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2 EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA DIREÇÃO UNICESUMAR Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi. NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Diretoria Executiva Chrystiano Mincof, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Design Educacional Débora Leite, Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho, Diretoria de Permanência Leonardo Spaine, Head de Produção de Conteúdos Celso L. Filho, Gerência de Produção de Conteúdo Diogo R. Garcia, Gerência de Projetos Especiais Daniel F. Hey, Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo, Supervisão Operacional de Ensino Luiz Arthur Sanglard, Coordenador(a) de Conteúdo Coordenador, Projeto Gráico José Jhonny Coelho, Editoração Humberto Garcia da Silva, Designer Educacional Amanda Peçanha dos Santos, Revisão Textual Ariane Andrade Fabreti, Érica Fernanda Ortega, Ilustração Bruno Pardinho, Fotos Shutterstock. C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; FAVATTO, Naline Cristina. Educação Física Inclusiva. Naline Cristina Favatto. Maringá - PR.:Unicesumar, 2018. Reimpresso em 2019. 166 p. “Graduação em Educação Física - EaD”. 1. Deiciência. 2. Acessibilidade. 3. EaD. I. Título. ISBN: 978-85-459-1232-3 CDD - 22ª Ed. 796 Impresso por: CIP - NBR 12899 - AACR/2 NEAD Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 Jd. Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos com princípios éticos e proissionalismo, não somente para oferecer uma educação de qualidade, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo- nos em 4 pilares: intelectual, proissional, emocional e espiritual. Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos educadores soluções inteligentes para as necessidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes: inovação, coragem e compromisso com a qualidade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando proissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Vamos juntos! Wilson Matos da Silva Reitor da Unicesumar boas-vindas Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Comunidade do Conhecimento. Essa é a característica principal pela qual a Unicesumar tem sido conhecida pelos nossos alunos, professores e pela nossa sociedade. Porém, é importante destacar aqui que não estamos falando mais daquele conhecimento estático, repetitivo, local e elitizado, mas de um conhecimento dinâmico, renovável em minutos, atemporal, global, democratizado, transformado pelas tecnologias digitais e virtuais. De fato, as tecnologias de informação e comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, lugares, informações, da educação por meio da conectividade via internet, do acesso wireless em diferentes lugares e da mobilidade dos celulares. As redes sociais, os sites, blogs e os tablets aceleraram a informação e a produção do conhecimento, que não reconhece mais fuso horário e atravessa oceanos em segundos. A apropriação dessa nova forma de conhecer transformou-se hoje em um dos principais fatores de agregação de valor, de superação das desigualdades, propagação de trabalho qualiicado e de bem-estar. Logo, como agente social, convido você a saber cada vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a tecnologia que temos e que está disponível. Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg modiicou toda uma cultura e forma de conhecer, as tecnologias atuais e suas novas ferramentas, equipamentos e aplicações estão mudando a nossa cultura e transformando a todos nós. Então, priorizar o conhecimento hoje, por meio da Educação a Distância (EAD), signiica possibilitar o contato com ambientes cativantes, ricos em informações e interatividade. É um processo desaiador, que ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida sem desaios não vale a pena ser vivida”. É isso que a EAD da Unicesumar se propõe a fazer. Willian V. K. de Matos Silva Pró-Reitor da Unicesumar EaD Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou proissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desaios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, contribuindo no processo educacional, complementando sua formação profissional, desenvolvendo competências e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pessoal e proissional. Portanto, nossa distância nesse processo de crescimento e construção do conhecimento deve ser apenas geográica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das discussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória acadêmica. boas-vindas Janes Fidélis Tomelin Diretoria Executiva de Ensino Kátia Solange Coelho Diretoria Operacional de Ensino apresentação do material EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA Naline Cristina Favatto Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) aos estudos sobre a Educação Física Inclusiva! Este material é fruto de relexões e pesquisas acerca da inclusão, organizado de modo especial para você, a im de contribuir para que as aulas de educação física escolar possam avançar cada vez mais no que diz respeito à inserção do aluno com deiciência! De maneira especial, gostaria de agradecer à APAE da cidade de Santa Fé e ao Colégio Estadual Marechal Arthur da Costa e Silva pela oportunidade de poder- mos realizar diversas atividades inclusivas no campo da educação física, seja na rede regular de ensino ou em Instituições Especializadas. A disponibilidade das instituiçõesem conceder seu espaço para a aplicação e registro destas atividades será de grande relevância para o trabalho com a disciplina de Educação Física Inclusiva. Desta forma, venho em nome de toda a equipe, bem como da coorde- nação do curso de Educação Física, estender os agradecimentos a estas instituições referenciadas. Estejam certos que nosso objetivo caminha para que a construção de novos conhecimentos e trabalho com habilidades levando em consideração a realidade desaiadora pela qual se deparam alunos e corpo docente que são pri- mados a todo momento. Neste livro, apresento-lhes propostas de atuação e intervenção por meio das quais você poderá construir um planejamento para as aulas de educação física a partir da compreensão da deiciência visual, intelectual e motora e suas diversas formas de adaptação. O intuito é levá-lo(a) a um estudo sistematizado acerca do universo da Educação Física Inclusiva para que você possa pensar nas ações coti- dianas, resultantes dos desaios escolares encontrados, a im de auxiliá-los na busca por alternativas reais de uma atuação que permita desenvolver as potencialidades e autonomia dos alunos com deiciência. Na Unidade I propõe-se a discutir as questões históricas e segregacionistas que envolveram a pessoa com deiciência, assim como a evolução do conceito da pessoa com deiciência ao longo da história. Além disso, apresentarei apontamentos históricos relacionados às Políticas Públicas para a Educação Especial e Inclusiva. Na Unidade II, trabalharemos o conceito de acessibilidade na educação básica e realizaremos um amplo e interessante estudo sobre as principais deiciências que ocasionam danos intelectuais, motores, auditivos e visuais. Por meio da Unidade III, iremos reletir de maneira especíica sobre a inclusão de alunos com deiciência nas aulas de educação física, as características da educação física adaptada, assim como apresentarei diversas possibilidades de aplicação pedagógica para alunos com deiciência motora leve, moderada e severa. Na Unidade IV, trataremos essas mesmas adaptações e aplicações pedagógicas para alunos com deiciência intelectual leve, moderada e severa, assim como para a deiciência visual. E por im, na Unidade V, com o tema Jogos Paralímpicos, passamos a discutir a origem dos jogos, seu estímulo e aplicação no contexto escolar, com enfoque central nas características das diversas modalidades esportivas adaptadas que compõem atu- almente os Jogos Paralímpicos. Espero que este material colabore na sua formação, e que você avance cada vez mais nas suas relexões e ações proissionais acerca desta temática. Lembre-se, caro(a) aluno(a), que o material apresentado não esgota todas as possibilidades de pensar e reletir sobre a Educação Física Inclusiva, mas propiciará momentos importantes para a compreensão sobre o assunto. Bons estudos! INTRODUÇÃO O lá, aluno(a), seja bem-vindo(a) à disciplina de Educação Fí- sica Inclusiva! Iniciaremos nossos estudos com o intuito de compreender uma série de elementos que proporcionem um entendimento sobre a deiciência. Para tanto, trabalharemos a deiciência ao longo da história, o conceito de pessoa com deiciência na atualidade e as Políticas para a Educação Especial e Educação Inclusi- va no Brasil. Dessa forma, gostaria de questioná-lo: quando falamos em pessoas com deiciência, o que vem em sua mente? As discussões acerca desta temática serão constituídas por três tópicos. Revisitar alguns fatos importantes e marcantes sobre a pessoa com deiciência nos possibilita compreender como essa relação se estabelece e entender os traços de luta e preconceito que ainda observamos forte- mente em nossa sociedade. Historicamente, a luta em defesa dessa classe é uma constante e se fez primordial para a inserção de Políticas que aten- dessem às suas necessidades, tanto no âmbito social quanto educacional. Esta unidade torna-se relevante devido a necessidade de se conhecer de elementos importantes que estruturaram o que hoje observamos nas es- colas de todo o país: a inclusão de alunos com deiciência, assim como a existência de escolas especiais para o atendimento desses alunos. Os assuntos abordados nesta unidade permitirão uma aproximação e compreensão dos principais aspectos históricos acerca dessa temática, assim como as conquistas da pessoa/aluno com deiciência no âmbito educacional e social, a im de que você futuro proissional da Educação Física, se familiarize com a prática pedagógica especializada e inclusiva. Tenham todos uma boa leitura! EDUCAÇÃO FÍSICA 15 Provavelmente você já deve ter lido ou ouvido falar algo sobre a diiculdade e o preconceito com o qual as pessoas com determinadas deiciências eram tra- tadas na Antiguidade. E isso é verdade! Para traçar um panorama claro sobre a deiciên- cia ao longo da história, farei uso dos estudiosos da área da Educação Especial Kirk e Gallagher (1987), Mendes (1995) e Sassaki (1997). Esses autores iden- tiicam por meio de suas pesquisas quatro fases no desenvolvimento do atendimento à pessoa com dei- ciência por meio de uma perspectiva histórica. Den- tro desse contexto, na primeira fase, datada na Idade Média, muitas pessoas acreditavam que o fato de nascer uma criança com deiciência na família esta- va ligado ao pecado, isto é, que os pais dessa criança teriam cometido algo muito grave que desagradava a Deus, e, como forma de pagar por seus pecados, uma criança com deiciência nascia nessa família. Adams, Bell e Griin (2007) destacam que a dei- ciência era vista como atuação de maus espíritos e do demônio, sob o comando das bruxas, e também resultado da ira celeste e castigo de Deus. Observa-se, nesse momento, que essa criança era entendida como castigo, não somente aos olhos da família, mas de toda a sociedade. Essa concep- ção de deiciência fazia com que as famílias escon- dessem da sociedade essas crianças, pois ao serem expostas mostravam-se também os pecados que estavam associados a elas. Outro exemplo claro de negligência pode ser evidenciado na Grécia, por volta de 480 a.C., em que as crianças ao nascerem eram examinadas e, quando apresentavam alguma deiciência, eram atiradas de um cume de 2400m de altitude por não estarem dentro do padrão físico adequado (SULLIVAN, 2001). O relato de Platão evidenciado nos estudos de Silva (1987) retrata a realidade da época: E no que concerne aos que receberam corpo mal organizado, deixa-os morrer [...]. Quanto às crianças doentes e as que sofreram qualquer deformidade, serão levadas, como convém, a paradeiro desconhecido e secreto (PLATÃO apud SILVA, 1987, p. 124). O desprezo para com a criança que apresentava de- iciência também pode ser observado no discurso de Sêneca (4 a.C.- 65 d.C, p. 46): Não se sente ira contra um membro gangre- nado que se manda amputar; não o cortamos por ressentimento, pois, trata-se de um rigor salutar. Matam-se cães quando estão com raiva; exterminam-se touros bravios; cortam-se as ca- beças das ovelhas enfermas para que as demais não sejam contaminadas; matamos os fetos e os recém-nascidos monstruosos; se nascerem de- feituosos e monstruosos afogamo-los; não de- vido ao ódio, mas à razão, para distinguirmos as coisas inúteis das saudáveis. Assustador não é mesmo? O termo monstro e/ou monstruosidade utilizado para denominar a pessoa com deiciência durante quase toda primeira fase nos mostra como eles foram tratados nesse período e nos faz reletir os motivos pelos quais o preconcei- to instaurado nas diversas sociedades ainda se faz tão presente em nosso meio. A segunda fase dessa análise histórica caracteri- za-se pela institucionalização de pessoas com deici- ências. Inicialmente na Alemanha nos séculos XVIII se expandiu para o Brasil e permaneceu até meados do século XIX. Nesse momento, a deiciência pas- sa a ser institucionalizada, onde essas pessoas eram segregadase protegidas em instituições residenciais. Zavareze (2009) relata que essas instituições eram consideradas como “depósitos” de pessoas que apre- sentam deiciências. 16 EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA Dentro dessa temática, entre os séculos XVII, XVIII e XIX outra questão relevante sobre a pessoa com deiciência se deu por meio de suas apresen- tações em circos e em praças públicas. Você pode perceber que essa realidade não esteve tão distante de nós. Quem já foi ao circo e assistiu a apresentação de anões, pessoas com gigantismo ou alguma carac- terística tida como “diferente” para a sociedade? A imagem abaixo ilustra exatamente a realidade dos circos nesse período; nela, podemos identiicar pes- soas com nanismo, microcefalia, assim como pesso- as com outras características, como extremamente magras, mulheres com barba, entre outros. Perceba que o preconceito não estava somente ligado às pes- soas que apresentam deiciência, mas também na- quelas que fugiam do padrão de normalidade insti- tuído na época. Parece até que estamos falando dos dias atuais, não é mesmo? Nesse período, a exposição dessas pessoas ocorria em praças públicas, sendo motivo de estranheza e zombaria de toda a sociedade. Muitos pais vendiam seus ilhos para o circo, ou até mesmo os colocavam em exposição em praças pública, motivados pelo in- teresse inanceiro. Figura 1 - Equipe de ilmagem de “Freaks, de Tod Browning”, retratava o trabalho de diversas pessoas que apresentavam deiciências em circos Fonte: Tendimag (2014, on-line)1. Figura 2 - Myrtle se tornou famosa por ter quatro pernas e começou a se apresentar no circo aos treze anos de idade. Fonte: Wikipedia ([2018], on-line)2. Você já parou para pensar no sofrimento que as pessoas com deiciência passaram e ainda passam nos dias atuais? Qual o impacto disso nas relações humanas? REFLITA EDUCAÇÃO FÍSICA 17 A terceira fase é marcada, já no inal do século XIX e meados do século XX, pelo desenvolvimento de es- colas e turmas especiais em escolas públicas, visando a oferecer à pessoa com deiciência uma educação à parte. O “Instituto dos Meninos Cegos” foi fun- dado na cidade do Rio de Janeiro no inal de 1854, sendo a primeira escola especializada no Brasil para deicientes visuais. Atualmente, o “Instituto dos Me- ninos Cegos” é chamado de “Instituto Benjamin Constant Botelho de Magalhães”. Após esse período, diversas outras escolas especializadas para o aten- dimento de deicientes físicos, visuais e intelectuais foram criadas em todo Brasil. Na quarta fase, no inal do século XX, por volta da década de 70, observa-se um movimento de inte- gração social dos indivíduos que apresentavam de- iciência, cujo objetivo era inseri-los em ambientes escolares, o mais próximo possível, daqueles ofere- cidos às pessoas que não apresentavam deiciências. Zavareze (2009) menciona que, nesse período, o in- tuito passa a ser educar essas pessoas em sua capaci- dade máxima de aprendizagem. É importante desta- car que essa é a fase atual em que nos encontramos, observe como ainda se faz muito presente a luta pela valorização e inclusão de crianças e jovens com dei- ciência em nosso cotidiano. Essa distinção em fases é importante para que você possa compreender e contextualizar histori- camente a deiciência, diante disso, falaremos mais sobre a terceira e a quarta fase no tópico a seguir, no qual abordaremos com maior riqueza de detalhes o processo de estruturação das políticas educacionais voltadas à pessoa com deiciência. Figura 3 - Primeira escola especializada no Brasil para deicientes visuais Fonte: Wikipedia ([2018], on-line)3. Você sabia que na década de 50 e 60 ainda era possível observar pessoas com deiciência mantidas trancadas dentro de suas casas? Os pais mantinham essas crianças e adultos em segurança, em muitos casos, sendo bem tratados, contudo, faltava conhecimento e ins- trução adequada para atender efetivamente seus ilhos com deiciência. Fonte: a autora. SAIBA MAIS EDUCAÇÃO FÍSICA 19 Em 1933, o Decreto n. 5.884, sobre a educação em geral, estabeleceu o direito à educação especiali- zada, para crianças ou adolescentes que dela necessi- tavam por suas condições peculiares, ministrada nas seguintes escolas (SÃO PAULO, 1933): • Escolas para débeis físicos; • Escolas para débeis mentais; • Escolas de segregação para doentes contagiosos; • Colônias escolares; • Escolas para cegos; • Escolas para surdo-mudos; • Escolas ortofônicas; • Escolas de educação emendativa dos delin- quentes. Por meio desse decreto, podemos veriicar pon- tos importantes, tais como o atendimento dessas pessoas de maneira especializada, o que se desta- cou como um avanço, mas também a forma ina- dequada da época de se referir à pessoa com de- iciência, característica essa que estudaremos no tópico seguinte. Durante o século XX, a Educação Especial foi, aos poucos, se constituindo na Educação Brasileira. A Lei de Diretrizes e Bases da Edu- cação Nacional n. 4.024/61, art. 88, promulgada em 1961, destaca que “a educação de excepcio- nais, deve, no que fôr possível, enquadrar-se no sistema geral de educação, a im de integrá-los na comunidade” (BRASIL, 1961). Essa lei é com- preendida como um dos primeiros passos para o atendimento da pessoa com deiciência no Brasil de forma inclusiva. Dez anos depois, em 1971, a Lei Educacional n. 5.692/71, art. 9º, explana que: “[...] os alunos que apresentem deiciências físicas ou mentais, os que se encontrem em atraso considerável quanto à idade regular de matrícula e os superdotados deverão receber tratamento especial, de acordo com as normas ixadas pelos competentes Conselhos de Edu- cação.” (BRASIL, 1971). Nesse momento, observam-se algumas especii- cações das deiciências, assim como de crianças superdotadas, sobre a relevância de um atendi- mento especializado. Todavia, apesar do acesso ao ensino regular, não é organizado um atendimento especializado que considere as singularidades de aprendizagem de estudantes com superdotação (MEC/SEESP, 2007). Em 1973, foi criada pelo Ministério da Edu- cação o Centro Nacional de Educação Especial — CENESP, responsável pela gerência da educação especial no Brasil, que, sob o respaldo integra- cionista, produziu ações educacionais voltadas às pessoas com deiciência e superdotação, porém, ainda com características assistenciais e iniciati- vas isoladas do Estado (MEC/SEESP, 2007). Em 1978, foi publicada a Portaria Interministerial n. 186/78, cujo objetivo consistia na ampliação de oportunidades de atendimento especializado, de natureza médico-psicossocial e educacional para excepcionais, com o intuito de promover sua in- tegração social (BRASIL, 1978). De acordo com a referida portaria, o direcionamento de alunos para o atendimento especializado deveria ser fei- to por meio de um diagnóstico, compreendendo a avaliação das condições físicas, mentais, psicos- sociais e educacionais do excepcional (BRASIL, 1978). 