Buscar

Epistemologia e Didática ESAB

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 307 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 307 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 307 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Epistemologia e Didática
Vila Velha (ES)
2018
Escola Superior Aberta do Brasil
Diretor Geral 
Nildo Ferreira
Coordenador do Curso de Administração EAD
Almir da Cruz Sousa
Coordenador do Curso de Administração Pública EAD
Almir da Cruz Sousa
Coordenador do Curso de Tecnologia em Gestão de Recursos Humanos EAD
Almir da Cruz Sousa
Coordenador do Curso de Pedagogia EAD
Maria da Ressurreição da Silva Coqueiro - Marizinha
Coordenador do Curso de Sistemas de Informação EAD
Jadson do Prado Rasalfalski
Coordenador do Curso de Ciências Contábeis EAD
Fabrício Conceição das Neves
Secretário Acadêmico
Aleçandro Moreth
Produção do Material Didático-Pedagógico
Escola Superior Aberta do Brasil
Design Gráfico
Rayron Rickson Cutis Tavares
Felipe Silva Lopes Caliman
Diagramação
Rayron Rickson Cutis Tavares
Felipe Silva Lopes Caliman
Equipe Acadêmica da ESAB
Coordenadores dos Cursos
Docentes dos Cursos
Copyright © Todos os direitos desta obra são da Escola Superior Aberta do Brasil.
www.esab.edu.br
Apresentação
Caro estudante,
Seja bem vindo à ESAB. A Escola Superior Aberta do Brasil, funda-se no princípio básico 
de atuar com educação a distância, utilizando como meio, tão somente, a internet. Em 
2004,foi especialmente credenciada para ofertar cursos de pós-graduação a distância, 
via e-learning, utilizando-se de software próprio denominado Campus Online.
Em 2009 foi credenciada com Instituição de Ensino Superior – IES, através da portaria 
MEC nº 1242/2009, de 30 de dezembro de 2009, ocasião em que também foi autorizada 
a ofertar o curso de pedagogia – licenciatura, na modalidade presencial, conforme 
portaria MEC nº 14/2010, de 9 de janeiro de 2010.
Em outubro de 2012 recebeu o Prêmio Top Educação 2012, da Editora Segmento, sendo 
reconhecida como a Melhor Instituição de Ensino EAD para Docentes.
Em 2013 é aprovada para a oferta dos cursos de: Administração (Bacharelado); 
Pedagogia (Licenciatura) e Sistemas de Informação (Bacharelado), todos na 
modalidade EAD, com avaliação máxima das comissões avaliadoras.
Inicialmente, queremos convidá-lo a um passeio pelo túnel do tempo, para conhecer 
as origens da Didática e seus primórdios na educação brasileira. A seguir, vamos 
apresentar as tendências pedagógicas liberais e progressistas, as novas teorias de 
aprendizagem, buscando identificar em cada uma delas aspectos como o papel da 
escola, os conteúdos e métodos de ensino, os pressupostos de aprendizagem e como 
se dá a relação entre professor e aluno no processo de ensino e aprendizagem.
Você conhecerá também as transformações ocorridas nas teorias que formam a base da 
educação em uma perspectiva contemporânea. Estudará também acerca da influência 
das tecnologias de informação e comunicação sobre a Didática; influência que, entre 
outras coisas, passou a exigir um novo perfil docente, além de diferentes competências 
docentes e novas formas de ensinar e aprender. Este estudo está predominantemente 
fundamentado em Candau (1999), Castro (2005), Cordeiro (2007), Demo (2011), 
Jolibert et al. (2007), Sacristán (2007) e Veiga (2003). 
Bom estudo!
Objetivo
O nosso objetivo é apresentar a história da Didática e das tendências pedagógicas, 
percorrendo os principais componentes do processo de ensino e aprendizagem, 
buscando (re)significar e aprimorar a ação docente numa perspectiva contemporânea.
Habilidades e competências
• Reconhecer as diferentes teorias de aprendizagem e tendências pedagógicas 
presentes na história da educação brasileira.
• Compreender as alternativas didático-pedagógicas apresentadas, de forma 
articulada, com uma perspectiva contemporânea de educação. 
• Propor de forma planejada alternativas didático-pedagógicas para uma prática 
pedagógica reflexiva e interdisciplinar.
• Identificar tendências e teorias de ensino e aprendizagem da pedagogia moderna 
na sociedade do conhecimento.
Ementa
Perspectiva histórica, fundamentos teóricos e contribuições da Didática para a 
formação de professores. O professor e sua epistemologia. Reflexões sobre as 
tendências pedagógicas atuais. Diferentes abordagens didáticas no processo de 
ensino-aprendizagem. As relações interativas na sala de aula. Intervenção na sala 
de aula e análise da prática. Planejamento e avaliação da ação docente. O professor 
e o trabalho coletivo.
Sumário
1. Uma retrospectiva histórica da Didática: de Comenius a Rousseau ..................................7
2. A Didática nos primórdios da educação brasileira .........................................................13
3. O que são tendências pedagógicas? ..............................................................................17
4. Tendências pedagógicas liberais ...................................................................................22
5. Tendências liberais: Escola Nova ....................................................................................28
6. Tendências liberais: Pedagogia Tecnicista ......................................................................33
7. Tendências pedagógicas progressistas: as teorias crítico-reprodutivistas ......................39
8. Tendências pedagógicas progressistas: Pedagogia Libertadora ....................................43
9. Tendências pedagógicas progressistas: Pedagogia Libertária........................................48
10. Tendências progressistas: pedagogia crítico-social dos conteúdos ................................52
11. Teorias de aprendizagem: construtivismo piagetiano - parte I ......................................55
12. Teorias de aprendizagem: Construtivismo piagetiano – parte II ...................................60
13. Teorias da aprendizagem: sociointeracionismo vygotskiano – parte I ...........................65
14. Teorias da aprendizagem: sociointeracionismo vygotskiano – parte II..........................70
15. Didática e o processo de ensino-aprendizagem ............................................................74
16. Didática e a prática pedagógica ....................................................................................80
17. Didática na formação do professor: reflexões críticas ....................................................85
18. Formação de professores ...............................................................................................90
19. O professor e a sua epistemologia: construções.............................................................96
20. O professor e a sua epistemologia: reflexão ................................................................105
21. O professor e a sua epistemologia: qualidade profissional ..........................................110
22. Tendências pedagógicas da atualidade: origens .........................................................116
23. Tendências pedagógicas da atualidade: sociedade .....................................................122
24. Tendências pedagógicas da atualidade: tecnologias de informação e comunicação ...131
25. Pressupostos teóricos ..................................................................................................139
26. Pressupostos teóricos: a reconstrução do objeto .........................................................145
27. Diferentes abordagens didáticas no processo de ensino e aprendizagem ....................151
28. Diferentes abordagens didáticas no processo de ensino-aprendizagem: 
o ato de ensinar ..........................................................................................................159
29. Diferentes abordagens didáticas no processo de ensino-aprendizagem: 
escola, sociedade e cultura ..........................................................................................163
30. Diferentes abordagens didáticas no processo de ensino e aprendizagem: 
novas possibilidades ...................................................................................................169
31. As relações interativas em sala de aula .......................................................................17532. As relações interativas em sala de aula: desafios atuais ..............................................184
33. As relações interativas em sala de aula: o intelectual-social-cultural ..........................190
34. Intervenção em sala de aula: construção do conhecimento ........................................197
35. Intervenção em sala de aula: recursos didáticos ..........................................................202
36. Intervenção em sala de aula: a disciplina ....................................................................208
37. Intervenção em sala de aula: a prática da pesquisa docente .......................................216
38. Planejamento e avaliação da ação docente: saber fazer ..............................................222
39. Planejamento e avaliação: escola e sociedade ............................................................228
40. Planejamento e avaliação: soluções de problemas ......................................................233
41. Planejamento e avaliação: projetos .............................................................................239
42. Planejamento e avaliação: qualidade do processo de ensino-aprendizagem ..............244
43. Planejamento e avaliação: currículo e atividades ........................................................251
44. Planejamento e avaliação: o professor e o fracasso escolar .........................................259
45. O professor e o trabalho coletivo: contrato pedagógico ...............................................264
46. O professor e o trabalho coletivo: planejamento e avaliação .......................................269
47. O professor e o trabalho coletivo: desenvolvimento de grupos ....................................274
48. O professor e o trabalho coletivo: formação cultural ...................................................279
Glossário ............................................................................................................................285
Referências ........................................................................................................................307
www.esab.edu.br 7
1 Uma retrospectiva histórica da Didática: de Comenius a Rousseau
Objetivo
Conhecer as origens da Didática.
Vamos iniciar o nosso estudo na disciplina Epistemologia e Didática 
começando pelos aspectos históricos do pensamento didático. Nesta 
unidade, abordaremos as origens, os primeiros autores e pontos 
importantes pertinentes à evolução da Didática. Pronto para começar? 
Vamos lá!
Em 1628, Comenius – professor e pastor religioso – refugia-se na 
Polônia, em consequência de con� itos políticos e religiosos importantes 
da época. Aí se envolve tanto na defesa do seu povo e da liberdade 
religiosa, quanto em projetos cientí� cos e educacionais. Ligado à 
educação, empenhou-se na reforma do conhecimento humano, dos 
métodos de ensino e para haver mudanças no sistema escolar. Todas 
essas ações, com base na sua obra “ Didática Magna”, marcam o início da 
sistematização da pedagogia e da Didática no Ocidente. 
Figura 1 – “O aprender brincando” – de Comenius, o pai da Didática.
Fonte: <www.revistaescola.abril.com.br>.
www.esab.edu.br 8
Vamos pensar sobre a razão pela qual Comenius intitula como “Didática 
Magna” sua principal obra? Conforme Cordeiro (2010), nela o pensador 
proclama a possibilidade e a necessidade de “ensinar tudo a todos”, 
mediante a adoção de um método único e universal que abreviaria o 
trabalho do professor e tornaria mais acessíveis os conhecimentos para os 
alunos.
