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Depósitos de resíduos de mineração: 1. Pilhas de estéril: ✔ Planeamento de uma pilha de estéril Estéril e deposição de estéreis Define-se estéril como agregado natural de um ou mais minerais, retirado da mina para liberar o minério e desprovido de valor económico. É o produto minerado, mas que não é processado. Constituem materiais de decapeamento da mina a céu aberto na fase de lavra, os quais devem ser caracterizados, removidos, transportados, estocados comumente subforma de pilhas. O sistema de deposição de estéreis deve funcionar como uma estrutura projectada e implantada para acumular materiais, em carácter temporário ou definitivo, dispostos de modo planeado e controlado em condições de estabilidade geotécnica e protegido de acções erosivas. Geralmente investigações específicas para sistemas de deposição de estéreis não são realizadas durante a fase de viabilidade da mina, mas informações básicas coletadas na fase de exploração, como topografia, hidrologia, clima, etc podem ser avaliadas na fase de planeamento. As características básicas como o local para deposição, distâncias de transporte, capacidade de armazenamento da área, condições de acesso, geomorfologia da área, condições hídricas locais, nacessidade de desmatamento, serão decisivas para a elaboração do projecto de uma pilha de estéril. Para o estudo do comportamento de uma pilha de estéril, são instalados diversos equipamentos ao longo de uma dada secção representativa do empilhamento. Esta instrumentação é composta por piezômetros e marcos superficiais, visando a medição de poropressões e qualidade de água subterrânea. Planeamento de Pilhas de Estéril O planeamento de pilha de estéril não é tão detalhado como um projecto de lavra, mas o desenvolvimento de uma mina depende em geral da remoção do estéril. Deste modo, realizar estudos e acompanhar a construção de pilha de estéril pode significar uma medida importante, evitando problemas técnicos e económicos no emprendimento mineiro como um todo. A fase de planeamento compõe-se de algumas etapas como a fase de exploração, de pré-viabilidade, fase de viabilidade e projecto preliminar. A fase de exploração de uma mina é a etapa em que a mairia das informações são coletadas, e, geralmente para o planeamento de uma pilha, são utilizados os dados obtidos nesta fase. A fase de pré-viabilidade compreende a aquisição de informações específicas sobre os locais prováveis para a deposição de estéreis. Busca-se dados referentes à geologia, topografia, vegetação, hidrologia, clima e possíveis informações arqueológicas. Além disso, são também determinados os dados básicos sobre a deposição de estéril, como a quantidade, o tipo do material, a origem e os métodos propostos para manejo e deposição. Do ponto de vista ambiental, duas questões devem ser consideradas: 1. Estudo prévio das áreas disponíveis para a deposição de estéril. É necessário conhecer os locais pré-selecionados e verificar se esses são destinados a parques (nacional, estadual ou municipal), à reserva ecológica, se é um sítio arqueológico ou histórico. 2. A segunda refere-se a descrição e classificação dos possíveis impactos ambientais, causados pela pilha de estéril. A escolha do local para o dimensionamento e construção de um depósito de estéril deve-se basear, entre outros, em critérios da seguinte natureza: Técnicos; econômicos; ambientais; e Socio-económicos. Para a construção de um depósito de estéreis, para além dos referidos critérios, é preciso ter em atenção vários fatores, dentre os quais se destacam: Local de Implantação de Depósitos de Estéril Critérios como limites da área mineralizada, à distância de transporte, que afecta o custo total da operação, a capacidade de armazenamento necessária, que vem imposta pelo volume total de estéril a transportar, e as alterações potenciais e as restrições ecológicas A selecção da área de implantação de um depósito obedece a um número de objectivos: Minimizar os custos de remoção; Obter a integração e restauração da estrutura, no final da lavra; Garantir a drenagem; Minimizar a área afetada; Evitar a alteração e impacto em locais e espécies protegidas. Dimensão e forma do Depósito de Estéril A dimensão dos depósitos está dependente do volume de estéril. Tal quantidade de material depende, nas minas a céu aberto, não só da estrutura geológica da jazida e da topografia da área, como também do valor económico do mineral e dos custos de extracção do estéril. Em relação à lavra, os depósitos podem-se classificar em dois tipos: interiores; exteriores. Atendendo às formas naturais do terreno e às condições normais de lavra, o tipo de depósitos mais freqüentes são os exteriores, sendo a destacar os seguintes tipos: em vale; em flanco de encosta; em altura. Depósitos de resíduos de mineração: 1. Pilhas de estéril: ✔ Sistemas de Construção de Pilhas de Estéril Geologia e Capacidade do Depósito No que respeita ao local onde o depósito será realizado, é necessário proceder uma investigação de campo, por um lado, a não existência de mineral no subsolo, que poderia ser potencialmente explorável no futuro, e por outro, permitir a obtenção de amostras e informação sobre as características geotécnicas dos materiais que constituem a base do depósito. Sistemas de Construção de Pilhas de Estéril De acordo com a seqüência de construção, em terrenos inclinados (o caso mais comum), os tipos de depósitos que se podem distinguir são quatro: livre; por fases; com dique de retenção no pé do talude; por fases ascendentes sobrepostas. Formação de Depósitos Livres A formação livre só é aconselhável em depósitos de pequenas dimensões e quando não existe o perigo de derrocada de