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Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Dor) 1 PROBLEMA 01 – TEM QUE ESPERAR... 1. CONCEITUAR PERIODO DE INCUBAÇÃO, PERIODO DE TRANSMISSÃO, INCIDÊNCIA E PREVALÊNCIA. INCIDÊNCIA Número de casos novos que vão aparecendo em uma comunidade, durante um certo intervalo de tempo, dando uma ideia dinâmica do desenvolvimento do fenômeno. PERÍODO DE INCUBAÇÃO É o intervalo de tempo que decorre entre a exposição a um agente infeccioso e o aparecimento de sinais ou sintomas da doença respectiva. PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADE: Período de transmissibilidade (ou período de contágio) é o intervalo de tempo durante o qual uma pessoa ou animal infectado eliminam um agente biológico para o meio ambiente ou para o organismo de um vetor hematófago, sendo possível, portanto, a sua transmissão a outro hospedeiro. Processo pelo qual um patógeno passa de uma fonte de infecção para um novo hospedeiro. Há dois tipos de transmissão: horizontal e vertical. A maioria das formas de transmissão se dá horizontalmente, ou seja, de hospedeiro para hospedeiro. Transferência direta e imediata do agente infeccioso (exceto quando proveniente de um artrópode no qual o microorganismo passou uma fase essencial de multiplicação ou desenvolvimento) a uma porta de entrada receptiva pela qual se pode consumar a infecção do homem. Isso pode ocorrer quando há contato físico, como no caso do beijo ou de relações sexuais (contato direto); ou pela projeção direta de gotículas de muco de saliva na conjuntiva ou nas mucosas do nariz ou da boca ao se espirrar, tossir, cuspir, cantar ou falar (geralmente não é possível a mais de 1 metro de distância); ou, como no caso das micoses generalizadas, pelo contato de tecido suscetível com solo, humo ou substâncias vegetais em decomposição nos quais o agente viva normalmente em forma saprofítica. a) mediante veículo de transmissão - quando materiais ou objetos contaminados, sejam brinquedos, lenços, peças do vestuário, e roupas de cama sujas, instrumentos cirúrgicos e pensos (contato indireto), água, alimentos, leito, produtos biológicos, inclusive soro e plasma, ou qualquer substância, serve de meio através do qual um agente infeccioso passa para o hospedeiro suscetível, e é introduzido por uma porta de entrada apropriada. Não importa que o agente tenha ou não se produzido ou desenvolvido no veículo antes de penetrar no organismo do homem. b) por intermédio de um vetor Mecânica: quando há o simples transporte mecânico do agente infeccioso por insetos que caminham ou voam, por contaminação de suas Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Dor) 2 patas ou probóscida ou pela passagem do microrganismo através do seu trato gastrintestinal, mesmo sem que se verifique multiplicação ou desenvolvimento dos germes. Biológica: quando são necessários a propagação (multiplicação) o desenvolvimento cíclico ou a combinação desses processos para que o artrópode possa transmitir a forma infectante do agente infeccioso ao homem. Depois de injetado, o vetor só se torna infectante após um período de incubação extrínseca. A transmissão pode ser feita pela saliva, durante a picada pela regurgitação ou deposição na pele de agentes capazes de penetrar subsequentemente através do ferimento causado pela picada. Ou de uma irritação cutânea provocada pela coçadura ou esfregamento. Esse modo de transmissão, através de um hospedeiro invertebrado infectado, deve ser diferenciado para fins epidemiológicos, do simples transporte mecânico por um vetor que atua como veículo. Em ambos os casos, o artrópode é considerado vetor. c) através do ar - disseminação de aerossóis microbianos até uma porta de entrada apropriada, geralmente o trato respiratório. Os aerossóis microbianos são suspensões aéreas de partículas constituídas, em todo ou em parte, de microrganismos. Partículas com 1 a 5 micra de diâmetro são facilmente aspiradas até os pulmões, onde ficam retidas. Podem permanecer suspensas no ar, por longos períodos de tempo, durante os quais umas mantêm e outras perdem infecciosidade ou virulência. As gotículas e outras partículas grandes que logo se depositam não são carreadas pelo ar. Os seguintes aerossóis transmitem-se por via aérea de modo indireto: Núcleos de gotículas (núcleos infecciosos): são, geralmente, pequenos resíduos de evaporação de gotículas expelidas por um hospedeiro infectado. Esses núcleos de gotículas podem ser criados intencionalmente por meio de atomizadores diversos ou acidentalmente, em laboratório de microbiologia, em matadouros, fábricas de banha ou sucos, sala de autópsia, etc. Geralmente permanecem em suspensão no ar por longo tempo. Poeira: partículas pequenas, de dimensões variáveis, provenientes de pavimentos. Peças de vestuário, roupas de cama ou outros objetos contaminados, ou do solo (geralmente esporos de cogumelos separados do solo seco pelo vento ou por agitação mecânica). PREVALÊNCIA Proporção da população hospedeira infectada (ou com algum marcador de infecção passada ou presente) em um determinado período de tempo. 