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1 Esther Perinni Lopes – Medicina UVV XXVIII ANATOMIA E LESÕES DO PLEXO LOMBOSSACRAL PLEXO LOMBAR São os ramos anteriores dos nervos espinhais de L1 a L4 e também pode pegar algumas fibras de T12. Em amarelo é a divisão direcionada para a coxa. L3 e L3 formam o nervo cutâneo lateral da coxa que é muito importante. O outros três ramos, L2, L3 e L4 se juntam para formar o nervo femoral na divisão posterior do plexo lombar. Em uma divisão anterior do plexo lombar, veremos que ramos de L2, L3 e L4 formarão o nervo obturatório → em muitas pessoas existe o nervo obturatório acessório. O plexo lombar dá origem a dois nervos importantes a inervação da parte muscular e sensorial e um nervo apelas sensorial, que é o cutâneo lateral da coxa. Portanto os nervos que interessam na compreensão da inervação de parte do membro inferior: ▪ Nervo obturatório ▪ Nervo femoral ▪ Nervo cutâneo lateral da coxa RELAÇÃO DO PLEXO LOMBAR COM OUTRAS ESTRUTURAS O nervo obturador passa justamente no forame obturatório. O nervo cutâneo lateral passa bem rente ao anel inguinal. O músculo psoas maior tem uma relação muito importante com a relação lombar → esses nervos vêm por trás das fibras desse músculo e qualquer problema nesse músculo vai comprometer essa inervação. O músculo quadrado lombar e o músculo psoas maior possuem relação com o nervo cutâneo lateral da coxa. CASO CLÍNICO 1 – NERVO FEMORAL DIREITO João, 38 anos, após queda de moto com trauma na região inguinal direita, não conseguia deambular referindo parestesia na região anterior da coxa, dor irradiada para região anterior da coxa e face medial da perna e do pé. Ao exame físico foi evidenciado ausência de reflexo patelar. A perna direita do paciente perdeu a contração tônica da musculatura da região anterior da coxa. 2 Esther Perinni Lopes – Medicina UVV XXVIII O nervo lesado foi o nervo femoral direito → qualquer lesão ou fratura que ocorra nessa região vai ter o comprometimento da inervação da musculatura da região anterior da coxa. Consequências motoras da lesão do nervo femoral: ▪ Paralisia de quadríceps femoral ▪ Perda da extensão do joelho ▪ Fraca flexão do quadril (iliopsoas está intacto – principal músculo flexor) Consequências sensitivas da lesão do nervo femoral: ▪ Perda da sensibilidade na face anteromedial da coxa e medial da perna e do pé. Percebemos a importância desse nervo pois ele inerva o músculo quadrado da coxa → todos esses quatro músculos são fixados pelo tendão patelar e são muito importantes na extensão do joelho. Veremos que quando chega próximo à região do joelho, ele se transforma no nervo safeno → maior nervo cutâneo que temos. Esse nervo percorre toda a região medial da perna e vai até o primeiro metatarso. NERVO SAFENO É o maior e o mais amplo e com distribuição mais longa e é ramo cutâneo do nervo femoral. É o único ramo do nervo femoral que se estende além do joelho → todos os outros ramos do nervo femoral inervam a parte sensorial da região anterior da coxa. Inerva região medial da perna até o primeiro metatarso. TRÍGONO FEMORAL É a região onde passa o nervo femoral que denominamos de trígono femoral. Tem como limite superior o ligamento inguinal, lateralmente a borda medial do músculo sartório, medialmente a borda medial do adutor longo, seu teto é formado pela fáscia lata e o seu assoalho é formado pelos músculos iliopsoas, pectíneo e adutor. Qual é a importância desse trígono femoral? ele é muito superficial → temos acesso a essas estruturas (nervo, artéria e veia femoral) para fazer uma venóclise e outros procedimentos. Por cima desse trígono só temos o tensor da fáscia lata, então são bem propensos a injúrias. De lateral para medial = NAV (nervo, artéria e veia) De medial para lateral = VAN (veia, artéria e nervo) 3 Esther Perinni Lopes – Medicina UVV XXVIII CASO CLÍNICO 2 – NERVO CUTÂNEO LATERAL DA COXA Rosa, 52 anos, obesa, adora usar calças bem justas. Há 1 semana iniciou com sintomas de queimação na superfície anterolateral da coxa (frente e lado), desde o quadril até o joelho. Ao exame foi observado hiposensibilidade na região afetada. O nervo cutâneo lateral da coxa inerva a pele da superficie ântero-lateral da coxa. Esse nervo deriva de L2 e L3. A paciente chega reclamando de meralgia parestésica (compressão dessa inervação) → causada pela compressão desse nervo que passa bem justo à região inguinal. As grávidas (a gravidez gemelar é mais comum) costumam reclamar muito desse problema também e pessoas que usam calças muito