Então, observe que Comenius acreditava e defendia uma educação 
universal, inclusive que chegasse também às mulheres, movimento no 
qual foi pioneiro. O professor, investido da missão de tornar o homem 
diferente, representa o agente da “arte de ensinar” – denominada 
por Comenius de Didática, opondo-se ao pensamento pedagógico 
predominante na época. Podemos conhecer e compreender mais o 
pensamento de Comenius quando ele explica o título de sua obra:
A proa e a popa da nossa Didática será investigar e descobrir o método segundo o 
qual os professores ensinem menos e os estudantes aprendam mais; nas escolas, 
haja menos barulho, menos enfado, menos trabalho inútil e, ao contrário, haja mais 
recolhimento, mais atrativo e mais sólido progresso [...] (COMENIUS apud VEIGA, 
2003, p.18)
Nesse sentido, podemos pensar que a “Didática Magna” era considerada 
a grande referência sobre o ensino naquela época, em que Comenius, 
conforme Cordeiro (2010), apresentava uma Didática centrada na 
razão, isto é, defendia a racionalização de todas as ações educativas, da 
teoria didática às questões do cotidiano da sala de aula. A escola não 
mais prioriza como função especí� ca desenvolver o homem por meio do 
intelecto, suas potencialidades; passa a enfatizar, no processo de ensinar, 
o desenvolvimento da individualidade humana. Essa transformação 
mudou a prática diária da escola – a relação professor-aluno, os recursos 
e procedimentos aplicados ao conhecimento ensinado – gerando a 
produção de conhecimentos pedagógicos voltados para a “arte de 
ensinar”.
www.esab.edu.br 9
Para sua re� exão
Agora o convidamos, caro estudante, a refl etir 
sobre a Didática de Comenius. Para isso, leia a 
edição especial “Comênio: a arte de ensinar e 
aprender” de Francisco Marques. Disponível aqui.
As respostas a essas refl exões formam parte de sua 
aprendizagem e são individuais, não precisando 
ser comunicadas ou enviadas aos tutores.
Saiba que Comenius passou a ser considerado o pai da Didática 
Moderna. Isso se deve à importância que teve a sua obra, por reconhecer 
o direito de acesso ao saber de todos os seres humanos.
Então, com base nessas ideias, você saberia descrever quais as principais 
contribuições de Comenius para o momento atual da educação? É 
importante que você tenha em mente dois eixos pontuais: 
• trazer a realidade social para a sala de aula, fazendo uso dos meios 
tecnológicos mais avançados como recursos pedagógicos;
• propor uma prática pedagógica inclusiva: “o direito de aprender é de 
todos”.
Além de Comenius, convidamos você a conhecer outros pensadores 
que contribuíram para o desenvolvimento da Didática. Vamos estudar 
quem foi Johann Friedrich Herbart (1776-1841). Como precursor 
da psicologia experimental, desenvolveu nas suas investigações e 
especulações aspectos sobre o funcionamento da mente humana. A partir 
desses estudos, trouxe para a pedagogia o caráter de objetividade de 
análise, o rigor e a sistematização dos métodos de ensino. Ou seja, propôs 
uma pedagogia que fosse considerada como uma verdadeira ciência da 
educação. 
De acordo com Herbart, a ação pedagógica deveria se orientar por três 
procedimentos: o governo, a instrução e a disciplina.
www.esab.edu.br 10
E como isso pode ser compreendido? Cordeiro (2010) explica que na 
educação trata-se, primeiramente, de controlar a criança para submetê-la 
às regras do mundo adulto – o governo. Esse procedimento possibilita 
começar a instrução, que deve estar focada no estímulo e no trabalho 
sobre os interesses. Com base no controle (governo) e na instrução, 
o aluno adquire a disciplina, que lhe dá condições para orientar e 
autocontrolar a própria vontade, formando o seu caráter e a sua 
capacidade de juízo moral.
O método didático de Herbart constitui-se por intermédio da 
estruturação lógica dos conteúdos escolares que possam ser desenvolvidos 
ao tempo da duração da aula. Nesse desenvolvimento, ele propõe que 
a aula se estruture sempre do mesmo modo, organizando-se em uma 
sequência de cinco passos formais:
1. preparação: correção dos exercícios feitos em casa;
2. apresentação: exposição do conteúdo novo a ser aprendido naquele 
dia;
3. comparação ou assimilação: aplicação dos conhecimentos novos, 
trabalhados por meio de exemplos;
4. generalização: possibilidade de aplicação do conteúdo aprendido, a 
partir do estabelecimento de padrões, regularidades ou leis gerais, em 
situações emque esse conhecimento seja adequado;
5. aplicação: é a fase dos exercícios a serem resolvidos em classe ou em 
casa.
Nessa esteira, vimos que a educação para Herbart se dá pela instrução e 
tem caráter intelectualista. No entanto, ele tem uma grande in� uência no 
pensamento e na prática pedagógica desde o seu tempo.
O que é possível constatar em relação à postura de Herbart e a de 
Comenius, frente a educação? Vale re� etir!
Para � nalizar esta unidade, vamos tratar agora de um terceiro pensador 
que integra também a história da Didática. Trata-se de Jean-Jacques 
Rousseau (1712-1778), cujas ideias são relevantes, especialmente para a 
educação infantil.
www.esab.edu.br 11
Vamos compreender as ideias de Rousseau? Siga com atenção! Elas são 
importantes especialmente para conhecer o lugar da pedagogia no seu 
pensamento. 
Comecemos pelas obras mais signi� cativas desse pensador: “O contrato 
social” (1762), obra que apresenta a legitimidade do poder político, 
ressaltando o homem como cidadão; e “Emílio, ou Da Educação” 
(1762), que trata inicialmente da educação do homem natural e de sua 
formação como indivíduo.
Analisando as posições de Rousseau, a partir do campo teórico 
construído por ele, inclusive suas correspondências, podemos constatar, 
apesar da polêmica existente quanto às oposições aparentes, que os dois 
livros são complementares, levando em conta o princípio � losó� co que 
os norteia: “O homem é naturalmente bom”.
Logo, ele revolucionou a educação da sua época chamando a atenção 
para as necessidades da criança e as condições de seu desenvolvimento. 
Para Rousseau, a criança não deve ser entendida como um adulto em 
miniatura, pois sendo a criança um ser com características próprias, com 
ideias e interesses diferentes dos adultos, deveria ser tratada como tal.
Também esse pensador apresenta ideias bastante distintas daquelas 
de Herbart que vimos anteriormente. Essas ideias contrariavam 
todo o entendimento que se tinha até então de que a educação é um 
processo pelo qual a criança passa a adquirir conhecimentos, hábitos e 
atitudes armazenados pela civilização, sem nenhuma necessidade de ser 
modi� cada. 
Observe que, de acordo com Rousseau, para compreender a infância, o 
homem deve olhar a vida com simplicidade. Suas posições sobre homem, 
infância e conhecimento possibilitaram a construção dos conceitos de 
jardim de infância, de trabalho na escola e de metodologia. Parece muito 
oportuno, caro estudante! 
www.esab.edu.br 12
Para sua re� exão
Você acabou de conhecer três grandes precursores 
da Didática Moderna. Você acredita que as ideias 
deles ainda infl uenciam a educação atual? Em que 
aspectos essa infl uência ocorre? Procure dedicar 
um tempo para refl etir a esse respeito e vamos em 
frente!
As respostas a essas refl exões formam parte de sua 
aprendizagem e são individuais, não precisando 
ser comunicadas ou enviadas aos tutores.
www.esab.edu.br 13
2 A Didática nos primórdios da educação brasileira
Objetivo
Identifi car o papel da Didática nos primórdios da educação brasileira.
Agora que você já conhece um pouco mais a respeito dos principais 
pensadores ligados à história da Didática na Europa, vamos ver como ela 
se deu aqui no Brasil?
Nesta unidade, vamos identi� car a trajetória da Didática e suas 
repercussões nos primórdios da educação brasileira (1549-1930).
Trata-se de um momento histórico em que ainda não se dispensava 
grande atenção para a importância de uma organização disciplinar, 
muito menos interdisciplinar, na con� guração do processo de ensino-
aprendizagem.
Conforme Veiga (2003), a retrospectiva histórica da Didática caracteriza-
se por dois momentos: no primeiro, é abordado o papel da disciplina 
antes de sua inclusão nos cursos de formação de professores de nível 
superior, no percurso de 1549 a 1930; no segundo, procura reconstituir a 
trajetória da Didática a partir de1930 até os dias atuais.
Procure interagir atentamente com o conhecimento em estudo, à luz de quatro 
questões centrais que se relacionam à Didática, apresentadas a seguir: o que ensinar, 
para que ensinar, como ensinar e para quem ensinar, em cada momento 
histórico, social e político da educação. 
www.esab.edu.br 14
Figura 2 – Jesuítas – a primeira escola pedagógica brasileira.
Fonte: <commons.wikimedia.org>.
Você sabe como era a educação no Brasil a partir da chegada dos 
portugueses? Nos primeiros tempos, em quase todo o período colonial 
(1549-1930), a educação � cou nas mãos dos padres jesuítas da 
Companhia de Jesus, como a representação na Figura 2. Tinha por 
objetivo, mediante o ensino da leitura e escrita, fortalecer a religião 
católica, que vinha perdendo espaço não só no campo educacional como 
na sociedade.
E como era a ação pedagógica dos jesuítas? Era marcada pelas formas 
dogmáticas do pensamento contra o pensamento crítico; privilegiava o 
exercício da memória, o desenvolvimento do raciocínio e a formação do 
caráter. 
De acordo com Veiga (2003), no contexto de uma sociedade de 
economia “agrário exportadora-dependente”, explorada pela Metrópole, 
a educação não era considerada um valor social importante. A missão 
educativa visava à catequização e à instrução dos indígenas. No entanto, 
para a elite colonial era oferecida outra educação. 
