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DISTÚRBIOS ÁCIDO-BÁSICOS – WILTON MED21 O metabolismo gera substâncias ácidas ou básicas; as células geram ácido, mas não conseguem trabalhar em meio ácido. pH ideal → entre 7,35 e 7,45 O controle das pequenas oscilações do pH é feito pelos sistemas tampões, que evitam grandes oscilações; o principal deles é o sistema HCO3-/CO2. REGRAS 1) HCO3 baixo → pH baixo → acidose metabólica 2) HCO3 alto → ph alto → alcalose metabólica 3) PCO2 alto → ph baixo → acidose respiratória (hipoventilação) 4) PCO2 baixo → ph alto → alcalose respiratória (hiperventilação) Valores normais para gasometria arterial • pH = 7,35 - 7,45 • PCO2 – 35 – 45 (mmHg) • HCO3ACT = 22 – 26 (mEq/L) • HCO3STD = 22 – 26 (mEq/L) -> se der os dois bicarbonatos, escolher este • BBECF = 48 (45-51) (mEq/L) -> total de base no plasma • BEECF = -3 a +3 (mEq/L) -> excesso de base do fluído extracelular, se vê a partir da variação do BB. Ambos determinam se o distúrbio é agudo ou crônico. • Para interpretar a gasometria, basta o pH, CO2 e o bicarbonato. • O número médio do bicarbonato é 24, que é a metade do BB, ou seja, metade das bases do corpo é bicarbonato. • O base excess é a variação do BB; se o BB aumenta para 50, o BE é +2. Um distúrbio agudo é aquele que ocorre até 3 dias, o distúrbio crônico é mais de 3 dias. A resposta compensatória ➔ Acidose metabólica = hiperventilação o PCO2 esperado = (1,5 x HCO3) + 8 (variação ± 2) ➔ Alcalose metabólica = hipoventilação o PCO2 esperado = HCO3 + 15 (variação ± 2) Se ao calcular, o número bater, o distúrbio é simples; se não bater o distúrbio é misto. Exemplo: pH = 7,2 pCO2 = 26 HCO3 = 12 É uma acidose metabólica (pelo HCO3 baixo) Esta compensada? (1,5x12) + 8 = 26 → Acidose metabólica simples/pura/compensada BASE ÁCIDO HCO3- H2CO3 → CO2 + + H H2O pH = HCO3-/CO2 ACIDOSE METABÓLICA Causas: • Acidose lática (principal) • Cetoacidose • Uremia (IR) • Intoxicações • Perdas digestivas baixas (diarreia prolongada) o Perda abaixo do piloro gera acidose pela perda de bases! • Acidoses tubulares renais • Soro fisiológico 0,9% o É um soro acidificante (o RL é alcalinizante) por causa do cloro (NaCl). Ânion Gap – normal entre 8 a 12 São os ânions não-medidos. O total de cargas positivas é igual ao total de cargas negativas. • Na+ = 140 mEq/L (principal câtion) • Cl- + HCO3- = 106 + 24 mEq/L (130) (principais ânions) Logo, Na+ = (Cl + HCO3 + ânion gap), ou seja: 140 = 106 + 24 + 10 Logo, Anion gap = Na – (Cl + HCO3) Anion gap = Na – (Cl + HCO3) • Na acidose metabólica, como o bicarbonato cai, ou aumenta o cloro ou aumenta o ânion gap! Acidose metabólica com AG alto → surgem novos ácidos • Acidose lática • Cetoacidose • Uremia • Intoxicações (salicilatos, metanol, etilenoglicol) o AAS: além de ser ácido, ativa o centro respiratório e o paciente hiperventila, fazendo uma alcalose respiratória junto com uma acidose metabólica. Acidose metabólica hiperclorêmica → queda do bicarbonato (AG normal) • Perdas digestivas baixas (diarreia!!!) • Acidoses tubulares renais (mais frequente é a tipo II) • Soro fisiológico 0,9% o A partir de 2L Tratamento Tratar a condição de base! Lembrar que nas duas principais causas não é rotineiro administrar bicarbonato de sódio. • Acidose lática e cetoacidose: não fazer NaHCO3. • Uremia e intoxicações: fazer NaHCO3. • Hiperclorêmicas: reposição de bases → citrato de potássio e/ou suspender SF 0,9% ALCALOSE METABÓLICA • Diuréticos tiazídicos/furosemida • Hiperaldo primário • Adenoma viloso do cólon (paciente hipopotassêmico pois impede que jogue H+ embora) • HAS reno-vascular • Perdas digestivas altas: vômitos ou SNG, estenose hipertrófica do piloro o Pelo vômito ocorre perda de H+ e Cl- o Hipovolemia: queda do H+ e Cl-, K+ também diminui. ▪ Ativa o SRAA, retendo sódio e excretando potássio (pela ação da aldosterona). ▪ Hipocalemia! K+ sérico baixo Logo, as alcaloses metabólicas são hipoclorêmicas e hipocalêmicas! No caso de hipovolemia, no TCP, o sódio é reabsorvido, pois traz água consigo, mas não consegue eliminar o bicarbonato. Assim, a urina fica ácida! • HCO3 