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PARADA CARDIORESPIRATÓRIA AULA 2 – URGENCIA E EMERGENCIA II É definida como a cessação súbita da função mecânica cardíaca. O coração para de bombear e é consequência do colapso hemodinâmico. A causa desse colapso pode ser várias coisas. É uma condição de instalação aguda que incapacita o coração de bombear adequadamente sangue para o corpo. É sempre uma situação de extrema emergência medica. A chance de sobreviver a uma PCR depende do rápido reconhecimento e do início imediato de manobras adequadas de ressuscitação cardiopulmonar (RCP). A PCR pode ser reversível quando tratada de forma rápida e efetiva, porem pode evoluir para óbito nos casos que não ocorrem intervenção adequada. O principal ritmo de parada no extra-hospitalar é a Fibrilação Ventricular (FV) e Taquicardia Ventricular (TV), chegando a quase 80% dos eventos, com bom índice de sucesso na reversão, se prontamente tratados. O que vai tratar a FV e TV que são ritmos chocáveis é o choque. Então, precisa do desfibrilador externo automático no extra-hospitalar. Quando a desfibrilação é realizada precocemente, em até 3 a 5 minutos do início da PCR, a taxa de sobrevida é em torno de 50-70%. No ambiente intra-hospitalar, normalmente a pessoa vai estar internada por causa metabólica, doença levando a alguns dias, o ritmo de PCR mais frequente é Atividade Eletrica Sem Pulso (AESP) ou assistolia (ritmos não chocáveis), com pior prognostico e baixas taxas de sobrevida, inferiores a 17%. Normalmente, no adulto, começa com TV, se não fizer nada, evolui para FV, depois, AESP e depois assistolia (linha reta). DIAGNÓSTICO 1. Ausência de resposta Após chamado e toque rigoroso nos dois ombros, não responde. 2. Ausência de respiração ou respiração irregular (gasping) O gasping (respiração de peixe fora d’agua) pode durar vários minutos. 3. Ausência de pulso central Checar pulso carotídeo ou femoral. Se houver dúvida, o pulso não for detectado em até 10 segundos, a RCP é iniciada. Caso a vítima se encontre com pulso presente e respiração normal, apenas aguarde o serviço médico de emergência. Se a vitima se encontra com pulso presente e respiração ausente ou irregular, realize 1 ventilação de resgate a cada 6 segundos, cheque pulso a cada 2 minutos, administre NALOXONE se suspeita de intoxicação por opioides e aguarde o serviço médico. Nesse caso, é uma parada respiratória. Diagnosticada a PCR, uma das primeiras providencias é instalar um monitor para obter ritmo cardíaco, seja de maneira automática (desfibrilador externo automático – DEA) ou não. Precisa saber o ritmo para ver o tto adequado. O objetivo é identificar ritmos que possam ser chocáveis. CAUSAS DE PCR A determinação da causa da PCR no atendimento inicial é difícil, e muitas vezes informações sobre idade, anamnese, comorbidades e medicações não estão disponíveis ou não são confiáveis. Na maioria das vezes, a PCR é decorrente de patologias do coração, destacando-se o IAM. No adulto. Outras causas cardíacas menos comuns são: cardiomiopatia hipertrófica, síndrome de Brugada, síndrome e QT curto, taquicardia ventricular polimórfica e cardiomiopatia arritmogênica do ventrículo direito. A causa metabólica mais comum do PCR é a hipercalemia, frequentemente observada em pacientes com insuficiência renal. A progressão da hipercalemia pode resultar em PCR de qualquer ritmo de parada, mas principalmente em AESP. A eletrocussão (levar o choque) também pode levar a PCR por arritmias ou hipóxia. Corrente elétrica alternada entre 100Ma e 1 A geralmente leva À parada por FV, ao passo que uma corrrente elétrica acima de 10 A pode levar a assistolia. Hipotermia e afogamento são causas de PCR que podem se manifestar em qualquer ritmo de parada e seu manejo envolve medidas invasivas de aquecimento e ressuscitação prolongada. São ritmos de parada. A e C são