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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 008.297/2010-0 1 GRUPO I - CLASSE VII - Plenário TC-008.297/2010-0 Natureza: Representação Interessado: Secex/TO Unidade: Município de Araguaína/TO Responsáveis: Valderez Castelo Branco Martins (CPF 056.983.751-00), Mahmoud Wadih Elkadi (CPF 166.266.481-87) Francelino Martins Borges (CPF 117.466.291-34), Marco Antonio Machado Junior (CPF 598.006.236- 04), Alessandra A. França Alves (CPF 849.029.906-44), Leonardo Rossini da Silva (CPF 810.496.501-82), Giancarlo G. Menezes (CPF 758.221.051-49), Félix Valuar de Sousa Barros (CPF 094.853.251-34), Nourival Batista Ferreira (CPF 084.746.561-68), Fábio Levy Rocha (CPF 229.765.746-34), Walmir de Sousa Ribeiro (CPF 427.192.081-91), Construtora Central do Brasil Ltda. (CNPJ 02.156.313/0001-69) Advogados constituídos nos autos: Ronan Pinho Nunes Garcia, OAB/TO 1.956, e Regis Antônio Caetano, OAB/TO 1.863. SUMÁRIO: REPRESENTAÇÃO DE EQUIPE DE AUDITORIA. RESTRIÇÃO À COMPETITIVIDADE EM PROCEDIMENTOS LICITATÓRIOS. CONHECIMENTO. PROCEDÊNCIA PARCIAL. MULTA. ARQUIVAMENTO. RELATÓRIO Reproduzo, como parte do Relatório, instrução da Secex/TO. “I - Introdução 1. Trata-se de Representação de equipe de fiscalização, fundamentada no art. 246 do Regimento Interno do TCU, decorrente de irregularidades detectadas em contratos de repasse celebrados entre a União e o Município de Araguaína/TO, por intermédio da Caixa Econômica Federal, cujo objeto é a execução de obras de infraestrutura urbana - Pavimentação e Drenagem, todos executados pela Construtora Central do Brasil Ltda. - CCB. 2. As irregularidades foram verificadas no curso da Inspeção Conformidade registro Fiscalis 113/2010, originada no âmbito do TC-000.198/2010-2, processo de Representação que versa sobre irregularidades no Contrato de Repasse MPO/Caixa 0049396-35/97 que teve por objeto a execução de obras de abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem e pavimentação asfáltica no bairro Carajás, do município em epígrafe, tendo as obras sido executadas pela Construtora Central do Brasil Ltda. - CCB. 3. Destarte, a presente Representação refere-se aos seguintes contratos de repasse: nº Siafi nº Original Objeto Órgão Superior Valor (R$) 542901 0187.467- 73/2005 Obras de infraestrutura urbana em municípios de médio e grande porte obras de desenvolvimento urbano em municípios estado do Tocantins autorizado pelo oficio mcidades n 2323 2005 Ministério das Cidades 7.800.000,00 595336 0226.764- 17/2007 Obras de infraestrutura urbana ruas e avenidas de Araguaína/TO Ministério das Cidades 1.950.000,00 607728 0242.051- 27/2007 Obras de infraestrutura urbana em municípios de médio e grande porte Ministério das Cidades 6.921.600,00 Para verificar as assinaturas, acesse www.tcu.gov.br/autenticidade, informando o código 47794498. http://www.portaltransparencia.gov.br/convenios/DetalhaConvenio.asp?CodConvenio=542901&TipoConsulta=0 http://www.portaltransparencia.gov.br/convenios/DetalhaConvenio.asp?CodConvenio=595336&TipoConsulta=0 http://www.portaltransparencia.gov.br/convenios/DetalhaConvenio.asp?CodConvenio=607728&TipoConsulta=0 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 008.297/2010-0 2 nº Siafi nº Original Objeto Órgão Superior Valor (R$) 629643 0265.032- 76/2008 Pavimentação terraplenagem drenagem e galerias de águas pluviais Ministério das Cidades 4.943.600,00 628307 0257.400- 65/2008 Obras de reconstrução de terraplenagem e pavimentação em tratamento superficial duplo Ministério das Cidades 3.657.900,00 Total 25.273.100,00 4. Em relação aos contratos de repasse acima, foram analisados os seguintes processos licitatórios e contratos: 4.1 Concorrência nº 002/2005 (fls. 379/404, anexo 1, vol. 2), realizada no dia 29/12/2005. Tinha por objetivo a contratação de empresa de engenharia para execução de serviços de pavimentação, meio fio, drenagem e obras complementares em vias urbanas do Município de Araguaína/TO e valor estimado de R$ 9.483.269,62. 4.2 Contrato 026/2006 (fls. 416/438, anexo 1, vol. 2), celebrado entre a Prefeitura de Araguaína e a empresa Construtora Central do Brasil - CCB, vencedora da Concorrência nº 02/2005, no valor de R$ 9.483.269,62, cujo objeto é a execução pela contratada, sob o regime de execução indireta de empreitada por preço unitário, dos serviços de pavimentação e drenagem de vias urbanas no Município de Araguaína/TO. 4.2.1 O Contrato 026/2006 teve 2 aditivos, sendo que o segundo aditivo (fl. 449/451, anexo 1, vol. 2) alterou o valor que a Prefeitura de Araguaína pagaria à contratada para R$ 11.571.132,01. Os recursos para execução do Contrato 026/2006 foram provenientes dos contratos de repasse 0187.467-73/2005 e 0226.764-17/2007. 4.3 Concorrência nº 02/2008 (fls. 456/501, anexo 1, vol. 2), realizada em 21/02/2008, a qual tinha por objetivo a contratação de empresa de engenharia para execução de serviços de terraplanagem, pavimentação, obras de arte especiais e drenagem no Município de Araguaína/TO, com valor estimado de R$ 54.517.680,04. 4.4 Contrato 244/2008 (fls. 524/540, anexo 1, vol. 2), celebrado entre a Prefeitura Municipal de Araguaína e a empresa Construtora Central do Brasil - CCB, vencedora da Concorrência nº 02/2008, no valor de R$ 51.178.344,68, cujo objeto é a execução pela contratada, sob o regime de execução indireta de empreitada por preço unitário, dos serviços de pavimentação e drenagem de vias urbanas no Município de Araguaína/TO. 4.4.1 Os recursos para a execução do Contrato 244/2008 decorrem dos contratos de repasse 0242.051-27/2007, 0265.032-76/2008 e 0257.400-65/2008. 4.5 Vale destacar que embora tenha sido feita uma análise documental de todos os contratos de repasse supracitados, a verificação in loco das obras restringiu-se aos contratos 0187.467-73/2005 e 0265.032-76/2008, conforme anexo fotográfico de fls. 13/23, v.p. II - Irregularidades Detectadas 5. Ausência de Parcelamento do Objeto da Licitação 5.1 A Concorrência nº 002/2005 apresentava objeto divisível, uma vez que as obras seriam executadas em diversos setores da cidade, conforme relação de vias a receberem pavimentação e alterações (fls. 19/55, anexo 1, v.p.), totalizando mais de 300.000,00 m 2 de área a ser pavimentada. 5.2 Com efeito, a obra poderia ter sido licitada em lotes, dividindo-se a cidade em regiões, com vistas a ampliar o universo de licitantes. Nessa linha, um indício de que houve restrição à competitividade é o fato de que apenas a Construtora Central do Brasil Ltda. - CCB, compareceu à sessão de julgamento das propostas, conforme ata de julgamento (fls. 405, anexo 1, vol. 2). 5.3 A ausência de parcelamento mostra-se ainda mais evidente em relação à concorrência nº 02/2008; o elevado valor estimado da contratação de R$ 54.517.680,04, com uma área de 842.800 m 2 a ser pavimentada e 140.000 m 2 de recapeamento, também ensejaria seu parcelamento em lotes. Novamente, apenas a Construtora Central do Brasil Ltda. compareceu à sessão de julgamento. Para verificar as assinaturas, acesse www.tcu.gov.br/autenticidade, informando o código 47794498. http://www.portaltransparencia.gov.br/convenios/DetalhaConvenio.asp?CodConvenio=629643&TipoConsulta=0 http://www.portaltransparencia.gov.br/convenios/DetalhaConvenio.asp?CodConvenio=628307&TipoConsulta=0 TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 008.297/2010-0 3 5.4 Assim, entendemos que houve ausência de parcelamento da licitação, com consequente restrição à competitividade, consubstanciada na presença de apenas um licitante em ambos os certames citados. Destarte, os procedimentos contrariam a súmula TCU 247 que preconiza: É obrigatória a admissão da adjudicação por item e não por preço global, nos editais das licitações para a contratação de obras, serviços, compras e alienações, cujo objeto seja divisível, desde que não hajaprejuízo para o conjunto ou complexo ou perda de economia de escala, tendo em vista o objetivo de propiciar a ampla participação de licitantes que, embora não dispondo de capacidade para a execução, fornecimento ou aquisição da totalidade do objeto, possam fazê-lo com relação a itens ou unidades autônomas, devendo as exigências de habilitação adequar-se a essa divisibilidade. 6. Projetos Básicos Deficientes 6.1 Outra irregularidade encontrada foi a deficiência dos projetos básicos presentes nas licitações nº 002/2005 e 002/2008. Os projetos constantes nos processos licitatórios não possuem um nível de detalhamento e precisão adequados, faltando itens essenciais como o projeto de drenagem e terraplanagem. Essa informação é corroborada pela Própria Caixa Econômica Federal que em email de comunicação da GIDURPM (fls. 354/355, anexo 2, vol. 2) relata, a respeito do Contrato de Repasse nº 0187.467-73/2005: ‘Nesse meio tempo, vários contatos dos técnicos desta Gidur foram feitos com os da PM de Araguaína, visando acertar detalhes dos projetos, que basicamente estavam incompletos, pois não foram apresentados os projetos de drenagem - apenas a indicação que a mesma seria feita, sem apresentar detalhes - nem projeto de terraplanagem, contendo cortes transversais e longitudinais das vias, de modo a conferirmos o movimento de terra.’ ‘O material apresentado pela PM de Araguaína, contém muitas inconsistências, já relatadas em conversas telefônicas por meio de ofício 0771/2006/GIDURPM de 11/05/2006.’ [destaques nossos]. 6.2 Ainda em relação ao Contrato de Repasse nº 0187.467-73/2005, o Ofício 1649/2006/Gidur/PM de 31/10/2006 (fls. 352/353, anexo 2, vol. 2) relata que entre as pendências a serem sanadas estão: „Apresentar croquis com o trajeto e a distância percorrida entre cada setor e o bota-fora e entre cada setor e a jazida, conforme previsto nas especificações técnicas, assinadas pelos RT’ s responsáveis pela execução e fiscalização.’ 