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2012 LegisLação apLicada ao Turismo Profª. Estela Lara Engels Profª. Sonia Adriana Weege Copyright © UNIASSELVI 2012 Elaboração: Profª. Estela Lara Engels Profª. Sonia Adriana Weege Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: 338.479107 E575l Engels, Estela Laura Legislação aplicada ao turismo / Estela Laura Engels e Sonia Adriana Weege. Indaial : Uniasselvi, 2012. 326. p.: il Inclui bibliografia. ISBN 978-85-7830- 546-8 1. Turismo – legislação. I. Centro Universitário Leonardo da Vinci II. Núcleo de Ensino a Distância III. Título III apresenTação Prezado acadêmico! A partir da última década do Século XX, uma demanda crescente de indivíduos vem buscando atividades turísticas alternativas que incluem a visitação de lugares históricos, pontos qualificados como paradisíacos, movidos não só pela busca do novo, mas, também, pela necessidade daqueles em dispor de uma ligação emocional com o seu passado, ou com o desejo de estabelecer um link em seu futuro. Muito deste fenômeno é originário dos processos de mundialização, internacionalização ou globalização, que possuem entre si similitudes e permeiam esta troca de informações, conhecimentos e essências que compõem os destinos turísticos. O turismo vem avançando de forma avassaladora, impulsionado pelas facilidades de comunicação e transporte. Sendo atividade considerada complexa pelo seu vulto, movimentando centenas de pessoas e bilhões de dólares a cada ano, por óbvio, o traço legislativo não poderia estar ausente. Pelo contrário, a ciência jurídica deve estar presente com o intuito de regular, regulamentar e descrever em textos legais os formatos condicionados para a “prestação de serviços”, ensejando a garantia de direitos e deveres daqueles que oportunizam a instrumentalização do turismo e daqueles que dele usufruem, evitando transtornos e litígios. A Unidade 1 traz a concepção de conceitos implícitos às relações estabelecidas para a concretização das atividades turísticas, enquanto agentes passivos e ativos envoltos no significado do turismo de forma ampla e multidimensional. Descreve de forma sucinta os pressupostos do Direito do Turismo contidos no bojo da Constituição de 1988, em pleno vigor. Termina relatando nuances que envolvem a cadeia turística internacional, em um formato descritivo das principais garantias estabelecidas para aqueles que usufruem de sua prerrogativa da liberdade de ir e vir. O território brasileiro dispõe de leis infraconstitucionais que regulam as atividades turísticas no país que serão demonstradas na Unidade 2, da mesma forma que serão relacionados os órgãos ou institutos responsáveis pela ordenação do sistema turístico no Brasil e, por conseguinte, o papel de cada qual em obediência à hierarquia existente, assim como faz menção à política nacional existente para o tema abordado. Encerra a unidade demonstrando a importância do Direito no processo de globalização do turismo que está em franca construção. O Direito do Consumidor permeia as relações estabelecidas na concretização das atividades turísticas. Na Unidade 3 esta relação consumerista será detalhada, assim como a previsão de sanções será estabelecida. IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! Finalizando o conteúdo desta unidade e do caderno, encontram-se dispostas as premissas legais que regulam o turismo rodoviário, aéreo e marítimo, inclusa matéria que diz respeito à entrada e saída de turistas nos territórios nacionais e internacionais. O Livro de Estudos foi construído com um conteúdo que podemos qualificar como “de base” para instigá-lo (a) na busca de novas informações e conceitos, pois estamos cientes do status de mutação em que estamos envolvidos, e outros relatos precisam ser acrescidos a estes e assimilados para que um novo saber seja construído de forma contínua e ininterrupta. As descrições são iniciais, elas não são, de forma alguma, conclusivas. Apenas demos início a um trabalho onde você é o instrumento indissociável deste processo. Sejamos parceiros (as), o mundo do conhecimento nos espera. É um grande prazer tê-lo (a) conosco! Bons estudos! Profª. Estela Mara Engels Profª. Sonia Adriana Weege NOTA V Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais que possuem o código QR Code, que é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar mais essa facilidade para aprimorar seus estudos! UNI VI VII UNIDADE 1 – CONSIDERAÇÕES AO TURISMO E A APLICAÇÃO DO DIREITO .............. 1 TÓPICO 1 – EXPOSIÇÕES CONTEXTUAIS SOBRE O TURISMO ............................................. 3 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3 2 REFLEXÕES SOBRE O TURISMO ................................................................................................... 3 2.1 AS TERMINOLOGIAS .................................................................................................................... 9 3 TURISTAS - QUEM SÃO ELES ......................................................................................................... 12 4 PRESTADORES DE SERVIÇOS ........................................................................................................ 15 5 A FUNÇÃO DO DIREITO NA HISTÓRIA DO TURISMO, DA PRÉ-HISTÓRIA AO MUNDO CONTEMPORÂNEO ......................................................................................................... 18 5.1 DO SÉCULO II A XV d.C. – PRÉ-HISTÓRIA .............................................................................. 18 5.2 DO SÉCULO XVI A XVIII d.C. ...................................................................................................... 20 5.3 DO SÉCULO XIX AO XX ................................................................................................................ 20 6 SÉCULO XXI E DIAS ATUAIS ........................................................................................................... 22 6.1 DIREITODO TURISMO ................................................................................................................. 22 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 25 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 26 TÓPICO 2 – PREMISSAS LEGAIS PARA O TURISMO BRASILEIRO ....................................... 29 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 29 2 DIREITO E TURISMO: UMA UNIÃO DESEJÁVEL..................................................................... 29 3 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO DIREITO APLICADO AO TURISMO ................... 33 3.1 PRINCÍPIO DA PROMOÇÃO DO TURISMO ............................................................................ 34 3.2 PRINCÍPIO DO INCENTIVO AO TURISMO.............................................................................. 34 3.3 PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO DO TURISMO ............................................................ 35 3.4 PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO AO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E CULTURAL DO TURISMO .......................................................................................................................................... 36 3.5 PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE POR DANOS A BENS E DIREITOS DO VALOR TURÍSTICO ........................................................................................................................ 37 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 39 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 40 TÓPICO 3 – O DIREITO COMO GARANTIA DO TURISMO NO ÂMBITO INTERNACIONAL .......................................................................................................... 41 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 41 2 ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS DO TURISMO ............................................................. 42 2.1 A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO TURISMO ......................................................................... 42 2.2 O CÓDIGO MUNDIAL DE ÉTICA DO TURISMO .................................................................... 46 2.2.1 IATA .......................................................................................................................................... 49 2.2.2 WTTC ....................................................................................................................................... 51 2.2.3 Organização Internacional da Aviação Civil ...................................................................... 54 3 O TURISMO E SUAS PREMISSAS NA UNIÃO EUROPEIA ..................................................... 56 3.1 ESTRUTURAS DO TURISMO EUROPEU ................................................................................... 57 LEITURA COMPLEMENTAR 1 ............................................................................................................ 59 sumário VIII 4 NORMAS DO TURISMO NO MERCOSUL ................................................................................... 60 LEITURA COMPLEMENTAR 2 ............................................................................................................ 63 5 O TURISMO VERSUS DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO E PÚBLICO ....................... 66 LEITURA COMPLEMENTAR 3 ............................................................................................................ 