Quanto aos métodos de estudo: a matéria e o horário das aulas 
expositivas eram prescritos pelo mestre jesuíta aos futuros professores. A 
www.esab.edu.br 15
estes cabia memorizar e repetir os conteúdos e expô-los, reproduzindo 
essas práticas nas aulas com seus alunos.
A educação tinha como meta a formação do homem universal humanista 
e cristão; o ensino de cultura geral, “enciclopédico”, era alheio ao 
contexto da realidade vivida no Brasil Colônia. Foram esses os elementos 
fundantes da Pedagogia Tradicional, no viés religioso.
Saviani (apud VEIGA, 2003, p. 26) sintetiza esses princípios a� rmando 
que a Pedagogia Tradicional é marcada por uma “[...] visão essencialista 
do homem, isto é, o homem constituído por uma essência universal e 
imutável. A essência humana é considerada criação divina”. 
O aproveitamento dos alunos também era avaliado de modo rígido, feito 
na forma de exames orais e escritos. O papel da Didática, denominada 
Metodologia de Ensino, no Código pedagógico dos jesuítas é atravessado 
pelo caráter meramente formal, considerando a inteligência, o 
conhecimento, sustentados na “visão essencialista do homem”.
Nessa modalidade, estava longe de se pensar uma prática pedagógica, 
muito menos uma Didática que pretendesse ser transformadora. 
Então, o que você pensa? Haveria perspectivas de mudança? Não 
aconteceram movimentos pedagógicos importantes no Brasil após os 
jesuítas, assim como poucas mudanças foram vivenciadas pela sociedade 
colonial até o Império e a República. 
Porém, com a expansão cafeeira e a mudança do modelo comercial-
exportador, em torno de 1870, o Brasil vive o seu tempo de 
“iluminismo”, momento em que começam a enfraquecer as in� uências 
religiosas no campo educacional. Nesse contexto, o ensino religioso 
é suprimido nas escolas públicas; responsabilizando-se o Estado pelo 
ensino laico, ou seja, destituído do caráter religioso que predominava até 
então.
Na época (1890), Benjamin Constant, buscando atender às necessidades 
da burguesia industrial que se instalava no país, propôs uma reforma 
www.esab.edu.br 16
educacional positivista fundamentada na ordem e no progresso. Porém, 
apesar do caráter laico, a Didática continuou a ser compreendida como 
um conjunto de regras e conteúdos dogmáticos, sendo que a teoria e a 
prática se distanciavam cada vez mais. 
Essa visão da Didática ainda perdurou por muitos anos. Entretanto, 
décadas mais tarde, por volta de 1930, com a crise do café, instalou-
se um novo modelo socioeconômico no Brasil, sendo que o con� ito 
gerado pela reorganização das forças econômicas e políticas resultou na 
 Revolução de 1930.
Você pode estar se perguntando: por que esse fato é relevante? Porque 
eledeterminou o início de uma nova fase na história da República do 
Brasil. Entre outros fatos, foi criado o Ministério da Educação e da Saúde 
Pública. Inicia-se, portanto, uma nova etapa, com uma sequência de 
acontecimentos também no âmbito educacional. 
Organiza-se o ensino comercial, o ensino superior passa a ter regime 
universitário e a primeira universidade brasileira é instituída: a 
Universidade de São Paulo (USP) – sendo que a origem da Didática 
como disciplina dos cursos de formação de professores de nível superior 
está vinculada à criação da Faculdade de Filoso� a, Ciências e Letras da 
referida universidade.
Estudo complementar
O método de ensino utilizado pelos jesuítas no 
Brasil foi o Ratio Studiorum, ou Plano de Estudos. 
Compreendia o trinômio: estudar, repetir e 
disputar; e como exercícios escolares, havia a 
 preleção, lição de cor, composição e desafi o, 
práticas pedagógicas que remetiam diretamente 
à escolástica medieval, confi gurando-se como 
Pedagogia Tradicional. Se você desejar saber mais 
sobre o Ratio Studiorum, acesse o link aqui.
www.esab.edu.br 17
 3 O que são tendências pedagógicas?
Objetivo
Analisar o papel da Didática nas diferentes concepções de educação.
Caro estudante: vamos seguir aprendendo mais sobre a Didática? 
Nas duas primeiras unidades, estudamos sobre as origens e a evolução 
da Didática no campo conceitual, bem como seus pressupostos. Agora, 
vamos estudar outras concepções de educação.
Considerando que a escola é uma representação da sociedade vigente em 
que estamos inseridos, a educação escolar cumpre funções suscitadas por 
essa sociedade em um dado momento histórico, social e político. Logo, 
as tendências pedagógicas caracterizam o fenômeno produzido pelos 
desejos e pelas aspirações dessa sociedade, que determinam os modos 
como o conhecimento será veiculado e a natureza das relações entre 
quem ensina e quem aprende.
Essas a� rmações nos levam a pensar sobre o fato de que o papel da 
escola não se restringe a interesses pedagógicos, mas avança pelo campo 
da � loso� a e da política. Dessa forma, a prática escolar está ligada a 
condicionantes sociopolíticos que con� guram diferentes concepções de 
homem e de sociedade; consequentemente, diferentes pressupostos sobre 
o papel da escola, da aprendizagem, da relação professor/aluno e das 
técnicas pedagógicas.
Perceba que o modo como os professores realizam seu trabalho, 
selecionam e organizam o conteúdo de aprendizagem, escolhem técnicas 
de ensino e formas de avaliar relaciona-se, explícita ou implicitamente, 
com os pressupostos metodológicos. Estes fundamentam a educação em 
um dado momento político e sócio-histórico.
www.esab.edu.br 18
Nas unidades a seguir, vamos dar continuidade, de modo mais especí� co, 
às tendências pedagógicas impressas nas escolas, mediante a posição dos 
educadores nas suas práticas. Iremos considerar ainda que a tendência 
pedagógica não é uma verdade única e absoluta, pelo contrário, é um 
fenômeno altamente dinâmico.
Necessitamos compreender e aprofundar o real papel da Didática nas 
diferentes concepções de educação. Quando falamos em concepção de 
educação (pedagógica), referimo-nos aos pressupostos teórico-práticos 
que orientam a prática educativa. Uma concepção pedagógica está 
relacionada aos diversos discursos que permeiam a realidade educacional, 
considerando suas raízes históricas e � losó� cas, assim como suas 
manifestações na prática pedagógica dos professores.
Além da descrição dos fundamentos da história de cada corrente teórica, 
ou tendência pedagógica, o objetivo deste estudo é possibilitar aos que, 
direta ou indiretamente, lidam com a educação, reconhecer e identi� car 
as posturas adotadas frente ao processo educativo, uma vez que ele está 
sempre ligado a um fundamento epistemológico. 
Antes de começar o estudo sistemático sobre as concepções, é importante 
lembrarmos de algumas questões sobre a natureza do processo educativo, 
principalmente o seu caráter de processo.
Vamos juntos nesse caminhar? Como se sabe, a educação, assim como 
o ser humano, está em constante mutação. Logo, podemos inferir que 
um modelo de educação concebido em determinada época histórica, sob 
determinadas condições sociopolíticas, não pode servir aos sujeitos da 
educação em outro tempo e em outra cultura, pois as condições de vida 
se transformaram. 
Saiba que, em cada época histórica, sociedades surgem e declinam; 
por exemplo, no âmbito educacional, no ano de 1932, logo após 
a constituição do Ministério da Educação e Cultura (MEC) e da 
saúde pública, é lançado o Manifesto dos pioneiros da Escola Nova 
(discutiremos sobre esse manifesto na unidade 5), que preconizava a 
reconstrução social da escola na sociedade urbana e industrial. Nesse 
movimento – o escolanovismo – o ponto marcante é a valorização da 
www.esab.edu.br 19
criança, com a solução de problemas educacionais em uma dimensão 
interna da escola, independente da realidade política, social e econômica.
A Didática, consequentemente, também é in� uenciada; e o caráter 
prático-técnico é acentuado no processo de ensino/aprendizagem: teoria 
e prática são justapostas. A dimensão técnica da escola é privilegiada pela 
Didática, que por sua vez é entendida como um conjunto de ideias e 
métodos.
Já no período de 1945-1960, com uma turbulência econômica e 
sociopolítica, a democracia liberal passa a ser um imperativo, com 
crescente participação das massas. Nesse contexto, com o estado 
populista, desenvolvimentista, insere-se a educação. A Didática, por 
questões legislativas no ensino, perde sua quali� cação geral e especial e a 
prática de ensino é introduzida sob a forma de estágio supervisionado.
Como podemos perceber, as mudanças vão acontecendo...
Com a inserção das escolas católicas no movimento renovador, métodos 
de ensino especí� cos são difundidos – Montessori, por exemplo, assim 
como outros indícios renovadores começam a ser propagados. No 
entanto, de modo paralelo, outro redirecionamento é dado à escola 
renovada, marcada signi� cativamente pela centralidade metodológica, 
movimento que culminou com as reformas do sistema escolar brasileiro 
(1968-1971).
Saiba que quando o ideário renovador-tecnicista começa a ser difundido, 
nessa fase, o ensino da Didática também se sustenta no liberalismo e no 
pragmatismo. A Didática se volta para as questões do processo de ensino 
à parte do contexto político-social. Acentua-se o enfoque renovador 
tecnicista da Didática.
No período pós 1964, com tantas mobilizações quanto à ideologia 
política e à forma de governo, as mudanças também chegam à educação. 
A Didática é superposta pela nova disciplina – “Currículos e Programas” 
– nos cursos de Pedagogia. 
www.esab.edu.br 20
Na Pedagogia Tecnicista, o papel da Didática situa-se no âmbito da 
tecnologia educacional, tendo como foco a e� cácia e a e� ciência do 
processo de ensino.
