pa
 
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08
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07
)
ar
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a 
(20
08
) eu
a 
(20
08
)
mé
xi
co
 
(20
08
)
69,2
54,8
46,0
34,0
42,3
27,0
12,6
Segundo Abipet (2009) O PET é comercializado predominantemente na 
forma prensada, atingindo 49% do total, conforme pode ser visualizado 
na Figura 6.
solto
moído
43%
8%
prensado
49%
O principal setor brasileiro consumidor do PET reciclável é a indústria 
têxtil, correspondendo a 38% do total, seguido das resinas insaturadas 
e alquídicas (18%); laminados e chapas (15%), embalagem de alimentos 
(12%); embalagem de não alimentos (9%); fitas de arquear (7%) e tubos 
(1%) (Abipet, 2009). Na indústria têxtil 44% do PET reciclado é usado na 
produção de vestuário, segundo a mesma fonte de referência.
4.4. reciclaGem do vidro
Segundo Abrelpe (2010) o setor vidreiro do Brasil é composto por quatro 
segmentos principais: embalagem; utensílios domésticos; vidros técnicos; 
vidros planos. Este setor apresentou, em 2008, um faturamento de R$ 
4,07 bilhões; uma capacidade de produção de 3,0 milhões de toneladas e 
gerou 11.800 empregos.
Figura 5. Comparação 
da taxa de 
recuperação do PET 
no Brasil com a de 
outros países.
Fonte: Abipet, 2009.
Figura 6. Formas 
de apresentação 
de compra do 
PET no Brasil. 
Fonte: Abipet, 2009.
Gestão Ambiental / UA 06 Resíduos Sólidos – Aspectos Essenciais e Boas Práticas de Gestão 32
A reciclagem de vidros no Brasil concentra-se amplamente no segmen-
to de embalagens, conforme pesquisa do destino das embalagens de vi-
dro pós-consumo realizada em 2007 (Abrelpe, 2010). 
A Figura 7 apresenta o perfil da destinação das embalagens de vidro 
pós-consumo no Brasil em 2007. A partir dessa figura é possível observar 
que somente 20% do vidro utilizado em embalagens teve destinação em 
aterros sanitários ou de forma ignorada, cerca 47% foi reciclada e a par-
cela reutilizada totalizou 33%. Desses 33%, cerca de 24% corresponderam 
a reutilizações consideradas indevidas, como embalagens de produtos fa-
bricados informalmente (Abrelpe, 2010).
reuso caseiro
reciclagem (retornáveis)
aterros / desconhecido
9%
20%
20%
reciclagem one-way
reuso indevido
27%
24%
A Figura 8 mostra a evolução do índice de reciclagem do vidro no período 
de 2000 a 2007, o qual variou de 41,0% a 47,0% no referido período.
ÍN
D
IC
E
 D
E
 R
E
C
IC
LA
G
E
M
 (%
)
100
80
60
40
20
0
41
2000
4542
2001
4544
2002
45
2003
46
2004
47
2005 2006 2007
Vamos calcular o valor econômico dos materiais recicláveis lata de alumínio, 
embalagens longa vida e PET no lixo de Indaiatuba – SP, baseado em dados 
apresentados no trabalho de Mancini et al. (2007) e Cempre (2008). Os valo-
res dos materiais reciclados são baseados em Cempre (2010).
Figura 7. Perfil 
da destinação das 
embalagens de 
vidro pós-consumo 
(retornáveis e 
one-way) no 
Brasil em 2007. 
Fonte: Abrelpe, 2010.
Figura 8. Evolução 
dos índices de 
reciclagem de vidro 
no Brasil no período 
de 2000 a 2007. 
Fonte: Abrelpe, 2010.
