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Pedagogia_e_Escolarização_no_Hospital_RANIEL (1)

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Prévia do material em texto

UNICOIMBRA 
CIRCULAÇÃO INTERNA 
PEDAGOGIA E 
ESCOLARIZAÇÃO NO 
HOSPITAL 
 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Qual escola cabe em um 
hospital?” 
 
Alessandra Barros 
 
3 
SUMÁRIO 
Introdução, 04 
 
CAPÍTULO I – A escola da Criança- Doente, 05 
Atividades de Aprendizagem/Questões para reflexão, 11 
 
CAPÍTULO II - Uma prática pedagógica em ambiente hospitalar na rede pública do Estado do Paraná, 13 
Atividades de Aprendizagem/Questões para reflexão, 19 
Atividades aplicadas: prática, 20 
 
CAPÍTULO III – Pediatria de Queimados: um diálogo entre a pedagogia e a o hospital, 22 
Atividades de Aprendizagem/Questões para reflexão, 31 
 
CAPÍTULO IV- Relato de trabalho pedagógico em uma Pediatria de Queimados, 33 
Atividades de Aprendizagem/Questões para reflexão, 56 
Atividades aplicadas: prática, 56 
 
Considerações finais, 58 
 
Bibliografia comentada, 59 
 
Atividades Avaliativas, 60 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“A realidade existe, 
porque primeiro existe 
um sonho”. 
 
Quadrelli Justi 
 
4 
INTRODUÇÃO 
 
Este material é resultado do diálogo - pautado em trabalho, sonhos e realizações na área da pedagogia 
aplicada ao ambiente da saúde - entre três professoras que dedicam seus estudos ao processo educativo da 
criança que precisa se ausentar do convívio familiar, social e escolar para tratar de sua saúde por meio da 
internação hospitalar. 
Dessa forma, pretendemos, com a produção deste material, reunir e discutir conhecimentos voltados à 
educação do escolar hospitalizado e contribuir para o avanço nesse campo. Assim, esperamos que você, caro 
leitor, sirva-se desta ferramenta como um adicional à sua instrumentalização e formação, seja na escola 
oferecida como instituição formal, seja na escola oferecida na informalidade do dia a dia, contexto no qual 
nossas aprendizagens nos cercam de alegria, dor, vida e morte. 
Com a frase da epígrafe, pretendemos estimular, orientar e expandir o pensamento do educador, no 
sentido de incitá-lo a estudar, investigar e criar caminhos, técnicas, métodos, teorias e práticas que venham a 
responder às inúmeras perguntas que hoje caracterizam a escola no ambiente hospitalar. Muito já se fez. 
Muito mais há de se fazer nessa caminhada para garantir um desenvolvimento pleno, sadio e coeso, visto que 
aos poucos nos tornamos atores e autores deste novo saber que se constrói em função do desejo e do trabalho 
de educar crianças hospitalizadas simultaneamente ao tratamento da sua saúde, num eterno mover de sonhos e 
realizações. 
Nessa perspectiva, no primeiro capítulo são apresentados os apontamentos acerca da legislação 
vigente em nosso país relativa ao atendimento escolar hospitalar, bem como da terminologia utilizada no que 
diz respeito ao acompanhamento dos processos de desenvolvimento e de aprendizagem do escolar 
hospitalizado durante seu tratamento médico. Defende-se o emprego do termo escola hospitalar por se tratar 
dos mesmos processos que devem ser observados e trabalhados em qualquer escola. São abordados ainda as-
pectos referentes à dinâmica dessa espécie de atendimento educacional e algumas importantes reflexões que 
devem ser consideradas no âmbito da temática. 
No segundo capítulo é trazida uma amostra do desenvolvimento do trabalho escolar no âmbito da 
saúde no cenário paranaense, precisamente em relação ao Serviço de Atendimento à Rede de Escolarização 
Hospitalar (Sareh) - ligado à Secretaria de Educação do Paraná - na unidade da Associação Paranaense de 
Apoio à Criança com Neoplasia (APACN). 
Por fim, no terceiro e quarto capítulos, é apresentado um relato produzido com base no trabalho 
pedagógico desenvolvido na Pediatria de Queimados de um importante hospital na cidade de Curitiba, 
referência em atendimento à pessoa queimada. A experiência relatada, obtida por meio um “mergulho 
pedagógico” nas necessidades educacionais da criança acometida por grave queimadura. Busca-se apontar, 
por um lado, algumas implicações do trabalho pedagógico no campo da saúde, relacionadas às 
especificidades da prática pedagógica, e, por outro, as condições e as particularidades do ambiente hospitalar. 
Assim, espera-se que as linhas que desenham este material possibilitem que você, leitor, alcance maior 
plenitude em sua condição humana, na busca do saber para além do científico, adquirindo aprendizagens que 
apontem para a educação e a reflexão sobre os desafios que norteiam o trabalho pedagógico no campo da 
saúde. 
 
 
 
 
5 
CAPÍTULO I 
A ESCOLA DA 
 CRIANÇA - DOENTE 
 
Introdução 
Você sabia que a atenção à escolaridade da criança doente, esteja ela hospitalizada ou não, não se 
constitui em uma área nova entre as áreas do conhecimento nem na prática profissional? Mesmo assim, as 
questões referentes ao acompanhamento do ensino de crianças nessa condição são ainda muitíssimo 
desconhecidas pela sociedade em geral e chegam até mesmo a ser negligenciadas pelos setores educacionais e 
de saúde. 
No Brasil, de acordo com estudos sobre a história da educação (Jannuzzi, 1985), há relatos de que, já 
no período colonial, crianças hospitalizadas recebiam atendimento escolar. Mais recentemente, no início do 
século XX, por conta do fortalecimento de estudos voltados especificamente ao entendimento da infância em 
áreas como pediatria e psicologia, a criança passou a ser vista e tratada de acordo com características, 
interesses e necessidades próprios, ou seja, como um indivíduo com peculiaridades. Hoje podemos afirmar: a 
criança é um cidadão de direito (Brasil, 1995). 
O número de escolas hospitalares ainda é pequeno, mas vem aumentando ano após ano, principalmente 
desde a segunda metade da década de 1990 (Fonseca, 1999, 2009). Naquela época, nosso país exercitava-se 
numa perspectiva democrática, o que gerou esse e outros avanços educacionais, assim como ganhos também 
no âmbito social, político etc. Em outras palavras, vencemos um longo período sob ditadura militar, fizemos 
e promulgamos uma nova Constituição (Brasil, 1988), reconhecemos como cidadãos de direito tanto a 
criança quanto o adolescente (Brasil, 1995) e revisamos nossa legislação no âmbito educacional e de 
assistência social, entre outras, com vistas a garantir o novo processo político estabelecido no território 
brasileiro. 
 
Respaldo legal para a escola no hospital 
É importante que você saiba que o direito à educação de qualidade é garantido pela nossa Constituição a 
todos os cidadãos brasileiros, independente de cor, situação socioeconômica, credo, sexo etc. (Brasil, 1988). 
Veja que, no âmbito da legislação educacional, a Lei n° 9.394/1996, que estabelece as diretrizes e bases 
da educação nacional (Brasil, 1996), ratifica o que foi promulgado na Constituição, determinando que a 
criança, mesmo doente ou hospitalizada, tem o direito à escolaridade. Além disso, podemos contar com o 
respaldo da Resolução CNE(Conselho Nacional de Educação)/CEB (Câmara de Educação Básica) n° 02/2001, 
que institui as diretrizes nacionais para a educação especial na educação básica (Brasil, 2001) e trata, no art. 
13, da escolaridade das crianças doentes - hospitalizadas ou em seus domicílios - impossibilitadas de 
frequentar aulas na escola regular. Para atender a esse público, são organizadas as escolas hospitalares, 
decorrentes da ação integrada entre os sistemas de educação e de saúde. 
Especificamente voltado ao atendimento escolar no hospital, podemos contar com o documento Classe 
hospitalar e atendimento pedagógico domiciliar: estratégias e orientações (Brasil, 2002), o qual divulga as 
regras gerais que orientam a escola no ambiente hospitalar no cumprimento de seu papel educacional. 
 
 
 
6 
Terminologia relacionada ao atendimento ao escolar hospitalizado 
 
O atendimento escolar hospitalar diz respeito ao acompanhamento dos processos de desenvolvimento e 
de aprendizagem do escolar hospitalizado durante seu tratamento médico. O MEC (Ministério da Educação) 
denomina essamodalidade de atendimento como classe hospitalar (Brasil, 2002). Por seu lado Fonseca (2003) 
defende o conceito de escola hospitalar, por se tratar dos mesmos processos de desenvolvimento e de 
aprendizagem que devem ser observados e trabalhados em qualquer escola. 
Como as instituições regulares de ensino, a escola no hospital conta com a presença efetiva e 
sistemática de professores concursados ou contratados pela Secretaria de Educação para o 
acompanhamento da escolaridade das crianças em tratamento médico. Cabe ao hospital viabilizar o espaço 
físico para que os professores organizem o ambiente escolar e as atividades pedagógico-educacionais 
sejam desenvolvidas com os alunos adequadamente. 
 