2. CARACTERIZAR OS PRINCIPAIS AGENTES ETIOLOGICOS DAS INFECÇÕES DA VIA AÉREA SUPERIOR. As infecções das vias aéreas superiores não são condições graves ameaçadoras da vida, mas, em algumas situações pode levar complicações como otite média e formações de abscesso. As principais disfunções do aparelho respiratório são de origem infecciosa, alérgica ou congênita. As síndromes em sua maioria são causadas por vírus. Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Dor) 3 RINOSSINUSITE OU RESFRIADO COMUM A rinossinusite é o termo usado para denominar os processos infeciosos que acometem os seios paranasais, e mucosa, resultando em quadros de renite e sinusite. A renite pode ocorrer isoladamente, principalmente quando for de causas alérgicas ou infecciosa, enquanto a sinusite se desenvolve concomitantemente com a renite. Vale lembrar que os seios paranaisais são cavidades situadas ao redor as fossas nasais as quais se comunicam através de canais e óstio. O principal fator que predispõe alteração nessa região é a infecção viral de via aérea superior. Desse modo, a inflamação e a formação de edema causam a redução da oxigenação do seio, dos movimentos ciliares e aumento da secreção. Vale lembrar que fatores anatômicos predispõe o aparecimento dessa infecção, tais como o desvio de septo e conha média bolhosa, bem como a presença de fatores sistêmicos: desnutrição, diabetes e imunodepressão. A inflamação da mucosa do nariz, faringe e seios paranasais predispõe as complicações bacterianas como otite média aguda e sinusite. Esse tipo de infecção é comumente classificado como um resfriado comum. A principal diferença entre resfriado e gripe é que este último é uma doença sistêmica, normalmente, causada pelo vírus influenza, sendo caracterizado por febre alta, mialgias e prostração. Por outro lado, no resfriado os sinais e sintomas são mais restritos às vias aéreas superiores. Os períodos de maior incidência são: outono, inverno e primavera, isso porque a sazonalidade varia o agente etiológico. O principal agente etiológico da rinossinusite é o rinovíruos o qual corresponde a mais da metade dos casos. Enquanto, o coronavíruos, vírus sincicial respiratório e metapneumovíruos são agentes ocasionais. A principal forma de contágio desses agentes é o contato direto com indivíduos contaminados. Esses tipos de agente são transmitidos por Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Dor) 4 gotículas grandes o que dificultam sua dispersão no meio ambiente. Normalmente, para se tornar contaminado você necessita do contato direto com o agente etiológico. A principal dificuldade em casos de rinossinusite é distinguir se é de causa viral ou bacteriana. Normalmente, as causas bacterianas são secundárias e agudas,levando a persistência e gravidade dos sintomas causados. Os principais agentes etiológicos bacterianaos são: Streptococus pneumoniae e Haemophilus influenzae. FARINGOAMIGDALITES A faringite aguda resulta no envolvimento infecioso das amígdalas palatinas caracterizada pela presença de eritema e pela presença ou não de exsudato. Vale destacar que o conceito de angina se refere ao acometimento agudo da orofaringe e das amígdalas. A principal causa de faringoamigdalite é viral, correspondendo cerca de 75% dos casos. Uma informação importante é que a presença ou nça das amígdalas não afeta a suscetibilidade ou as complicações decorrentes da infecção. A identificação de uma infecção viral ou bacterina deve ser feita para que o tratamento seja realizado de forma correta. Os principais vírus responsáveis por essa doença são os adenovírus, coronavírus, enterovírus, rinovírus, vírus sincicial respiratório, Epstein-bar vírus e Herpes-simplex vírus. Quanto ao principal agente bacteriano temos o Streptococus pyogenes como o principal agente. Cabe destacar a importância clínica a respeito das bactérias, pois elas apresentam uma maior probabilidade de aparecimento de complicações em longo prazo, como a febre reumática responsável por provocar sequelas cardíacas. A principal forma de contagio é através do contato com pessoas infectadas através da secreção nasal e saliva. Uma questão importante é que a identificação precoce de uma infecção bacteriana possibilita a aplicação da antibioticoterapia precoce permite o controle da doença, bem como a capacidade de cessar a transmitibilidade dos patógenos. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS As faringoamigdalites podem ser classificadas quanto a sua apresentação clínica, sendo eritematosas, eritematopultáceas, pseudomembranosas, ulcerosas e síndrome de Lemienerre. Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Dor) 5 a. As eritematosas são caracterizadas pela hiperemia e congestão da superfície tonsilar. A sua principal etiologia é vira, por exemplo, o sarampo manifesta-se pela presença das manchas de Koplik. b. As eritematopultáceas são caracterizadas pela presença de eritema e edema associada a exsudato amarelado. Os principais agentes são as bactérias estreptocócicas e o Epstein-Barr vírus. Este último responsável por linfadenomegalia cervical e esplenomeglia. c. Pseudomembranosas são caracterizadas pela presença de placas esbranquiçadas aderidas ao tecido amigdaliano, podendo invadir a faringe, palato e úvula. O principal agente é o causador da difteria (Corymebacterium diphtheriae). O exsudato é branco acinzentado e bastante aderente, sendo que sua retirada pode resultar em sangramento da mucosa a qual ele se encontra aderido. d. As ulcerosas são classificadas quanto a sua profundidade. Essa classificação não deve ser utilizada de forma irrestrita e absoluta. Isso porque os agentes podem causar ou não essas manifestações. FARINGITE VIRAL As infecções associadas a um resfriado comum ou aos vírus estão relacionadas a dor intensa e odinofagia, sensação de garganta arranhando ou coçando. As principais características associadas são corrimento nasal, tosse, mal-estar, anorexia e febre. Ao exame físico as tonsilas se apresentam eritematosas e edemaciada, podendo haver exsudato no palato e nos folículos linfoide amigdalianos. Além disso, podemos observar os linfonodos cervicais aumentados e, às vezes, dolorosos. O adnovíruos é o vírus que causa uma faringite mais intensa, com presença de mialgia, cefaleia, calafrios e febre de mais de 38,3°C. Além dos achados comuns das infecções virais podemos encontrar um sinal bastante sugestivo para esse tipo de patógeno o qual é a conjuntivite, tanto que a febre causada pelo adenovíruos é denominada de febre fringoconjuntival. FARINGITE ESTREPTOCÓCICA A faringite estreptocócica apresenta queixas pouco específicas como cefaleia, dor abdominal e mal-estar, bem como a presença da febre de até 40°C. O exsudato presente nesse tipo infecção possui uma forma de membrana amarelo-acinzentada limitada ao tecido linfoide. Pode haver edema de úvula e linfadenopatia cervical anterior e mandibular precoce e dolorosa. O achado clínico que reforça a hipótese que estamos nos deparando com uma faringite com essa etiologia é a presença de vermelhidão das amígdalas e pilares Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Dor) 6 amigdalianos, acompanhado ou não de exsudato, associada a petéquias em palato mole. A principal complicação aguda desse tipo de infecção é a formação de abscesso peritonsilares e na parede lateral da faringe. A infecção tem como sequela a glomerulonefrite aguda e a febre reumática, sendo que essa última pode ser evitada com adoção do tratamento precoce assim que identificada. DIAGNÓSTICO O diagnóstico é bastante difícil, pois diferenciar uma infecção viral de bacteriana através apenas de achados clínicos é bastante complicado e requer bastante experiência. Desse modo, como padrão-ouro temos o swab de orofaringe para identificação após cultura. Testes que detectam a presença de antígenos estreptocócicos podem ser utilizados, mas de difícil acesso, bem como a sorologia viral. O leucograma não apresenta uma confiabilidade para diferenciar infecções bacterianas de virais. TRATAMENTO A maioria das faringites agudas provocadas por vírus não requer tratamento específico, pois há uma remissão com decorrer do tempo, exceto a faringite causada por herpes-simplex em pacientes imunossuprimidos, devendo assim prescrever aciclovir parenteral. O tratamento clínico das faringoamigdalites virais agudas é realizado de acordo com a sintomatologia, podendo abrir mão do uso de analgésicos, antipiréticos, hidratação, anestésicos tópicos e gargarejos com antissépticos de acordo com a intensidade do quadro. Na presença de uma faringite estreptocócica devemos