chocáveis e B e D não chocáveis. A – Taquicardia ventricular – QRS largo, uniforme. C - Totalmente bagunçada, não é uniforme. Fibrilacao ventricular. D – Ainda tem um pouco de atividade, mas é quase uma linha reta. – assistolia. B – Atividade elétrica sem pulso. Qualquer uma que não seja o que falamos. O paciente não tem pulso. O exame físico constitui uma importante ferramenta na avaliação dos pacientes em PCR. Por meio dele, é possível determinar possíveis etiologias e instaurar terapias especificas visando ao tratamento das causas reversíveis. Pacientes portadores de fistulas arteriosvenosas, que podem sugerir hipercalemia como causa de parada. O aspecto geral (palidez) e distensão abdominal (ex. aneurisma de aorta abdominal roto) podem indicar hemorragia e, portanto, hipovolemia como causa. Distensão jugular pode indicar tromboembolismo pulmonar, tamponamento cardíaco ou pneumotórax hipertensivo. Via aérea com secreções pode indicar obstrução de via aérea superior. Lesões perfurativas de pele podem indicar uso de drogas. – Overdose. Queimaduras de região distal de membros indicam eletrocussão. – Choque. O exame físico fornece pouca evidencia em relação a duração da PCR. As pupilas dilatam após minuto de PCR, mas se tornam mióticas após o início da RCP. O livedo reticular e o rigor mortis se desenvolvem após horas de PCR. Não precisa mais fazer RCP. A temperatura não é um preditor confiável do tempo de PCR, já que não diminui significante durante as primeiras horas. CADEIA DE SOBREVIDA. PCRIH – intra-hospitalar. PCREH – extra-hospitalar. Reconhecimento e prevenção precoce: o paciente dentro do hospital que ta internado, vai mostrar que ele pode parar. Ele vai ter alterações nos sinais vitais e no exame físico. Depois de fazer o diagnóstico, chamar por ajuda e começa imediatamente o RCP de alta qualidade. Fazer CBA. Próximo passo é identificar o ritmo porque se for chocavel tem que fazer desfibrilação porque é o único tto. Depois, cuidados pós parada e recuperação. SUPORTE BÁSICO DE VIDA NO ADULTO É um tratamento que começamos. O BLS contém o alicerce de conhecimentos necessários para salvar vidas após uma PCR e deve ser disseminado entre médicos e leigos. Os aspectos fundamentais do BLS em adultos incluem: → Reconhecimento imediato da parada cardiorrespiratória. – Paciente não responde, não tem pulso e não ventila. → Ativação imediata do sistema de respostas a emergências. – Chamar ajuda. → Manuseio básico das vias aéreas. - 2 → RCP precoce e de alta qualidade. – 1 → Desfibrilação rápida com um desfibrilador externo automático (DEA). Quando fazer o RCP e fazemos a pressão torácica, ao mesmo tempo que comprime a bomba cardíaca, fazendo circular o sangue, consegue também que um pouco de oxigênio entre no pulmão também. Por isso, chamou ajuda, começa a RCP. SEGURANÇA DA CENA: antes de avaliar a vítima e iniciar qualquer atendimento, é imprescindível garantir a segurança da cena. A segurança do profissional e de sua equipe sobrepuja a necessidade de atendimento de qualquer paciente. CHECAGEM DE PULSO: paciente está desacordado, não respondeu – checa pulso carotídeo ou femoral. Deve ser realizada em até 10 segundos, tanto no atendimento inicial para diagnostico, como após 2 minutos ou 5 ciclos se houver ritmo no monitor capaz de geral pulso. Na dúvida, comece a RCP. CHAMAR AJUDA: paciente não responde e não tem pulso, chama ajuda. Disque 192 – SAMU e 193 – Corpo de bombeiros. TÉCINA DE COMPRESSÃO TORÁCICA: o rápido início das compressões torácicas de alta qualidade é a intervenção mais importante para se obter retorno da circulação espontânea (RCE) e recuperação neurológica. É por esse motivo que a AHA reorganizou, em sua última publicação, a sequência ABC para CBA. Primeira coisa com que preocupar é a circulação. A pressão de perfusão coronariana (PPC) é um dos principais fatores para alcançar o retorno