A caminhada para conhecer e compreender o papel da Didática nas 
diferentes concepções pedagógicas continua, a partir de 1974, com a 
abertura do regime político autoritário; surgem estudos evidenciando 
as reais funções da política educacional denominados por Saviani 
(apud VEIGA, 2003, p. 36) de “teorias crítico reprodutivistas”. Com 
o predomínio dos aspectos políticos, as questões didático-pedagógicas 
são diminuídas. Por outro lado, existe todo um movimento de atitude 
crítica, que os professores e alunos exigiam no sentido de estabelecer mais 
coerência entre a prática pedagógica e a realidade sociocultural. Logo, 
requer que a Didática seja revisada, o que aponta para a busca de novos 
rumos.
Na década de 1980, caracteriza-se o momento atual da Didática. Isto 
é: surgem os primeiros estudos, buscando alternativas para este campo 
de conhecimento, a partir dos princípios da Pedagogia Crítica. Assim, 
podem auxiliar no processo de politização do professor.
É preciso, caro estudante, instituir uma Didática que suscite mudanças, 
críticas, contextualizações e que esteja comprometidacom a formação 
do professor. E é justamente sobre essas tendências pedagógicas que 
você continuará estudando nas próximas unidades. Mas lembre-se: não 
são essas somente a permear a educação brasileira. Por esse motivo, 
cada educador poderá buscar sua identi� cação com aquela (tendência) 
que é mais parecida com as suas inclinações pessoais, posições e o seu 
entendimento sobre educação.
Faça esse exercício de construção! Até a próxima unidade!
www.esab.edu.br 21
Fórum
Caro estudante, dirija-se ao Ambiente Virtual de 
Aprendizagem da instituição e participe do nosso 
Fórum de discussão. Lá você poderá interagir com 
seus colegas e com seu tutor de forma a ampliar, 
por meio da interação, a construção do seu 
conhecimento. Vamos lá?
www.esab.edu.br 22
4 Tendências pedagógicas liberais
Objetivo
Identifi car as tendências pedagógicas liberais e suas consequências 
para a Didática.
Você já deve ter percebido que a educação está fortemente marcada por 
uma sociedade historicamente situada. Nesta unidade, você vai conhecer 
as tendências pedagógicas liberais cujas ideias nascem das lutas de classe 
da burguesia contra a aristocracia. É a burguesia estabelecendo uma 
forma de organização social com base na propriedade privada dos meios 
de produção, também denominada sociedade de classes.
Aparentemente, falar em uma pedagogia liberal pode nos remeter a um 
princípio de liberdade equivocado.
No pensamento liberal, o princípio de igualdade parte da ideia de que 
todos os indivíduos são livres para ocupar, socialmente, qualquer posição 
que almejam em função de seus talentos. Uma vez que os homens 
não são iguais em seus talentos, é natural que não sejam iguais em sua 
posição social. Portanto, a igualdade para o liberalismo não leva em conta 
as condições materiais do indivíduo. Embora pratique o discurso da 
igualdade de oportunidades, incentiva uma pedagogia seletiva que não 
considera as diferenças individuais.
Convém lembrar que a pedagogia liberal vai se estruturando no contexto 
de uma sociedade capitalista que busca justi� car as diferenças de classe 
colocando no indivíduo a responsabilidade por sua ascensão social.
A Escola Tradicional é vista como a perspectiva mais conservadora 
do pensamento liberal. Veiga (2003) a� rma que foi essa vertente a 
inspiradora da criação da escola pública, laica, universal e gratuita. 
Politicamente, garantir a presença de todos na escola e manter a 
gratuidade fez despertar na população o interesse pela educação e, 
www.esab.edu.br 23
consequentemente, garantir a participação do indivíduo como cidadão 
moderno, ou seja, sentindo-se parte da sociedade, respeitando suas leis e 
aprendendo as boas maneiras, atitudes requeridas pela cultura moderna.
E como você acha que � ca a educação embasada pelo pensamento 
liberal? Qual a orientação dada aos professores e alunos nessa perspectiva?
Para sua re� exão
Você sabe o que signifi ca a criação da escola 
pública, laica, universal e gratuita? Embora 
a realidade nos mostre que até nossa época 
ainda não tenha sido consolidado este ideal, 
convenhamos que um grande passo foi dado. 
Refl ita sobre a importância desse momento 
histórico para a educação.
As respostas a essas refl exões formam parte de sua 
aprendizagem e são individuais, não precisando 
ser comunicadas ou enviadas aos tutores.
Segundo Veiga (2003), a pedagogia tradicional mantém a visão 
essencialista de homem, não como criação divina, porém aliada à 
noção de natureza humana, essencialmente racional. A ênfase está no 
 ensino humanístico, com o objetivo de possibilitar ao aluno seu pleno 
desenvolvimento pessoal levando a realização e à prosperidade pelo seu 
próprio esforço.
Para compreender como isso acontece, vejamos agora algumas 
características da Pedagogia Tradicional. Ao fazer a leitura, devemos 
comparar os aspectos aqui destacados com nossa vida escolar.
www.esab.edu.br 24
Observe que, de acordo com Veiga (2003), a essa teoria correspondem as 
seguintes características:
• enfatiza o ensino humanístico de cultura geral;
• centra no professor, que transmite a todos os alunos, indistintamente, 
a verdade universal e enciclopédica;
• desenvolve a relação pedagógica de forma hierarquizada e 
verticalista, em que o aluno é educado para seguir atentamente a 
exposição do professor;
• segue seis passos de método de ensino, são eles: preparação, 
apresentação, comparação, assimilação, generalização e aplicação.
Portanto, a escola está voltada para a cultura da elite que é apresentada 
a todos os alunos. Cabe a eles assimilar conhecimentos dessa cultura. 
Os melhores, por merecimento, galgarão os níveis mais avançados de 
educação. Os outros que não conseguirem superar suas di� culdades, 
devem buscar alternativas de ocupação que não necessitem de estudo.
É dessa forma que a Didática se apresenta na Pedagogia Tradicional. 
Conteúdos e métodos são utilizados para garantir os conhecimentos 
construídos socialmente. Ao professor, cabe o papel de transmissor de 
conteúdos; ao aluno, de receptor passivo. Não há momentos de re� exão 
e crítica. O professor é o intérprete da matéria a ser lecionada. O aluno 
deve prestar atenção, memorizar e reproduzir nas provas o tema em 
estudo tal qual o professor transmitiu. 
Figura 3 – O professor fala e o aluno escuta.
Fonte: Harper et al. (1980).
www.esab.edu.br 25
Como você pode perceber, não há diálogo entre professor e aluno. O 
professor tudo sabe. O aluno se apresenta como uma página em branco a 
ser escrita com os ensinamentos que recebe do professor. Isso quer dizer 
que todo o conhecimento construído socialmente pelo aluno, desde seu 
nascimento, não é valorizado. 
Os livros didáticos são seguidos rigorosamente. É dos livros que os 
professores retiram todo o ensinamento que repassam aos alunos. Perceba 
que ensinar é passar matéria e estudar é repetir os conteúdos uma 
in� nidade de vezes para que sejam memorizados e repetidos nas provas 
tal qual se apresentam no livro didático.
Tanto o dever de casa quanto as provas têm origem na Pedagogia 
Tradicional. Com o dever de casa o professor garante que o conteúdo 
seja revisado por intermédio de exercícios repetitivos e de memorização. 
As provas são utilizadas como recurso de avaliação, para medir o 
conhecimento adquirido pelo aluno. Quando o resultado da prova 
aponta para o fracasso, cabe ao aluno se recuperar. Na maioria das vezes 
as di� culdades vão aumentando e levam à evasão escolar.
Outra herança desse modelo de escola é o castigo. Você já deve ter ouvido 
falar nas expressões: “orelha de burro”, “cantinho do castigo”, “cheirar 
parede”, “ajoelhar no milho”. Bem, você deve saber que conseguir a 
atenção dos alunos em sala de aula não é uma tarefa fácil, principalmente 
em se tratando de manter a passividade. Você pode imaginar crianças, 
com toda a energia característica da idade, ouvindo atentamente a 
explanação do conteúdo pelo professor sem poder interagir? Segundo 
VEIGA (2003, p. 28), “[...] a disciplina é a forma de garantir a atenção, 
o silêncio e a ordem”. O aluno indisciplinado recebe castigo como forma 
de punição. 
www.esab.edu.br 26
Figura 4 – O castigo em sala de aula.
Fonte: <www.123rf.com>.
Então, caro aluno, revisitando sua vida escolar, deparou-se com alguma 
experiência que lembre a Pedagogia Tradicional? Muitos de nós, alunos 
ou professores, de alguma forma ainda sofremos forte in� uência do 
pensamento liberal. Somos conservadores ou sujeitos da história?
E quanto à Didática? Bem, na Pedagogia Tradicional, a Didática é 
entendida como um conjunto de regras que orienta o trabalho dos 
professores em sua prática docente. A atividade do professor não tem 
cunho político e os conteúdos são desvinculados da realidade dos alunos 
e dos acontecimentos sociais. Portanto, é uma Didática que separa teoria 
e prática (Veiga, 2003). 
A ideia da cultura como desenvolvimento das aptidões individuais é 
acentuada também pela tendência liberal renovada. Porém, o que difere é 
que essa tendênciacompreende a educação como um processo que ocorre 
internamente no sujeito, ou seja, parte das necessidades e dos interesses 
individuais para a adaptação ao meio. A escola renovada propõe um 
ensino que valoriza a autoeducação, por meio da qual o aluno assume o 
papel de sujeito do conhecimento.
Note que a escola renovada desloca o aluno para a centralidade do 
ensino. Já em relação à tendência liberal tecnicista, a educação � ca 
www.esab.edu.br 27
subordinada à sociedade, tendo como função a preparação dos recursos 
humanos e de mão de obra para a indústria.
Nesse sentido, a sociedade industrial e tecnológica estabelece 
cienti� camente as metas econômicas, sociais e políticas à educação, que, 
por sua vez, treina nos alunos os comportamentos de ajustamento a essas 
metas.
A tecnologia é entendida, nesse contexto, como o aproveitamento 
ordenado dos recursos, com base no conhecimento cientí� co. Ela é 
o meio adequado de obter a maximização da produção e garantir um 
ótimo funcionamento da sociedade. Dessa forma, a educação é um 
recurso tecnológico por excelência.