abrir mão do uso de antibióticos para prevenir o surgimento de febre reumática. Na prática, inicia-se o uso de antibiótico com base no aspecto da amigdala, sendo a presença de exsudato purulento, somado aos outros achados clínicos como febre alta e petéquias em palato mole. O antibiótico utilizado é a penicilina em suas diversas formas: penicilina bezentina (bezetacil) e penicilina oral. Pode utilizar também: amoxilina, eritromicina e azitromicina em indivíduos alérgicos à penicilina. COMPLICAÇÃO Uma complicação bastante rara decorrente das faringites estreptocócicas é a formação do abscesso retrofarígeo predominante em crianças entre 3 e 4 anos. Isso porque nessa faixa etária essa região retrofaríngea é rica em tecido linfoide e recebe toda a drenagem linfática da cavidade oral, faringe e fossas nasais. Isso permite o aumento dessa região, formando um abscesso, bem como a presença de febre alta, irritabilidade, dificuldade para engolir, rigidez cervical ou torcicolo. LEMBRAR QUE ESSE ABSCESSO PODE CAUSAR OBSTRUÇÃO DA VIA AÉREA POR ISSO É CONSIDERADO UMA URGÊNCIA MÉDICA. A identificação desse abscesso pode ser Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Dor) 7 feita através de exames de imagem como radiografia lateral de pescoço ou TC cervical que vai identificar esse aumento. A conduta é internar imediatamente, iniciar o uso de antibiótico venoso (amoxilina-clavulanato) e drenar com urgência esse abscesso. OTITE MÉDIA AGUDA A otite média aguda é uma das afecções mais comuns em crianças. Os agentes etiológicos envolvidos, são: S. pneumoniae, H. influenza e M. catarrhalis. Houve uma mudança no perfil etiológico a paritr da introdução da vacina antipneumocócica, sendo que agora o H. influenza supera o pneumococo. Além deles, bactérias como Straptococus, Staphylococus e Gram-negativas podem causar esse tipo de infecção. Ainda não sabe ao certo se os vírus causam sozinhos ou se há uma associação entre vírus e bactérias.OBSTRUÇÃO INFLAMATÓRIA AGUDA DAS VIAS AÉREAS SUPERIORES A epiglotite, laringotraqueobronquite e laringite espasmódica aguda são termos usados para as doenças infecciosas que acometem a laringe. A clínica associada a essas afecções são: a presença de estridor inspriratório e graus variados de dispneia e tiragem. O agente etiológico mais comum nesse tipo de afecção é o vírus parainfluenza 1, podendo também haver a presença do demais parainfluenza 2 e 3, rinovírus, sincicial respiratório e Mycoplasma pneumoniae. A conduta a ser tomada nesse tipo de situação são as medidas de apoio como hidratação, umidificação das vias respiratórias com vapor d’agua, repouso vocal e o afastamento de possíveis fatores irritantes (poluição e tabagismo). 3. IDENTIFICAR OS MECANISMOS DE TRANSMISSÃO E MEDIDAS PROFILÁTICAS DOS AGENTES VIRAIS E BACTERIANOS. MECANISMOS DE TRANSMISSÃO Os agentes microbianos penetram o hospedeiro, no caso os seres humanos, através de vários sítios: superfícies epiteliais, inalação, ingestão ou transmissão sexual. No nosso caso em questão via aérea superior a penetração desses agentes ocorre através de poeira ou partículas de aerossol. Vale lembrar que a penetração sobre o trato respiratório é dependente das dimensões físicas desses agentes, sendo que quanto menor ele for, maior o seu poder de penetração. Uma vez na via aérea esses agentes podem ser eliminados através dos movimentos ciliares rumo à garganta para serem deglutidos, ou serão retidos através da interação entre células do hospedeiro e os agentes. Os micróbios invadem o trato respiratório saudável e evadem as defesas locais por meio de mecanismos diferentes. Os vírus se ligam as células epiteliais do trato respiratório e interagem com as células dos hospedeiros através de proteínas que ancoram os agentes na mucosa, enquanto as bactérias agem através da liberação de toxinas que aumento a capacidade de promover uma infecção e comprometer a atividade ciliar. Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Dor) 8 Cabe destacar que processos de danos crônicos, como o ato de fumar, fibrose cística, ou danos agudos, como ventilação mecânica e aspiração ácido gástrico, casam a redução da atividade ciliar e os mecanismos de defesa. Quando falamos de transmissão de microrganismos é importante deixar claro que a taxa de transmitibilidade não está intimamente ligada a apresentação do indivíduo infectado. Esse fato justifica a presença de transmissão de doenças em indivíduos que ainda não manifestou a afecção. A maioria dos patógenos deixa o hospedeiro pela mesma via de entrada, sendo assim, os patógenos respiratórios se disseminam através de espirros e tosse; patógenos gastrintestinais por disseminação fecal-oral; doenças sexualmente transmissíveis por disseminação venéria. Alguns fatores microbianos promovem a sua transmissão. Embora não saibamos especificadamente cada um, acredita-se que a eliminação respiratória de patógenos seja justificada através da produção excessiva de secreções mucosas, bem como a intensificação de espirros e tosse, enquanto as disseminações diarreicas se devem ao fato do enorme volume de líquido diarreico produzido durante a infecção. Uma característica importante desses patógenos é a alteração das suas expressões fenotípicas. Isso confere a alguns uma maior resistência. Por exemplo, o processo de encistamento que algumas bactérias passam para resistir a ambientes hostis. MEDIDAS PROFILÁTICAS GERAIS Lavar as mãos é um modo eficaz de prevenir a transmissão de micro-organismos infecciosos de uma pessoa a outra. Lavar as mãos é particularmente importante para pessoas que manipulam alimentos ou que têm contatos físicos frequentes com outras pessoas. Costuma-se pedir a quem vai visitar pessoas seriamente enfermas no hospital que lave as mãos, vista um avental e use máscara e luvas, antes de entrar no quarto do paciente. Muitos hospitais também fornecem géis ou espumas desinfetantes que contêm álcool. O uso desses agentes nas mãos antes e depois de tocar pacientes pode ajudar a prevenir a disseminação da infecção. Por vezes, administram-se antibióticos a determinadas pessoas que ainda não apresentam infecção para impedir que contraiam uma infecção. Essa medida preventiva é denominada profilaxia. Existem, ainda, muitas pessoas saudáveis que se submetem a determinados tipos de cirurgia, sobretudo do abdome e transporte de órgão, que também necessitam de profilaxia com antibióticos. A vacinação é uma das formas mais eficazes de prevenir infecções. As pessoas que correm maior risco de contrair infecções (sobretudo os bebês, as crianças, os idosos e os pacientes com AIDS) devem receber todas as vacinas necessárias para reduzir este risco. As principais medidas profiláticas, medidas tomadas para evitar a disseminação e contaminação, são muito semelhantes e baseiam-se, principalmente em tratamento da água, medidas de saneamento básico, educação sanitária, identificação e tratamento dos doentes assintomáticos, principalmente daqueles que são manipuladores de alimentos. Lavar as mãos com frequência, em especial antes de preparar alimentos e antes das refeições; lavar bem e https://www.msdmanuals.com/pt/casa/infec%C3%A7%C3%B5es/antibi%C3%B3ticos/considera%C3%A7%C3%B5es-gerais-sobre-antibi%C3%B3ticos https://www.msdmanuals.com/pt/casa/infec%C3%A7%C3%B5es/imuniza%C3%A7%C3%A3o/considera%C3%A7%C3%B5es-gerais-sobre-a-imuniza%C3%A7%C3%A3o Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Dor) 9 tratar todos os alimentos crus; não defecar ao ar livre e sim em ambiente apropriado; proteger os alimentos contra moscas e baratas; usar água devidamente tratada ou fervê-la antes de beber; destino adequado do lixo, são as principais medidas para evitar a propagação dos cistos e contaminação de novas pessoas. Uma das medidas para tratamento dos alimentos, principalmente daqueles que serão consumidos crus, é deixá-los mergulhados durante quinze minutos em uma solução preparada com três gotas de iodo por litro de água, ou com 0,3g de permanganato de potássio em 10 litros de água, após o que eles devem ser lavados em água corrente devidamente tratada ou fervida. As mãos devem ser sempre bem lavadas com água e sabão. Também devemos lembrar de não levar as mãos sujas a boca durante as atividades do dia a dia, como brincar. As atividades do saneamento básico não se restringem apenas a abastecimento de água e disposição dos esgotos, mas também: controle de animais e insetos, saneamento de alimentos, escolas, locais de trabalho, de lazer e habitações. Os objetivos principais são melhorar a qualidade de vida das pessoas e facilitar a atividade econômica. 