Para não confundirmos a atuação profissional dos interessados nas práticas educacionais no hospital ou nelas engajados 
com as práticas desenvolvidas pelos demais profissionais do ambiente hospitalar, temos de ter clareza quanto ao 
significado das terminologias que defendemos. 
 
Há ainda outros termos ou expressões utilizados como legítimas referências ao trabalho realizado pelo 
professor no ambiente hospitalar. O termo mais comumente observado tanto em publicações quanto em 
apresentações em eventos científicos é pedagogia hospitalar. No caso particular dessa nomenclatura, vincula-
e a atuação do pedagogo a uma série de atividades que não necessariamente seriam atribuições dele. Observe 
que, nesse caso, existem distorções na prática profissional do pedagogo. Mas isso, sabemos, não acontece 
apenas no ambiente hospitalar, ocorre também em outros espaços educacionais (Libâneo, 1998). A pedagogia 
é uma área bastante complexa e por isso existe grande dificuldade na manutenção tanto de um foco central de 
atuação profissional quanto da qualidade mínima nos cursos de formação nessa área específica. Os 
desdobramentos da pedagogia, como empresarial, lúdica, hospitalar, das emoções, da fé, entre outras, não 
parecem fortalecê-la nem melhor qualificá-la como ciência ou área do conhecimento. Para não confundirmos 
a atuação profissional dos interessados nas práticas educacionais no hospital ou nelas engajados com as 
práticas desenvolvidas pelos demais profissionais do ambiente hospitalar, temos de ter clareza quanto ao 
significado das terminologias que defendemos. 
É muito importante que você tenha o respaldo teórico-metodológico adequado para saber como agir 
no ambiente escolar hospitalar. Reforçamos que, segundo o MEC (Brasil, 2002), a atuação de professores em 
hospitais se presta ao acompanhamento dos processos de desenvolvimento e de aprendizagem das crianças e 
jovens hospitalizados e deve acontecer numa classe hospitalar, sendo esta entendida como escola. Perceba 
que parte desses professores (aqueles que lecionam matemática, geografia, ciências e demais disciplinas) não 
têm formação em pedagogia, o que não os impede de atuar em tal modalidade educacional. 
 
Dinâmica do atendimento escolar no ambiente hospitalar 
 
Quando temos oportunidade de vivenciar as rotinas da escola no hospital, constatamos que elas não 
são, de fato, tão diferentes assim do que observamos em qualquer outra escola. A escola no hospital não se 
sustenta se não estiver alicerçada nos interesses e nas necessidades de seu alunado, princípio que deve (ou 
pelo menos deveria) valer para todas as escolas. Infelizmente, sabemos que a escola regular de que dispomos 
hoje perdeu seu papel social e tem, em muito, contribuído para as mazelas que duramente vemos, 
vivenciamos e, por não poucas vezes, enfrentamos em nosso cotidiano. 
É necessário entendermos que, no espaço escolar hospitalar, é possível refletir e aprender sobre uma 
série de questões pertinentes não apenas à escolaridade da criança doente, mas também à qualificação 
profissional do docente, à organização do espaço físico e da dinâmica de funcionamento, ao planejamento e 
 
7 
ao registro do trabalho desenvolvido nessa modalidade de ensino, que se mostra rica de possibilidades para 
que os processos de desenvolvimento e de aprendizagem se aperfeiçoem e o conhecimento se construa. 
Ensinar e aprender só se efetiva se o professor estiver, de fato, atento ao aluno, não é mesmo? Essa 
atenção é essencial para que a aprendizagem tenha significado para a criança, esteja ela hospitalizada ou não. 
E isso quer dizer, em linhas gerais, que não há necessidade de currículos diferenciados para as crianças 
hospitalizadas. Perceba que, mesmo em um ambiente incomum, a escola hospitalar deve seguir o que 
preconiza a legislação educacional brasileira, fazendo as adequações necessárias ao nível de ensino do aluno 
hospitalizado, para que ele seja atendido, repetimos, em suas necessidades e interesses. E pelo não 
cumprimento desses critérios que observamos tanta defasagem entre a grade curricular é as competências e as 
habilidades demonstradas pelo aluno, hospitalizado ou não, qualquer que seja o ano de escolaridade ou nível 
de ensino a que pertença. Ler, escrever e contar são domínios essenciais a qualquer cidadão, 
independentemente de sua condição social, econômica (Freire, 1983) ou mesmo de saúde. Libâneo (1998, p. 
5) bem apresenta a atmosfera que deveria envolver qualquer sala de aula, mas que presenciamos em maior 
proporção quando do encontro do professor e do aluno na escola hospitalar: 
Ao compartilharmos, no dia a dia do ensinar e do aprender; ideias e percepções, 
sentimentos, gestos, atitudes e modos de ação, sempre ressignificados e reelaborados em 
cada um, vamos internalizando conhecimentos, habilidades, experiências, valores, rumo a 
um agir crítico-reflexivo, autônomo, criativo e eficaz,, solidário. Tudo em nome do direito à 
vida e à dignidade de todo o ser humano, do reconhecimento das subjetividades, das 
identidades culturais, de riqueza de uma vida em comum, da justiça e da igualdade social. 
Você pode estar se perguntando quanto à formação desse profissional da educação. As competências e 
as habilidades do professor no ambiente hospitalar, considerando-se que essa escola não é essencialmente tão 
diferente assim de qualquer outra escola, não são tão diversas daquelas necessárias a um professor de 
qualquer outro grupamento escolar. Conhecimentos sobre observação e registro do comportamento e do 
desempenho do aluno, planejamento e avaliação dos objetivos a alcançar por meio das atividades propostas 
são saberes essenciais para a prática pedagógica no ambiente hospitalar. Nesse sentido, o professor aprimora 
seu jeito de documentar o trabalho realizado, respaldando, assim, entre outros aspectos, a validade dessa 
modalidade de atendimento. Essa sistematização gera outras possibilidades de divulgação do trabalho 
realizado, uma vez que propicia ao professor significativas oportunidades de participação em eventos, trocas 
de experiências e publicações, enriquecendo com sua prática a área de atendimento escolar hospitalar. 
O exercício diário de planejamento, observação, registro e reflexão sobre o trabalho realizado com o 
aluno é aquilo de que o professor precisa quando busca aperfeiçoamento em sua atuação profissional. Um 
bom planejamento é como um projeto de pesquisa para uma pós-graduação: ele melhor se estrutura quando, 
concomitantemente à bagagem teórica, o pesquisador tem acesso à realidade de seu campo de pesquisa por 
meio da observação e atuação direta. Como bem disse Freire (1997), o professor é também um pesquisador. 
Tais competências profissionais podem garantir à área de atendimento escolar hospitalar a ocorrência de mais 
e novos estudos e pesquisas (Fonseca, 2001) que ratifiquem a validade do atendimento no que diz respeito 
não apenas à melhoria das condições de saúde da criança, mas, sobretudo, à continuidade de seus estudos 
após a alta hospitalar. 
Quanto mais você tiver consciência e conhecimento das metodologias de ensino e de aprendizagem 
necessárias na sala de aula, melhor você se qualifica em sua atuação profissional, principalmente se estiver 
focado em uma parceria com os alunos (Vygotsky,1978). Em uma escola assim, não haverá conteúdo 
enfadonho, descolado da realidade, inútil. Quando você ensina com prazer, não há utopia e aprender torna-se 
sempre instigante. 
Sabemos que tudo cabe na escola, não é mesmo? A escola é um espaço social importante, para o qual o 
aluno traz suas experiências e no qual convive com os dos demais colegas de turma. Particularmente no 
 
