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2012.05.10 - Os instrumentos da política comercial

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Os Instrumentos da Política Comercial 
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Introdução 
Este tópico discute as seguintes questões: 
 
• Os efeitos dos vários instrumentos da 
política comercial 
–Os ganhadores e perdedores quando estes 
instrumentos são utilizados 
• Os custos e benefícios da proteção 
– Comparação dos custos e benefícios da 
proteção 
• As opções de política comercial 
– Utilizar intervenções nos preços ou 
quantidades (tarifas ou quotas) 
 
3/69 
Análise das Tarifas 
As tarifas podem ser classificadas como: 
• Tarifas específicas 
– Impostos fixos cobrado por unidade do bem importado 
– Exemplo: Nos Estados Unidos há uma tarifa específica de 
US$0,54 por galão sobre o etanol importado do Brasil qualquer 
que seja o preço do etanol no mercado internacional. 
• Tarifas Ad valorem 
– Impostos cobrados como porcentagem do valor dos bens 
importados 
– Exemplo: Uma tarifa ad valorem de 20% sobre um produto 
importado que tem um preço internacional de $100 significa que 
o governo irá arrecadar $20 por unidade importada. 
 
4/69 
• Uma tarifa mista é uma combinação de uma tarifa e 
um imposto específico. 
• Muitos governos preferem proteger as indústrias 
domésticas através de restrições não tarifárias (RNT), 
tais como: 
–Quota de importação 
– Limita a quantidade importada 
– Restrições às exportações 
– Limita a quantidade exportada 
 
 
Análise das Tarifas 
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Análise das Tarifas - Brasil 
Tarifa Média de Importação (%)
1987 54,9
1988 37,7
1989 29,4
1990 27,2
1991 20,9
1992 14,1
1993 12,5
1994 10,2
1995 10,8
1996 10,8
1997 13,4
1998 13,4
2000 12,9
2001 11,8
2002 10,8
2004 10,7
2005 8,2
2006 8,7
2008 8,8
2010 10,0
 
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Análise das Tarifas 
Participação das Importações no Mercado Interno - Em %
1990 1996 2001 2006
Siderurgia 2,0 2,6 4,7 4,0
Material Eletrônico e de Comunicações 11,4 27,8 65,0 54,8
Metalurgia de Não-Ferrosos 6,4 11,0 15,9 15,0
Equipamentos e Material Elétrico 7,5 15,0 30,1 17,8
Extrativa Mineral 15,8 14,6 36,4 31,1
Produção Elementos Químicos 14,2 19,8 23,4 19,2
Indústria da Borracha 3,6 9,2 13,8 14,1
Peças e Acessórios de Veículos 9,8 18,8 38,2 22,5
Refino de Petróleo e Petroq. 3,1 11,1 11,7 8,0
Minerais Não-Metálicos 1,1 3,3 4,6 3,0
Automóveis, Caminhões e ônibus 0,3 9,5 16,5 10,0
Vestuário e Acessórios 0,5 2,7 3,3 0,3
Calçados e Artigos de Couros e Peles 4,4 10,2 24,8 7,5
Máquina e Equipamentos 11,4 24,2 26,0 17,2
Produtos Farmacêuticos e Perfum. 5,4 12,4 20,8 17,9
Indústria Textil 1,9 9,1 7,4 7,9
Total da Indústria - Fonte: IPEA 5,9 10,9 15,4 11,8
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Oferta, Demanda e Comércio com uma Única 
Indústria (Análise em Equilíbrio Parcial) 
 
• Suponha que existam dois países (Local e RDM). 
• Ambos produzem e consomem trigo, que pode ser 
transportado entre países sem custo. 
• Em cada país, o setor é competitivo. 
• Suponha que antes do comércio o preço do trigo seja 
maior no país Local que no RDM. 
– Com comércio, os exportadores do RDM venderão no 
país Local. 
– Isto aumentará o preço do trigo no RDM e reduzirá o preço no 
país Local. 
Análise das Tarifas 
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Para determinar o preço mundial (PW ) e a quantidade 
transacionada (QW ), duas curvas são definidas: 
• Curva de Demanda por Importações – País Local 
–Mostra a quantidade máxima de importação que o país 
Local gostaria de consumir para cada preço do produto 
importado. 
 DM = D(P) – O(P) 
 
• Curva de Oferta de Exportações - RDM 
–Mostra a quantidade máxima de exportações que o RDM 
gostaria de vender para cada nível de preço. 
 