da circulação espontânea, e ela é alcançada por meio de compressõestorácicas em uma frequência e profundidade adequadas, com o paciente em posição supina em superfície rígida, no entanto em situações em que não for possível colocar o paciente em posição supina, a AHA considera razoável a RCP prona (COVID – melhora a ventilação). Região hipotênar e tenar que fazem a força. O corpo que vai fazer força e não só o braço. Em prona, a desfibrilação acontece um próximo a escapula direita e outra na linha axilar, a baixo da escapula posteriormente. Por mais perfeita que seja a compressão, ela vai gerar no máximo 1/3 do debito cardíaco fisiológico, que é o necessário para perfusão adequada de coração, rins e cérebro. Mesmo pequenas interrupções nas compressões torácicas durante a RPC podem reduzir o fluxo sanguíneo e a perfusão orgânica, portanto, as checagens de pulso, de ritmo e desfibrilação devem ser realizadas o mais brevemente possível. Uma vez interrompidas as compressões, leva-se em torno de 1 minuto de RCP de alta qualidade para restabelecer a pressão de perfusão coronariana e tecidual adequada. Uma maneira de otimizar e minimizar as interrupções é manter as compressões durante a recarga do desfibrilador, pausando a compressão apenas no momento do choque. Na ausência de uma via aérea avançada, devem ser realizadas 30 compressões para cada 2 ventilações. Após estabelecimento de uma via aérea avançada, obrigatoriamente as compressões torácicas devem ser realizadas continuamente e simultaneamente as ventilações, que devem ser feitas uma a cada 6 segundos. O QUE CARACTERIZA UMA REANIMAÇÃO CARDIOPULMONAR DE ALTA QUALIDADE? → 2 ventilações por 1 segundo cada uma a cada 30 compressões. → Compressões: Local: ½ inferior ao esterno, com a palma da mão não dominante sobre o dorso da mão dominante, dedos entrelaçados e braços completamente estendidos perpendiculares ao tórax do paciente. Comprimir com a região hipotênar da mão dominante. Velocidade: 100 a 120 por minuto. Profundidade: deprimir o tórax entre 5-6 cm. → Não se apoiar no tórax do paciente, permitindo a expansão torácica após cada compressão. → Minimizar as interrupções entre as compressões. POSSÍVEIS COMPLICAÇÕES DAS COMPRESSÕES TORÁCICAS: → Fratura de arcos costais - idosos → Fratura do esterno → Contusão pulmonar → Pneumotórax → Contusão miocárdica → Derrame pericárdico → Laceração esplênica → Laceração hepática DESFIBRILAÇÃO: quando identificamos que o ritmo chocável, fazemos a desfibrilação. No atendimento pré-hospitalar, a desfibrilação é realizada por Desfibrilador Externo Automático (DEA), é facil de utilizar, pode ser aplicado por socorristas leigos como bombeiros, agentes policiais e paramédicos. O DEA analisa o ritmo automaticamente e indica se o choque é necessário sem a necessidade do operador interpretar o ritmo. No intra-hospitalar, os desfibriladores podem ser monofásicos (360J) ou bifásicos (200J). Nos bifásicos, a energia necessária para desfibrilar com sucesso é menor, diminuindo a chance de disfunção miocárdica pós-choque. No bifásico, o choque vai sair de uma pá em direção a outra pá e vai voltar de uma pá para outra. É uma ida e uma volta. O monofásico é só uma linha e pronto. Não volta. No DEA, colocamos um na região superior do tórax direito que seria a base do coração e no ápice do coração – inferior tórax esquerdo. No desfibrilador temos que identificar qual o ritmo, se é chocavel ou não. Traz a FC. Ainda falando sobre o suporte básico de vida no adulto: No início da ressuscitação de um paciente em PCR, o ritmo deve ser checado e, na presença de ritmo chocavel (FV ou TVsp), a desfibrilação deve ser realizada o mais precocemente possível e não deve ser atrasada pelas compressões. O choque deve ser entregue rapidamente com interrupções mínimas na RCP. Quando der o choque, não parar com as compressões. Só depois de 2 