Saiba mais
Nesta unidade, discutimos brevemente os 
pressupostos que embasam a Pedagogia Liberal 
nas suas vertentes tradicional, liberal renovada 
e tecnicista, além da sua repercussão nos 
processos de ensinar e aprender. Para entender 
um pouco mais sobre o papel da Didática nas 
diversas tendências pedagógicas, assista ao vídeo: 
“Didática Geral: a identifi cação da Didática”, 
disponível aqui.
E assim encerramos mais uma unidade de estudo. Continue dedicando 
sua atenção a esta disciplina, porque na sequência você terá a 
oportunidade de conhecer pormenores da tendência liberal renovada, na 
sua expressão não diretiva, conhecida principalmente como Escola Nova. 
Vamos lá!
www.esab.edu.br 28
 5 Tendências liberais: Escola Nova
Objetivo
Diferenciar o escolanovismo das demais tendências liberais a partir 
da perspectiva da Didática. 
Na unidade 3 tratamos de forma bastante breve sobre a Escola Nova, 
você está lembrado? A partir de agora, vamos aprofundar nosso estudo 
sobre a tendência escolanovista, que é uma das principais representantes 
das tendências pedagógicas liberais. 
Como já vimos em estudos anteriores , a necessidade de educar a 
criança veio se � rmando ao longo dos últimos séculos e se solidi� cou na 
modernidade, criando um novo paradigma para a educação. A escola 
passa a ser a instituição que dá sustentação à educação propagada pelo 
Estado. É a responsável por transformar a criança em adulto. Você deve 
lembrar, conforme nossos estudos, que é na escola que se dá a iniciação 
social da criança, o aprendizado das boas maneiras que é esperado na 
cultura moderna. É a escola da socialização controlada e determinada 
pelos gestores da educação.
No entanto, como já é do seu conhecimento, a educação acompanha 
as mudanças ocorridas em cada época da história. De acordo com 
Cordeiro (2010), ao mesmo tempo em que se consolida o modelo da 
Escola Tradicional, ele já começa a receber críticas. Com a aceleração 
do processo industrial e da urbanização, faz-se necessário romper com o 
passado e a tradição para se concretizar o objetivo esperado socialmente: 
o progresso. Em decorrência, nasce na Europa – na passagem do século 
XIX para o século XX – a Educação Nova. Essa reelaboração do modo 
de ver a educação é fruto da popularização do questionamento de 
pensadores acerca do modelo vigente. Esse movimento reuniu autores 
com as mais variadas propostas, no entanto, segundo Cordeiro (2010), 
havia em comum entre eles as contribuições dos estudos provenientes da 
psicologia da infância.
www.esab.edu.br 29
A ideia era que a Pedagogia e a Didática incorporassem os estudos 
cientí� cos realizados na época para entender a criança e manter uma 
proposta de ensino bem fundamentada.
Essa forma renovada da tendência liberal, embora modi� que as 
� nalidades, os conteúdos e o método de ensino, mantém os pressupostos 
do pensamento liberal que inspirou a Escola Tradicional.
Esse movimento critica a escola e o professor existentes, que são 
chamados de tradicionais porque simplesmente reproduziriam as 
tradições e as estruturas da sociedade do passado. Seria necessário romper 
com esse modelo e adotar procedimentos e concepções pedagógicas 
modernas, progressistas, sintonizadas com as rápidas mudanças que 
surgiam na sociedade e no conhecimento cientí� co. Assim, embora 
os defensores da Educação Nova criticassem a escola e o professor, 
acabaram mantendo um papel central para a educação na medida em que 
pretendiam transformar a escola e o professor em agentes do progresso 
(CORDEIRO, 2010).
No Brasil, essa corrente pedagógica foi implementada a partir de 1932 
com o Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova, tendo os educadores 
Anísio Teixeira, Fernando de Azevedo, Lourenço Filho e Francisco 
Campos como seus principais defensores. Esse manifesto expressa um 
momento de luta contra o conservadorismo, trazendo a discussão da 
educação como meio de reconstrução social.
Nesse momento histórico, o Brasil passa por reformas provenientes da 
Revolução de 30, em que o capitalismo industrial ganha força e desloca 
os trabalhadores da agricultura e da pecuária para as indústrias, tornando 
necessária a educação formal.
Mas vamos saber o que mudou com a proposta da Escola Nova? Para 
início de conversa, é importante lembrar que o conhecimento que se 
adquiriu acerca da criança foi fruto de pesquisas cientí� cas que de� niram 
as formas de pensar, agir e sentir próprias da natureza infantil. Porém, 
as representações que se � zeram sobre as crianças são frutos de um 
saber sobre elas e não a partir delas. E é esse conhecimento que serve de 
embasamento para normatizar as rotinas escolares.
www.esab.edu.br 30
A Escola Nova tem como proposta de base descentrar o ensino do professor para centrá-
lo na criança. 
Parte do princípio de que uma criança não é um adulto em miniatura e, 
por isso, precisa de um tempo para aprender, um tempo próprio que é 
parte de seu desenvolvimento humano.
Portanto, caros alunos, percebam que a forma de ensinar ganha 
características diferentes. A atividade, aqui entendida como tarefas 
desenvolvidas pelas crianças na escola, deveria partir do interesse delas. 
Surgem as atividades lúdicas como forma de estimular a sensibilidade 
infantil: desenhos, teatros, jogos, as quais passam a fazer parte do 
planejamento escolar. O estímulo à resolução de situações-problema 
envolvendo desa� os também são incluidos nas estratégias de ensino.
Essa corrente valoriza a educação como processo ativo, dando importância 
à interação do indivíduo com o meio ambiente, por isso valoriza as 
atividades ao ar livre, em ambientes como laboratórios e o� cinas, para que 
o aluno possa experimentar e vivenciar o conteúdo que é trabalhado em 
sala de aula. Cordeiro (2010) diz que as aulas expositivas são eliminadas 
como recurso didático. O trabalho em grupo é o recurso mais utilizado 
pelo professor no que tange à formação física da sala de aula.
Procurando respeitar a criança em seu desenvolvimento, essa teoria, 
diferente da teoria da Escola Tradicional, renega o castigo, uma vez que 
impede a espontaneidade do aluno.
Você sabe como � ca o professor nessa concepção?
O professor que mantinha a centralidade do ensino, segundo Cordeiro 
(2010, p. 50), “[...] deve se deslocar para uma posição secundária, como 
auxiliar, monitor ou animador dos debates”. Como você pode ver, ele 
passa de mestre a mero auxiliar e expectador do ensino, já que toda 
intervenção é inibidora da aprendizagem.
www.esab.edu.br 31
A aula e o currículo devem prever a aprendizagem por meio da 
participação ativa do aluno. O que importa é a aprendizagem ativa, por 
meio da interação direta da criança com os objetos materiais, com as 
experiências concretas, com a vida e com a produção do conhecimento 
(CORDEIRO, 2010).
Os conteúdos foram substituídos por “acordos de interesse”, levando o 
professor a transformar-se de autoritário (tradicional)para especialista 
em relações humanas, pro� ssional cuja função é manter a harmonia do 
grupo e provocar estímulos ao interesse dos alunos.
E a Didática? Bem, segundo Candau (1999), a Didática tem como 
princípio, nessa pespectiva, a aquisição de atitudes tais como: calor, 
empatia, consideração positiva incondicional.
A base de sua proposta deve partir dos interesses espontâneos e 
naturais da criança, os princípios de atividade, de individualização e 
de liberdade. Como já vimos anteriormente, trata-se de uma Didática 
de base psicológica. Seu fundamento está na psicologia evolutiva e na 
psicologia da aprendizagem. Enfatiza-se a ideia do “aprender fazendo” e 
do “aprender a aprender”. 
Estudam-se métodos e técnicas de ensino, tais como: estudo dirigido, 
unidades didáticas, método de projetos, a técnica de � chas didáticas entre 
outras. A autora ainda enfatiza que, do ponto de vista econômico, social 
e político, a Didática � ca “privatizada”, pois não considera estes aspectos 
ao trabalhar o crescimento pessoal, interpessoal e intragrupal.
Será que essa concepção foi utilizada com sucesso nas escolas brasileiras? 
Vejamos.
Os pressupostos da Escola Nova encontraram di� culdades em se 
universalizar no ensino brasileiro. Seus métodos foram utilizados como 
experiências isoladas, em poucas escolas, não chegando a construir uma 
hegemonia pedagógica nacional.
www.esab.edu.br 32
Na verdade, observe que os princípios psicológicos da Escola Nova 
tendiam a contrastar com a formação dos professores e sua intenção de 
educar. Como o centro do processo é o aluno, surgia um con� ito todas 
as vezes em que o professor tentava intervir, levando à descon� ança e 
certa resistência dos professores com relação aos princípios escolanovistas, 
ainda mais se atentarmos para o fato de que a sociedade e o próprio 
sistema escolar cobram resultados da ação docente.
www.esab.edu.br 33
6 Tendências liberais: Pedagogia Tecnicista
Objetivo
Reconhecer a pedagogia tecnicista e sua didática.
Mais uma unidade se inicia e, neste momento, você já pode perceber que 
o conhecimento adquirido acerca da Didática está aumentando pouco 
a pouco, não é mesmo? E agora, vamos avançar em nossos estudos com 
mais uma das tendências liberais. Na unidade anterior você conheceu a 
tendência pedagógica renovada escolanovista e sua repercussão no ensino 
brasileiro. A seguir, veremos a tendência liberal tecnicista.
Trata-se da Pedagogia Tecnicista, vertente que foi o� cialmente 
implantada no ensino brasileiro no � nal da década de 1960. Podemos 
perceber que ela coincide com o início da ditadura no Brasil, ocorrida em 
1964. A ditadura militar juntou-se a vários outros eventos semelhantes 
em toda a América Latina. Atualmente, estudos mostram que, em grande 
parte, esses regimes de governo totalitário foram � nanciados pelos norte-
americanos, que viam no sul do continente um amplo mercado para o 
desenvolvimento do modelo capitalista.
