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Thaís Morghana - UFPE-CAA Distúrbios hidroeletrolíticos DISTÚRBIOS DO SÓDIO CONCEITOS BÁSICOS Normal: 135-145 mEq/L. Localização: extracelular. Função: determinar a osmolaridade plasmática. ● A osmolaridade é a capacidade que uma solução tem de puxar água. ● O sódio tende a puxar a água um pouco mais para o compartimento extracelular para evitar que ela entre com alta velocidade na célula. Osmpl = 2 x Na + Glicose/18 + Ureia/6 Valor normal = 285-295 mOsm/L Osmpl efetiva (tonicidade) = 2 x Na + Glicose/18 Essa fórmula não usa ureia, pois ela não tem o papel de puxar água como sódio e glicose Osmpl = 2 x Na + Glicose/18 + BUN/2,8 Só é usada nos EUA BUN = nitrogênio da ureia sanguínea Gap osmótico = Osm medida (osmômetro) - Osm plasmática Se > 10 mOsm/L = intoxicação exógena CONTROLE DO SÓDIO ● O distúrbio do sódio na verdade é um distúrbio da água. ● Centro da sede: ingestão de H2O. ● ADH: retenção de H2O no túbulo coletor. ○ Maior permeabilidade das aquaporinas. ● Célula-alvo do distúrbio de sódio: neurônio. Sempre pensar em manifestações neurológicas. ↠ HIPONATREMIA ↞ ● Na+ < 135 mEq/L. ● Distúrbio mais comum nos pacientes hospitalizados. ETIOLOGIA ● Excesso de água ○ Iatrogenia: um exemplo é a hidratação com soro glicosado, que causa diluição do sódio. ○ Polidipsia primária: paciente que bebe água compulsivamente mesmo sem sede. ● Excesso de ADH: retenção de água livre e diluição de sódio. ○ Uma das causas de hiponatremia é a síndrome da secreção inapropriada do hormônio antidiurético (SIADH). ● Na maioria dos casos o paciente tem hiponatremia hipovolêmica. ○ Pode ser devido a sangramento, perdas digestivas e urinárias. ○ Rim: causa a ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona → retenção de Na+ e H2O. ○ Hipófise: aumento de ADH → retenção de H2O → diluição de Na+. ● Hiponatremia hipervolêmica: edema (líquido fora do vaso), ou seja, o volume dentro do vaso está baixo. ○ Pode ocorrer devido a ICC ou cirrose. ● Hiponatremia normo ou euvolêmica. ○ SIADH ou hipotireoidismo. SIADH ● Também pode ser chamada de síndrome antidiurese inapropriada (SIAD) pois alguns casos não há aumento de ADH, mas sim uma maior atividade dos receptores. ● Sistema nervoso: meningite, AVE, TCE. ● Iatrogenia: psicofármacos. ● Doença pulmonar: Legionella e carcinoma de oat cell. ● HIV. ● A reabsorção de água no ducto coletor causa hiponatremia e hipervolemia transitória. ● Liberação de peptídeo natriurético atrial (ANP) → natriurese (Na+ urinário > 40) → aumento da osmolaridade urinária → uricosúria (perda de ácido úrico pela urina e níveis baixos no sangue). ● O paciente ganha volume inicialmente, mas depois perde. Devido a isso, fica normovolêmico. Síndrome cerebral perdedora de sal ● Lesão neurológica que causa liberação do peptídeo natriurético cerebral (BNP). Thaís Morghana - UFPE-CAA ● BNP causa natriurese: o sódio puxa a água e o indivíduo começa a desidratar. ● Estímulo apropriado do ADH: reabsorção insuficiente de água no ducto coletor → hiponatremia → hipovolemia. Hiponatremia não hipotônica/hiposmolar ● Caso de exceção: é mais comum a hiponatremia hiposmolar. ● Sódio baixo e aumento da glicose. ● Hiponatremia hiperosmolar: pode ser por hiperglicemia (a cada 100 mg de glicose acima do ideal, há redução de 1,6 do sódio) ou manitol hipertônico. ● Hiponatremia isosmolar: hiperlipidemia ou proteinemia. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ● Alguns pacientes são assintomáticos. Hiponatremia aguda ● < 48h. ● Edema neuronal: os níveis baixos de sódio extracelular facilitam a entrada de água nos neurônios. ● Cefaleia, convulsões e coma. Hiponatremia crônica ● > 48h. ● A célula consegue chegar a um reequilíbrio com o meio. ● Hiponatremia compensada. ● O paciente geralmente é assintomático ou oligossintomático. TRATAMENTO Hipovolemia ● SF 0,9%. Hipervolemia ● Restrição hídrica + furosemida. Normovolemia (SIADH) ● Restrição hídrica + furosemida. ● Demeclociclina (está em desuso) ou vaptanos (antagonistas mais específicos do ADH). Reposição com sódio Reposição com Na+ é tratamento de exceção. - A reposição tem risco de causar desmielinização osmótica devido a correção rápida do sódio. - Quadro clínico: letargia, tetraparesia, disartria, disfagia. A reposição é indicada em hiponatremia aguda sintomática (Na+ < 125 mEq/L). - Repor com NaCl 3%. - Elevar a natremia em até 3 mEq/L em 3h. - Até 12 mEq/L em 24h. Déficit Na (mEq) = 0,6/0,5 x Peso x variação do Na esperada 0,6 (homem); 0,5 (mulher) 1 g NaCl = 17 mEq NaCl a 3% = 3 g/100 mL ↠ HIPERNATREMIA ↞ ● Na+ > 145 mEq/L. ● Paciente desidratado. ETIOLOGIA ● Déficit de água ou de ADH. ● Paciente com incapacidade de pedir líquidos: coma, RN, idoso, delirium. ● Diabetes insipidus: central ou nefrogênico. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ● Desidratação neuronal. ● Cefaleia, hemorragia, coma. TRATAMENTO ● Água potável: VO ou enteral. ● Soluções hipotônicas: soro glicosado 5% ou NaCl 0,45% IV. ● A redução do sódio só pode ser ate 10 mEq/L nas primeiras 24h. ● Reposição rápida: pode causar edema cerebral. Thaís Morghana - UFPE-CAA DISTÚRBIOS DO POTÁSSIO CONCEITOS BÁSICOS Normal: 3,5-5,5 mEq/L. Localização: intracelular. Função: mantém a diferença de potencial transmembrana, sendo essencial para a excitabilidade neuromuscular. Controle do potássio: fluxo celular e bomba de aldosterona. ● Fluxo celular: entrada e saída de potássio conforme a necessidade. ○ 3 estímulos principais para entrada de K+ na célula: pH alcalino, adrenalina, insulina. ○ Mecanismo temporário: urgência. ● Aldosterona: perda urinária. ○ A aldosterona atua no ducto coletor, causando excreção de K+ ou H+. Célula-alvo: muscular. ↠ HIPOCALEMIA ↞ ● K+ < 3,5 mEq/L. ETIOLOGIA ● Armazenamento de K+ dentro da célula. ○ Alcalose, beta-2-agonista, cetoacidose em tratamento, reposição de vitamina B12. ● Perda excessiva do K+. ○ Hiperaldosteronismo primário ou secundário. ○ Diuréticos. ○ Vômitos e diarreia: a perda de K+ não é diretamente pelo vômito, é secundária à alcalose hipoclorêmica (perda de HCl). A perda de K+ é pela urina. ○ Anfotericina B. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ● Fraqueza. ● Íleo paralítico. ● ECG: ○ A onda T no ECG acompanha as alterações do potássio. ○ Hipocalemia: achatamento da onda T e aparecimento da onda U. ○ Alargamento do intervalo QT. ○ Pico da onda P. TRATAMENTO ● Escolha: VO (40-80 mEq/dia). ○ Xarope KCl 6%: 15 mL 3x/dia. ● Paciente com intolerância oral, K+ < 3 ou ECG alterado: IV (10-20 mEq/h). ○ A correção é de forma empírica. ○ NaCl 0,45% (210 ml) + KCl 10% (40 ml): correr em 4h. ○ Evitar SG 5%: glicose estimula insulina. ● Refratários: corrigir hipomagnesemia. ↠ HIPERCALEMIA ↞ ● K+ > 5,5 mEq/L. ETIOLOGIA ● Liberação de K+ pela célula. ○ Acidose: tem muito H+. ○ Rabdomiólise ○ Lise tumoral ○ Hemólise maciça ● Retenção do K+ pelo rim. ○ Insuficiência renal. ○ Hipoaldosteronismo: insuficiência suprarrenal. ○ IECA/espironolactona. ○ Heparina. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ● Fraqueza muscular. ● ECG: ○ A onda T no ECG acompanha as alterações do potássio. ○ Aumento da onda T em “tenda”. ○ Encurtamento do intervalo QT. ○ Achatamento da onda P. ○ QRS alargado: aspecto sinusoide. TRATAMENTO 1 ª medida: avaliar se o paciente tem ECG alterado (normalmente com K+ > 6,5). Estabilizar a membrana Thaís Morghana - UFPE-CAA ● Gluconato de cálcio 10% IV ○ 1 amp, 2-5 min, pode repetir em 5-10 min. ○ Não altera o K+ sérico. 2ª medida: reduzir K+. Armazenar na célula ● Glicoinsulinoterapia IV. ○ Insulina 10 U + glicose 50 g, 20-60 min. ● Outros: beta-2-agonista inalatório, NaHCO3 (só se houver acidose). Perda renal ou digestiva ● Furosemida. ● Resina de troca: poliestirenosulfonato de cálcio (sorcal). Refratários ● Diálise.
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