minutos, olha o ritmo se voltou e checa pulso. Isso pode ser facilitado e agilizado pela colocação de pás adesivas que dispensam o reposicionamento a cada ciclo de pás e do gel condutor. O ritmo de atividade elétrica sem pulso (AESP) pode ser observado após uma desfibrilação bem sucedida, assim, mesmo se um ritmo organizado se apresentar no monitor, é necessária manutenção de RCP por mais um ciclo. POSICIONAMENTO DAS PÁS: Posição anteroapical: uma pá é colocada em ápice cardíaco, e a outra pá em região infraclavicular direita. É a posição de escolha para pacientes em posição supina. Posição anteroposterior: uma pá adesiva é colocada em região paraesternal esquerda e a outra pá é colocada em região infraescapular esquerda. Posição posteroapical: uma pá adesiva é colocada em região precordial e a outra pá é colocada em região infraescapular esquerda. PRECAUÇÕES DURANTE A DESFIBRILAÇÃO: Sempre verifique se não há ninguém em contato com o paciente no momento do choque, pois a corrente usada para a desfibrilação pode induzir a fibrilação ventricular em outro indivíduo. Se o paciente estiver molhado, é preciso secá-lo antes de realizar o choque, e o paciente nunca deve ser desfibrilado em superfície condutora de eletricidade. Recomenda-se sempre interromper a ventilação, o fornecimento de oxigênio e retirar todos os objetos metálicos e patchs de medicações do paciente para prevenir possíveis queimaduras e incêndios. Em pacientes com grande quantidade de pelos é necessário realizar uma rápida tricotomia para garantir adequado contato entre as pás e a pele. Para uma adequada desfibrilação é preciso garantir que o gel condutor de uma pá se mantenha a mais de 5 cm de distância da outra pá, e em pacientes com marca-passo manter pelo menos 12,5 cm de distância entre as pás e o dispositivo. ENERGIA NECESSÁRIA PARA DESFIBRILAR DE ACORDO COM O APARELHO: → Monofásico: 360J → Bifásico: 120 a 200 J (dependendo do fabricante) → Desconhecido: Carga máxima POSSÍVEIS COMPLICAÇÕES DA DESFIBRILAÇÃO → Queimadura de pele – colocar o gel de maneira correta. → Choque inadvertido a outrem → Lesão miocárdica Respiração anormal e com pulso – parada respiratória. SUPORTE AVANÇADO DE VIDA NO ADULTO O suporte avançado de vida envolve: → Ressuscitação cardiopulmonar (RCP) de alta qualidade. → Desfibrilação → Dispositivos da via aérea avançada e oxigênio – IOT. Se for gastar muito tempo, não é necessário. Tentar uma vez. Não perder tempo. → Acesso venoso e drogas. – Adrenalina, amiodarona e lidocaína se não tiver amiodarona. → Dispositivos de compressão mecânica. – Não são tão eficientes. → Dispositivos de oxigenação por membrana extracorpórea. – Como se fosse um pulmão fora do corpo. FISIOPATOLOGIA – FASES DA PCR Existem três fases distintas na PCR Fase elétrica: período inicial da parada cardiorrespiratória, isto é, os primeiros 4 a 5 minutos, geralmente em FV. Desfibrilação imediata e RCP de alta qualidade se fazem necessárias para otimizar a sobrevivência dos pacientes nessa fase. É difícil pegar essa fase. É mais comum em hospital. Fase hemodinâmica: consiste no período de 4 a 10 minutos após PCR. Acontece uma depleção dos substratos para um adequado metabolismo. A desfibrilação e RCP de alta qualidade ainda são medidas críticas nos pacientes dessa fase. Fase metabólica: é o período que sucede 10 minutos de PCR e é representada por acidose e disfunção celular grave. O tto de pacientes nessa fase é primariamente baseado nos cuidados pós PC, incluindo hipotermia terapêutica. Se nessa fase não ocorrer retorno da circulação espontânea, as chances de sobrevida caem drasticamente e o paciente geralmente não sobrevive. RITMOS DE PARADA CARDIACA Os ritmos iniciais que podem ser observados em uma parada cardíaca incluem os seguintes: 1. TV sem pulso (TVSP), na qual o ECG exibe um complexo QRS alargado, regular, com uma frequência superior a 120 batimentos por min (bpm). 