67 5.1 A CONVENÇÃO DE VIENA E AS RELAÇÕES INTERNACIONAIS .................................... 72 5.2 AS RELAÇÕES ENTRE PAÍSES ..................................................................................................... 73 LEITURA COMPLEMENTAR 4 ............................................................................................................ 77 5.3 VISTO PARA OS EUA- COMO FAZER O VISTO PARA OS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA .................................................................................................................................. 81 LEITURA COMPLEMENTAR 5 ............................................................................................................ 85 5.4 DEPORTAÇÃO, EXPULSÃO E EXTRADIÇÃO......................................................................... 91 6 OS CONFLITOS INTERNACIONAIS E O TURISMO ................................................................ 93 7 A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO COMÉRCIO E O TURISMO ........................................... 94 LEITURA COMPLEMENTAR 6 ............................................................................................................ 97 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 99 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................100 UNIDADE 2 – O TURISMO NO BRASIL ........................................................................................101 TÓPICO 1 – ORDENAÇÃO DO TURISMO NO TERRITÓRIO BRASILEIRO .......................103 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................103 2 POLÍTICA NACIONAL DO TURISMO ........................................................................................104 2.1 A FUNÇÃO DO GOVERNO NO DESENVOLVIMENTO DO TURISMO NO PAÍS ..........104 2.2 MINISTÉRIO DO TURISMO .......................................................................................................106 3 EMBRATUR .........................................................................................................................................114 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................116 3.1 ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA ......................................................................................120 3.2 CONSELHO NACIONAL DO TURISMO ................................................................................122 3.3 OBJETIVOS SETORIAIS PARA O TURISMO ............................................................................125 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................129 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................130 TÓPICO 2 – APONTAMENTOS SOBRE A INICIATIVA PRIVADA DO TURISMO ............131 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................131 2 AGÊNCIAS DE TURISMO ..............................................................................................................132 2.1 OBRIGAÇÕES DAS AGÊNCIAS DE TURISMO.......................................................................135 2.1.1 Fiscalização, penalidades e recursos ..................................................................................137 3 TURISMO E SUA ORGANIZAÇÃO NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS ................................142 3.1 PROFISSIONAIS DO TURISMO .................................................................................................143 3.2 ORGANIZADORAS DE EVENTOS ............................................................................................150 3.3 MEIOS DE HOSPEDAGEM .........................................................................................................150 3.4OFERTA DE SERVIÇOS TURÍSTICOS ......................................................................................154 3.5 CONDIÇÕES ESPECÍFICAS PARA PROGRAMAS E ROTEIROS DE VIAGENS ...............155 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................157 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................158 TÓPICO 3 – O TURISMO E A LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL NO BRASIL ....159 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................159 2 ORDENAMENTOS LEGAIS ............................................................................................................159 2.1 DECRETO-LEI Nº 406, DE 04/05/1938 .......................................................................................160 2.2 DECRETO – LEI Nº 55/66 ............................................................................................................164 IX 3 LEI Nº 6.505/77: IDENTIFICAÇÃO DOS PRESTADORES DE SERVIÇO ..............................165 4 OS MENORES E O RESPALDO LEGAL PARA A PRÁTICA DO TURISMO .......................166 4.1 PROGRAMA TURISMO SUSTENTÁVEL E INFÂNCIA (TSI) .............................................170 5 LEGISLAÇÃO APLICADA A VIAGENS À POPULAÇÃO COM IDADE SUPERIOR A 60 ANOS............................................................................................................................................171 6 TEXTOS LEGAIS APLICADOS AOS PRESTADORES DE SERVIÇOS TURÍSTICOS .......176 7 A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA VINCULADA AO TURISMO .............................................181 7.1 PRINCÍPIO DA LEGALIDADE ...................................................................................................182 7.2. PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE ........................................................................................182 7.3 PRINCÍPIO DA MORALIDADE ................................................................................................183 7.4 PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE .................................................................................................183 7.5 PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA .....................................................................................................183 8 DIREITO AMBIENTAL E O TURISMO BRASILEIRO ..............................................................184 LEITURA COMPLEMENTAR 1 ..........................................................................................................187 LEITURA COMPLEMENTAR 2 ..........................................................................................................189 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................190 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................191 UNIDADE 3 – CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR APLICADO AO TURISMO .....193 TÓPICO 1 – TURISMO, UMA RELAÇÃO CONSUMERISTA ....................................................195 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................195 2 O TURISMO E A RELAÇÃO DE CONSUMO..............................................................................195 3 DIREITOS DO CONSUMIDOR E DO TURISTA .......................................................................197 3.1 DIREITOS BÁSICOS DO TURISTA.............................................................................................198 3.1.1 Direito à segurança ...............................................................................................................199 3.1.2 Direito à saúde ......................................................................................................................199 3.1.3 Direito a informações ...........................................................................................................200 3.1.4 Movimentação das pessoas .................................................................................................200 3.2 DIREITOS DO CONTRATANTE E DO CONSUMIDOR .........................................................201 3.2.1 Liberdade de escolher e igualdade para contratar ..........................................................201 3.2.2 Proteção contra publicidade enganosa e abusiva e métodos comerciais abusivos .....201 3.2.3 Modificação e revisão de cláusulas desproporcionais ....................................................201 3.2.4 Facilitação de defesa .............................................................................................................202 3.2.5 Inversão do ônus da prova ..................................................................................................202 4 RESPONSABILIDADE CIVIL DOS FORNECEDORES TURÍSTICOS ..................................203 4.1 RESPONSABILIDADE OBJETIVA E SUBJETIVA ....................................................................203 4.2 RESPONSABILIDADE PELO FATO DE OUTREM .................................................................205 4.3 RESPONSABILIDADE PELO FATO DO PRODUTO E DO SERVIÇO .................................206 4.4 RESPONSABILIDADE POR VÍCIO DO PRODUTO E DO SERVIÇO ..................................207 4.5 DEFEITOS E VÍCIOS ESPECÍFICOS ...........................................................................................208 4.6 DECADÊNCIA E PRESCRIÇÃO .................................................................................................208 4.7 DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA ..................................................209 5 PRÁTICAS COMERCIAIS DO MERCADO TURÍSTICO ........................................................210 5.1 REGULAMENTAÇÃO DO FORNECIMENTO .......................................................................210 5.2 DISTRIBUIÇÃO E OFERTA NO TURISMO ..............................................................................211 5.3 PUBLICIDADE E PROMOÇÃO ..................................................................................................212 5.4 PRÁTICA ABUSIVA .....................................................................................................................212 5.5 COBRANÇA DE DÍVIDAS .........................................................................................................214 6 PROBLEMAS USUAIS DOS TURISTAS ......................................................................................215 6.1 PERDA, EXTRAVIO OU AVARIA DA BAGAGEM .................................................................215 X 6.2 ATRASO NO EMBARQUE OU OVERBOOKING ................................................................... 