 OX = O*(P*) – D*(P*) 
Análise das Tarifas 
9/69 
Quantidade, Q 
Preço, P Preço, P 
Quantidade, Q 
DM 
D 
O 
A 
P A 
P 2 
P 1 
S 2 D 2 D 2 – S 2 
2 
S 1 D 1 D 1 – S 1 
1 
Derivação da Curva de Demanda por Importações – País Local 
Análise das Tarifas 
10/69 
Propriedades da curva de demanda por 
importações: 
 
• Ela corta o eixo vertical no preço de equilíbrio 
em autarquia do país importador. 
• É negativamente inclinada. 
• Tem uma declividade menor que a curva de 
demanda interna do país importador (maior 
elasticidade preço). 
 
Análise das Tarifas 
11/69 
P 2 
P *A 
D* 
O* 
P 1 
OX 
Preço, P Preço, P 
Quantidade, Q Quantidade, Q S*2 – D*2 S*2 D*2 
Determinação da Curva de Oferta das Exportações - RDM 
D*1 S*1 S*1 – D*1 
Análise das Tarifas 
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Propriedades da Curva de Oferta das 
Exportações: 
 
• Corta o eixo vertical no ponto do preço de 
equilíbrio em autarquia do país exportador. 
• É positivamente inclinada. 
• Tem uma declividade menor que a curva de 
oferta doméstica do país exportador (maior 
elasticidade preço). 
 
Análise das Tarifas 
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O equilíbrio mundial ocorre quando a demanda por 
importações do país Local é igual a oferta de 
exportações do RDM. No ponto de equilíbrio: 
 
Demanda Local – Oferta Local = Oferta do RDM – Demanda do RDM 
 
Rearranjando termos: 
 
Demanda Local + Demanda do RDM = Oferta Local + Oferta do RDM 
 
Ou: 
 
Demanda Mundial = Oferta Mundial 
Análise das Tarifas 
14/69 
Equilíbrio Mundial 
OX 
Preço, P 
Quantidade, Q 
DM 
PW 
QW 
1 
Análise das Tarifas 
15/69 
Algumas definições: 
• Relação de troca é o preço relativo do bem exportado 
expresso em unidades do produto importado. 
• País pequeno é um país que não consegue afetar o 
preço mundial, qualquer que seja sua exportação ou 
importação. 
Serão utilizadas dois modelos na discussão: 
• Comércio entre dois países grandes 
• Um país pequeno transacionando com o RDM 
Análise das Tarifas 
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Efeitos de uma Tarifa 
• Assuma transações entre dois países grandes. 
• Admita que o país local coloque uma tarifa de $t 
em cada unidade importada. 
– Haverá exportação somente se a diferença de 
preço entre os dois mercados seja de, no mínimo 
$t. 
• A tarifa equivale a um custo de transporte: o 
exportador só venderá no mercado externo se a 
diferença de preços entre mercado interno e 
externo for igual ou maior que o custo de 
transporte. 
Análise das Tarifas 
17/69 
A tarifa fará com que o preço do produto 
importado aumente no país Local (PT ) e fará 
com que o preço mundial (P*T ) caia no 
mercado mundial até o ponto onde a 
diferença de preços seja igual a tarifa. 
 
