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RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO 1.209.634 PIAUÍ
RELATOR : MIN. LUIZ FUX
RECTE.(S) :ESTADO DO PIAUÍ 
PROC.(A/S)(ES) :PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DO PIAUÍ 
RECDO.(A/S) :DANILO PINHEIRO SOUSA 
ADV.(A/S) :ANDRE CANUTO BEZERRA 
RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM 
AGRAVO. ADMINISTRATIVO. 
SISTEMA DE COTAS RACIAIS. OFENSA 
AO PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DOS 
PODERES. INOCORRÊNCIA. 
REQUISITOS. NECESSIDADE DE 
REVOLVIMENTO DO CONJUNTO 
FÁTICO-PROBATÓRIO DOS AUTOS. 
IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 279 DO 
STF. AGRAVO INTERPOSTO SOB A 
ÉGIDE DO NOVO CÓDIGO DE 
PROCESSO CIVIL. MANDADO DE 
SEGURANÇA. INAPLICABILIDADE DO 
ARTIGO 85, § 11, DO CPC/2015. AGRAVO 
DESPROVIDO. 
DECISÃO: Trata-se de agravo nos próprios autos objetivando a 
reforma de decisão que inadmitiu recurso extraordinário, manejado com 
arrimo na alínea a do permissivo constitucional, contra acórdão que 
assentou, in verbis:
"Constitucional e Administrativo. Mandado de Segurança. 
Concurso Público. Preliminar de Incompetência Absoluta do TJPI 
Afastada. Prejudicial de Mérito de Inadequação da Via Eleita 
Afastada. Mérito. Cotas Raciais. Entrevista. Ausência de Critério 
Objetivo. Ausência de Fundamentação. Fenótipo Negro ou Pardo.
1.De pronto, afasto a preliminar suscitada, tendo em vista que o 
Presidente do Tribunal de Justiça, como detentor de poder para assinar 
Supremo Tribunal Federal
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ARE 1209634 / PI 
e fazer publicar todos os editais do vertente concurso, tem poder para 
interferir no resultado das fases do concurso, no que diz respeito à sua 
legalidade. Ademais, o Regimento Interno dessa Corte Judicial, em seu 
art. 81 estabelece que ao Tribunal Pleno compete processar e julgar 
originariamente os mandados de segurança contra atos do Tribunal de 
Justiça e de seu Presidente. 
2. No caso em exame, o impetrante indica que foi penalizado por 
decisão proferida no recurso administrativo apresentado pela banca 
examinadora que o declarou inapto a concorrer para as vagas de 
cotistas, assegurando que esse ato se deu em detrimento às regras 
legais e, com isso, busca o afastamento dos efeitos desse ato. Requer a 
declaração de nulidade do ato em alusão. Dessa sorte, o impetrante 
aponta satisfatoriamente o seu interesse e a utilidade do provimento 
jurisdicional reivindicado. 
3. A referida banca examinadora apresentou uma 
fundamentação genérica, sem combater os argumentos apresentados 
pelo impetrante no seu recurso, sem mencionar quais critérios utilizou 
para não considerar seu fenótipo como negro, sem explicar 
objetivamente porque não o considera apto a concorrer nas vagas para 
negro. A entrevista para aferição da adequação do candidato à 
concorrência especial das cotas raciais se posta legal, desde que 
pautada em critérios objetivos de avaliação. Não há, pois, ilegalidade 
na realização da entrevista. Contudo, o que se exige do candidato é a 
condição de afrodescendente e não a vivência anterior de situações que 
possam caracterizar racismo. O que não se admite, é a ausência de 
critérios objetivos para avaliação, a fim de evitar que a decisão 
administrativa esteja pautada em fundamentação genérica, baseada 
critérios subjetivos. 
4. Segurança Concedida." (Doc. 1, fl. 146)
Nas razões do apelo extremo sustenta preliminar de repercussão 
geral e, no mérito, alega violação ao artigo 2º da Constituição Federal.