Gestão Ambiental / UA 06 Resíduos Sólidos – Aspectos Essenciais e Boas Práticas de Gestão 33
Parâmetro utilizados para o cálculo: a população de Indaiatuba é de 
180 mil habitantes.
pASSO 1. Cálculo do valor anual associado as latas de alumínio:
Consumo anual de latas de alumínio por habitante: 
 54 (Cempre, 2008)
Consumo anual de latas em Indaiatuba: 
 54 × 180.000 = 9.720.000 latas/ano
Conversão: 75 Latas equivale a 1 kg de alumínio (Cempre, 2010)
Geração anual de latas de alumínio em Indaiatuba:
 
 9.720.000 ÷ 75 = 129.600 kg 
Valor econômico das latas prensadas e limpas, na cidade de São Ber-
nardo – SP: R$ 2,30 por kg (Cempre, 2010)
Valor anual estimado das latas de alumínio em Indaiatuba:
 R$ 2,30 × 129.600 = R$ 298.080,00
pASSO 2. Cálculo do valor anual associado às embalagens longa vida:
Consumo anual de embalagens longa vida por habitante em Indaiatu-
ba: 3,0 kg (Mancini et al., 2007)
Consumo anual de embalagens longa vida em Indaiatuba:
 3 × 180.000 = 540.000 kg/ano = 540 toneladas/ano
Valor econômico da tonelada prensada: R$ 150,00 (Cempre, 2010)
Valor anual estimado das embalagens longa vida em Indaiatuba: 
 
 R$ 150,00 × 540 = R$ 81.000,00
pASSO 3. Cálculo do valor anual associado às embalagens PET:
Consumo anual de PET por habitante: 2,0 kg (Cempre, 2008)
Consumo anual de PET em Indaiatuba:
 2,0 × 180.000 = 360.000 kg = 360 toneladas de PET/ano
Gestão Ambiental / UA 06 Resíduos Sólidos – Aspectos Essenciais e Boas Práticas de Gestão 34
Valor econômico da tonelada prensada: R$ 1.050,00 (Cempre, 2010)
Valor econômico anual estimado do PET em Indaiatuba: 
 R$ 1.050,00 × 360 = R$ 378.000,00
pASSO 4. Cálculo do valor anual dos resíduos sólidos domiciliares asso-
ciados a latas de alumínio, embalagens longa vida e PET, no município 
de Indaiatuba, com base em estimativas de Mancini et al. (2007). Cempre 
(2008 e 2010)
R$ 298.080,00 + R$ 81.000,00 + R$ 378.000,00 = R$ 757.080,00
Esse é o valor que poderia ser arrecadado a partir de uma coleta seletiva e 
posterior venda de três tipos de resíduos sólidos recicláveis no município 
de Indaiatuba, no estado de São Paulo. Além de esses recursos poderem 
ser aproveitados no próprio município, tem-se o aumento da vida útil do 
aterro sanitário que recebe o lixo de Indaiatuba. Vale destacar que não fo-
ram incluídas estimativas de valoração de resíduos como os metais, plás-
ticos e papéis, o que aumentaria ainda mais a arrecadação.
5. legislaçãO, prOgramas, planOs, pOlítiCas e COnvençÕes 
relaCiOnadas a gestãO de resídUOs sólidOs
5.1. lei 9.795, de 27/4/1999
Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Edu-
cação Ambiental e dá outras providências. Em seu Artigo 1º a educação 
ambiental é definida como os processos por meio dos quais o indivíduo 
e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, 
atitudese competências voltadas para a conservação do meio ambien-
te, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e 
sua sustentabilidade.
5.2. decreto 4.281, de 25/6/2002
O Decreto 4.281/02 regulamenta a Lei 9795/99. Em seu Art. 1º fica esta-
belecido que a Política Nacional de Educação Ambiental será executada 
pelos órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional de Meio Am-
biente – Sisnama, pelas instituições educacionais públicas e privadas dos 
sistemas de ensino, pelos órgãos públicos da União, Estados, Distrito Fe-
deral e Municípios, envolvendo entidades não governamentais, entidades 
de classe, meios de comunicação e demais segmentos da sociedade.