216 6.3 ACIDENTES PESSOAIS ............................................................................................................... 219 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 221 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 222 TÓPICO 2 – SANÇÕES APLICADAS NO DESCUMPRIMENTO DO DIREITO DO TURISTA ........................................................................................................................ 223 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 223 2 PROCESSO ADMINISTRATIVO, PENAL E CÍVEL .................................................................. 224 2.1 PROTEÇÃO ADMINISTRATIVA AO CONSUMIDOR ......................................................... 224 2.2 A FISCALIZAÇÃO .......................................................................................................................227 2.3 SANÇÕES ADMINISTRATIVAS ............................................................................................... 228 2.4 INFRAÇÕES PENAIS DE CONSUMO...................................................................................... 231 2.5 DEFESA JUDICIAL CÍVEL ......................................................................................................... 235 2.6 AÇÕES COLETIVAS ..................................................................................................................... 236 2.7 AÇÕES DE RESPONSABILIDADE DO FORNECEDOR DE BENS E DE SERVIÇOS ....... 237 3 SITUAÇÕES DIVERSAS EM MEIOS DE HOSPEDAGEM ..................................................... 237 RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 242 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 243 TÓPICO 3 – CONSIDERAÇÕES SOBRE A ORGANIZAÇÃO POLÍTICA E LEGAL DO TURISMO NACIONAL ........................................................................................ 245 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 245 2 TRATAMENTO LEGAL DESTINADO AO TURISMO ............................................................ 245 3 MINISTÉRIO DO TURISMO ......................................................................................................... 248 4 PATRIMÔNIO TURÍSTICO NACIONAL .................................................................................... 251 4.1 IPHAN ............................................................................................................................................ 255 5 FINANCIAMENTOS OFICIAIS ..................................................................................................... 260 RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 273 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 274 TÓPICO 4 – CONSIDERAÇÕES AO DIREITO AÉREO, MARÍTIMO E RODOVIÁRIO E RECOMENDAÇÕES DE VESTES PARA VIAJAR.............................................. 275 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 275 2 TRANSPORTADORAS TURÍSTICAS .......................................................................................... 275 3 DIREITO AÉREO INTERNACIONAL .......................................................................................... 277 4 BASES DO DIREITO AÉREO BRASILEIRO ............................................................................... 281 4.1 RESOLUÇÕES ANAC PARA O TRANSPORTE AÉREO ....................................................... 284 5 TRANSPORTE MARÍTIMO E TURISMO ................................................................................... 290 6 TRANSPORTE RODOVIÁRIO APLICADO AO TURISMO ................................................... 297 7 VAI VIAJAR? SAIBA ADEQUAR AS SUAS ROUPAS AO LOCAL VISITADO ................ 300 LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................................... 305 RESUMO DO TÓPICO 4..................................................................................................................... 311 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 312 REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 313 1 UNIDADE 1 CONSIDERAÇÕES AO TURISMO E A APLICAÇÃO DO DIREITO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir desta unidade você estará apto (a) a: • reconhecer as tendências, classificações encontradas no turismo e a função do Direito na história do turismo, da antiguidade ao momento contempo- râneo; • aferir os princípios constitucionais provisionados para o turismo e conhe- cer alguns dos órgãos e instituições que auxiliam na regulação das ativi- dades em turismo; • compreender as relações estabelecidas para o turismo no contexto mun- dial, as organizações internacionais vinculadas e os textos legais atribuí- dos à temática; • abarcar alguns conceitos e regulamentos que envolvem o direito público e privado nas ações que têm por objeto o turismo no âmbito internacional. Esta unidade está organizada em três tópicos e em cada um deles você encontrará atividades que facilitarão a compreensão e apropriação dos conteúdos. TÓPICO 1 - EXPOSIÇÕES CONTEXTUAIS SOBRE O TURISMO TÓPICO 2 - PREMISSAS LEGAIS PARA O TURISMO BRASILEIRO TÓPICO 3 - O DIREITO COMO GARANTIA DO TURISMO NO ÂMBITO INTERNACIONAL 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 EXPOSIÇÕES CONTEXTUAIS SOBRE O TURISMO 1 INTRODUÇÃO Será que podemos acreditar que o turismo nasceu quando o homem percebeu que tinha para si um imenso espaço e que nele poderia movimentar-se? Viajar tornou-se então inerente ao ser humano, fazendo dele um nômade. Mas o significado de turismo não é o mesmo de migração, mas foi a migração que pode ter desencadeado o turismo. A seguir veremos que turismo é, segundo Oscar de La Torre Padilla, (1992, p. 21), um “[...] fenômeno social que consiste no deslocamento voluntário e temporário de indivíduos ou grupos de pessoas que, fundamentalmente por motivos de recreação, descanso, cultura ou saúde, saem de seu local de residência habitual para outro [...]”. Neste contexto abordaremos conceitos, tipos, terminologias, classificações de turismo e, para fechamento, abordaremos a importância e função do direito na história do turismo, da pré-história ao mundo contemporâneo. Prezado(a) acadêmico(a), queremos lhe fazer um convite! Venha fazer parte deste universo de conhecimento e informações. Embarque aqui! Neste momento! 2 REFLEXÕES SOBRE O TURISMO No Brasil e outros países há a confirmação, por parte da Organização Mundial de Turismo (OMT), de que a tendência do turismo é muito positiva. UNIDADE 1 | CONSIDERAÇÕES AO TURISMO E A APLICAÇÃO DO DIREITO 4 UNI Veja no site da Organização Mundial do Turismo – WTO o que a entidade diz a este respeito. Encontram-se disponíveis os dados sobre o rendimento e despesas por turistas internacionais em 2011, que estão em linha com a tendência positiva das chegadas. Entre os dez principais destinos turísticos, a receita cresceu significativamente: Estados Unidos (+12%). Espanha (9%). Hong Kong (China) (+25%). Reino Unido (7%). Na cabeça dos dez países com a maior despesa do turismo ficou fonte de mercados emergentes: China (+38%). Rússia (+21%). Brasil (+32%). Índia (+32%) - seguido por mercados tradicionais, embora o aumento nos gastos de turistas da: Alemanha (4%). EUA (5%) superou os níveis de anos anteriores. O Turismo Internacional no caminho certo para chegar a um bilhão de turistas em 2012 A OMT espera que o turismo internacional continue crescendo em 2012, embora a um ritmo mais lento. Os recém-chegados vão aumentar entre 3% e 4%, atingindo o marco de um bilhão até o final do ano. Economias emergentes irão recuperar a liderança, com mais forte crescimento na Ásia-Pacífico e África (de 4% para 6%), seguida pelas Américas e Europa (de 2% a 4%). Oriente Médio (de 0% a 5%) pode começar a recuperar algumas das suas perdas a partir de 2011. TÓPICO 1 | EXPOSIÇÕES CONTEXTUAIS SOBRE O TURISMO 5 As perspectivas são confirmadas pelo índice de confiança da OMT. O grupo de peritos da OMT, composto por 400 especialistas de todo o mundo, afiança que o setor do turismo deverá ter resultados positivos em 2012, embora ligeiramenteinferior ao do ano passado. Governos alertados a tornar a viagem mais fácil: Enquanto o destino do mundo está à procura de formas para estimular a demanda para viajar em condições econômicas, a OMT alerta os governos a considerarem a possibilidade de promover a facilitação da viagem, uma