20 EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA Oito anos depois, em 1986, a Portaria n. 69/86, publicada pelo CENESP, estabeleceu que a educa- ção especial deveria proporcionar o desenvolvi- mento pleno das potencialidades do educando com necessidades especiais, como fator de autorrealiza- ção, qualiicação para o trabalho e integração so- cial por meio de atendimento educacional espe- cializado. Esta consistia na utilização de métodos, técnicas, recursos e procedimentos didáticos de- senvolvidos por professores devidamente qualii- cados (BRASIL, 1986). Um marco importante para a Educação Inclu- siva e a Educação Especializada se deu por meio da Constituição Federal de 1988. Em seu art. 206, inciso I, estabelece a “igualdade de condições de acesso e permanência na escola” (BRASIL, 1988), como um dos princípios para o ensino, assim como o art. 208, inciso III, garante como dever do Estado o atendimentoeducacional especializado, preferencialmente, na rede regular de ensino. No- vamente observamos o amparo da Lei, a qual es- timula o atendimento desses alunos de maneira a incluí-los na rede regular de ensino, e não somente em escolas especializadas. Em meio às lutas pela garantia à educação, em 1990, a Unesco estabelece A Declaração Mundial de Educação para Todos. Essa declaração teve por obje- tivo garantir a Satisfação das Necessidades Básicas de Aprendizagem para todas as crianças, adolescentes e adultos. Os Art. 3 a 7 dessa Declaração contemplam: Universalizar o acesso à educação e promover a equidade; Concentrar a atenção na aprendizagem; Ampliar os meios e o raio de ação da educação básica; Propiciar um ambiente adequado à apren- dizagem; Fortalecer alianças (BRASIL, 1990). De maneira especíica para as pessoas com deiciên- cia, o art. 3 enfatiza que: [...] as necessidades básicas de aprendizagem das pessoas portadoras de deiciências reque- rem atenção especial. É preciso tomar medidas que garantam a igualdade de acesso à educação aos portadores de todo e qualquer tipo de dei- ciência, como parte integrante do sistema edu- cativo, pautado nos cuidados básicos e ativida- des de desenvolvimento infantil, direcionadas especialmente às crianças pobres, desassistidas e portadoras de deiciências (BRASIL, 1990). Outro momento histórico do processo de estrutu- ração de políticas educacionais especiais se deu por meio da Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais, onde participaram 92 países e 25 organizações internacionais, ocorrida no ano de 1994 em Salamanca, na Espanha. Tal conferência i- cou Mundialmente conhecida como Declaração de Salamanca sobre Princípios, Políticas e Práticas na Área das Necessidades Educativas Especiais, a qual estabeleceu que todas as crianças e jovens com ne- cessidades educativas especiais deveriam ter acesso às escolas regulares e, além disso, enfatizou que as escolas deveriam se adequar por meio de uma pe- dagogia centrada na criança, capaz de ir ao encon- tro destas necessidades. A Declaração de Salamanca reconheceu a necessidade e a urgência de garantir a educação dessas crianças no quadro do sistema re- gular de educação (BRASIL, 1994). Pautada nessa relexão, a orientação inclusiva, por meio da inserção dessas crianças em escolas re- gulares, constitui-se em uma das ferramentas mais eiciente para combater as atitudes discriminatórias, criando comunidades abertas e solidárias, cons- EDUCAÇÃO FÍSICA 21 truindo uma sociedade inclusiva e atingindo a edu- cação para todos. Nesse contexto, cabe aos governos: Conceder a maior prioridade, através das me- didas de política e através das medidas orça- mentais, ao desenvolvimento dos respectivos sistemas educativos, de modo a que possam in- cluir todas as crianças, independentemente das diferenças ou diiculdades individuais. Adotar como matéria de lei ou como política o prin- cípio da educação inclusiva, admitindo todas as crianças nas escolas regulares, a não ser que haja razões que obriguem a proceder de outro modo. Desenvolver projetos demonstrativos e encorajar o intercâmbio com países que têm experiência de escolas inclusivas, estabelecer mecanismos de planeamento, supervisão e ava- liação educacional para crianças e adultos com necessidades educativas especiais, de modo descentralizado e participativo. Encorajar e facilitar a participação dos pais, comunidades e organizações de pessoas com deiciência no planejamento e na tomada de decisões sobre os serviços na área das necessidades educativas especiais. Investir um maior esforço na identii- cação e nas estratégias de intervenção precoce, assim como nos aspectos vocacionais da edu- cação inclusiva. Garantir que, no contexto de uma mudança sistémica, os programas de for- mação de professores, tanto a nível inicial como em serviço, incluam as respostas às necessida- des educativas especiais nas escolas inclusivas (BRASIL, p. 38, 1994). A Declaração de Salamanca é reconhecida, até os dias atuais, como uma das conferências mais impor- tantes realizadas em benefício da pessoa com dei- ciência no contexto educacional, incentivando não somente a inclusão, mas também o investimento dos países para a ampliação do acesso à educação inclu- siva. Pela primeira vez, também observamos a pre- ocupação em formar professores capacitados para o atendimento dessas crianças e adolescentes, fato que ainda não havia sido destacado como prioridade em nosso estudos. Em 1996, a Lei de Diretrizes e Bases da Edu- cação Nacional n. 9.394, vigente até os dias atuais, apresenta, no art. 59 que “os sistemas de ensino asse- gurarão aos educandos com deiciência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação”: I - currículos, métodos, técnicas, recursos edu- cativos e organização especíicos, para atender às suas necessidades; II - terminalidade especíi- ca para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamen- tal, em virtude de suas deiciências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados; III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns; IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em so- ciedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos oiciais ains, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora; V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares disponíveis para o res- pectivo nível do ensino regular (BRASIL, 1996). A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996) conjectura, quando preciso, os serviços de aten- dimento especializado, na escola regular, para atender às necessidades da clientela de educação especial. Es- peciica, também, que o atendimento educacional desses alunos será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das suas con- dições especíicas, não for possível a sua integração 22 EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA em classes comuns dentro do ensino regular (BRASIL, 1996). Contudo, Souza e Prieto (2007) alegam que esse direito não vem sendo assegurado, pois, nos dias atu- ais, a presença de um professor auxiliar para o melhor acompanhamento dos alunos no ensino regular é ofer- tado apenas a uma parcela deles. motoras, mas o requisito para estar nessas escolas de maneira especíica se dá pela avaliação intelectual. Em 1999, o Decreto n. 3.298/99, que regulamen- ta a Lei n. 7.853/89, estabelece em seu art. 2o que: [...] cabe aos órgãos e às entidades do Poder Públi- co assegurar à pessoa portadora de deiciência o pleno exercício de seus direitos básicos, inclusive dos direitos à educação, à saúde, ao trabalho, ao desporto, ao turismo, ao lazer, à previdência so- cial, à assistência social, ao transporte, à ediicação pública, à habitação, à cultura, ao amparo à infân- cia e à maternidade, e de outros que, decorrentes da Constituição e das leis, propiciem seu bem-es- tar pessoal, social e econômico. (BRASIL, 1999). Sendo assim, a educação especial passa a ser dei- nida como uma modalidade transversal a todos os níveis e modalidades de ensino, enfatizando a atu- ação complementar da educação especial ao ensino regular (BRASIL, 1999). Caro(a) aluno(a), é importante frisar que os êxi- tos conquistados no campo educacional para a pes- soa com deiciência ocorreram paulatinamente. Você se lembra,, no ínicio de nossa unidade, quando estas pessoas não tinham direito algum de frequentar uma escola? Pois bem, essa situação foi se modiicando durante todo o século XX. No inaldo século XX e início do século XXI, nota-se o aprimoramento de Leis que passaram a amparar não somente alunos no ensino regular, mas também alunos no ensino superior. Em 1996, o Ministério da Educação e Cul- tura — MEC —, organizou o primeiro documento — Aviso Curricular n. 277 — direcionado às pessoas com deiciência no Ensino Superior (BRASIL, 1996). Santos e Hostins (2015) relatam que este documento orientava os reitores de instituições superiores a se adequarem ao processo de acesso e inclusão de pes- soas com necessidades especiais, sobre os processos A LDB/1996 destaca o atendimento especiali- zado “quando preciso”. Entretanto, se o aluno já apresenta uma deiciência, presume-se que ele necessita desse atendimento! REFLITA A inclusão de alunos com deiciência irá ocorrer so- mente quando suas condições físicas e/ou intelectuais possibilitarem a sua integração. Um exemplo claro desse contexto são as APAES (Associação de Pais e Amigos de Excepcionais). Para o aluno ser matricula- do nessas escolas, é necessária a comprovação median- te uma avaliação diagnóstica que indique a deiciência e/ou comprometimento intelectual. Esse aluno poderá ou não ter outras complicações, sejam elas visuais ou EDUCAÇÃO FÍSICA 23 seletivos, bem como a oferta de materiais adaptados. O documento também enfatizava a necessidade de proissionais preparados, estruturas físicas adaptadas e lexibilidade pedagógica, garantindo, assim, o aces- so e a permanência desse aluno. Dessa maneira, essas instituições deveriam se organizar para a garantia da: [...] utilização de textos ampliados, lupas ou ou- tros recursos ópticos especiais para as pessoas com visão subnormal/reduzida; - utilização de recursos e equipamentos especíicos para cegos: provas orais e/ou em Braille, sorobã, máquina de datilograia comum ou Perkins/Braille, DOS VOX adaptado ao computador. - Colocação de intérprete no caso de Língua de Sinais no proces- so de avaliação dos candidatos surdos; - utilização de provas orais ou uso de computadores e outros equipamentos pelo portador de deiciência física com comprometimento dos membros superiores; - ampliação do tempo determinado para a execu- ção das provas de acordo com o grau de compro- metimento do candidato (BRASIL, 1996, p. 1). No entanto, apenas em 2002 as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educa- ção Básica, por meio da Resolução CNE/CP n. 1/2002, estabeleceram que as instituições de ensino superior deveriam prever, em sua organização curricular, a for- mação docente voltada para a atenção à diversidade e que contemplasse conhecimentos sobre as especiici- dades dos alunos com necessidades educacionais es- peciais. Nesse mesmo ano, a Portaria n. 2.678/02 do MEC aprovou diretrizes e normas para o uso, o ensino, a produção e a difusão do sistema Braille em todas as modalidades de ensino em território nacional. Dentro dessa temática, a preocupação com a in- clusão de alunos respeitando suas especiicidades se destaca também com a Lei n. 10.436/2002, que dis- põe sobre a inclusão da Libras como disciplina curri- cular dos cursos de formação de professores, visando o acesso à escola dos alunos surdos e a formação e certiicação de professores, instrutores e intérpretes de Libras. Houve, também, a implantação, no ano de 2005, dos Núcleos de Atividades de Altas Habilida- des/Superdotação – NAAH/S em todos os estados do país, de forma a garantir esse atendimento aos alunos da rede pública de ensino (MEC/SEESP, 2007). Essa constante evolução das políticas voltadas à pessoa com deiciência também ganha destaque, no ano de 2007, na Educação a Distância. Nesse ano foi criado o documento Referencial de Qualidade para o Ensino Superior a Distância (BRASIL, 2007), no qual prevê a inclusão no ensino superior de alu- nos com deiciência. Sobre essa perspectiva, as insti- tuições de ensino superior devem: Dispor de esquemas alternativos para atendi- mento de estudantes com deiciência; Para a instalação de polos, dois outros requisitos ne- cessitam ser atendidos. O primeiro diz respeito às condições de acessibilidade e utilização dos equipamentos por pessoas com deiciências, ou seja, deve-se atentar para um projeto arquitetô- nico e pedagógico que “garanta acesso, ingresso e permanência dessas pessoas”, acompanhadas de ajudantes ou animais que eventualmente lhe servem de apoio, em todos os ambientes de uso coletivo (BRASIL, 2007, p. 15-16). Observe o quanto evoluímos até aqui em relação aos direitos de acesso e permanência, tanto na educação básica, quanto no ensino superior de alunos com de- iciência! Contudo, será que realmente todas essas escolas e instituições apresentam esse suporte para auxiliá-los em seu processo de formação? E esses professores, realmente estão capacitados para deter- minado ofício? Esses são questionamentos diários que você, como futuro professor, poderá observar ao seu redor, na escola onde seu ilho estuda e/ou 24 EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA nas instituições que conhece! Veja que ainda esta- mos falando de políticas criadas no ano de 2007, e agora, será que muita coisa mudou? É o que vamos continuar discutindo ao indar essa unidade. O documento da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva na Educação Inclusiva , do ano de 2008, enfatiza que a educação deve se iniciar na infância, tendo como objetivo desenvolver as ba- ses necessárias para a construção do conhecimento e desenvolvimento global do aluno. Nessa perspectiva, deve-se priorizar o lúdico, o acesso às formas dife- renciadas de comunicação, a variedade de estímulos nos aspectos físicos, cognitivos, emocionais, psico- motores e sociais e a convivência com as diferenças que favorecem as relações interpessoais, o respeito e a valorização da criança (BRASIL, 2008). Perceba que, a educação inclusiva e especial foi ganhando força e suas leis passaram a apresentar maiores espe- ciicações quanto ao acesso, permanência, recursos necessários, necessidades especíicas para determi- nadas deiciências, adequação dos espaços físicos, trato pedagógico, entre outras questões. Entre os anos de 2009 e 2010, veriicou-se a cria- ção de salas de recursos multifuncionais. Essas salas apresentam características diferenciadas das demais salas do ensino regular, sendo uma grande ferra- menta de ensino para alunos incluídos: [...] o Programa disponibiliza às escolas pú- blicas de ensino regular, conjunto de equipa- mentos de informática, mobiliários, materiais pedagógicos e de acessibilidade para a organi- zação do espaço de atendimento educacional especializado. Cabe ao sistema de ensino, a se- guinte contrapartida: disponibilização de espa- ço físico para implantação dos equipamentos, mobiliários e materiais didáticos e pedagógicos de acessibilidade, bem como, do professor para atuar no AEE (MEC, 2010). As salas de recursos multifuncionais são separa- das de acordo com a deiciência que o aluno apre- senta ou superdotação. Os Estados se organizam e nomeiam essas salas na educação básica de formas diferenciadas, nesse sentido, segue abaixo a organi- zação das salas de atendimento educacional especia- lizado do Estado do Paraná: • Sala de Recursos Multifuncional Tipo I, atendi- mento educacional especializado, de natureza pedagógica que complementa a escolarização de alunos que apresentam deiciência Intelec- tual, deiciência física neuromotora, transtor- nos globais do desenvolvimento e transtornos funcionais especíicos, matriculados na Rede Pública de Ensino (PARANÁ, 2011). • Sala de Recursos Multifuncionais Tipo II e/ou o Centro de Atendimento Educacional Especiali- zado na Área da Deiciência Visual – CAEDV destinado para alunos cegos, de baixa visão ou outros acometimentos visuais (ambliopia fun- cional, distúrbios de alta refração e doenças pro- gressivas), que funcionam em estabelecimentos do ensino regularda Educação Básica, das re- des: estadual, municipal e particular de ensino, em contra turno escolar, não sendo substitutivo às classes comuns (PARANÁ, 2010). • O atendimento Educacional Especializado para alunos surdos apresentam três momen- tos: atendimento Educacional Especializado em Libras, atendimento Educacional Es- pecializado para o ensino da Libras e aten- dimento Educacional Especializado para o ensino da Língua Portuguesa. Além disso, o aluno conta com um professor intérprete em suas aulas, além do professor da turma (NO- GUEIRA; CARNEIRO; SOARES, 2018). • O atendimento para alunos com Altas Habilida- des/Superdotação é um espaço organizado com materiais didático-pedagógicos, equipamentos e proissionais especializados onde é ofertado o EDUCAÇÃO FÍSICA 25 atendimento educacional especializado que visa atender às necessidades educacionais dos alu- nos superdotados na Rede Pública de Ensino. • Serviço de Atendimento à Rede de Escolari- zação Hospitalar (Sareh): oferece atendimen- to educacional aos alunos que estão impos- sibilitados de frequentar a escola devido à internação hospitalar ou tratamento de saúde domiciliar. O objetivo é que os alunos pos- sam continuar o processo de escolarização e voltem ao ambiente escolar sem perdas de conteúdo das disciplinas. Dentre essas especiicações, é importante que você entenda algumas questões: • O aluno com deiciência que se encontra in- cluído no ensino regular em classes comuns sempre que preciso, deverá ter uma professo- ra auxiliar ao seu lado durante todo o ano le- tivo, visto que esse aluno necessitará de maior atenção durante seu processo formativo. • O aluno com deiciência que se encontra in- cluído no ensino regular tem direito ao aten- dimento educacional especializado em salas de recursos multifuncionais. No entanto, quando a deiciência intelectual des- se aluno se caracterizar como moderada e severa, é possível que ele seja matriculado em Centros de Atendimento Educacional Especializado. Acredi- to que em sua cidade ou proximidades exista uma escola para o atendimento exclusivo de crianças e adolescentes com deiciência. Atualmente, podemos veriicar instituições especializadas públicas, priva- das, fundações, associações, instituições do terceiro setor. Dentro dessas escolas, podemos destacar: • APAEs: Associação de Pais e Amigos de Ex- cepcionais, destinada a alunos com deiciên- cia intelectual moderada e severa. • ANPR: Associação Norte Paranaense de Rea- bilitação, destinada a alunos com deiciência motora severa. (atuante no estado do Paraná) • Associação Brasileira de Autismo, AMA – Associação de Pais e Amigos do Autista, que estão presentes em diversas capitais, são escolas especiais para alunos que apre- sentam autismo. Você sabia que a Associação de Pais e Ami- gos dos Excepcionais (APAE) nasceu em 1954, no Rio de Janeiro? A APAE é uma or- ganização social cujo objetivo é promover a atenção integral à pessoa com deiciência intelectual e múltipla. A Rede APAE se desta- ca por seu pioneirismo e capilaridade. Atu- almente, existem 2.172 APAEs e entidades iliadas, coordenadas por 24 Federações Estaduais, abrangendo todos os estados brasileiros para atender cerca de 250.000 pessoas com deiciência intelectual e múl- tipla diariamente. Fonte: adaptado de APAE ([2018], on-line)4. SAIBA MAIS Dentre essas escolas, associações e institutos es- pecializados, é importante salientar que alunos cegos e surdos sem comprometimento intelectual poderão frequentá-las, no entanto, também deve- rão estar matriculados na rede regular de ensino. No decorrer deste material, trataremos com maior especiicidade os tipos de deiciência e suas prin- cipais características, para que você compreenda com mais clareza quem são esses alunos e suas re- ais necessidades frente ao ambiente escolar. EDUCAÇÃO FÍSICA 27 que poderiam resultar em diiculdades severas , que comprometiam a realização plena das tarefas ao lon- go de suas vidas (SILVA, 2006). Em relação a essa temática, farei uso da análi- se de Sassaki (2002) sobre nomenclaturas utilizadas ao referenciar as pessoas com deiciência. O autor destaca que, o termo “inválido” e/ou “incapacita- do”, pode ser encontrado em diversas Leis e Decre- tos nacionais e internacionais até os anos de 1960. Entre os anos de 1960 a 1980, o termo “defeituoso” foi difundido em diversos países. Uma característica deste período se dá pela nomenclatura do centro de reabilitação e integração AACD, que, ao ser fundada no inal da década de 50, recebeu o nome de “Asso- ciação de Assistência à Criança Defeituosa”, na qual se modiicou anos depois e passou a ser chamada de “Associação de Assistência à Criança Deiciente”, como é conhecida nos dias atuais. Nesse período, também se observou o termo “excepcional”, com o surgimento das primeiras unidades da APAE, “As- sociação de Pais e Amigos dos Excepcionais”. Vale destacar que esse termo ainda é utilizado em todo país pela existência dessas instituições. A partir do ano de 1981, a Organização das Nações Unidas passou a utilizar o termo “pessoa deiciente”. Momento em que, pela primeira vez, o substantivo “deiciente” passou a ser utilizado como adjetivo, sendo-lhe acrescentado o substan- tivo “pessoa”. Todavia, o termo “pessoa deiciente” foi contestado por líderes, alegando que ele aponta- va que a pessoa inteira é deiciente, o que, para eles, era inconcebível e o termo “pessoas portadoras de deiciência” começou a ser utilizado e perdurou até os anos de 1993. Sassaki (2002) retrata que o termo “portar uma deiciência” passou a ser um valor agregado à pes- soa. Nessa perspectiva, compreende-se a deiciência como um detalhe da pessoa. O termo foi adotado nas Constituições federal e estadual e em todas as leis e políticas pertinentes ao campo das deiciên- cias. Contudo, será que esse termo está correto? Al- guns críticos questionam o signiicado de portador, uma vez que pode-se portar e deixar de portar, por exemplo, um objeto, como uma caneta. Dando continuidade a essa relexão, o autor revela que termos como “pessoas com necessida- des especiais”, “crianças especiais”, “alunos espe- ciais”, “pacientes especiais” começaram a ser uti- lizados a partir de 1990 e são utilizados até hoje. Contudo, a literatura evidencia que o termo “pes- soas com deiciência” é o mais correto a ser utili- zado atualmente. Esse termo também destacou-se nos anos de 1990 e se difundiu com a Declaração de Salamanca, se manifestando até os dias atuais. Sendo assim, é de fundamental importância que você, futuro professor, aprenda e passe a utilizar esse termo “pessoa com deiciência” para nossos próximos estudos! 