Foi nesse contexto histórico que se � rmaram os acordos MEC-USAID 
(1964-1968), entre o Ministério da Educação do Brasil e as agências 
norte-americanas para o “desenvolvimento da educação”. 
E quais eram os objetivos de tais acordos? De acordo com Veiga (2003), 
os acordos tiveram como principal objetivo as reformas de ensino 
superior, de 1º e 2º graus, adaptando a legislação e a educação brasileira 
ao modelo de racionalidade técnica das indústrias americanas. Em 
outras palavras, signi� cava mais objetividade, mais produtividade e 
racionalidade na produção.
www.esab.edu.br 34
Você sabe como se de� ne a educação nesse período? Veiga (1996) a� rma 
que o Sistema Nacional de Ensino é reorganizado tendo em vista a 
racionalização dos aspectos administrativos e pedagógicos, assegurando 
o pleno controle do trabalho pelos gestores do sistema. Perceba que a 
educação � ca completamente dependente das políticas federais, cabendo 
aos estados da Federação apenas o cumprimento das metas do Ministério 
da Educação e Cultura (MEC) e do Conselho Federal de Educação 
(CFE).
De forma diferente do que vinha acontecendo na pedagogia 
escolanovista, em que os currículos não eram rígidos e não passavam 
por supervisão, agora o MEC e os técnicos norte-americanos controlam 
os currículos desde as primeiras séries do ensino fundamental até a 
universidade. 
Além disso, com vistas a combater os focos de resistência ao regime, em 
1968, preparando o terreno para implementar a Pedagogia Tecnicista, 
o MEC edita a Lei nº 5.540, de reformulação do Ensino Superior. É 
oportuno comentar as modi� cações ocorridas no Ensino Superior a 
partir dessa lei. São elas:
• proibição das agremiações;
• departamentalização;
• uni� cação do vestibular;
• matrícula por disciplina (sistema de créditos);
• rigoroso controle tecnológico nas produções acadêmicas.
Você pode imaginar as consequências desta nova forma de organização? 
Pois bem, o que passa a ocorrer a partir daí é a separação de 
alunos e professores com seus pares, di� cultando os encontros e, 
consequentemente, evitando a coesão política. Como isso acontece? Os 
alunos passam a se matricular em disciplinas diferenciadas, de acordo 
com a disponibilidade e andamento no curso e, dessa forma, a turma que 
iniciou unida vai se separando no percurso. Os professores se isolam em 
seus departamentos e nem a título de planejamento se juntam.
www.esab.edu.br 35
E a reforma do então denominado 1º e 2º graus? Em 1971, a Lei nº 
5.692 tratou de homogeneizar o currículo nacional, introduzindo 
a pro� ssionalização ao Ensino Médio, que passou a ser chamado de 
segundo grau pro� ssionalizante. Isso signi� ca que a maioria dos cursos 
de nível médio passa a preparar também para o mercado de trabalho. 
Veiga (1996) a� rma que esse modelo de organização do trabalho, que 
tem o indivíduo como base, acarreta competitividade, individualismo e 
hierarquização nas relações sociais, incluindo estratégias de controle que 
di� cultam o trabalho coletivo.
Perceba, assim, que o tecnicismo predomina enquanto dura a ditadura e 
procura sufocar neste período histórico qualquer tendência à autonomia 
da educação. Tudo certo até aqui? Lembre-se de que, sempre que você 
tiver alguma dúvida, pode e deve entrar em contato com a tutoria da 
disciplina por meio do Ambiente Virtual de Aprendizagem.
Acompanhe agora como se estabelecia o papel da escola dentro do 
modelo tecnicista.
No Brasil, a missão da Pedagogia Tecnicista é a de cumprir com os seus 
objetivos primordiais. São eles: 
• justi� car o industrialismo, preparando a mão de obra para o recém-
instalado parque industrial brasileiro;
• impor o modelo militarista nas escolas e nas universidades, a 
partir da criação de disciplinas como Educação Moral e Cívica, 
Organização Social e Política Brasileira (OSPB), Iniciação para o 
Trabalho (IPT), entre outras.
Observe que, de acordo com o exposto anteriormente, a Pedagogia 
Tecnicista justi� ca de uma só vez não apenas os currículos, mas o próprio 
regime militar. Contrariando ao modelo subjetivista proposto pela Escola 
Nova, o modelo tecnicista vê na escola um veículo e� caz de instrução 
programada, objetivando o controle do comportamento e disciplinando 
para o modelo fabril.
www.esab.edu.br 36
De acordo com Veiga (2003), o trabalho pedagógico segue o modelo 
do trabalho fabril. A divisão do trabalho é justi� cada em nome da 
produtividade, e este tipo de trabalho acaba por fragmentar todo o 
processo escolar, aumentando a distância entre quem planeja e quem 
executa.
Nessa concepção, perceba que a sociedade é um todo harmônico, 
cabendo ao indivíduo ajustar-se a ela e ser treinado para nela se inserir 
completamente, como uma peça de uma engrenagem complexa: o 
organismo social.
Vamos conhecer um pouco mais sobre os métodos de ensino no modelo 
tecnicista?
Bem, você deve lembrar-se que, no ensino tradicional, o professor era o 
centro do processo. Já na Escola Nova, a centralidade se deslocou para 
o aluno. Por sua vez, no tecnicismo, professor e aluno não têmmuita 
importância. Você sabe por quê? No tecnicismo, o que importa são os 
objetivos instrucionais e as técnicas de ensino. Aliás, as técnicas e os 
métodos de ensino são pensados por pro� ssionais dedicados à instrução 
programada, cabendo ao professor apenas aplicar os modelos especí� cos 
para obter os resultados previamente traçados. Veiga (2003) aponta 
para a importância do processo, uma vez que é ele quem de� ne o que 
professores e alunos devem fazer, quando e como o farão. 
O modelo tecnicista prevê um vasto aparato cientí� co baseado na 
tecnologia educacional e subsidiado pela psicologia comportamental, 
cuja � nalidade é a de assegurar a objetividade na relação entre ensino e 
aprendizagem.
Observe que metodologias como a instrução programada, máquinas 
de ensinar, livro-texto, tele-ensino, entre outras, eram planejadas por 
especialistas educacionais. Logo, neste contexto, cabia ao professor 
apenas entregar os materiais aos alunos, ler com eles os textos e os 
exemplos. Os alunos, por sua vez, deveriam completar os exercícios, 
responder aos questionários de acordo com o texto e fazer exercícios de 
retenção e � xação da instrução, sendo estimulados com notas e conceitos.
www.esab.edu.br 37
Vamos tratar agora da visão tecnicista em relação ao processo de 
aprendizagem? Bem, na concepção behaviorista, aprendizagem é 
mudança de comportamento. Com as experiências do médico russo Ivan 
Pavlov e dos comportamentalistas ingleses acerca dessas mudanças, a 
psicologia desenvolveu um ramo novo: o controle do comportamento.
E como isso se relaciona ao que estamos estudando? A partir 
de experiências com animais, a psicologia comportamentalista 
concluiu que poderia controlar também o comportamento humano. 
Do condicionamento clássico (estímulo-resposta), criou-se o 
condicionamento operante (estímulo-resposta-reforço). Como assim? 
Bastava reforçar o estímulo para obter um comportamento controlado. 
Seguindo essa linha de pensamento, Skinner, psicólogo norte-americano, 
desenvolveu um projeto utilizando cobaias humanas, comprovando que 
o homem também poderia ser controlado no seu comportamento.
Pois foram justamente essas teorias que subsidiaram as ideias tecnicistas: 
o ensino é um modo de controlar o sujeito a dar respostas previamente 
estabelecidas de acordo com os objetivos instrucionais. Essas eram as 
aprendizagens entendidas como mudança de comportamento.
Apesar de toda a crítica que o modelo tecnicista sofreu nos anos 1980, 
ele ainda está presente na prática pedagógica.
O uso frequente do livro didático, em muitos casos, e a total 
dependência dele, força os professores a executarem programas 
previamente pensados. A aplicação de provas e testes objetivos, com 
posterior reforço com notas e conceitos, tende a cristalizar princípios 
tanto tradicionais como tecnicistas. Observe, portanto, que tais práticas 
denunciam que as marcas deixadas pelo tecnicismo foram profundas. 
E aqui encerramos esta unidade, ao longo da qual você conheceu a 
pedagogia liberal na sua vertente tecnicista. Com isso, � nalizamos 
também a abordagem das vertentes pedagógicas liberais, estudo que será 
complementado na sequência, ao tratarmos acerca das escolas críticas. 
Continue empenhado. Até a próxima unidade!
www.esab.edu.br 38
Resumo
No decorrer das seis primeiras unidades deste Caderno de Estudos, você 
acompanhou o movimento histórico da Didática desde suas origens, 
passando pelos primórdios da educação brasileira até o percurso da 
Didática como disciplina articuladora dos diversos aspectos do processo 
de ensino e aprendizagem nas diferentes tendências da Pedagogia Liberal.
Abordamos as três principais tendências liberais – escola tradicional, 
escola nova e tendência tecnicista. 
Para ampliar seus conhecimentos sobre o papel da escola, os métodos de 
ensino, os pressupostos de aprendizagem, o relacionamento professor-
aluno e a avaliação em cada uma das tendências pedagógicas estudadas, 
consulte a bibliogra� a e as sugestões de trabalhos complementares. 
www.esab.edu.br 39
7
Tendências pedagógicas 
progressistas: as teorias crítico-
reprodutivistas
Objetivo
Diferenciar as tendências liberais e progressistas e sua Didática.
Caro aluno, estudar as tendências pedagógicas nos ajuda a re� etir 
e a entender a dimensão política existente nas práticas pedagógicas 
adotadas nas escolas e universidades, através dos períodos históricos e na 
atualidade.