PT – P
*
T = t 
PT = P
*
T + t 
 
Análise das Tarifas 
18/69 
OX 
PT 
DM 
D* 
O* 
D 
O 
Pw 
2 
QT 
1 
QI 
Efeitos de uma Tarifa 
P *T 
3 
t 
Preço, P 
Quantidade, Q 
Preço, P 
Quantidade, Q 
Preço, P 
Quantidade, Q 
Home market World market Foreign market Mercado Local Mercado Mundial Mercado do RDM 
Análise das Tarifas 
19/69 
Análise das Tarifas 
Demanda de Importações 
País Local 
Oferta de Exportações do RDM 
PLC 
Preço, P 
Quantidade, Q 
P 
 i 
PW 
t 
Efeitos de uma Tarifa sobre os Preços 
20/69 
• Em livre comércio, o preço mundial do trigo (Pw ) será 
igual nos dois países. 
• Com a imposição de uma tarifa, o preço do trigo 
aumenta no país Local para PT e cai para 
P*T (= PT – t ) no RDM até que a diferença de preço 
seja de $t. 
– No país Local: aumenta a oferta domestica, cai a 
demanda devido o aumento do preço e isto reduz a 
demanda por importações. 
– No RDM: cai a produção, os consumidores aumentam sua 
demanda devido a queda de preço, e isto reduz as 
exportações. 
– Portanto, a imposição da tarifa reduz o comércio de trigo. 
Análise das Tarifas 
21/69 
•O aumento do preço interno é menor que a 
tarifa, porque parte da tarifa se reflete em 
queda de preço externo do produto 
importado. 
–Se o país Local fosse pequeno e aplicasse uma 
tarifa, o preço mundial não seria afetado e o 
preço no país importador cresceria pelo valor total 
da tarifa. 
–O preço mundial continuará em Pw 
–O preço no mercado interno subirá para: 
 PT = Pw + t 
Análise das Tarifas 
22/69 
Uma Tarifa em um País Pequeno 
O Preço, P 
Quantidade, Q 
D 
Pw + t 
Pw 
Importação depois da tarifa 
S 1 D 1 
Importação antes da tarifaD 2 S 2 
Análise das Tarifas 
23/69 
Como Quantificar a Proteção 
• Ao se avaliar a proteção no mundo real é importante 
saber quanta proteção a política comercial oferece. 
– Pode-se expressar a magnitude da proteção como a 
porcentagem do preço que vigora com a proteção com 
relação ao preço de livre comércio. 
– Dois problemas com esta medida: 
» Se o país for grande, a tarifa reduz o preço mundial. 
» A tarifa pode ter efeitos diferentes em diferentes etapas da 
produção de um bem, afetando o valor adicionado da 
atividade. Usa-se o conceito de taxa de proteção efetiva: 
» Sejam VT e VW os valores adicionados com proteção e com 
livre comércio. A taxa de proteção efetiva é dada por: 
(VT - VW) / VW 
Análise das Tarifas 
24/69 
Taxa de Proteção Efetiva 
• A tarifa tem efeitos sobre o preço do bem final e 
sobre o custo dos insumos usados na produção. 
– A proteção efetiva não será igual a tarifa nominal se 
existem insumos importados usados na produção do 
bem protegido. 
– Exemplo: O preço mundial de um automóvel é de $ 8.000 e 
as autopeças importadas são vendidas por $ 6.000. Para 
incentivar a produção local um país coloca uma tarifa de 
25% sobre o produto final. 
– A proteção é maior que 25%. Com livre comércio (preços 
mundiais), o valor adicionado era de $ 2.000 e passou para 
$4.000, com proteção. Uma tarifa de 25% no produto final 
dá uma taxa de proteção efetiva de 100%. Uma tarifa sobre 
as autopeças, reduziria a proteção efetiva. 
Análise das Tarifas 
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Nominal Efetiva
Álcool 0,0% -4,6%
Petróleo e Gas Natural 0,0% -3,6%
Minério de Ferro 2,0% 1,4%
Agricultura, Silvicultura e Florestal 2,8% 1,5%
Refino de Petróleo e Coque 0,8% 2,0%
Pecuária e Pesca 4,0% 2,3%
Produtos Farmacêuticos 4,3% 4,3%
Produtos de Madeira excl. móveis 8,1% 12,0%
Produtos Químicos 5,6% 14,1%
Outros Equipamentos de transporte 10,4% 15,3%
Maquinas de Escritório e equip. informatica 9,8% 17,2%
Máquinas e Equipamentos 12,1% 18,6%
Defensivos Agrícolas 9,9% 22,5%
Material Eletrônico e Equip. Telecomunicações 10,4% 22,8%
Celulose e Produtos de Papel 12,0% 23,1%
Fabricação de Aço e Derivados 11,2% 23,7%
Calçados 14,2% 23,9%
Máquinas, aparelhos e materiais elétricos 14,4% 25,9%
Artigos de Borracha e Plástico 13,6% 27,3%
Móveis 17,3% 27,5%
Texteis 16,3% 27,6%
Alimentos e Bebidas 10,7% 29,8%
Vestuário 19,6% 29,8%
Autopeças 17,1% 33,4%
Eletrodomésticos 18,2% 45,3%
Fumo 15,3% 51,0%
Caminhões e Ònibus 30,7% 128,3%
Automóveis, Caminhonetes e Utilitários 28,6% 180,0%
Média 11,1% 25,8%
Proteção em 2005
26/69 
Custos e Benefícios de uma Tarifa 
A tarifa aumenta o preço do bem no país importador 
e reduz o preço no país exportador. 
Conseqüências desta mudanças: 
• Consumidores perdem no pais importador e ganham no 
país exportador 
• Produtores ganham no país importador e perdem no 
país exportador 
• O governo que aplica a tarifa ganha receita 
Para medir estes efeitos e necessário definir 
excedente do consumidor e do produtor. 
27/69 
Excedente do Consumidor e do Produtor 
• Excedente do Consumidor 
–Mede o ganho do consumidor pela diferença do 
preço que ele efetivamente paga com relação ao 
preço que ele está disposto a pagar. 
–Pode ser obtido a partir da curva de demanda de 
mercado. 
–Graficamente, é igual à área abaixo da curva de 
demanda e acima do preço. 
Custos e Benefícios de uma Tarifa 
28/69 
8 
$12 
9 
$10 
10 
$9 
11 
D 
Determinação do Excedente do Consumidor a partir da Curva de Demanda = a 
diferença entre o preço real em relação à disposição a pagar 
Preço, P 
Quantidade, Q 
Custos e Benefícios de uma Tarifa 
29/69 
Geometria do Excedente do Consumidor 
a 
b 
P 1 
P 2 
D 
Preço, P 
Quantidade, Q Q 2 Q 1 
Custos e Benefícios de uma Tarifa 
30/69 
•Excedente do Produtor 
–Mede o ganho do produtor pela diferença entre o 
preço que ele efetivamente recebe com relação 
ao preço que ele está disposto a vender. 
–Pode ser obtido através da curva de oferta de 
mercado. 
–Graficamente, é igual a área acima da curva de 
oferta e abaixo do preço. 
Custos e Benefícios de uma Tarifa 
31/69 
Geometria do Excedente do Produtor 
d 
c 
P 2 
P 1 
O 
Preço, P 
Quantidade, Q Q 2 Q 1 
Custos e Benefícios de uma Tarifa 
32/69 
Medidas dos Custos e Benefícios 
 