28 considerações inais N ossa primeira unidade foi um convite a uma viagem no tempo, que nos permitiu compreender a pessoa com deiciência ao longo da his- tória em diversos aspectos, como sua aceitação social, conceituação e o direito ao atendimento educacional de qualidade, tanto em institui- ções especializadas, quanto na rede regular de ensino. Vimos que a conquista do direito à educação de pessoas com deiciência foi um marco em nosso país, no qual pudemos estabelecer quatro fases na educação inclusiva brasileira: a rejeição, a segregação, o atendimento em escolas especia- lizadas e, por im, a inclusão em escolas regulares. A perspectiva de contar com professores especializados proporcionou a essas crianças e jovens a possibilidade de estimulação e inserção na sociedade como qualquer outra pessoa. Também pudemos aprender como o conceito da deiciência foi se modiicando, a im de referenciá-lo de maneira adequada, sem resquícios de preconceito ou inferiori- dade. Nesse momento, constatamos as diversas nomenclaturas pejorativas que foram utilizadas em determinados períodos e como, com o passar dos anos, esses termos se modiicaram até os dias atuais, ao referenciá-los apenas como “pessoa com deiciência”.Outro ponto crucial dessa unidade foi constatar o quão importante é estudar a história, visto que, por meio dela, pudemos notar o quanto e o porquê o pre- conceito para com as pessoas com deiciência está enraizado em nossa sociedade até os dias atuais. Fato esse que nos faz entender que o preconceito é passado de geração em geração sem ao menos nos dar conta, pois quem dita os padrões de “normalidade” de uma sociedade é a própria sociedade. Tendo essa compreensão, é possível que se tenha chegado ao inal desta uni- dade com o entendimento e a relexão sobre essas questões que farão parte de seu cotidiano escolar e que tenha assimilado que incluir também faz parte de seu trabalho como futuro professor! 29 atividades de estudo 1. Sabemos que a história da pessoa com deiciên- cia foi marcada por diversas manifestações de preconceito, segregação e desvalorização da igu- ra humana. Contudo, a partir século XX, podemos constatar as primeiras iniciativas para o desenvol- vimento de escolas e turmas especiais em escolas públicas. Sob esse prisma, avalie as airmativas abaixo, considerando as fases descritas por Kirk e Gallagher (1987); Mendes (1995) e Sassaki (1997): I - A primeira fase compreende o período em que as crianças frequentavam esco- las especializadas. II - A segunda fase compreende a institucio- nalização de pessoas com deiciências. III - A terceira fase compreende a criação de escolas e turmas especiais. IV - A quarta fase compreende o período de inclusão de alunos com deiciência em es- colas regulares. V - A terceira fase compreende o período em que pessoas com deiciências eram segrega- das e protegidas em instituições residenciais. É correto o que se airma em: a) I e II, apenas. b) II, III e IV, apenas. c) I, III e V, apenas. d) III e IV, apenas. e) II e III, apenas. 2. Por meio de nossos estudos, aprendemos que, por volta dos séculos XVII, XIII e XIX as pessoas com deiciência se apresentavam em circos e praças públicas. Essa relação se esta- belece até os dias atuais, pois observamos que as características do deiciente ainda chamam a atenção da sociedade. Sobre esse tocante, avalie as airmativas abaixo e assinale a alter- nativa correta: I - As pessoas com deiciência causavam es- tranheza perante a sociedade. II - Nesse período, muitos pais de crianças com deiciência vendiam seus ilhos para os circos. III - Nesse período, apenas as pessoas com de- iciência se apresentam em circos. IV - Muitos pais de crianças com deiciência colocavam seus ilhos em exposição em praças públicas, motivados pelo interesse inanceiro. É correto o que se airma em: a) I, e II, apenas. b) II, III e IV, apenas. c) III e IV, apenas. d) I, II e IV, apenas. e) II e III, apenas. 30 atividades de estudo 3. Ao longo da história, a forma de conceituar a pessoa com deiciência passou por diversas mudanças. Inicialmente, em nossas leituras, constatamos que eles eram chamados como “monstruosidade”; contudo, esses termos fo- ram se modiicando ao passar dos séculos com o objetivo de entendê-los como membros inte- grante de uma sociedade. Considerando essas conceituações, assinale a alternativa que cor- responde à forma mais adequada e atual de conceituá-los: a) Pessoa com necessidade especial. b) Portador de necessidade especial. c) Pessoa portadora de deiciência. d) Pessoa com deiciência. e) Criança especial. 4. De acordo com as Políticas Educacionais estuda- das nesta unidade, leia as airmativas abaixo e assinale (V) para Verdadeiro e (F) para Falso. I - O Centro Nacional de Educação Especial, responsável pela gerência da educação especial no Brasil, foi criado em 1973 pelo Ministério da Educação. II - A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n. 4.024/61, art. 88, promulga- da em 1961, previa o atendimento de qualidade para pessoas com deiciência e superdotados por professores espe- cializados. III - Desde de 1933, o Decreto n. 5.884 já pre- via a obrigatoriedade de professores es- pecializados para o atendimento da crian- ças e jovens com determinada deiciência. IV - As Diretrizes Curriculares Nacionais esta- beleceram, em 2002, que as instituições de ensino superior, em sua organização curricular, deveriam contemplar as espe- ciicidades dos alunos com necessidades educacionais especiais. V - A Lei Educacional n. 5.692/71, art. 9º, pre- via o atendimento de alunos que apresen- tavam deiciências físicas ou mentais, e o atendimento de crianças superdotadas. As airmações I, II, III, IV e V são, respectivamente: a) V; F; F; V; V. b) F; F; F; F; V. c) V; V; F; V; V. d) V; F; F; V; F. e) V; V; V; V; V. 5. A partir da década de 70, observou-se, no Bra- sil, a estruturação de fato de políticas voltadas às crianças e jovens com deiciência. Em meio a essa luta, destacou-se “A Declaração Mundial de Educação para Todos” e a “Declaração de Sala- manca”. Nessa perspectiva, disserte sobre a im- portância e os objetivos de ambas para as políti- cas de inclusão. 34 referências ADAMS, M.; BELL, L. A.; GRIFFIN, P. Teaching for diversity and social justice: A Sourcebook. New York: Routledge, 2007. BRASIL. Decreto n. 3.298, de 20 de dezembro de 1999. Regulamenta a Lei no 7.853, de 24 de outu- bro de 1989, dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deiciência, consolida as normas de proteção, e dá outras pro- vidências. Disponível em: <http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/decreto/d3298.htm>. Acesso em: 17 maio 2018. ______. Lei n. 4.024, de 20 de dezembro de 1961. Fixa as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/cci- vil_03/Leis/l4024.htm>. Acesso em: 17 maio 2018. educacional especializado em Sala de Recursos Mul- tifuncional Tipo I, na Educação Básica – área da de- iciência intelectual, deiciência física neuromotora, transtornos globais do desenvolvimento e transtor- nos funcionais especíicos. Curitiba: SEED, 2011. ______. Lei n. 5.692, de 11 de agosto de 1971. Fixa Diretrizes e Bases para o ensino de 1° e 2º graus, e dá outras providências. 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INTRODUÇÃO C aro(a) aluno(a), nossa segunda unidade tem como objetivo discutir o conceito de acessibilidade de crianças e adolescen- tes com deiciência dentro das instituições de ensino públicas e privadas. No entanto, para compreender quais são essas adap- tações do ambiente, é primordial que você, futuro professor, tenha co- nhecimento das principais características que cada deiciência apresenta. Para tanto, essas questões serão analisadas no decorrer desta unidade, constituída de dois tópicos. Compreender a necessidade das instituições de ensino em se ade- quar nos diversos âmbitos físico, metodológico, atitudinal, pragmático e instrumental para promover a acessibilidade e inclusão de alunos com deiciência é fundamental para que a inclusão não esteja presente apenas nas Leis que regulamentam o acesso e a permanência na educação, mas que, de fato, esteja efetivada nas diversas instituições. O entendimento do professor acerca das adaptações necessárias beneiciará as instituições em relação à promoção e incentivo à inclusão, além de ser uma ferramenta para o planejamento escolar. Em complemento, essa unidade proporcionará a você uma impor- tante imersão sobre as principais síndromes e transtornos que ocasionam danos intelectuais, comportamentais e motores, assim como as deiciên- cias que apresentam apenas relação com a capacidade motora e visual, sem prejuízos ao intelecto. O entendimento das características das dei- ciências mais comuns é primordial para que a escola seja acessível e para que você, futuro professor, possa desenvolver suas aulas com segurança e qualidade, respeitando as potencialidades de cada aluno. Ao vislumbrar uma atuação no campo escolar, estas relexões, certamente, propiciarão o entendimento acerca da real acessibilidade da pessoa/aluno com deici- ência na escola e na Educação Física. Vamos aos estudos! EDUCAÇÃO FÍSICA 43 de um aluno deiciente visual. Da mesma forma que a acessibilidade metodológica e pedagógica de alu- nos com deiciência auditiva será diferente de alunos deicientes visuais. Perceba que não é tão simples as- sim e que apenas rampas e pisos táteis não são sui- cientes para tornar a escola, de fato, acessível. De maneira especíica, Dischinger e Machado (2006) apresentam dimensões que possibilitam a compreensão de acessibilidade. • Acessibilidade arquitetônica, sem barreiras am- bientais físicas em todos os recintos internos e externos da escola e nos transportes coletivos. • Acessibilidade comunicacional, sem barreiras na comunicação interpessoal (face-face, lín- gua de sinais, linguagem corporal, linguagem gestual etc.), na comunicação escrita...e na co- municação virtual (acessibilidade digital). • Acessibilidade metodológica, sem barreiras nos métodos e técnicas de estudo (adaptações curriculares, aulas baseadas nas inteligências múltiplas, uso de todos os estilos de aprendi- zagem, participação de todos, de cada aluno, novo conceito de avaliação de aprendizagem, novo conceito de educação, novo conceito de didática), de ação comunitária (metodologia social, cultural, artística etc. baseada em parti- cipação ativa) e de educação dos ilhos (novos métodos e técnicas nas relações familiares etc.). • Acessibilidade instrumental, sem barreiras nos instrumentos e utensílios de estudo (lá- pis, caneta, régua, teclado do computador, materiais pedagógicos), de atividade da vida diária, esporte e recreação (dispositivos que atendam às limitações sensoriais, físicas e mentais etc.). • Acessibilidade programática, sem barreiras invisíveis embutidas em políticas públicas, em regulamentos e normas de um modo geral. • Acessibilidade atitudinal, por meio de pro- gramas e práticas de sensibilização e de cons- cientização das pessoas em geral e da convi- vência na diversidade humanaresultando em quebra de preconceito, estigmas, estereótipos e discriminações (DISCHINGER; MACHA- DO, 2006, p. 105). Você sabia? Apenas: • 28% das escolas de nosso país apresen- tam dependências acessíveis aos alunos com deiciência; • 35% delas apresentam sanitários acessíveis; • 18% apresentam salas para atendimento especial. Fonte: adaptado de Censo Escolar/INEP (2016, on-line)1. SAIBA MAIS Dentro desse contexto, é importante nos conscien- tizarmos de que, as adaptações arquitetônicas que a escola deve apresentar são fundamentais, para que os alunos com deiciência possam se locomover e reali- zar suas ações cotidianas de maneira independente. O aluno com deiciência visual ou deiciência mo- tora precisará de adaptações iniciando pela calçada da escola, em todo o prédio escolar, salas de aula, bi- blioteca, refeitório, corredor, pátio, quadra esportiva, banheiro, parques, entre outros diversos espaços que compõem o ambiente escolar. A identiicação de bar- reiras como escadas inapropriadas, postes e cadeiras, em lugares indevidos, poderão atrapalhar a locomo- ção desses alunos de maneira independente. Sob essa perspectiva, as barreiras são compreendidas como qualquer entrave ou obstáculo que limite ou impeça o acesso, a liberdade de movimento, a circulação com segurança e a possibilidade de pessoas se comunica- rem ou terem acesso à informação (BRASIL, 2004). 44 EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA ACESSIBILIDADE E DEFICIÊNCIA MOTORA Alunos com deiciência motora precisam de adap- tações diversas, no entanto, as mais importantes são banheiros adaptados e rampas acessíveis em todos os ambientes de acesso da escola, assim como ônibus adaptado para seu transporte. É necessário adaptar as carteiras, para que a cadeira de roda dos alunos se encaixe nelas e, quando possível, adaptar pequenas órteses que possibilitem a escrita desses alunos. ACESSIBILIDADE E DEFICIÊNCIA VISUAL Alunos com deiciência visual precisam de adequa- ções físicas como a existência de piso tátil em toda a instituição de ensino. Figura 1 - Rampa acessível Figura 2 - Ônibus adaptado Figura 3 - Piso Tátil Além das barreiras físicas, podemos encontrar outras diiculdades no meio do caminho, como barreiras me- todológicas. Dessa forma, adaptações nos materiais como cadeira, carteira, lápis, computadores, ou seja, todo o material pedagógico utilizado pelos alunos. Por exemplo, o aluno com deiciência visual poderá fazer uso de uma máquina de escrever em braille que faci- litará seu processo de aprendizagem. Materiais online também deverão estar acessíveis a eles, por meio de programas especíicos e descrição de toda e qualquer imagem que o professor izer uso em suas aulas. Nesse sentido, o aprendizado do braile desde a infância e a utilização de recursos tecnológicos, como leitores de tela, são de fundamental importância para o processo de aprendizagem desses alunos. Além disso, o aluno deiciente visual ou de baixa visão deverá frequentar em contraturno a sala de apoio Multifuncional tipo II. (citada na Unidade anterior) EDUCAÇÃO FÍSICA 45 Alphabeto Braille A K U 1 B L V 2 C M W 3 D N X 4 E Q Y 5 F P Z 6 G Q . 7 H R ! 8 I S ? 9 J T , 0 Figura 4 - Alfabeto Braille O leitor de tela funciona por meio do sintetizador de voz, dispositivo que transforma em som os caracteres que chegam até ele encaminhado pelo leitor de tela. ACESSIBILIDADE E DEFICIÊNCIA AUDITIVA Os alunos com deiciência auditiva precisam, acima de tudo, de um professor intérprete, para que ele te- nha acesso a todo conteúdo falado, assim como ocor- re em algumas das aulas ao vivo do nosso curso. Nes- se sentido, o aprendizado de libras desde a infância e a utilização de recursos tecnológicos são importan- tes para o processo de aprendizagem e comunicação desses alunos. O aluno deiciente auditivo deverá fre- quentar em contraturno a sala de atendimento educa- cional especializado para surdos. Figura 5 - Leitor de Tela Fonte: AJIDEVI ([2018], on-line)2. Figura 6 - Máquina de Escrever Figura 7 - Língua de Sinais ACESSIBILIDADE E DEFICIÊNCIA INTE- LECTUAL Quando a deiciência envolver a diiculdade de apren- dizagem, as adaptações metodológicas deverão ser rea- lizadas rotineiramente, para assegurar, de fato, a acessi- bilidade à educação, de preferência, no ensino regular. O aluno com deiciência intelectual deverá frequentar em contraturno a sala de apoio Multifuncional tipo I. É garantido por lei que o aluno seja acompanhado por um professor auxiliar, sempre que necessário, contudo, essa não é a realidade de nosso país. 46 EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA É importante que você, futuro professor, compre- enda que pessoas com deiciência apresentam com- prometimento em determinado aspecto, mas tam- bém grande capacidade de ação e comunicação em outros. Por esse fato, é primordial deixar para trás alguns comportamentos que vitimizam ou inferiori- zam o aluno/pessoa. Evite usar palavras/frases como “coitado”, “ele não consegue”, “ele não entende”, as- sim como oriente os demais alunos sobre a melhor forma de se dirigir e comunicar-se com eles. Veja se queremos incluir nosso aluno dentro da escola, precisamos estimular o contato deles com os demais alunos, sem diferenciação, pois essa é a forma que o deiciente quer ser tratado na escola e na sociedade. Estimular a amizade e cooperação entre esses alunos fará com que, no futuro, sejam adultos conscientes, solícitos e que, acima de tudo, não sejam preconcei- tuosos. ACESSIBILIDADE E SUPERDOTAÇÃO Assim como na deiciência intelectual, o aluno com Superdotação deverá ser estimulado na educação re- gular fazendo uso de salas de recursos multifuncio- nais e outras metodologias que propiciem ao aluno o estímulo de sua aprendizagem. Esses alunos apre- sentam uma capacidade de retenção de conteúdo e informação maior quando comparado aos demais, por isso a importância de estimular continuamente essa habilidade nata. Todas essas adequações para a acessibilidade arquitetônica e metodológica são apenas algumas das diversas especiicações que as escolas públicas e privadas devem apresentar para o atendimento de qualidade. Além dessas barreiras arquitetôni- cas e metodológicas, também podemos destacar as barreiras atitudinais. Van Munster (2008) res- salta que essas barreiras se aproveitam da desin- formação e do desconhecimento e se fortalecem com o preconceito. Tais barreiras são projetadas a partir da sociedade em direção à pessoa com deiciência, ou partem da própria pessoa com de- iciência em relação a si mesma. Você se lembra da importância de deixá-los se sentirem parte in- tegrante da sala de aula? O autor especiica alguns comportamentos de barreiras atitudinais, como: ridicularizar ou zombar do desempenho do outro; sentir pena ou autopie- dade; não conceder uma chance; sentir receio de se aproximar; sentir vergonha de estar por perto; desistir antes de tentar; negar ou não aproveitar as oportunidades. Percebera que nossa função dentro da escola vai além de transmitir conhecimento? Pre- cisamos ensinar valores, e nada melhor que o exem- plo para inspirar os alunos! Atualmente, as escolas que você conhece são de fato acessíveis? Que tipo de barreiras você pode identiicar nelas? REFLITA EDUCAÇÃO FÍSICA 47 Quadro 1 - A forma de se dirigir e comunicar-se com pessoas com deiciência Tipo de deiciência Como se dirigir e comunicar-se com a pessoa com deiciência Deiciência auditiva • Não fale alto; • A gesticulação é importante ao se comunicar com o deiciente auditi- vo, mas não gesticule de maneira exagerada; • Procure comunicar-se sempre se posicionando de frente com o deiciente auditivo, mantendo contato visual. • Procure não mascar chiclete para não atrapalhar a interpretação do deiciente auditivo. Deiciência visual • Não fale alto; • Chame-o sempre pelo nome; • Evite as expressões“olha aqui”, “veja isso”; • Observe o nível de independência do aluno e sempre que necessário ofereça apoio. Deiciência intelectual • Não fale alto; • Chame-o sempre pelo nome; • Identiique o nível de deiciência para utilizar a melhor forma de comunicação; • Não se dirija de maneira infantilizada ou vitimizada. Deiciência motora • Observe o nível de independência do aluno e sempre que necessário ofereça apoio; • Utilize a mesma forma de comunicação com os demais alunos; • Não se dirija de maneira infantilizada ou vitimizada. Fonte: a autora. EDUCAÇÃO FÍSICA 49 DEFICIÊNCIA INTELECTUAL A deiciência intelectual é caracterizada pela Asso- ciação Americana de Deiciência Intelectual e De- senvolvimento (AAIDD) pela limitação signiica- tiva tanto no funcionamento intelectual quanto no comportamento adaptativo expresso em habilidades conceituais, sociais e práticas. A AAIDD conceitua a deiciência intelectual em um funcionamento in- telectual inferior à média Quociente de Inteligência (QI), que está associado as limitações em pelo menos duas áreas de habilidades, por exemplo: comunica- ção, autocuidado, vida no lar, adaptação social, saú- de e segurança, funções acadêmicas, lazer e trabalho. Por meio dessas investigações, podemos observar que as diiculdades em socializar-se, locomover-se e comunicar-se, diiculdades em realizar as ativida- des de vida diária de maneira independente, exercer uma proissão, entre outras questões, poderão estar presentes nas pessoas com deiciência intelectual. A deiciência intelectual apresenta-se em níveis, sendo eles: leve, moderado, severo e profundo. Ke e Liu (2015) descrevem quatro níveis de gravidade de acordo com a gravidade do atraso no funcio- namento intelectual, déicits na função adaptativa social e de QI. O QI é um indicador derivado de vá- rios testes que procuram medir habilidades gerais ou especíicas, como leitura, aritmética, vocabulá- rio, memória, conhecimentos gerais, visual, verbal, raciocínio abstrato etc. Leve: o desenvolvimento durante o início da vida é mais lento do que em crianças normais e os marcos de desenvolvimento estão atrasados. São capazes de se comunicar e aprender habilidades básicas. Sua capacidade de usar conceitos abstratos, analisar e sintetizar é prejudicada, mas podem adquirir habi- lidades de leitura e informática. Eles podem realizar trabalho doméstico, cuidar de si e fazer trabalho não qualiicado ou semiqualiicado. Eles geralmente re- querem algum apoio. QI entre 50 e 69 e são respon- sáveis por cerca de 80% de todos os casos. Moderado: sua capacidade de aprender e pensar lo- gicamente é prejudicada, mas são capazes de se co- municar e cuidar de si mesmos com algum apoio. Com supervisão, eles podem realizar trabalhos não qualiicados ou semiqualiicados. QI entre 35 e 49, representando cerca de 12% de todos os casos. Severo: seu desenvolvimento nos primeiros anos é distintamente atrasado. Apresentam diiculda- de em pronunciar palavras e têm um vocabulário muito limitado. Por meio de considerável prática e tempo, eles podem ganhar habilidades básicas de autoajuda, mas ainda precisam de apoio na es- cola, em casa e na comunidade. QI entre 20 e 34; deiciência mental grave responde por 3% a 4% de todos os casos. Profundo: esses indivíduos não podem cuidar de si mesmos e não têm linguagem. Sua capacidade de expressar emoções é limitada e pouco compre- endida (ADAMS; OLIVER, 2011). Convulsões, de- iciências físicas e expectativa de vida reduzida são comuns. QI inferior a 20; deiciência intelectual profunda responde por 1% a 2% de todos os casos. Para entender de forma mais clara como se dão as distinções em relação ao QI, Davis Wechsler (1997) estabeleceu uma classiicação: 50 EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA Quadro 2 - QI - Quociente de inteligência QI acima de 127: Superdotação. QI entre 121 - 127: Inteligência superior. QI entre 111 - 120: Inteligência acima da média. QI entre 91 - 110: Inteligência média. QI entre 81 - 90: Embotamento ligeiro. QI entre 66 - 80: Limítrofe. QI entre 51 - 65: Debilidade ligeira (realiza ativi- dades simples e repetitivas). QI entre 36 - 50: Debilidade moderada (realiza tarefas simples). QI entre 20 - 35: Debilidade severa (realiza tarefas simples, mas requer supervisão). QI abaixo de 20: Debilidade profunda (pouco desempenho nas tarefas). Fonte: classiicação do QI Davis Wechsler (1997). Contudo, é importante sabermos que o termo QI (quociente de inteligência) não é mais utilizado, substituído pelo termo “Avaliações das diferentes inteligências e habilidades”. Atualmente, se aplicam testes mais especíicos, levando-se em conta não apenas suas habilidades intelectuais, mas também o histórico de cada um, suas preferências, habilida- des, competências entre outras características (KE; LIU, 2015). De Acordo com a AAIDD e com Lu- ckasson (2002), a avaliação da deiciência intelec- tual deve considerar as seguintes dimensões: • Habilidades intelectuais: essa dimensão passa a não ser mais única na avaliação da deici- ência intelectual. E faz uso de diversos testes para sua análise. • Comportamento adaptativo: está relaciona- do aos aspectos acadêmicos, conceituais e de comunicação necessários para autonomia e competência social do sujeito. Limitações nessa área podem diicultar o convívio no dia a dia. • Participação, interações e papéis sociais: referem-se às interações sociais que o su- jeito estabelece, bem como sua participa- ção na sociedade. • Saúde: identiicação das síndromes e patolo- gias, assim como sua etiologia, a im de rece- ber o tratamento necessário. • Contexto: a dimensão está relacionada às condições em que o indivíduo vive, sua qua- lidade de vida e as relações estabelecidas com os ambientes dos quais ele participa. Sobre essa temática, diversas síndromes levam a prejuízos intelectuais; dentre tantas, abordaremos com maior especiicidade a síndrome de Down, a síndrome de Rett e a síndrome de West, por se tra- tarem das síndromes mais comuns identiicadas nas escolas de educação especial e na rede regu- lar de ensino. Além delas, também estudaremos a epilepsia, a microcefalia, a hidrocefalia, o autismo e a paralisia cerebral, deiciências nas quais vale destacar que o prejuízo intelectual pode ou não ocorrer. EDUCAÇÃO FÍSICA 51 SÍNDROME DE DOWN Dia Mundial da Síndrome de Down 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 As características físicas de pessoas com síndro- me de down são olhos puxados, marcas nas mãos e separação grande entre os dedos do pé. Além do atraso no desenvolvimento, outros problemas de saúde podem ocorrer na pessoa com síndrome de Down, como por exemplo: hipotonia (100%); problemas de audição (50 a 70%); problemas de visão (15 a 50%); cardiopatia congênita (40%); dis- túrbios da tireoide (15%); problemas neurológicos (5 a 10%); alterações na coluna cervical (1 a 10%); obesidade e envelhecimento precoce (COOLEY; GRAHAM, 1991). Etiologia Fatores pré-natais/congênitos: pesquisas relatam que a idade materna avançada é um dos fatores que acar- retam tal desordem genética. A síndrome de Down foi identiicada por John Langdon Down. O pesquisador foi o primeiro a descobrir as características genéticas geradoras da síndrome. Como relata Pueschel (1993), a sín- drome de Down é causada pela presença de três cromossomos 21 em todas ou na maior parte das células de um indivíduo. Isso ocorre na hora da concepção de uma criança. As pessoas com sín- drome de Down, ou trissomia do cromossomo 21, têm 47 cromossomos em suas células em vez de 46, como a maior parte da população. 52 EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA AUTISMO mesmas, gritar, entre outros comportamentos repe- titivos ou agressivos, em que se faz necessária inter- venção imediata do professor. Contudo, também identiica-se o autismo chamado de Síndrome de Asperger,sem deici- ência intelectual, sem atraso signiicativo na lin- guagem, com interação social peculiar e sem mo- vimentos repetitivos tão evidentes. Essas pessoas apresentam capacidade intelectual normal ou aci- ma da média e maior capacidade de interação com outras pessoas. Etiologia A origem do autismo ainda é muito questionada. Com o decorrer dos anos e o avanço das pesquisas, vários fatores foram elencados, como: Fatores pré-natais/congênitos: condições gené- ticas (MECCA et al., 2011), alterações neuronais (KOOTEN et al., 2008; WANG et al., 2009), translo- cações cromossômicas (TARELHO; ASSUMPÇÃO, 2007) e anormalidades cerebrais (BOLTON; GRIF- FITHS; PICKLES, 2002). Fatores pós-natais/adquiridos: perturbações profundas na relação da criança com o meio em que se encontra inserida (HALL; NICHOLSON; ADI- LOF, 2006; VOLK et al., 2013) e causas psicoafetivas (RABELLO, 2004; CAMPANÁRIO; PINTO, 2011). A pesquisa mais recente, datada do ano de 2018, discorda que a prevalência do autismo es- teja associada às relações que a criança estabelece com a mãe e com o meio. Ao utilizar os chamados “mini-cérebros”, pesquisadores airmam que sua origem está ligada ao DNA da criança. Contudo, apesar dos diversos estudos realizados, a etiologia do autismo ainda é indeinida. A Associação Americana de Psiquiatria (2013) de- ine o autismo como uma condição caracterizada pelo desenvolvimento acentuadamente anormal e prejudicado nas interações sociais, nas modalidades de comunicação e comportamento. A Associação de Amigos do Autista relata que o autismo é caracte- rizado por déicits na comunicação e na interação social, além de comportamentos repetitivos e áreas restritas de interesse. Essas características começam a ser identiicadas nas crianças antes dos três anos de idade e atingem 0,6% da população, sendo quatro vezes mais comuns em meninos do que em meninas. As características do autismo variam de acordo com o desenvolvimento cognitivo. Podemos ob- servar o autismo associado à deiciência intelectual grave, sem o desenvolvimento da linguagem, com padrões repetitivos de comportamento e déicit im- portante na interação social. Nesses casos, nota-se que as crianças realizam diversas ações de maneira contínua e repetitiva, como tomar banho, vestir-se, despir-se e, até mesmo, mutilar-se. Muitas delas, ao serem contrariadas, irão se morder, dar tapas em si EDUCAÇÃO FÍSICA 53 SÍNDROME DE RETT A síndrome de Rett foi descrita pela primeira vez pelo pediatra Andreas Rett em 1966, que fez um estudo com 31 meninas que desenvolveram um quadro de regressão mental caracterizado por de- terioração neuromotora, características peculiares e hiperamonemia (PAZETO et al., 2013). A crian- ça nasce aparentemente sem nenhum problema, no entanto, a partir do primeiro e segundo ano de vida, passa-se a observar regressões em habi- lidades que já haviam se desenvolvido. Perda de habilidades manuais voluntárias e do envolvimen- to social, desenvolvimento das linguagens expres- siva ou receptiva severamente prejudicada, insta- bilidade respiratória, ranger de dentes, padrões anormais de sono, espasmos, rigidez e distonias (Diagnóstico Critérios para a síndrome de Rett. Ann Neurol. v. 23, 1988). Com o passar dos anos, essa regressão gera uma grande debilitação, tornando a criança ou jo- vem totalmente dependente em todas as atividades de vida diária. Etiologia: Pré-natais/congênita: disfunção genética. SÍNDROME DE WEST Esta síndrome foi descrita pela primeira vez em 1841 por William James West em seu próprio i- lho, sendo caracterizada por crises epilépticas as- sociadas a retardo mental (KAMIYAMA; YOSHI- NAGA; TONHOLO-SILVA, 1993). Um dos sinais da Síndrome de West é a epilepsia, ocorrendo, geralmente, entre o terceiro e oitavo mês de vida da criança. Quanto antes os pais ou responsáveis pela criança notarem esse quadro, melhor será o desenvolvimento da criança, que, além de medicada, poderá ser estimu- lada por um quadro de especialistas, como isioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, entre outros. Etiologia Fatores pré-natais, perinatais e pós-natais: disfun- ções orgânicas do cérebro (SANVITO, 1997; PE- REIRA FILHO et al., 2004). HIDROCEFALIA Como menciona Nettina (2003), a hidrocefalia é ca- racterizada pela alteração da produção, do luxo ou da absorção do líquido cefalorraquidiano, o que gera um volume anormal desse material dentro da cavi- dade intracraniana. O termo hidrocefalia deriva do grego “água na cabeça” e compreende o excesso de líquido cefalorraquidiano. Hidrocefalia Hidrocefalia Cérebro Saudável Cérebro Cerebelo Medula espinhal Medula espinhal T ro n co c e re b ra l Mesencéfalo Ponte de Varólio Medula Cérebro Cerebelo T ro n co c e re b ra l Mesencéfalo Ponte de Varólio Medula 54 EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA Etiologia: Fatores pré-natais/congênitos: exposição à radia- ção, má-nutrição materna, cistos benignos, tumores congênitos, anomalias vasculares, anomalias esque- léticas e infecção uterina (toxoplasmose, citomega- lovírus, estailococo, síilis, varíola, caxumba, vari- cela, poliomielite, hepatite infecciosa, vírus da gripe, encefalite e adenovírus). Fatores pós-natais/adquiridos: meningite, trau- matismo e hemorragia subaracnóidea. MICROCEFALIA A Organização Mundial da Saúde destaca que a microcefalia caracteriza-se pelo crescimento insu- iciente do cérebro. A microcefalia é identiicada quando, por vezes, observamos bebês e crianças com a cabeça menor em relação ao restante da es- trutura corporal. No Brasil, em 2016, descobriu-se que o número elevado de crianças que nasceram com microcefalia estava associado ao zika vírus. Essas mães foram picadas pelo mosquito durante a gestação, ocasionando danos irreversíveis ao bebês. Crianças com microcefalia precisam ser estimuladas desde o nascimento por isioterapeutas, fonoaudi- ólogas, terapeutas ocupacionais, entre outros, pois podem desenvolver convulsões e sofrer problemas físicos ou de aprendizagem à medida que crescem. Etiologia: Fatores pré-natais/congênitos: má formação, infec- ções uterinas: toxoplasmose, rubéola, herpes, síilis e citomegalovírus. Exposição da mãe a metais quí- micos, como: o arsenico e o mercúrio, álcool, radia- ção e fumo de tabaco. Má nutrição da mãe durante a gestação e o zika vírus. DEFICIÊNCIA MOTORA A deiciência motora compromete as possibilidades de movimentação corporal ou manutenção da coor- denação motora e do equilíbrio para realização de tarefas diárias (ISRAEL; BERTOLDI, 2012). Segun- do Mauerberg de Castro (2005), a deiciência mo- tora é compreendida como toda alteração física no corpo humano, resultante de algum problema orto- pédico, neurológico ou de má formação congênita. O Decreto n. 3.298, de 20 de dezembro de 1999, em seu art 4º, considera a deiciência física como: I - deiciência física - alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, mono- paresia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, tri- paresia, hemiplegia, hemiparesia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, membros com deformidade congênita ou ad- quirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam diiculdades para o desem- penho de funções. Essas lesões são caracterizadas por Mattos (2008) como: Monoplegia: comprometimento de um único seg- mento corporal. Microcefalia Tamanho da cabeça normal EDUCAÇÃO FÍSICA 55 Paraplegia: comprometimento dos membros inferiores. Hemiplegia: comprometimento de um dos lados do corpo (membros superior e inferior). Tetraplegia: comprometimento dos membros inferio- res e tronco. Quadriplegia: comprometimento total, envolvendo pa- ralisia da face, tronco e os quatro membros. Conforme Machadoe Haertel (2014), a medula espinal é uma massa cilíndrica de tecido nervoso. As vértebras são unidas por vários ligamentos e entre uma e outra existe um disco cartilaginoso semelhan- te a um anel cuja função é reduzir o impacto. Para que você possa compreender o nível da lesão e, con- sequentemente, o comprometimento motor ocasio- nado, observe a igura a seguir: Figura 9 - Coluna Vertebral vértebras cervicais Coluna Vertebral vértebras torácicas vértebras lombares vértebra sacral vértebra coccigea 56 EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA A coluna vertebral é composta por 33 vértebras. Quanto mais alto o nível da lesão, maior a área corpo- ral comprometida. Sete vértebras cervicais (C1, C2, C3, C4, C5, C6, C7): comprometimento dos membros superiores, tronco e membros inferiores. Com possibilidade de movimentação restrita de braços, caso a lesão tenha ocorrido nas últimas vértebras cervicais. Doze vértebras torácicas ( T1, T2, T3, T4, T5, T6, T7, T8, T9, T10, T11 ou T12): comprometimen- to do tronco e membros inferiores. Cinco vértebras lombares (L1, L2, L3, L4, L5): comprometimento dos membros inferiores. Cinco vértebras sacrais soldadas formando o osso sacro: comprometimento leve dos membros inferiores. Quatro vértebras coccígeas que, soldadas, for- mando o cóccix. A deiciência motora é maior em pessoas do sexo masculino e pode ocorrer por lesão traumá- tica e não traumática. A lesão traumática é obser- vada pela amputação, lesão medular e traumatismo craniano. As lesões não traumáticas são de ori- gem tumoral, infecciosa, vascular e degenerativa (LIANZA, 2001). Como consequência, o indivíduo com Deiciência Motora (DM) apresenta compro- metimentos em seu desenvolvimento, bem como limitações para a realização de tarefas motoras (BENTO, 2004). Etiologia Fatores pós-natais/Lesões traumáticas: relacionados a 80% das causas, provocadas por acidentes automo- bilísticos, acidentes de trabalho, armas de fogo, mer- gulho em águas rasas, quedas. Fatores pré-natais, perinatais e pós-natais/Lesões não traumáticas: relacionado a somente 20% das cau- sas, estão relacionadas a problemas antes e durante o nascimento, acidente vascular cerebral, entre outros (LIANZA, 2001). PARALISIA CEREBRAL A paralisia cerebral (PC), também conhecida como encefalopatia crônica não progressiva, é compreen- dida como uma lesão ou anomalia no desenvolvi- mento durante a vida fetal ou nos primeiros anos de vida (ISRAEL; BERTOLDI, 2012). Caracteriza-se pelo comprometimento do sistema locomotor por causas não traumáticas. A criança com paralisia ce- rebral pode apresentar também problemas cogniti- vos, visuais e auditivos. Todavia, é importante que você compreenda que muitas pessoas com paralisia cerebral poderão apresentar o cognitivo preservado, ou seja, não apresentam diiculdades de aprendiza- gem. De maneira geral, as pessoas com paralisia ce- rebral apresentam baixo tônus muscular, o que leva a diiculdades em manter o controle postural, déicit da coordenação motora e baixo relexo. EDUCAÇÃO FÍSICA 57 Etiologia Fatores pré-natais/congênitos: infecções maternas durante o primeiro e o segundo trimestre da gra- videz como rubéola, citomegalovírus e toxoplas- mose (REDDIHOUGH; COLLINS, 2003). Medi- cações especíicas, má formação, fatores genéticos, abuso de álcool e drogas ilícitas e traumatismos abdominais severos (WONG; SEOW; YEO, 2004). Assim como as gestações múltiplas (SANKAR; MUNDKU, 2005). Fatores perinatais: falta de oxigenação durante o parto e prematuridade. Nascimentos prematuros são um fator de risco para paralisia cerebral e re- presentam atualmente 25% de todos os casos de PC (HAGBERG et al., 2001; ANCEL et al., 2006). Pós-natais: quedas, afogamento, febre alta, me- ningite, entre outros (ISRAEL; BERTOLDI, 2012). A idade avançada da mãe e reprodução assisti- da também são fatores que contribuem para danos cerebrais (NELSON; CHANG, 2008; HVIDTJORN et al., 2006). A melhoria na saúde materna, no cui- dado perinatal e na prevenção de acidentes durante a gravidez são fatores que poderão prevenir a para- lisia cerebral (WESTBOM; HAGGLUND; NORD- MARK, 2007). EPILEPSIA A epilepsia é caracterizada por crises convulsivas (crises epilépticas), em que ocorre a repetição de duas ou mais crises não provocadas. A convul- são é a descarga anormal, excessiva, sincrônica de neurônios que se situam no córtex cerebral. Esta atividade é intermitente e geralmente au- tolimitada, na qual pode durar de segundos a poucos minutos. De acordo com Bate e Gardner (1999), quando essas crises ocorrem de maneira recorrente ou prolongada, caracterizam-se como estado epilético. Isso quer dizer que, para serem caracterizadas como epilepsia, essas crises ocor- rerão de maneira frequente, o que faz necessário o uso contínuo de medicação. O controle dessas crises por meio de medi- camento é extremamente necessário, pois quanto mais tempo ela durar, maiores poderão ser os danos neurológicos. O termo “não provocada” indica que a crise não foi causada por traumatismo crânio-en- cefálico, febre ou doença concomitante (JAGTAP; MAUSKAR; NAIK, 2013). Dentro dessa perspecti- va, as crises convulsivas provocadas são aquelas que acontecem na presença de estímulo deinido, recor- rendo apenas se a causa aguda permanece, não ca- racterizando epilepsia. Etiologia Fatores pré-natais e perinatais: ocasionados, por traumas. Fatores pós-natais/adquiridos: infecções, neurocis- ticercose, uso excessivo de álcool e drogas e trauma- tismo craniano. De acordo com os dados do censo escolar no ano de 2016, o Brasil contabilizou 174.886 alunos matriculados na Educação Especial. Fonte: Censo Escolar/INEP (2016, on-line)1. SAIBA MAIS 58 EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA DEFICIÊNCIA VISUAL E BAIXA VISÃO A deiciência visual pode ser classiicada em dois ní- veis, designados de cegueira e baixa visão. De acordo com Baumel e Castro (2003), a cegueira é a perda total ou perda residual da visão. O indivíduo cego, apesar de captar luzes em alguns casos, não é capaz de utilizá-la para realizar movimentos e se orientar pela visão. Por outro lado, a baixa visão ou visão subnormal se caracteriza pela existência de resíduo visual, que permite o indivíduo ler impressos a tinta, desde que utilize equipamentos especiais. Apresenta diiculdade em realizar tarefas visuais, mesmo com a prescrição de lentes corretivas. DEFICIÊNCIA AUDITIVA A surdez é caracterizada pela perda da percepção normal ao estímulo sonoro. Existem vários tipos de deiciência auditiva, classiicados de acordo com o grau de perda da audição. Para Marche- si (1996), esta perda é avaliada pela intensidade do som, medida em decibéis. Com base na clas- siicação da Portaria Interministerial n. 186, de 10/03/78 (MEC/SEESP, 1995), considera-se “par- cialmente surdo” e “surdo” os indivíduos que apresentam, respectivamente, surdez leve ou mo- derada e surdez severa ou profunda. Parcialmente surdo/surdez leve: a perda auditiva é de até 40 decibéis. Essa perda não impede a aquisi- ção normal da linguagem, embora esta possa ser a causa de algum problema articulatório ou diiculda- de na leitura e/ou escrita. Parcialmente surdo/Surdez moderada: a perda au- ditiva está entre 40 