4. DIFERENCIAR INFECÇÃO DE ORIGEM VIRAL E BACTERIANA (EPIDEMIOLOGIA, MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS, HEMOGRAMA, TRATAMENTO); INFECÇÃO VIRAL Os vírus representam um grupo importante dentre os principais patógenos responsáveis por promover infecções. Eles apresentam uma alta prevalência e gravidade, sobretudo pela sua capacidade de interação importante com o setor veterinário e com as implicações sociais e econômicas. Dessa forma, as infecções virais são de suma importância para a garantia da saúde pública. Historicamente as doenças virais eram relegadas e obtinham o papel secundário quando relacionada à saúde pública. Desse modo, o fator preponderante para essa situação é a falta de insumos tecnológicos que pudesse discriminar e identificar todos os eventos presentes em uma infecção viral. Vale destacar que os vírus para exercer seus mecanismos de agressão devem obrigatoriamente utilizar a maquinaria celular. Do ponto de vista epidemiológico as infecções virais podem ser classificadas de três tipos: a) Vírus que acometem a natureza e principalmente ou exclusivamente os seres humanos, por exemplo, a varíola, caxumba, sarampo e poliomielite. Estes tipos de vírus apresentam característicasque permitem o seu controle mais fácil através do desenvolvimento de vacinas, devido atingir os seres humanos. b) Vírus que apresentam dois ciclos biológicos: um no ser humano e outro em um grupo distinto de animais, por exemplo, os arbovírus, vírus influenza e o rotavírus. Estes já apresentam uma dificuldade maior para controle, maior probabilidade de mutações. c) Vírus que acometem na natureza, principalmente outros animais e que o ser humano representa um hospedeiro factual, por exemplo, o vírus rábico, vírus Hendra e alguns influenzavírus. Este último grupo apresenta um risco potencial grande, pois é de difícil controle, sendo que quando ataca o ser humano cursa com quadro graves. Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Dor) 10 Do ponto de vista imunológico os vírus são seres intracelulares obrigatórios que apresentam a capacidade de produzir uma resposta inata e adaptativa no organismo. A resposta inata está relacionada ao papel dos interferons (alfa e beta) os quais são produzidos por neutrófilos e fibroblastos juntos com as demais citocinas presentes na infecção viral. Estes IFN-alfa e Beta age ativando genes celulares que destroem o RNAm viral, inibem a tradução de proteínas virais e induz a expressão de antígenos através do complexo de histocompatibilidade MHC classe I o que aumenta ativa as células T citotóxicas (CD8) e as células NK. O que ocorre em suma é uma resposta inicial Th1 – resposta imune celular. Quanto a resposta adaptativa temos uma resposta humoral com a participação de anticorpos neutralizantes e permanência da resposta celular. Essa resposta imune citotóxica exercida pelas células T CD8 não promove a lise das células infectadas, mas sim a apoptose das mesmas, o que impede a replicação e liberação de partículas virais no organismo. Vale lembrar que o vírus apresenta capacidades de driblar esse mecanismo, como por exemplo o HIV através da transcriptase reversa que impede o reconhecimento do DNA viral o qual é logo incorporado ao DNA da célula. Uma característica importante nesse mecanismo de escape é a recombinação gênica que o vírus pode realizar quando o mesmo interage com espécies diferentes. Esse mecanismo pode levar o surgimento de várias linhagens, como o que o ocorre com o vírus da Influenza, apresentando o perigo para saúde pública pelo alto poder gerador de pandemias. A imunossupressão do indivíduo pode resultar em uma infecção mais grave e acentuada, pois o vírus pode controlar totalmente as células sem que haja nenhuma barreira que impeça esse mecanismo. O vírus do HIV representa um perigo, pois ele consegue reduzir a quantidade de células T CD4 o que torna os indivíduos susceptíveis a novas doenças. Nos dias atuais, está se tornando frequente o surgimento de doenças que faziam parte da história antiga da medicina a qual julgávamos como extintas, como a dengue. Nesse contexto, as novas relações interpessoais, a capacidade de atravessar o mundo em menos de 24h e todo o fenômeno de globalização permite a disseminação de doenças graves e doenças pouco comuns em algumas regiões. Quanto ao tratamento das infecções virais pode seguir através de medidas de suporte como hidratação, controle da temperatura, uma bola alimentação. Normalmente, a terapêutica aplicada em infecções viriais seguem o foco sintomatológico. Quanto a sua prevenção segue de acordo com a forma que o vírus se dissemina ou através da vacina. INFECÇÃO BACTERIANA As bactérias correspondem a um grande arsenal de microrganismo que compõem a microbiota natural do ser humano. Essas células vivem em uma relação simbiótica com o ser humano o que possibilita a sua moradia neste hospedeiro sem causar danos ao mesmo. No entanto, cerca de 1% desse universo de bactérias apresentam a capacidade de infectar o ser humano quando exposta em outro ambiente. Vale ressaltar que pacientes imunocomprometidos apresentam uma probabilidade maior de infecção por doenças oportunistas que torna esse grupo vulnerável às infecções. Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Dor) 11 As infecções causadas por bactérias apresentam uma sintomatologia mais grave, quando comparadas com as infecções virais. O seu quadro já difere quanto a febre que aqui se caracteriza por alta acima de 39°C, até mesmo acima de 40°C. 5. DEFINIR TERAPIA ANTIMICROBIANA PROFILÁTICA, EMPÍRICA E ESPECÍFICA E AS INDICAÇÕES DE CADA UMA. A profilaxia antibacteriana está indicada apenas em circunstâncias selecionadas e deve ser sustentada por estudos bem planejados ou recomendações por grupos de especialistas. Em todos os casos, o risco ou a gravidade da infecção a ser evitada devem ser maiores do que as consequências adversas da terapia antibacteriana, incluindo o potencial de seleção de resistência. Além disso, o momento apropriado e a duração do tratamento antibacteriano devem ser definidos para obter um efeito máximo e a exposição mínima necessária. A profilaxia de infecções do local cirúrgico é direcionada contra bactérias passíveis de contaminar a ferida durante o procedimento cirúrgico, incluindo a flora cutânea do paciente ou da equipe cirúrgica e o ar no centro cirúrgico. A administração do agente antibacteriano dentro de 1 hora antes da incisão cirúrgica é mais efetiva. Para procedimentos prolongados, pode ser necessária a administração de outra dose para manter os níveis sanguíneos e teciduais efetivos até ocorrer o fechamento da ferida. Nos pacientes portadores nasais de S. aureus, a descolonização pré-operatória com mupirocina nasal diminui a taxa de infecções do local cirúrgico por S. aureus e geralmente é recomendada para procedimentos de alto risco, como cirurgia cardíaca e implantação ortopédica de próteses. Para procedimentos dentários, são administrados agentes antibacterianos antes do procedimento para evitar a bacteremia transitória e a invasão de certas lesões cardíacas de alto risco. A profilaxia também é usada em situações sem procedimento, em determinados pacientes que apresentam infecções recorrentes ou que correm risco de infecção grave em consequência de exposição específica (p. ex., contato íntimo com um paciente com meningite meningocócica). A extensão da profilaxia além do período de risco de infecção (24 horas no caso de procedimentos cirúrgicos) não contribui com um benefício adicional e pode aumentar o risco de seleção de cepas resistentes ou doença por C. difficile. Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Dor) 12 Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Dor) 13 6. CARACTERIZAR QUADRO GRIPAL, MECANISMO DE AÇÃO, DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO. MECANISMO DE AÇÃO O vírus influenza é um vírus de RNA que consegue assumir o controle da maquinaria celular para produzir suas proteínas virais. Ele apresenta uma pequena letalidade, mas sua taxa de transmitibilidade amplifica sua letalidade. Uma característica importante do vírus influenza é a sua constante mutação o que dificulta o seu controle, sempre há a necessidade de uma nova vacina. Lembrar da sazonalidade do aparecimento das infecções e suas influencias das viagens. A gripe suína H1N1 é uma doença aguda que infecta o trato respiratório superior e pode causar inflamação das vias respiratórias superiores, traqueia e, possivelmente, do trato respiratório inferior. O período de incubação conhecido para a gripe suína H1N1 varia de 1 a 4 dias, com média em torno de 2 dias na maioria dos indivíduos, mas em alguns indivíduos pode chegar a 7 dias. O período contagioso para adultos começa cerca de 1 dia antes do desenvolvimento dos sintomas e dura cerca de 5 a 7 dias após a pessoa desenvolver os sintomas. O período contagioso pode ser mais longo em indivíduos com sistema imunológico enfraquecido e crianças (por exemplo, 10 a 14 dias). Os sintomas agudos de infecções não complicadas persistem por trêsa sete dias, e a doença é principalmente autolimitada em indivíduos saudáveis, mas mal-estar e tosse podem persistir por até 2 semanas em alguns pacientes. Pacientes com doença mais grave podem necessitar de hospitalização, o que pode aumentar o tempo de infecção para cerca de 9 a 10 dias. A reação imunológica do corpo ao vírus e a resposta do interferon são as causas da síndrome viral, que inclui febre alta, coriza e mialgia. Pacientes com doenças pulmonares crônicas, doenças cardíacas e que estão grávidas correm maior risco de complicações graves, como pneumonia viral, pneumonia bacteriana sobreposta, bronquite hemorrágica