2. FV, na qual são observadas no ECG deflexõesirregulares caóticas com forma e altura variáveis, mas não existe contração ventricular coordenada. 3. Assistolia, na qual não existe atividade elétrica cardíaca. 4. AESP, na qual a atividade elétrica é visível no ECG mas os pulsos centrais estão ausentes. A FV e TVSP são ritmos chocáveis. Isto significa que a administração de um choque ao coração por meio de desfibrilador pode resultar na interrupção do ritmo. A assistolia e a AESP são ritmos não chocáveis. A sobrevivência do paciente quando este apresenta ritmo chocável é até seis vezes mais elevada do que quando apresenta ritmo não chocável. TAQUICARDIA VENTRICULAR A TV existe quando ocorrem três ou mais complexos ventriculares em sucessão imediata com uma frequência superior a 100 bpm. TV pode ocorrer com ou sem pulso, e o paciente pode estar estável ou instável com este ritmo. Quando os complexos QRS da TV são da mesma forma e amplitude, o ritmo é denominado TV monomórfica. Quando os complexos QRS da TV variam em forma e amplitude de batimento para batimento, o ritmo é denominado TV polimórfica (TVPM). Na TVPM, os complexos QRS parecem estar torcidos de uma posição vertical para negativa ou de negativa para vertical, e de volta. – torsadies de ponters. TVPM é uma disritmia de gravidade intermediária entre TV monomórfica e FV. Se estiver presente TV monomórfica ou TVPM sem pulso, o ritmo é tratado como FV. – CHOQUE/desfibrilação. FIBRILAÇÃO VENTRICULAR FV é um ritmo caótico que começa nos ventrículos. Na FV não existe despolarização organizada dos ventrículos. O músculo ventricular estremece e, como resultado, não existe contração miocárdica eficaz e não existe pulso. O ritmo resultante parece caótico, com deflexões que variam em forma e amplitude; não são visíveis ondas com aparência normal. A amplitude das ondas da FV diminui ao longo do tempo, à medida que o fluxo sanguíneo miocárdico e o metabolismo energético diminuem. A FV com ondas de amplitude igual ou superior a 3 milímetros (mm) é denominada FV grosseira. A FV com ondas de baixa amplitude (i. e., inferior a 3 mm) é denominada FV fina. A sobrevivência para alta hospitalar aumenta com ondas de FV de 3 a 4 mm e é melhor para FV igual ou superior a 5 mm. A – Taquicardia monomórfica. QRS largo, com mesmo padrão e amplitude. B – Taquicardia polimórfica. A amplitude é menor no começo, depois começa a aumentar e depois diminui de novo e assim vai. Taquicardia ventricular polimórfica. C – Fibrilação ventricular – Totalmente caótica. Os fatores que aumentam a suscetibilidade do miocárdio para fibrilar (fibrilação ventricular) incluem os seguintes: → Síndromes coronarianas agudas. → Disritmias. → Desequilíbrio eletrolítico. → Fatores ambientais (p. ex., eletrocussão). → Hipertrofia. → Aumento da atividade do sistema nervoso simpático. → Efeito pró-arrítmico de antiarrítmicos e outros fármacos. → Insuficiência cardíaca grave. → Estimulação vagal. ATIVIDADE ELÉTRICA SEM PULSO – AESP A atividade elétrica sem pulso (AESP) é definida pela ausência de pulso palpável na vigência de atividade elétrica cardíaca organizada. Esse ritmo pode ser a causa inicial da PCR, ou pode ser decorrente da ressuscitação de uma PCR prolongada, especificamente após a desfibrilação. AESP pode ser dividida em dois grupos: “pseudo-AESP” ou “pseudodissociação eletromecânica” (há contração cardíaca, mas não há pulso) e dissociação eletromecânica ou AESP verdadeira (não há contração mecânica e não há pulso). A “pseudo-AESP” normalmente produz taquicardia com ondas P e QRS estreito e deve ser considerada como um retorno da circulação espontânea, e o manejo deve priorizar a expansão volêmica e uso de vasopressores e inotrópicos. A AESP verdadeira produz bradicardia com QRS largo e ausência de ondas P. Na maioria dos casos a progressão natural da “pseudo- AESP” é a AESP verdadeira ou dissociação eletromecânica. Embora controverso, as condutas na AESP podem mudar dependendo do complexo QRS visualizado no monitor: AESP com complexo QRS largo sugere causas metabólicas (p. ex., hipercalemia; intoxicação por bloqueador de canal de sódio) e existe alguma evidência de que a administração empírica de cloreto de cálcio e de bicarbonato de sódio poderia ser benéfica. AESP com complexo QRS estreito sugere causas mecânicas e os estudos sugerem inicialmente expansão volêmica seguida de avaliação ultrassonográfica da possibilidade de tromboembolismo pulmonar (TEP), tamponamento cardíaco, pneumotórax hipertensivo e hipovolemia. Entre as causas de AESP, hipovolemia corresponde a 25%, tamponamento cardíaco a 4 a 15% e TEP a 4 a 7,6%, e o pneumotórax hipertensivo é uma causa rara. A hipovolemia pode ser indiretamente identificada pela palpação radial do pulso durante as compressões torácicas. Se ausente, sugere problema de bomba (choque cardiogênico); se presente, sugere choque hipovolêmico ou obstrutivo. A AESP tem mau prognóstico, a menos que a causa subjacente possa ser rapidamente identificada e tratada de modo adequado. O atendimento de emergência inclui RCP de alta qualidade, obtenção de acesso vascular, busca agressiva de possíveis causas reversíveis para a parada, administração de epinefrina e consideração sobre a inserção de via aérea avançada. A ultrassonografia à beira do leito (UBL) pode ser útil na identificação de causas mecânicas de AESP. Pode ter todos os tipos de ritmos e ser um AESP. Todos esses sem pulso. São as causas da AESP e da assistolia. São os 5 Hs e 5 Ts. Na hipercalemia, temos que usar glicose junto com a insulina porque quando a insulina for tentar colocar glicose dentro da célula, leva junto o potássio que estabiliza a membrana. ASSISTOLIA Assistolia representa a completa ausência da atividade elétrica miocárdica. Em geral, reflete o estágio final de uma PCR não tratada ou refratária (fez tudo e não está resolvendo). Não existe nenhum ritmo ou frequência ventriculares, pulso ou débito cardíaco. Alguma atividade elétrica atrial pode estar presente. Se for este o caso, o ritmo é denominado assistolia “com ondas P” ou parada ventricular. O primeiro passo ao se deparar com um paciente em assistolia é confirmar a ausência de qualquer ritmo, pois existe a possibilidade de existir um ritmo organizado ou FV que se apresenta em uma determinada derivação como assistolia (caso o vetor resultante do ritmo seja perpendicular ao vetor resultante da derivação). Sempre que tiver uma assistolia, é bom mexer no desfibrilador porque pode ser que a posição, os eletrodos estão se sobrepondo e não está refletindo a real situação. então, sempre que tiver uma linha reta no eletro, faz o protocolo da linha reta. Assim, deve-se inicialmente seguir o “protocolo da linha reta”, que consiste em: → Checar cabos e conexões. → Aumentar o ganho. → Mudar a derivação. Após essa checagem inicial e confirmada a assistolia, o protocolo segue com RCP de alta qualidade e drogas, porém o prognóstico geralmente é bastante reservado. TRATAMENTO NO SUPORTE AVANÇADO DISPOSIÇÃO DA EQUIPE: No departamento de emergência, o atendimento à PCR deve ser realizado por uma equipe de maneira orquestrada, liderada por um médico e capaz de monitorizar a eficácia e a resposta às intervenções terapêuticas. Organização e treinamento da equipe são fatores fundamentais para o sucesso do atendimento. Sendo a RCP uma emergência médica extrema, não há possibilidade de demoras ou falhas; assim, é necessário que a equipe conheça o equipamento a ser usado e que este esteja em boas condições e preparado, incluindo nesse grupo os desfibriladores, monitores e drogas. VIA AÉREA AVANÇADA: À luz das melhores evidências, o estabelecimento de uma via aérea avançada não deve ser uma prioridade na fase inicial