e 70 decibéis. Esses limites se encontram no nível da percepção da palavra; é fre- quente o atraso de linguagem e as alterações articu- latórias, havendo, em alguns casos, problemas lin- guísticos mais graves. Surdo/surdez severa: a perda auditiva está entre 70 e 90 decibéis. Este tipo de perda permite que o in- divíduo apenas perceba sons fortes e conhecidos, podendo ele atingir a idade de quatro ou cinco anos sem aprender a falar. Surdo/surdez profunda: a perda auditiva é superior a 90 decibéis. Essa perda impede que o indivíduo perceba e identiique a voz humana, impossibilitan- do-o de adquirir alinguagem oral. Etiologia Para Van Munster e Almeida (2008), as principais causas da cegueira podem ser: Fatores pré-natais/congênitos: albinismo, retino- blastoma, retinose pigmentar. Fatores pós-natais/adquiridos: catarata, descola- mento de retina, toxoplasmose, diabetes, rubéola e traumatismo ocular, retinopatia da prematuridade. EDUCAÇÃO FÍSICA 59 Conforme Almeida (2008), a deiciência auditiva pode ser classiicada, ainda, conforme o período de desenvolvimento em que se manifestou no in- divíduo. Dentro desse contexto, encontram-se as pessoas que nasceram surdas e as que, por algum motivo, icaram surdas com o decorrer dos anos. Surdez pré-linguística: refere-se a indivíduos que nasceram surdos ou que perderam a audição antes de terem desenvolvido a fala e a linguagem. Surdez pós-linguística: refere-se a indivíduos que perde- ram a audição após o período de desenvolvimento da fala e da linguagem. Etiologia As principais causas da surdez são de ordem: Pré-natais: genética ou congênita. Pós-natais/adquirida: infecciosa, ocupacional, tóxi- ca, traumática, envelhecimento e temporária. TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE O transtorno de déicit de atenção e hiperatividade vem sendo analisado com maior especiicidade no que diz respeito principalmente aos seus processos de aprendizagem, uma vez que, a cada dia, torna-se mais frequente essa discussão no ambiente escolar. O Manual de Diagnóstico e Estatística de Doenças Mentais da Sociedade Americana de Psiquiatria, co- nhecido como DSM-IV, o Transtorno do Déicit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um distúrbio neurobiológico, que aparece na infância e acompa- nha o indivíduo por toda a sua vida. Transtorno este também conhecido como DDAH (Distúrbio do Dé- icit de Atenção e Hiperatividade), caracterizado por sintomas de inquietude, desatenção e impulsividade. A Organização Mundial da Saúde estima que 5 – 7% da população mundial tenha TDAH, apre- sentando comprometimento na aprendizagem e, por consequência, problema na inclusão social. O TDAH gera impactos comportamentais, intelec- tuais, sociais e emocionais, pois promove diicul- dades, como controle de impulsos, concentração, memória, organização, planejamento e autonomia. Ressalta Benczick (2000) que a criança com TDAH sempre se comportará sem destreza motora, porque não concentra suiciente atenção no controle de seus movimentos. O termo surdo-mudo é uma forma inade- quada de compreender o deiciente auditivo. Muitas pessoas acreditam que uma pessoa surda também é muda, mas isso não é ver- dade. O que ocorre é que as pessoas surdas não falam justamente porque não apren- deram a falar diante da impossibilidade de captar sons, mas elas poderão emitir sons normalmente. Fonte: a autora. SAIBA MAIS Quando você ouve a palavra preconceito, o que vem em sua mente? Você já se perce- beu cometendo atos de preconceito contra qualquer padrão de beleza ou normalidade? REFLITA 60 EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO A superdotação é compreendida com uma inteligên- cia acima da média. A Política Nacional de Educa- ção Especial (1994) deine como superdotados ou altas habilidades as pessoas que apresentam notável desempenho e elevada potencialidade em qualquer dos seguintes aspectos: capacidade intelectual geral; aptidão acadêmica especíica; pensamento criativo ou produtivo; capacidade de liderança; talento espe- cial para artes e capacidade psicomotora, tanto de maneira isolada quanto combinada. Dos aspectos mencionados, destacam-se: Tipo Intelectual: apresenta lexibilidade e luência de pensamento, compreensão e memória elevada, capacidade de pensamento abstrato para fazer asso- ciações, produção ideativa, rapidez do pensamento, capacidade de resolver e lidar com problemas. Tipo Acadêmico: aptidão acadêmica especíica, atenção, concentração; rapidez de aprendizagem, boa memória, gosto e motivação pelas disciplinas acadêmicas de seu interesse, habilidade para avaliar, sintetizar e organizar o conhecimento. Tipo Criativo: relaciona-se às seguintes caracterís- ticas: originalidade, imaginação, capacidade para resolver problemas de forma diferente e inovadora, sensibilidade para as situações ambientais, senti- mento de desaio diante da desordem de fatos, facili- dade de autoexpressão, luência e lexibilidade. Tipo Social: revela capacidade de liderança e carac- teriza-se por demonstrar sensibilidade interpessoal, atitude cooperativa, sociabilidade expressiva, capa- cidade para resolver situações sociais complexas, ha- bilidade de trato com pessoas diversas e grupos para estabelecer relações sociais, alto poder de persuasão e de inluência no grupo. Tipo Talento Especial: pode-se destacar tanto na área das artes plásticas, musicais, como dramáticas, literárias ou cênicas, evidenciando habilidades espe- ciais para essas atividades. Tipo Psicomotor: destaca-se por apresentar habili- dade e interesse pelas atividades psicomotoras, evi- denciando grande desempenho em velocidade, agi- lidade de movimentos, força, resistência, controle e coordenação motora. Você conseguiu observar como a superdotação não está ligada somente à capacidade de realizar cálcu- los difíceis e reter grande quantidade de informação sobre diversos assuntos? As grandes habilidades re- lacionadas à arte, à música, à destreza de movimen- tos e à interação social também são compreendidas atualmente como superdotação. 61 considerações inais N ossa segunda unidade nos possibilitou realizar uma imersão no cam- po da educação inclusiva e compreender o conceito de acessibilidade para que o acesso e a permanência de alunos com diferentes tipos de deiciências seja, de fato, real na rede regular de ensino, a im de eli- minar quaisquer tipos de barreiras que possam prejudicar seu processo de apren- dizagem. Aprendemos que a acessibilidade não se trata apenas de adequações arquitetônicas para o atendimento e acolhimento desses alunos, mas que tam- bém, adaptações metodológicas, instrumentais, programáticas e atitudinais são fundamentais para a permanência desses alunos com a qualidade necessária para sua aprendizagem. Além disso, pudemos estudar as características das diversas síndromes e transtornos que você, futuro professor, irá se deparar tanto no ensino regular quanto na educação especializada. A partir da análise das deiciências mais co- muns em nossa sociedade, tivemos a possibilidade de distinguir as diversas de- iciências que causam prejuízos intelectuais, motores e comportamentais, assim como, compreender suas principais características e etiologias. O entendimento dessas deiciências é essencial para a atuação docente, uma vez que, faz-se neces- sário aprender suas principais características para a aplicação de aulas que com- preendam e respeitam as especiicidades de alunos com deiciência, seja ela qual for. Além disso, o conhecimento acerca deste assunto será de grande importância para a atuação proissional, dado que também é função do professor, visando a combater o preconceito e diminuir as barreiras presentes na escola. Espero que essa unidade tenha contribuído para o maior entendimento das diversas deiciências e que você tenha reletido sobre as “barreiras” presentes no processo de inclusão de alunos com deiciências. 62 atividades de estudo 1. Em nossa segunda unidade, discutimos o con- ceito de acessibilidade partindo do pressuposto que não basta apenas o aluno com deiciência frequentar o ensino regular ou a escola especiali- zada, mas é fundamental que esse aluno se sinta incluído no meio escolar. Para isso, é importante que a escola realize as adaptações necessárias para sua acessibilidade. Considerando as dimensões de acessibilidade des- critas por Dischinger e Machado (2006), analise as airmativas abaixo: I - A acessibilidade atitudinal diz respeito aos programas e práticasde conscientização das pessoas em geral, resultando em que- bra de preconceito, estigmas, estereóti- pos e discriminações. II - A acessibilidade arquitetônica refere-se à adequação do ambiente escolar físico em todos os recintos internos e externos e nos transportes coletivos. III - A acessibilidade metodológica refere-se à extinção de barreiras nos métodos e técni- cas de estudo, adaptações curriculares, novo conceito de avaliação de aprendizagem, de educação e de didática, entre outros. IV - A acessibilidade instrumental refere-se à extinção de barreiras na comunicação in- terpessoal (face-face, língua de sinais, lin- guagem corporal, linguagem gestual etc.). V - Acessibilidade comunicacional refere-se à eliminação de barreiras nos materiais de estudo (lápis, caneta, régua, teclado do computador, materiais pedagógicos), de ati- vidade da vida diária, esporte e recreação. É correto o que se airma em: a) I, II, apenas. b) I, II, III, apenas. c) II, III, IV, apenas. d) III, IV, apenas. e) II, III, apenas. 2. Por meio de nossos estudos, observamos que cada deiciência necessita de adaptações diferenciadas para que cada aluno seja atendido e acolhido da melhor maneira possível em sua rotina escolar. So- bre essa questão, analise as airmativas abaixo: I - As adaptações metodológicas para dei- cientes visuais são as mesmas adaptações para deicientes auditivos. II - As adaptações arquitetônicas para deicien- tes físicos são diferentes das adaptações arquitetônicas para deicientes visuais. III - As adaptações instrumentais para deicien- tes auditivos são diferentes das adaptações instrumentais para deicientes físicos. IV - As adaptações arquitetônicas para dei- cientes físicos são as mesmas adaptações arquitetônicas para deicientes auditivos. É correto o que se airma em: a) I, II, apenas. b) II, III, IV apenas. c) III, IV, apenas. d) I, II, IV, apenas. e) II, III, apenas. 3. Ao longo dos nossos estudos sobre as principais síndromes e deiciências, pudemos identiicar que cada uma delas apresenta causas e carac- terísticas muitas vezes distintas. Contudo, ainda existem deiciências que não tiveram suas cau- sas comprovadas cientiicamente. Sobre essa temática, assinale a alternativa que corresponda à deiciência que apresenta algumas hipóteses para sua prevalência, mas que ainda não teve sua etiologia comprovada cientiicamente: a) Síndrome de Down. b) Síndrome de West. c) Autismo. d) Hidrocefalia. e) Paralisia Cerebral. 63 atividades de estudo 4. De acordo com as síndromes, deiciências, trans- tornos e demais problemas mais comuns estu- dados nesta unidade, avalie as airmações a se- guir com V para verdadeiras e F para falsas: I - A síndrome de Down é identiicada a partir do primeiro e segundo ano de vida da criança, caracterizada por re- gressões em habilidades que já haviam se desenvolvido. II - A síndrome de West é caracterizada pela alteração no cromossomo 21. Na maioria dos casos, sua prevalência se dá pela ida- de materna avançada. III - O autismo é a condição caracterizada pelo desenvolvimento acentuadamente anor- mal e prejudicado nas interações sociais, nas modalidades de comunicação e no comportamento. IV - A epilepsia caracteriza-se pela ocorrên- cia de crises convulsivas de maneira re- corrente ou prolongada. Esta atividade é intermitente e pode durar de segundos a poucos minutos. V - A microcefalia é caracterizada pela alte- ração da produção, do luxo ou da absor- ção do líquido cefalorraquidiano, ocasio- nando um volume anormal da cavidade intracraniana. As airmações I, II, III, IV e V são, respectivamente: a) F; F; V; V; F. b) F; F; F; V; V. c) V; F; V; F; F. d) F; F; V; F; V. e) V; V; V; V; F. 5. A deiciência intelectual é compreendida pelo funcionamento intelectual inferior à média (QI). Por muitos anos, os pesquisadores avaliavam o nível de capacidade intelectual considerando apenas o QI (quociente de inteligência). Por meio do QI, estabeleceram-se níveis para categoriza- ção da deiciência intelectual. Sendo eles: leve, moderado, severo e profundo, que são compre- endidos de acordo com a gravidade do atraso no funcionamento intelectual, em déicits na função adaptativa social e de QI. Diante desses níveis, avalie as airmações a seguir como V para verda- deiras e F para falsas: I - Os indivíduos com deiciência intelectual moderada não podem cuidar de si mes- mos e não possuem linguagem. II - Os indivíduos com deiciência intelectual leve são capazes de se comunicar e apren- der habilidades básicas. Podem cuidar de si e realizar trabalhos domésticos. III - Os indivíduos com deiciência intelectual moderada são capazes de se comunicar e aprender habilidades básicas. Podem cuidar de si de maneira independente. IV - Os indivíduos com deiciência intelectu- al profunda apresentam limitação para expressar emoções. Apresentam convul- sões e sua expectativa de vida é reduzida. As airmações I, II, III e IV são, respectivamente: a) F; F; F; V. b) V; F; V; F. c) F; F; V; F. d) V; V; V; V. e) F; V; F; V. 69 referências ADAMS, D.; OLIVER, C. he expression and asses- sment of emotions and internal states in individu- als with severe or profound intellectual disabilities. Clinical Psychology Review, v. 31, n. 30, p. 293-306, apr. 2011. ALMEIDA, A. C. P. G. Atividade física e deficiência auditiva. In: GORGATTI, M. G.; COSTA, R. F. (orgs.). Atividade física adaptada: qualidade de vida para pessoas com necessidades especiais. Barueri: Manole, 2008. p. 128-147. ANCEL, P. Y.; LIVINEC, F.; LARROQUE, B.; MAR- RET, S.; ARNAUD, C.; PIERRAT, V. et al. Cerebral palsy among very preterm children in relation to gestational age and neonatal ultrasound abnormali- ties: the EPIPAGE Cohort study. 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Lembrando que não basta apenas incluí-lo em uma sala de aula regular, mas sim, fazê-lo se sentir parte integrante da- quele grupo. Essas questões serão analisadas no decorrer desta unidade, constituída de três tópicos. A inclusão de alunos com deiciência nas aulas de Educação Física é um dever do professor. Nossa disciplina é uma ferramenta muito rica para a interação e socialização dos alunos quando comparada às demais disciplinas. Sabe por quê? Porquetrabalhamos com o corpo em movi- mento, que promove a sensação de liberdade, pois ofertamos aos nossos alunos a possibilidade de se expressarem sem carteiras e cadeiras. Dessa forma, qual o motivo de privar nossos alunos com deiciência dessa sen- sação? Nenhum! O professor de Educação Física tem em suas mãos a oportunidade diária de tornar suas aulas mais prazerosas e acessíveis para alunos com deiciência, apesar de suas limitações. Diante disso, conhecer as diversas possibilidades de aplicação pedagógica por meio da adaptação para alu- nos com deiciência motora é extremamente relevante para estruturação de suas aulas, pois, a adequação delas será uma constante em seu traba- lho, uma vez que cada turma apresentará características diferentes. Os assuntos abordados nesta unidade permitirão a você maior domínio e segurança para o desenvolvimento de um trabalho inclusivo no ambiente escolar. Tenha uma boa leitura! EDUCAÇÃO FÍSICA 79 Em nossa primeira unidade, discutimos os di- reitos conquistados pelos alunos com deiciência em estudarem nas escolas regulares, receberem o apoio de professores especializados e estar inse- ridos em um ambiente acessível e adaptado para suas necessidades diárias. Agora iremos tratar com maior especiicidade a inclusão desses alunos nas aulas de Educação Física. Dessa maneira, gos- taria de questioná-lo: o que, de fato, é incluir alu- nos com diferentes deiciências em uma turma de ensino regular? E, além disso, como ofertar aulas de Educação Física de qualidade para alunos em escolas especializadas? Na verdade, essa não é uma ação fácil, pois exige de você, futuro professor, estudo e relexão sobre como construir sua aula de maneira que ne- nhum aluno seja excluído. Contudo, é preciso to- mar alguns cuidados, pois, ao desenvolver aulas totalmente voltadas para a adaptação, poderá levar à exclusão dos demais alunos que não apresentam deiciência. Ou seja, precisamos de um equilíbrio em nosso planejamento escolar! Nossa disciplina apresenta um potencial imenso de inclusão e socialização, e nós, professores, temos o dever de tornar essas aulas um meio de conexão en- tre os alunos, de aceitação às diferenças e de conce- ber essa ação inclusiva como algo normal nas aulas de Educação Física. Venturini et al. (2010) destacam que a Educação Física contribui para o desenvolvimento afetivo, social e intelectual de alunos com deiciência, uma vez que o incentivo à inclusão torna a autoestima e a autoconiança mais evidentes e, consequentemen- te, diminui as desigualdades. A inclusão nas aulas de Educação Física propicia um ambiente favorável para a estimulação e motivação dos alunos. Oferece opor- tunidades para que os alunos com deiciência desen- volvam habilidades sociais e lúdicas adequadas à faixa etária, possibilitando as relações de amizade entre alu- nos que apresentam ou não deiciência (WINNICK, 2004). Sassaki (1997) deine a inclusão como um pro- cesso pelo qual a sociedade se adapta para poder in- cluir, em seus sistemas sociais, pessoas com necessida- des educacionais especiais e, simultaneamente, estas se preparam para assumir seus papéis na sociedade. Figura 1 - Princípios da inclusão Fonte: Sassaki (1997). Os princípios da inclusão, baseados pelo autor, são: 80 EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA No decorrer de nossas unidades, conversamos so- bre esses princípios de inclusão, baseados na aceita- ção e convivência com as diferenças, valorização do indivíduo e a importância de uma trabalho coope- rativo. No entanto, parece que, atualmente, muitas escolas ainda não se adaptaram com a presença de alunos que não andam, não ouvem ou não falam. Se a visão de inclusão já é considerada difícil para as demais disciplinas, o que diria a Educação Físi- ca que tem, por essência, o movimento? A inclusão nas aulas de Educação Física é compreendida por Seabra Junior (2006) como a participação de todos com respeito às suas limitações, sendo o professor capaz de promover autonomia e ênfase no poten- cial de cada aluno. Entendam que a inclusão não se trata apenas de adaptações, mas do acesso ao conhecimento que a disciplina de Educação Física oferta a todos os alunos. Para que possamos incluir nossos alunos com deiciência, precisamos pensar nas possibilidades de adaptar as atividades e, para isso, não é preciso des- caracterizá-las! E você, futuro professor, deverá se questionar: para aplicar essa atividade, basta adap- tar algumas regras? Além das regras, também pre- cisarei alterar os materiais utilizados? Ao modiicar ambas, a atividade perderá sua originalidade? Nesse momento, muitas dúvidas emergem, mas o que deve icar claro é que as aulas de Educação Física não de- vem ser a reprodução de um treinamento esportivo. Certamente você apresentará aos seus alunos regras, características, fundamentos, entre outras questões de determinado esporte, todavia, elas poderão ser trabalhadas de diferentes formas! Durante a caminhada proissional, você, profes- sor, irá se deparar com alunos com deiciência in- seguros em participar das aulas de Educação Física e, por muitas vezes, desinteressados com a prática. É necessário levar em consideração alguns pontos, como a frustração com as aulas de Educação Física em anos anteriores, a superproteção dos pais em entender que as aulas práticas poderão agravar o estado de saúde de seus ilhos e o próprio senti- mento de inferioridade que esses alunos apresen- tam. Tais pontos são evidentes quando lembramos que em nossas aulas de Educação Física enquanto alunos, notamos, por diversas vezes, a preferência dos professores por alunos com maior aptidão físi- ca, não é mesmo? Pois bem, precisamos desconstruir essa ima- gem de professor, que não incentiva a participação de alunos com deiciência em suas aulas de Edu- cação Física, e que deixam esses alunos “sentados” enquanto toda a turma se diverte e aprende. Toda essa relexão é a prova de que você, futuro profes- sor, tem o poder de transformar a realidade desses alunos por meio de suas aulas. EDUCAÇÃO FÍSICA 81 82 EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA A Educação Física Adaptada tem por objetivo pos- sibilitar a participação de alunos com deiciência nas aulas de Educação Física nas diversas atividades promovidas pelo professor. Dentro dessa perspectiva, Cidade e Freitas (2002, p. 27) enfatizam que: A Educação Física Adaptada é uma área da educação física que tem como objeto de estudo a motricidade humana para as pessoas com ne- cessidades educacionais especiais, adequando metodologias de ensino para o atendimento às características de cada aluno com deiciência, respeitando suas diferenças individuais. Os autores acrescentam que a Educação Física Adap- tada para alunos com deiciência não se diferencia em seus conteúdos, mas concebe técnicas, métodos e formas de organização que podem ser emprega- dos. Dentro desse contexto, não existe uma receita pronta para aplicar nas aulas, mas sim, um grande processo de estudo e planejamento por parte do pro- fessor. Para Sherrill (1998), o processo de adaptação deve ser contínuo, dinâmico e bidirecional, quer di- zer, recíproco, sofrendo inluência das variáveis: am- biente temporal e físico; equipamentos e materiais; ambiente psicossocial; de aprendizagem; instrução e informação e, por im, as tarefas a serem realizadas. A Educação Física Escolar Adaptada EDUCAÇÃO FÍSICA 83 O professor pode seguir alguns princípios propostos por Lieberman (2002): Assegurar a participação do aluno com deiciência nas atividades, mesmo que seja necessária assistência física. A di- minuição desse apoio pode ocorrer, se possível, na medida em que o aluno vai se adaptando com a atividade. Estimular o aluno com deiciência a participar das decisões relativas às vari- áveis de adaptação. Dentro desse con- texto, é preciso considerar a aceitação ou não dasatividades e modiicações por parte do interessado. Permitir que o aluno com deiciência selecione o tipo de equipamento, as modiicações de regras ou alterações no ambiente mais adequados às suas necessidades. Evitar a aplicação de atividades adapta- das que acentuam a aparência ou per- cepção das diferenças em suas aulas. Oferecer a mesma variedade de jogos, esportes e atividades recreativas às crianças que apresentam ou não dei- ciência. Proporcionar opções de escolha entre as variáveis de adaptação para os alu- nos com deiciência. Incentivar a prática de atividades coleti- vas e comunitárias sempre que possível. 