justas. A aplicação de substâncias nessa região, no músculo vasto lateral, é muito comum e é preciso de muito cuidado para não atingir esse nervo. CASO CLÍNICO 3 – NERVO OBTURATÓRIO Lia, 26 anos, após gestação normal, teve trabalho de parto natural complicado, dando à luz a um bebê saudável. Uma semana depois procurou seu médico com queixa de dor ao cruzar as pernas. O nervo obturatório deriva das raízes L2, L3 e L4 e inerva a região mais medial da coxa. O ramo anterior do nervo obturatório inerva os mm. Adutor longo, curto e grácil. O ramo posterior do nervo obturatório inerva a parte adutora do m. adutor magno. Sinais e sintomas: Rotação externa e adução da coxa são prejudicadas e é difícil cruzar as pernas. A perda sensitiva é insignificante. Causas de lesão do nervo obturador/obturatório: Pressão da cabeça fetal durante o parto Tumor maligno na parede pélvica Comprometimento motor: Perda incompleta da adução (parte isquiática do adutor magno é funcionante, então não perde a função totalmente). Comprometimento sensorial: Mínima sobre a metade medial da coxa. 4 Esther Perinni Lopes – Medicina UVV XXVIII PLEXO SACRAL É formado pelos ramos anteriores dos nervos espinhais L2, L5, S1 a S4. Inerva a parte inferior do dorso, pelve, períneo, face posterior da coxa e perna, regiões dorsal e plantar do pé. O nervo ciático (ou isquiático) é composto do nervo tibial e do nervo fibular comum. A face anterior do membro inferior, joelho para cima, a competência de inervação é do nervo femoral e medialmente do nervo obturatório. A face anterior da metade inferior do membro inferior (perna e pé) é de competência de inervação do nervo ciático. O NERVO CIÁTICO É o maior e o mais calibroso nervo do corpo humano. Enquanto isso o nervo safeno é o maior nervo cutâneo. É composto pelo nervo fibular comum e nervo tibial. a) Nervo fibular comum Se divide em nervo fibular superficial e nervo fibular profundo. O nervo fibular superficial inerva os músculos laterais da perna. O nervo fibular profundo inerva os músculos anteriores da perna. b) Nervo tibial Inerva os músculos posteriores da coxa, perna e pé. A imagem abaixo mostra como que o tronco lombossacral, L4 e L5 fornecem fibras para a formação do nervo isquiático, que é composto pelo fibular comum e pelo tibial. Vemos que dá vários ramos para o piriforme, glúteos máximo e mínimo. CASO CLÍNICO 4 – NERVO CIÁTICO Luiz, 47 anos, médico refere dor crônica na região glútea direita. Fez tratamento para lombalgia durante sete anos com melhora parcial. Há um ano notou que a dor da região glútea não melhora, mesmo com tratamentos que antes aliviavam os sintomas. Piora da dor à abdução e rotação lateral da coxa e ao permanecer em ortostatismo por muito tempo (é um cirurgião, por isso fica muito tempo nessa posição). Tem o costume de rodar lateralmente a coxa para pegar instrumentos cirúrgicos. Veremos que esse nervo se dirige posteriormente e sai passando por baixo do músculo piriforme. O nervo desde também pelo músculo gêmeo superior, obturador interno, gêmeo inferior, mas o problema maior é o músculo piriforme. 5 EstherPerinni Lopes – Medicina UVV XXVIII A relação do nervo ciático com o musculo piriforme é muito importante. O músculo piriforme é um dos mais importantes na rotação lateral da articulação coxofemoral → A contração constante desse músculo pode causar contração nesse nervo. Existe um estudo feito sobre a relação do ciático com o piriforme. Na maioria das pessoas o nervo ciático sai por baixo do músculo piriforme, sem problema nenhum (a). Em 11% das pessoas o nervo ciático separa seus dois componentes e um deles passa entre as fibras do piriforme, enquanto o outro passa por baixo (b). Em 0.86% das pessoas, foi encontrado o nervo entrelaçando as fibras do músculo piriforme (c). Em uma porcentagem menor de 0.13%, os dois constituintes passam por dentro das fibras do músculo piriforme (d). Chamamos isso de síndrome do piriforme. Esse problema no nervo ciático em consequência de uma rotação lateral constante acontece mais com as pessoas que possuem as condições B, C e D. É muito raro que esse nervo seja acometido por esse motivo em uma condição como a A. Quando o nervo ciático chega próximo à fossa poplítea, ele se separa dos seus dois componentes (tibial e fibular comum) → aí sim o fibular comum vai rodar em volta do pescoço da fíbula e se dividir em fibular superficial e profundo. Antes do fibular contornar a fíbula para se dividir, ele dá um ramo chamado de nervo sural, que é um nervo cutâneo da região da perna