8 
ambiente hospitalar, e com o advento da humanização da assistência, muitas propostas de entretenimento, 
lazer, cultura e até mesmo de qualificação para o trabalho se fazem presentes. Atente para o fato de que essas 
iniciativas são importantes para o paciente e seu acompanhante. Entretanto, é preciso que se tenha consciência 
de que a escola é essencial até mesmo para a criança hospitalizada. Não se trata de estabelecer prioridades, 
mas frisamos que todas essas atividades devem ser organizadas considerando-se as necessidades educacionais 
da criança. Não são poucas as vezes em que os professores da escola hospitalar aproveitam situações ocorridas 
em eventos de música, teatro (realizados por voluntários ou visitantes que frequentam o hospital) e cinema 
como mote para suas aulas, fazendo com que as crianças associem as oportunidades de distração com o 
conhecimento formal. 
Aqui, você precisa entender que o professor que atua na escola do hospital não é, de fato, funcionário 
do hospital onde a escola funciona; nem mesmo é um voluntário. No ambiente hospitalar o professor é 
funcionário efetivo da Secretaria de Educação (estadual ou municipal) cedido ao hospital para exercer na 
escola hospitalar as mesmas funções profissionais que exerceria se estivesse atuando em uma escola regular. 
Outra questão importante diz respeito ao fato de que a escola hospitalar não é projeto de humanização, 
apesar de sabermos que a presença de professores no hospital junto às crianças, seus acompanhantes e demais 
profissionais em muito contribui para a humanização tanto do ambiente quanto da assistência hospitalar. A 
escola hospitalar é fato. Isso quer dizer que todo hospital com internação pediátrica deveria contar com uma 
escola no sentido de garantir o direito de continuidade da escolaridade da criança hospitalizada. A escola no 
hospital deveria ser implantada como se implanta qualquer outra escola: considerando-se as demandas locais 
ou regionais. Projetos e estudos podem ser desenvolvidos no ambiente hospitalar para verificar a melhor 
maneira de atuação dessa escola a fim de que ela atenda ao que preconiza a legislação pertinente. 
Tanto para a estrutura quanto para o funcionamento da escola hospitalar é essencial que lhe seja 
garantida a autonomia. Assim, a criança hospitalizada teria, administrativamente, uma escola como qualquer 
outra criança, inclusive no nome. O que conhecemos hoje como classe hospitalar ganharia autonomia e 
estrutura administrativa própria e também o nome de escola - escola hospitalar. E, assim, a escola no hospital 
teria condições de competir de igual para igual com as demais escolas da rede de ensino no que se refere à 
disponibilidade de professores e de recursos necessários ao adequado funcionamento do serviço. A grande 
maioria das escolas em hospitais funcionam como anexos de escolas regulares e, nesse sentido, dependem 
destas para solicitar o que precisam para um adequado funcionamento no ambiente hospitalar. Como muitas 
das escolas regulares nem mesmo têm suas necessidades atendidas pelo poder público responsável, a atuação 
da escola hospitalizar tende a ser mais e mais precária. É por isso que podemos dizer que, mesmo no século 
XXI, muitas escolas em hospitais existem por conta da exaustiva luta de alguns professores que tentam 
garantir o direito à escola também à criança hospitalizada. Mas é preciso mais que isso, você não concorda? É 
necessário que toda ação da escola tenha respaldo legal a fim de que possa suprir suas necessidades de acordo 
com a lei e não apenas com o apoio de simpatizantes da questão. Veja que a legislação pertinente (Brasil, 
2002, 2001) é compatível com o que falamos até aqui, ou seja, defende uma estrutura mínima de autonomia 
(gestão e recursos) para a implantação e a implementação de escolas no ambiente hospitalar. 
Na publicação Classe hospitalar e atendimento pedagógico domiciliar: estratégias e orientações 
(Brasil, 2002), são apresentadas as diretrizes para que a escola no hospital funcione adequadamente e atenda 
a seu propósito básico de garantia do direito da criança doente à educação. São detalhados aspectos 
essenciais da escola hospitalar, como a logística de funcionamento, os profissionais necessários e a alocação 
destes, a formação das turmas para as aulas etc. 
 
 
 
 
 
 
9 
Reflexões sobre a temática de atendimento escolar hospitalar 
Você deve ter observado que todos os aspectos que levantamos até agora são essenciais para que a 
escola no hospital cumpra seu papel e garanta à criança doente o direito de, como qualquer cidadão, ser 
escolarizada. Pois bem, no ambiente hospitalar, o contato com a escola é, por assim dizer, o “lado saudável” 
do estar doente, considerando que essa interferência gera uma energia positiva no corpo da criança, o que 
colabora para uma recuperação mais rápida, como demonstrado no estudo de Fonseca e Ceccim (1999), que 
apresentou relação estatística significante entre a frequência às aulas no hospital e a redução em 30% dos dias 
de internação. 
Destacamos ainda que os processos de desenvolvimento e de aprendizagem abrangem também as 
crianças na faixa etária para a educação infantil, embora a realidade que vivenciamos no mundo educacional 
não seja assim. E no ambiente hospitalar essa realidade não é muito diferente. Existem ainda poucas escolas 
hospitalares que dispõem de atendimento de educação infantil. É difícil receber professores para esse nível de 
ensino e, quando há necessidade de substituição, as complicações se intensificam. Frisamos que a educação 
infantil no ambiente hospitalar é muito importante, pois cerca de 60% das crianças que se hospitalizam em 
idade escolar já experimentaram períodos anteriores de internação (Fonseca, 2000). Veja que, por isso, a 
educação infantil não deve e não pode ser negligenciada. Isso vale não apenas para os hospitais 
exclusivamente infantis, mas também para os hospitais gerais que são referência pediátrica em alguma 
patologia. 
 
Você deve ter bem claro que a função do professor na escola hospitalar é trabalhar os processos de desenvolvimento e de 
aprendizagem da criança hospitalizada. Esse deveria ser o interesse maior desse profissional, independentemente de o 
ambiente em que ele trabalha suscitar curiosidade nas pessoas que desconhecem essa modalidade de ensino, colocando-o 
em destaque para prestar esclarecimentos sobre o assunto. 
 
Sabemos que, com o avanço das tecnologias, que muito têm contribuído para a área de saúde, ainda 
mais leitos hospitalares serão ocupados por crianças com idade inferior a três anos. Porém, restabelecer a 
saúde da criança não é garantia de desenvolvimento e aprendizagem futuros. A criança pequena está em 
formação e, mais do que qualquer outro indivíduo, ela precisa de atenção em todas as áreas de seu 
desenvolvimento, e não apenas no âmbito da patologia, concorda? Ocorre que, se você circular pelas 
enfermarias de qualquer hospital que interne crianças, observará que em geral estas têm pouca idade e muitas 
vezes nem chegam a ser beneficiadas pelas propostas de humanização desenvolvidas pelo hospital, porque o 
familiar/acompanhante não se vê em condições de proporcionar à criança situações e atividades de acordo 
com as possibilidades dela nem estimulado a fazer isso. 
Entenda que o atendimento escolar hospitalar para a faixa etária de zero até seis anos incompletos é 
necessário porque contribui para os processos de desenvolvimento e de aprendizagem da criança pequena 
que, por causa de sua condição clínica, não convive normalmente com seus familiares e amigos (Fonseca, 
2000, 2003). 
Uma questãobastante peculiar ao atendimento escolar hospitalar é certo tipo de glamour que essa 
modalidade educacional parece ter. Você deve ter bem claro que a função do professor na escola hospitalar é 
trabalhar os processos de desenvolvimento e de aprendizagem da criança hospitalizada. Esse deveria ser o 
interesse maior desse profissional, independentemente de o ambiente em que ele trabalha suscitar curiosidade 
nas pessoas que desconhecem essa modalidade de ensino, colocando-o em destaque para prestar 
esclarecimentos sobre o assunto. Quanto mais seriamente envolvido com o trabalho que realiza com os 
alunos na escola hospitalar, melhor falará o professor sobre seu trabalho no hospital. Não há, você deve 
concordar, melhor maneira de divulgar e validar esse tipo de atendimento escolar. 
Com a adequação da atitude profissional citada no parágrafo anterior, a escola hospitalar se configu-
 
10 
ra como veículo para que a criança hospitalizada, cidadã de direito, dê continuidade aos seus processos de 
desenvolvimento e de aprendizagem.É preciso garantir que a escola no hospital esteja focada nesses pro-
cessos. Com esse olhar, essa modalidade de ensino parece promissora, apesar das imensas dificuldades 
observadas no sistema de educação brasileiro. Perceba que criar, de antemão, metodologias ou termos não 
parece, de fato, contribuir para a validação dessa modalidade de ensino, certo? Precisamos, por meio da 
atividade de documentação do trabalho cotidiano, mostrar como ele pode alterar positivamente o interesse da 
criança em seus processos de desenvolvimento e de aprendizagem e como contribui para um retorno bem-
sucedido do aluno à sua escola de origem. Um olhar crítico sobre a prática de sala de aula à luz da 
fundamentação teórica que a respalda ou norteia, pode nos indicar o caminho mais adequado para 
eficientemente implementarmos essa modalidade de ensino para todas as crianças que dela necessitem. 
Quem sabe não será o atendimento escolar hospitalar um bom e concreto exemplo de como fazer 
valer o direito a uma escola de qualidade para todos os cidadãos brasileiros em formação, estejam eles hos-
pitalizados ou não, não é mesmo? 
 
Síntese 
Tratamos aqui das questões consideradas mais relevantes para que a escola hospitalar possa cumprir 
seu papel educacional. 
Diversas publicações pertinentes ao tema têm surgido e o número de escolas em hospitais está se 
ampliando, uma vez que os sistemas de educação e de saúde perceberam a necessidade de acatar e implantar 
essa modalidade escolar, ou dar continuidade às atividades já desenvolvidas nesse âmbito, entendendo que 
professor e aluno podem construir conhecimento de modo efetivo e eficiente em qualquer lugar. 
Aprendemos ainda que a escola no hospital precisa ter autonomia administrativa e financeira, dar 
grande atenção à formação de seus professores e ter consciência das necessidades e dos interesses dos alunos, 
bem como ter clareza quanto à função dessa modalidade escolar, a qual se desdobra em benefícios à 
cidadania e que, certamente, vão além dos ganhos diretamente pertinentes aos processos de desenvolvimento 
e de aprendizagem do aluno hospitalizado. 
Particularmente em relação à área de saúde, entendemos que a ausência de doença é apenas um dos 
aspectos necessários para haver cidadãos críticos e participativos em nossa sociedade. 
 
Indicações culturais 
Filmes 
Para que você aprofunde seus conhecimentos, sugerimos alguns filmes que abordam de alguma 
maneira o conteúdo que vimos até aqui: 
ENTRE OS MUROS da escola. Direção: Laurent Cantet. Produção: Caroline Benjo, Carole Scotta, Barbara 
Letellier e Simon Arnal. França: Imovision, 2008. 128 min. 
 