Você sabe por que é importante essa re� exão? Como você já viu nas 
unidades que estudamos anteriormente, as concepções pedagógicas 
de� nem nossa atuação em sala de aula, uma vez que fazem parte de nossa 
formação pro� ssional. O trabalho do professor sempre revela um modo 
de ver o mundo, portanto não é um trabalho neutro.
Estudando a pedagogia tradicional, a pedagogia renovada e a pedagogia 
tecnicista, todas de cunho liberal, re� etimos sobre as implicações dessas 
pedagogias no contexto educacional, destacando o papel da Didática.
Como exercício, você foi convidado a revisitar sua vida escolar para 
perceber quais concepções estavam presentes nos momentos de sua 
formação.
Continuaremos estudando as tendências pedagógicas, só que agora em 
suas vertentes progressistas. Sugerimos que você continue fazendo relação 
do que está estudando com sua vida escolar, dessa forma poderá ir 
construindo sua identidade pro� ssional. Vamos lá!
www.esab.edu.br 40
Enquanto durou o Regime Militar no Brasil (1964-1985), o pensamento 
liberal esteve presente. Até os anos 1970, a visão tecnicista se manteve, 
embora educadores preocupados com o rumo que a educação estava 
tomando se posicionassem contra o modelo em andamento. As 
discussões acaloradas resultaram em novas propostas, voltadas para as 
reais necessidades do povo brasileiro.
As teorias críticas da educação, também conhecidas como tendências 
pedagógicas progressistas, nasceram nesse clima de con� ito, a � m de 
criar mais compromisso com o povo. Veiga (2003) a� rma que foi a partir 
de 1974, época em que iniciou a abertura do Regime Militar instalado 
em 1964, que surgiram os primeiros estudos criticando o modelo de 
educação dominante, pondo em evidência as reais funções da política 
educacional vigente.
E você, sabe o que mudou no discurso dessas novas propostas? Elas 
deslocaram a discussão das questões didático-pedagógicas para os 
aspectos ideológicos e políticos da educação. Veja o que nos diz Veiga 
sobre este tema:
Tais estudos foram agrupados e denominados por Saviani de “teorias crítico-
reprodutivistas”, que, apesar de considerar a educação a partir dos seus aspectos 
sociais, concluem que sua função primordial é a de reproduzir as condições sociais 
vigentes. Elas se empenham em fazer a denúncia do caráter reprodutor da escola. 
Há uma predominância dos aspectos políticos, enquanto as questões didático-
pedagógicas são minimizadas. (VEIGA, 2003, p. 36)
Assim, surge a teoria crítico-reprodutivista, nome dado por Saviani 
em função do empenho em fazer a denúncia do caráter reprodutor da 
escola. Nessa corrente, há uma predominância dos aspectos políticos em 
detrimento dos aspectos didático-pedagógicos, que são minimizados.
Foi a partir da crítica ao modelo vigente que se evidenciou a falsa 
neutralidade da pedagogia tecnicista. Logo, as reais intenções que 
estavam escondidas sob a égide do compromisso político-social 
aparecem.
www.esab.edu.br 41
Veiga (2003) a� rma que, nesse momento da história, as ciências humanas 
e sociais passam a ter outros objetos de estudo, novos focos de análise. 
Nesse contexto, o saber fazer ganha importância no que diz respeito ao 
ato de educar. O aluno e sua prática social são elementos centrais das 
práticas pedagógicas, e é a partir dessa a� rmativa que a relação conteúdo-
forma ganha novos contornos.
Vamos ver, então, como � ca a Didática nessa nova forma de pensar a 
educação?
A Didática passa a denunciar o seu conteúdo reprodutivista. É como se 
a sua única função fosse fazer a crítica ao modelo que vinhaseguindo 
devido às tendências educacionais anteriores.
Candau (1999) denuncia que a Didática, ao a� rmar a dimensão política 
da prática pedagógica, nega sua dimensão técnica e então, mais do que 
uma Didática, o que se sobressai é uma antididática.
Embora o conteúdo da Didática tenha se colocado de forma a favorecer 
o caráter puramente instrumental, a crítica a ela destinada não pode se 
reduzir apenas à negação do técnico.
Ainda segundo Candau (1999), a prática pedagógica, por ser política, 
exige competência técnica. As dimensões política, técnica e humana são 
necessárias para a educação do sujeito, que vive todas essas dimensões. 
No entanto, essa mútua implicação não se dá espontaneamente. Há 
necessidade de trabalho consciente para atingir os � ns. Além disso, essa 
autora (1999) sugere o estudo de uma Didática fundamental que:
• parte da análise da prática pedagógica concreta e de seus 
determinantes;
• contextualiza a prática pedagógica e repensa as dimensões técnica e 
humana, situando-as;
• analisa as diferentes metodologias, deixando claros seus pressupostos, 
o contexto em que foram geradas e a visão de homem, sociedade e 
educação que exprimem;
www.esab.edu.br 42
• elabora a re� exão Didática partindo de análises de experiências 
concretas, dando sentido à relação teoria e prática;
• re� ete a Didática tendo em mente o compromisso social, buscando 
práticas pedagógicas que tornem o ensino e� ciente para a maioria da 
população;
• rompe com a prática pro� ssional individualista;
• cria possibilidades de permanência das crianças na escola;
• estuda o currículo tendo como princípio a interação com a 
população concreta e suas necessidades.
Por entendermos que o conhecimento está sempre em movimento, esta 
discussão em torno da Didática é de fundamental importância para a 
formação de professores. Fazer a crítica não signi� ca negar os caminhos 
percorridos, mas ressigni� cá-los. Ao promover o desenvolvimento de 
novas competências, a Didática possibilita aos futuros professores uma 
visão mais dinâmica da escola e dos conhecimentos escolares.
www.esab.edu.br 43
8
 Tendências pedagógicas 
progressistas: Pedagogia 
Libertadora
Objetivo
Identifi car os pressupostos teórico-metodológicos da Pedagogia 
Libertadora.
Vamos dar continuidade aos nossos estudos sobre as tendências 
progressistas. Nesta unidade, destacaremos a chamada Pedagogia 
Libertadora, que tem como principal representante o educador brasileiro 
Paulo Freire.
Essa pedagogia está a serviço da transformação social. Os estudos e as 
pesquisas centrados na prática pedagógica das escolas na década de 1980 
desenvolvem alternativas para o ensino tendo como meta a lógica, os 
interesses e as necessidades das classes trabalhadoras (MARTINS apud 
VEIGA, 1996). Foi com esse objetivo que Paulo Freire faz chegar às 
classes populares o método de alfabetização para adultos.
Você sabia que devido à e� cácia do seu método o educador � cou 
conhecido no mundo inteiro? O que o levou a criar um método de 
alfabetização?
Sendo professor de Português, desde muito cedo, Freire se interessou 
pelas questões da educação popular e consequentemente pela 
alfabetização de adultos. Segundo Cordeiro (2010), na década de 1950, o 
educador trabalhava no movimento de renovação da Igreja Católica, em 
uma perspectiva de solidariedade com os mais pobres.
Seu método foi criado em 1960 e, devido ao sucesso das primeiras 
experiências, o seu trabalho teve forte repercussão nacional e 
internacional, resultando em uma campanha que pretendia erradicar o 
analfabetismo em praticamente todo o território brasileiro no ano de 
www.esab.edu.br 44
1964. Porém, o golpe militar chegou antes de se realizar o sonho de ver 
todos os brasileiros alfabetizados.
Podemos imaginar o que aconteceu. Conforme Cordeiro (2010), o golpe 
militar levou à suspensão do movimento e, como se não bastasse, Paulo 
Freire foi preso e posteriormente exilado. O educador passou a viver fora 
do país, mas manteve seu trabalho ligado a programas de alfabetização. 
Nesse período, atuou na educação em diferentes países, entre outros, 
Chile, Estados Unidos, Suíça, Guiné-Bissau e Moçambique. 
Após a anistia, Paulo Freire retornou ao Brasil e então retomou seu 
trabalho de alfabetização junto aos movimentos populares. Foi Secretário 
Municipal da Educação de São Paulo no período de 1989-1991.
Vamos nos concentrar agora em que consiste o seu método de 
alfabetização para adultos. Em primeiro lugar, convém conceituar 
alfabetização nesta proposta. Segundo Cordeiro (2010, p. 183), Freire 
considerava a alfabetização como um processo de conscientização da 
realidade social e cultural dos educandos. 
O ensino, nessa perspectiva, não está centrado nos conteúdos 
sistematizados na escola, mas busca colocar em discussão temas que 
dizem respeito à realidade política e social dos alunos e também 
promover ações de ordem prática que envolvem a realidade na qual o 
aluno está inserido.
A classe é transformada no chamado círculo de cultura, em que, por meio de debates 
coordenados por um monitor, os educandos podem se apropriar da sua própria 
cultura, elevar o seu nível de compreensão da realidade e, ao mesmo tempo, adquirir 
um poderoso instrumento intelectual e político representado pelo letramento. 
(CORDEIRO, 2010, p. 182)
www.esab.edu.br 45
Figura 5 – Método Paulo Freire: alfabetização pela conscientização – “círculo de cultura”.
Fonte: <commons.wikimedia.org>.
Perceba que Freire não está preocupado apenas com a leitura de palavras 
e frases, seu método não visa à simples decodi� cação de símbolos. O que 
busca para os alunos, na realidade, é uma leitura de mundo.
Outra parte importante do método são os temas geradores e as palavras 
geradoras. Os temas geradores são materiais preparados pelo professor 
que dizem respeito a aspectos da comunidade. Nesse sentido, toda 
forma de material é válida, exempli� cando: dados sobre a comunidade, 
entrevistas escritas ou gravadas, fotos, documentos e outros. Já as palavras 
geradoras são instrumentos elaborados que são utilizados no momento 
de alfabetização, mas igualmente conduzem a debates que nascem do 
sentido das palavras.