• É possível somar os excedentes do consumidor 
e do produtor? 
– Pode-se (algebricamente) somar os dois 
excedente porque qualquer mudança de preços 
afeta cada individuo de duas maneiras: 
– Como um consumidor 
– Como um trabalhador 
– Assume-se que, em termos marginais, uma 
unidade monetária de ganho ou perda para cada 
grupo tem o mesmo valor social. 
Custos e Benefícios de uma Tarifa 
33/69 
A tarifa aumenta o preço no país 
importador, reduz o excedente do 
consumidor e prejudica os consumidores. 
A tarifa aumenta o excedente do 
produtor e aumenta a renda dos 
produtores. 
A tarifa aumenta a receita do governo. 
Custos e Benefícios de uma Tarifa 
34/69 
Custos e Benefícios de uma Tarifa para o País Importador 
PT 
Pw 
 P*T 
b c d 
e 
D 
a 
= perda do consumidor (a + b + c + d) 
= ganho do produtor (a) 
= ganho de receita do governo (c + e) 
QT 
D 2 O 2 
O 
O 1 D 1 
Preço, P 
Quantidade, Q 
Custos e Benefícios de uma Tarifa 
35/69 
• As áreas dos triângulos b e d medem as perdas do 
país (perda de eficiência) e a área do retângulo e 
mede um ganho (ganho das relações de troca). 
– A perda de eficiência é decorrência das distorções 
introduzidas no incentivo ao consumo e a produção. 
– Os produtores e os consumidores se comportam como se as 
importações fossem mais caras do que efetivamente são. 
– O triângulo b é a perda decorrente da distorção na produção 
e o triângulo d é a perda decorrente da distorção no 
consumo. 
–O ganho das relações de troca surgem porque a tarifa 
diminui o preço mundial. 
Custos e Benefícios de uma Tarifa 
36/69 
Efeito líquido de uma tarifa sobre o bem-estar é 
igual a: 
 