O ESCAFANDRO e a borboleta. Direção: Julian Schnabel. Produção: Kathleen Kennedy e John Kilik. 
EUA/França: Miramax Films/Europa filmes, 2007. 112 min. 
SER e ter. Direção: Nicolas Philibert. Produção: Gillez Sandoz. França, 2002. 104 min. 
 
11 
01- Você tinha conhecimento anterior sobre a modalidade de atendimento escolar de que trata este capítulo? 
Pense sobre quais seriam os motivos que contribuem para que essa modalidade de ensino não tenha a 
visibilidade devida na sociedade brasileira. ___________________________________________________ 
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02- Anote as principais ideias encontradas neste capítulo por meio de um resumo. ______________________ 
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03- Atividades aplicadas: prática 
Visite uma escola hospitalar e faça um relatório do que foi observado e vivenciado no referido espaço 
escolar.________________________________________________________________________________ 
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12 
Referências do capítulo 
 
BRASIL. Constituição (1988). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 05 out. 1988. 
BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 
23 dez. 1996. 
BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Básica. 
Resolução n. 02, de 11 de setembro de 2001. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 14 set. 2001. p. 39-40. 
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial.Classe hospitalar e atendimento 
pedagógico domiciliar, estratégias e orientações. Brasília, 2002. 
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Conselho Nacional dos 
Direitos da Criança e do Adolescente. Resolução n. 41, de 13 de outubro de 1995. Diário Oficial da União, 
Brasília, DF, 17 out. 1995. p. 16319-16320. 
FONSECA, E. S. Atendimento escolar hospitalar. In: ENCONTRO NACIONAL DE 
ATENDIMENTO ESCOLAR HOSPITALAR, 1., 2000, Rio de Janeiro .Anais. Rio de Janeiro: Ed. da UERJ, 
2001. 147 p. 
__________ . Atendimento escolar no ambiente hospitalar. São Paulo: Memnon, 2003. 
__________ . Atendimento pedagógico-educacional de bebês especiais no ambiente hospitalar. 
Temas sobre Desenvolvimento, São Paulo, v. 9, n. 49. p. 9-15, 2000. 
__________ . Atendimento pedagógico-educacional para crianças e jovens hospitalizados, realidade 
nacional. Brasília: Inep, 1999. 25 p. (Série Documental. Textos para Discussão). 
__________ . Mapeamento de escolas em hospitais no Brasil. Disponível em: 
<http://www.escolahospitalar.uerj.br/estudos.htm>. Acesso em: 14 dez. 2009. 
FONSECA, E. S.; CECCIM, R. B. Atendimento pedagógico-educacional hospitalar: promoção do 
desenvolvimento psíquico e cognitivo da criança hospitalizada. Temas sobre Desenvolvimento, São Paulo, v. 
7, n. 42, p. 24-36, 1999. 
FREIRE, P. A importância do ato de ler. em três artigos que se completam. 3. ed. São Paulo: 
Cortez, 1983. (Coleção Questões da Nossa Época, v. 13). 
__________. Pedagogia da autonomia, saberes necessários à prática educativa. 2. ed. São Paulo: Paz e Terra, 
1997. 
JANNUZZI, G. A luta pela educação do deficiente mental no Brasil. São Paulo: Cortez, 1985. (Coleção 
Educação Contemporânea). 
LIBANEO, J. C. Pedagogia e pedagogos, para quê? São Paulo: Cortez, 1998. 
VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: M. Fontes, 1978.
http://www/
 
13 
CAPÍTULO II 
UMA PRÁTICA 
PEDAGÓGICA EM 
AMBIENTE HOSPITALAR NA 
REDE PÚBLICA DO ESTADO 
DO PARANÁ 
 
Com este capítulo, pretendemos colocar você a par dos caminhos trilhados no âmbito da educação 
hospitalar por meio do relato referente à práxis pedagógica diária desenvolvida em uma das unidades 
conveniadas ao Sareh (Serviço de Atendimento à rede de Escolarização Hospitalar), programa implementado 
pela Seed-PR (Secretaria de Estado da Educação do Paraná). Trata-se da unidade de APACN, (Associação 
Paranaense de Apoio à Criança com Neoplasia), cuja experiência nesse contexto pode propiciar importantes 
reflexões sobre o trabalho intenso e comprometido da equipe desse programa, que conseguiu definir um 
plano pedagógico hospitalar, pautado na legislação vigente e nas inúmeras possibilidades e limites 
encontrados durante o processo. 
Assim, o principal objetivo deste capítulo consiste em demonstrar a você a importância do 
atendimento educacional hospitalar por meio da realidade que caracteriza o Programa Sareh, em uma de suas 
unidades conveniadas. 
Procuramos transcrever aqui a nossa experiência satisfatoriamente vivenciada no contexto desse 
projeto, para que você possa compreender a importância de o Estado investir na educação hospitalar e 
desenvolver um novo olhar sobre essa questão, tão importante para a autoestima e a melhoria da saúde dos 
escolares hospitalizados. 
 
Uma política pública de atendimento hospitalar - o Programa Sareh 
Você já ouviu falar no Sareh?Trata-se de um programa que visa ao atendimento educacional público 
aos educandos em idade escolar, matriculados ou não na educação básica, impossibilitados de frequentar a 
escola em virtude de internamento hospitalar ou de outras formas de tratamento de saúde, de modo a permitir 
a continuidade no processo de escolarização, a inserção ou a reinserção em seu ambiente escolar, tendo como 
documento-base as Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Paraná (Paraná, 2008). 
O Sareh se define como uma política pública do Governo do estado do Paraná, por meio da Seed-PR, 
em parceria com a Sesa-PR e da Seti (Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do 
Paraná), e, ainda, em cooperação técnica com unidades conveniadas. Sob a coordenação da DPPE/Seed-PR, 
dos Núcleos Regionais de Educação e das equipes pedagógicas de cada unidade conveniada, o Sarah possui 
convênio com as seguintes instituições: 
· Associação Hospitalar de Proteção à Infância Doutor Raul Carneiro/Hospital Pequeno Príncipe - 
Curitiba; 
§ APACN - Curitiba; 
· Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná - Curitiba; 
 
 
14 
§ Hospital do Trabalhador - Curitiba; 
§ Hospital Erasto Gaertner - Curitiba; 
§ Hospital Universitário Evangélico - Curitiba; 
§ Hospital Universitário de Maringá; 
· Hospital Universitário Regional do Norte do Paraná - Londrina. 
A meta do programa consiste em atender crianças, jovens e adultos em situação hospitalar, primando 
pela qualidade da educação e da promoção dos alunos. Além da vontade política do governo estadual, 
destaca-se a grande participação dos interlocutores das unidades conveniadas, dos dirigentes da Seed-PR e, 
principalmente, dos professores, que, totalmente comprometidos nesse processo de escolarização, procuram 
diversas formas de promover a aprendizagem. 
As equipes que atendem no âmbito do programa são compostas por uma pedagoga (40 horas; 
manhã/tarde) e três professores, sendo: um para matemática, química, física, ciências e biologia; um para filo-
sofia, sociologia, geografia, história e ensino religioso; e um para língua portuguesa, língua estrangeira 
moderna, artes e educação física. Esses profissionais pertencem ao quadro próprio do magistério da Seed-PR, 
tendo sido aprovados em concurso público e submetidos a um processo seletivo interno por meio de edital 
próprio. 
E importante que você saiba que as equipes que compõem esse serviço de escolarização hospitalar 
estão em uma constante busca pela formação continuada, no intuito de ampliar suas condições pessoais e 
profissionais de atender as crianças, os jovens e os adultos envolvidos no programa. Existe a certeza de que 
vale a pena investir no potencial de cada um dos escolares hospitalizados e de que perseverança e persistência 
são “armas” poderosas contra o desânimo que se abate diariamente sobre esses indivíduos. 
Com a implantação de uma política pública voltada para a educação hospitalar, o Governo do Estado 
do Paraná abre novas perspectivas para a redução das desigualdades sociais, garantindo o atendimento ao 
princípio instituído na Constituição Federal de 1988 em seus arts. 205,206 e 208, que garantem o acesso à 
educação pública gratuita e de qualidade na condição de direito de todo cidadão brasileiro. 
Tendo como ponto de partida a defesa desse princípio fundamental, por meio da implantação do 
Sareh, a Seed-PR buscou atender ao disposto nas legislações vigentes que amparam e legitimam o direito à 
educação da criança hospitalizada e impossibilitada de frequentar a escola (Paraná, 2009). Veja a seguir quais 
são esses textos legais: 
Lei n° 6.202/1975, que atribui a estudantes em estado de gestação o regime de exercícios 
domiciliares (Brasil, 1975); 
Lei n° 8.069/1990, que institui o Estatuto da Criança e do Adolescente (Brasil, 1990); 
Lei n° 9.394/1996 - LDBEN (Brasil, 1996); 
Decreto-Lei n° 1.044/1969, que dispõe sobre tratamento excepcional para alunos 
portadores de afecções (Brasil, 1969); 
Resolução n° 41/1995 do Conanda (Brasil, 1995); 
Resolução n° 02/2001 do CNE/CEB, 
que institui as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica (Brasil, 
2001); 
Deliberação n° 02/2003 do CEE-PR, que institui as normas para a educação especial 
(Paraná, 2003). 
 