6.3 Além dos relatos da Caixa Econômica, as várias alterações de projeto, incluindo das ruas a serem pavimentadas, demonstram a insuficiência do detalhamento dos projetos básicos, que, vale lembrar, é item obrigatório num processo de licitação de obras e serviços, devendo fundamentar-se em estudos técnicos atualizados e conter descrição pormenorizada do objeto, dos custos, do pagamento e da fiscalização do contrato. 6.4 Nesses termos, a Prefeitura de Araguaína contrariou a jurisprudência desta Corte de Contas consubstanciada, por exemplo, no Acórdão 2561/2004 - Segunda Câmara, in verbis: 9.3.8. em suas licitações, promova detalhamento do objeto com nível de precisão adequado, com base nas indicações dos estudos técnicos preliminares, possibilitando a avaliação dos custos e da definição dos métodos de execução dos serviços, conforme preceitua o art. 6º, inciso IX, do da Lei 8.666/93; 7. Exigência de Profissional no quadro permanente na data da licitação 7.1 O Edital de Concorrência nº 002/2005 traz em seu item 5.1.4, „c‟, a obrigatoriedade de a empresa licitante possuir em seu quadro permanente, na data da licitação, profissional de nível superior, detentor de Certidão de Acervo Técnico por execução de obras de características semelhantes às do objeto do certame. 7.2 O Edital nº 02/2008, no mesmo item, ainda exige que o profissional esteja no quadro permanente da empresa 30 dias antes da data da licitação. Tal exigência pode ser entendida como uma restrição à competitividade do certame, já tendo sido objeto de determinação pelo TCU segundo o Acórdão TCU 2297/2005 - Plenário, in verbis: Para verificar as assinaturas, acesse www.tcu.gov.br/autenticidade, informando o código 47794498. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 008.297/2010-0 4 10. A exigência de que as empresas concorrentes possuam vínculo empregatício, por meio de carteira de trabalho assinada, com o profissional técnico qualificado mostra-se, a meu ver, excessiva e limitadora à participação de eventuais interessados no certame, uma vez que o essencial, para a Administração, é que o profissional esteja em condições de efetivamente desempenhar seus serviços no momento da execução de um possível contrato. Em outros termos, o sujeito não integrará o quadro permanente quando não estiver disponível para prestar seus serviços de modo permanente durante a execução do objeto do licitado. 11. A regra contida no artigo 30, § 1º, inciso I, da Lei 8.666/93, não pode ser tomada em caráter absoluto, devendo-se sopesá-lo diante dos objetivos que se busca alcançar com a realização das licitações, quais sejam, a garantia de observância ao princípio da isonomia e a seleção da proposta mais vantajosa para a Administração. 12. Assim, se o profissional assume os deveres de desempenhar suas atividades de modo a assegurar a execução satisfatória do objeto licitado, o correto é entender que os requisitos de qualificação profissional foram atendidos. Não se pode conceber que as empresas licitantes sejam obrigadas a manter profissionais de alta qualificação, sob vínculo empregatício, apenas para participar da licitação, pois a interpretação ampliativa e rigorosa da exigência de vínculo trabalhista se configuraria como uma modalidade de distorção. 13. Atender, no caso em tela, à letra fria desse dispositivo, sem considerar os objetivos da Administração e os limites de exigência de qualificação técnica, suficientes para a garantia do cumprimento das obrigações, seria desbordar para o formalismo que se basta em si mesmo, sem ter em vista qualquer outro objetivo consentâneo com o interesse público. [destaques nossos]. 8. Índice de Liquidez Contábil Exagerado 8.1 Os editais de Concorrência nº 02/2005 e nº 02/2008 exigem no item 5.1.3, referente à Qualificação Econômico-Financeira, que as licitantes tenham Índice de Liquidez Geral (ILG) e Índice de Liquidez Corrente (ILC) ≥ 2,5. 8.2 Segundo o item 4.2.4 do Acórdão TCU 2028/06, 1ª Câmara, tal valor (2,5) é considerado muito elevado face a doutrina contábil corrente, infringindo o art. 31, § 1º e § 5º da Lei 8.666/93. 9. Responsabilização 9.1 Em relação às irregularidades descritas nos itens 5 a 8, os responsáveis podem ser agrupados segundo o ano das licitações conforme a seguir: 9.2 Concorrência 002/2005 9.2.1 Irregularidades: i) Ausência de Parcelamento do Objeto da Licitação; ii) Projetos Básicos Deficientes; iii) Exigência de Profissional Permanente no quadro; iv) Índice de liquidez Contábil Exagerado. 9.2.2 Responsáveis: Responsável Cargo Conduta / Nexo Causal Valderez Castelo Branco Martins ex-Prefeita de Araguaína Homologou/Adjudicou a Concorrência 002/2005 (fls. 407/408, anexo 1, vol. 2), mesmo com os vícios apontados nos itens 5 a 8. Alessandra A. França Alves Procuradora da Fazenda Pública Assinou o Parecer Jurídico nº 610/2005 (fls. 411/414, anexo 1, vol. 2) certificando que foram atendidos os critérios de publicidade, isonomia, escolha da melhor proposta e demais princípios do art. 3º da Lei 8.666/93, mesmo com os vícios apontados nos itens 5 a 8. Leonardo Rossini da Silva Procurador Geral do município Aprovou o Parecer Jurídico nº 610/2005, mesmo com os vícios apontados nos itens 5 a 8. Mahmoud Wadih Elkadi Presidente da Comissão de Licitação Subscreveu o Edital nº 002/2005. Francelino Martins Borges Secretário da Comissão de Licitação Subscreveu o Edital nº 002/2005. Para verificar as assinaturas, acesse www.tcu.gov.br/autenticidade, informando o código 47794498. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 008.297/2010-0 5 Responsável Cargo Conduta / Nexo Causal Marco Antonio Machado Junior Membro Suplente da Comissão de Licitação Subscreveu o Edital nº 002/2005. 9.3 Concorrência 002/2008 9.3.1 Irregularidades: i) Ausência de Parcelamento do Objeto da Licitação; ii) Projetos Básicos Deficientes; iii) Exigência deProfissional Permanente no quadro; iv) Índice de liquidez Contábil Exagerado. 9.3.2 Responsáveis: Responsável Cargo Conduta / Nexo Causal Valderez Castelo Branco Martins ex-Prefeita de Araguaína Homologou/Adjudicou a Concorrência 002/2008 (fl. 512, anexo 2, vol. 2), mesmo com os vícios apontados nos itens 5 a 8. Giancarlo G. Menezes Procurador Administrativo Assinou o Parecer Jurídico nº 64/2008 (fls. 513/515, anexo 1, vol. 2) certificando que foram atendidos os critérios de publicidade, isonomia, escolha da melhor proposta e demais princípios do art. 3º da Lei 8.666/93, mesmo com os vícios apontados nos itens 5 a 8. Leonardo Rossini da Silva Procurador Geral do município Aprovou o Parecer Jurídico nº 64/2008, mesmo com os vícios apontados nos itens 5 a 8. Mahmoud Wadih Elkadi Presidente da Comissão de Licitação Subscreveu o Edital nº 002/2008. Francelino Martins Borges Secretário da Comissão de Licitação Subscreveu o Edital nº 002/2008. Marco Antonio Machado Junior Membro Suplente da Comissão de Licitação Subscreveu o Edital nº 002/2008. 10. Numeração e Organização Deficiente dos Processos 10.1 Os processos administrativos da Prefeitura de Araguaína contendo os documentos dos contratos de repasse 0187.467-73/2005 e 0226.764-17/2007, entre outros analisados, apresentam folhas soltas e sem numeração, contrariando tanto o art. 38 da Lei 8.666/93, quanto a declaração feita pelo prefeito, quando da prestação de contas final de cada contrato de repasse, de que a documentação relativa aos mesmos encontra-se arquivada em boa ordem (fls. 15, 110, anexo 1, v.p.). 10.2 O Tribunal já tem posição firmada quanto à organização dos processos, conforme Decisão 1090/2001 - Plenário: 8.2. determinar ao DNER, com fulcro no art. 43, I, da Lei 8.443/92, que: [...] f) passem a organizar a autuação, constituição, numeração dos processos relativos a procedimentos licitatórios, pagamento de contratados, boletins de medição, termos aditivos, etc. em obediência ao art. 40, caput, da Lei 8.666/93; 10.3 Responsabilização 10.3.1 Em relação aos responsáveis pela numeração e organização deficiente dos processos, temos o seguinte: Responsável Cargo Conduta / Nexo Causal Félix Valuar de Sousa Barros Prefeito de Araguaína Ter assinado a declaração (fl. 110 anexo 1, v.p.) de que a documentação relativa ao contrato de repasse nº 226.764- Para verificar as assinaturas, acesse www.tcu.gov.br/autenticidade, informando o código 47794498. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 008.297/2010-0 6 17/2007 encontrava-se arquivada em boa ordem. Valderez Castelo Branco Martins ex-Prefeita de Araguaína Ter assinado a declaração (fl. 15 anexo 1, v.p.) de que a documentação relativa ao contrato de repasse nº 187.467- 73/2005 encontrava-se arquivada em boa ordem. 11. Baixa qualidade das obras 11.1 Durante as visitas in loco aos locais das obras objeto dos contratos de repasse nº 0187.467-73/2005 e 0265.032-76/2008, conforme roteiro dado pela listagem das ruas a receberem pavimentação (fls. 19/55 e 249/251, anexo 1), a equipe de fiscalização constatou os seguintes problemas relacionados à baixa qualidade na execução dos serviços, todos registrados no anexo fotográfico (fls. 13/23, v.p.): 11.1.1 Espessura da camada asfáltica menor que a especificação mínima de projeto de 2,5cm para o TSD. 11.1.2 Agregado Soltando. 11.1.3 Buracos. 11.2 Os problemas acima foram constatados nos seguintes setores/ruas: 11.2.1 Setor Jardim das Flores: Rua dos Ibispos. 11.2.2 Setor Céu Azul: Rua Joinville e Rua Lontra. 11.2.3 Setor Araguaína Sul: Rua dos Buritis. 11.2.4 Setor Vila Bragantino: Rua dos Mecânicos, Rua dos Médicos e Rua Rita de Cássia. 