Perda do Consumidor (-) ganho do produtor (-) receita do governo 
 
(a+b+c+d) – a – (c+e) = b+d-e 
Custos e Benefícios de uma Tarifa 
37/69 
A receita do governo é igual a tarifa vezes a 
quantidade importada. 
• t = PT – P*T 
• QT = D2 – O2 
• Receita do Governo = t x QT = c + e 
Parte da receita do governo (retângulo e) decorre da 
melhora das relações de troca e parte vem da redução 
do excedente do consumidor (retângulo c ). 
• O governo fica com parte da renda dos consumidores 
locais e do resto do mundo. 
 
Custos e Benefícios de uma Tarifa 
38/69 
• Se o efeito relações de troca for 
maior que a perda de eficiência, a 
tarifa aumenta o bem-estar do país 
importador. 
 
– No caso do país pequeno, a tarifa 
necessariamente reduz o bem-estar 
do país importador. 
 
Custos e Benefícios de uma Tarifa 
39/69 
Efeitos Líquidos de uma Tarifa sobre o Bem-estar – País Grande 
PT 
Pw 
P*T 
b d 
e 
D 
= perda de eficiência (b + d ) 
= ganhos de relações de troca (e ) 
Importação 
O Preço, P 
Quantidade, Q 
Custos e Benefícios de uma Tarifa 
40/69 
Preço Mundial 
(+) tarifa 
Preço Mundial 
Preço, P 
Quantidade, Q 
O 
D 
Distorção no 
consumo 
Distorção na 
Produção 
Efeitos Líquidos de Uma Tarifa – País Pequeno 
Custos e Benefícios de uma Tarifa 
41/69 
Subsídio à Exportação: Teoria 
 
• Subsídio a Exportação 
 
– É um pagamento pelo governo a uma firma que 
vende no mercado externo 
– Quando o governo dá um subsídio à exportação, os 
exportadores vão exportar até o ponto em que o preço 
doméstico exceder o preço mundial pelo montante do 
subsídio. 
 
–O subsídio pode ser específico ou ad valorem. 
 
Outros Instrumentos da Política Comercial 
42/69 
b a 
Efeitos de um Subsídio a Exportação 
PS 
Pw 
P*S 
Preço, P 
Quantidade, Q 
Exportação 
g f e 
Subsídio d c = ganho do produtor 
 (a + b + c) 
= perda do consumidor (a + b) 
= custo do subsídio 
 para o governo 
 (b + c + d + e + f + g) 
D 
O 
OutrosInstrumentos da Política Comercial 
43/69 
• Um subsídio a exportação aumenta o preço no país 
exportador e diminui o preço no país importador. 
• Adicionalmente, e em contraste com a tarifa, o 
subsídio à exportação piora as relações de troca. 
• Um subsídio à exportação leva a custos que excedem 
os benefícios. 
• A perda líquida de bem-estar é dada pela soma das 
áreas (diferença entre ganho do produtor e perdas 
dos consumidores e governo): 
(a + b+ c) – (a + b) – (b + c+ d + e + f + g) = 
= - ( b + d + e + f + g) 
 