do atendimento de uma PCR. Dados de literatura mostram que em torno de 25% de todas asinterrupções nas compressões torácicas são devidas à colocação de uma via aérea avançada. Múltiplos estudos sugerem pior desfecho neurológico e menor chance de sobrevida nos pacientes submetidos à colocação de uma via aérea avançada durante a PCR no ambiente pré-hospitalar. Um estudo de coorte observacional com 108.079 pacientes vítimas de PCR intra-hospitalar (PCR-InH) em 668 hospitais norte-americanos concluiu que a intubação orotraqueal (IOT) nos primeiros 15 minutos da PCR estava associada a maior mortalidade e pior desfecho neurológico quando comparada a ventilação adequada por outros métodos, como AMBU e dispositivos extraglóticos. Existe apenas uma indicação absoluta para a intubação na PCR: ventilação ineficiente com bolsa-válvulamáscara. Se houver indicação de intubação, deve ser realizada sem a interrupção das compressões torácicas. Para a confirmação do correto posicionamento da cânula endotraqueal, o padrão-ouro permanece sendo a capnografia quantitativa contínua em forma de onda. Os dispositivos supraglóticos continuam sendo uma alternativa benéfica à intubação, pois minimizam as interrupções nas compressões por serem de fácil e rápida colocação. Após estabelecimento de uma via aérea avançada, as compressões torácicas devem ser realizadas initerruptamente, e as ventilações entregues por 1 segundo, com um terço do volume do Ambu, ligado a fonte de oxigênio a 15 L/min, a cada 6 segundos. ACESSO VENOSO PERIFÉRICO (AVP): A aquisição de um acesso venoso é necessária à medida que as correções de possíveis causas reversíveis dependem de medicações ou volume. Obtenção de um acesso venoso periférico para a administração de medicações não mostrou melhorar desfecho em PCR extra-hospitalar (PCR-ExH), provavelmente devido às interrupções da RCP, ausência de eficácia das medicações ou ambas. Após a infusão da medicação pelo AVP, realizar flush com 20 mL de soro fisiológico 0,9% e sempre elevar o membro. ACESSO VENOSO CENTRAL (AVC): A passagem de um acesso venoso central demanda tempo e, devido à largura do cateter, não é possível a administração rápida de grandes volumes. Assim, não recomendamos sua passagem de rotina em PCR. Geralmente não faz na parada. Muito demorado. ACESSO INTRAÓSSEO: A disponibilidade de kits de acesso intraósseo para rápida infusão de volume e vasopressores se tornou uma excelente alternativa ao AVP e um substituto ao AVC durante a PCR (classe IIA; nível C). ACESSO ARTERIAL: Na presença de uma equipe qualificada, existe a possibilidade de se canular uma artéria femoral durante a PCR, especialmente se guiada por ultrassom, com o objetivo de monitoração da pressão arterial diastólica, e titular os esforços da ressuscitação. MONITORIZAÇÃO: É razoável usar parâmetros fisiológicos (capnografia quantitativa em forma de onda, pressão arterial diastólica, saturação venosa central) para monitorizar e otimizar a qualidade da RCP, para guiar a terapia vasopressora e para detectar RCE. Capnografia: medir quantidade de CO2 respirada. DIÓXIDO DE CARBONO AO FINAL DA EXPIRAÇÃO (ETCO2): O dióxido de carbono ao final da expiração é um parâmetro que indica de maneira confiável o débito cardíaco durante a PCR, o que o torna a melhor maneira de monitorizar as compressões torácicas de alta qualidade. O ETCO2 tem boa correlação com a PPC e a perfusão cerebral. Valores de capnografia acima de 10 mmHg são almejados, pois traduzem uma adequada compressão torácica; portanto, valores abaixo desse limiar devem deixar o emergencista atento sobre a necessidade de melhorar a frequência e a profundidade das compressões, além de permitir o completo retorno torácico. O retorno da circulação espontânea é esperado após elevação brusca para valores acima de 35-40 mmHg de ETCO2. O padrão-ouro para verificar o correto posicionamento