área em que, apesar do grande progresso já registrado, ainda há muito a ser feito. A OMT aconselha os países a utilizarem tecnologias de informação e comunicação para melhorar a aplicação e processamento de vistos, agilizar o tempo de emissão e explorar o impacto potencial de facilitação de viagens de suas áreas turísticas. A facilitação de viagens está intimamente relacionada ao desenvolvimento do turismo e pode ser a chave para a condução da demanda. A questão é particularmente importante num momento em que os governos procuram formas de incentivar o crescimento econômico, mas têm pouco espaço para a utilização de incentivos fiscais ou investimentos públicos. FONTE: <http://media.unwto.org/es/press-release/2012-01-16/el-turismo-internacional- alcanzara-la-cifra-de-los-mil-millones-en-2012>. Acesso em: 22 jan. 2012. Ainda para a OMT: de acordo com a previsão de longo prazo recentemente publicada pela OMT, as chegadas de turistas internacionais alcançarão 1,8 bilhão em 2030. O relatório apresentado na XIX Reunião da Assembleia Geral da OMT confima que o turismo internacional continuará a crescer continuamente nas próximas duas décadas [...] FONTE: <http://media.unwto.org/es/press-release/2011-10-11/los-turistas-internacionales- llegaran-1800-millones-en-2030>. Acesso em: 22 jan. 2012. A partir deste momento, para um melhor entendimento ou apenas para relembrar, abordaremos rapidamente alguns conceitos que autores, universidades, associações definem como turismo. De acordo com Schattenhofen (1911, p. 76), a Universidade de Berlim iniciou os estudos em 1911 na área da economia, e define que turismo é: [...] o conceito que compreende todos os processos, especialmente os econômicos, que se manifestam na chegada, na permanência e na saída do turista de um determinado município, estado ou país. UNIDADE 1 | CONSIDERAÇÕES AO TURISMO E A APLICAÇÃO DO DIREITO 6 Em meados de 1940, na Suíça, Walter Hunziker e Kurt Krapf (1942 p. 16) lançaram o conceito que até os dias atuais é bastante considerado, inclusive pela Associação Internacional de Especialistas na Ciência do Turismo: é o conjunto das relações e dos fenômenos produzidos pelo deslocamento e permanência de pessoas fora do seu local de domicílio, sempre que os ditos deslocamentos e permanências não estejam motivados por uma atividade lucrativa. O turismo é um fenômeno social, cultural e econômico que implica o movimento de pessoas para países ou lugares fora do seu ambiente habitual para fins pessoais ou de negócios/profissional. FONTE: <http://www.unwto.org/pdf/Understanding_Tourism-BasicGlossary_EN.pdf>. Acesso em: 21 jan. 2012. Por fim, não podemos deixar de citar a definição de Oscar de La Torre Padilla (1992, p. 43), que define turismo como um: [...] fenômeno social que consiste no deslocamento voluntário e temporário de indivíduos ou grupos de pessoas que, fundamentalmente por motivos de recreação, descanso, cultura ou saúde, saem de seu local de residência habitual para outro, no qual não exercem nenhuma atividade lucrativa nem remunerada, gerando múltiplas inter-relações de importância social, cultural e econômica. Cabe ressaltar que durante muito tempo a atividade turística ficou relegada às agências, hotéis e companhias de transporte, mas que atualmente nem todos os empreendimentos estão ligados ao turismo especificamente, visto que, com o passar dos anos, o hotel, por exemplo, não necessariamente precisa estar ligado ao turismo para consolidar sua existência. O mesmo acontece com as companhias de transporte turísticas e com as agências. Então, para que uma pessoa possa viajar, independentemente dela querer utilizar um pacote turístico ou não, haverá necessidade de uma preparação, um planejamento de recepção e de prestação de serviços, vias de acesso, saneamento básico, alojamento, alimentação e recreação. Para tanto, há a necessidade de uma estrutura de atendimento no local de origem do turista, composta das agências ou operadoras, guias ou programas digitais que preparam a partida deste usuário do sistema, companhias de transporte que viabilizarão o deslocamento e, por último, o equipamento receptor no local do destino, serviços que serão prestados ao turista juntamente das relações com os residentes no sítio turístico. A partir dos anos 1960, após a Segunda Guerra Mundial, muitos países viram o turismo como um potencial econômico a ser consolidado, oportunizando a compensação dos anos de crise vividos durante a guerra. Assim, em 1970 os turistas eram vistos como devoradores de paisagens, por causa do desenvolvimento desenfreado do setor. Já em 1990 iniciou-se o reconhecimento do turismo não TÓPICO 1 | EXPOSIÇÕES CONTEXTUAIS SOBRE O TURISMO 7 planejado e suas consequências, o que poderia ser evitado se houvesse estudos das implicações psicológicas, sociológicas e jurídicas do turismo. Hoje, muitos estados têm implementado uma política para o turismo, dando uma dimensão a seus objetivos, tendo como apoio a OMT – Organização Mundial do Turismo. Atualmente se discute os reais custos e benefícios do turismo para a sociedade, para a política, o meio ambiente, a cultura, e não somente para a economia, assim permite uma mudança de atitude em relação ao setor. A OMT deseja cada vez mais a implantação do Código Mundial de Ética do Turismo e as diversas diretivas da União Europeia. A Organização Mundial do Turismo (OMT) é uma agência especializada das Nações Unidas e a principal organização internacional no domínio do turismo. É um fórum global para questões de política de turismo e uma fonte prática de conhecimentos neste campo. Sua sede é em Madri, na Espanha. A OMT (WTO) conta com 155 países, sete territórios. Convido você, caro acadêmico, a acessar o site a seguir para conhecer um pouco mais da origem e outras peculiaridades. Disponível em:<http://unwto.org/es/content/acerca-de- la-omt>. ATENCAO Sabe-se que no cenário atual existem vantagens e inconvenientes que resultam em um desenvolvimento favorável ou desfavorável a uma comunidade. Dessa forma, o turismo sadio pode ser contemplado por meio de algumas condutas que ajudam neste processo. Algumas situações favoráveis podem ser apreciadas a seguir: Benefício da população autóctone. Não alteração da paisagem, de modo a não descaracterizá-la. Elaboração de projetos de médio e longo prazo, de preferência a soluções paliativas, de curto prazo, para conflitos oriundos do turismo. Garantia do desenvolvimento da comunidade autóctone. Não especulação sobre a terra. Garantia da autodeterminação e proibição do confisco estrangeiro, ou seja, direito da população local de ser consultada sobre novos projetos turísticos e de participar do planejamento e da realização destes. FONTE: <books.google.com.br/books?isbn=8573593075>. Acesso em: 4 fev. 2012. UNIDADE 1 | CONSIDERAÇÕES AO TURISMO E A APLICAÇÃO DO DIREITO 8 Estas condutas formam gradualmente diretrizes que hão de colaborar para um desenvolvimento eficaz e harmonioso dentro do setor. O fenômeno turístico é complexo e diversificado, no que tange à parte social, política, cultural e econômica. A tipologia adotada neste caderno será de turismo geral, ou seja, tanto social, político, cultural e econômico, assim também será abordado no direito. O turismo possui a característica emissiva e receptiva e pode ser classificado como nacional e estrangeiro. Relembrando que turismo emissivo é aquele que envia turistas para fora de sua região, e o receptivo o que recebe os turistas advindos de outras regiões. Conforme Padilla (1992, p. 54), “o turismo nacional é desenvolvido por turistas do próprio país e que o praticamdentro das fronteiras do mesmo”. Para Fuster (1999, p. 28), “o estrangeiro é composto pelo contingente de pessoas estrangeiras que entram em um determinado país”. Em termos de volume, o turismo é classificado como o de minorias ou de massas. O autor Acerenza (1999, p. 82) cita que “o turismo de minorias ou seletivo envolve destinos turísticos que por si só possuem baixa procura em termos de volume. No turismo de massa, os destinos turísticos são bastante procurados pelas pessoas”. No que tange à autonomia, o turismo pode ser livre ou dirigido. No livre, o turista escolhe a temporada e o destino. O dirigido se difere, visto que o turista precisa respeitar um calendário anual. Quanto à duração, o turismo pode ser de excursionista, de fim de semana, de férias ou de tempo indeterminado, ou seja, sem uma data predefinida de retorno. No entanto, é necessário atentar-se que o período que caracteriza a atividade turística é menor que um ano. Em relação à frequência, pode ser esporádico ou regular, e em relação ao alojamento pode ser hoteleiro ou extra-hoteleiro. Quanto ao objetivo ou motivação, o turismo pode receber algumas classificações, podendo ser visado pelo descanso, lazer, cura, desporte, gastronomia, cultivo de religião, cultural ou finalidade profissional. Na questão do modo de viajar, pode ser coletivo ou particular. Quanto ao transporte utilizado, pode ser rodoviário, aéreo, ferroviário, aquático ou combinações, conforme a necessidade. Pela permanência, pode ser estável quando o turista se fixa no destino, ou itinerante, quando passa viajando mais tempo do que estando no destino. TÓPICO 1 | EXPOSIÇÕES CONTEXTUAIS SOBRE O TURISMO 9 Em relação à geografia, pode ser de litoral, rural, de montanha, urbano, ou fazer uma combinação entre os citados. Já por faixa etária, pode ser infantojuvenil, adulto, de terceira idade ou familiar. Quanto ao ponto de vista do financiamento, pode ser autofinanciado, social ou gratuito. No turismo autofinanciado, o próprio turista arca com as despesas. No social, existe a subvenção do Estado. E no gratuito, pode ser realizado por meio de algum prêmio recebido através de empresas. Normalmente, o turismo externo é caracterizado pela utilização da classe média, que geralmente opta pelo turismo de massa, de férias e aproveita oportunidades profissionais para incluir atividades turísticas em congressos e outros eventos. Estes normalmente utilizam transporte coletivo de todos os tipos, e pode ser autofinanciado, social ou até mesmo gratuito. A classe baixa só opta por turismo de massa e pratica o turismo religioso. Viaja de forma coletiva, geralmente por excursão ou turismo de fim de semana, necessitando muito de subvenções por meio do turismo gratuito. 