Outros Instrumentos da Política Comercial 
44/69 
Programa Agrícola Comum Europeu 
A União Européia deveria ser uma importadora 
líquida de produtos agrícolas. Mas o PAC fixa um 
preço interno alto e subsidia a exportação para se 
livrar dos estoques. 
• O subsídio a exportação reduz o preço mundial, 
aumentando o custo do programa. 
O custo direto do PAC para o contribuinte 
europeu é de US$ 60 bilhões, ou 35% da receita 
do produtor europeu. 
• O programa atual garante renda para os 
produtores independente da produção para 
reduzir os preços no mercado europeu e 
reduzir a produção. 
45/69 
Programa Agrícola Comum Europeu 
Preço, P 
Quantidade, Q 
O 
D 
Preço UE 
 sem 
importação 
Preço Mundial 
= custo do subsídio 
 governamental 
 Preço mínimo 
Exportação 
Outros Instrumentos da Política Comercial 
46/69 
Quota de Importação: Teoria 
 
• Uma quota é uma restrição à quantidade importada. 
– Exemplo: Os USA tem uma quota para a importação 
de açúcar. 
• A restrição é usualmente implementada a partir de 
licenças para alguns grupos de importadores. 
• Em alguns casos (açúcar e vestuário) a quota é dada 
diretamente ao governo do país exportador. 
Outros Instrumentos da Política Comercial 
47/69 
• Uma quota de importação sempre aumenta o preço 
doméstico do produto importado. 
• Os grandes beneficiários de uma quota são os 
poucos produtores locais, enquanto que o prejuízo é 
diluído entre os muitos consumidores. 
• Os detentores das licenças podem comprar 
produtos importados e revende-los no mercado 
doméstico a um preço maior. 
–O lucro obtido pelos detentores das licenças de 
importação é chamado de renda da quota. 
 
Outros Instrumentos da Política Comercial 
48/69 
• O efeito sobre o bem-estar de uma quota 
Comparado com o efeito da tarifa 
– A diferença entre a quota e a tarifa é que com a quota 
o governo não tem receita. 
– Na avaliação dos custos e benefícios de uma quota de 
importação é fundamental identificar quem recebe as 
rendas. 
– Quando os direitos de vender no mercado Local são 
atribuídos aos governos dos países exportadores, a 
transferência de renda para o estrangeiro torna os custos de 
uma quota mais elevados, que os de uma tarifa equivalente. 
 