blocos. Caracteriza-se por apresentar um talude coincidente com a inclinação máxima que permita a estabilidade dos taludes, e por apresentar uma acentuada separação granulométrica do estéril ou acumulação de blocos no sopé. Este método, embora seja o mais utilizado até à data, apresenta-se como o mais desfavorável do ponto de vista geotécnico. Os depósitos por fases proporcionam fatores de segurança mais elevados, uma vez que os taludes finais são mais baixos. A altura total pode estar limitada por fatores associados ao acesso aos níveis inferiores. Construção por dique de retenção no pé do talude com o estéril de maior dimensão e resistência, de modo a que actuem como obstáculo ao escorregamento do restante material depositado. Este método adequado para estéreis homogêneos e que apresentam diferentes litologias e características geotécnicas, Construção por fases ascendentes sobrepostas confere uma maior estabilidade, uma vez que se diminuem os taludes finais e se obtém uma maior compactação dos materiais. A sequência de construção de um depósito incide directamente sobre a estabilidade das estruturas e sobre a economia da operação, sendo necessário na maioria dos casos chegar a uma solução de compromisso entre ambos os factores. Métodos de Execução das Pilhas de Estéril As pilhas de estéreis podem ser construidas da seguinte maneira: 1. Pilhas alteadas por método descendente (ponta de aterro); 2. Pilhas alteadas por método ascendente; 3. Contrapilhamento. Método descendente (ponta de aterro – de cima para baixo) São pilhas executadas sem nenhum controle geotécnico, em aterros de ponta tipo bota-fora, pelo lançamento e basculamento directo do estéril a partir da cota mais elevada dos taludes da pilha, construida já na sua altura máxima. É aparentemente mais económico, porém não atende as condições mínimas de segurança, podendo causar escorregamento e erosão. Causa danos ao meio ambiente que não são aceites pelas normas técnicas e padrões legais. A compactção é restrita ao tráfego dos equipamentos e os taludes evoluem com a dinâmica do empilhamento, não permitindo, procedimentos de coberturavegetal ou de proteção superficial dos taludes. Constituem estruturas bastante instáveis, altamente susceptível a erosões e escorregamento generalizados. Método Ascendente (de baixo para cima) A construção ascendente constitui a metodologia mais adequada, uma vez que o comportamento geotécnico da estrutura pode ser bem acompanhado e controlado ao longo dos alteamentos sucessivos. Este método é o mais recomendado pela norma técnica em vigor, pois contempla todos os procedimentos para maior segurança e estabilidade. A metodologia construtiva do empilhamento ascendente, pode ser definida de acordo com as seguintes etapas: ❖ Execução de jusante para montante, em direção as cabeceiras da bacia de drenagem, a partir de enrocamento de pé; ❖ O material é transportado por meio de camiões ou motorscrapers e lançado sobre a plataforma de trabalho; ❖ O espalhamento do material é feito por trator de esteira (camadas entre 1 e 1,5m de espessura), com compactação induzida pelo próprio tráfego dos veículos; ❖ Formação de bancadas e bermas pelo método ascendente (entre 10 e 15m de altura) e retaludamento posterior com trator de esteira, sendo a camada superficial regularizada e estabilizada por compactação final; ❖ Implantação de dispositivo de drenagem e de proteção superficial dos taludes concluidos. Fase de espalhamento e compactação do material Fase de retaludamento com trator de esteira Sistema de drenagem das pilhas de estéril Para cada pilha de estéril é definido um sistema de drenagem com inclinação de 1%, suficiente para evitar erosões e para impedir empoçamento da água. Para proteger a face do banco evitando que a ága desça pela crista, deve-se dotar a berma de um caimento de 3 a 5% em direção ao pé da bancada superior. Após a conclusão de cada bancada é conveniente cobrir os taludes com uma fina camada de solo rico em compostos orgânicos, provenientes da limpeza de fundação, para facilitar o seu plantio. Canaletas de drenagem com dissipadores de energia devem ser constuidas no contorno da pilha em tereno natural. A água proveniente das bermas deverá ser conduzida para estas canaletas. Drenagem Interna da Pilha de Estéril Chamada de drenagem de fundo, é executada com objectivo de canalizar curso de água, nascentes. Para favorecer a drenagem em áreas que não possuem cursos de água, deve-se forrar a base da pilha com material de granulometria maior para que funcionem como tapete drenante. Drenagem Superficial da Pilha de Estéril Durante a evolução das pilhas, com o objetivo de evitar erosões, deverá ser dado o caimento adequado as praças, com declividade de 1% para evitar que a água caia pelas faces dos taludes. As bermas deverão ser construidas com caimento de 5% em direção ao pé da bancada superior. A garantia para a eficiência do sistema de drenagem superficial é a criação de canaletas nas praças que dirijam as águas para os pontos de descida. Em sua fase final deverá ser providenciado o plantio de gramíneas e de plantas nativas para recobrimento e maior proteção dos taludes e bermas. Drenagem Periférica A drenagem periférica tem como objectivo receber as águas das descidas e lançá-las na drenagem natural com o menor impacto possível. Prevê-se desta forma que durante a evolução das pilhas serão preparadas áreas preferenciais para descidas de água e enrocamento no pé dos taludes. Será conveniente a construção do enrocamento com materiais de granulometria mais grosseira e resistente, de maneira que actuem como um muro de conteção de estéril evitando que a acção das águas cause erosões.
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