11.2 Em relação ao problema 11.1.1, de acordo tanto com o projeto de terraplenagem, pavimentação, sinalização e drenagem de águas pluviais (fls. 57/93, anexo 1, v.p.), como com o Memorial Descritivo e Especificações Técnicas para Obra de Pavimentação Asfáltica e Drenagem (fls. 128/129, anexo 1, v.p.), ambos feitos para diversos setores do Município de Araguaína, a camada asfáltica de TSD deveria ter uma espessura mínima de 2,5 cm, o que não foi verificado pela equipe de fiscalização que, aproveitando os buracos preexistentes no pavimento das ruas visitadas, mediu em vários pontos a espessura da camada de TSD, a qual apresentou, em média, 2,0 cm. 11.3 Quanto à presença em vários pontos de agregado (brita) solto, problema 9.1.2, sobre o pavimento, este fato foi, inclusive, relatado pelos técnicos da Caixa Econômica Federal no Relatório de Acompanhamento de Engenharia (RAE) de fls. 301/317, anexo 1,vol. 1 referente ao contrato de repasse nº 0265.032-76/2008, in verbis: ‘em determinados trechos da Rua 7, Rua Lontra, Rua dos Professores e Rua dos Médicos, o pavimento apresenta grande quantidade de brita zero solta, não sendo possível identificar se o material solto é devido ao excesso de brita zero ou pela ausência de material ligante, sendo acordado com a empreiteira e fiscalização que nestas ruas serão retiradas amostras do pavimento para análise de laboratório e emissão de laudo de taxa de agregados e material betuminoso, que deverá vir assinado pela fiscalização da obra.[destaque nosso]’ Vale frisar que não foi encontrado no processo o referido laudo acerca da taxa de agregados. 11.4 O problema 11.1.3, buracos no pavimento, foi detectado em praticamente todas as ruas visitadas. No entanto, a Rua dos Buritis, no setor Araguaína Sul, apresenta uma situação crítica, conforme fotos (fls. 16/17, v.p.), o que pode ensejar o refazimento da camada de asfalto nesse trecho. 11.5 Outra rua com sérios danos ao pavimento é a Rua dos Mecânicos (fls. 18/19, v.p.), no setor Vila Bragantino, na qual há um grande trecho do asfalto destruído, provavelmente devido à água de chuva, podendo a falha se propagar pela rua. 11.6 A Rua Rita de Cássia, apesar de ter tido os trabalhos de pavimentação concluídos recentemente, apresentou buracos e uma quantidade significativa de agregado solto, conforme registro fotográfico. 11.7 O TCU já se manifestou quanto à necessidade de observância da qualidade das obras públicas, determinando ao Dnit, por meio do Acórdão 938/2003-Plenário, que: 9.1.3 - observe as normas legais, regulamentares e contratuais relativas à responsabilidade das empresas projetistas, supervisoras e construtoras pela qualidade das obras Para verificar as assinaturas, acesse www.tcu.gov.br/autenticidade, informando o código 47794498. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 008.297/2010-0 7 rodoviárias, consoante, especialmente, os arts. 69 e 70 da Lei 8.666/93 e 618 do Código Civil, exigindo, sempre que necessária, a reparação de defeitos ou a devolução de valores pagos por serviços mal executados; 12 Responsabilização 12.1 Em relação à responsabilidade pela baixa qualidade das obras, temos os seguintes responsáveis: Responsável Cargo Conduta / Nexo Causal Valderez Castelo Branco Martins ex-Prefeita de Araguaína Assinou os Contratos 26/2006 e 244/2008. Gestora Municipal durante maior parte do período de execução dos contratos. Nourival Batista Ferreira ex-Secretário de Obras Responsável, em última instância, pela fiscalização das obras, conforme cláusula 3.1 dos Contratos 26/2006 e 244/2008. Fábio Levy Rocha ex-Secretário de Obras Responsável, em última instância, pela fiscalização das obras, conforme cláusula 3.1 dos Contratos 26/2006 e 244/2008. Responsável Cargo Conduta / Nexo Causal Walmir de Sousa Ribeiro Secretário de Obras Responsável, em última instância, pela fiscalização das obras, conforme cláusula 3.1 dos Contratos 26/2006 e 244/2008. Construtora Central do Brasil Ltda. Contratada Executou os serviços referentes aos Contratos 26/2006 e 244/2008. 12.2 Cabe informar que, como não foi encontrado atode designação específico de fiscal para cada uma das obras em questão, não foi incluído nenhum fiscal de contrato como responsável. 13. Fiscalização Deficitária 13.1 Foi verificado que a fiscalização, por parte da Prefeitura de Araguaína, das obras objeto dos contratos de repasse em epígrafe não estava sendo realizada a contento. Tal fato é comprovado, primeiramente, pelos problemas de qualidade relatados no item 9., os quais não foram alvo de nenhuma determinação de correção por parte do fiscal do contrato da Administração. 13.2 A falta de controle geométrico (verificação da espessura do pavimento nas diversas camadas: sub-base, base e revestimento asfáltico) e geotécnico (execução de ensaios laboratoriais para atestar a qualidade dos materiais aplicados na pavimentação e na terraplenagem) das obras de pavimentação por parte do representante da Administração contribuiu para a baixa qualidade dos serviços. Frise-se, ainda, que não há nos autos qualquer requisição à Construtora Central do Brasil Ltda. de ensaios e testes de prova relativos aos serviços executados. 13.3 Um fator que contribui para a atuação deficiente da fiscalização dos contratos de obras da Prefeitura de Araguaína é que apenas 1 (uma) servidora fora designada para acompanhar a execução de todas as obras daquela municipalidade, nos termos da PORTARIA nº 023-A/2009, de 02/02/2009, do prefeito, Félix Valuar de Sousa Barros, fl. 378, anexo 1, vol. 2. 13.4 Essa designação genérica vai de encontro ao preceituado pelo art. 67 da Lei 8.666/93 e à jurisprudência desta Corte de Contas, conforme os seguintes Acórdãos e Decisões: Decisão 777/2000 - Plenário b.4 - designar para cada contrato celebrado (através de cláusula contratual ou de ato administrativo específico), um representante que tenha a seu cargo o acompanhamento e a fiscalização do mesmo, conforme o art. 67 da Lei 8.666/93 e o art. 6º do Decreto 2.271/97[...]; Acórdão 1710/2006 - Primeira Câmara 9.6.11. designe formalmente um servidor para acompanhar a execução de cada contrato de prestação de serviço da UFPB, sendo o dito servidor responsável pela observância do fiel cumprimento de todas as cláusulas contratuais e tendo a obrigação de comunicar aos setores de direito quando não acontecer dessa forma, com o propósito de dar cabal cumprimento ao art. 6º do Decreto 2.271, de 07/07/1997 e ao art. 67 da Lei 8.666/1993; Acórdão 786/2006 - Plenário 57. A avaliação da qualidade dos serviços é aspecto importante no controle da execução do contrato, visto que o fornecimento e a aceitação de serviços insatisfatórios pode resultar em prejuízos à Administração. Verifica-se que os gestores tiveram essa percepção ao elaborar o edital Para verificar as assinaturas, acesse www.tcu.gov.br/autenticidade, informando o código 47794498. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 008.297/2010-0 8 da Concorrência 06/2005, pois o instrumento convocatório previu a cominação de multa e a determinação de refazimento dos serviços na hipótese de descumprimento dos padrões de qualidade. No entanto, não consta do edital a metodologia de avaliação dos serviços. Essa falta torna a avaliação da qualidade dos serviços executados um processo subjetivo, sujeito a questionamentos do contratante, não se podendo descartar a possibilidade de restarem inviabilizados esse controle e a aplicação de sanções. 13.5 Durante entrevista com o atual Secretário de Obras do Município de Araguaína, Walmir de Souza Ribeiro e a Engenheira-fiscal da prefeitura, Ligia Saldanha Athaydes, foi informado à equipe de fiscalização que não há pessoal suficiente no quadro da prefeitura para haver uma designação específica para cada contrato; também não se cogitou a contratação de pessoa física ou jurídica para realizar a supervisão das obras em questão. 14. Responsabilização 14.1 Em relação à responsabilidade pela fiscalização deficitária das obras, temos os seguintes responsáveis: Responsável Cargo Conduta / Nexo Causal Valderez Castelo Branco Martins ex-Prefeita de Araguaína Assinou os Contratos 26/2006 e 244/2008. Gestora Municipal durante maior parte do período de execução dos contratos. Félix Valuar de Sousa Barros Prefeito de Araguaína Emitiu a Portaria 023-A/2009 (fl. 378, anexo 1, vol. 2) designando um fiscal genérico para todas as obras da Prefeitura de Araguaína. Nourival Batista Ferreira ex-Secretário de Obras Responsável, em última instância, pela fiscalização das obras, conforme cláusula 3.1 dos Contratos 26/2006 e 244/2008. Fábio Levy Rocha ex-Secretário de Obras Responsável, em última instância, pela fiscalização das obras, conforme cláusula 3.1 dos Contratos 26/2006 e 244/2008. Walmir de Sousa Ribeiro Secretário de Obras Responsável, em última instância, pela fiscalização das obras, conforme cláusula 3.1 dos Contratos 26/2006 e 244/2008. III - Proposta 15. Ante o exposto, somos pela subida dos autos ao gabinete do ministro-relator com a seguinte proposta: 15.1 Conhecer da presente Representação nos termos do art. 246 do Regimento Interno do TCU; 15.2 Ouvir em audiência, com fulcro no art. 43, II, da Lei 8.443/92, os responsáveis abaixo arrolados, para que, no prazo de quinze dias, apresentem razões de justificativa quanto às irregularidades apontadas: 15.2.1 Valderez Castelo Branco Martins (ex-Prefeita de Araguaína), por ter homologado e adjudicado as Concorrências nº 002/2005 e nº 002/2008, mesmo com estas apresentando as seguintes irregularidades: Ausência de Parcelamento do Objeto da Licitação, Projetos Básicos Deficientes, Exigência de Profissional Permanente no quadro e Índice de liquidez Contábil Exagerado, conforme itens 5 a 8; 15.2.2 Mahmoud Wadih Elkadi (ex-presidente da Comissão de Licitação), Francelino Martins Borges (Secretário da Comissão de Licitação) e Marco Antonio Machado Junior (Membro Suplente da Comissão) por terem subscrito os Editais de Concorrência 002/2005 e nº 002/2008, mesmo com estes apresentando as seguintes irregularidades: Ausência de Parcelamento do Objeto da Licitação, Projetos Básicos Deficientes, Exigência de Profissional Permanente no quadro e Índice de liquidez Contábil Exagerado, conforme itens 5 a 8; 15.2.3 Alessandra A. França Alves (Procuradora da Fazenda Pública), por ter assinado o Parecer Jurídico nº 610/2005, certificando que foram atendidos os critérios de publicidade, isonomia, escolha da melhor proposta e demais princípios do art. 3º da Lei 8.666/93, relativamente à Concorrência nº 002/2005, mesmo esta apresentando as seguintes irregularidades: Ausência de Parcelamento do Objeto da Licitação, Projetos Básicos Deficientes, Exigência de Profissional Permanente no quadro e Índice de liquidez Contábil Exagerado, conforme itens 5 a 8; Para verificar as assinaturas, acesse www.tcu.gov.br/autenticidade, informando o código 47794498. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 008.297/2010-0 9 15.2.4 Leonardo Rossini da Silva (Procurador Geral do município), por ter aprovado os Pareceres Jurídicos nº 610/2005 e 64/2008, relativos às Concorrências nº 002/2005 e nº 002/2008, mesmo estas apresentando as seguintes irregularidades: Ausência de Parcelamento do Objeto da Licitação, Projetos Básicos Deficientes, Exigência de Profissional Permanente no quadro e Índice de liquidez Contábil Exagerado, conforme itens 5 a 8; 15.2.5 Giancarlo G. Menezes (Procurador Administrativo), por ter assinado o Parecer Jurídico nº 64/2008, certificando que foram atendidos os critérios de publicidade, isonomia, escolha da melhor proposta e demais princípios do art. 3º da Lei 8.666/93, relativamente à Concorrência nº 002/2008, mesmo esta apresentando as seguintes irregularidades: Ausência de Parcelamento do Objeto da Licitação, Projetos Básicos Deficientes, Exigência de Profissional Permanente no quadro e Índice de liquidez Contábil Exagerado, conforme itens 5 a 8; 15.2.6 Valderez CasteloBranco Martins (ex-prefeita de Araguaína) por não ter observado a correta numeração e organização da documentação relativa ao contrato de repasse nº 0187.467- 73/2005, e outros, contrariando a Lei 8.666/93 e declaração de que a documentação encontrava-se arquivada em boa ordem, conforme item 10; 15.2.7 Félix Valuar de Sousa Barros (prefeito de Araguaína) por não ter observado a correta numeração e organização relativa ao contrato de repasse nº 0265.032-76/2008, e outros, contrariando a Lei 8.666/93 e declaração de que a documentação encontrava-se arquivada em boa ordem, conforme item 10; 15.2.8 Valderez Castelo Branco Martins (ex-prefeita de Araguaína), Nourival Batista Ferreira (ex-Secretário de Obras), Fábio Levy Rocha (ex-Secretário de Obras), Walmir de Sousa Ribeiro (Secretário de Obras) e a Construtora Central do Brasil Ltda. pela baixa qualidade na execução das obras de pavimentação em diversos setores do Município de Araguaína objeto dos Contratos 026/2006 e nº 244/2008, conforme item 11; 15.2.9 Valderez Castelo Branco Martins (ex-prefeita de Araguaína), Félix Valuar de Sousa Barros (prefeito de Araguaína), Nourival Batista Ferreira (ex-Secretário de Obras), Fábio Levy Rocha (ex-Secretário de Obras) e Walmir de Sousa Ribeiro (Secretário de Obras) pela fiscalização deficitária das obras de pavimentação em diversos setores do Município de Araguaína objeto dos Contratos 026/2006 e nº 244/2008, conforme item 13; 15.3 Fornecer cópia da presente Representação, juntamente com o anexo fotográfico, aos responsáveis.” 2. Ao receber esta proposta de audiência dos responsáveis, verifiquei que, em face da aparente baixa qualidade das obras verificadas nos Contratos 026/2006 (contratos de repasse 0187.467-73/2005 e 0226.794-17/2007) e 244/2008 (contratos de repasse nºs 0242.051-27/2007, 0265.032-76/2008 e 0257.400-65/2008), celebrados com a Construtora Central do Brasil - CCB, e de haver relato da equipe de fiscalização sobre os danos precoces ao pavimento, conforme fotografias anexadas, achei por bem que fossem realizadas diligências com vistas ao esclarecimento sobre a fiscalização desse empreendimento por parte da Caixa, em razão das liberações de recursos e aprovações de prestações de contas, entidade essa corresponsável pela fiscalização da qualidade das obras, tendo em vista o disposto nos itens 3.1, 6.1 e 6.2 dos contratos de repasse, bem como junto à própria prefeitura, com vistas a que informasse a situação dos reparos. 3. Assim, nos termos do despacho de fls. 26/28, determinei à Secex/TO que: “5.1 - promova as audiências dos responsáveis listados às fls. 11/12, consoante as irregularidades que lhes são imputadas nos subitens 15.2.1 a 15.2.5, e 15.2.8 a 15.2.9 da instrução; 5.2 - encaminhe diligências: 5.2.1 - à Caixa Econômica Federal: a) para que aquela entidade informe como estão sendo cumpridas as cláusulas 6.1 e 6.2 dos Contratos de Repasse 0187.467-73/2005, 0226.794-17/2007, 0242.051-27/2007, 0265.032-76/2008 e 0257.400-65/2008, ou seja, para que informe como foram realizadas as verificações físicas Para verificar as assinaturas, acesse www.tcu.gov.br/autenticidade, informando o código 47794498. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 008.297/2010-0 10 anteriores às autorizações de saque da conta vinculada a esse ajuste, bem como se pronuncie sobre a qualidade dos serviços prestados pela empresa Construtora Central do Brasil, contratada para a execução da obra objeto das avenças em questão; b) para que informe sobre a situação atual dos referidos contratos de repasse, notadamente, em razão dos vícios construtivos verificados e em face das prestações de contas porventura apresentadas; 5.2.2 - à Prefeitura Municipal de Araguaína, para que informe: a) a situação atual dos contratos 026/2006 e 244/2008, celebrados com a Construtora Central do Brasil; b) as medidas que estão sendo adotadas para reparação dos danos verificados nos pavimentos, objeto desses instrumentos; c) quais recursos estão suportando os eventuais serviços de reparação efetuados em razão dos danos encontrados, das ausências de itens de drenagem, bem como em razão da má qualidade na execução dos serviços ou sua execução em desacordo com o projeto; 5.3 - juntamente com os ofícios de audiência e de diligência, encaminhe cópia da instrução de fls. 1/12 destes autos, bem como cópia, em cores, do relatório fotográfico de fls. 13/23, a fim de subsidiar as manifestações, dando-se, ainda, ciência à CEF acerca do teor deste despacho.‟ 4. Promovidas as audiências e diligências, após analisar suas respostas, a unidade técnica redigiu a seguinte instrução com proposta de mérito. „(.....) EXAME TÉCNICO 7. Quanto à Ausência de Parcelamento do Objeto da Licitação 7.1 Razões de justificativa da Srª Valderez Castelo Branco, ex-prefeita de Araguaína/TO Ofício de Audiência: nº 694/2010-TCU/Secex/TO de 28/5/2010; fls. 63-64, Resposta: fls. 177-179, v.p., vol. 1 7.1.1 A Srª Valderez argumenta, em suma, que: 7.1.1.1 o parcelamento do objeto não seria aplicável, o qual se mostrava indivisível, sob o aspecto da execução. Segundo a doutrina, o parcelamento do objeto se impõe desde que seja vantajoso para a administração, e que, no presente caso, a Administração tinha completa convicção de que a melhor escolha seria por preço global; 7.1.1.2 não ocorreu restrição à competitividade, tendo sido promovida uma rigorosa avaliação técnica pela prefeitura constatando tal fato, sendo que o objeto das concorrências em exame é o conjunto de serviços, não sendo coisa divisível passível de serem executados de forma distinta; 7.1.1.3 se houvesse a divisão física por lotes, a Administração incorreria em inconvenientes como a dificuldade de inter-relacionamento entre os contratados e o risco de se enquadrar o valor do objeto em limites aquém da faixa de valor indicada para a modalidade de licitação concorrência, o que poderia levar a Contratante a ser acusada de ter feito parcelamento indevido. 7.1.2 Análise 7.1.2.1 O argumento de que o objeto das Concorrências nº 002/2005 e nº 02/2008 seria indivisível, não merece acolhida uma vez que as obras de pavimentação licitadas encontram-se espalhadas por diversos setores da cidade de Araguaína conforme relação de vias a serem pavimentadas e fragmentos de mapas (fls. 19-55, anexo 1). 7.1.2.2 Também não deve prosperar a alegação de que a divisão física por lotes provocaria inconvenientes como dificuldade de inter-relacionamento entre os contratados, pois como estes atuariam em setores distintos da cidade, não deveria haver, em princípio, problemas na execução das obras. Nesses termos, vale trazer à tona o exemplo das rodovias pavimentadas por mais de uma Para verificar as assinaturas, acesse www.tcu.gov.br/autenticidade, informando o código 47794498. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 008.297/2010-0 11 empresa, onde cada uma atua num determinado trecho, a exemplo da BR 242 dividida em cinco lotes de construção de rodovias e três lotes de construção de Obras de Arte Especiais (pontes). 7.1.2.3 Em relação ao risco de se enquadrar o valor do objeto em limites aquém da faixa de valor indicada para a modalidade de licitação concorrência, não haveria esse risco, pois a licitação, mesmo com o parcelamento do objeto deve respeitar o valor global da contratação. 