e, possivelmente, morte. Essas complicações podem se desenvolver potencialmente em 48 horas a partir do início dos sintomas. A replicação do vírus ocorre principalmente nas passagens do trato respiratório superior e inferior desde o momento da inoculação e tem picos em torno de 48 horas na maioria dos pacientes. O tempo recomendado de isolamento do paciente infectado é em torno de 5 dias. Concentrações elevada de citocinas pró-inflamatórias como intcrferon-alfa interlcucina-6 e fator de necrose tumoral-alfa ocorrem no sangue e com secreções respiratórias e Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Dor) 14 provavelmente contribuem para sintoma. Sistêmicos e febre. A duração da replicação virai depende da idade e do estado imune. Essas respostas incluem proliferação das células T, atividade citotóxica dos linfócitos T e atividade das células natural killer. Nos seres humanos, os linfócitos T CD8+ e CD4+ são dirigidos para regiões preservadas das proteínas internas DEFINIÇÃO E MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A influenza é caracterizada por infecção aguda das vias aéreas que cursa com febre (temperatura ≥ 38ºC), com a curva febril declinando após 2 a 3 dias e normalizando em torno do 6º dia de evolução. Os demais sintomas são habitualmente de início súbito, como calafrios, mal-estar, cefaleia, mialgia, artralgia, dor de garganta, prostração, rinorréia e tosse seca. Podem ainda estar presentes, com menor frequência: diarreia, vômito, fadiga, rouquidão e hiperemia conjuntival. O período de incubação é de 1 a 4 dias, e a transmissibilidade ocorre 24hs antes do início dos sintomas, até 5 dias da doença. Em crianças até 10 dias, e em imunossuprimidos mais tempo. Tosse, fadiga e astenia duram em média 2 semanas, podendo chegar a 6 semanas. Síndrome Gripal Febre de início súbito (mesmo que referida) acompanhada de tosse ou dor de garganta e pelo menos um dos seguintes sintomas: cefaleia em região frontal ou generalizada, mialgia ou artralgia (normalmente na região lombosacral ou nas pernas), na ausência de outro diagnóstico específico. Em idosos esses sintomas podem estar ausentes, sendo apenas manifestado a anorexia, mal-estar, fraqueza e tonturas. Ao exame físico dos pacientes acometidos por síndrome gripal os achados são mínimos, o paciente aparece ruborizado, pele quente e seca, hiperemia na faringe, presença de secreção e pode haver linfadenopatia cervical discreta. A doença viral pode resultar em algumas complicações pulmonares. Essas complicações pode ser a pneumonia viral ou primária ou pneumonia bacteriana secundária e por fim a mista. A pneumonia primária ou viral consiste na não regressão do quadro de influenza aguda, sendo que a febre, dispneia e cianose progride. Pode haver a produção de secreção e até mesmo de sangue. Já em casos avançados podemos encontrar a presença de estertores difusos e anormalidades nos exames de imagem compatíveis com infiltrados intersticiais difusos. Em análise hitopatológica é encontrado uma reação inflamatória acentuada nos septos alveolares com edma e infiltração por linfócitos, macrófagos, plasmócitos e quantidades variáveis de neutrófilos. A pneumonia primária acomete mais os pacientes que possuem doença cardíaca. A pneumonia bacteriana pode evoluir como causa secundária da infecção causada pelo vírus influenza, Normalmente, o agente etiológico mais comum é a bactéria Streptococus pneumoniae. O exame físico e os achados de imagem demonstram o caráter de condensação, com presença de tosse com expectoração purulenta. Normalmente esses pacientes respondem bem ao tratamento com antibióticos. Podemos também ter a apresentação mista de uma pneumonia viral e bacteriana. Matheus dos Santos Correia UniFG – Medicina (Módulo de Dor) 15 DIAGNÓSTICO O diagnóstico baseado somente em dados clínicos não é possível, uma vez que outros agentes infecciosos se manifestam com sintomas muito semelhantes, como adenovírus, vírus sincicial respiratório, vírus parainfluenza, M.pneumoniae e Legionella pneumophila. Sendo assim, dados epidemiológicos (períodos de surtos e/ou história de exposição a um caso confirmado da doença) associados aos testes diagnósticos são fundamentais para o tratamento adequado dos casos. Testes de pesquisa viral: - Principal ferramenta para auxílio diagnóstico. - Esfregaço de nasofaringe ou lavado broncoalveolar podem ser utilizadas para análise. - No HIAE dispomos de diferentes métodos de análise, que dependendo da situação clínica podem ser utilizados na UPA.
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