Outros Instrumentos da Política Comercial 
49/69 
 Preço no U.S.A $466 
Preço Mundial $280 
b c d 
Demanda 
a 
8.45 6.32 
Oferta 
5.14 9.26 
Preço, $/ton 
Quantidade de 
Açúcar, milhões 
toneladas 
Efeitos das Quotas de Importação do Açúcar nos USA 
Quota de importação: 
2.13 milhões de tons. 
= perda do consumidor 
 (a + b + c + d) 
= ganho do produtor (a) 
= renda da quota (c) 
Outros Instrumentos da Política Comercial 
50/69 
Restrições Voluntárias às Exportações (RVE) 
• Uma restrição voluntária a exportação é uma 
quota de exportação controlada pelo país 
exportador. 
– É também conhecido como acordo de restrição 
voluntária. 
• Uma RVE é imposta por pedido do país 
importador e são aceitas pelos exportadores para 
evitar outras medidas protecionistas. 
Outros Instrumentos da Política Comercial 
51/69 
• Uma RVE é equivalente a uma quota de importação, onde as 
licenças são atribuídas a governos estrangeiros e, portanto, 
tem um custo muito elevado para o país importador. 
• Uma RVE é sempre mais prejudicial para o país importador 
do que uma tarifa que limite as importações na mesma 
grandeza. 
– Com uma RVE a receita equivalente da tarifa torna-se 
renda recebida por estrangeiros, levando a uma perda 
para o país importador. 
– Exemplo: 2/3 do custo para os consumidores americanos 
de três RVE (têxtil, automóveis e aço) é transferido como 
renda para o estrangeiro. Brasil: RVE com relação a têxtil e 
brinquedos da China (40% do mercado). 
• Uma RVE produz uma perda para o país importador. 
Outros Instrumentos da Política Comercial 
52/69 
Exigência de Componentes Nacionais 
• Uma exigência de componentes nacionais é uma 
regra que impõe que uma determinada porcentagem 
do bem final ser produzido domesticamente. 
– A exigência pode ser feita em termos físicos ou valor. 
• Tem sido muito usado em países em 
desenvolvimento para mudar a composição da 
produção, favorecendo a verticalização do processo 
produtivo. 
• Exemplo recente no Brasil: exigência de 
componentes nacionais de até 65% nos 
equipamentos para o Pré-Sal. 
Outros Instrumentos da Política Comercial 
53/69 
• Exigências de conteúdo doméstico não produzem 
nem receita para o governo, nem renda de 
quota. 
–Em seu lugar, a diferença de preço entre 
componentes domésticos e estrangeiros é 
repassado para o consumidor final. 
– Exemplo: Suponha que um carro tenha a exigência 
de 50% de componentes domésticos. O custo dos 
componentes importados é de $6.000 e o custo 
das partes domésticas é de $10.000. Portanto, o 
custo médio é de: 
$8.000 = (0.5 x $6.000 + 0.5 x $10.000). 
Outros Instrumentos da Política Comercial 
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Outros Instrumentos de Política Comercial 
• Subsídio ao Crédito à Exportação 
– Empréstimos subsidiados aos compradores das 
exportações do país. 
– Idêntico ao subsídio à exportação. 
• Compras Governamentais 
– Compras governamentais (ou de empresas públicas) 
voltada para a produção doméstica, mesmo que sejam 
mais caras que o produto importado. 
• Barreiras Burocráticas 
– Barreiras sanitárias, segurança e procedimentos 
aduaneiros. 
Outros Instrumentos da Política Comercial 
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Síntese dos Efeitos da Política Comercial 
Efeitos de Políticas Comerciais Alternativas 
Restrição
Subsídio Quota de Voluntária a 
Tarifa a Exportação Importação Exportação
Excedente do Produtor Aumenta Aumenta Aumenta Aumenta
Excedente do Consumidor Cai Cai Cai Cai
Receita Governamental Aumenta Cai Inalterada Inalterada
(renda para deten- (renda para os
tores de licenças) estrangeiros)
Bem-estar Nacional Total Anbíguo Cai Ambíguo Cai
(cai para um (cai para um
país pequeno) país pequeno)
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Um país pequeno (não afeta as relações de troca) 
produz e consome dois bens: alimentos e 
manufaturas. 
O país tem vantagens comparativas em manufaturas. 
O país decide colocar uma tarifa ad valorem de t% 
sobre a importação de alimento. O preço do alimento 
passará para PA
*(1+t) e a linha de preços se torna 
menos inclinada. 
A produção de manufaturas diminui e a de alimentos 
aumenta. A receita das tarifas é devolvida aos 
consumidores, que passam a ter uma nova restrição 
orçamentária, respeitando os preços mundiais. 
O bem-estar diminui. 
Tarifa em Equilíbrio Geral 
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Determinação da Restrição Orçamentária. 
O comércio precisa estar equilibrado aos preços 
mundiais: P*M e P
*
A . Sejam Q e D a produção e a 
demanda, respectivamente. Então: 
P*M x (QM – DM ) = P
*
A x (DA - QA); ou 
P*M x QM + P
*
A x QA = P
*
M x DM + P
*
A x DA 
Isto define uma restrição orçamentária que passa 
pelo ponto de produção Q2, com declividade 
- P*M / P
*
A. O ponto de consumo deve estar sobre esta 
restrição orçamentária, porem em uma curva de 
indiferença que seja tangente a uma linha com 
declividade: 
- P*M / P
*
A(1+t) 
Tarifa em Equilíbrio Geral 
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Equilíbrio de Livre Comércio – País Pequeno 
Tarifa em Equilíbrio Geral 
Declividade = - P *M / P 
*
A 
Produção e consumo de 
manufaturas, QM , DM 
Produção e Consumo de 
alimento, QA , DA 
D 1 
Q 1 
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QA, DA 
QM, DM 
Q 2 
D 2 
Declividade = - P*M / P 
*
A (1 + t) 
Uma Tarifa em um País Pequeno 
Tarifa em Equilíbrio Geral 
D 1 
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Efeito de uma Tarifa nas Relações de Troca – País Grande (3); País Pequeno (2) 
A 
M 1 
Declividade = (P *M /P 
*
A)
1 
1 
Declividade = (P *M /P 
*
A)
2 
M 2 
2 
3 
Exportação de Manufaturas, país Local, QM - DM 
Importação de Manufaturas, RDM, D*M - Q
*
M
 