É importante destacarmos, entre esses textos da legislação, que o Sareh se constitui em uma ação no 
âmbito da educação escolar prevista na LDBEN (Brasil, 1996), que prevê o atendimento às necessidades e 
 
15 
expectativas da sociedade em transformação pela implementação de políticas educacionais que têm como meta 
a educação inclusiva,isto é, a promoção da integração e do desenvolvimento das potencialidades dos 
estudantes com necessidades educacionais especiais, em todas as etapas e modalidades da educação básica 
(educação infantil, ensino fundamental e educação de jovens e adultos). 
Durante o processo de implantação do Programa Sareh, várias dificuldades surgiram e estão em 
constante análise, tais como: 
· perceber o escolar hospitalizado em situação diferenciada com uma nova forma de “enxergá-lo”; 
· saber como trabalhar os conteúdos em situação de internamento; 
· identificar qual a metodologia mais adequada; 
· encontrar estratégias para o escolar hospitalizado que não possui alta para voltar para a escola, mas 
que também não frequenta a classe hospitalar, dando origem a situações que são pensadas em 
conjunto com a escola de origem. 
 
Classe hospitalar é definida como “o atendimento pedagógico-educacional que ocorre em ambientes de 
tratamento de saúde, seja na circunstância de internação, como tradicionalmente conhecida, seja na 
circunstância do atendimento em hospital-dia e hospital-semana ou em serviços de atenção integral à saúde 
mental” (Brasil, 2002). 
Mas a principal preocupação dos integrantes do programa ainda se refere ao atendimento domiciliar e 
à reinserção social do aluno liberado pelos médicos e autorizado a regressar à sua escola de origem. Sabe por 
quê? E nesse momento que há a evasão do aluno. Por várias questões, tanto emocionais como culturais, ele 
deixa a escola, perdendo o vínculo com a instituição e, por consequência, o ano letivo. 
Atendimento pedagógico domiciliar é definido como “o atendimento educacional que ocorre em ambiente 
domiciliar, decorrente de problema de saúde que impossibilite o educando de frequentar a escola ou esteja ele 
em casas de passagem, casas de apoio, casas-lar e/ou outras estruturas de apoio da sociedade” (Brasil, 2002). 
 
Pensar em inclusão requer compromisso com a reorganização da práxis escolar e da própria sociedade, impregnada de 
concepções discriminatórias que dificultam a inserção desses escolares hospitalizados no contexto regular. 
 
A inclusão é um processo essencial à vida em sociedade, não é mesmo? Assim, esse pressuposto 
implica fazer determinadas considerações sobre um dos segmentos da população que têm sido alvo de me-
canismos e procedimentos de segregação e, até mesmo, de exclusão da escola. Tal contexto é composto pelos 
educandos que permanecem hospitalizados por longo período e necessitam de atendimento educacional ade-
quado a eles. 
Pensar em inclusão requer compromisso com a reorganização da práxis escolar e da própria sociedade, 
impregnada de concepções discriminatórias que dificultam a inserção desses escolares hospitalizados no 
contexto regular. É necessário, assim, que haja uma flexibilização das propostas curriculares, dos recursos 
humanos, físicos, materiais e financeiros, adaptando-os aos escolares hospitalizados, a fim de lhes garantir 
uma educação de qualidade, com o respeito aos ritmos de cada um, de modo a permitir-lhes o 
desenvolvimento pleno, a integração e a participação ativa na sociedade. Nesse sentido, devemos considerar 
que a educação hospitalar tem como metas básicas a garantia dos direitos educacionais e a inclusão. 
Você sabe que a igualdade de direitos em todas as diversidades promove as condições necessárias para 
o desenvolvimento de todos os cidadãos. Para o cumprimento dessa conquista, é preciso que ocorram 
mudanças educacionais que têm por base um olhar respeitoso em relação às diferenças. Isso não implica 
ignorar que estas não existam, mas sim compreendê-las e aceitá-las com dinâmica própria, percebe a di-
ferença? Dessa forma, a situação de enfermidade de um estudante não pode prejudicar sua aprendizagem. 
No que diz respeito especificamente à ação do Sareh, podemos afirmar que se constitui em um 
processo que implica o ensino ativo, dialógico e interativo entre a escola, a família, os profissionais do 
 
16 
programa e o estudante, processo no qual o aluno é compreendido com base em sua relação e integração em 
diferentes grupos sociais, educacionais e culturais. As experiências do escolar hospitalizado devem ser 
convertidas em aprendizagens, rompendo-se os preconceitos e valorizando-se os diferentes modos de 
aprender, os atributos pessoais, as metas, os ritmos e as necessidades comuns ou específicas de cada um. 
Na práxis das classes hospitalares que compõem o Sareh, procura-se aproximar o aluno o máximo 
possível dos aspectos e especificidades da escola. Por isso, trabalha-se com os planejamentos dos professores 
da escola de origem do escolar hospitalizado, realizando-se adaptações curriculares na busca de 
possibilidades e alternativas de reinserção do aluno no ambiente escolar. 
 
O trabalho pedagógico na unidade da APACN conveniada ao Programa Sareh 
Situada no bairro do Tarumã em Curitiba, capital do Paraná, com uma área de 12.500 m2 em terreno 
doado pelo Governo do Paraná, a Casa de Apoio APACN possui 120 leitos e propicia aos hóspedes gratuita-
mente toda a assistência necessária enquanto estão realizando tratamento de saúde, com direito a 
alimentação, vestuário, tratamento médico e dentário, além de acompanhamento pedagógico e psicossocial. 
A APACN se constitui em “uma entidade filantrópica, sem fins econômicos, considerar 
a humanização do tratamento do câncer infantil, dando direito ao tratamento a qualquer criança, 
independentemente de sua posição socioeconômica, cultural ou religiosa” (APACN, 2009). Recebe crianças 
e jovens de todo o Brasil, que ficam hospedados na Casa de Apoio em Curitiba, com os acompanhantes da 
família, e fazem tratamento nos hospitais da capital paranaense. Em virtude de o tratamento das neoplasias 
ser demorado, os pacientes tornam-se hóspedes fixos do hospital, necessitando, por isso, um novo olhar no 
que tange ao acesso, à permanência e à evolução escolar. 
Você deve perceber, nesse ponto, que desenvolver uma adaptação curricular e a flexibilidade do plano 
de trabalho docente é fundamental para atender aos alunos acometidos de diferentes patologias, pois, ge-
ralmente, os tratamentos neoplásicos são muito agressivos ao paciente e acabam por comprometer o 
desenvolvimento de sua aprendizagem. 
A classe hospitalar na unidade da APACN 
 
A classe hospitalar da APACN atende a todas as crianças em fase escolar que tiveram de deixar os 
estudos por motivo de tratamento médico-hospitalar. O trabalho começa depois de se hospedarem na Casa de 
Apoio e quando estão em condições físicas e emocionais para frequentar a classe hospitalar. Todos os 
pacientes em idade e fase de escolarização são convidados pela pedagoga do programa a frequentar o 
atendimento assim que ingressam na instituição. 
Outro aspecto importante no que se refere à unidade da APACN são as parcerias com os colégios da 
rede pública de ensino do Estado do Paraná, com a realização de matrículas nas escolas/colégios de Curitiba 
para os alunos que permanecem por tempo indeterminado nessa cidade em razão do tratamento médico. Caso 
contrário, esses alunos ficariam sem matrícula, ficando excluídos do processo de escolarização. 
Desenvolver um planejamento pedagógico em ambiente hospitalar requer que se avance em relação à práxis docente do 
espaço escolar formal, pois as situações vivenciadas no hospital vão além do pedagógico. 
 
 
 
 
 
 
17 
 
Confira a seguir os passos que o trabalho pedagógico na unidade da APACN contempla:
 
18 
1. Primeiro contato da pedagoga responsável pelo Sareh na unidade com o escolar 
hospitalizado e a família deste; 
2. Atendimento do escolar hospitalizado pelo professor com a realização da avaliação 
diagnóstica, 
3. conforme a série e o período escolar em que o aluno se encontra, a fim de possibilitar a 
elaboração do plano de trabalho docente; 
4. Contato com a escola de origem, via telefone, e aquisição dos dados de e-mail ou fax dessa 
instituição; 
5. Envio à escola de origem do relatório sobre o início do atendimentodo escolar 
hospitalizado, via e-mail ou fax, com solicitação do planejamento, bem como de orientações 
sobre o preenchimento do livro de registro de classe; 
6. Elaboração da grade de horários dedicados ao atendimento disciplinar, em que constam as 
disciplinas a serem ministradas ao escolar hospitalizado; 
7. Realização de adaptações e flexibilizações curriculares, conforme planejamento enviado 
pela escola de origem ou plano curricular proposto pelo Sareh, fundamentado nas Diretrizes 
Curriculares da Educação Básica do Paraná (2008), da Seed-PR; 
8. Elaboração de pareceres pedagógicos, enviados às escolas de origem com a ficha individual 
do aluno - em que constam as datas de inicio e término do atendimento de acordo com a 
hospedagem na Casa de Apoio - e as atividades e avaliações realizadas pelo escolar 
hospitalizado. O encaminhamento desses pareceres é feito por malote, via Núcleo Regional 
de Educação, ou, quando liberado, pelos parentes do escolar hospitalizado. Salientamos aqui 
a necessidade do envio de um comunicado por e-mail sobre o andamento dos atendimentos. 
O aluno que frequenta a classe da APACN demora a retornar para sua cidade natal, mas sua 
escola de origem necessita receber informações sobre ele, para avaliação em conselho de 
classe de sua situação escolar a cada fechamento de bimestre, trimestre ou semestre; 
9. Registro de todas as atividades na unidade da APACN, onde cada aluno possui uma pasta 
individual com as devidas documentações e atendimentos; 
10. Envio de relatórios ao Núcleo Regional de Educação de Curitiba-PR ao final de cada se-
mestre letivo, devendo constar nesses documentos informações relativas ao número de 
alunos atendidos e ao número de atendimentos a cada final de semestre. 
 