1 2 3 4 5 6 7 84 EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA O uso de algumas abordagens para a melhor compreensão da tarefa a ser realiza- da pelo aluno com deiciência poderá garantir maior autonomia. Em determina- das situações, pode-se combinar mais de uma técnica de instrução ou utilizá-la de forma individual (LIEBERMAN, 2002), sendo elas: Orientação verbal: explicar de forma clara e objetiva verbalmente o que se espera que o aluno desenvolva em relação à atividade proposta. Demonstração: expor de maneira exemplificada, por meio de ações demonstrativas ou utilização de modelos, o que se espera que o aluno desenvolva em relação à atividade proposta. Assistência física: oferecer auxílio físico ou guiar o movimento do aluno, para que ele apreenda o movimento. Brailling: orientar o aluno por meio do tato a perceber a execução de um movimento ou habilidade realizados pelo professor ou por um colega. EDUCAÇÃO FÍSICA 85 Sendo assim, convido você para uma imersão nas atividades adaptadas e uma extensa relexão sobre as diversas possibilidades de aplicação pedagógica para alunos com deiciência motora em seus varia- dos níveis de comprometimento físico, em centros de reabilitação, escolas especializadas, assim como na rede regular de ensino. Figura 2 - Auxílio do professor Fonte: acervo Unicesumar. É fundamental que você, professor, se infor- me sobre o quadro clínico desse aluno; como já estudamos em nossa segunda unidade as características de cada deiciência, icará fácil compreender as necessidades e potenciali- dades desse aluno. É importante questionar aos pais ou responsáveis quais tipos de exer- cícios especíicos o aluno não poderá realizar, por exemplo, temos alunos que não podem correr o risco de cair e bater com a cabeça, alunos que não podem realizar atividades que envolvam resistência física, entre outras diversas questões que exigirão de você um cuidado maior. Após identiicar essas diicul- dades, você poderá dar continuidade ao seu planejamento! Fonte: a autora. SAIBA MAIS 86 EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA Podemos compreender a deiciência motora em ní- veis de comprometimento motor; nela destacamos a deiciência motora leve, moderada e severa. Essa distinção se faz importante para que você possa de- senvolver atividades com diferentes graus de com- plexidade em suas aulas de Educação Física. Sobre essa temática, podemos identiicar os alunos que apresentam deiciência motora decor- rente de uma paralisia cerebral, nesse caso, o seu comprometimento, na maioria das vezes, será tan- to dos membros superiores quanto inferiores. Por outro lado, alunos amputados, ou que passaram a fazer uso da cadeira de rodas ou muletas, apresen- tam, em sua grande parte, maior habilidade com os membros superiores quando comparados aos alunos com paralisia cerebral. No entanto, tudo vai depender do nível da lesão medular ou do trauma- tismo que o aluno sofreu. Nesse momento, trata- remos das atividades para alunos com maior com- prometimento motor. A Educação Física e a Deiciência Motora 101 considerações inais C aro(a) aluno(a), nossa terceira unidade nos fez reletir sobre a Educa- ção Física inclusiva e adaptada com o objetivo central de inserir os alu- nos com deiciência nas práticas corporais que a disciplina promove. Espero que o entendimento sobre o conceito de adaptação e inclusão de alunos com deiciência nas aulas de Educação Física tenha propiciado maior conscientização em sua prática pedagógica. De maneira especíica, aprendemos diversas possibilidades de adaptação para o aluno que apresenta deiciência motora considerando os níveis de comprome- timento. Sendo esse um fator importante em sua prática pedagógica, uma vez que é preciso respeitar as limitações desses alunos e valorizar suas potencialida- des. Outro ponto relevante destacado nessa unidade é a necessidade do professor compreender a melhor atividade a ser aplicada, a im de evitar a frustração do aluno, assim como respeitar o tempo que ele leva para executar essas atividades. Os tópicos abordados permitiram uma aproximação com o contexto da Educa- ção Física adaptada, de forma a possibilitar uma visualização abrangente desta área de conhecimento, no sentido de que esses elementos sirvam como base para que você, futuro(a) professor(a), possa dissipar para seus alunos. Por meio dos temas desenvolvidos, você poderá organizar atividades que le- vem seus alunos a conhecer o contexto das atividades adaptadas, para que com- preendam como é importante incentivar a interação de alunos que apresentam ou não deiciência. E como é estimulante que você, sempre que necessário, eleja um aluno para auxiliar o colega com deiciência durante as aulas. Desejo que os assuntos abordados nesta unidade tenham permitido a você maior domínio e segurança para o desenvolvimento de um trabalho inclusivo no ambiente escolar e que tenha compreendido que a inclusão de alunos com deiciência nas aulas de Educação Física é possível! 102 atividades de estudo 1. Nesta unidade, aprendemos sobre o conceito de inclusão e adaptação nas aulas de Educação Física, assim como discutimos os benefícios que a inserção de alunos com deiciência propiciam. Sabendo disso, analise as airmativas abaixo con- siderando os benefícios que a inclusão de alunos com deiciência proporcionam aos alunos. I - Promove a socialização, autonomia e acei- tação das diferenças. II - Contribui para o desenvolvimento afetivo, social e intelectual de alunos. III - Desenvolve habilidades sociais e lúdicas. IV - Propicia relações de amizade entre alu- nos que apresentam ou não deiciência. É correto o que se airma em: a) I, II, apenas. b) I, II, III e IV. c) I, IV, apenas. d) II, III, IV, apenas. e) II, III, apenas. 2. Cidade e Freitas (2002) enfatizam que a Educa- ção Física adaptada para alunos com deiciência não se diferencia em seus conteúdos, mas con- cebe técnicas, métodos e formas de organização que podem ser empregados nas aulas. Diante desse contexto, disserte sobre a importância e os objetivos da Educação Física adaptada. 3. Sabemos que não existe uma receita pronta para a inclusão de alunos com deiciência nas aulas de Educação Física. Essa ação requer es- tudo e relexão sobre as diversas possibilidades de aplicação pedagógica. No entanto, Lieber- man (2002) nos propõe alguns princípios a se- rem seguidos. Sobre esses princípios, analise as airmativas abaixo: I - Estimular o aluno com deiciência a parti- cipar das decisões relativas às variáveis de adaptação. II - Evitar a aplicação de atividades adaptadas que acentuam a aparência ou percepção das diferenças em suas aulas. III - Assegurar a participação do aluno com deiciência nas atividades, mesmo que seja necessária assistência física. IV - Incentivar a prática de atividades coleti- vas e comunitárias sempre que possível. V - Oferecer a mesma variedade de jogos, es- portes e atividades recreativas às crianças que apresentam ou não deiciência. É correto o que se airma em: a) I, II apenas. b) II, III, IV apenas. c) III, IV apenas. d) I, II, IV apenas. e) I, II, III, IV e V. 103 atividades de estudo 4. O uso de algumas abordagens para a melhor compreensão da tarefa a ser realizada pelo aluno com deiciência poderá garantir maior autono-mia. Em determinadas situações, pode-se combi- nar mais de uma técnica de instrução ou utilizá-la de forma individual (LIEBERMAN, 2002). Conside- rando essas técnicas, avalie as airmações a se- guir como V para verdadeiras e F para falsas: I - Orientação verbal: explicar de forma cla- ra e objetiva verbalmente o que se espera que o aluno desenvolva em relação à ativi- dade proposta. II - Demonstração: orientar o aluno por meio do tato a perceber a execução de um movimento ou habilidade realizados pelo professor ou por um colega. III - Assistência física: oferecer auxílio físico ou guiar o movimento do aluno para que ele apreenda o movimento cinestesicamente. IV - Brailling: expor de maneira exempliica- da, por meio de ações demonstrativas ou utilização de modelos, o que se es- pera que o aluno desenvolva em rela- ção à atividade proposta. As airmações I, II, III e IV são, respectivamente: a) F; V; F; F. b) V; F; F; F. c) V; F; V; F. d) F; F; V; V. e) F; V; V; V. 5. A deiciência motora é compreendida em níveis de comprometimento motor; nela destacamos a deiciência motora leve, moderada e severa. Mesmo diante da deiciência, o professor de Edu- cação Física apresenta uma gama de possibilida- des de aplicação pedagógica. Considerando as diversas adaptações trabalhadas nessa unidade, analise as airmativas abaixo: I - É importante aplicar o conteúdo com to- das as suas características, fundamentos e regras. II - A modiicação das regras dos conteúdos podera ser proposta tanto pelo professor quanto pelos alunos. III - Não é interessante propor a modiicação das regras dos conteúdos, pois os alunos serão prejudicados em sua aprendizagem. É correto o que se airma em: a) I, II, apenas. b) II, III, apenas. c) III, apenas. d) I apenas. e) I, II, III apenas. 108 material complementar Neste vídeo, você poderá acompanhar o curta animado “Cordas”: narra a amizade entre Maria e Nicolás, colega de classe que sofre de paralisia cerebral. Acesse o conteúdo disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=g4W7CKPdSGk>. Neste vídeo, você poderá acompanhar uma entrevista sobre a Educação Física inclusiva com professores de Educação Física. Acesse o conteúdo disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=gvH-2qklta4&t=97s>. Neste vídeo, você poderá acompanhar uma entrevista com alunos e professores sobre a inclusão de alunos com deiciência nas aulas de Educação Física. Acesse o conteúdo disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=V1HGefaul8M>. Neste vídeo, você poderá acompanhar o palestrante Nick Vujicic, que não apresenta membros superio- res e inferiores. Acesse o conteúdo disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=lxb1xG9LRYY>. Indicação para Acessar 109 referências gabarito CIDADE, R. E.; FREITAS, P. S. Educação Física e In- clusão: considerações para a prática pedagógica na escola. Revista Integração, Brasília, a. 14, ed. esp., p. 26-30, 2002. LIEBERMAN, L. J. Strategies for Inclusion: a han- dbook for Physical Educators. Champaign: Human Kinetics, 2002. SASSAKI, R. K. 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B. 2. A Educação Física Adaptada é uma área da Educação Física que tem como objeto de estudo a motricidade humana para as pessoas com necessida- des educacionais especiais, adequando metodologias de ensino para o atendimento às características de cada aluno com deiciência, respeitan- do suas diferenças individuais. 3. E. 4. C. 5. A. INTRODUÇÃO C aro(a) aluno(a), chegamos à nossa quarta unidade, mas ainda precisamos estabelecer algumas relações entre a Educação Físi- ca Adaptada e as deiciências intelectuais e visuais. Você se lem- bra que já estudamos sobre o peril de nosso aluno na Educação Especializada? Para que o aluno esteja matriculado nessa modalidade é preciso que ele apresente a deiciência intelectual, dessa forma, trabalha- remos atividades desenvolvidas para esse público em seus diversos níveis de comprometimento. Além da deiciência intelectual, tratarei nesta unidade também so- bre as diversas possibilidades de aplicação e adaptação pedagógica para alunos com deiciência visual. Em nosso percurso proissional, encontra- remos alunos com diferentes deiciências, entre elas, a deiciência visual com e sem comprometimento intelectual. Sendo assim, ao nos propor- mos a planejar aulas para alunos deicientes visuais na rede regular de ensino, é preciso lembramos que sua capacidade de aprender é igual aos demais alunos. O que se faz importante é saber como abordá-los, a im de, incluí-los e orientá-los para a participação nas diversas atividades re- alizadas nas aulas. Nesse momento, você ainda pode estar se perguntando “como vou conseguir estimular e ensinar esses alunos em minha turma?” A resposta é simples, somente por meio do estudo e dedicação sobre as possibilida- des de inclusão e adaptação das atividades! Não existe receita mágica! Em vários momentos, você irá se frustrar e irá perceber que “aquela” ativida- de aplicada não surtiu o efeito esperado, mas esse é o caminho em busca do êxito em suas aulas de Educação Física! Tendo esse enfoque, preparei esta unidade para ajudá-lo(a) a pensar na estrutura e organização para as aulas de Educação Física desde a Edu- cação Infantil até o Ensino Médio com foco principal nas deiciências intelectual e visual. 114 Em nossos estudos, constatamos que a deiciência visual não é caracterizada somente pela ausência total da visão, mas também, pela baixa capacidade em enxergar. Em nosso percurso proissional, en- contraremos tanto alunos cegos que participaram pouquíssimas vezes das aulas de Educação Física, como alunos que fazem uso de óculos e que apresen- tam resistência em realizar as aulas por medo de se machucarem. Possivelmente você deve ter estudado com alguém que apresentava diiculdade em enxer- gar e, pelo alto grau de seus óculos, não participava das aulas e quando participava, apresentava grande receio de ter seu rosto atingido por alguma bola, ou material similar, não é mesmo? Desde o nascimento, a criança que enxerga passa a estabelecer uma comunicação visual com o mun- do exterior. Durante os primeiros anos de vida, ela é estimulada a olhar para tudo o que está à sua volta, A Educação Física e a Deiciência Visual EDUCAÇÃO FÍSICA 115 sendo possível acompanhar o movimento das pes- soas e dos objetos sem sair do lugar. Percebeu como a visão se sobressai sobre os demais sentidos? A vi- são ocupa uma posição primordial no que se refere à percepção e integração de formas, contornos, ta- manhos, cores e imagens, que estruturam a compo- sição de uma paisagem ou de um ambiente. Nesse tocante, a cegueira caracteriza-se pela alteração gra- ve ou total de uma ou mais das funções elementa- res da visão, que afeta a capacidade de perceber cor, tamanho, distância, forma, posição ou movimento. Por sua vez, a baixa visão é deinida como a redu- ção do rol de informações que o indivíduorecebe do ambiente, restringindo a grande quantidade de dados que este oferece e que são importantes para a construção do conhecimento sobre o mundo ex- terior. A aprendizagem visual depende, não apenas do olho, mas também, da capacidade do cérebro de realizar as suas funções, de capturar, codiicar, sele- cionar e organizar imagens fotografadas pelos olhos (SÁ; CAMPOS; SILVA, 2007). Falamos o tempo todo: “olha isso”, “nossa, você viu?”, pois estamos acostumados a trabalhar ape- nas com alunos que enxergam. Por isso, é pri- mordial falar e orientar de forma clara o aluno, como discutimos nas unidades anteriores e, além disso, valorizar seus outros sentidos. O Ministério da Educação, ao elaborar os documentos sobre o atendimento de alunos com deiciência visual na rede regular de ensino, esclarece que as informa- ções tátil, auditiva, sinestésica e olfativa são mais desenvolvidas pelas pessoas cegas porquê, elas re- correm a esses sentidos com mais frequência para decodiicar e guardar na memória as informações. O desenvolvimento aguçado da audição, do tato, do olfato e do paladar é resultante da ativação con- tínua desses sentidos diante da necessidade, pois, os sentidos remanescentes funcionam de forma complementar e não isolada (SÁ; CAMPOS; SIL- VA, 2007). Sendo assim, nessa unidade, nossos estudos abordarão não apenas a adaptação para deiciên- cia visual, mas também iremos proporcionar mo- mentos de conscientização e vivência voltados à deiciência visual, uma vez que é primordial que você, futuro professor, trabalhe com as diiculda- des, mesmo que, não venha ter nenhum aluno dei- ciente em sua turma. Já conversamos sobre isso em nossa terceira unidade! Estamos acostumados a falar para quem enxerga e não nos atentamos aos detalhes rotineiros. REFLITA EDUCAÇÃO FÍSICA 121 122 Na segunda unidade deste material, conversamos sobre a deiciência intelectual, suas características e possíveis etiologias. Após o entendimento dessa dei- ciência, o próximo passo será identiicar quais as ca- rências relacionadas à aprendizagem que esses alunos necessitam e, por consequência, qual o nosso papel ao encontrá-las durante o nosso percurso proissio- nal. Por isso, a identiicação do nível de comprome- timento intelectual desse aluno é fundamental antes de iniciar seu planejamento. Nessa perspectiva, é re- levante destacar que encontraremos alunos com di- versos níveis de comprometimento intelectual e que, quanto maior for esse nível, maior será a possibili- dade desse aluno estar em uma escola especializada. Da mesma maneira, podemos encontrar, com maior frequência, alunos com menor comprometimento in- telectual cada vez mais inseridos na rede regular de ensino. Contudo, isso não é uma regra. A Educação Física e a Deiciência Intelectual EDUCAÇÃO FÍSICA 123 Sobre as características do aluno com deiciên- cia intelectual, Gimenez (2013) destaca que, eles po- dem apresentar problemas de atenção e apatia para aprender, problemas de comunicação e de lingua- gem, e problemas generalizados de compreensão de conceitos: • Problemas de atenção e apatia para aprender: estão relacionados à diiculdade de manter a atenção ao realizar tarefas solicitadas. Em re- lação à apatia para aprender, evidencia-se que deicientes intelectuais são menos ousados e acabam explorando menos o ambiente quan- do comparados aos demais. • Problemas de comunicação e de linguagem: podem apresentar vocabulário restrito e dii- culdade em se comunicar. • Problemas generalizados de compreensão de conceitos: a pessoa com deiciência intelec- tual apresenta diiculdade em compreender conceitos e estabelecer relações entre fatos e eventos, entre outras questões. De acordo com o autor, esses problemas poderão gerar alguns comportamentos negativos no aluno com deiciência intelectual, como a agressividade e o afastamento do grupo, pois o medo do fracasso e a expectativa de sucesso são pontos muito evidentes e que precisamos sempre estar atentos. Diante dessas possibilidades, é importante que o professor de Edu- cação Física elogie o aluno, com o objetivo de esti- mular sua autoconiança e diminuir sua ansiedade. Perceba como temos que estar atentos o tempo todo em nossa ação pedagógica para não privilegiar determinados alunos, assim como, não cobrar deles o que não é possível ser realizado? O aluno deiciente intelectual é caracterizado por sua lentidão de movimentos, pela escolha de estratégias motoras inadequadas e pelo atraso em seu desenvolvimento. Por isso, faz-se importan- te promover atividades que estimulem o tempo de reação, o ritmo, a agilidade, o controle de força e o equilíbrio (GIMENEZ, 2013). Crianças com deici- ência intelectual apresentam diiculdade em relação à consciência corporal, sendo assim, ofereça ativi- dades que estimulem os diversos elementos psico- motores, como: Esquema Corporal, Noção Espacial e Temporal, Coordenação Fina e Dinâmica Geral, Equilíbrio e Lateralidade. 