Importação de Alimento, país Local, DA - QA 
Exportação de Alimento, RDM, Q*A - D
*
A
 
O 
Tarifa em Equilíbrio Geral 
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D 
Tarifas e Quotas na Presença de Monopólio 
Um Monopolista em Livre Comércio 
Preço, P 
Quantidade, Q 
Pw 
PM 
CMg 
RMg 
DI QM Qw 
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Em autarquia, o monopolista maximiza lucros 
no ponto onde RMg = CMg e onde: 
 
P = PM e 
Q = QM 
 
Com livre comércio, o preço será Pw e Qw será 
produzido e (DI – Qw) será importado. O 
monopolista não pode exercer seu poder de 
monopólio e se comporta como em concorrência 
perfeita: P = CMg. 
Tarifas e Quotas na Presença de Monopólio 
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D 
Um Monopolista Protegido por uma Tarifa, só pode aumentar o preço 
pelo montante da tarifa, devido a ameaça das importações 
Preço, P 
Quantidade, Q 
Pw 
PM 
CMg 
RMg 
DI QM Qw Dt Qt 
Pw+ t 
Tarifas e Quotas na Presença de Monopólio 
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Preço, P 
Quantidade, Q 
Pw 
Pq 
Um Monopolista Protegido por uma Quota de Importação 
CMg 
RMgq 
Dq 
D 
Qq 
Tarifas e Quotas na Presença de Monopólio 
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Suponha que há uma quota à importação de Q. 
O monopolista agora tem liberdade para cobrar 
um preço acima do preço mundial, dada a 
demanda líquida = demanda total – quota. 
A curva Dq é a demanda depois da quota e a 
RMgq é a receita marginal descontada a quota. 
O equilíbrio será no ponto Pq e Qq. 
Tarifas e Quotas na Presença de Monopólio 
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Preço, P 
Quantidade, Q 
Pw 
Pq 
Pw + t 
Comparação de uma Tarifa e uma Quota, que levam a uma mesma importação: 
a quota dá mais proteção. 
CMg 
RMgq 
Dq 
D 
Qt Qt + Q Qq 
Tarifas e Quotas na Presença de Monopólio 
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Terceira Lista de Exercícios: 
 
Entrega em data a definir 
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Resumo 
Uma tarifa introduz uma cunha entre os preços 
mundiais e domésticos, porem menor que a alíquota 
de importação. (exceto o caso do país pequeno). 
• No caso do país pequeno, a tarifa é totalmente 
repassada aos preços domésticos. 
Os custos e benefícios de uma tarifa ou de outro 
instrumento de política comercial podem ser 
quantificados usando o conceito de excedente do 
consumidor e produtor. 
• O produtor doméstico ganha 
• O consumidor nacional perde 
• O governo ganha receita adicional 
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O efeito líquido sobre o bem-estar de uma tarifa pode 
ser dividido em duas partes: 
• Perda de eficiência (consumo e Produção) 
• Ganho nas relações de troca (é igual a zero no caso do 
país pequeno) 
Um subsídio à exportação produz perda de eficiência 
equivalente ao da tarifa, mas é ainda pior, por que 
deterioram as relações de troca. 
Com quotas de importação e RVE o governo do país 
importador não ganha receita. 
Resumo

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