De acordo com o que vimos até aqui, você já deve ter percebido que a equipe do Sareh das unidades 
conveniadas, tanto o pedagogo como o professor das áreas de conhecimento, realiza uma série de 
procedimentos em ambiente hospitalar que acabam sendo incorporados à sua rotina de trabalho, sendo que 
suas ações se refletem em um bom atendimento no processo de escolarização das crianças, jovens e adultos 
envolvidos. 
Ainda sobre o trabalho pedagógico desenvolvido no âmbito de um programa como o Sareh, é 
importante que consideremos algumas especificidades. Assim, devemos ressaltar que desenvolver um plane-
jamento pedagógico em ambiente hospitalar requer que se avance em relação à práxis docente do espaço 
escolar formal, pois as situações vivenciadas no hospital vão além do pedagógico. Os alunos que compõem 
uma classe hospitalar multisseriada representam uma diversidade cultural, social, curricular e, principalmente, 
emocional. 
Com frequência, em função da neoplasia, ocorrem a doença familiar, a desmotivação, o desespero e o 
abandono dos estudos pelo escolar hospitalizado. Portanto, é imprescindível que o professor tenha atenção e 
sensibilidade às demandas afetivas, cognitivas, físicas e sociais do aluno, criança, jovem ou adolescente, 
possibilitando a consolidação da subjetividade do indivíduo como um dos mecanismos de escuta à vida. 
Acrescentemos, ainda, que, ao elaborar um planejamento crítico, o profissional envolvido na educação 
 
19 
hospitalar deve ter o pleno domínio do conteúdo, conhecer e aplicar, na sua prática pedagógica, diferentes 
metodologias/estratégias de ensino que possam colaborar para a formação de um aluno reflexivo e crítico. 
Assim, esse profissional deve se preocupar com a elaboração de um planejamento adequado à proposta da 
educação hospitalar, respeitando a diversidade dos escolares hospitalizados e utilizando-se de diversos 
recursos didáticos que propiciem a criação de diferentes formas de se ensinar e de se avaliar. É preciso 
lembrarmos que nem sempre o professor conseguirá atingir os objetivos propostos, por vezes havendo 
necessidade de reformular sua abordagem por meio de uma flexibilização do planejamento. 
Os escolares hospitalizados mostram que são capazes de continuar ampliando seus conhecimentos e 
desenvolvendo todas as suas potencialidades, mesmo com os sintomas provocados pela quimioterapia, pela 
radioterapia, por um transplante de medula ou outro tipo de tratamento de saúde. Em função disso, é preciso 
buscar caminhos para a aprendizagem por meio da escuta pedagógica e da observação. 
A observação tem um papel bastante importante na elaboração do planejamento e é o primeiro estágio 
nesse processo. E observando que se aprende, não é mesmo? É observando que se vivência o ambiente, se 
participa das atividades e se registra o conhecimento adquirido. O professor precisa usar o seu senso de 
observação e empregar as conclusões que resultarem disso para subsidiar sua reflexão sobre o que ouve, vê e 
ocorre no espaço hospitalar, percebendo as contradições envolvidas na escolarização no hospital. 
O professor deve identificar e trabalhar as dificuldades que os alunos apresentam, mediando o 
conhecimento que eles já detêm com o conhecimento escolar. Dessa forma, assume-se uma postura que per-
mite aos alunos a investigação, a reflexão, o questionamento e a organização de seus conhecimentos, de 
acordo com suas vivências, atendendo às reais necessidades de aprendizagem em uma relação recíproca de 
valorização humana. 
No processo de avaliação, devem ser respeitados os princípios propostos na LDBEN (Brasil, 1996) e na 
Deliberação 07/1999 (Paraná, 1999), sempre trabalhando com a questão da situação de saúde do escolar 
hospitalizado e considerando o período em que ficará hospitalizado, pois são características importantes no 
contexto da educação hospitalar. Além disso, o professor deve se utilizar de diferentes instrumentos de 
avaliação, os quais devem contribuir para que os alunos sejam estimulados a expor suas opiniões e a 
participar em debates, tornando-se mais autônomos e críticos na busca pelo conhecimento. 
É importante destacarmos, por fim, que esse processo de inserção da educação nas unidades 
hospitalares é muito recente. Até pouco tempo atrás esses dois ambientes não interagiam, o que se deve, 
primeiramente, às restrições necessariamente adotadas nas unidades hospitalares e também à inexistência de 
políticas públicas que dessem condições ao atendimento educacional dos escolares hospitalizados. 
Perceba que, nesse sentido, as políticas de humanização surgem nos hospitais em atendimento ao 
princípio constitucional de que deve ser assegurada a integração entre saúde e educação, em um atendimento 
educacional de qualidade ao escolar hospitalizado. 
 
Síntese 
Neste capítulo, você foi colocado a par dos caminhos da educação hospitalar por meio da apresentação 
da uma política pública adotada pelo Governo do Estado do Paraná - o Programa Sareh, enfocando a sua 
implantação e organização pedagógica diária em uma das unidades conveniadas - a unidade da APACN. Com 
as reflexões apresentadas, buscamos ressaltar a necessidade da pesquisa no campo hospitalar, pautando-se no 
princípio de que educar só tem sentido como preparação para o desafio, como elemento gerador da autonomia 
do pensar. 
 
 
 
 
 
20 
 
1. Analise a citação a seguir e discuta o papel da escuta pedagógica e se ela deve ocorrer em outros 
ambientes de aprendizagem. 
A escuta se refere à apreensão/compreensão de expectativas e sentidos, ouvindo através das palavras, as 
lacunas do que é dito e os silêncios, ouvindo expressões e gestos, condutas e posturas. [...] Numa perspectiva 
de atenção integral\ como escuta à vida, o desenvolvimento da escuta se dirige à promoção da saúde 
(promoção de vida e de sentidos) e não só ao tratamento, por isso, se volta tanto aos processos interativos de 
percepção e sensibilidade às condutas infantis e sintomas somáticos, quanto ao acompanhamento dos 
processos assistenciais. (Ceccim, 1997, p. 31) 
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2. Pesquise na internet a Resolução n° 41/1995 do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do 
Adolescente Hospitalizados. Selecione e comente cinco dos direitos mencionados nesse documento. 
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21 
01- Veja o que afirma Beyer (2006, p. 76) sobre flexibilização curricular: 
O desafio é construir e pôr em prática no ambiente escolar uma pedagogia que consiga ser 
comum e válida para todos os alunos da classes escolar; porém capaz de atender os alunos cujas 
situações pessoais e características de aprendizagem requeiram uma pedagogia diferenciada. 
Tudo isto sem demarcações, preconceitos ou atitudes nutridoras dos indesejados estigmas. 
Disciplina 
Série 
Período de Trabalho 
Conteúdos 
Objetivos 
Metodologia 
Critérios de Avaliação 
Instrumentos de Avaliação 
 
22 
P
a
r
t
indo dessa informação, imagine-se professor(a) de uma classe multisseriada e elabore um plano 
de aula contendo no mínimo os seguintes tópicos: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Referências do capítulo 
APACN - Associação Paranaense de Apoio à Criança com Neoplasia.Acesso em: 17 dez. 2009. 
BEYER, O. H. Da integração escolar à educação inclusiva: implicações pedagógicas. In: BAPTISTA, 
C. R. (Org.). Inclusão e escolarização'. múltiplas perspectivas. Porto Alegre: Mediação, 2006. p. 73-81. 
BRASIL. Constituição (1988). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 05 out. 1988. 
 ____ ; Decreto-Lei n. 1.044, de 21 de outubro de 1969. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, 
DF, 22 out. 1969. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ CCIVIL/Decreto-Lei/Dell044.htm>. Acesso 
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Referências 
http://www.planalto.gov.br/%e2%80%a8CCIVIL/Decreto-Lei/Dell044.htm
 