Gestão Ambiental / UA 06 Resíduos Sólidos – Aspectos Essenciais e Boas Práticas de Gestão 35
5.3. resoluções da aGêNcia NacioNal 
de viGilâNcia saNitária – aNvisa
5.3.1. resolução rdc 20, de 26/3/2008
Essa resolução dispõe sobre o Regulamento Técnico das embalagens de 
polietilenotereftalato (PET) pós-consumo reciclado grau alimentício (PET-
-PCR grau alimentício) destinados a entrar em contato com alimentos.
5.4. resoluções do coNselho NacioNal 
do meio ambieNte – coNama
5.4.1. resolução coNama 422, de 24/3/2010
Essa resolução estabelece diretrizes para as campanhas, ações e projetos 
de Educação Ambiental, conforme Lei no 9.795, de 27 de abril de 1999, e 
dá outras providências. Em seu Art. 2ºo são apresentadas as diretrizes das 
campanhas, projetos de comunicação e educação ambiental, as quais in-
cluem, em seu inciso II, o destaque quanto aos impactos socioambientais 
causados pelas atividades antrópicas e as responsabilidades humanas na 
manutenção da segurança ambiental e da qualidade de vida.
5.4.2. resolução coNama 264, de 26/8/1999
Essa resolução define procedimentos, critérios e aspectos técnicos especí-
ficos de licenciamento ambiental para o coprocessamento de resíduos em 
fornos rotativos de clínquer, para a fabricação de cimento. Excetuam-se os 
seguintes resíduos: domiciliares brutos, os resíduos de serviços de saúde, 
os radioativos, explosivos, organoclorados, agrotóxicos e afins.
5.5. Normas cetesb
5.5.1. Norma cetesb p4.230/99
Essa norma define critérios para projeto e operação para a aplicação de 
lodos de sistemas de tratamento biológico em áreas agrícolas. 
5.5.2. Norma cetesb p4.233/99
Essa norma estabelece os critérios para o uso de lodos de curtumes em 
áreas agrícolas e procedimentos para apresentação de projetos (Manu-
al Técnico).
5.6. leGislação sobre resíduos
A quantidade de resíduos gerados pela sociedade, seja em decorrência 
dos meios de produção, lixo doméstico e outras formas de sua geração, 
Gestão Ambiental / UA 06 Resíduos Sólidos – Aspectos Essenciais e Boas Práticas de Gestão 36
vem ganhando proporções alarmantes. Assim como ocorre em toda so-
ciedade organizada e estruturada, existem leis que regulamentam a ques-
tão da gestão desses resíduos que em geral, não é acompanhada de um 
descarte adequado. 
De acordo com dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpe-
za Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), cerca de 40% dos resíduos ge-
rados pela população são enviados a destinos inadequados, em geral, os 
chamados lixões clandestinos, gerando danos das mais diversas ordens 
não somente ao meio ambiente, mas também à saúde pública.
Visando coibir essa situação e mitigar as indesejáveis e danosas con-
sequências sociais, ambientais e econômicas geradas pelo descarte ina-
dequado dos resíduos sólidos, foi sancionada a Lei nº 12.305/10, que ins-
tituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), regulamentada 
pela Decreto 7.404/10. 
Via de regra, a legislação que regulamenta o assunto propõe hábitos 
sustentáveis de consumo, além de criar ferramentas para fomentar pro-
cessos como a reciclagem e reaproveitamento dos resíduos, além de de-
terminar uma correta destinação ambiental dos dejetos.
A legislação inovou ainda em relação à adoção de instrumentos até en-
tão pouco explorados, como a logística reversa e análise de ciclo de vida 
dos produtos.