2.1 AS TERMINOLOGIAS Dando sequência ao conteúdo, não poderíamos deixar de abordar as terminologias relacionadas ao turismo. Neste momento, traremos a elaboração conforme Boullón, contemplada no final da década de 1980 e bastante utilizada atualmente: Área turística: é dito que uma área deve contemplar um centro turístico, no mínimo dez atrativos turísticos e infraestrutura de transporte e comunicação. A área corresponde a cada uma das partes de uma zona, sendo subdivididas em subsistemas. Atrativos turísticos: é o que atrai a visita do turista. Centro Turístico: deve estabelecer um raio de influência em duas horas de distância-tempo. Deve ter alojamentos, alimentação, lazer, agências de viagens com serviço receptivo, informação turística local, comércio de artigos de turismo, serviços públicos essenciais e sistema de transporte conectado com outros centros urbanos em âmbito nacional ou internacional. Cabe ressaltar que os centros turísticos de distribuição podem ser divididos em quatro tipos: De distribuição: servem como base para a saída de excursões diurnas que retornam para dormir. De estadia: os turistas permanecem por longas temporadas, retornando todos os anos. De excursão: recebem turistas que vêm do centro de distribuição por um período inferior a 24 horas. De escala: serve para conexões de transportes entre mercado receptor e emissor. Complexos turísticos: em geral, compreendem o porte de dois ou três centros turísticos, mas menores que uma zona ou área. São UNIDADE 1 | CONSIDERAÇÕES AO TURISMO E A APLICAÇÃO DO DIREITO 10 centros de distribuição que atingem um nível superior de hierarquia, que na média permanecem três dias ou mais. Conjunto turístico: este passa a ter serviços essenciais, como estacionamento, informação, guias, sanitários e outros. Relaciona-se com o restante do território. Corredor turístico: são vias de conexão entre zonas, áreas, complexos, centros, conjuntos, atrativos, portões de entrada e núcleos emissores. Núcleos turísticos: neste encontramos de dois a nove atrativos turísticos, isolados entre si e sem comunicação eficaz. Desenvolvem um turismo rudimentar. Polo turístico: é um núcleo que emite turistas. Unidade turística: é menor que um centro de estada, por possuir apenas um atrativo específico e um turista específico. (BOULLÓN, 1987, p. 19). O autor Badaró (2003, p. 41), bem como Boullón, (2002, p. 278), trazem em suas bibliografias que a “União Europeia também possui terminologias, relativas ao recolhimento de informações estatísticas no setor do turismo, tendo padronizado os diversos termos utilizados pelos países membros no campo do turismo”. Trata-se dos seguintes termos: • Alojamento turístico: estabelecimento que forneça regularmente ou ocasionalmente pernoite a turistas. Os tipos de alojamentos turísticos são: - alojamento turístico coletivo; - estabelecimentos hoteleiros e similares; - somente hoteleiros; - somente similares; - outros estabelecimentos de alojamento coletivo e especializado; - residências turísticas; - parques de campismo; - marinas. • Outros tipos de alojamento turístico não especificado: pousadas da juventude, dormitórios turísticos, alojamento de grupos, residências de férias para idosos, alojamento de férias e pousada para trabalhadores, lares para estudantes e dormitórios escolares ou outras instalações similares geridas por uma gestão comum, com interesse social, e que são subsidiadas geralmente por: TÓPICO 1 | EXPOSIÇÕES CONTEXTUAIS SOBRE O TURISMO 11 - estabelecimentos de saúde; - campos de férias e de trabalho; - transportes públicos de passageiros; - centros de conferências; alojamento privados (casa de férias, alojamento fornecido gratuitamente por familiares e amigos, alojamento privado não especificado – tendas ou locais sem estrutura organizada); - alojamento arrendado; - habitações arrendadas. • País de residência: quando uma pessoa é considerada residente num local/ país. • Turismo: conceitos e suas formas, como turismo interno; receptor; emissor. E ainda três categorias, como: - turismo interior (turismo interno e receptor); - turismo nacional (turismo interno e turismo emissor); e - ainda o turismo internacional (turismo receptor e emissor). • Viajante: indivíduo que se desloca entre dois ou mais países distintos ou entre dois ou mais lugares no interior de seu país de residência habitual, independentemente do motivo. • Visitante: turistas, excursionistas. O que os difere: - Ambiente habitual. - Motivo da viagem. - Local e/ou país de origem. - Número de estadias de turismo. - Duração da estadia. - Organização da estadia. - Viagens organizadas. • Classificação dos meios de transporte: aéreo, marítimo, terrestre, veículos privados e alugados e outros tipos. • Despesas para turismo: trata-se do total gasto por um visitante e/ou por alguém em seu benefício durante sua viagem ou estadia no lugar de destino. • Viagens, férias e viagens organizadas: incluem hospedagem, transporte, seguros, taxas, programas recreativos e outros. UNIDADE 1 | CONSIDERAÇÕES AO TURISMO E A APLICAÇÃO DO DIREITO 12 UNI Caro acadêmico: Visite o site do jornal oficial da UniãoEuropeia: <http://eur-lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=OJ:L:2011:192:0017:0032:PT:PDF>, e ainda acesse o site: <http://eurlex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=CONSLEG:1995L 0057:20041221:pt:pdfref>, para conhecer um documento que constitui um instrumento de documentação. O documento se refere à Diretiva nº 95/57/CE, que trata do recolhimento das informações estatísticas no turismo. Informe-se, é esclarecedor! 3 TURISTAS - QUEM SÃO ELES Para um melhor entendimento e reflexão, vamos verificar a seguir a definição de turista. Um visitante (receptor interno ou transmissor) é classificado como turista (ou visitante durante a noite) se a sua viagem inclui pernoite (WTO, 2012). NOTA WTO A Organização Mundial do Turismo (The WTO World Tourism Organization). Segundo a OMT (2012), um visitante é uma pessoa que viaja para um destino diferente do seu ambiente habitual, não por mais de um ano, com finalidade de lazer, negócios ou outros motivos pessoais, além de ser contratado por uma entidade residente no país ou local visitado. Um visitante (receptor interno ou transmissor) é classificado como um turista (ou visitante durante a noite), se a sua viagem inclui um pernoite, ou como um visitante do dia (ou andarilho) de outra forma. E visitante de negócios se caracteriza pelo visitante/ profissional ser de alguma empresa. A classificação dos tipos de turistas, segundo Murphy (2000, p. 153), por meio do sistema cognitivo-normativo pode ser: TÓPICO 1 | EXPOSIÇÕES CONTEXTUAIS SOBRE O TURISMO 13 • Turistas alocêntricos: são exploradores e aventureiros; em busca de lugares novos e convivência com a população autóctone. • Turistas mesocêntricos: de forma individual, viajam para os sítios turísticos já conhecidos e sua relação com a população local é comercial. • Turistas psicocêntricos: viajam em grupos e frequentam somente sítios turísticos que lhes sejam familiares, que representem o seu próprio local de origem. Na maioria das vezes, o turista é tratado de maneira grosseira pela sociedade. Os turistas chegam a ser comparados com nuvens de gafanhotos, que surgem rapidamente, devoram tudo por onde passam e desaparecem. Muitas vezes, são alvo de chacota. O autor Krippendorf (2001, p. 67) diz que não importa o que os turistas façam, muitas vezes são tipificados como: • Turista ridículo: notado pela aparência, visto como identificação universal, pois leva com ele uma câmera fotográfica pendurada no pescoço e veste roupas engraçadas. • Turista ingênuo: nunca viajou, não fala nenhuma língua estrangeira, faz perguntas idiotas e se deixa enganar com facilidade. • Turista em grupo: é dependente do grupo e guia. Sem eles estaria perdido. • Turista detestável: acha que o mundo inteiro lhe pertence e pratica tudo o que não faria em seu local de origem. • Turista inculto: não tem interesse pelo sítio turístico e população local. • Turista rico: é exibicionista, quer mostrar que pode e quer comprar tudo. • Turista explorador: tira proveito das pessoas do local que está visitando. • Turista poluidor: desconfigura a paisagem, poluindo de várias formas o local que está visitando. • Turista alternativo: prefere explorar recantos não visitados e prepara a via para o turismo de massa. Diante do apresentado, muitos turistas falam outros idiomas, têm experiências de outras viagens, e mesmo assim acham que seu comportamento equivocado é um caso