O Tribunal a quo negou seguimento ao recurso extraordinário por 
entender que o apelo encontra óbice na Súmula 279 do STF. 
É o relatório. DECIDO.
2 
Supremo Tribunal Federal
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ARE 1209634 / PI 
O agravo não merece prosperar.
Ab initio, pontuo que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal 
é firme no sentido de que não viola o princípio da separação dos poderes 
o exame da legalidade e abusividade dos atos administrativos pelo Poder 
Judiciário. Seguindo esse entendimento, transcrevo julgados de ambas as 
Turmas desta Corte:
“AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE 
INSTRUMENTO. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO 
DOS PODERES. NÃO OCORRÊNCIA. SÚMULA 279/STF. 
Hipótese em que, para dissentir da conclusão firmada pelo Tribunal de 
origem, seria necessário reexaminar os fatos e provas constantes dos 
autos, o que é vedado em recurso extraordinário. Incidência da 
Súmula 279/STF. É firme no Supremo Tribunal Federal o 
entendimento de que não afronta o princípio da separação dos Poderes 
o controle exercido pelo Poder Judiciário sobre atos administrativos 
tidos por abusivos ou ilegais. Precedentes. Ausência de argumentos 
capazes de infirmar a decisão agravada. Agravo regimental a que se 
nega provimento.” (AI 410.544-AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, 
Primeira Turma, DJe de 17/3/2015)
“AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO 
EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. AUSÊNCIA DE OFENSA 
AO PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DE PODERES. 
ADMINISTRATIVO. LICITAÇÃO. IMPOSIÇÃO DE 
PENALIDADE. NECESSIDADE DE REEXAME DO ACERVO 
PROBATÓRIO DOS AUTOS. SUMÚLA 279 DO STF. AGRAVO 
A QUE SE NEGA PROVIMENTO. I – O exame pelo Poder 
Judiciário de ato administrativo tido por ilegal ou abusivo não viola o 
princípio da separação dos poderes. II – Para se chegar à conclusão 
contrária à adotada pelo Tribunal de origem, necessário seria o 
reexame do conjunto fático–probatório constante dos autos, o que atrai 
a incidência da Súmula 279 do STF. III – Agravo regimental a que se 
nega provimento.” (ARE 813.742-AgR, Rel. Min. Ricardo 
Lewandowski, Segunda Turma, DJe de 15/8/2014)
3 
Supremo Tribunal Federal
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ARE 1209634 / PI 
Demais disso, o acórdão recorrido entendeu que o candidato 
cumpriu os requisitos para participar do concurso público no Tribunal de 
Justiça do Estado do Piauí nas vagas reservadas pelo regime de cotas 
raciais, por possuir fenótipo característico da etnia negra. 
Esta Corte firmou entendimento no sentido de que a regularidade do 
procedimento adotado no sistema de cotas, quando sub judice a 
controvérsia quanto ao cumprimento dos critérios exigidos, encerra a 
análise do conjunto probatório dos autos. 
Não se revela cognoscível, em sede de recurso extraordinário, a 
insurgência que tem como escopo o incursionamento no contexto fático-
probatório engendrado nos autos, porquanto referida pretensão não se 
amolda à estreita via do apelo extremo, cujo conteúdo se restringe à 
discussão eminentemente de direito, face ao óbice erigido pela Súmula 
279 do STF.
Sob esse enfoque, ressoa inequívoca a vocação para o insucesso do 
apelo extremo, por força do óbice intransponível do referido verbete 
sumular, que veda a esta Suprema Corte, em sede de recurso 
extraordinário, sindicar matéria fática. Nesse sentido: 
“AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO 
EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. DIREITO 
ADMINISTRATIVO. ENSINO PÚBLICO SUPERIOR. SISTEMA 
DE COTAS. NÃO CUMPRIMENTO DOS REQUISITOS 
EXIGIDOS NO EDITAL. ACÓRDÃO FUNDAMENTADO NA 
LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL, NAS CLÁUSULAS 
DO EDITAL E NO CONJUNTO PROBATÓRIO. AUSÊNCIA DE 
OFENSA CONSTITUCIONAL DIRETA. SÚMULAS NS. 279 E 
454 DO SUPREMO TRIBUNALFEDERAL. AGRAVO 
REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO.” (ARE 
887.798-AgR, Rel.Min. Cármen Lúcia, Segunda Turma, DJe de 
24/8/2015)
“Agravo regimental no recurso extraordinário com agravo. 