onde temos os músculos gastrocnêmico e sóleo (região da “batata da perna”). Esse nervo sural recebe tanto um ramo do fibular quanto do tibial. O nervo tibial vai descer e vai inervar a parte lateral do pé e medialmente quem inerva é o nervo safeno que vem do nervo femoral. O nervo tibial é responsável pela flexão do joelho e extensão da coxa. A extensão do joelho é de competência do nervo fibular. Causas de lesão do nervo ciático: ▪ Injeção intramuscular mal planejada. ▪ Pressão sobre o nervo ciático ou suas raízes pelo disco intervertebral prolapsado (L4-L5) → uma hérnica de disco, compressão por uma massa... ▪ O deslocamento da articulação do quadril posteriormente. ▪ Fratura de pelve. Lesões motoras do nervo ciático: ▪ Paralisia dos músculos abaixo do joelho ▪ Fraca flexão do joelho, mas continua fletindo pois o músculo sartório que é inervado pelo nervo femoral e o músculo grácil que é inervado pelo nervo obturatório ainda permanecem em ação → assume a posição do pé caído (posição de flexão plantar). 6 Esther Perinni Lopes – Medicina UVV XXVIII Lesões sensoriais do nervo ciático: ▪ Perda sensorial abaixo do joelho, exceto na área que é suprida pelo nervo safeno (que deriva do nervo femoral). CASO CLÍNICO 5 – NERVO TIBIAL Adilson, maratonista, treinando sofreu entorce do tornozelo direito em eversão, queixa-se de dor em queimação, formigamento, fraqueza dos dedos do pé e na região plantar. Os sintomas pioram a noite e pela manhã. Tem rigidez matinal no pé. Também apresenta dificuldade em andar. O nervo tibial passa bem rente posteriormente ao maléolo medial. Depois de passar pelo maléolo medial esse nervo vai se dividir em plantar medial e lateral e inervar toda a musculatura e sensorialmente também a planta do pé. O nervo tibial passa junto com a artéria tibial e logo se separam. Comprometimento motor do nervo tibial: ▪ Compromete todos os músculos na parte de trás da perna e da planta do pé, que ficam paralisados. ▪ O pé fica em dorsiflexão e evertido → referido como calcaneovalgus. Comprometimento sensorial do nervo tibial: ▪ Área lateral da perna e do pé. ▪ Úlceras tróficas na região plantar. SÍNDROME DO TÚNEL DO TARSO Causas: sequelas de fraturas, cistos sinoviais, tumores e varizes. Sintomas e sinais: dor na face medial do tornozelo, queimação ou parestesia na região plantar, edema, dificuldade na marcha. Diagnóstico: eletroneuromiografia e ressonância magnética. CASO CLÍNICO 6 – NERVO FIBULAR Senhor João Batista, 72 anos, sofreu queda no banheiro que resultou em fratura no colo da fíbula direita, Apresenta dificuldade na marcha pois não consegue levantar o pé. O paciente não consegue fazer dorsiflexão. Lembrando que o nervo fibular contorna o pescoço da fíbula e se divide em nervo fibular superficial e nervo superficial profundo. 7 Esther Perinni Lopes – Medicina UVV XXVIII O nervo fibular também pode ser chamado de peroneal. Lesão do nervo fibular: É o nervo mais lesado na região da perna. Pode ser lesado por: ▪ Fratura do colo da fíbula. ▪ Quando a articulação do joelho for deslocada. ▪ Pode ser comprimido por uma massa. Lembrando que o nervo fibular quando passa no colo da fíbula ele ainda é o nervo fibular COMUM, só depois vai se dividir em nervo fibular superficial e nervo fibular profundo. Comprometimento motor do nervo fibular comum: Atrapalha a dorsiflexão (músculos extensores) Atrapalha a eversão (responsabilidade do fibular e a inversão é responsabilidade do tibial) → pé caído e em inversão. Comprometimento sensorial do nervo fibular comum: ▪ Perda sensorial na área lateral e mediana da perna. ▪ Perda sensorial na região dorsal do pé e dos dedos. ▪ Perda sensorial no lado medial do hálux. O nervo fibular se divide então em nervo fibular superficial e nervo fibular profundo. Comprometimento motor do nervo fibular profundo: Perda da dorsiflexão do pé e dos dedos. O pé fica em flexão plantar e invertido por causa da ação sem oposição do tibial posterior → atitude referida como equinovarus. Comprometimento sensorial do nervo fibular profundo: ▪ Perda sensorial entre o primeiro e o segundo dedo do pé. Comprometimento motor do nervo fibular superficial: ▪ Perda da eversão: músculos fibulares curto e longo ficam paralisados. ▪ O pé fica invertido. 8 Esther Perinni Lopes – Medicina UVV XXVIII Comprometimento sensorial do nervo fibular superficial: ▪ Perda sensorial na área lateral da perna. ▪ Perda sensorial na região dorsal do pé e dos pés. ▪ Perda sensorial no lado medial do hálux.
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