23 
 ____ . Lei n. 6.202, de 17 de abril de 1975. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 17 abr. 
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 ____ . Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 16 jul. 
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Adolescente. Resolução n. 41, de 13 de outubro de 1995.Diário Oficial da União, Brasília-DF, 13/10/1995. 
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CARVALHO, P. R. A. (Org.). Criança hospitalizada', atenção integral como escuta à vida. Porto 
Alegre: Ed. da UFRGS, 1997. p. 27-41. 
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Conselho Estadual de Educação. Deliberação n. 07, de 09 de 
abril de 1999. Diário Oficial do Estado do Paraná, 9 abr. 1999. Disponível em: 
<http://celepar7cta.pr.gov.br/seed/deliberacoes.nsf/bb7cccb67074826503256f4800653a4b/bl5be00846f01£20
032569fl004972fb/$FI LE/_88himoqb2clp631u6dsg30dpd64sjie8_.pdf>. Acesso em: 11 jan. 2010. 
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PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Departamento de Educação Básica. Diretrizes Curriculares da 
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Acesso em: 16 dez. 2009. 
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Departamento de Educação Especial. Dia a Dia Educação - 
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 ____ . Sareh — Serviço de Atendimento à Rede de Escolarização Hospitalar. Legislação. Disponível em: 
<http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/portal/educacao hospitalar/legislacao.php>. Acesso em: 17 
dez. 2009. 
CAPÍTULO III 
PEDIATRIA DE 
QUEIMADOS: 
UM DIÁLOGO ENTRE A 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/%e2%80%a8Leis/1970-1979/L6202.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil/%e2%80%a8LEIS/L8069.htm
http://celepar7cta.pr.gov.br/seed/deliberacoes.nsf/bb7cccb67074826503256f4800653a4b/bl5be00846f01%C2%A320032569fl004972fb/$FI%20LE/_88himoqb2clp631u6dsg30dpd64sjie8_.pdf
http://celepar7cta.pr.gov.br/seed/deliberacoes.nsf/bb7cccb67074826503256f4800653a4b/bl5be00846f01%C2%A320032569fl004972fb/$FI%20LE/_88himoqb2clp631u6dsg30dpd64sjie8_.pdf
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http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/diaadia/diadia/modules/conte%c3%bado/%e2%80%a8conteudo.php?conteudo=98
http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/portal/educacaohospitalar/index.%e2%80%a8php
http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/portal/educacao%e2%80%a8hospitalar/legislacao.php
 
24 
PEDAGOGIA E O HOSPITAL 
 
Os principais conteúdos a serem trabalhados neste capítulo referem-se ao agir pedagógico realizado no 
ambiente da saúde. Com o termo agir pedagógico, buscamos enfatizar a reflexão na ação profissional voltada 
à atenção do processo educativo do escolar hospitalizado, numa troca constante de diálogos entre as áreas da 
saúde e da educação. 
É fato o desenvolvimento do saber educativo para além dos muros escolares.Assim, neste capítulo, 
pretendemos apontar detalhadamente os importantes momentos vividos e sentidos ao longo do agir 
pedagógico desenvolvido na Pediatria de Queimados de um hospital de Curitiba em atenção a um escolar 
hospitalizado, bom como refletir sobre a complexidade que envolve a prática educativa no contexto da 
hospitalização. 
Perceba que pensar no escolar hospitalizado nos dias atuais tendo como referência a vida como critério 
para a saúde amplia e redimensiona a responsabilidade das áreas da educação e da saúde em atenção às 
necessidades de educar os escolares internados em hospitais. Na busca de maior qualidade de vida em todas as 
esferas sociais, pessoais e espirituais, há de se transcorrer com dignidade o acesso à vida e à morte. Para 
Conceição (1994, p. 4), “é no contato direto, permanente e pessoal com o ambiente, da fecundação até a morte, 
que transcorre a vida”. Assim, entendemos por ambiente um espaço físico e social constituído para favorecer o 
desenvolvimento da vida em toda a sua diversidade. Portanto, ao lançarmos um olhar sobre a ação pedagógica 
desenvolvida no ambiente hospitalar, observamos que não há um ambiente para educar e outro ambiente para 
tratar a saúde: há um ambiente em respeito à vida. 
Assim, nasce um novo olhar, um olhar que busca ver o invisível, ouvir o inaudível e tocar o intangível, 
isto é, no agir pedagógico em ambiente hospitalar, faz-se necessária a presença da sensibilidade do professor 
para além da sua formação acadêmica. Dessa forma, compreendemos que a ação pedagógica voltada ao 
âmbito hospitalar implica desenvolver ações para além dos desafios educativos, ou seja, implica desafiar os 
sentidos da raça essencialmente humana em comunhão com o processo educativo. 
Por dois meses, procuramos estudar se a prática das aulas para o escolar hospitalizado, planejadas de 
acordo com o currículo escolar, auxilia na prevenção da ruptura no seu processo de escolarização, causada 
pelo extenso tempo de hospitalização, e, ainda, se essa prática facilita a inclusão escolar após a alta 
hospitalar. 
A experiência vivenciada na Pediatria de Queimados junto ao leito do escolar hospitalizado mostrou 
que a resposta procurada está condicionada a uma série de implicações, relacionadas, de um lado, à 
especificidade da prática pedagógica e, de outro, às condições e particularidades do ambiente hospitalar. Ou 
seja, em alguns dias, não era possível a prática da aula; em outros, a aula acontecia de acordo com a demanda 
do escolar hospitalizado; e houve ainda dias em que a aula se desenvolveu conforme o esperado. 
As aulas na Pediatria de Queimados 
O trabalho pedagógico enfocado neste relato foi realizado com uma criança hospitalizada na Pediatria 
de Queimados do hospital anteriormente mencionado. Por ocasião do estudo, o escolar hospitalizado tinha dez 
anos de idade e estava matriculado no quarto ano da escola regular. Estava internado em decorrência de grave 
acidente por queimadura, totalizando lesões em 70% de seu corpo. O atendimento pedagógico ocorreu no 
período de outubro a dezembro de 2003. 
No tocante à prática das aulas propriamente ditas, a pesquisadora observou que no ambiente hospitalar o 
escolar hospitalizado manteve as mesmas dificuldades de aprendizagem que enfrentava na escola. Uma delas 
foi a resistência à prática de leitura e produção de textos. Por outro lado, nas disciplinas em que tinha maior 
facilidade, como a matemática, o escolar hospitalizado realizou as atividades com maior envolvimento e 
 
25 
empolgação; eram os momentos em que com maior frequência ele alargava seu sorriso e as aulas se 
prolongavam. 
Ainda que o relacionamento entre a pesquisadora e o escolar hospitalizado tenha se desenvolvido com 
liberdade de ação e de expressão, em vários momentos, o processo educativo mostrou-se cansativo para 
ambos. Isso porque o ambiente hospitalar tem limitações específicas que restringem a utilização de 
determinados recursos didáticos (de difícil higienização), bem como a mobilidade física do escolar 
hospitalizado, que apresentava graves queimaduras. Também a pesquisadora, por ser muitas vezes obrigada a 
ficar em posições desconfortáveis para melhor ministrar suas aulas junto ao leito do hospital, fato que limitava 
seu desempenho profissional, após o horário da aula sentia fortes dores na coluna, nas pernas e no pescoço. 
Como não era possível prever com "exatidão o tempo de duração das aulas na Pediatria de Queimados 
junto ao leito do escolar hospitalizado, verificou-se que, com a utilização do computador portátil, 
completavam-se as quatro horas/aula com tranquilidade, salvo algum imprevisto específico do ambiente 
hospitalar, como a realização 
de alguma atividade extra com o intuito de entreter os pacientes da Pediatria, ou ainda, um eventual 
mal-estar do escolar hospitalizado. Quando essa ferramenta era utilizada, as aulas iniciavam com estudos sobre 
o conteúdo escolar e eram concluídas com jogos ou tempo livre para “brincar” no computador. 
Destacamos aqui o interesse das outras crianças pelas aulas realizadas na Pediatria de Queimados. 
Assim, por várias vezes e de forma espontânea, as aulas deixaram de ser aplicadas individualmente para A. e 
tomaram caráter de aulas em grupo. As outras crianças ali hospitalizadas, com os olhos brilhando, pediam 
para ter aula e trabalhar no computador portátil. Em alguns momentos não havia como negar esse pedido e 
formava-se então um grande grupo. A pesquisadora sentia muito quando era chegado o momento de desligar 
o computador. Sua vontade era que esse recurso pudesse ser utilizado em tempo integral na Pediatria, tal era o 
benefício educativo observado. Como esclarecem Torres, Matos e Bortolozzi, citados por Matos (2009, p. 
205), “as renovações e metodologias do processo ensino-aprendizagem podem ocorrer por meio de uma 
comunicação mediada por computador”. Nesse sentido, a pesquisadora notou que na falta desse equipamento 
como instrumento didático, o tempo de aula diminuía consideravelmente para duas horas e meia. Ou seja, 
reduzia em cinquenta por cento o tempo destinado à realização das atividades educativas. 
Outra situação em que foi observado o diminuto aproveitamento do tempo de aula refere-se aos 
momentos em que A. e a pesquisadora, embora soubessem que o estado de saúde de A. comprometia o 
momento de aprendizagem, seguiam numa tentativa de driblar os sinais daquele corpo que lentamente 
buscava o reequilíbrio na saúde. Contudo, ainda que as dificuldades acenassem com força, havia alguma 
forma de aprendizagem, apenas eles não sabiam denominar o que e como aprendiam. O tempo passava, e isso 
era bom. Era evidente a luta travada por A. entre febres, vômitos e a recorrente contenção física devida aos 
inúmeros enxertos realizados. Nesses casos, não se demorou na Pediatria mais de uma hora em aula. 
Para além das horas destinadas às aulas, havia a atenção ao conteúdo de vida experienciado naquele 
momento, considerando-se que os aprendizados de vida precisam ser respeitados e valorizados durante o 
tratamento de saúde. Estes devem ser percebidos na prática pedagógica hospitalar para que seja oferecido 
amplo espaço ao desenvolvimento global do escolar hospitalizado, em benefício ao pleno restabelecimento da 
sua saúde física, social e espiritual. 
Eram incluídos minuto a minuto novos conceitos nessa realidade da vida escolar vivida na 
hospitalização, em que a aquisição dos conteúdos na produção de novos conhecimentos foi decisiva na 
promoção do escolar hospitalizado ao ano seguinte. Percebeu-se que a prática das aulas na Pediatria evitou a 
ruptura do vínculo com o processo educativo; logo, não se tratou de levar a escola para dentro do hospital, 
mas apenas o que há de melhor nela: a produção de conhecimentos sobre si mesmo e sobre o mundo. Assim, 
a ação pedagógica hospitalar aponta para o importante alerta de educadores a respeito do risco de a prática de 
aula no hospital adotar caráter “conteudista”. Abre-se uma reflexãoacerca da necessidade de se discutir a 
concepção segundo a qual a produção de conhecimento se dá apenas com base nos conteúdos historicamente 
 