132 considerações inais P rezado(a) aluno(a), pudemos perceber que as possibilidades de aplica- ção pedagógica do professor de Educação Física são vastas. Esta ação requer, necessariamente, relexão e estudo acerca da aplicabilidade pe- dagógica das diversas atividades, assim como, uma conscientização da importância da inserção de alunos com deiciências na Educação Física, a im de contribuir para o desenvolvimento afetivo, social e intelectual de alunos. De maneira especíica, tratamos as diferentes possibilidades de adaptação de atividades para os alunos que apresentam deiciências intelectuais e visuais, sem- pre respeitando os níveis de comprometimento. Por isso, estudamos as atividades respeitando a capacidade e a especiicidade de cada deiciência, bem como, pro- movemos momentos de relexão pautados na socialização e aprendizagem desses alunos, sendo esse um fator importante em sua prática pedagógica, uma vez que, é preciso respeitar as limitações de nossos alunos. Entendemos que as crianças ou jovens que apresentam essas deiciências precisam estar inseridos nas aulas de Educação Física, uma vez que, essa ação contribuirá não somente para o desenvolvimento e aprendizagem do aluno, mas também, para conseguir se integrar com os colegas de forma dinâmica. Para tan- to, mais uma vez, destacamos a importância do professor de Educação Física na promoção de momentos ricos de inclusão e aprendizagem. Encerramos esta unidade tendo a perspectiva de que você tenha compreendi- do que as aulas de Educação Física escolar são uma ferramenta de inclusão social e de respeito às diferenças. Espero que os assuntos abordados nesta unidade per- mitam a você maior domínio e segurança no desenvolvimento de um trabalho inclusivo no ambiente escolar e que você tenha compreendido que a inclusão de alunos com deiciência nas aulas de Educação Física é seu dever. 133 considerações inais 1. A capacidade visual ocupa uma posição primor- dial no que se refere à percepção e integração de formas, tamanhos, cores e imagens. Consideran- do os diversos pontos destacados em nosso ma- terial de estudo sobre deiciência visual, analise as airmativas abaixo: I - As informações tátil, auditiva, sinestésica e olfativa são mais desenvolvidas pelas pes- soas cegas. II - A cegueira é caracterizada pela alteração grave ou total de uma ou mais das fun- ções elementares da visão. III - A baixa visão é compreendida pela redu- ção do rol de informações visuais que o indivíduo recebe do ambiente de forma restrita. É correto o que se airma em: a) I, II, apenas. b) I, apenas. c) I, III, apenas. d) II, III, apenas. e) I, II, III, apenas. 2. Nesta unidade, ixamos nossos estudos de ma- neira especíica nas deiciências intelectual e visual. Desenvolvemos diversas atividades pe- dagógicas que atenderam às especiicidades de ambas as deiciências. Considerando os assuntosabordados nesta unidade, avalie as airmações a seguir com V para verdadeiras e F para falsas: I - Atividades que estimulam o tempo de re- ação, o ritmo e a agilidade são fundamen- tais nas aulas de Educação Física para o estímulo do aluno deiciente intelectual. II - Atividades que estimulam a percepção espacial são fundamentais nas aulas de Educação Física para o estímulo do aluno deiciente visual. III - Atividades que estimulam o controle de força e o equilíbrio são fundamentais nas aulas de Educação Física para o estímulo do aluno deiciente intelectual. As airmações I, II e III são, respectivamente: a) F; V; F. b) V; F; F. c) F; V; V. d) V; V; V. e) V; V; F. 3. Gimenez (2013) aponta que o aluno com deici- ência intelectual poderá apresentar problemas de atenção e apatia para aprender, problemas de co- municação e de linguagem e problemas generali- zados de compreensão de conceitos. Sobre os res- pectivos problemas, analise as airmativas abaixo: I - Problemas de atenção são evidenciados em alunos com deiciência intelectual, os quais são ousados e acabam explorando mais o ambiente quando comparados aos demais alunos. considerações inais 134 atividades de estudo II - Problemas de comunicação e de lingua- gem: podem apresentar vocabulário res- trito e diiculdade em se comunicar. III - Problemas generalizados de compreen- são de conceitos: a pessoa com deiciên- cia intelectual apresenta diiculdade em compreender conceitos e estabelecer re- lações entre fatos e eventos, entre outras questões. IV - Problemas de apatia são evidenciados em alunos com deiciência intelectual, os quais são menos ousados e acabam ex- plorando menos o ambiente quando com- parados aos demais alunos. É correto o que se airma em: a) I, II, apenas. b) I, III, IV, apenas. c) III, IV, apenas. d) II, III, IV, apenas. e) I, II, III, IV. 4. Em nosso material didático, estudamos sobre as salas de recursos multifuncionais que pres- tam atendimento educacional especializado para diferentes deiciências. Dentre elas, a Sala de Recurso Multifuncional Tipo II destina-se ao atendimento de pessoas cegas e com baixa vi- são. Sobre as características dessa sala, avalie as airmações a seguir com V para verdadeiras e F para falsas: I - Poderão frequentar essas salas alunos cegos, de baixa visão ou outros acometi- mentos visuais, a partir de seis anos, regu- larmente matriculados na Educação Bási- ca e/ou outras modalidades. II - As Salas de Recursos Multifuncionais Tipo II poderão se estabelecer em escola da rede pública, instituições comunitárias ou ilantrópicas sem ins lucrativos, convenia- das com a Secretaria de Educação. III - Para atuar nas salas de Recursos Mul- tifuncionais Tipo II, basta o proissional apresentar formação em qualquer curso de graduação, seja na licenciatura ou em demais áreas do conhecimento. As airmações I, II e III são, respectivamente: a) F; V; F. b) V; F; F. c) V; V; F. d) F; F; V. e) F; V; V. 5. Em alguns momentos, a agressividade e o afasta- mento do grupo serão características de alunos com deiciência intelectual da rede regular de en- sino. Essas reações ocorrem porque o aluno sente medo de fracassar e, ao mesmo tempo, apresenta grande expectativa de sucesso nas ações solicita- das pelo professor. Diante disso, descreva como deve ser a postura do professor de Educação Física. 139 referências gabarito GIMENEZ, R. Atividade Física e Deiciência Intelectual. In: GREGUOL, M.; COSTA, R. F. Atividade Física Adaptada: Qualidade de Vida para Pessoas com Necessidades Especiais. 3. ed. Editora Manole Ltda, 2013. RAFAEL LOPES, M. C.; VASCONCELOS MIRANDA, M. G. Desenvolvimento Psicomotor na Infância. Maringá: UniCesumar, 2018. 152 p. SÁ, E. D.; CAMPOS, I. M. C.; SILVA, M. B. C. SEESP, SEED, MEC. Atendimento Educacional Especializado: Deiciência visual. Formação continuada a distân- cia. Brasília, 2007. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/ aee_dv.pdf>. Acesso em: 23 maio 2018. Referência on-line: 1 Em: <http://www.paratleta.com.br/deicientes-intelectuais>. Acesso: 23 maio 2018. 1. E. 2. D. 3. D. 4. C. 5. É importante que o professor de Educação Física elogie o aluno, com o obje- tivo de estimular sua autoconiança e diminuir sua ansiedade, não privilegie nenhum aluno, assim como não aplique atividades que não são possíveis de serem realizadas por todos. INTRODUÇÃO A o longo da história, o esporte adaptado percorreu caminhos importantes para se estruturar no que hoje conhecemos como Jogos Paralímpicos. Nossa quinta unidade tem como objetivo estudar a origem dos jogos paralímpicos e sua fundamental relevância para as pessoas com diversos tipos de deiciência. Isso porque, no decorrer de nossos estudos, observaremos que os jogos paralímpicos apresentam diversas modalidades para diferentes deiciências, como: in- telectual, motora e visual. Diante disso, iremos conhecer as características das 22 modalidades adaptadas que atualmente estão presentes nas para- limpíadas, assim como, suas categorias e classiicações. Sobre essa temá- tica, também estudaremos como se dá a implantação dessas modalidades dentro das escolas. Entender como ocorre a inserção de pessoas com variadas deici- ências no esporte adaptado é extremamente relevante, pois, além de ser uma forma de reabilitação para os atletas, proporciona um grande sentimento de superação e inclusão no esporte de alto rendimento. A partir desse conhecimento, você, poderá reletir sobre as possibilidades de adaptação em suas aulas, a im de incentivar a prática de esportes para todos os alunos, respeitando suas limitações e instigando suas po- tencialidades. Os assuntos abordados nesta unidade proporcionarão a você, futu- ro professor de Educação Física, maior compreensão do conteúdo e, por consequência, maior aplicabilidade dos esportes adaptados em sua esco- la, com o intuito de incluir os alunos com deiciência em pequenas com- petições esportivas. Além disso, você também conhecerá os principais objetivos e características das paralimpíadas escolares e compreenderá sua organização em âmbito municipal, estadual e federal. Vamos ao trabalho! 146 EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA O esporte adaptado chegou no Brasil no inal da dé- cada de 50, por meio de Robson de Almeida e Sérgio Del Grande, quando retornaram dos Estados Unidos após vivenciarem o esporte adaptado. Em 1958, em São Paulo, Sérgio Del Grande fundou o Clube dos Paraplégicos e, no mesmo ano, Robson de Almeida fundou, no Rio de Janeiro, o Clube do Otimismo. A primeira participação internacional brasileira foi na modalidade de basquetebol sobre rodas nos 2º Jogos Pan Americanos da Argentina, em 1969. A primeira participação de atletas brasileiros nos Jogos Paralímpi- cos foi em 1972, na IV Paralimpíada da Alemanha, na modalidade de bocha (GORGATTI; COSTA, 2008). O esporte adaptado atribui sentido à vida de vários atletas, além disso, desempenha a função de incluir a percepção de competência e identi- dade pessoal como atleta e não como deiciente físico. Atualmente, o esporte para esta população caminha para o alto rendimento e o nível técnico dos atletas impressiona cada vez mais o público e os estudiosos da área de Educação Física (GOR- GATTI; COSTA, 2008). Sendo assim, convido você a, partir de agora, a conhecer os esportes adaptados mais conhecidos no âmbito interna- cional! Caracterização dos Esportes Paralímpicos Adaptados EDUCAÇÃO FÍSICA 147 MODALIDADES Atualmente, os Jogos Paralímpicos apresentam 22 modalidades com diversas categorias para a parti- cipação de pessoas com variadas deiciências, como visual, física e intelectual. Entre elas estão pessoas com sequelas de poliomielite, de traumatismo crâ- nio-encefálico, de acidentes vasculares cerebrais, doenças congênitas, pessoas com baixa visão ou ce- gueira total e diversas outras deiciências compreen- didas desde onascimento ou desenvolvidas ao longo do tempo. Atletismo O atletismo paralímpico, assim como o olímpico, apresenta modalidades de pista, rua e campo, com provas de corrida, saltos, lançamentos e arremessos. Atualmente, é o esporte com maior número de cate- gorias e participantes nos Jogos Paralímpicos. Sua classiicação funcional ocorre da seguinte forma: para provas de pista, utiliza-se a letra T, e para as provas de campo, utiliza-se a letra F, confor- me a Tabela 1, logo abaixo. CLASSES ATLETAS F11 a F13/T11 a T13 Deiciência visual. T11 Deiciência visual. O atleta corre ao lado do atleta-guia e usa o cordão de ligação. No salto em distância, é auxiliado por um apoio. T12 Deiciência visual. O atleta necessita de um atleta-guia e apoio no salto é opcional. T13 Deiciência visual. Caracteriza-se pela ausência de atleta-guia e de apoio no salto. F20 / T20 Deiciência intelectual. F31 a F38 / T31 a T38 Deiciência motora. Paralisados cerebrais cadeirantes e andantes. F40 a F41 Deiciência motora. Para atletas anões. F42 a F46/T42 a T46 Deiciência motora. Destinadas a amputados ou deiciência nos membros superiores ou inferiores. F51 a F57/T51 a T54 Deiciência motora. Compreendidas pelas competições em cadeiras de rodas (seque- las de lesão medular, poliomielite, amputações). Tabela 1 - Classiicação Funcional 1 Fonte: a autora. 148 EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA O atletismo apresenta provas para atletas com dei- ciência física, visual e intelectual, composta por pro- vas destinadas ao gênero feminino e masculino. provas destinadas ao gênero feminino e mascu- lino (COMITÊ PARALÍMPICO BRASILEIRO, [2018], on-line)4. O Brasil já conquistou 142 medalhas no Atle- tismo em Jogos Paralímpicos: 40 de ouro, 61 de prata e 41 de bronze, sendo a modalidade que apresenta maior número de medalhas. A natação é a segunda modalidade com maior número de medalhas, com 102 medalhas em Jogos Paralímpicos, sendo 32 de ouro, 34 de prata e 36 de bronze. Fonte: Comitê Paralímpico Brasileiro ([2018], on-line)3. SAIBA MAIS Basquete em Cadeira de Rodas Como pudemos observar no início desta unidade, o basquete em cadeira de rodas foi um dos pri- meiros esportes adaptados a ser praticado e dis- putado por pessoas com deiciência física. Gran- de parte das regras do basquete olímpico foram preservadas, sendo praticado por usuários de ca- deiras de rodas. Sua categoria é única. O basquete em cadeira de rodas é designado exclusivamente para atletas com deiciência física, composta por Bocha A bocha convencional é um esporte praticado há muitos anos, principalmente por idosos, em clu- bes e associações. As regras da bocha convencional também não se distanciam da bocha adaptada. As principais diferenças se dão pelo posicionamento dos jogadores e o auxílio ou não de instrumentos que possibilitam a execução dos movimentos neces- sários. A bocha olímpica apresenta quatro catego- rias , conforme a Tabela 2 (COMITÊ PARALÍMPI- CO BRASILEIRO, ([2018], on-line)5. CLASSES ATLETAS BC1 Deiciência motora. Opção de auxílio de ajudantes. BC2 Deiciência motora: não recebem auxílio. BC3 Deiciência motora. Utilizam instrumento auxiliar e/ou ajuda de outra pessoa (para deiciência severa). BC4 Deiciência motora. Não recebem auxílio (para deiciência severa). Tabela 2 - Classiicação Funcional 2 Fonte: a autora. EDUCAÇÃO FÍSICA 149 A bocha é designada exclusivamente para pessoas com deiciência física, composta por provas destina- das ao gênero feminino e masculino. Esgrima em Cadeira de Rodas A esgrima paralímpica também apresenta a maior parte das regras da esgrima olímpica; a diferença mais relevante é o posicionamento dos atletas, destinado apenas para usuários de cadeiras de rodas. A esgrima exibe três categorias, Classe A, B e C (Tabela 5). CLASSE ATLETA Classe A Deiciência motora. Para atletas com mobi- lidade no tronco (amputados ou limitação nos movimentos). Classe B Deiciência motora. Para atletas com me-nor mobilidade no tronco e equilíbrio. Classe C Deiciência motora. Para atletas com tetra- plegia com comprometimento de mãos, braços e tronco. Tabela 5 - Classiicação Funcional 5 Fonte: a autora. Canoagem A canoagem é designada exclusivamente para pessoas com deiciência física, composta por provas destinadas ao gênero feminino e masculino. Conforme destaca o Comitê Paralímpico Brasileiro, a canoagem é dividida em três categorias KL1, KL2 e KL3 (Tabela 3) CLASSES ATLETAS KL1 Deiciência motora. Classe em que o atleta usa somente os braços na remada. KL2 Deiciência motora. Classe em que o atleta usa tronco e braços na remada. KL3 Deiciência motora. O atleta usa tronco, braços e pernas. Tabela 3 - Classiicação Funcional 3 Fonte: a autora. Ciclismo O ciclismo apresenta provas para atletas com deici- ência física, visual e paralisia cerebral. Ele é composto por provas destinadas ao gênero feminino e masculi- no (COMITÊ PARALÍMPICO BRASILEIRO, [2018], on-line)6. O ciclismo é dividido em quatro categorias, conforme consta na Tabela 4. CLASSE ATLETA H1 a H5 Deiciência motora. O atleta impulsiona a bi-cicleta adaptada com os braços (handbike). T1 e T2 Deiciência motora. Para atletas paralisa-dos cerebrais (utilizam um triciclo). C1 a C5 Deiciência motora. Para atletas com dei- ciência físico-motora e amputados (atletas competem em bicicletas convencionais). Tandem Deiciência visual. Para atletas deicientes visuais (bicicleta apresenta dois lugares). Tabela 4 - Classiicação Funcional 4 Fonte: a autora. 150 EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA Perceba que, apesar de contar apenas com usu- ários de cadeiras de rodas, é levado em consi- deração a mobilidade e comprometimento dos membros superiores (COMITÊ PARALÍMPICO BRASILEIRO, [2018], on-line)7. A modalidade é designada exclusivamente para pessoas com dei- ciência física, composta por provas destinadas ao gênero feminino e masculino. Futebol de Sete O futebol de sete apresenta apenas uma catego- ria, contudo, cada time deverá ter em sua equipe, no máximo, um atleta menos comprometido e, no mínimo, um atleta mais comprometido, sendo, no total, sete atletas em campo. O futebol de sete é des- tinado somente para atletas com paralisia cerebral do gênero masculino com sequelas de traumatismo crânio-encefálico ou de acidentes vasculares cere- brais (COMITÊ PARALÍMPICO BRASILEIRO, [2018], on-line)9. Nos Jogos Paralímpicos, existem duas modalidades de futebol, uma destinada somente para atletas com deiciência visual e outra apenas para atletas com paralisia cerebral. Vamos conhecê-las? Futebol de Cinco Esporte exclusivamente para atletas cegos ou com baixa visão. O futebol de cinco apresenta três cate- gorias, B1, B2 e B3, no entanto, nos Jogos Paralím- picos, participa apenas a categoria B1, composta por atletas cegos totais ou com percepção de luz, sendo, no total, cinco atletas em campo. Todos os atletas precisam usar uma venda para os olhos, durante a partida, visto que nenhuma faixa de luz poderá ser identiicada. O futebol de cinco é destinado exclusi- vamente para pessoas com deiciência visual do gê- nero masculino (COMITÊ PARALÍMPICO BRASI- LEIRO, [2018], on-line)8. EDUCAÇÃO FÍSICA 151 Goalball O Goalball é um esporte que se destaca nos Jogos Pa- ralímpicos, mas você sabe o porquê? De acordo com o Comitê Paralímpico Brasileiro, o Goalball foi criado exclusivamente para atletas cegos ou com baixa visão. Como você pode notar, essa é a primeira modalida- de adaptada que trabalhamos que não se originou de uma modalidade já existente, ou seja, ela foi criada es- pecialmente para esse público. Esse esporte apresenta três categorias, B1, B2 e B3 (Tabela 6) CLASSE ATLETA B1 Deiciência visual. Para atletas cegos totais ou com percepção de luz. B2 Deiciência visual. Para atletas com per- cepção de vultos. B3 Deiciência visual. Para atletas que con- seguem deinir imagens. Tabela 6 - ClassiicaçãoFuncional 6 Fonte: a autora. O Goalball é exclusivamente para atletas com dei- ciência visual, composta por provas destinadas ao gênero feminino e masculino. Halteroilismo De acordo com o Comitê Paralímpico Brasileiro, o halteroilismo é caracterizado pelo movimento chamado supino, deitado em um banco. Durante a disputa, as tentativas de levantamento de peso rea- lizada pelos atletas são avaliadas por três árbitros. Dentro desse contexto, a bandeira branca valida o movimento e a vermelha caracteriza o movimento como inválido. Cada atleta possui três tentativas de movimento. Para que esses movimentos sejam con- siderados, o atleta precisa ter, pelo menos, duas ban- deiras brancas, as quais se considera o maior peso levantado entre as três tentativas. Os atletas competem em categorias de acordo com o peso corporal, assim como na versão olímpi- ca. A modalidade é designada para atletas com de- iciência física (deiciência nos membros inferiores, amputados, lesionados medulares) e paralisados ce- rebrais, composta por provas destinadas ao gênero feminino e masculino. 152 EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA Hipismo Os atletas (cavaleiros) são subdivididos em categoria de acordo com a sua deiciência e avaliados pela sua capacidade ou habilidade com o cavalo. O hipismo apresenta cinco classes: Grau IA, Grau IB, Grau II, Grau III, Grau IV. O grau de deiciência varia de IA, mais severa, ao IV, menos severa. O hipismo é desig- nado para atletas com deiciência física, visual e in- telectual, composto por provas destinadas ao gênero feminino e masculino. Judô O judô também se assemelha com a regras uti- lizadas pelo judô olímpico, apresentando apenas pequenas modiicações. A principal diferença é que, no judô paralímpico, os atletas iniciam a luta já em contato com o quimono do oponente. Vale destacar que sempre que os atletas perde- rem o contato, a luta é interrompida. Os atletas são divididos em categorias de acordo com o peso corporal e gênero (COMITÊ PARALÍMPICO BRASILEIRO, [2018], on-line)10. A modalidade apresenta as mesmas três categorias para deicien- tes visuais do futebol de cinco e do Goalball. O judô é designado exclusivamente para atletas com deiciência visual, composto por provas destina- das ao gênero feminino e masculino. Natação O Comitê Paralímpico brasileiro ressalta que a nata- ção, assim como o atletismo paralímpico, é um dos esportes que o Brasil mais se destaca nas competições. A modalidade se diferencia também por apresentar categorias para diversas deiciências, sendo elas: CLASSE ATLETA 1 a 10 Deiciência motora. 11 a 13 Deiciência visual. 