7.1.2.4 Ademais, a questão do parcelamento de obras, serviços e compras não é uma mera faculdade, mas sim uma norma a ser seguida pelo gestor de recursos públicos, de acordo com a Súmula-TCU 247, devendo a ausência de parcelamento ser adequadamente justificada sob o ponto de vista da inviabilidade técnica e/ou econômica (Acórdão 336/2008-TCU-Plenário). Com feito, não foi encontrado nos autos qualquer justificativa para a não realização do parcelamento das obras em análise. Abaixo, alguns trechos de votos de Acórdãos do TCU relativos à questão: Acórdão336/2008-TCU-Plenário 46. Evidencia-se que a regra, em nosso ordenamento jurídico, é o parcelamento das obras, serviços e compras, em quantas parcelas revelarem-se técnica e economicamente viáveis. A ausência de parcelamento, como ocorreu no caso em exame, deve ser adequadamente justificada. Ou seja, quando for o caso, deve-se demonstrar a inviabilidade técnica e/ou econômica em se fazer a divisão, o que não ocorreu na situação em tela. (destaque nosso). Acórdão 1899/2006-TCU-Plenário (...) pode-se questionar até o não parcelamento das obras de infraestrutura, pois, como a própria descrição do objeto da licitação informa, serão realizadas em vários bairros da cidade, o que afastaria a necessidade de todas as obras serem executadas por uma única empresa. A Lei 8.666/93 determina que obras, serviços e compras devem ser divididos em tantas parcelas quantas se comprovarem técnica e economicamente viáveis, preservada a correspondente modalidade licitatória. O parcelamento é a regra e deve ser levado até o limite da viabilidade técnica e econômica. O objetivo é ampliar ao máximo possível a competição para cada parcela. (destaque nosso). Acórdão 108/2006-TCU-Plenário Igualmente, no caso dos sítios do Projeto Sivam, Decisão 540/2000 - Plenário, o tribunal somente acatou as justificativas para a não partição das obras e a contratação de uma só empresa para realizar as construções, porque foi comprovada a obrigação de se atender ao princípio da padronização, visando dar compatibilidade de especificações técnicas e de desempenho (...). 7.1.2.5 Assim, resta caracterizada a ausência injustificada de parcelamento das obras objeto das Concorrências nº 02/2005 e 02/2008, o que vai de encontro à Lei de Licitações e Contratos, à Súmula-TCU 247 e ao Acórdão 336/2008-TCU-Plenário, trazendo, ainda, prejuízo à competitividade do certame, o que enseja rejeição das razões de justificativa da ex-prefeita com aplicação de multa a esta, nos termos do art. 58, inciso II, da Lei 8.443/1992. 7.2 Razões de justificativa de Mahmoud Wadih Elkadi, Francelino Martins Borges e Marco Antonio Machado Junior (membros da Comissão de Licitação) Ofícios de Audiência: nº 681/682/686/2010-TCU/Secex/TO de 28/5/2010; fls. 43,45,50. Resposta Conjunta: fls. 184-189, v.p., vol. 1 7.2.1 Os responsáveis apresentaram as mesmas razões de justificativa da Srª Valderez Castelo Branco, ou seja, sustentaram a indivisibilidade do objeto da licitação e a dificuldade de se fazer a divisão física por lotes. 7.2.2 Análise 7.2.2.1 Embora tenham apresentado as mesmas razões de justificativa da ex-prefeita, os membros da Comissão de Licitação devem ser excluídos do rol de responsáveis, haja vista que nos termos do art. 51 da Lei 8.666/93 e do Acórdão 687/2007-TCU-Plenário, as atribuições da Comissão de Licitação não se estendiam à análise técnica das peças de informação enviadas pelo Setor de Engenharia da Municipalidade cabendo à Comissão apenas a habilitação preliminar, Para verificar as assinaturas, acesse www.tcu.gov.br/autenticidade, informando o código 47794498. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 008.297/2010-0 12 inscrição, alteração ou cancelamento de registro cadastral, julgamento e processamento das propostas. 7.3 Razões de justificativa de Leonardo Rossini da Silva (Procurador Geral do município) Ofício de Audiência: nº 692/2010-TCU/Secex/TO de 28/5/2010; fl. 60. Resposta: fls. 102-104 7.3.1 Em suma, o Sr. Leonardo Rossini alega que, em relação aos Pareceres Jurídicos emitidos sobre as concorrências nº 002/2005 e nº 002/2008, a Procuradoria Geral do município só se manifestava a respeito dos aspectos formais do processo, visto que não possuía capacidade técnica necessária para a análise meritória, que seria de responsabilidade exclusiva do departamento de engenharia e arquitetura do município. 7.3.1.1 Conclui afirmando que o ato discricionário de unificação ou parcelamento do objeto da licitação, de responsabilidade da Comissão de Licitação e do departamento de engenharia e arquitetura, se funda apenas em elementos de ordem econômica e técnica capaz de atender os princípios da eficiência e da isonomia. 7.3.2 Análise 7.3.2.1 O procurador Leonardo Rossini alega que o parcelamento do objeto das Concorrências nº 02/2005 e nº 02/2008 é uma questão de ordem técnica, de competência do departamento de engenharia e arquitetura do município. De fato, não é papel do jurisconsulto municipal tratar de questões técnicas de engenharia no âmbito de seus pareceres. 7.3.2.2 No entanto, não podemos esquecer que o parcelamento da licitação em lotes é uma norma jurídica inserta no seio da Lei 8.666/93 (art. 23, § 1º) e objeto de súmula pelo Tribunal de Contas da União (Súmula 247), devendo, assim, ser observada pelos gestores quando da realização de procedimentos licitatórios. 7.3.2.3 Vê-se que, antes de ser uma questão técnica, o parcelamento da licitação é uma regra jurídica a ser observada pelo gestor, a exemplo da escolha da modalidade adequada de licitação. Assim, a Procuradoria do Município de Araguaína/TO, deveria ter, ao menos, alertado ao gestor para que este fizesse constar dos autos a justificativa da ausência de parcelamento, conforme determinado pelo TCU. 7.3.2.4 Nesses casos, o TCU tem imputado responsabilidade aos pareceristas conforme trechos do Acórdão 994/2006-TCU-Plenário, in verbis: 37. (...) No mínimo, deveria a Procuradoria Federal Especializada do INSS alertar o gestor da possibilidade de a contratação direta ser tida por inadequada por inobservância dos requisitos necessários. Deixa-se ao administrador a decisão de fazer a sua opção. Mas era seu dever apontar o entendimento prevalecente (destaque nosso). (...) 9.3 rejeitar as razões de justificativa apresentadas pelo ex-Diretor-Presidente do INSS, pelos Procuradores do INSS e pelo ex-Coordenador-Geral de Apoio à Diretoria Colegiada do INSS; (...) 9.5 aplicar aos responsáveis, individualmente, a multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/92, no valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais), fixando-lhes o prazo de quinze dias, a contar da notificação, para que comprovem, perante este Tribunal (art. 214, inciso III, alínea „a‟ do Regimento Interno), o recolhimento da dívida aos cofres do Tesouro Nacional; 7.3.2.5 Destarte, tendo em vista a omissão do procurador do Município de Araguaína em relação a seu papel de orientar o gestor quanto às normas jurídicas pertinentes à matéria, cabe a sua responsabilização, com a rejeição de suas razões de justificativa e aplicação ao mesmo da multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/1992. 7.4 Razões de justificativa de Alessandra Andrade França Alves (ex-Procuradora da Fazenda Pública) Para verificar as assinaturas, acesse www.tcu.gov.br/autenticidade, informando o código 47794498. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 008.297/2010-0 13 Ofício de Audiência: nº 688/2010-TCU/Secex/TO de 28/5/2010; fl. 52. Resposta: fls. 168-172 7.4.1 A Srª Alessandra Andrade apresentou as mesmas justificativas do Sr. Leonardo Rossi, ou seja, que a análise feita pela Procuradoria do município restringia-se a aspectos formais do processo e que a responsabilidade pela análise da licitação seria do departamento de engenharia e arquitetura do Município de Araguaína/TO. 7.4.2 Análise 7.4.2.1 Considerando a análise já empreendida para o Sr. Leonardo Rossini, deve-se responsabilizar, pelos mesmos motivos, a ex-procuradora da fazenda pública de Araguaína rejeitando suas razões de justificativa e aplicando-lhe a multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/1992. 7.5 Razões de justificativa de Giancarlo G. Menezes (Procurador Administrativo) Ofício de Audiência: nº 693/2010-TCU/Secex/TO de 28/5/2010; fl. 61. Resposta: Não há 7.5.1 Como o responsável não trouxe aos autos nenhuma resposta, o mesmo deve ser considerado revel nos termosdo art. 12, § 3° da Lei 8.443/92, estendendo-se a mesma análise feita para os outros procuradores. 8. Quanto aos Projetos Básicos Deficientes 8.1 Razões de justificativa de Valderez Castelo Branco (ex-prefeita) Ofício de Audiência: nº 694/2010-TCU/Secex/TO de 28/5/2010; fls. 63-64, Resposta: fls. 177-179, v.p., vol. 1 8.1.1 A responsável afirma que „os projetos fornecidos para subsidiar a concorrência em debate continham os elementos indispensáveis a uma análise e avaliação adequada‟. Em relação às solicitações feitas pela Caixa Econômica Federal, as quais visavam suprir deficiências nos projetos das obras, a defendente esclarece que se tratava de „diligência ocorrida quando da fase contratual para a liberação dos recursos (contrato de repasse)‟ e que isto „só reforça o respeito e admiração por aquela instituição, uma vez que ela necessitaria de elementos para subsidiar as vistorias pertinentes durante a execução das obras‟. 8.1.2 Análise 8.1.2.1 Embora a responsável sustente que os projetos fornecidos para subsidiar as concorrências em tela eram suficientes para se efetuar uma análise adequada do empreendimento, a mesma não apontou ou apresentou qualquer documento que comprovasse sua argumentação. 8.1.2.2 Cabe destacar que os ofícios da Caixa Econômica Federal (CEF) nº 0771/2006/Gidur/PM, de 12/5/2006, (fls. 349-351, anexo 1) e nº 1649/2006/Gidur/PM, de 31/10/2006, (fls. 352-353, anexo 1), ambos endereçados à responsável, relatavam diversas pendências nos projetos referentes ao Contrato de Repasse CT 0187.467-73/2005, chegando a sugerir „uma revisão geral do projeto apresentado, incluindo dimensionamento do pavimento, meio- fio utilizado e solução para a drenagem pluvial‟. 