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Stálin por haver depurado o materialismo dialético da excrescência
hegeliana tão embaraçosa quanto a negação da negação. Segundo Go-
delier, esta seria uma categoria apenas aceita por Engels e não por
Marx. Ademais, Godelier considerou embaraçosa a própria contradição
dialética e propôs sua subordinação ao conceito de limite estrutural, o
que, na prática, torna a contradição dialética dispensável ao processo
discursivo.
A análise da estrutura lógica de O Capital feita por Jelezny con-
firma, não menos que a de Rosdolsky, o enfoque de Lênin e não o de
Stálin. É impossível captar o jogo das categorias na obra marxiana
sem dominar o procedimento da derivação dialética, a partir das con-
tradições internas dos fenômenos, ou seja, a partir de um procedimento
lógico inaugurado, com caráter sistemático, por Hegel. Sem dúvida, é
preciso frisar também que Marx rejeitou a identidade hegeliana dos
contrários, distinguindo tal postulado idealista de sua própria concepção
materialista da unidade dos contrários (a este respeito, tem razão Go-
delier quando aponta a confusão em certas formulações de Lênin e
Mao-Tse-Tung sobre a “identidade dos contrários”).
A derivação dialética materialista é aplicada em todo o trajeto
da exposição marxiana, porém provoca impacto logo no capítulo inicial
sobre a mercadoria, por isso mesmo causador de tropeços aos leitores
desprovidos de familiaridade com o método dialético. Contudo, a deri-
vação dialética, que opera com as contradições imanentes nos fenôme-
nos, não suprime a derivação dedutiva própria da lógica formal, baseada
justamente no princípio da não-contradição. Em O Capital, são cor-
rentes as inferências dedutivas, acompanhadas de exposições por via
lógico-formal. Daí, aliás, o recurso freqüente aos modelos matemáticos
demonstrativos, que revelam, dentro de estruturas categoriais defini-
das, o dinamismo das modificações quantitativas e põem à luz suas
leis internas. Conquanto considerasse falsas as premissas das quais
Marx partiu, Böhm-Bawerk não deixou de manifestar admiração pela
força lógica do adversário. Não obstante, seja frisado, a lógica formal
está para a lógica dialética, na obra marxiana, assim como a mecânica
de Newton está para a teoria da relatividade de Einstein. Ou seja, a
primeira aplica-se a um nível inferior do conhecimento da realidade
com relação à segunda.
Marx distinguiu entre investigação e exposição. A investigação
exige o máximo de esforço possível no domínio do material fatual. O
próprio Marx não descansava enquanto não houvesse consultado todas
as fontes informativas de cuja existência tomasse conhecimento. O fim
último da investigação consiste em se apropriar em detalhe da matéria
investigada, analisar suas diversas formas de desenvolvimento e des-
cobrir seus nexos internos. Somente depois de cumprida tal tarefa,
seria possível passar à exposição, isto é, à reprodução ideal da vida
da matéria. A esta altura, advertiu Marx que, se isto for conseguido,
OS ECONOMISTAS
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