isolado e que não prejudicará em nada o processo no sistema turístico. Mesmo estando em um grupo. No entanto, este tipo de comportamento UNIDADE 1 | CONSIDERAÇÕES AO TURISMO E A APLICAÇÃO DO DIREITO 14 acarreta um desconforto grande, visto que seu caso não é fato isolado e é preciso ressaltar que a soma de todos os atos individuais resulta em um todo. Este perfil acaba inibindo o desenvolvimento sustentável, expansão econômica e menos ainda pela proteção à paisagem. É egocêntrico, não tem consciência de seus atos e de sua responsabilidade em relação ao turismo. Por outro lado, não podemos deixar de destacar o turista responsável, que revela uma atitude crítica, que vai desde a escolha do seu destino até o momento de desfrutar da vida cotidiana. Se atenta muito a detalhes e características do sítio turístico, valorizando todo e qualquer detalhe, respeitando as populações e culturas locais que visita. Procura permanecer mais tempo no local para que consiga aprender algo com a população autóctone. Neste caso, Krippendorf (2001, p. 67) afirma que: [...] o turista responsável se rebela contra o mercantilismo irrefletido e o nivelamento praticado pela maioria dos métodos de turismo. A essa enorme maquinaria montada ele opõe a própria atitude, visando não a exploração, mas a ação responsável. Com este comportamento comprometido, enquanto turista, vale destacar deveres e responsabilidades que podem despertar o interesse e a reflexão no processo de participar como autor direto. Ron O’Grady (1980, p. 60) destaca formas de conduta e desenvolvimento sadio e harmonioso do turismo. De forma traduzida: • Compreender em vez de apossar-se. • Olhar em vez de pegar. • Alcançar em vez de conquistar. • Respeitar em vez de desprezar. • Ir ao encontro de algo em vez de ir contra algo. • Provar em vez de reprovar. • Rir em vez de recriminar alguém. • Escutar em vez de ouvir. • Perguntar em vez de responder. • Procurar em vez de achar. Diante do exposto, podemos apreciar um perfil de turista que se sensibilizará e ao mesmo tempo será crítico e responsável. TÓPICO 1 | EXPOSIÇÕES CONTEXTUAIS SOBRE O TURISMO 15 4 PRESTADORES DE SERVIÇOS O fortalecimento da cultura da qualidade na prestação de serviços no turismo visa ampliar o acesso às normas brasileiras publicadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT. Assegura a participação brasileira nos fóruns de debates internacionais. FONTE: <http://www.abnt.org.br/m3.asp?cod_pagina=931http://www.abnt.org.br/m3.asp?cod_ pagina=1001>. Acesso em: 23 jan. 2012. FIGURA 1 – ABNT FONTE: ABNT. <http://www.google. com.br/ imgres?q=abnt&um=1&hl=pt- BR&client=firefoxa&sa=N&rls=org. mozilla:ptBR:official&channel=s&biw=1440&bih=736&tbm=isch&tbnid=5hA0QzHcm Yd7CM:&imgrefurl=http://www.dm2.ind.br/dados.html&docid=odAHOrySQcpasM&imgurl= http://www.dm2.ind.br/images/LOGO-ABNT>. Acesso em: 15 fev 2012. No intuito de atender às ações do macroprograma de Certificação do Turismo, o Ministério do Turismo firmou contrato com a ABNT, reconhecido como foro nacional de normalização para a disponibilização das normas publicadas e as que vierem a ser desenvolvidas. Busca um setor de turismo plenamente informado sobre o processo de normalização no turismo em âmbito nacional e internacional. O público pode ter acesso às normas pelo site:< www.abnt.org.br>. No entanto, é necessário um cadastro prévio que demanda, dentre outras informações, cadastro de pessoa física, área de atuação, endereço eletrônico etc. Cabe ainda observar que as normas não poderão ser salvas, mas tão somente visualizadas e impressas. Convido você, caro(a) acadêmico(a), a acessar o site citado para aprofundar seus conhecimentos. Acesse: <http://www.abnt.org.br/m3.asp?cod_pagina=936>. ATENCAO UNIDADE 1 | CONSIDERAÇÕES AO TURISMO E A APLICAÇÃO DO DIREITO 16 Nesta questão da qualidade certificada que abordamos há pouco, podemos vislumbrar a prestação de serviços turísticos. Na bibliografia de Badaró (2003, p. 41): serviços turísticos são prestados exclusivamente para o turista e para quem vive do turismo. Hotelaria, agenciamento e transporte também são considerados serviços turísticos. Também são serviços turísticos os oferecidos no interior de um equipamento turístico, tais como os de hotelaria, agenciamento e transporte. DICAS Caro (a) acadêmico (a), agregando valor às informações recebidas, acesse a íntegra da Lei nº 6.505, de 13 de dezembro de 1977, que trata das atividades e dos serviços turísticos e estabelece condições para seu funcionamento e fiscalização.Altera a redação do artigo 18 do Decreto-Lei nº 1.439, de 30 de dezembro de 1975, e dá outras providências. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1970-1979/L6505.htm>. O turismo é um complexo de serviços e produtos que são fornecidos para satisfazer a procura dos consumidores, das empresas e do setor público, referenciando viagens dentro e fora do país. Para Badaró, (2002, p. 154): A atividade está amplamente descentralizada e interligada com a economia devido à mobilidade e à variedade das necessidades dos turistas, bem como ao fato de os produtos e serviços relacionados a ele serem comprados antes, durante e até após a viagem. No turismo, toda uma estrutura precisa estar a postos visando um bom atendimento, uma boa prestação de serviços [...]. Antes de 2003, o Instituto Brasileiro de Turismo – Embratur criou diretrizes para a prática do turismo, que tinham por finalidade propor, executar e fazer executar a Política Nacional do Turismo. Porém, Badaró (2003, p. 172) diz que a Lei nº 10.683/03, de 2003, do Ministério do Turismo, criou competências as quais podemos citar: a) política nacional de desenvolvimento do turismo; b) promoção e divulgação do turismo nacional, no país e no exterior; c) estímulo às iniciativas públicas e privadas de incentivo às atividades turísticas; d) planejamento, coordenação, supervisão e avaliação dos planos e programas de incentivo ao turismo; e) gestão do Fundo Geral de Turismo; f) desenvolvimento do Sistema Brasileiro de Certificação e Classificação das atividades, empreendimentos e equipamentos dos prestadores de serviços turísticos. TÓPICO 1 | EXPOSIÇÕES CONTEXTUAIS SOBRE O TURISMO 17 O Plano Nacional do Turismo de 2003, ao definir a estrutura do Ministério do Turismo, aponta que em 2003 a Embratur passa a ser uma autarquia que tem como área de competência a promoção, a divulgação e o apoio à comercialização dos produtos, serviços e destinos. FONTE: <http://www.turismo.gov.br/turismo/o_ministerio/embratur/>. Acesso em: 23 jan. 2012. É importante ressaltar que a Política Nacional do Turismo tem uma linha reguladora à prática do turismo, como forma de promover a valorização e a preservação do patrimônio natural e cultural do país. Além da valorização do homem como destinatário final do desenvolvimento turístico, tem por finalidade o desenvolvimento do turismo e o seu equacionamento como fonte de renda nacional. Na Política Nacional do Turismo existem objetivos setoriais, e no que tange à prestação de serviços pode-se citar: Baseia-se na Lei nº 11.771. Criar ambiente para a geração de empregos, a redução das desigualdades regionais e a inclusão social dos excluídos. Garantir direitos e qualidade na prestação de serviços turísticos ao consumidor. Promover a utilização sustentável do patrimônio histórico, artístico, etnográfico e ambiental do Brasil, privilegiando os critérios universais de conservação e ensejando empreendimentos geradores de emprego e renda. (BRASIL, 2012). Para Badaró (2004, p. 248): o direito das relações de consumo precisa ser pensado como legislação voltada para a elevação da qualidade das relações de fornecimento e consumo, preservando a relação jurídica e não a pessoa do consumidor. Para alcançar metas externas e internas, a Política Nacional do Turismo continuará galgando o aprofundamento da municipalização do turismo, pela capacitação da força de trabalho, focando principalmente na melhoria da qualidade de serviços, bem como investindo em infraestrutura básica e modernização das leis em relação ao setor. UNIDADE 1 | CONSIDERAÇÕES AO TURISMO E A APLICAÇÃO DO DIREITO 18 5 A FUNÇÃO DO DIREITO NA HISTÓRIA DO TURISMO, DA PRÉ-HISTÓRIA AO MUNDO CONTEMPORÂNEO Diante de todo o conteúdo abordado até o momento, adentraremos em uma parte da história bastante interessante e vislumbraremos os acontecimentos que marcaram desde a pré-história até os dias atuais. “No início de toda a história sabemos que o homem primitivo migrava de um lugar para outro na busca de sua subsistência” (BADARÓ, 2003, p. 59). Neste caso, percebemos que ele saía de um lugar sem a intenção do retorno. Diante disso, o nomadismo não é considerado turismo. 