8.1.2.3 Assim, considerando que a Concorrência 02/2005 foi homologada em 30/12/2005, conclui-se que o certame fora conduzido com um Projeto Básico deficiente e sem os elementos essenciais caracterizadores das obras a serem realizadas, o que representou um entrave à competitividade, o que foi comprovado pelo fato de apenas a Construtora Central do Brasil Ltda., que já vinha executando obras no Município de Araguaína, ter comparecido ao julgamento. Nesses termos, devem ser rejeitadas as razões de justificativa da responsável com aplicação da multa a esta com base no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/1992. Para verificar as assinaturas, acesse www.tcu.gov.br/autenticidade, informando o código 47794498. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 008.297/2010-0 14 8.2 Razões de justificativa de Mahmoud Wadih Elkadi, Francelino Martins Borges e Marco Antonio Machado Junior (membros da Comissão de Licitação) Ofícios de Audiência: nº 681/682/686/2010-TCU/Secex/TO de 28/5/2010; fls. 43,45,50. Resposta Conjunta: fls. 184-189, v.p., vol. 1 8.2.1 Os responsáveis apresentaram as mesmas razões de justificativa da Srª Valderez Castelo Branco. 8.2.2 Análise 8.2.2.1 Como os membros da comissão de licitação apresentaram os mesmos argumentos da ex-prefeita, a análise feita para aquela se estende a estes. No entanto, tendo em vista que, de acordo com o art. 51 da Lei 8.666/93 e o Acórdão 687/2007-TCU-Plenário, não cabe à Comissão de Licitação a análise de questões técnicas da licitação, os seus membros devem ser excluídos do rol de responsáveis. 8.3 razões de justificativa de Leonardo Rossini da Silva (Procurador Geral do município) Ofício de Audiência: nº 692/2010-TCU/Secex/TO de 28/5/2010; fl. 60. Resposta: fls. 102-104 8.3.1 O procurador apresentou as mesmas razões de justificativa para todas as irregularidades a que foi chamado, alegando basicamente que a análise realizada pela procuradoria contempla apenas aspectos formais, ficando a parte técnica por conta do departamento de engenharia e arquitetura da Prefeitura de Araguaína/TO. 8.3.2 Análise 8.3.2.1 Embora seja obrigatória a presença de projeto básico contendo os elementos essenciais para a realização da obra, de fato não haveria como a procuradoria do município se manifestar quanto à ausência de elementos técnicos no projeto básico das Concorrências em questão. Assim, deve ser afastada a responsabilidade do Sr. Leonardo Rossini quanto a esta irregularidade. 8.4 Razões de justificativa de Alessandra Andrade França Alves (ex-Procuradora da Fazenda Pública) Ofício de Audiência: nº 688/2010-TCU/Secex/TO de 28/5/2010; fl. 52. Resposta: fls. 168-172 8.4.1 A Srª Alessandra Andrade apresentou, basicamente, as mesmas justificativas do Sr. Leonardo Rossi, devendo, portanto, as mesmas serem acolhidas relativamente à deficiência dos projetos básicos. 9. Quanto a Exigência de Profissional no quadro permanente na data da licitação, Índice de Liquidez Contábil Exagerado e Numeração/Organização Deficiente dos Processos. 9.1 Razões de justificativa de Valderez Castelo Branco (ex-prefeita) Ofício de Audiência: nº 694/2010-TCU/Secex/TO de 28/5/2010; fls. 63-64, Resposta: fls. 177-179, v.p., vol. 1 9.1.1 A responsável alega que em relação à exigência de profissional no quadro permanente, a Administração municipal não teve a „intenção de restringir a competitividade da licitação. Pelo contrário, o intuito focado, com a inclusão de tal exigência, foi no sentido de priorizar a garantia da qualificação dos serviços a serem contratados.‟ 9.1.1.1 Ao referir-se ao Acórdão 2297/2005-TCU-Plenário, que fora apontado pela equipe de fiscalização, a ex-gestora conclui informando que: (...) „diante da decisão mostrada, em relação Para verificar as assinaturas, acesse www.tcu.gov.br/autenticidade, informando o código 47794498. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 008.297/2010-0 15 ao posicionamento da Corte Máxima de Contas, resta mostrar-se obediente a seus comandos e dizer que, no caso em foco, se houve prejuízo à competitividade, nenhuma constatação nesse sentido foi averiguada.‟. 9.1.1.2 Em relação ao índice de liquidez contábil exagerado, a defendente afirma que „o intuito dessa exigência, foi tão somente, buscar maior garantia para a Administração. Ou seja, com tal medida, selecionar para a contratação uma empresa que mostrasse maior solidez econômico- financeira‟. 9.1.1.3 No tocante à Numeração/Organização Deficiente dos Processos, a ex-chefe do executivo municipal, argumenta que „falhas desta natureza dentro de um processo que é, com frequência, movimentado e manuseado por diversas pessoas, pode ser até visto com uma condição compreensível e, portanto, aceitável.‟. No entanto a responsável conclui que a questão „deve e merece ser atenuada, com a implantação de rotinas e cuidados adequados.‟. 9.1.2 Análise 9.1.2.1 A responsável não nega a ocorrência de nenhuma das falhas supramencionadas restringindo-se a atenuá-las alegando que procurou resguardar a Administração buscando garantias. 9.1.2.2 No entanto, o TCU não tem apenado os gestores responsáveis por falhas dessa natureza, limitando-se a expedir determinações e alertas ao órgão, conforme os Acórdãos 2297/2005-TCU-Plenário, 2028/2006-TCU-1ª Câmara. Assim, cabe emissão de alerta ao Município de Araguaína/TO para que nos próximos certames custeados com recursos federais, adote providências para que estas falhas não se repitam. 9.2 Razões de justificativa de Mahmoud Wadih Elkadi, Francelino Martins Borges e Marco Antonio Machado Junior (membros da Comissão de Licitação) Ofícios de Audiência: nº 681/682/686/2010-TCU/Secex/TO de 28/5/2010; fls. 43,45,50. Resposta Conjunta: fls. 184-189, v.p., vol. 1 9.2.1 Os responsáveis apresentaram as mesmas razões de justificativa que a ex-prefeita, Valderez Castelo Branco, devendo-se estender a estes a mesma análise propugnada no item 9.1.2.2. 10. Quanto a Baixa qualidade das obras 10.1 Razões de justificativa da Construtora Central do Brasil Ltda. (CCB) Ofício de Audiência: nº 690/2010-TCU/Secex/TO de 28/5/2010; fls. 56-57 Resposta: fls. 02-23, anexo 3 10.1.1 Em relação à espessurada camada asfáltica ser menor que a especificação mínima de projeto de 2,5 cm para o TSD (Tratamento Superficial Duplo), a CCB alega que: a) a espessura de 2,5 cm seria, na verdade, a máxima permitida para o tipo de revestimento TSD conforme as normas vigentes do Dnit; b) o elemento de controle da qualidade desse tipo de asfalto seria a granulometria do maior agregado utilizado e não a espessura final da camada asfáltica, de acordo com a especificação de serviço DNER-ES 309/97, definidora desse tipo de pavimento. 10.1.1.1 A defendente continua afirmando que „uma vez que a norma supracitada exige que na faixa granulométrica mais grossa (faixa A) toda a brita passe pela peneira com abertura de 2,54 cm, deduz-se que a dimensão máxima do agregado utilizado será de 2,54 cm e por consequência a espessura máxima resultante para o TSD será de 2,54 cm.‟. 10.1.1.2 A empresa conclui aduzindo que „(...) a espessura resultante do TSD não diz quase nada a respeito de sua qualidade. Importante são os ensaios realizados antes da realização dos serviços, de encaixe das faixas de britas 00 e 01 (...)‟. 10.1.1.3 No tocante aos buracos, agregados soltos e outros problemas relacionados à baixa qualidade de execução, a CCB afirma, basicamente, que os mesmos se deveram a: a) Antecipação do início do período chuvoso ocorrida no ano de 2009, sua prolongada duração em 2010 e a sua grande intensidade. Para verificar as assinaturas, acesse www.tcu.gov.br/autenticidade, informando o código 47794498. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 008.297/2010-0 16 b) a existência de ruas não pavimentadas (de terra) adjacentes às asfaltadas. c) deficiência do sistema de drenagem das bacias adjacentes. d) falhas de execução 10.1.1.4 Não obstante os problemas encontrados, a defendente declara que „antes mesmo de se ter recebido a notificação deste Egrégio Tribunal, a CCB Construtora já havia promovido, às suas próprias expensas, a correção de todos os problemas apontados, conforme se pode constatar no relatório fotográfico em anexo.‟. 10.1.2 Análise 10.1.2.1 Embora o projeto das obras de pavimentação em questão (constante das fls. 57/93 do anexo 1) não deixe claro, em alguns momentos, qual deveria ser a espessura final da camada de TSD, se 2,5 cm ou até 2,5 cm, os argumentos apresentados pela Construtora Central do Brasil Ltda. merecem ser acolhidos, haja vista o embasamento técnico (especificação DNER-ES 309/97), e documental (conjunto de ensaios laboratoriais e de campo, fls. 24-1828, anexo 3) trazidos aos autos pela empresa. 10.1.2.2 Ademais, considerando que a empresa corrigiu por conta própria os defeitos encontrados nas obras, conforme Relatório Fotográfico (fls. 07-23, anexo 3) cabe apenas determinação à prefeitura para que remeta a esta Corte de Contas relatório informando se os serviços foram realizados a contento. 10.2 Razões de justificativa de Valderez Castelo Branco (ex-prefeita) Ofício de Audiência: nº 694/2010-TCU/Secex/TO de 28/5/2010; fls. 63-64, Resposta: fls. 177-179, v.p., vol. 1 10.2.1 A ex-prefeita não trouxe aos autos as razões de justificativa para a baixa qualidade das obras, embora conste do subitem 13.2 de sua resposta conste que „nas explicações dadas ao item „c‟ está toda a resposta, mostrando que não houve baixa qualidade dos serviços.‟. Como o referido item „c‟, não consta da resposta apresentada pela defendente, esta será considerada revel quanto a este item. 10.2.2 Análise 10.2.2.1 Como a ex-gestora não carreou aos autos razões de justificativa para a baixa qualidade das obras, a mesma deve ser considerada revel. No entanto, considerando que os problemas detectados foram, a princípio, sanados pela Construtora Central do Brasil, sem prejuízo ao Erário, não cabe aplicação de sanção à ex-prefeita em razão desta irregularidade. 