Vale destacar ainda que a proposta do trabalho pedagógico incentiva os 
alunos a superarem as di� culdades encontradas no meio social em que 
vivem ao darem signi� cado aos conteúdos trabalhados, uma vez que os 
conteúdos são expressão do seu cotidiano. 
www.esab.edu.br 46
E quanto ao professor?
Bem, saiba que Paulo Freire foi exemplar como educador, portanto 
falar dessa relação não devia ser difícil para ele – falava do que fazia. 
Repudiava a pedagogia bancária porque via no diálogo a forma mais 
adequada de professor e aluno manterem a relação pedagógica. Nessa 
relação, ambos aprendem e ensinam. O professor deve, diariamente, 
mostrar ao aluno sua competência, ser amoroso, paciente, coerente 
naquilo que diz e faz, conseguir viver com as diferenças e, acima de tudo, 
posicionar-se politicamente.
Para Freire, teoria e prática tinham de caminhar juntas para dar conta da 
superação. Conforme a� rma Cordeiro (2010, p. 183): 
O objetivo de todo esse trabalho é cooperar no processo de conscientização e de 
libertação dos oprimidos, no sentido da instauração de condições para a construção 
coletiva e autônoma de uma sociedade nova, em que não haja mais dominantes nem 
dominados.
Na � gura a seguir, você pode veri� car de que forma lavradores, alunos 
da escola inspirada por Freire, utilizaram a escrita para denunciar 
irregularidades em suas propriedades.
www.esab.edu.br 47
Figura 6 – Carta-denúncia dos lavradores.
Fonte: Brandão (1991).
E, para � nalizar, citamos Apple (1989 apud CASTANHO; 
CASTANHO, 1996) acerca dos objetivos de ensino de uma pedagogia 
libertadora: ao adotar uma perspectiva emancipatória em que a educação 
é vista como lugar e instrumento de libertação dos grupos discriminados 
e dos indivíduos reprimidos, os objetivos, que se articulam com a 
intenção, deixam deser um problema técnico (o quê, como, quando, 
onde) para ser um problema político-estratégico (para quê, para quem, 
para quando, para onde, com quem). 
Com isso, podemos perceber que a intencionalidade está fortemente 
marcada no ato de educar.
www.esab.edu.br 48
9
Tendências pedagógicas 
progressistas: Pedagogia 
Libertária
Objetivo
Conhecer a tendência libertária e suas infl uências sobre os modos de 
ensinar e aprender.
Vamos a mais uma unidade? Estudadas as tendências pedagógicas que 
perpassaram a história da educação, pudemos perceber que cada uma 
delas deixou marcas em nossas vidas, seja como alunos ou professores. 
Nesta unidade, vamos nos dedicar ao estudo da Pedagogia Libertária.
Em um primeiro momento, podemos achar que alguns elementos deste 
tema já foram estudados na unidade anterior, uma vez que eles possuem 
muita coisa em comum. No entanto, há algumas diferenças entre a 
Pedagogia Libertária e a Pedagogia Libertadora que merecem nossa 
atenção neste estudo. Vamos começar por diferenciá-las?
Você estudou na unidade 8 que a escola baseada na Pedagogia 
Libertadora tem como objetivo conscientizar e libertar os oprimidos, 
dando-lhes condições de superar seu modo de viver, podendo, dessa 
forma, construir coletivamente uma nova sociedade, onde não haja 
dominantes nem dominados.
Já na Pedagogia Libertária, a escola tem como objetivo ajudar a 
transformar a personalidade dos alunos no sentido de fazê-los se 
autogerir. É contra qualquer tipo de autoritarismo, e por esse motivo o 
professor não tem um papel relevante no processo, devendo se colocar 
como igual nos momentos de interação.
Na corrente pedagógica libertária o conteúdo também ocupa um lugar 
secundário: é colocado à disposição do aluno, que não necessita estudá-
lo obrigatoriamente. Só se justi� ca a aprendizagem do conteúdo quando 
www.esab.edu.br 49
é para convertê-la em prática. A informação não é o principal, o que 
está no centro da proposta é a formação, a humanização. As práticas 
pedagógicas se dão em grupos, assembleias, reuniões, conselhos, no 
entanto não têm como objetivo estudar um conteúdo predeterminado. 
Podemos perceber o quanto as diferenças são signi� cativas no que tange 
ao papel do professor e também dos conteúdos. A Pedagogia Libertadora, 
ao contrário da Libertária, coloca no conteúdo a possibilidade de o aluno 
conseguir sua autonomia intelectual, com o objetivo de transformar e 
transformar-se. O professor ocupa papel de coordenador dos grupos, 
fazendo o conteúdo chegar até o aluno e levando em consideração, em 
um primeiro plano, a sua história de vida. O objetivo é conscientizar 
para mudar. Educar é um ato político.
Apesar das diferenças, as duas correntes têm em comum a busca pela 
transformação. A Pedagogia Libertária, assim como as demais pedagogias 
progressistas estudadas nas unidades anteriores, segue a tendência 
� losó� co-política de conceber a importância da educação educação como 
transformação da sociedade.
De acordo com Veiga (2003), a educação nessa vertente não está centrada 
no professor nem no aluno, mas na formação do homem. Volta-se para 
o ser humano e sua realização em sociedade, ou seja, agir no interior da 
escola é trabalhar para a transformação da própria sociedade.
Você saberia dizer qual o papel da Didática em todas essas mudanças 
ocorridas na educação? Veiga (2003) a� rma que a Didática, no âmbito 
dessa pedagogia, tem o papel de auxiliar na formação política do 
futuro professor, aguçando seu olhar no sentido de perceber a ideologia 
que inspirou a forma de pensar e de fazer dessa escola. É seu papel 
compreender e analisar a realidade social em que a escola está inserida.
Agora que você já conhece um pouco da Pedagogia Libertária, 
passaremos a apresentar dois de seus representantes, cujos estudos foram 
e permanecem de fundamental importância no que diz respeito às novas 
perspectivas para a educação em uma visão libertadora.
www.esab.edu.br 50
O primeiro representante dessa corrente pedagógica aqui apresentado é 
 Alexander Sutherland Neill, criador da famosa Escola de Summerhill. 
Segundo Cordeiro (2010), essa escola tem como princípio a liberdade de 
seus alunos, a autogestão e a não diretividade. É uma escola que atrai a 
atenção de estudiosos do mundo inteiro devido à sua proposta libertária.
O que a difere das outras escolas? Nela, os alunos não são obrigados 
a frequentar aulas ou fazer qualquer outra coisa que não queiram. As 
decisões são tomadas em assembleias. Nos momentos de posicionamento, 
as intervenções dos alunos e dos professores têm o mesmo peso.
Neill a� rma ser a repressão da liberdade do indivíduo o impedidor do 
pleno desenvolvimento das capacidades humanas, por esse motivo, 
em sua escola os alunos vivem em regime de internato, pois defendia a 
ideia de que certas convivências in� uenciavam negativamente os alunos. 
Vejamos o que diz Cordeiro sobre isso:
Neill defendia a ideia de que, para criar indivíduos livres e felizes, seria necessário 
afastá-los das infl uências repressoras e danosas da família e da sociedade. Para tanto, 
crianças e jovens estudam em regime de internato, só visitando suas famílias durante 
as férias. (CORDEIRO, 2010, p. 181)
Para Neill, o sucesso da escola deveria ser avaliado de acordo com a felicidade 
dos indivíduos que ali estudavam e não pelo que esses sujeitos ganhariam em 
dinheiro ou pelo cargo que ocupariam depois que saíssem da escola.
Cordeiro (2010) a� rma que embora a escola de Neill tenha sido criticada 
por muitos, ela continua sendo referência e motivo de inspiração para 
muitos educadores. A escola continua funcionando e é dirigida pela � lha 
de Neill. Uma proposta bem interessante e diferente, você concorda?
Vamos agora conhecer o segundo representante da Pedagogia Libertária. 
Cordeiro (2010) destaca a importância de Célestin Freinet ao a� rmar 
que foi um educador importante que criou um conjunto de técnicas 
destinadas a facilitar o trabalho dos professores. Tinha por objetivo 
também permitir o desenvolvimento da capacidade de expressão e o 
pensamento das crianças, bem como seu espírito comunitário e de 
www.esab.edu.br 51
solidariedade. Várias de suas técnicas são utilizadas por professores em 
nossas escolas, sendo que as mais conhecidas são: as aulas-passeio, o texto 
livre, o desenho livre, a correspondência entre escolas, o jornal chamado 
de imprensa escolar e o livro da vida.
Ademais, considerava a criança como participante de uma comunidade 
e não como um simples indivíduo, portanto, um ser social. Por esse 
motivo, suas propostas pedagógicas levam a trabalhos coletivos. Quanto 
à avaliação, Freinet a� rma que deva ser feita sempre em conjunto pelos 
alunos e professores.
Tanto Neill quanto Freinet foram professores que construíram teorias a 
partir de suas práticas, o que nos leva a pensar sobre o papel que cada um 
de nós deve exercer em sala de aula no que diz respeito à construção do 
conhecimento e à autoria.
Terminamos esta unidade salientando a importância da intencionalidade 
no ato de educar, citando Veiga (2003), que diz ser importante a 
mudança da Didática, mudança que deve priorizar o pensar e agir 
dos professores e que, ao pensar, os professores tenham em mente a 
necessidade de democratizar o ensino. A autora salienta a necessidade 
de se conceber o ensino como um processo democrático e intencional 
de transmissão e elaboração de conteúdos culturais e cientí� cos. Diz 
ainda que a apenas a Didática não conseguirá formar o professor crítico. 
A conscientização e a percepção das contradições que permeiam as 
relações de sala de aula são, nesse sentido, fundamentais para que o 
professor possa ajudar a construir uma Didática crítica, contextualizada e 
socialmente comprometida com a formação dos professores.
Atividade
Chegou a hora de você testar seus conhecimentos 
em relação às unidades 1 a 9. Para isso, dirija-se 
ao Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e 
responda às questões. Além de revisar o conteúdo, 
você estará se

Outros materiais