urinário: baixo (acidúria paradoxal) • Cl urinário: baixo (< 20 mEq/L) Tratamento (repor volume, K e Cl) • SF 0,9% (NaCl) + KCl o Responsiva ao cloreto Hiperaldosteronismo primário (S.Conn) / Estenose A.renal • Faz hipervolemia, diminuindo H+, Cl e K+. • HCO3 urinário alto (urina alcalina) • Cl urinário alto (> 20 mEq/L) • Tratamento com espironolactona (resistente ao cloreto), cirurgia; na estenose iECA (quebra cascata de evento do excesso da renina) e cirurgia DISTÚRBIOS DO SÓDIO Na hipovolemia ocorre ativação do SRAA, com ação da aldosterona, retendo sódio e água e eliminando potássio e hidrogênio. Também há liberação de ADH, com retenção de água. O balanço final é a retenção maior de água do que sódio, proporcionalmente. • Hiponatremia → excesso de água • Hipernatremia → déficit de água Água corpórea • Lactente: 75% do peso • Homem: 60% do peso • Mulher: 50% do peso • 2/3 intracelular • 1/3 extracelular O valor normal do sódio é entre 135 – 145 mEq/L, e sua maior parte está extracelular. A osmolaridade plasmática é definida pela fórmula: Osmpl = 2xNa + Gli/18 + U/6 = 285 - 295 mOsm/L A osmolaridade plasmática efetiva (tonicidade) é dada por: 2xNa + Gli/18 Gap osmóstico = Osm (osmômetro) – Osm plasm Se > 10 mOsm/L = intoxicação exógena Controle da osmolaridade • O controle da osmolaridade é feito pelo ADH e o centro da sede; • A célula que mais sofre com a variação de sódio é o neurônio; • A intoxicação exógena mais comum é o coma alcóolico, pois o neurônio sofre mais que as outras células. A osmolaridade está aumentada, e deve ser administrado um soro hipotônico. Hiponatremia = excesso de água Hipernatremia = déficit de água (desidratação hipertônica) Perda de sódio = hipovolemia Acúmulo de sódio = hipervolemia HIPONATREMIA Tipos de hiponatremia: • Hiponatremia hipo-osmolar • Hiponatremia hiperosmolar → diabetes; principal complicação da DM2 é EHH! • Pseudo-hiponatremia Causas de hiponatremia Hiponatremia hipo-osmolar • Hiponatremia hipovolêmica o Vômitos, hemorragia, abuso de tiazídicos (furosemida não, gera hipernatremia), hipoaldosteronismo ▪ Tiazídicos inibem o carreador Na/Cl no TCD, perdendo sódio e consequentemente, água. Se a medula renal for hipertônica, a água é reabsorvida no ducto coletor. Se o paciente evolui com hiponatremia, significa que a dose está elevada. Ocorre também perda de potássio e hidrogênio. • Hiponatremia Hipervolêmica – redução do volume circulante efetivo, ativa SRAA e ADH trazendo mais água que sódio. Mesmo motivo do hipovolêmico, excesso de ADH, mas tem volume o ICC (mais baixa o sódio, pior a ICC, pois mais água retorna pelo maior excesso de ADH) o Cirrose hepática • Hiponatremia normovolêmica ▪ SIAD – Síndrome da Secreção Inapropriada de ADH/Sd da antidiurese inapropriada SIAD Grande reabsorção de água no coletor → hipervolemia → hiponatremia → liberação de PNA (peptídeo natriurético atrial) → normovolemia + hiponatremia + natriurese + hipouricemia → sódio urinário alto (> 40 mEq/L = osmolaridade urinária alta) Causas • Doenças pulmonares: pneumonia por Leishionella, CA pulmão oat cells • Doenças SNC: TCE, AVE, meningite • Pós-operatório • Drogas: clorpropamida, carbamazepina, opioides, ATD tricíclico, ecstasy Cuidar com a síndrome cerebral perdedora de sal: libera o peptídeo natriurético cerebral (ventricular) → hipovolemia → aumento do ADH → reabsorção de H2O no coletor → hipovolemia + hiponatremia → sódio urinário alto (>40 mEq/L) Clínica: a água do extracelular, na hiponatremia, tende a entrar na célula (neurônio), causando edema celular, quecursa com cefaleia, vômitos, sonolência, crise convulsiva, torpor e coma. Se o excesso de água ocorrer de forma rápida, abrupta, em menos de 48h, ocorre edema celular. Se a hiponatremia for de instalação gradual, o neurônio expulsa soluto e o paciente evolui de forma assintomática. Abordagem das hiponatremias 1) Hiponatremia hipovolêmica (mais comum) • SF 0,9% 2) Hiponatremia Hipervolêmica (ICC/cirrose) • Restrição hídrica • Diurético de alça (furosemida, tem ação medular) 3) Hiponatremia euvolêmica (SIAD) • Restrição hídrica + • Sódio + • Furosemida (bloqueia ADH) + • Demeclociclina (atb que bloqueia receptor do ADH) ou Vaptanos Hiponatremia aguda sintomática (< 120mEq/L) • Repôr sempre com salina 3%, não importa a causa • Elevar natremia em 3 mEq/L em 3h • Elevar natremia em 12 mEq/L em 24h Mielinólise pontina (Síndrome de Desmielinização Osmótica) • Ocorre pela infusão rápida de NaCl, crenando os neurônios. A lesão pode ser vista por RNM. • Pode causar tetraplegia! Hipernatremia Causas • Diarreia (infância) • Incapacidade de pedir líquidos (coma/RN/idoso) • Diabetes Insipidus (central/nefrogênico) O quadro clínico caracteriza-se por cefaleia, vômitos, convulsões, sonolência, torpor e coma. O tratamento deve ser feito com: • Água potável (VO ou enteral) • Soro glicosado 5% ou salina 0,45% (EV) • Reduzir no máximo o Na em 10 mEq/L nas primeiras 24h • A complicação na reposição rápida de líquidos hipotônicos é o edema cerebral e coma. Ex.: Homem, 50 anos, 70kg, em coma; Na=110 • Hiponatremia aguda sintomática! • Déficit Na = 0,6 x 70 x (3) → 126 mEq • Xg --- 126 mEq • 1g --- 17 mEq • X = 7,4g NaCl • A reposição só pode ser feita a partir de salina 3% (3g NaCl em 100ml). • 3g --- 100ml • 7,4g --- x ml • X = 246 ml em 3h (BI) de salina 3% • Nas próximas 21h... 0,6 x 70 x (9) • X g --- 378 mEq • 1g --- 17 mEq • X = 22g NaCl • 3g NaCl --- 100ml • 22g NaCl --- x • X = 733 ml em 21h (BI) de salina 3% Déficit Na (mEq) = 0,6 x P x (∆ Na) → homem Déficit Na (mEq) = 0,5 x P x (∆ Na) → mulher Passar para gramas de NaCl → dividir por 17 Repor com NaCl 3% -> Regra de três DISTÚRBIOS DO POTÁSSIO O potássio é um íon que em na sua maioria está dentro da célula, principalmente no miócito. Hiper/hipocalemia fazem com que a musculatura sofra, como câimbras, fraqueza muscular, parestesias, mas principalmente o músculo cardíaco e o diafragma. • Hipo: insulina, adrenalina e beta2-agonistas guardam potássio na célula. O hiperaldosteronismo gera perda urinária de K+, assim como a alcalose, pois ela joga o K+ para dentro da célula e tira H+, bem como aminoglicosídeos e anfotericina B. • Hiper: rabdomiólise e síndrome da lise tumoral tiram K+ da célula, por exemplo, assim como a acidose, pois, ao contrário da alcalose, ela quer manter H+ na célula, que é trocado pelo K+. A insuficiência renal e hipoaldosteronismo, assim como iECA e espironolactona, retêm K+ pelo rim. Hipercalemia Aldosterona realiza excreção de potássio no tubo coletor, reabsorvendo o sódio e excretando potássio. • Na acidose, o corpo excreta o hidrogênio e reabsorve o sódio, o potássio permanece no organismo, fazendo hipercalemia. • IECA → menos aldosterona, mais potássio. • Espironolactona → menor ação da aldosterona, mais potássio. ECG na hipercalemia • Onda T aumentada e apiculada* • Achatamento da onda P • Complexo QRS alargado Hipocalemia • Na alcalose, há pouco hidrogênio, assim o sódio é reabsorvido e potássio excretado. • HAS renovascular tem hipocalemia! • Furosemida/tiazídico fazem perda de potássio, pois há muito sódio sendo excretado. ECG na hipocalemia • Achatamento da onda T • Onda U proeminente (maior que a onda T) • Onda P apiculada Tratamento • Se K+ > 3 o Reposição VO xarope KCl 6% - 1 medida VO (15ml) 3-4x/dia (3-6g/dia) o Se prefere a oral pois todo potássio é absorvido • Se K+ < 3, sintomático, alteração de ECG o Reposição EV KCl 10% amp 10ml o 10g KCl --- 100ml o 1g KCl --- 10ml (1 ampola tem 1g) o 1g --- 13 mEq de K+ o Velocidade de infusão: 20-40 mEq/h (máximo de 3 ampolas)! o Salina 0,45% 210ml + KCl 10% 40ml – correr em 4h Não usar soro glicosado, pois a insulina retém K+! Tratamento • Gluconato de cálcio 1 amp EV (em 10ml de água destilada ou não) se K > 6,5 ou alteração no ECG (hiperK grave) → reposição rápida (1a medida) • Glicoinsulinoterapia – insulina reg. 10U + 100ml glicose 50% → baixa os níveis de K na célula (2a medida) • Bicarbonato de sódio → baixa níveis de K, usar se acidose • B2-agonista inalatório – nebulizar 10-20 gotas → também baixa K+ • Sorcal (poliestirenossulfonato de cálcio) ou diurético de alça → manutenção (3a medida)
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