5.1 DO SÉCULO II A XV d.C. – PRÉ-HISTÓRIA “Na Grécia Antiga pode ter surgido entre os fenícios da Roma Antiga a pré- história do turismo, ou até mesmo antes da escrita milhões de anos” (BADARÓ, 2003, p. 59). Badaró (2003, p. 60) cita que autores como “La Torre, MacIntire e Lévy mencionam que o surgimento do turismo na Grécia no séc. VIII a.C. foi em virtude das pessoas viajarem quilômetros e quilômetros com o intuito de verem os jogos olímpicos a cada quatro anos”. Já McIntosh (1999, p. 27) e Leakey (1999, p. 138) acreditam que os fenícios foram os autores, “por terem inventado a moeda, assim estimulando o comércio e a expansão marítima comercial”. Muitas são as possibilidades do surgimento do turismo, seja por meio dos romanos, fenícios, gregos. O que se ressalta é que seja em processo migratório – viagem definitiva, ou por processo de retorno – viagem temporária. Pode-se encontrar muitas possibilidades de turismo em outras culturas e povos além das civilizações já citadas. “Os serviços prestados naquela época eram realizados por escravos e, assim, não caracterizava o turismo; com isso não havia uma relação capitalista, a exemplo da sociedade industrial”. (BADARÓ, 2003, p. 60). Entre os séculos II a.C e II d.C., após 456 d.C., muitas estradas foram construídas pelo Império Romano, possibilitando as viagens com maior frequência. Os romanos foram os primeiros considerados a viajar por prazer, pois por meio de materiais e pesquisas pode-se constatar que o romano buscava divertimento e relaxamento (MAIOR, 1990, p. 138). Houve também a peregrinação até Jerusalém e ao Santo Sepulcro, entre os séculos II e III. Foi então que, nos séculos VII a XI, as viagens expandiram-se de TÓPICO 1 | EXPOSIÇÕES CONTEXTUAIS SOBRE O TURISMO 19 forma expressiva, devido a comemorações festivas da primavera, colheita, entre outros eventos (MAIOR, 1990, p. 140). Outro acontecimento que marcou o turismo na época foi a descoberta da tumba de Santiago de Compostela, originando-se as primeiras excursões pagas. Havia equipes que conheciam o caminho e os pontos. Diante disso, organizavam e estipulavam as regras do horário, alimentação e orações (DUCHET, 1999, p. 32). “No início do século XI, Jerusalém fora dominada pelos turcos, assim os peregrinos passaram a visitar Santiago de Compostela, na Espanha. Durante este tempo, do século XI ao XIII, muitas expedições militares religiosas, conhecidas como Cruzadas, foram organizadas para libertar o Santo Sepulcro do domínio turco” (DUCHET, 1999, p. 35). Entre os séculos XI e XIII, as Cruzadas foram vistas como oportunidade para as cidades italianas. Sendo assim, a Cruzada mais conhecida como “dos Reis” se deu quando Ricardo Coração de Leão, rei da Inglaterra, firmou um tratado com Saladino, sultão do Egito, onde ficou reconhecido pelos cristãos que havia domínio de uma estreita faixa de terra na Síria e o livre acesso dos peregrinos a Jerusalém. Vale ressaltar que este tratado durou até o final do século XIII (DUCHET, 1999). Segundo Duchet (1999, p. 41): este acontecimento propiciou o reaquecimento do mercado de transporte marítimo e guias de peregrinação. Esta ampla abertura levou à transformação de égides da caridade a virarem pousadas. Com este evento, surgiu a associação dos proprietários de pousadas. Estes influenciaram o sistema de hospedagem italiano, criando-se uma padronização e classificação destas pousadas. “Na Idade Média (séculos XIII e XIV), as feiras foram muito significativas, pois pareciam representar uma espécie de comércio internacional. Com o contato realizado entre europeus e o Oriente, os hábitos e indumentárias se destacavam, dando margem a esta troca de culturas” (BOYER, 2001, p. 9). De acordo com Duchet (1999, p. 10), “houve entãoa Liga Hanseática, grande união de comerciantes do norte europeu que estabeleceu um código de comércio, seguido por mais de 90 cidades. Esta Liga organizava viagens com o intuito de mostrar a sua organização e diversidade de mercadorias”. “Estes visitantes eram tratados de forma diferenciada por meio de pousadas selecionadas, massagens, vinhos e peculiaridades da região”. (DUCHET, 1999, p. 41). “Em 1492, na Alemanha, na região de Baden-Baden, nobres do sul da Europa viajavam para participar de orgias que aconteciam nos banhos. Os nobres do norte desfrutavam do verão no Mediterrâneo” (BOYER, 2001, p. 9). UNIDADE 1 | CONSIDERAÇÕES AO TURISMO E A APLICAÇÃO DO DIREITO 20 Por fim, ainda no século XV, com a expansão marítima e comercial, juntamente com o uso da bússola, as viagens mercantilistas passaram a ter grande importância em toda a Europa. (LOZATO; GIOTAR, 2000). 5.2 DO SÉCULO XVI A XVIII d.C. “Entre metade do século XV e todo o século XVI, as viagens particulares foram o destaque. Visavam suprir a falta de comunicação, levando em consideração que os livros ainda não tinham circulação maciça, bem como o acúmulo de conhecimento, cultura, línguas e aventuras” (LOZATO; GIOTAR, 2000, p. 89). Conforme Lozato; Giotar (2000, p. 12), “no período renascentista, a Itália foi considerada o grande destino cultural”. Nesta época aconteceram muitas viagens realizadas por jovens (homens) acompanhados de seus professores, pois eles acompanhavam o aluno nos locais visitados, passando todo o conhecimento e informações. Esta viagem tinha duração aproximada de três anos e era estabelecida por meio de um contrato com o pai. O professor ou tutor estabelecia metas nesta viagem, também determinada na época como Tours - viagens de ida e volta, empreendidas pela nobreza e pelo clero (BOULANGER, 2001, p. 178). “Neste mesmo período, no Egito, surgiu o primeiro hotel do mundo, para atender mercadores. Também foi registrado o surgimento de 12 spas. No século XVII houve uma melhora nos transportes terrestres. O primeiro pedágio foi instalado na Inglaterra em 1663” (BOYER, 2001, p. 9). Para o autor Badaró (2003, p. 69), “no século XVIII houve a “révolution thérmale” – estudo das propriedades da água no tratamento de doentes e utilização como meio lúdico para lazer e recreação. Este evento acabou por se expandir ao final deste século, e sua finalidade era propiciar o acesso aos prazeres mundanos”. 5.3 DO SÉCULO XIX AO XX A sociedade, a política e a economia foram marcadas por diversas e intensas mudanças no século XIX. Estabeleceu-se o conceito de turista, que foi selado pelo autor Stendhal em 1838, livros foram lançados, clubes foram formados. Estados Unidos e América do Sul começaram a ser focados. Com a Revolução Industrial advindo da criação da máquina a vapor, houve o êxodo rural, havendo o aumento da população nas cidades, aumento também na produção fabril e na produção alimentícia, com isso desencadeou o capitalismo industrial. A Europa se viu necessitada de melhorar suas estradas (BADARÓ, 2003, p. 70). De acordo com Boyer (2001, p. 13): TÓPICO 1 | EXPOSIÇÕES CONTEXTUAIS SOBRE O TURISMO 21 Pierre Mérimé, jurista e escritor, em 1835, preconizou a criação de normas que viessem a proteger, conservar e restaurar todo o patrimônio francês que tivesse importância histórica ou turística. [...] Thomas Cook, em 1841, organizou a primeira excursão coletiva (filantrópica) na Inglaterra. Iniciou como operador e depois somente como agente de viagens, com o pacote único de viagens. “Em 1867, Cook criou o voucher hoteleiro. Ao longo do século, europeus passaram a visitar África e os Estados Unidos, representando uma leve massificação do turismo” (BADARÓ, 2003, p. 72). Os trens representavam rapidez e facilidade na atividade turística. Navios eram o centro da atração para a população. A classe média passou a ganhar melhor, possibilitando frequentar jogos de futebol, corridas de cavalo. Iniciou-se também o turismo para a América, contemplada pelo sol tropical (BOYER, 2001). Então veio a Primeira Guerra Mundial, em 1914, onde o turismo foi seriamente prejudicado. Em 1909, a França criou a primeira lei orgânica do turismo no mundo, e um ano mais tarde instituiu a Office National du Tourisme que, anos mais tarde, em 1940, passou por uma reformulação, objetivando o progresso da sociedade e o desenvolvimento e a divulgação do turismo francês (BADARÓ, 2003). Em 1917, a França criou a primeira Câmara de Hotelaria, com o objetivo de solucionar controvérsias surgidas entre empresas hoteleiras francesas. [...]. Logo após, em 1925, o governo italiano incorporou o “dopolavoro”, que foi um programa de lazer e turismo, viabilizando férias pagas aos trabalhadores, incentivando assim as atividades no esqui, passeios de bicicleta e balneários (BADARÓ, 2003, p. 73). Em 1933, Hitler visava incutir nos trabalhadores alemães a ideia de que sem lazer e diversão o trabalho não seria dignificado. Colônias de férias foram criadas, onde os trabalhadores receberam um convite direto a não deixar seu país. Então a maioria dos alemães preferiu ficar na Alemanha (BOYER, 2001). Após este período de mudanças e, porque não dizer, de conquistas, surgiu a Segunda Guerra Mundial, que causou novamente a estagnação no setor. O Plano Marshall e outros, segundo Badaró (2003, p. 75), “visaram à reconstrução da Europa, tendo como investidores o Ocidente através dos Estados Unidos”. Entre tantas ações, esta foi uma delas que ajudou a Europa a se reerguer, inclusive com o incremento no turismo (HARVEY, 1989). Em 1945 foi aprovada a Carta das Nações Unidas, ligada à ONU, sendo visto como intercâmbio cultural. Estava a cargo da Unesco o estudo deste campo e mais tarde transferida para a OMT, que foi criada em 1975 (BADARÓ, 2003, p. 76). “O primeiro congresso internacional do turismo social foi realizado em 1956” (PY, 2000, p. 39). Em 1960 surgiram as primeiras operadoras turísticas. Já em 1970 iniciou-se uma preocupação com o meio ambiente, ressaltando o cuidado e a UNIDADE 1 | CONSIDERAÇÕES AO TURISMO E A APLICAÇÃO DO DIREITO 22 preservação dos recursos naturais e, ao mesmo tempo, sendo discutida a poluição causada pelo turismo (THOMPSON, 1978). Em 1980 foi editada a revista de jurisprudência sobre turismo, bem como diversas obras jurídicas sobre o assunto, escritas na França. [...]. Ao final do ano de 1990, o turismo estava representando 8% das exportações mundiais e 180 milhões de empregos (BADARÓ, 2003, p. 77-78). 