14 Deiciência Intelectual. Tabela 7 - Classiicação Funcional 7 Fonte: a autora. A natação é designada para atletas com deiciência visual, física e intelectual, composta por provas des- tinadas ao gênero feminino e masculino. O atleta paralímpico de natação é submeti- do a uma análise criteriosa em relação aos resíduos musculares por meio de testes de força muscular, mobilidade articular e testes motores (realizados dentro da água). Vale a regra de que, quanto maior a deiciência, menor o número da classe. Fonte: Comitê Paralímpico Brasileiro ([2018], on-line)11. SAIBA MAIS EDUCAÇÃO FÍSICA 153 Remo O remo paralímpico apresenta as principais regras do remo olímpico, no entanto, aplica-se uma caracterís- tica diferente das demais trabalhadas até o momen- to. Você imagina o que pode ser? O remo é uma das poucas modalidades paralímpicas que, além das tra- dicionais categorias feminina e masculina, apresenta a categoria mista, ou seja, homens e mulheres podem competir juntos na mesma equipe! Assim como todas as outras modalidades, os atletas são divididos em classes conforme sua capacidade mo- tora. veja a Tabela 8) O remo é destinado exclusivamente para pessoas com deiciência física (COMITÊ PARA- LÍMPICO BRASILEIRO, [2018], on-line)12. CLASSE ATLETA AS Deiciência motora. TA Deiciência motora. LTA Deiciência motora. Tabela 8 - Classiicação Funcional 8 Fonte: a autora. Rugby em Cadeira de Rodas De acordo com o Comitê Paralímpico Brasileiro, o rugby em cadeira de rodas é similar ao rugby olím- pico, nesse caso, o atleta precisa passar a linha do gol com as duas rodas da cadeira com a bola nas mãos, sendo composta por quatro jogadores por equipe. O rugby é designado exclusivamente para atletas com deiciência física, composto por partidas destinadas ao gênero feminino e masculino. Tênis de Mesa Assim como a maioria dos esportes já existentes e que tiveram suas formas adaptadas, o tênis de mesa se apropria dessas regras, na maioria das vezes, so- frendo poucas alterações. O Comitê salienta que o esporte consiste em partidas em uma melhor de cin- co sets, sendo cada um deles disputado até que um dos jogadores atinja onze pontos. O tênis de mesa apresenta categorias, sendo elas: CLASSE ATLETA 1, 2, 3, 4 e 5 Deiciência motora. Cadeirantes. 6, 7, 8, 9 e 10 Deiciência motora. Andantes. 11 Deiciência motora. Andantes com deiciência intelectual. Tabela 8 - Classiicação Funcional 8 Fonte: a autora. O tênis de mesa é designado para atletas com deici- ência física e paralisia cerebral, composto por provas destinadas ao gênero feminino e masculino. 154 EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA Tênis de Cadeira de Rodas As regras do tênis convencional são muito seme- lhantes com o tênis de cadeira de rodas, contudo, a principal diferença é que a bola pode quicar duas ve- zes no chão antes de ser rebatida. Segundo o Comitê Paralímpico, o tênis de cadeira de rodas apresenta duas classes, conforme a Tabela 10, abaixo. CLASSE ATLETA Open ou Aberta Deiciência motora. Para atletas com alguma deiciência nos mem- bros inferiores. Quad ou Tetra Deiciência motora. Para atletas com deiciência em três ou mais extremidades no corpo. Tabela 10 - Classiicação Funcional 10 Fonte: a autora. O tênis de cadeira de rodas é exclusivamente prati- cado por atletas com deiciência física e paralisia ce- rebral, composto por partidas destinadas ao gênero feminino e masculino. Tiro com Arco No tiro com arco, os atletas são divididos em três classes (Tabela 11), que se diferenciam pelas capa- cidades do atleta de icar em pé e/ou de locomoção nos braços e tronco. O tiro com arco é exclusiva- mente praticado por atletas com deiciência física e paralisia cerebral, composto por provas destinadas ao gênero feminino e masculino (COMITÊ PARA- LÍMPICO BRASILEIRO, [2018], on-line)13. CLASSE ATLETA Standing ARST Deiciência motora. Para atletas sem deiciência nos braços, mas com deici- ência nas pernas. ARW1 Deiciência motora. Para atletas com deiciência nos braços e nas pernas. ARW2 Deiciência motora. Para atletas com pa-raplegia que utilizam cadeira de rodas. Tabela 11 - Classiicação Funcional 11 Fonte: a autora. Tiro Esportivo O tiro esportivo exige concentração e técnica do atle- ta. O comitê ressalta que carabinas e pistolas de ar são utilizadas em provas de dez metros de distância. Para as provas de 25 metros, é utilizada uma pistola de perfuração (pólvora). E nas provas de 50 metros, são utilizadas carabinas de perfuração e pistolas. O tiro esportivo é exclusivamente praticado por atletas com deiciência física e paralisia cerebral do gênero mas- culino. O tiro esportivo apresenta duas categorias: CLASSE ATLETA SH1 Deiciência motora. Para atletas que con-seguem segurar suas armas. SH2 Deiciência motora. Para atletas que não con-seguem segurá-las e necessitam de suporte. Tabela 12 - Classiicação Funcional 12 Fonte: a autora. EDUCAÇÃO FÍSICA 155 Triatlo De acordo com o Comitê Paralímpico Brasileiro, o triatlo é composto por 750 m de natação, 20 km de ci- clismo e 5 km de corrida. Suas categorias são subdivi- didas de acordo com a capacidade motora dos atletas. (Tabela 13) CLASSE ATLETA PTHC Deiciência motora. Para triatletas usuários de cadeiras de rodas. PTS2, PTS3, PTS4e PTS5 Deiciência intelectual. Para triatletas com deiciências físico-motoras e paralisia cerebral andantes. PTVI Deiciência visual. Para triatletas cegos. Tabela 13 - Classiicação Funcional 13 Fonte: a autora. O triatlo é designado para atletas com deiciência físi- ca, deiciência visual e paralisia cerebral, composto por provas destinadas para o gênero feminino e masculino. cia física e é composta por provas mistas, feminina e masculina (COMITÊ PARALÍMPICO BRASILEIRO, [2018], on-line)14. CLASSE ATLETA 2.4mR Deiciência motora. SKUD18 Deiciência motora. SONAR Deiciência motora. Tabela 14 - Classiicação Funcional 14 Fonte: a autora. Voleibol Sentado Inspirado no voleibol convencional, o voleibol senta- do apresenta uma única categoria, em que todos os jogadores icam sentados na quadra. A quadra e a rede possuem tamanhos menores. O Comitê Paralímpico Brasileiro aponta que os jogadores são classiicados de acordo com o grau de limitação física. Na classe A9, es- tão os atletas amputados e com problemas locomotores mais acentuados. A classe A2, por sua vez, é compos- ta por atletas com deiciências quase imperceptíveis, como problemas de articulações leves ou pequenas amputações nos membros. Cada equipe só pode con- tar com dois jogadores da classe A2 no time. E os dois não podem estar em quadra ao mesmo tempo. Vela A modalidade exige domínio sobre correntes aquá- ticas, habilidade e estratégia, acima de tudo, de mu- danças de vento. A vela é disputada em três categorias (Tabela 14), todas sem divisão por gênero, ou seja, ho- mens e mulheres velejam sempre juntos, todos dividi- dos de acordo com o comprometimento motor. A vela é destinada exclusivamente para pessoas com deiciên- 156 EDUCAÇÃO FÍSICA INCLUSIVA O voleibol sentado é destinado exclusivamente para pessoas com deiciência física, composto por provas destinadas para o gênero masculino e feminino. Mas não para por aí! Nos Jogos Paralímpicos de Tóquio, em 2020, mais modalidades serão inseridas e farão parte oicialmente da competição, sendo elas: o Parabadminton e o Parataekwondo e os esportes de inverno: Esqui cross-country, Snowboard, Esqui alpino, Biatlo, Hóquei no gelo e Curling em cadeira de rodas! sonoras, como a larga no atletismo e na natação, a arbitragem do futebol, dentre tantas outras moda- lidades. Por esse motivo, desde o ano de 1924, na França, ocorreu a primeira olimpíada destinada ex- clusivamente a atletas surdos, nomeada como, “Jo- gos Internacionais Silenciosos”. Atualmente conhe- cida como Surdolimpíadas, que ocorre a cada quatro anos, assim como as Paralimpíadas (CONFEDERA- ÇÃO BRASILEIRA DE DESPORTO DE SURDOS, [2018], on-line)16. Sarmento (2013) menciona que o esporte surdo é um artefato cultural de grande importância para as pessoas com deiciência auditiva. As práticas de esportes por pessoas surdas datam de desde o sécu- lo XIX com o primeiro clube de futebol surdo do mundo, o Glasgow DF no Reino Unido, a associação Sports Club for the Deaf de 1888, em Berlim, e o primeiro clube desportivo para surdos na França, o Club Cycliste des Sourds-Muets, de 1899. No Brasil, de acordo com Monteiro (2006), as associações desportivas tiveram sua origem no Grê- mio Esportivo, fundado em 1930, no Instituto Na- cional de Educação de Surdos (INES). Após esse período, é possível observar o surgimento de outras associações e que se perduram até os dias atuais. A Confederação Brasileira de Desporto de Surdos participou pela primeira vez das Surdolimpíadas em 1993, em Soia, Bulgária. Já em 2013, houve a maior participação da Delegação Surdolímpica Brasileira, em que participaram 19 surdoatletas. Nesta edição, o Brasil conquistou quatro medalhas, sendo três na natação, pelo surdoatleta santista Guilherme Maia, e uma medalha de bronze no karatê, conquistada pelo surdoatleta Heron Rodrigues. No entanto, atu- almente, o maior entrave para que os Jogos para sur- dos se amplie é a falta de apoio inanceiro. Os cinco atletas brasileiros com maior número de medalhas em Jogos Paralímpicos são: Da- niel Dias (Natação, vinte e quatro medalhas); André Brasil (Natação, quatorze medalhas); Clodoaldo Silva (Natação, quatorze medalhas); Ádria Rocha Santos (Atletismo, treze meda- lhas) e Luiz Cláudio Pereira (Atletismo, nove medalhas). Fonte: Comitê Paralímpico Brasileiro([2018], on-line)15. SAIBA MAIS Neste momento, você deve estar se perguntando: “por que os deicientes auditivos não participam das Paralimpíadas?” O atleta surdo não é compreendido como um indivíduo que apresente grandes diicul- dades em praticar qualquer desporto quando com- parado às demais deiciências. Sabendo que o atleta surdo não apresenta nenhuma limitação motora, intelectual ou visual, sua participação nas Paralim- píadas não é permitida. Além disso, seria preciso organizar uma nova forma de aplicação dos esportes que não fosse so- nora. Dentro desse contexto, todas as informações e notiicações seriam estritamente visuais, e não mais EDUCAÇÃO FÍSICA 157 158 considerações inais A s lutas históricas para a melhoria da qualidade de vida do deiciente proporcionram a possibilidade de reabilitá-los de maneira prazerosa, por meio do esporte. Nesta unidade, conhecemos a origem do esporte paralímpico e, por consequência, os Jogos Paralímpicos. Esse conheci- mento é fundamental para que você, futuro professor, possa estimular a inserção de seus alunos com deiciência nas aulas de Educação Física e possibilitar a práti- ca do esporte adaptado dentro de sua escola. Pudemos estudar e compreender quais são as modalidades que compõem os Jogos Paralímpicos e suas principais características enquanto categorias relativas aos tipos de deiciências e gêneros. Certamente a maioria de vocês não sabiam a estreita relação entre os Jogos Paralímpicos e a Segunda Guerra Mundial, trágico acontecimento histórico que deu origem à primeira modalidade adaptada, o bas- quetebol em cadeira de rodas. Algumas curiosidades sobre as modalidades que permitem equipe mistas, as- sim como, a modalidade do goalball — que foi criada exclusivamente para aten- der aos paratletas cegos e com baixa visão — também foram destaques nessa uni- dade. Portanto, nestas relexões, deve icar claro o potencial transformador que o esporte adaptado possui. Para muitos, ele pode ser considerado uma área de menor relevância quando comparado ao esporte olímpico. Contudo, não é isso o que percebemos quando nos aprofundamos em nossos estudos. Atualmente, os Jogos Paralímpicos são o segundo maior evento esportivo do mundo, com um toque especial de emoção e superação! Tendo essa compreensão, espero que essa unidade tenha contribuído para o maior entendimento sobre a origem dos Jogos Paralímpicos e das modalidades adaptadas e inspirado você, futuro professor, a apresentar esse conteúdo a todos os seus alunos, respeitando suas limitações e estimulando suas potencialidades! 159 atividades de estudo 1. A origem dos Jogos Paralímpicos nos chama atenção até os dias atuais por apresentar uma estreita relação com a Segunda Guerra Mundial. Sobre as principais características do surgimen- to dos Jogos Paralímpicos, avalie as airmativas a seguir: I - Os primeiros paratletas a participar dos Jogos Paralímpicos foram os soldados combatentes da Primeira Guerra Mundial. II - Ludwig Guttman organizou os primei- ros jogos internos com o intuito de tor- nar a recuperação dos soldados mais prazerosa. III - Soldados sobreviventes da Segunda Guer- ra Mundial com lesões em membros su- periores e inferiores foram os primeiros a praticar esportes adaptados como pro- cesso de reabilitação. IV - Ludwig Guttman adaptou o basquete de cadeira de rodas e o voleibol sentado para a reabilitação dos sobreviventes da Se- gunda Guerra Mundial. É correto o que se airma em: a) I, II, apenas. b) II, III, IV, apenas. c) III, IV, apenas. d)II, III, apenas. e) I, II, III e IV. 2. Ao longo de nossa quinta e última unidade, pu- demos perceber que, com o passar dos anos, os Jogos Paralímpicos foram ganhando força. Além dos esportes já existentes que foram adaptados, também identiicamos esportes que foram cria- dos especiicamente para as pessoas com deici- ência competirem. Diante do exposto e de posse dos conhecimentos adquiridos, avalie as airmati- vas a seguir: I - As regras do basquetebol em cadeira de rodas são completamente diferentes das regras do basquetebol olímpico. II - O Goalball foi criado exclusivamente para atletas cegos ou com baixa visão. III - As regras do basquetebol e rugby em ca- deira de rodas são muito similares às re- gras olímpicas. É correto o que se airma em: a) I e II apenas. b) II e III apenas. c) III apenas. d) I e III apenas. e) I, II e III, apenas. 3. Os Jogos Paralímpicos apresentam atualmente, 22 modalidades com categorias para a partici- pação de pessoas com variadas deiciências de origem visual, física e intelectual. Diversas dessas deiciências são compreendidas desde o nasci- 160 atividades de estudo mento e outras foram desenvolvidas ao longo do tempo. Sobre as modalidades paralímpicas e suas respectivas provas e categorias, avalie as airmações a seguir como V para verdadeiras e F para falsas: I - As modalidades de natação e atletismo apresentam categorias distintas para pessoas com deiciência intelectual, visu- al e motora. II - As modalidades de judô e goalball são praticados exclusivamente por paratletas com deiciência visual. III - As modalidades de basquetebol em cadei- ras de rodas e voleibol sentado apresen- tam categorias distintas para pessoas com deiciência intelectual e motora. IV - As modalidades de esgrima em cadeira de rodas e hipismo apresentam categorias distintas para pessoas com deiciência in- telectual, visual e motora. As airmações I, II, III e IV são, respectivamente: a) F; F; F; V. b) V; F; V; F. c) F; F; V; F. d) V; V; F; F. e) F; V; F; F. 4. Além das inúmeras modalidades e classes dis- tintas que o esporte paralímpico apresenta, também pudemos observar uma singularidade quando comparado ao esporte olímpico, sendo ela a possibilidade de competir em equipes es- tritamente femininas, masculinas e mistas. Sobre essa temática, avalie as airmações a seguir como V para verdadeiras e F para falsas: I - O tiro esportivo é praticado exclusivamen- te por paratletas do gênero feminino. II - As modalidades de remo e vela apresen- tam categorias distintas para os gêneros feminino, masculino e misto. III - O futebol de cinco e de sete são pratica- dos exclusivamente por paratletas do gê- nero masculino. IV - As modalidades de hipismo e halteroilis- mo apresentam categorias distintas para os gêneros feminino e masculino. As airmações I, II, III e IV são, respectivamente: a) F; V; V; V. b) F; F; F; V. c) V; F; V; F. d) F; F; V; F. e) V; V; V; V. 5. As Paralimpíadas Escolares são jogos voltados a alunos com deiciência física, visual e intelectual. Por meio das atividades desportivas, crianças e jovens constroem seus valores, seus conceitos, socializam-se e, principalmente, vivem as realida- des. Diante dessa perspectiva, destaque os obje- tivos e benefícios da aplicação de jogos escolares paralímpicos. 164 referências BRAZUNA, M.; CASTRO, E. A trajetória do atleta portador de deiciência física no esporte adaptado de rendimento: Uma revisão da literatura. Motriz, v. 7, n. 2, p. 115-123, jul./dez. 2001. Disponível: em: <http://www.rc.unesp.br/ib/efisica/motriz/07n2/ Brazuna.pdf>. Acesso em: 24 maio 2018. GORGATTI, M. G.; COSTA, R. F. Atividade Física Adaptada: qualidade de vida para pessoas com ne- cessidades especiais. 2. ed. Barueri: Manole, 2008. Referências on-line: 1 Em: <https://www.deicienteciente.com.br/ori- gem-dos-jogos-paraolimpicos.html>. Acesso em: 24 maio 2018. 2 Em: <http://wellingtonlucena.blogspot.com. br/2012/08/historia-dos-jogos-paralimpicos. html>. Acesso em: 24 maio 2018. 3 Em: <http://www.cpb.org.br/modalidades-visua- lizacao/-/asset_publisher/4O6JOgZOhDhG/con- tent/id/22633>. Acesso em: 24 maio 2018. 4 Em: <http://www.cpb.org.br/modalidades-visua- lizacao/-/asset_publisher/4O6JOgZOhDhG/con- tent/id/22670>. Acesso em: 24 maio 2018. 5 Em: <http://www.cpb.org.br/modalidades/bo- cha>. Acesso em: 24 maio 2018. 6 Em: <http://www.cpb.org.br/modalidades/ciclis- mo>. Acesso em: 24 maio 2018. 7 Em: <http://www.cpb.org.br/modalidades-visua- lizacao/-/asset_publisher/4O6JOgZOhDhG/con- tent/id/22711>. Acesso em: 24 maio 2018. 8 Em: <http://www.cpb.org.br/modalidades/fute- bol-de-5>. Acesso em: 24 maio 2018. 9 Em: <http://www.cpb.org.br/modalidades/fute- bol-de-7>. Acesso em: 24 maio 2018. 10 Em: <http://www.cpb.org.br/modalidades/judo>. Acesso em: 24 maio 2018. 11 Em:<http://www.cpb.org.br/modalidadesvisua- lizacao//asset_publisher/4O6JOgZOhDhG/con- tent/id/22765>. Acesso em: 24 maio 2018. 12 Em: <http://www.cpb.org.br/modalidades-visua- lizacao/-/asset_publisher/4O6JOgZOhDhG/con- tent/id/22783>. Acesso em: 24 maio 2018. 13 Em: <http://www.cpb.org.br/modalidades-visua- lizacao/-/asset_publisher/4O6JOgZOhDhG/con- tent/id/22819>. Acesso em: 24 maio 2018. 14 Em: <http://www.cpb.org.br/modalidades-visua- lizacao/-/asset_publisher/4O6JOgZOhDhG/con- tent/id/22846>. Acesso em: 24 maio 2018. 15 Em: <http://www.cpb.org.br/web/guest/medalhis- tas>. Acesso em: 24 maio 2018. 16 Em: <http://cbds.org.br>. Acesso em: 24 maio 2018. 17 Em: <http://www.cpb.org.br/documents/20181/53765/ Regulamento+Paralimpiadas+Escolares+2017+-+O- FICIAL.pdf/e8e14c6a-0b15-41b6-8bae-c93a457c- d3be>. Acesso em: 24 maio 2018. MONTEIRO, M. S. História dos movimentos dos surdos e o reconhecimento da Libras no Brasil. ETD – Educação Temática Digital, Campinas, v. 7, n. 2, p. 292-302, jun. 2006. SARMENTO, F. Os surdos no desporto. In: CO- ELHO, O.; KLEIN, M. (coords.). Cartograias da surdez: comunidades, línguas, práticas e pedagogia. Porto: Livpsic, 2013. 165 gabarito 1. D. 2. B. 3. D. 4. A. 5. Por meio das atividades desportivas, crianças e jovens constroem seus valores, seus conceitos, socializam-se e, principalmente, vivem as reali- dades. As Paralimpíadas Escolares têm por objetivo estimular a partici- pação dos estudantes com deiciência em atividades esportivas de todas as escolas do território nacional, promovendo ampla mobilização em torno do esporte. conclusão geral Chegamos ao inal de mais uma etapa da sua jorna- da, espero que você possa ter compreendido o papel relevante que a Educação Física ocupa na inclusão de alunos com deiciência. Meu desejo é que as re- lexões propostas neste material tenham contribuído para seu enriquecimento pessoal e proissional e ins- tigado a continuar suas leituras sobre essa temática. Além disso, vimos a importância do comprometi- mento e dedicação do professor para a ação docente, assim como a relevância de como este deverá se por- tar para acolher o aluno da melhor forma possível em suas aulas. O melhor lugar para promover a inclusão de crianças e jovens com deiciência é na escola, pois a partir do exemplo dos professores de Educação Física e de todo o corpo docente é que as demais crianças passarão a entender que conviver com a deiciência é algo normal e proporcionar-lhes a sensação de ser parte integrante da escola é funda- mental. Como você pode perceber, o planejamento das aulas de educação física deverá levar sempre em consideração qual o tipo de deiciência que seu aluno apresenta, assim como suas potencialidades e limitações para que suas aulas proporcione uma educação física de qualidade, que atenda às singu- laridades dos alunos. Caro(a) aluno(a), as diversas atividades apre- sentadas neste material poderão ser aplicadas em suas aulas, no entanto, o assunto não se esgota. An- seio que você seja persistente em suas aulas e que a cada diiculdade proissionalencontrada tenha pos- sibilidade de reinventar e retomar os seus estudos, a im de possibilitar a participação de alunos com de- iciência nas aulas de Educação Física diariamente. Ainal de contas, estamos trabalhando com alunos que anseiam ser tratados como qualquer outro que não apresenta deiciência. Isso é o mais importante no seu papel como professor(a) e é um direito do aluno. Persista! Abraços, Professora Me. Naline .