do tubo após tentativa de intubação orotraqueal é capnografia. PRESSÃO DE PERFUSÃO CORONARIANA (PPC): No departamento de emergência, a monitorização da pressão de perfusão coronariana é raramente factível durante uma RCP, pois depende da passagem de um cateter de pressão arterial invasiva e um cateter venoso central que possam fornecer leituras simultâneas. A literatura indica que uma adequada PPC deve ter no mínimo 15 mmHg para se atingir RCE. PRESSÃO ARTERIAL DIASTÓLICA (PAD): A monitorização apenas com o cateter de pressão arterial invasiva pode ser útil, pois valores mínimos de pressão arterial diastólica de 20 a 25 mmHg possuem boa correlação com adequado fluxo sanguíneo; no entanto, é um parâmetro menos confiável do que a PPC. Estudos recentes mostraram que é razoável titular esforços de ressuscitação após atingir uma PAD adequada, como suspender doses subsequentes de adrenalina. FINALIZAÇÃO DOS ESFORÇOS PCR EXTRA-HOSPITALAR: Quando parar? Existe apenas uma regra validada para determinar o fim da ressuscitação em adultos vítimas de PCR-ExH, e ela consiste em três variáveis que predizem mortalidade em até 30 dias após o evento: → Não houve RCE no extra-hospitalar. → Ritmo inicial não chocável. → PCR não testemunhada. Um elemento que deve ser considerado para cessar a ressuscitação é o número de choques entregues, pois há uma associação independente entre a quantidade de vezes em que foi realizada a desfibrilação e a sobrevivência em 30 dias. Acima de 10 choques, a chance de sobrevivência em 30 dias é de cerca de 5%. PCR INTRA-HOSPITALAR Não existe parâmetro objetivo para determinar o fim da RCP. A decisão é multifatorial e deve-se considerar: → Tempo total de PCR (com e sem RCP). → Idade e comorbidades. → Ritmo e provável causa da parada. → Valores/desejo prévio do paciente e da família. → Hipotermia. → Capnografia: incapacidade de se obter valores de CO2 acima de 10 mmHg após 20 min de RCP. SITUAÇÕES ESPECIAIS GESTAÇÃO: A PCR em gestantes é um evento raro, com incidência estimada em 1:30.000 gestantes, e a principal causa é o trauma. Uma das grandes diferenças da reanimação cardiopulmonar na gestação é o posicionamento. Gestantes com mais de 20 semanas de gestação podem ter uma redução de até 30% no débito cardíaco. Isso se deve à compressão aortocaval pelo útero gravídico. Deve-se posicionar a gestante em decúbito lateral esquerdo ou o deslocamento lateral para a esquerda do útero, aumentando o débito cardíaco e a chance de RCE. É preferível o deslocamento manual do útero para a esquerda ao posicionamento da gestante em decúbito lateral esquerdo, pois se evidenciou que em decúbito lateral aumenta a chance de compressões torácicas inadequadas. Após 4 minutos de RCP sem RCE em gestantes com 23 semanas de gestação ou mais, preconiza-se a cesárea perimortem, pois essa medida viabiliza melhores chances de RCE à mãe (aumento do retorno venoso), e melhores chances de sobrevivência ao feto. A cesárea perimortem é indicada independentemente da viabilidade do feto, e deve ser realizada enquanto a RCP acontece. Normalmente, após a cesárea perimortem a RCE ocorre imediatamente. É importante frisar que durante os 4 minutos de RCP, se houver ritmo chocável, mesmo em gestantes, a desfibrilação está indicada pela AHA. Não existe uma recomendação formal ou evidência que sustente o melhor tempo ou o tempo máximo em que é possível realizar a cesárea perimortem com bom desfecho para a mãe e para o feto; no entanto, existem relatos de caso de sobrevivência materna após esse procedimento em até 15 minutos de PCR e de sobrevivência do feto até 30 minutos de PCR. diagnóstico causas de pcr suporte básico de vida no adulto suporte avançado de vida no adulto ritmos de parada cardiaca tratamento no suporte avançado finalização dos esforços situações especiais
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