6 SÉCULO XXI E DIAS ATUAIS Temos um número expressivo de 52 setores diferentes da economia que o turismo movimenta. No ano de 2002, a ONU declarou o Ano do Ecoturismo, almejando auxiliar na busca pela preservação do meio ambiente e da paz mundial (BADARÓ, 2003). Em 2001, na 22ª edição do Dia Mundial do Turismo, o tema foi: “Turismo: um instrumento a serviço da paz e do diálogo entre as civilizações”. Inclusive houve o pronunciamento de sua Santidade, o Papa João Paulo II. DICAS Caro(a) acadêmico(a), agregando valor às informações recebidas, acesse o site: <http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/messages/tourism/documents/hf_jp- ii_mes_20010619_giornata-mondiale-turismo_po.html> para ver na íntegra a Carta do Papa João Paulo II manifestando os sentimentos a respeito deste evento. Diante dessa nova realidade mundial, emerge a necessidade de se assegurar o devido cumprimento das relações advindas do turismo. Para tanto, o direito precisa se evidenciar, organizando as legislações. 6.1 DIREITO DO TURISMO Baseia-se no exercício da liberdade e não pode se desenvolver sem ela. O direito de ir e vir no turismo parte do pressuposto de que esta liberdade poderá ser bem aproveitada e exercida por meio de comportamento que remeta responsabilidade, conforme relatamos em textos anteriores. Porém, o Estado, exercendo sua soberania, pode limitar as possibilidades de acesso a certas áreas de seu território, inibindo ou freando o desenvolvimentodo turismo nas regiões. TÓPICO 1 | EXPOSIÇÕES CONTEXTUAIS SOBRE O TURISMO 23 O desenvolvimento do turismo se relaciona a outras liberdades, como a de associação, comércio e indústria. A exclusão do turismo do campo do intervencionismo deve ser analisada empiricamente, pois é objeto de preocupação singular por parte do Estado, por meio dos poderes públicos e órgãos especializados na atividade turística. Pode-se destacar que na França, desde o início do século XX, os poderes públicos têm desempenhado importante papel, ora com medidas de contenção, ora deixando fluir toda a energia no setor. A exemplo da França, se pode dizer que o período administrativo reflete pela intervenção crescente dos poderes públicos e pela proliferação de regras jurídicas exercidas sobre o turismo (BADARÓ, 2003). O Estado, os poderes públicos e, consequentemente, o direito exercem dois papéis fundamentais em relação ao turismo: • Proteção contra conflitos e abusos que podem originar-se no âmbito do turismo. • De outro, o desenvolvimento do turismo. A atividade pode representar uma ameaça à ordem pública, por isso o direito se esforça para remediar, contornar, evitar qualquer tipo de desordem. E neste caso, o turismo possui uma abertura de fácil acesso no que tange a aspectos de segurança, da tranquilidade e da salubridade públicas que entram na área da polícia administrativa geral, onde se tem por objetivo ditar as regras gerais e as medidas individuais necessárias a esta manutenção. [...] É necessário lembrarmos que o turismo é uma atividade consumidora de espaços raros e frágeis. Cabe a todos os atores sociais, como comunidade, iniciativa privada e os próprios turistas. zelar por esses espaços, bem como a administração pública impor limites por intermédio de leis, segurança e outras formas de frear a utilização inadequada. Sendo que o homem-turista dificilmente é consciente de sua responsabilidade no processo, bem como salvaguardando e estabelecendo garantias para ele próprio, a coletividade, ou seja, a sociedade (BADARÓ, 2003, p. 86-87). É preciso evitar a proliferação de falsos profissionais na área. É importante lembrar também das questões trabalhistas e empresariais que podem estar ameaçadas por profissionais de má índole e que não têm a menor preocupação com a honestidade, competência e absolvência dos prestadores de serviços e empresas. Os poderes públicos franceses foram os primeiros a regulamentar a profissão de agente de viagens, em 1937. Os franceses se esforçaram nesta questão, pois viram no turismo uma fonte de riqueza e de bem- estar social, reconhecendo ali uma fonte de divisas. A França então teve posição de destaque naquele momento, visionando uma posição favorável na competição turística nascente (BADARÓ, 2003, p. 88). UNIDADE 1 | CONSIDERAÇÕES AO TURISMO E A APLICAÇÃO DO DIREITO 24 UNI SIGNIFICADO DE AGENTES DE VIAGENS: são responsáveis pela realização de todas as atividades da agência de viagens e de turismo, planejando, organizando e difundindo os produtos turísticos, tanto em território nacional, quanto no exterior. “A França criou em 1909, por intermédio de A. Millerand, a primeira lei orgânica do turismo no mundo, instituindo, em seguida, o Office National du Tourisme por meio da lei de 8 de abril de 1910” (BADARÓ, 2003, p. 73). Após a Segunda Guerra Mundial foram fundados institutos jurídicos destinados a favorecer o desenvolvimento do turismo social. Esses institutos tratavam de conciliar pessoas e bancos, fornecendo crédito àqueles que desejavam viajar. FONTE: <www.turismo.gov.br/.../turismo/.../TURISMO_ANOTAxES_JURxDI>. Acesso em: 7 fev. 2012. De acordo com Badaró (2003, p. 90), “estas práticas necessitaram dar origem ao direito do turismo. A autonomia dos ramos do direito é imprecisa, e repousa principalmente sobre um corpo de regras próprias e uma jurisdição especializada”. Deste modo foi elaborada uma definição pelo autor Py (2000, p. 42) para o direito do turismo: O conjunto de instituições e regras jurídicas para as quais o móvel turístico é determinante, seja porque trata de desenvolver a atividade turística, seja porque essas regras têm por objetivo a proteção específica do consumidor turístico ou a profissão turística, seja porque elas tenham por finalidade conciliar turismo e ordem pública.·. O direito do turismo deve ser visto como um ramo transcendental do direito, uma vez que se estende por diversos ramos do direito sem se ligar a nenhum deles em particular, demonstrando a heterogeneidade por meio de suas peculiaridades. 25 Neste tópico você: • Conheceu alguns conceitos de turismo, bem como órgãos, instituições que ajudam no desenvolvimento do setor. • Conheceu algumas terminologias abordadas no turismo. • Reconheceu os fatores positivos e negativos que o turismo pode trazer e fazer a uma localidade. • Compreendeu a história do turismo e sua evolução no mundo. • Identificou as classificações de turismo, como o de Interior, Nacional e Internacional. • Relacionou a prática do direito junto ao turismo, bem como leis e regulamentações. RESUMO DO TÓPICO 1 26 Prezado acadêmico, convido você a exercitar e aprofundar os conhecimentos adquiridos neste tópico. Responda as questões a seguir. 1 Em relação às tendências do turismo, falamos um pouco a respeito de conceitos e relembramos um pouco de como iniciou o estudo no turismo. Diante disso, responda: De acordo com a OMT, qual a expectativa para 2030? 2 De acordo com o autor Schattenhofen (1911), quando e qual a universidade que iniciou os estudos no turismo e qual foi o conceito definido por ela? 3 Avançando mais um pouco nos estudos, percebemos que uma pessoa, para viajar, pode utilizar um pacote turístico ou não, que necessitará de um planejamento. Que ela irá usufruir de uma estrutura de atendimento no destino. Este destino poderá ter vantagens e inconvenientes. Diante disto, pode desencadear um turismo favorável e desfavorável. Será beneficiado de algumas formas. Desta forma, o turismo sadio pode ser contemplado com situações favoráveis. Cite quais são estas situações favoráveis. 4 Complete as lacunas das sentenças a seguir. a. Quanto à característica do turismo, temos o emissivo e o ________. b. Quanto à classificação, o turismo pode ser nacional e ___________. c. Em termos de volume, o turismo pode ser de minorias ou de ________. d. Em relação à autonomia, o turismo pode ser livre ou _________. e. Quanto à duração, o turismo pode ser excursionista, de fim de semana ou ____________. f. Em relação à frequência, o turismo pode ser esporádico ou __________. g. Em relação ao alojamento, o turismo pode ser hoteleiro ou ____________. h. Quanto ao objetivo ou motivação, o turismo pode receber algumas classificações, podendo ser visado pelo descanso, lazer, cura, desporte, gastronomia, cultivo de religião, cultural ou ______________. i. No modo de viajar, o turismo pode ser coletivo ou _____________. AUTOATIVIDADE 27 j. Quanto ao transporte utilizado, o turismo pode ser rodoviário, aéreo, ferroviário, aquático, ou _________________________________________. k. Pela permanência, pode ser estável, quando o turista se fixa no destino, ou ____________________________________________________. l. Em relação à geografia, pode ser de litoral, rural, de montanha, urbano ou ___________________________________________________. m. E por faixa etária, o turismo pode ser infantojuvenil, de terceira idade ou ________. 5 Quanto às terminologias, verifique as opções e associe os itens, utilizando os códigos a seguir: I- Centro turístico. ( ) É dito que uma área deve contemplar um centro turístico, no mínimo dez atrativos turísticos e infraestrutura de transporte e comunicação. A área corresponde a cada uma das partes de uma zona, sendo subdivididas em subsistemas. II- Atrativos turísticos. ( ) Este passa a ter serviços essenciais, como estacionamento, informação, guias, sanitários e outros. Relaciona-se
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