10.3 Razões de justificativa de Nourival Batista Ferreira (ex-Secretário de Obras), Fábio Levy Rocha (ex-Secretário de Obras) e Walmir de Sousa Ribeiro (Secretário de Obras) Ofício de Audiência: nº 694/2010-TCU/Secex/TO de 28/5/2010; fls. 63-64, Resposta: Não há 10.3.1 Os responsáveis não apresentaram razões de justificativa sendo, portanto, considerados revéis. 10.3.2 Análise 10.3.2.1 Como os responsáveis foram revéis, aplica-se a estes a mesma análise feita para a ex-prefeita constante do item 10.2.2.1 11. Quanto a Fiscalização Deficitária 11.1 Razões de justificativa de Valderez Castelo Branco (ex-prefeita) Ofício de Audiência: nº 694/2010-TCU/Secex/TO de 28/5/2010; fls. 63-64, Resposta: fls. 177-179, v.p., vol. 1 Para verificar as assinaturas, acesse www.tcu.gov.br/autenticidade, informando o código 47794498. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 008.297/2010-0 17 11.1.1 Em sua resposta, a Srª Valderez menciona que muitos dos esclarecimentos para a Fiscalização Deficitária constam do item „c‟, o qual não se encontra em sua defesa. Assim, serão analisados apenas os argumentos trazidos aos autos, conforme a seguir. 11.1.1.1 A defendente alega, em suma, que: i) „não houve baixa qualidade dos serviços‟; ii) „a fiscalização se fazia na medida em que os recursos humanos da prefeitura se dispunham, e a designação de apenas um servidor técnico especializado em obras, para proceder à fiscalização de todos os serviços contratados não era vista como motivo de fiscalização deficitária.‟; iii) „(...) é preciso compreender que cada contrato possui sua característica, peculiaridade e complexidade. Se aqui, como entendem os auditores, apenas um servidor para todas as obras é insuficiente, isto pode ser uma questão de visão subjetiva.‟. 11.1.2 Análise 11.1.2.1 A designação genérica de apenas um servidor para acompanhar todas as obras da Prefeitura de Araguaína contraria o art. 67 da Lei 8.666/93 e a jurisprudência do TCU, em especial os Acórdãos 767/2009-TCU-Plenário e 1534/2009-TCU-1ª Câmara. Tal conduta permite a execução de obras superfaturadas ou de baixa qualidade, como as fiscalizadas pela equipe do TCU neste processo. 11.1.2.2 No entanto, como a construtora corrigiu os problemas detectados não havendo, a princípio, dano ao Erário, cabe alertar ao Município de Araguaína/TO que quando da realização de obras lastreadas por transferências de recursos federais, faça a designação específica de profissional de engenharia e/ou arquitetura para realizar a fiscalização dos contratos firmados. 11.2 Razões de justificativa de Fábio Levy Rocha (ex-secretário de obras), Nourival Batista Ferreira (ex-secretário de obras), Walmir de Souza Ribeiro (secretário de obras) e Félix Valuar de Sousa Barros (prefeito) Ofícios de Audiência: nº 683/685/689/691/2010-TCU/Secex/TO de 28/5/2010; fls. 45,48,54,58. Resposta: Não há 11.2.1 Como os responsáveis supra não apresentaram razões de justificativa, devem ser considerados revéis, podendo ser aplicada a análise feita para a ex-prefeita aos mesmos. 12. Diligência à Caixa Econômica Federal - CEF 12.1 Resposta da CEF à diligência (fl. 106) 12.1.1 Em resposta ao Ofício 684/2010-TCU/Secex/TO, de 28/5/2010, fl. 47, a CEF, informou que dando cumprimento aos itens 6.1 e 6.2 dos contratos de repasse em epígrafe, os recursos são autorizados segundo o seguinte procedimento: (...) 1º) proponente apresenta solicitação de saque e Boletim de Medição elaborado pela fiscalização; 2º) o empreendimento é inspecionado pela Caixa, sendo visualmente verificado a qualidade dos serviços, a compatibilidade do Boletim de Medição com os serviços executados, a execução de acordo com o projeto previamente elaborado pelo proponente e a existência de placa da obra; (destaque nosso). 3º) após atestada a execução física,comprovação do aporte da contrapartida financeira da etapa correspondente e comprovação financeira da etapa anterior é autorizado o saque dos recursos. 12.1.1.1 O diligenciado noticia, ainda, que, em relação aos contratos de repassefiscalizados, foi constatado que as inspeções foram realizadas conforme o procedimento supra e que „os diversos Relatórios de Acompanhamento do Empreendimento elaborados pela Caixa consideraram a qualidade da execução da obra „satisfatória‟ ou „regular‟.‟. 12.1.1.2 Por fim, a Caixa conclui que: (...) os contratos 0187.467-73/2005, 0226.764-17/2007 e 0257.400-65/2008 estão com obra concluída e com prestações de contas finais aprovadas. Os contratos 0242.051-27/2007 e 0265.032- Para verificar as assinaturas, acesse www.tcu.gov.br/autenticidade, informando o código 47794498. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 008.297/2010-0 18 76/2008 estão em andamento, estando atualmente com 85,44% e 43,81% de obra executada, respectivamente. 12.1.2 Análise 12.1.2.1 Verifica-se que embora a Caixa Econômica Federal tenha aplicado seu procedimento padrão para liberação de recursos, a qualidade das obras, em muitos pontos, não foi satisfatória. O fato da própria Construtora Central do Brasil Ltda. empreender reparos, às próprias expensas, nas ruas em que foram detectados, pela equipe do TCU, problemas na qualidade do pavimento, ilustra a deficiência na fiscalização realizada pela Caixa. 12.1.2.2 A adoção de controles de qualidade por parte da CEF, quando da fiscalização de empreendimentos públicos financiados via contratos de repasse, reduziria a ocorrência desses problemas e resguardaria o Erário de eventuais prejuízos causados por obras de má qualidade. 12.1.2.3 Nesses termos, recomenda-se alertar à Superintendência da Caixa Econômica Federal no Tocantins para que busque aprimorar seus procedimentos de fiscalização de obras públicas, especialmente no que diz respeito ao controle de qualidade destas obras, a fim de evitar problemas como os detectados pelo TCU. 13. Diligência à Prefeitura de Araguaína 13.1 Resposta da Prefeitura de Araguaína/TO à diligência (fls. 163-164) 13.1.1 Em resposta ao ofício de diligência nº 687/2010-TCU/Secex/TO, de 28/5/2010, fl. 51, a Prefeitura de Araguaína apresentou sua resposta às fls. 163-164 que traz o seguinte: a) em relação à situação atual dos contratos 026/2006 e 244/2008, o primeiro encontra-se paralisado não tendo sido encerrado ainda „por existirem medições de reajustamento e de serviços executados extra convênios que ainda encontra-se sob análise.‟. Quanto ao segundo, o gestor informa que „existem convênios com o Governo Federal que se encontram em execução e que logo após o encerramento desses serviços previstos, que se dará até o final do ano, o contrato será encerrado.‟; b) quanto às medidas que estão sendo adotadas para reparação dos danos verificados nos pavimentos objeto desses instrumentos, o diligenciado diz que os reparos foram estabelecidos, „corrigindo-os das ruas citadas como em outras vias que apresentavam algum dano ao pavimento‟. c) por fim, o gestor aduz que: „os recursos referentes à má qualidade na execução ou sua execução em desacordo com o projeto, ficam estritamente a cargo da empresa que realizou os serviços. Com relação à ausência de itens de drenagem estamos realizando um levantamento dos locais onde não há dispositivos de drenagem no pavimento, para verificarmos que soluções poderão ser adotadas para cada caso nas vias urbanas municipais.‟ 13.1.2 Análise 13.1.2 Tendo em vista que ainda há contratos em andamento, cabe determinação ao Município de Araguaína para que remeta à Secex/TO relatório contendo informações sobre o encerramento dos Contratos 026/2006 e nº 244/2008, demonstrando seu fiel cumprimento. 14. Proposta 14.1 Ante todo o exposto submetemos os autos à consideração superior propondo: 14.2 conhecer a presente Representação, satisfeitos os requisitos de admissibilidade previstos nos art. 237 e 235 do Regimento Interno deste Tribunal, para, no mérito, considerá-la parcialmente procedente; 14.3 afastar do rol de responsáveis do presente processo os senhores Mahmoud Wadih Elkadi, Francelino Martins Borges e Marco Antonio Machado Junior, integrantes da Comissão Permanente de Licitação do município, com fundamento no art. 51 da Lei 8.666/93; 14.4 acatar as razões de justificativa relativas à exigência de profissional no quadro permanente na data da licitação, índice de liquidez contábil exagerado e numeração/organização deficiente dos processos, aproveitando a todos os responsáveis, com fundamento no art. 161 do Regimento Interno do TCU; Para verificar as assinaturas, acesse www.tcu.gov.br/autenticidade, informando o código 47794498. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 008.297/2010-0 19 14.5 acatar as razões de justificativa da Construtora Central do Brasil Ltda. em relação à baixa qualidade das obras, aproveitando a todos os responsáveis, com fundamento no art. 161 do Regimento Interno do TCU; 14.6 acatar, parcialmente, as razões de justificativa de Leonardo Rossini da Silva (Procurador Geral do município), Alessandra Andrade França Alves (ex-Procuradora da Fazenda Pública) e Giancarlo G. Menezes (Procurador Administrativo) relativamente à aprovação das Concorrências nº 02/2005 e nº 02/2008 com projetos básicos deficientes; 14.7 acatar parcialmente as razões de justificativa de Valderez Castelo Branco (ex-prefeita) em relação à fiscalização deficitária das obras objeto das Concorrências nº 02/2005 e nº 02/2008, aproveitando a todos os responsáveis, com fundamento no art. 161 do Regimento Interno do TCU; 14.8 rejeitar parcialmente as razões de justificativa da responsável Valderez Castelo Branco (ex-prefeita) relativamente aos indícios de parcelamento do objeto da licitação e de projetos básicos deficientes, aplicando-lhe a multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/1992, fixando- lhe o prazo de quinze dias, a contar da notificação, para que comprove perante este Tribunal (art. 214, inciso III, alínea a, do Regimento Interno/TCU), o recolhimento da dívida ao Tesouro Nacional, atualizada monetariamente a partir da data do acórdão condenatório, até a data do efetivo recolhimento, se paga em atraso, na forma da legislação em vigor; 14.9 rejeitar parcialmente as razões de justificativa dos responsáveis Leonardo Rossini da Silva (Procurador Geral do município), Alessandra Andrade França Alves (ex-Procuradora da Fazenda Pública) e Giancarlo G. Menezes (Procurador Administrativo) em relação à aprovação das Concorrências nº 02/2005 e nº 02/2008 com ausência de parcelamento do objeto da licitação aplicando-lhes a multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/1992, fixando-lhes o prazo de quinze dias, a contar da notificação, para que comprove perante este Tribunal (art. 214, inciso III, alínea a, do Regimento Interno/TCU), o recolhimento da dívida ao Tesouro Nacional, atualizada monetariamente a partir da data do acórdão condenatório, até a data do efetivo recolhimento, se paga em atraso, na forma da legislação em vigor; 14.10 alertar ao Município de Araguaína/TO que quando da gestão de recursos públicos federais repassados ao município através de transferências voluntárias e destinados à execução de obras: 14.10.1 realize a nomeação de representante da administração, em ato específico, com a função de acompanhamento e fiscalização de contrato de execução de obra, conforme prevê o art. 67 da Lei 8.666/93; 14.10.2 forneça aos licitantes, em anexo ao edital, o Projeto Básico da obra contendo todos os elementos necessários e suficientes, com nível de precisão adequado, para caracterizar a obra ou serviço, conforme determina o art. 6º, inciso IX, da Lei 8.666/93; 14.10.3 promova o parcelamento do objeto a ser licitado para um melhor aproveitamento dos recursos disponíveis no mercado e à ampliação da competitividade, ou, na impossibilidade técnica e econômica de fazê-lo, apresente justificativas fundamentadas nos autos do procedimento licitatório, conforme prevê o art. 23, parágrafo primeiro, da Lei 8.666/93, 14.10.4 evite a exigência de profissionalno quadro permanente das empresas licitantes na data da licitação nos termos do Acórdão 2297/2005-TCU-Plenário; 14.10.5 adote parâmetros razoáveis para o índice de liquidez contábil constante dos editais de licitação, nos termos do Acórdão 2028/2006-TCU-1ª Câmara; 14.10.6 busque manter em ordem a numeração/organização dos processos, de acordo com a Decisão 1090/2001-TCU-Plenário; 14.11 alertar à Superintendência da Caixa Econômica Federal no Tocantins para que busque aprimorar seus procedimentos de fiscalização de obras públicas, especialmente no que diz respeito ao controle de qualidade destas obras, a fim de evitar problemas como os detectados pelo TCU no âmbito do presente processo; Para verificar as assinaturas, acesse www.tcu.gov.br/autenticidade, informando o código 47794498. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 008.297/2010-0 20 14.12 determinar ao Município de Araguaína/TO que remeta a esta Corte de Contas relatório contendo informações sobre o encerramento dos Contratos 026/2006 e nº 244/2008, demonstrando seu fiel cumprimento. 14.13 autorizar, desde logo, a cobrança judicial das dívidas a que se refere os subitens 14.8 e 14.9, caso não atendida a notificação, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992;‟ 5. Divergindo, em parte, da proposta retro, o Secretário de Controle Externo manifestou-se nos seguintes temos (fls. 205): „Manifesto-me de acordo com a proposta apresentada, com exceção do item 14.12, a seguir transcrito: „14.12 determinar ao Município de Araguaína/TO que remeta a esta Corte de Contas relatório contendo informações sobre o encerramento dos Contratos 026/2006 e nº 244/2008, demonstrando seu fiel cumprimento.‟ 2. As razões de justificativa da Construtora Central do Brasil Ltda. em relação à baixa qualidade das obras foram acolhidas, tendo em vista que providenciou os reparos as suas expensas. Assim, entendo que o controle desses contratos, ainda em execução, deve seguir o trâmite normal por parte do controle interno, sem necessidade de um monitoramento especial por parte deste Tribunal.” É o relatório. Para verificar as assinaturas, acesse www.tcu.gov.br/autenticidade, informando o código 47794498. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 008.297/2010-0 1 PROPOSTA DE DELIBERAÇÃO Cuidam os autos de Representação formulada por equipe de inspeção, com fundamento no art. 246 do Regimento Interno do TCU, decorrente de irregularidades detectadas em licitações e execução de obras de infraestrutura urbana, compreendendo serviços de pavimentação, terraplenagem, drenagem e galerias de águas pluviais, que utilizaram recursos federais transferidos por meio de cinco contratos de repasse celebrados entre o Ministério das Cidades e o Município de Araguaína/TO, por intermédio da Caixa Econômica Federal. A previsão do total de recursos a serem descentralizados foi de R$ 25.273.100,00. 2. Preenchidos os requisitos de admissibilidade previstos no inciso V e no parágrafo único, ambos do art. 237 do Regimento Interno do TCU, impõe-se conhecer desta Representação. 3. Nesta inspeção foram analisadas duas concorrências com seus respectivos contratos (Concorrência 002/2005 - Contrato 026/2006 e aditivos. Valor total: R$ 8.385.000,00; Concorrência 02/2008 - Contrato 244/2008. Valor total: R$ 51.178.344,68), onde a equipe de fiscalização detectou as seguintes irregularidades: a) Ausência de parcelamento dos objetos das licitações; b) Projetos Básicos deficientes; c) Exigência de profissional no quadro permanente na data da licitação; d) Índice de Liquidez Contábil exagerado; e) Numeração e organização deficiente dos processos; f) Baixa qualidade das obras; g) Fiscalização deficitária. 4. A Secex/TO propôs a audiência dos responsáveis para que apresentassem razões de justificativa sobre as irregularidades apontadas. 5. Em razão da aparente baixa qualidade das obras verificadas nos Contratos 026/2006 (contratos de repasse 0187.467-73/2005 e 0226.794-17/2007) e 244/2008 (contratos de repasse 0242.051-27/2007, 0265.032-76/2008 e 0257.400-65/2008), celebrados com a Construtora Central do Brasil - CCB, vencedora das duas concorrências, e de haver relato da equipe de fiscalização sobre os danos precoces ao pavimento, conforme fotografias anexadas, determinei, além da promoção das audiências, a realização de diligências à Caixa Econômica Federal e à Prefeitura Municipal de Araguaína/TO, para que a primeira informasse como foram realizadas as verificações físicas anteriores às autorizações de saque da conta vinculada aos contratos de repasse em questão, bem como se pronunciasse sobre a qualidade dos serviços prestados pela empresa contratada. 6. Em relação à Prefeitura de Araguaína/TO, foi solicitado que apresentasse a situação atual dos Contratos 026/2006 e nº 244/2008, bem como as medidas que estariam sendo adotadas para a reparação dos danos verificados nos pavimentos objeto desses instrumentos, além de quais recursos estariam suportando os eventuais serviços de reparação efetuados em razão dos danos encontrados. 7. Realizadas as audiências e diligências, os responsáveis apresentaram suas razões de justificativa e esclarecimentos que foram devidamente analisados pela unidade técnica, conforme instrução reproduzida no relatório antecedente. 8. Em sua conclusão, a Secex/TO posicionou-se pela não aceitação das razões de justificativa de ex-prefeita relativamente aos indícios de parcelamento do objeto da licitação e de projetos básicos deficientes. Propôs também a rejeição das razões de justificativa dos responsáveis Leonardo Rossini da Silva (Procurador-Geral do município), Alessandra Andrade França Alves (ex-Procuradora da Fazenda Para verificar as assinaturas, acesse www.tcu.gov.br/autenticidade, informando o código 47794499. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 008.297/2010-0 2 Pública) e Giancarlo G. Menezes (Procurador Administrativo) em relação à aprovação das Concorrências nº 02/2005 e nº 02/2008 com ausência de parcelamento do objeto da licitação. 9. As razões de justificativa referentes às demais irregularidades foram acatadas, inclusive com a proposta de afastar do rol de responsáveis do presente processo os senhores Mahmoud Wadih Elkadi, Francelino Martins Borges e Marco Antonio Machado Junior, integrantes da Comissão Permanente de Licitação do município, com fundamento no art. 51 da Lei 8.666/93. II 10. Ao examinar este processo constatei que ocorreram irregularidades na elaboração e na aprovação do edital das duas licitações em exame. No tocante à ausência de parcelamento dos objetos licitados e à constatação de que os projetos básicos estavam deficientes, concordo com as responsabilizações atribuídas e as fundamentações apresentadas pela unidade técnica e as adoto como razão de decidir. 11. Não há nos autos parecer ou estudo que demonstre que os serviços contratados deveriam ser licitados de forma integral, sem a possibilidade de seu parcelamento e a consequente execução por trechos ou lotes. Este procedimento, por si só, acarretou restrição de competitividade, haja vista que, apesar de os serviços não serem de natureza complexa, somente puderam participar dos certames as empresas que possuíssem capital social e garantias necessárias para assumir contratos nos valores de R$ 8.385.000,00 e R$ 51.178.344,68. 12. Acrescente-se a esta imposição restritiva o fato de os projetos básicos terem sido elaborados de forma deficiente, conforme atestado pela Caixa Econômica Federal em seus ofícios de solicitação de revisão geral do projeto e de saneamento de pendências (fls. 349/360, vol. 2, An. 1). 13. Esta deficiência nos projetos também contribuiu para que eventuais licitantes não participassem do certame por não se sentirem seguros de apresentar proposta que, supostamente, não pudesse ser honrada
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