26 
acumulados, transmitidos nas instituições escolares. Nesse sentido, Barros (1999, p. 87) alerta para “que seja 
tomado o cuidado de não se transporem para o contexto pedagógico hospitalar as práticas que na escola 
regular estão ultrapassadas e decadentes”. 
Assim, considerando-se as especificidades do ambiente hospitalar, foram verificados três tipos de 
intercorrências que interferiram no desenvolvimento da prática das aulas. São elas: as físicas, as psicológicas 
e as ambientais. 
As primeiras, as intercorrências físicas, dizem respeito às limitações impostas pelo estado de 
enfermidade do escolar hospitalizado. As posições em que seu corpo era obrigado a ficar em determinados 
dias inviabilizavam ou prejudicavam de forma significativa o andamento de algumas das aulas previstas. Os 
procedimentos médicos e a fragilidade do seu estado geral de saúde também interferiram no seu processo 
educativo. 
No tocante às intercorrências psicológicas, destaca-se o afastamento da mãe do escolar hospitalizado. 
Grávida de três meses e cansada pelo desgaste decorrente do longo período de hospitalização de seu filho, ela 
começou a ficar alguns dias sem ir ao hospital, o que provocou sentimento de abandono e ciúmes no escolar 
hospitalizado. Outro momento difícil foram as altas das outras crianças - “amigas de vida e de morte”. 
Finalmente, ressalte-se o difícil momento em que o escolar hospitalizado viu pela primeira vez o desenho fino 
e repuxado de sua perna afetada pela queimadura quando lhe foram retiradas as ataduras pela equipe médica. 
 
É necessário estabelecer uma ação conjunta de atenção integral entre a família do escolar hospitalizado, a escola do 
hospital e a escola de origem. Nos momentos em que essa inter-relação é rompida, o processo educativo é 
automaticamente prejudicado. 
 
No conjunto das intercorrências ambientais, evidenciam-se os ruídos característicos do ambiente 
hospitalar, como o choro das outras crianças; as conversas dos acompanhantes; os aparelhos diversos, como a 
televisão; entradas e saídas de pessoas da Pediatria. O cheiro forte, característico da Pediatria de Queimados, 
também causava desconforto, assim como os farelos de alimentos que se demoravam,entre os lençóis no leito 
hospitalar até que fosse trocada a roupa de cama ou a mãe, quando presente na Pediatria, tivesse a iniciativa 
de removê-los. 
Contudo, os resultados obtidos na ação pedagógica no ambiente hospitalar estimulam a efetivação da 
prática educativa em Pediatria. Valendo-nos de uma observação metafórica, comparamos a força do trabalho 
pedagógico à força de uma alavanca, cuja função está em fazer emergir forças para a retomada da vida na 
hospitalização infantil. Entretanto, perceba que, para que isso ocorra, é necessário estabelecer uma ação 
conjunta de atenção integral entre a família do escolar hospitalizado, a escola do hospital e a escola de ori-
gem. Nos momentos em que essa inter-relação é rompida, o processo educativo é automaticamente 
prejudicado. 
Nessa perspectiva inter-relacional em atenção à saúde na hospitalização, sentimos a importância da 
ação interdisciplinar. Conforme afirma Barros (1999, p. 87), “a tônica do trabalho desenvolvido no hospital 
está pautada na atuação interdisciplinar de uma equipe de profissionais que, conjuntamente ou em momentos 
individualizados, atende o paciente”. É importante que você tenha bem claro que o trabalho desenvolvido na 
instituição hospitalar é multiprofissional; portanto, o agir interdisciplinar nesse ambiente propicia com maior 
facilidade os canais de acesso necessários para o efetivo diálogo entre os profissionais envolvidos no 
tratamento da saúde humana. 
 
“Ver-ouvir-sentir” na Pediatria de Queimados: escuta pedagógica 
Geralmente, quando se fala em criança queimada, imediatamente a outra pessoa expressa na face um 
semblante de dor, de compaixão, de preocupação com as marcas deixadas pelo acidente térmico, não é isso? 
Com efeito, a queimadura está entre as mais dolorosas lesões que o organismo humano pode suportar, 
 
27 
afirmam Serra e Santos (1999). Para esses autores, a dor intolerável contribui para uma resposta emocional 
que envolve ansiedade, depressão, medo, angústia,J irritação, frustração, agressão e regressão, complicando, e 
muitas vezes impedindo, a recuperação física da criança queimada. Os autores afirmam ainda que a 
desagradável experiência da dor durante a terapia (curativos diários) pode levar a um trauma emocional 
prolongado, o qual poderá interferir negativamente no período de fisioterapia das sequelas deixadas pela 
queimadura. Acompanhe o relato que eles fazem: 
 
Para uma criança queimada, os dias e as semanas ou os meses de recuperação são 
preenchidos com experiências estressantes e dolorosas, principalmente em razão da 
necessidade da troca de curativo ser diária. A contenção física durante os curativos 
provoca uma sensação de impotência, aumentando em muito o medo e a antecipação da dor 
nessas crianças. Muitas vezes elas exibem total falta de compreensão acerca do propósito e 
da necessidade de procedimentos terapêuticos dolorosos; acreditam que essas medidas, ao 
invés de beneficiar a cicatrização, poderiam interferir negativamente com a mesma [sic]. 
Não é de surpreender que esse ponto de vista leve à resistência e luta entre a criança e a 
equipe. O uso dos analgésicos é o principal elemento no controle da dor, porém, além disso, 
cada vez mais se admite que essas abordagens podem não apenas reduzir o desconforto dos 
procedimentos dolorosos como permitir que a criança enfrente melhor a internação. (Serra; 
Santos, 1999, p. 151) 
Entendemos que a queimadura deixa marcas importantes na pele e na alma. Preparar a família e o 
escolar hospitalizado para a alta hospitalar inclui prepará-los para o retorno escolar, o que pode trazer, 
segundo Silva (1999, p. 201), certa ansiedade relacionada à reintegração desse indivíduo na sociedade, 
principalmente na escola, onde certamente irá enfrentar o desconforto provocado pelas deformidades. 
E comum ouvir pais cujo filho sofreu uma queimadura afirmarem que o retorno escolar pode esperar. 
No entanto, é fundamental que compreendam a importância da continuidade dos estudos do filho, não apenas 
no momento da alta hospitalar, mas de modo paralelo ao tratamento da enfermidade, segundo o que apontam 
Gonçalves e Valle (1999). As autoras esclarecem ainda que: 
 
É importante para a criança doente perceber-se produtiva e em desenvolvimento, e a 
participação em atividades escolares pode significar igualdade em relação às demais 
crianças da sua idade... E preciso alertar os pais e toda a equipe profissional que, embora 
ela esteja enferma, seu processo de desenvolvimento continua e deve ser constantemente 
incentivado, numa tentativa de suprir o efeito negativo do “stress” e da hospitalização. 
(Gonçalves; Valle, 1999, p. 274) 
Você sabia que a queimadura apresenta causas variadas e características bem definidas nas crianças 
conforme a sua faixa etária? Crianças de zero a seis anos, por exemplo, são as grandes vítimas de acidentes 
por líquidos superaquecidos, pois elas costumam brincar perto de suas mães na cozinha, o local de maior 
incidência de acidentes, sendo que, muitas vezes, estas não têm consciência de tal perigo. No caso das 
crianças com mais de seis anos, as queimaduras ocorrem pela curiosidade que elas têm, sem temer ou prever 
os perigos que correm, ao realizarem diferentes “experiências” com líquidos inflamáveis, como álcool, gaso-
lina e outros agentes de fácil combustão. Também é nessa fase que se iniciam as pesquisas escolares, o que 
aguça ainda mais a curiosidade dos “pequenos cientistas”, conforme observação de Silva (1999, p. 197). 
Serra e Phebo (1999, p. 259) chamam a atenção para as crianças vítimas de maus-tratos por 
queimaduras intencionais, que, na maioria das vezes,

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