Administrativo. Universidade pública. Cotas sociais. Análise de 
4 
Supremo Tribunal Federal
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ARE 1209634 / PI 
cláusulas do edital de vestibular. Reexame de fatos e provas. 
Impossibilidade. Precedentes. 1. Inadmissível, em recurso 
extraordinário, a análise das cláusulas de edital de processo seletivo de 
vestibular e o reexame dos fatos e das provas dos autos. Incidência das 
Súmulas nºs 454 e 279/STF. 2. Agravo regimental não provido.” 
(ARE 773.009-AgR, Rel. Min. Dias Toffoli, Primeira Turma, DJe 
de 9/10/2014)
Por oportuno, vale destacar preciosa lição de Roberto Rosas sobre a 
Súmula 279 do STF: 
“Chiovenda nos dá os limites da distinção entre questão de fato e 
questão de direito. A questão de fato consiste em verificar se existem as 
circunstâncias com base nas quais deve o juiz, de acordo com a lei, 
considerar existentes determinados fatos concretos. 
A questão de direito consiste na focalização, primeiro, se a 
norma, a que o autor se refere, existe, como norma abstrata 
(Instituições de Direito Processual, 2ª ed., v. I/175). 
Não é estranha a qualificação jurídica dos fatos dados como 
provados (RT 275/884 e 226/583). Já se refere a matéria de fato 
quando a decisão assenta no processo de livre convencimento do 
julgador (RE 64.051, Rel. Min. Djaci Falcão, RTJ 47/276); não cabe o 
recurso extraordinário quando o acórdão recorrido deu determinada 
qualificação jurídica a fatos delituosos e se pretende atribuir aos 
mesmos fatos outra configuração, quando essa pretensão exige 
reexame de provas (ERE 58.714, Relator para o acórdão o Min. 
Amaral Santos, RTJ 46/821). No processo penal, a verificação entre a 
qualificação de motivo fútil ou estado de embriaguez para a apenação 
importa matéria de fato, insuscetível de reexame no recurso 
extraordinário (RE 63.226, Rel. Min. Eloy da Rocha, RTJ 46/666).
A Súmula 279 é peremptória: ‘Para simples reexame de prova 
não cabe recurso extraordinário’. Não se vislumbraria a existência da 
questão federal motivadora do recurso extraordinário. O juiz dá a 
valoração mais conveniente aos elementos probatórios, atendendo aos 
fatos e circunstâncias constantes dos autos, ainda que não alegados 
pelas partes. Não se confunda com o critério legal da valorização da 
5 
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ARE 1209634 / PI 
prova (RTJ 37/480, 56/65)(Pestana de Aguiar, Comentários ao Código 
de Processo Civil, 2ª ed., v. VI/40, Ed. RT; Castro Nunes, Teoria e 
Prática do Poder Judiciário, 1943, p. 383). V. Súmula STJ-7.“ (Direito 
Sumular. São Paulo: Malheiros, 2012, 14ª Edição, p. 137-138)
Por fim, observo que o presente agravo foi interposto sob a égide da 
nova lei processual. Nada obstante, por se tratar de mandado de 
segurança, não há falar em majoração de honorários advocatícios 
(Súmula 512 do STF). 
Ex positis, DESPROVEJO o agravo, com fundamento no artigo 932, 
VIII, do CPC/2015 c/c o artigo 21, § 1º, do Regimento Interno do STF.
Publique-se. 
Brasília, 29 de maio de 2019.
Ministro LUIZ FUX
Relator
Documento assinado digitalmente
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		2019-05-29T17:29:40-0300
	LUIZ FUX
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