A lei criou ainda metas importantes, tais como:
 → Fixação de prazo para a eliminação dos lixões (02 de Agosto de 
2014), fato que infelizmente não se verifica na prática, ante a atual 
e grande quantidade de lixões clandestinos, muitos deles operados 
pelo próprio poder público;
 → Elaboração de um Plano Nacional de Resíduos Sólidos com ampla 
participação social, contendo metas e estratégias nacionais sobre 
o tema;
 → Criação do chamado SINIR (Sistema Nacional de Informações sobre 
a Gestão dos Resíduos Sólidos,, com o objetivo armazenar, tratar e 
fornecer informações que apoiem as funções ou processos de ges-
tão do resíduos;
 → Criação de planos de gestão integrada de resíduos sólidos e planos 
de gerenciamento de resíduos sólidos (PGRS) nos níveis estadual, 
municipal e regional;
 → Obrigação legal imposta ao setor privado no sentido de que as em-
presas elaborem seus Planos de Gerenciamento de Resíduos Sóli-
dos, imposição extensiva ao setor público.
Gestão Ambiental / UA 06 Resíduos Sólidos – Aspectos Essenciais e Boas Práticas de Gestão 37
O quadro apresentado na sequência apresenta o atual panorama legal da 
questão relacionada à gestão de resíduos:
tipo de resíduos legislaçao correspondente
Política nacional de 
resíduos sólidos
Lei nº 12.305, de agosto de 2010. Esta Lei institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, 
dispondo sobre seus princípios, objetivos e instrumentos, bem como sobre as diretrizes 
relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos, incluídos os perigosos, às 
responsabilidades dos geradores e do poder público e aos instrumentos econômicos aplicáveis.
Política estadual de 
resíduos sólidos
Lei Estadual nº 12.300, de 16 de março de 2006. Esta lei institui a Política Estadual de 
Resíduos Sólidos e define princípios e diretrizes, objetivos, instrumentos para a gestão 
integrada e compartilhada de resíduos sólidos, com vistas à prevenção e ao controle da 
poluição, à proteção e à recuperação da qualidade do meio ambiente, e à promoção da saúde 
pública, assegurando o uso adequado dos recursos ambientais no Estado de São Paulo.
Resíduos orgânicos
Decreto nº 4.954, de 14 de Janeiro de 2004. Aprova o Regulamento da Lei nº 
Resíduos Orgânicos 6.894, de 16 de dezembro de 1980, que dispõe sobre a inspeção 
e fiscalização da produção e do comércio de fertilizantes, corretivos, inoculantes 
ou biofertilizantes destinados à agricultura, e dá outras providências.
Instrução Normativa nº 15, de 22 de dezembro de 2004 . Aprova as definições 
e normas sobre as especificações e as garantias, as tolerâncias, o registro, 
a embalagem e a rotulagem dos fertilizantes orgânicos simples, mistos, 
compostos, organominerais e biofertilizantes destinados à agricultura.
Resolução CONAMA 283/01 ANVISA Resolução RDC 3/03. Tratamento Grupo D (resíduos 
comuns). Grupo D – Os resíduos orgânicos, flores, resíduos de podas de árvores e jardinagem, 
sobras de alimento e de pré-preparo desses alimentos, restos alimentares de refeitório e 
de outros que não tenham mantido contato com secreções ou outros fluidos corpóreos, 
podem serencaminhados ao processo de compostagem. Estes restos só poderão ser 
utilizados para ração animal se forem submetidos ao processo de tratamento que garanta 
a inocuidade do composto, devidamente avaliado e comprovado por órgão competente 
da Agricultura e de Vigilância Sanitária do Município, Estado ou do Distrito Federal.
Gases refrigeradores
Resolução CONAMA nº 340, de 25 de setembro de 2003, dispõe sobre a utilização de cilindros 
para o envasamento de gases que destroem a Camada de Ozônio, e dá outras providências.
Decreto no 99.280 - 6 de junho de 1990 - Promulgação da Convenção de 
Viena para a Proteção da Camada de Ozônio e do Protocolo de Montreal 
sobre Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio.
Resíduos de 
serviços de saúde
Resolução do CONAMA nº 05/93, estabelece no Art. 4º. Caberá aos estabelecimentos 
geradores de resíduos de saúde,

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